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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA TRABALHO E SEGURANÇA DO TRABALHO: CONTEXTUALIZAÇÕES SEGURANÇA DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL O GESTOR COM PESSOAS COMO AGENTE ATIVO NA SEGURANÇA DO TRABALHO SEGURANçANO TRABALHO unidade I unidade II unidade III Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa o trabalho e seus contextos segurança do trabalho: conceitos qualidade de vida no trabalho Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualida- de, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsa- bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democra- tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promo- ver a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cida- dãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas Reitor Wilson de Matos Silva palavra do reitor Direção UniceSUMar reitor Wilson de Matos Silva, Vice-reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-reitor de administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-reitor de eaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. neaD - núcleo De eDUcação a DiStância Direção de operações Chrystiano Mincoff, coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha, coordenação de Polos Reginaldo Carneiro, coordenação de Pós-Graduação, extensão e Produção de Materiais Renato Dutra, coordenação de Graduação Kátia Coelho, coordenação administrativa/Serviços compartilhados Evandro Bolsoni, Gerência de inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerência de Marketing Harrisson Brait, Supervisão do núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Design educacional Larissa Finco, Diagramação Humberto Garcia da Silva, revisão textual Yasminn Zagonel, , Fotos Shutterstock. neaD - núcleo de educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desen- volvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento aca- dêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição univer- sitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de com- petências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer- sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis- trativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a edu- cação continuada. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: C397 Seguranca no Trabalho. Tiago Ribeiro da Costa. Publicação revista e atualizada, Maringá - PR, 2014. 108 p. “Pós-graduação Núcleo Comum - EaD”. 1. Seguranca. 2. Trabalho. 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 331 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de- mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu- cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa- ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co- nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer- ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer. Pró-Reitor de EaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva boas-vindas sobre pós-graduação a importância da pós-graduação O Brasil está passando por grandes transformações, em especial nas últimas décadas, motivadas pela estabilização e crescimento da economia, tendo como consequência o aumento da sua impor- tância e popularidade no cenário global. Esta importância tem se refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior devido a uma grande carência de mão de obra especializada. Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada vez maiores. A graduação, que no passado era um diferenciador da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua emprega- bilidade. É preciso o constante aperfeiçoamento e a continuidade dos estudos para quem quer crescer profissionalmente. A pós-graduação Lato Sensu a distância da UNICESUMAR conta hoje com 21 cursos de especialização e MBA nas áreas de Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados pensando em você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática, trazendo informações atualizadas e alinhadas com as necessida- des deste novo Brasil. Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na UNICESUMAR, você terá a oportunidade de conhecer um conjun- to de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida, fortalecendo seu arcabouço teórico, oportunizando sua aplicação no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal e profissional. Professor Dr. Renato Dutra Coordenador de Pós-Graduação , Extensão e Produção de Materiais NEAD - UNICESUMAR apresentação do material Prezado acadêmico, Seguras saudações! Seja bem vindo ao mundo da Segurança do trabalho e da Saúde ocupacional no contexto da Gestão com Pessoas. Antes de darmos início a discussão deste tema, tenho uma importante tarefa a cumprir e gosta- ria de convidá-lo a participar desta tarefa. Trata-se de uma tarefa aparentemente fácil, mas que pode definir se você irá ou não continuar a ler esse ma- terial: Quero incentivá-lo e convencê-lo sobre a importância do estudo acerca da Segurança do Trabalho no contexto de sua futura profissão como Gestor com Pessoas. Para tal, convido-oa acompanhar nossa pri- meira unidade. Na Unidade I problematizaremos primeiramente sobre o trabalho de acordo com duas questões norteadoras: o que é o trabalho? Quais os contextos do trabalho ligados ao ser humano? Verificaremos que o trabalho se configura a partir do atendimento das necessidades e anseios do ser humano em transformar seu meio concreto e até mesmo suas aspirações abstratas (pensamen- tos, ideias, crenças). Ainda nesse certame, o trabalho apresenta-se em seus diversos contextos (filosófico, religioso, eco- nômico, científico e outros que serão explicitados em momento oportuno). Tais contextos apresen- tam as classes de motivos pelos quais o trabalho pode ser executado, com sua relativa importân- cia. Após essa contextualização sobre o objeto da Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional (o trabalho), faremos uma contextualização sobre a própria Segurança do Trabalho. Professor Mestre tiago ribeiro da costa Os princípios de Segurança do Trabalho foram desenvolvidos a partir da famigerada dualidade plenitude-crise do modelo capitalista de traba- lho apregoado na época da Revolução Industrial. O simples aumento de produtividade dado pela sistematização dos processos produtivos e pela exploração exacerbada de uma força de trabalho por vezes inadequada aos processos altamente exi- gentes em força e repetitividade (uso de mulheres, idosos e crianças em jornadas que ultrapassavam 16 horas diárias), provocou uma situação de crise insustentável. De acordo com Albert Einstein, “a crise é a maior bênção para pessoas e para países”. Nesse sentido, a saída para tais crises ligadas às condições de- sumanas de trabalho foi o desenvolvimento de novas propostas, tidas como paradigmas sociais, tais como o fortalecimento de organizações associativas (Sindicatos, Associações e Cooperativas), ideários socioeconômicos (Comunismo como modelo al- ternativo ao Capitalismo) e o desenvolvimento de normas e ações voltadas à proteção do trabalha- dor, a qual teve seu maior expoente representado pela promulgação das diversas convenções sobre o trabalho editadas pela Organização Internacional do Trabalho – OIT, a partir de 1921. Discutiremos sobre essas convenções e seus desdobramentos históricos, inclusive no Brasil. A partir da Unidade II iniciaremos um pro- cesso de delimitação da discussão, focando mais sobre a questão da Segurança do Trabalho em si. Apresentaremos todos os subsídios necessários para que você, prezado aluno, possa conhecer seus princípios, aplicações, legislações e normas pertinentes, atores e atualidades acerca do assunto. Nesse momento é que passaremos a definir qual o papel do Gestor de Pessoas no contexto da Segurança do trabalho a partir desse questiona- mento: “Quem é o Gestor de Pessoas frente à Segurança do Trabalho?”. Provavelmente a Unidade II lhe apresentará bons argumentos nessa minha tentativa de con- vencê-lo ao estudo da Segurança do Trabalho. Entretanto, ainda é necessário estabelecer ações e ferramentas de atuação do Gestor de Pessoas enquanto membro participante do que podemos chamar de “bureau” empresarial de Segurança do Trabalho. Assim, por meio da Unidade III, discutiremos sobre o papel do Gestor de Pessoas nas estraté- gias de capacitação dos atores envolvidos com a prática laboral, afinal, antes das práticas laborais serem definidas por meio de máquinas, equipamen- tos, implementos e ferramentas, elas são, acima de tudo, definidas pela inserção do ser humano ciente de seu papel como agente ativo dos processos. Ao final dessa terceira unidade, estabelecere- mos uma última discussão sobre as perspectivas de atuação do Gestor de Pessoas frente ao que se chama “Qualidade de Vida no trabalho”, um conceito operacional que visa dotar o ambiente em- presarial de práticas e mecanismos que reduzam os impactos e desgastes da prática laboral, ao passo em que visa ampliar a satisfação e o prazer em se trabalhar por parte dos colaboradores. Você já parou para pensar que em nosso dia a dia certamente passamos a maior parte do tempo nos dedicando ao trabalho? Por consequência, o trabalho em si deve apresentar alguns elementos de cunho psicológico e físico que ampliem a sen- sação de satisfação e de reconhecimento do local de trabalho como uma “segunda casa”. Contudo, será que é isso mesmo que acontece no ambiente empresarial? Como a QVT (Qualidade de Vida no Trabalho) é encarada pelos empresários e pela sociedade, desde sua concepção até os dias atuais? E, qual será o seu papel nesse processo? Somente lendo a Unidade III para conferir. Para lhe auxiliar em seus estudos, fiz questão de anexar leituras e atividades complementares que irão auxiliar no processo de construção de seu conhecimento. Vamos então iniciar nossos estudos sobre a Segurança do Trabalho no contexto da Gestão com Pessoas? Sinta-se à vontade para estudar os conte- údos desse material, mas, acima de tudo, assuma uma postura crítica e disciplinada em seus estudos: Estabeleça horários e metas e sempre se questio- ne, de uma maneira crítica, sobre esses conteúdos. Afinal, também não quero estabelecer a minha visão do assunto como única e dependo de suas visões e percepções em uma proposta dialógica para que possamos estabelecer, de fato, a constru- ção do conhecimento. Até a primeira unidade! Prof. tiago ribeiro Eng. Agrônomo, Eng. de Segurança do Trabalho, Me. Professor e Consultor de Projetos de Desenvolvimento Regional su m ár io 01 12 o trabalho e seus contextos. 20 evolução histórica do trabalho. 24 revolução industrial: a crise que gestou a segurança do trabalho. 28 o estado de crise da revolução industrial e o desenvolvimento dos primeiros princípios sobre segurança do trabalho. 32 aplicação de princípios e diretrizes de segurança e saúde no trabalho no Brasil. TRABALHO E SEGURANÇA DO TRABALHO: CONTEXTUALIZAÇÕES 02 03 48 segurança do trabalho: conceitos 53 atores envolvidos no sistema de segurança do trabalho e saúde ocupacional 56 mecanismos que regem as ações de segurança do trabalho e saúde ocupacional 60 revisitando o conceito de riscos associados à prática laboral 63 principais ferramentas da segurança do trabalho 82 perspectivas do tema “segurança do trabalho e saúde ocupacional” no contexto da gestão com pessoas 83 o papel do gestor com pessoas nas estratégias de conscientização e de capacitação dos atores envolvidos 87 qualidade de vida no trabalho 95 a importância da segurança do trabalho ao gestor com pessoas como elemento de competitividade no mercado de trabalho SEGURANÇA DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL O GESTOR COM PESSOAS COMO AGENTE ATIVO NA SEGURANÇA DO TRABALHO 1 TRABALHO E SEGURANÇA DO TRABALHO: CONTEXTUALIZAÇÕES Professor Mestre Tiago Ribeiro da Costa Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu- dará nesta unidade: • O trabalho e seus contextos; • Evolução histórica do trabalho; • Revolução industrial: a crise que gestou a segu- rança do trabalho; • O estado de crise da revolução industrial e o de- senvolvimento dos primeiros princípios sobre segurança do trabalho; • Aplicação de princípios e diretrizes de seguran- ça e saúde no trabalho no Brasil; objetivos de aprendizagem • Proporcionar o conhecimento, por parte dos acadêmicos, acerca da contextualização do trabalho, objeto de estudo da Segurança do Trabalho, no plano das necessidades humanas e de seus di- ferentes contextos (filosófico, econômico, religioso, científico e cultural-educativo) • Problematizar os conhecimentos acerca dos fatores históricos que desencadearam a Gênese dos princípios de Segurança do Trabalho. • Estabelecer uma análise inicial sobre os dispositivos legais que regemas ações de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional. Prezado aluno, seja bem vindo! Estamos iniciando nosso estudo sobre a Segurança do trabalho e Saúde ocupacional no contexto da Gestão com Pessoas. Entretanto, como mencionado na apresenta- ção desta obra, antes de falarmos sobre a Segurança do Trabalho em si, precisamos nos convencer sobre a importância de seu estudo e de suas aplicações no campo da Gestão com Pessoas. Para tal, coloco-lhe a seguinte questão para sua reflexão: “afinal, você sabe o que é ‘trabalho’?” Em um primeiro momento, sem o conhecimento teórico necessário, parece difícil definir com precisão o que seja trabalho. Provavelmente você, se não conseguiu estabelecer um conceito acerca do assunto, certamente associou a palavra a alguma atividade desenvolvida pelo ser humano, às vezes apresentando características ligadas ao prazer ou ligadas à lamúria. Contudo, esta associação entre o termo “trabalho” e o desenvolvimento de alguma atividade ou mesmo, a associação entre a atividade e algum adjetivo, tal como fizemos, deve ser feita de maneira cautelosa e nós vamos entender o motivo disto por meio da análise dos diversos con- textos relacionados ao trabalho. Ademais, muitas vezes o “trabalho” é associado aos adjetivos negativos por conta de alguns de seus contextos. Não pude evitar pensar que você deve ter se perguntado: “Mas pro- fessor, nem conceituamos ainda o que é o trabalho e já estamos partindo para seus contextos...”. Em minha visão, penso que visua- lizando alguns contextos principais, podemos conceituar com maior propriedade o que é o trabalho, e de que forma o trabalho é realiza- do, levando-se em conta estes contextos. Em um segundo momento, ainda nesta unidade, evidenciaremos a própria Segurança do Trabalho, de maneira conceitual, abrindo o leque de possibilidades para o entendimento desta ciência e ainda, eviden- ciando alguns de seus pontos chave que podem abrir portas para a atuação do Gestor de Pessoas. Está curioso? Vamos então abrir nossas discussões e nossas mentes. Seguranca no Trabalho 12 como atividade inicial, peço para que você se concentre nas palavras deste período do livro e siga rigorosamente as reflexões aqui colocadas. Vamos lá? Em algum momento de sua vida você já se deparou com uma espécie de vazio provocado por questões não respondidas? Tratam- se de questões que beiram o campo da filosofia e do papel exercido pelo ser humano no universo, como por exemplo: O TRABALHO E SEUS CONTEXTOS • “- Quem sou eu?”; • “- Por que estou aqui?”; • “- Qual o objetivo de viver?”; • “- O ser humano está sozinho no universo?”; • “- Existe algo que rege a nossa vida?”. Pós-Graduação | Unicesumar 13 É difícil encontrar alguém que nunca tenha se deparado com estas questões. Saiba que tais questionamentos são naturais e pertinentes a qualquer ser humano, desde épocas remotas. Todavia, assim como você, eu nunca obtive respostas satisfatórias para estas questões, mesmo considerando que estamos em uma época onde o desenvolvi- mento científico e tecnológico nos confere subsídios importantes à resolução destes questionamentos. Reflita agora sobre esta mesma análise, mas transporte-a para tempos mais remotos, quando os subsídios que poderiam nos auxi- liar na resolução destas questões eram mais raros. De alguma maneira, o ser humano, com sua grande capacidade de adaptação ao am- biente, não somente física e biológica, mas também cognitiva, criou alternativas ao en- tendimento das referidas questões. Desta forma, surgiram as primeiras teorias filo- sóficas que buscavam dar suporte a estes questionamentos. São duas as principais teorias filo- sóficas que foram criadas diante deste contexto, em ordem: a) o Teocentrismo; e, b) Antropocentrismo. Segundo Souza (2009)1 o Teocentrismo surgira em uma época de densa supremacia da Igreja Católica, especialmente sob o ponto de vista ideológico. Na Idade Média, período do auge do Teocentrismo, o ideário básico suscitava a relação entre Deus e as coisas sem 1 SOUZA, A.S. concepções de Deus na idade Média e no iluminismo. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/concepcoes-de-deus- na-idade-media-e-no-iluminismo/18518/>. Acesso em 26. Abr. 2012. explicação lógica, ou seja, todas as respostas àquelas perguntas encontravam-se direcio- nadas à justificativa divina. A própria definição de Teocentrismo ilustra esta supremacia divina: “O teocentrismo, do grego theos (“Deus”) e kentron (“centro”), é a concepção segundo a qual Deus é o centro do universo, tudo foi criado por ele, por ele é dirigido e não há outra razão além do desejo divino sobre a vontade humana.” (TEOCENTRISMO.COM, 2012)2. Não é nosso objetivo nos aprofundar em uma discussão do campo sociológico quanto ao Teocentrismo, contudo, você já deve ter per- cebido que tal ideologia, por sua característica principal, subjuga o poder transformador do ser humano, ávido por modificar seu meio em prol de suas necessidades. Neste sentido, o Antropocentrismo, teoria a qual apregoa uma “troca” quanto ao ele- mento principal do universo (de Deus para ser humano), entrou em cena, em meados do século XIV, com o Renascimento. Não obstan- te, o nome “Renascimento” sugere o ressurgir do homem e de sua capacidade de modifi- car o meio a partir de um cenário de “trevas” advindo da Idade Média. Neste momento o desenvolvimento da razão e das ciências permitiu ao ser humano a compreensão de muitos fenômenos na- turais e humanos, até então creditados às entidades divinas. Não se tratava do primeiro 2 TEOCENTRISMO.COM. Definição de teocentrismo. Disponível em: <http:// teocentrismo.com/artigo1.php>. Acesso em: 26. Abr. 2012. Seguranca no Trabalho 14 momento histórico no qual o ser humano era protagonista no desenvolvimento de suas atividades, mas certamente foi o mais auspi- cioso nesta questão, afinal, graças ao poder inventivo do ser humano, traduzido por sua capacidade de modificar o meio (portanto trabalho), grandes feitos na história da hu- manidade foram executados, tais como as grandes navegações, o desenvolvimento das leis universais da física e das demais ciências (sociologia, matemática, anatomia, dentre outras) e a própria Revolução Industrial, um marco histórico no campo do trabalho que modificou drasticamente as bases sociais, econômicas, ambientais e políticas da socie- dade Europeia, nos séculos XVIII e XIX e da sociedade mundial no século XX. Neste momento você deve ter percebi- do que o antropocentrismo tem uma ligação bastante importante com o trabalho em si, devido a sua característica de libertação da capacidade transformadora e inovadora do ser humano. Todavia, ainda não é capaz de solucionar todas as questões filosóficas es- tabelecidas na ânsia do entendimento do papel deste ser humano no universo. O Teocentrismo, em menor grau e, princi- palmente o Antropocentrismo ilustram esta relação do ser humano com o universo, um ser ativo, atuante e que busca constantemente a transformação de seu meio para seu próprio benefício. A esta capacidade de modificação do meio é que damos o nome de “trabalho”. É importante salientar que esta “modifica- ção do meio” supracitada pode ter efeitos tanto em elementos concretos como também em elementos abstratos: a própria teoria filosófica do Teocentrismo foi criada pelo ser humano, o qual estabeleceu uma relação causal entre um elemento abstrato (Deus) e as consequên- cias terrenas (concretas). Por isso que também é válido afirmar que o Teocentrismo possui sua parcela de contribuição em nossatenta- tiva de conceituar o termo “Trabalho”. Mediante o exposto, portanto, depreen- de-se que: O termo “trabalho” faz alusão à capacidade humana de transformar o meio (consideran- do elementos abstratos e concretos) para o pleno atendimento de suas necessidades. Entretanto, a conceituação sobre o Trabalho torna-se incompleta do ponto de vista processual. Fazendo uma alusão com a boa e velha gramática, é como se estivés- semos vendo claramente o que é a ação (o verbo do predicado) e quem executa esta ação (ou seja, o sujeito). Entretanto esta ação não se configura como “verbo intransitivo”, necessitando, portanto, de um complemen- to, de um “objeto”, de um “para quem a ação é voltada”. Desta forma, caro aluno, de uma maneira mais direta, eu lhe peço para que tenha a seguinte reflexão: “Para quem o trabalho é voltado?”. Pós-Graduação | Unicesumar 15 Analise as seguintes citações: “O homem filosofa para entender o mundo e seu papel dentro dele. Filosofa para entender a si mesmo. (...) O homem faz ciência para estabelecer o conhecimento metodológico das relações do mundo material, visando apropriar-se deste conhecimento para seu próprio desenvolvi- mento intelectual. (...) O homem desenvolve tecnologia para aplicar na sua própria prática de vida os co- nhecimentos científicos adquiridos, visando seu desenvolvimento, sua abundância eco- nômica, seu conforto e sua qualidade de vida. (...) O homem faz religião para buscar sua bem aventurança espiritual, aproximando-se de suas divindades. (...) O homem faz arte para o deleite de seu próprio espírito. (...) O homem trabalha para realizar no am- biente seus próprios interesses, promovendo sua transformação.”3 3 COSTA, T.R. Segurança do trabalho – aula 01/03 – Pós-graduação MBa em Gestão com Pessoas (centro Universitário de Maringá – ceSUMar). Maringá: CESUMAR, 2011. 95 slides: color. A partir desta leitura pode-se depreender que em todos os casos, os resultados da ação chamada trabalho são voltados ao próprio ser humano, ou seja, este é promotor de uma ação modificadora do meio que tem por objetivo o seu próprio benefício, corroborando com a observação anterior de que o trabalho é voltado ao atendimento das necessidades deste ser humano. Diferentes formas de expressão humana por meio do trabalho podem explicar, em parte, o próprio contexto histórico do tra- balho e as inovações que foram atreladas ao desenvolvimento desta prática ao longo dos séculos. A própria substituição da força humana pela tração animal e, posteriormente, por matrizes energéticas diversas (carvão, gás natural, vapor de água, energia elétrica, etc.) são exemplos da aplicação de metodologias derivadas de expressões distintas de seres humanos em busca do atendimento de suas necessidades, de maneira mais eficiente. Após a contextualização filosófica sobre o trabalho, resta-nos discutir, nesta parte inicial, sobre os demais contextos ligados ao trabalho, a saber: a) Contexto Econômico; b) Contexto Jurídico; c) Contexto Bíblico; d) Seguranca no Trabalho 16 Contexto Cultural-Educativo; e, e) Contexto Histórico. Para explicar a contextualização econô- mica do trabalho, vamos nos ater a conceito das profissões: Atualmente os trabalhos encontram-se segmentados por profissões. Estas profis- sões podem ser interpretadas como uma derivação da atual organização social a qual serializa a economia em segmentos, os quais devem possuir elementos humanos (tra- balhadores) especializados em uma única função ou conjunto de funções, fazendo com que os resultados do trabalho (espe- cialmente o lucro) sejam obtidos com maior eficiência. Neste modelo, cada trabalhador possui sua capacidade de realização dos trabalhos próprios (atendimento de suas próprias ne- cessidades). Após o atendimento destas, a competência desenvolvida para determinado trabalho não é sobrepujada pelo desenvolvi- mento de novas competências. Ao contrário, elas se somam. Esta “capacidade latente” em cada indi- víduo para produzir trabalho além de suas necessidades, é capaz de gerar excedentes, em qualidade e quantidade de trabalho os quais podem ser comercializados, ou seja, existe uma atribuição de valor ao trabalho excedente desenvolvido, que pode ser tradu- zido como um salário ou mesmo pagamento avulso pela prestação de serviços. Este, por- tanto, é o contexto econômico do trabalho, o qual, em nossa sociedade moderna, todos estamos envolvidos. Considerando esta segmentação eco- nômica e a consequente fragmentação das atividades, além do próprio contexto econô- mico do trabalho, é valido supor que exista um conjunto de regras que regem o trabalho e suas relações. A Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT (BRASIL, 19434) e, aproximando ao nosso discurso, as Normas Regulamentadoras sobre Segurança e Medicina do Trabalho – NR´s 4 BRASIL. lei n. 5.452 de 1° de Maio e 1943. aprova a consolidação das leis do trabalho. Brasília, 1943. Trata-se de um minicaso baseado em um caso real observado pelo autor deste livro Falando sobre o contexto econômico do trabalho, é bastante evidente nos dias atuais encontrarmos “criadores de profissões”. Assim são chamados os profissionais que já possuem for- mação acadêmica mas que atuam, de maneiras curiosas, fora de sua área de formação, ganhando um bom salário para isso. Só para se ter uma ideia, em Campo Grande – MS, houve uma ocorrência de destaque: Uma Engenheira Civil que resolveu montar um “bar móvel de brigadeiros gourmet”. Na verdade, trata-se de um display de acrílico que contém os ingredientes para a fabri- cação, na hora, dos brigadeiros e este display circula junto ao garçom em fes- tas e coquetéis. O garçom monta o bri- gadeiro de acordo com a preferência do consumidor. A ideia tem feito sucesso e esse exem- plo ilustra o contexto econômico do trabalho, associado à satisfação em sua realização, algo realmente desafiador nos dias atuais. Pós-Graduação | Unicesumar 17 (ABNT, apud ATLAS, 20125) são exemplos destas regras, fazendo parte ainda do chamado con- texto jurídico do trabalho. Por sua vez, o contexto bíblico do tra- balho versa sobre a ligação entre este e a questão da punição humana. Esta ligação se encontra tão imbricada no âmago social que, por vezes, você já deve ter ouvido alguém falar a expressão: “(...) Eu atirei pedra na cruz pra ter um trabalho desses (...)” ou ainda “(...) Meu trabalho não é prazeroso, aliás, aquilo é um sofri- mento. Parece que Deus está de mal comigo! (...)”. Logicamente que tais colocações são ori- ginadas de outros fatores além da questão bíblica, mas não há como negar a forte in- fluência deste livro nesta concepção, o que chega até a distorcer a conceituação de tra- balho que construímos há alguns momentos. Para lhe ilustrar o que estamos discutindo analisemos os trechos retirados do Livro de Gênesis, da Bíblia Sagrada6, os quais versam a respeito do primeiro pecado cometido pelo ser humano e suas respectivas punições: 5 ATLAS, Segurança e Medicina do trabalho. 69ª ed. São Paulo: ATLAS, 2012. 968p. 6 GÊNESIS. a Bíblia Sagrada. tradução na linguagem de hoje. São Paulo: SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL, 1988. “(...) E chamou o Senhor Deus a Adão, e dis- se-lhe: Onde estás?” (Gênesis 3:9). E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu e escondi-me. (Gênesis 3:10). E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? (Gênesis 3:11). Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.(Gênesis 3:12). E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. (Gênesis 3:13). (...) E [Deus] à mulher disse: Multiplicarei gran- demente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos (...). (Gênesis 3:16). E à Adão disse (...) No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; (...)”. (Gênesis 3:17-19). Principalmente a análise do versículo 19, ca- pítulo 3 do Livro de Gênesis nos ilustra esta relação entre trabalho e punição, ou seja, o Trabalho, nesta visão, é desconstruído en- quanto atributo humano de modificações do meio para o atendimento das necessi- dades individuais e coletivas. Neste sentido reflita: Seguranca no Trabalho 18 Levando em conta a questão que lhe coloquei como reflexão, parece que a con- textualização bíblica do trabalho não é a mais adequada do ponto de vista de execução de tra- balhos e nem da promoção dos princípios de segurança do trabalho. De certa forma, é exa- tamente esta a impressão que quero lhe passar, não pelo fato desta ligação entre religião e traba- lho em si, mas da forma como ela é interpretada. Ao passo em que não fazemos absoluta- mente nada contra esta interpretação deturpada do trabalho enquanto punição, estamos sim- plesmente promovendo-a. Veremos nas Unidades II e III que uma das funções primor- diais dos profissionais ligados à promoção da Saúde e Segurança do Trabalho é a de comu- nicador e de animador dos processos. Estes profissionais (dentre eles o Gestor com Pessoas) deverão convencer os trabalha- dores, por meio de processos participativos, a construir no dia a dia um ambiente seguro e saudável ao desenvolvimento das práticas labo- rais. De que forma faremos isso se mantivermos esta visão sobre o trabalho? Conseguiremos animar e nos comunicar com pessoas que estão com seus “filtros” fechados por elas acre- ditarem que o trabalho é uma punição? Faço estas provocações a você, caro aluno, e recupero o questionamento feito no momento de reflexão anterior: O que você faria para sanar as dificuldades impostas por um cenário onde esta interpretação do tra- balho como punição está em voga? • Quais seriam as dificuldades impos- tas ao seu futuro trabalho, levando em conta essa contextualização bí- blica do trabalho? Além disso, o que você faria para sanar tais dificulda- des impostas por esse cenário? “Se eu serei um animador, um comunica- dor na promoção da Saúde e da Segurança do Trabalho, talvez cursos de capacitação, diálogos com os trabalhadores ou mesmo palestras seriam bons instrumentos para lidar com esta problemática...”. Provavelmente você deve ter pensado em algo parecido com isso. Se não pensou, não há problema, mas considere esta estratégia como válida. Desta forma, estamos adentran- do ao contexto cultural-educativo ligado ao trabalho. Considerando as estratégias lúdico-pe- dagógicas, a formação do conceito sobre o trabalho tem sido realizada de diferentes maneiras, principalmente durante a forma- ção psicológica e social do indivíduo. Você se lembra de, quando criança, já ter cultiva- do uma semente de feijão em um algodão umedecido, tendo como vaso um pote de Pós-Graduação | Unicesumar 19 iogurte? Ademais, você já ouviu falar sobre o conto “A formiga e a cigarra”7? Certamente muitas pessoas já passaram por estas experiências, onde o valor do esforço e a qualidade da estratégia de tra- balho nos são ensinados com ares de moral de histórias. De fato, quando se fala no con- texto cultural-educativo do trabalho, se fala também no papel dos valores e princípios desta atividade humana e de seus efeitos para o desenvolvimento cognitivo, físico, eco- nômico e social dos “seres trabalhadores”. O que se quer mostrar é que o próprio trabalho apresenta-se como ferramenta na problematização dos conhecimentos e da tomada de decisões eficazes e sustentáveis. Os processos educacionais podem se utilizar das diferentes maneiras de execução de um trabalho, servindo, por exemplo, para dotar trabalhadores de competências e habilidades de segurança do trabalho na lida com ma- quinários ligados à silvicultura ou ainda, para conhecerem as diferentes formas de inter -relacionamento humano nas corporações. Assim, exemplos de sucesso, bem como exemplos de fracasso de práticas laborais, seja no campo administrativo, executivo, de planejamento ou quaisquer outras ligadas à vida corporativa podem ser utilizados nas es- tratégias de capacitação e conscientização, compondo, portanto, o contexto cultural-e- ducativo do trabalho. 7 “A formiga e a cigarra” é uma fábula de autoria atribuída à Esopo (escritor da Grécia Antiga), a qual também foi recontada pelo escritor francês Jean de La Fontaine (WIKIPEDIA, 2012 - WIKIPEDIA. a cigarra e a formiga. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/ wiki/A_Cigarra_e_a_Formiga>. Acesso em 17. Mai. 2012. Até este momento estamos anali- sando os diferentes contextos ligados à prática laboral. Entretanto, para finalizar esta discussão sobre a contextualização do trabalho, é necessário abordar sobre a evo- lução histórica do trabalho, estando esta na próxima seção desta unidade. Vamos continuar? Sobre os processos de capacitação para o trabalho, nota-se que o Brasil atualmente vive um processo onde busca-se reduzir a disparidade entre a necessidade de mão de obra capa- citada e a real formação dessa mão de obra. Um dos exemplos mais bem acabados dessa iniciativa é o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego – PRONATEC. Esse programa foi criado em 2011 e esse autor que vos fala teve a oportu- nidade de se capacitar em um curso de programação de computadores por meio desse programa (gratuita- mente). Segundo dados de Ribeiro (2014), até o momento 5,7 milhões de estudantes encontram-se matricu- lados em cursos que visam capacitar mão de obra para áreas econômicas estratégicas (desde a indústria de base até a de energias renováveis). Deste total, 1,7 milhões estão matri- culados em cursos de longa duração (2 a 4 anos). Fonte: RIBEIRO, L. Dilma diz que PRO- NATEC terá 8 milhões de matrículas. O Estado de São Paulo [on-line]. Dispo- nível em: <http://economia.estadao. com.br/noticias/geral,dilma-diz-que -pronatec-tera-8-milhoes-de-matri- culas,176979e>. Acesso em: 10 Ago. 2014. Seguranca no Trabalho 20 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO Pós-Graduação | Unicesumar 21 Prezado acadêmico: Até este momento, além de conceituar o termo “traba-lho”, desenvolvemos o conhecimento acerca dos diversos contextos ligados a este termo. A partir deste ponto, faremos uma re- flexão sobre o desenvolvimento do trabalho ao longo da história da humanidade. Não se preocupe, pois não faremos uma abordagem detalhada sobre esta evolução, mas desta- caremos alguns pontos chave que podem ser considerados como marcos evolutivos do trabalho. Em um primeiro instante, o ser humano nômade e altamente dependente dos pro- cessos extrativistas, de caça e de pesca desenvolvia o trabalho, ou seja, sua capaci- dade de alteração do ambiente natural em seu próprio benefício de maneira bastante pontual e limitada, afinal, estes processos de sobrevivência causam pouca influência no meio natural. Entretanto, com o passar dos séculos e com a ampliação da percepção cognitiva do ser humano, o desenvolvimento das ativi- dades extrativistas e de caça e pesca foram diminuindo. Tratou-se de um momento evolutivo de transição de um ser humano nômade para um ser humano sedentário, fixado e cada vez mais dependentede seu grupo. Esta transição fora desencadeada por um dos primeiros marcos relativos ao tra- balho na humanidade: a “descoberta” da Agricultura. Com sua capacidade amplia- da de percepção, este “novo” ser humano passou a observar mais atentamente os di- versos fenômenos da natureza, a qual ficou mais previsível pela associação de sinais na- turais e suas consequências. Assim, por observação quanto ao modo de reprodução vegetal, especialmen- te das plantas de reprodução assexuada (reprodução vegetativa, a exemplo da man- dioca, batata, banana e cana de açúcar), o ser humano passou a cultiva-las nas proximi- dades de seus aglomerados populacionais. Seguranca no Trabalho 22 Este foi um fator de modificação não somente dos padrões sociais, mas também da própria organização do trabalho, em termos de atividades e ferramentas. Cabe salientar que este advento da Agricultura possibilitou o desenvolvimento de ferramen- tas tidas como especializadas para a época, como ferramentas de corte e de cultivo em terra (não se fala ainda em aragem da terra pois o arado, enquanto instrumento de cultivo, somente fora concebido séculos depois pelos egípcios). O desenvolvimento da prática laboral, durante séculos, teve papel importantíssimo na definição dos padrões sociais, econômi- cos e políticos das diferentes sociedades clássicas. Ao mesmo tempo, pode-se dizer que o trabalho também tem grande influ- ência no que tange a gestão dos recursos naturais. Na Grécia Antiga, no Império Romano e mesmo no Império Egípcio, o trabalho, além de definir o posicionamento social (neste caso, a prática laboral estando ligada às classes inferiores, as quais exerciam estas atividades em prol de uma representação de autoridade, sendo o estado democráti- co na Grécia e o Imperialismo nos outros exemplos), também definia o modo de utili- zação dos recursos disponíveis (basicamente água, solos agricultáveis, fauna e flora) e o modo de descarte dos resíduos da ativida- de humana. Também é de se destacar que o desen- volvimento do trabalho ao longo da Idade Antiga contribuiu para o desenvolvimento das artes, da cultura e das inovações pro- dutivas e econômicas. No primeiro caso, às ferramentas de trabalho foram somados os primeiros equipamentos rudimentares (o caso do tear) e os implementos de tração animal, bastante úteis na lida com a terra e na construção da infraestrutura urbana. Por sua vez, o segundo caso pode ser ilustrado pela criação do dinheiro e pela monetariza- ção dos produtos, que é a atribuição de valor equivalente a um lastro que representasse o dinheiro, como por exemplo, cobre, prata, ouro e até mesmo sementes de cacau, no antigo Império Asteca. Contudo, não somente os avanços no campo do trabalho, mas, de maneira univer- sal, em todos os segmentos de reflexão-ação sob influência humana foram paralisados na Idade Média, período que se estendeu dos Séculos V ao XV depois de Cristo. A ampla influência religiosa impôs um modelo de engessamento social, filosófico, cultural e econômico. O dinheiro e as ino- vações já não eram mais a fonte do poder e sim o acúmulo de terras. O trabalho havia se reduzido ao cultivo de alimentos para a manutenção de uma sociedade crescente e decadente. Todas as inovações, em quaisquer campos do conhecimento, eram considera- das como heresia e seus protagonistas eram duramente punidos. Para se ter um panorama daquilo que acontecia à época da Idade Média, o trabalho era direcionado à produção de alimentos e a ampliação de poder do mesmo modo que os processos educacionais encontravam-se Pós-Graduação | Unicesumar 23 sobre a tutela da Igreja Católica, estando estes voltados à propagação dos princípios Teocentristas e, de maneira paradoxal, ao en- tendimento do espólio filosófico da Grécia Antiga, uma vez que Aristóteles e Platão eram temas recorrentes aos acadêmicos europeus. Diante deste cenário, torna-se válido supor que o desenvolvimento do traba- lho, considerando seu conceito, encontrou grandes barreiras. Logicamente que este en- gessamento promovido na Idade Média não pode ser encarado como absoluto, assim como a própria Idade Média, a qual teve seu momento áureo por volta dos séculos VII e IX, sendo decadente até sua derrocada, no século XV. Havia o desenvolvimento da ciência e inovação, entretanto em momentos pontu- ais e sem maiores influências no cenário da época. Entretanto, com o enfraquecimento deste modelo medieval e com a instauração gradual do Renascimento (Idade Moderna), o trabalho ganhou novas matizes, ultrapas- sando o modelo artesanal e se aproximando de um novo modelo de produção, mais ra- cional e eficiente à época: a Manufatura. Esta, por sua vez, prezava a utiliza- ção de equipamentos e, em certo grau, da setorização produtiva, o que ampliou con- sideravelmente a variedade de produtos ofertados à uma sociedade, já não mais eu- ropeia, mas ocidental, em um momento de franca expansão do capitalismo, representa- do, em princípio pelo mercantilismo e pela ampliação de poder econômico e social de uma nova classe: a Burguesia. Fazendo uma reflexão sobre este momento histórico e sobre a monetariza- ção (criação do dinheiro), ocorrida na Idade Antiga, chegamos a um ponto crucial na evolução histórica do trabalho: A própria capacidade excedente de trabalho, tra- duzida em força e/ou intelecto, passou pelo processo de atribuição de valores (monetarização). Lembra-se do contex- to econômico do trabalho? Não se pode afirmar claramente quando foi a primeira vez na história da humanidade que alguém foi pago pela execução de um serviço, mas este conceito na Idade Moderna certamen- te foi consolidado. A partir do Século XVIII inseriam-se na his- tória da humanidade as máquinas, as quais executavam o mesmo processo humano com maior velocidade e precisão. Já não se falava em produção artesanal e sim em escala e, mais ao final do século XIX, em produção em série. Tais sistemas produtivos potencializa- ram a comercialização dos excedentes de trabalho e permitiram a popularização de bens de consumo, devido à redução nos custos produtivos. Isto somado a ampliação do poder aquisitivo derivado do aumento da empregabilidade criara uma espiral de consumo-produção, onde cada vez mais era necessário produzir tais bens. Se nós parássemos nossa análise neste ponto, seria coerente afirmar que a Europa vivia neste instante (séculos XVIII e XIX) um momento auspicioso, quase de pleno emprego, correto? Seguranca no Trabalho 24 respondendo ao último questionamen-to feito na seção anterior, podemos afirmar que, de fato, a Europa e, pos- teriormente os Estados Unidos passaram sim por um momento de pleno emprego, pois mesmo que já não fossem necessários tantos trabalhadores no processo produtivo, devemos levar em consideração que se tra- tavam de máquinas rudimentares, que ainda necessitavam da ação e supervisão humana para desempenhar suas ações. Ademais, países europeus como Inglaterra, Alemanha e países Ibéricos (Espanha e Portugal), passaram anteriormente por re- formas sociais que praticamente dizimaram o campesinato, afinal, em nome do progresso, mão de obra era necessária onde as indústrias estavam e o Estado necessitava de maior con- trole sobre as terras (algo como matar dois coelhos com uma pedrada). Assim, mesmo sem o trabalho no campo, as famílias tinham nas cidades, seu trabalho garantido. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: A CRISEQUE GESTOU A SEGURANÇA DO TRABALHO. Pós-Graduação | Unicesumar 25 Entretanto devemos avaliar este trabalho pelo enfoque da qualidade. Nesta época o modelo capitalista vigente estava em tran- sição (do capitalismo tradicional ao atual capitalismo financeiro). Contudo, os prin- cípios capitalistas estavam em seu auge e a acumulação dos lucros estava em patama- res exorbitantes. Tal fato não se traduzia, no entanto, em investimentos produtivos ou de gestão que garantissem um ambiente de trabalho seguro e saudável aos trabalhadores. Muito pelo contrário, não somente os ambien- tes de trabalho eram assim, mas todos os vilarejos nas proximidades das fábricas apre- sentavam um ambiente deplorável quanto à saúde pública. O termo SMOG (névoa de poluição), de- rivado dos termos FOG (neblina) e SMOKE (fumaça) fora concebido nesta época, tamanho era o problema causado pelas di- ferentes fumaças eliminadas nas chaminés das fábricas. Muitas doenças respiratórias, como asma e bronquite, foram potenciali- zadas neste ambiente. Neste cenário, onde em termos de plane- jamento, somente a meta de produção era considerada (somente a demanda e a pre- visão de lucro pareciam fatores relevantes aos burgueses industriais da época), a mão de obra passou por um amplo processo de depreciação derivado das longas jornadas de trabalho, necessárias ao atendimento das demandas. Não somente homens em idade produ- tiva eram usados mas também mulheres, crianças, jovens e idosos. Não importava a idade do trabalhador, mas sim sua aptidão para a realização do trabalho. Notou que utilizei a palavra “usados” su- blinhada. Trata-se da mesma observação realizada na apresentação desta obra e, não por acaso, o sentido de “usados” encontra- se no aspecto mais visceral possível. Nesta época, tamanha era a visão produtivista, que o ser humano, agora proletário, tinha expro- priado de si mesmo sua própria humanidade. Tratava-se de um número funcional, uma mera engrenagem ao processo produtivo, a qual poderia ser trocada em caso de baixo rendimento, ou na pior das hipóteses, em caso de quebra, algo que não acontece hoje em dia não é? Aliás, reflita sobre a provocação supraci- tada e responda o seguinte questionamento: Você acha que o enfoque atual da Gestão com Pessoas é semelhante ao enfoque produtivista da Revolução In- dustrial? Caso sua resposta seja “não”, qual seria o atual paradigma quanto à relação trabalho – seres humanos? Duras jornadas de trabalho, por vezes ultrapassando 16 horas diárias, sem folgas remuneradas; Ampliação dos trabalhos re- petitivos e, por consequência, das lesões provocadas pelo esforço repetitivo nos processos (era a primeira vez na histó- ria em que se falava em Lesão por Esforço Seguranca no Trabalho 26 Repetitivo – LER, ou mesmo em Distúrbios Ósteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT); Ambientes insalubres (mal iluminados e poluídos); e, Remuneração não condizente com o nível de trabalho da massa operária: Estes e outros fatores ampliaram a deprecia- ção da mão de obra daquela época. Além disso, falta considerar um fator primordial: Se estamos discutindo que o produto e o lucro tornaram-se mais impor- tantes que o próprio ser humano no processo, seria correto afirmar que as máquinas foram concebidas diante de rígidos princípios de proteção ao trabalhador? Segundo Costa (2011), os primeiros pro- tótipos de máquinas dataram do século XVII, mas somente no século XVIII é que estas foram utilizadas para seus propósitos, es- pecialmente no meio rural, facilitando os processos de produção de alimentos (ao menos, colheita). Nenhuma máquina fora concebida para, em seu uso, proteger o ope- rador. Engrenagens, transmissores de força, elementos cortantes e outras partes vitais das máquinas encontravam-se expostos. Além disso, os operadores operavam estas máqui- nas expostos a toda sorte de gases, expelidos em altas temperaturas. Não se tem um relato preciso de quantos acidentes de trabalho ocorreram na época da Revolução Industrial, mas, não seria exagero afirmar que o número de feridos, debilitados e mortos se apro- ximara dos de uma situação de conflito civil, tais como observamos atualmente nos países do Oriente Médio. Observe os exemplos das figuras a seguir para traçar o seu panorama quanto a “carnificina” que ocorria na época: Disponível em: <http://files.historiaeducacao.webnode.com.br/ 200000055-b50c6b5571/Trabalho_Infantil.jpg> Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_uZ36BDz9F6g/S6f9R0LzcgI/ AAAAAAAAAkE/7k9POuKs14I/s320/lewis-hine01.jpg> Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-KxC9KpTy-JE/ T2-Rmk0G4jI/ AAAAAAAAAcc/s-DUBgb8ywE/s640/Prolet%C3%A1rio.jpg> Pós-Graduação | Unicesumar 27 Eximi você, caro aluno, de algumas fotos re- almente chocantes, colocando apenas aquelas suficientemente brandas para explicar e jus- tificar o panorama da época da revolução industrial quanto à relação trabalho – acidentes. A situação de crise era tamanha que na Europa e nos Estados Unidos da América, vários levantes trabalhistas foram insurgidos por melhorias nas condições de trabalho e de remuneração. Neste bojo, novos paradigmas sociais e produtivos foram suscitados, sendo o primei- ro deles um resgate da importância humana no processo produtivo, o Cooperativismo (SANTOS, 2009)8 e o segundo, mais voltado a um novo empoderamento social, onde a classe trabalhadora, verdadeira geradora de riquezas, seria a responsável por estabelecer, teoricamente, um modelo de Estado justo e equitativo na distribuição desta riqueza, sem o acumulo de capital. Trata-se do comunis- mo, ideia amplamente defendida por Marx (2006a9, b10), em sua obra máxima, “O Capital”. 8 SANTOS, T.H. o mito do cooperativismo: Cooperativa de associados ou condomínio de sócios? Dissertação de Mestrado (Mestrado em Administração – Universidade Federal do Paraná), 2009. 167 p. 9 MARX, K. o capital: Crítica da economia política: Livro I. 24. ed. Rio de Janeiro: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, 2006. 1 v. 10 MARX, K. o capital: Crítica da economia política: Livro I. 24. ed. Rio de Janeiro: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, 2006b. 2 v. Os mortos de Chicago - 1º DE MAIO: Para ampliar a ideia do estado de cri- se que assolava os países da Europa e da América do Norte (essencialmen- te EUA), proceda a leitura do artigo o qual versa sobre a emblemática Revolta de Chicago, mote criador do Dia Internacional do Trabalho. Apenas para lhe adiantar, essa Re- volta envolveu trabalhadores que se encontravam insatisfeitos com suas condições de trabalho, o que culminou em um processo de gre- ve e protestos, não acatados pelos patrões. Na tentativa de se manter a ordem pública, muitas pessoas fo- ram assassinadas. Leia o artigo para conferir mais detalhes. Vale a pena! SERRALHEIRO, J.P. Os mortos de Chi- cago – 1° de Maio. Arquivo Vivo, 134:2004. Disponível em: <http:// www.apagina.pt/?aba=7&cat=134&- doc=10092&mid=2>. Acesso em: 02 Jun. 2014. Seguranca no Trabalho 28 os primeiros levantes trabalhistas e o desenvolvimento do ideário re-volucionário do comunismo se constituíram como sintomas iniciais dos pro- cessos de mudança de uma sociedade em busca de um novo paradigma e de um novo estado de plenitude. No campo específico da Segurança do Trabalho, os Estados europeus, a se iniciar pela Inglaterra, já consideravam na primei- ra metade do século XIX tratativas sobre a preservação da saúde e da segurança dos trabalhadores. Em 1833 fora promulgada na Inglaterra a chamada “Lei da Fábrica”, a qual proibiao exercício do trabalho noturno para menores de 18 anos e limitava a jornada de trabalho, em todos os turnos, para 12 horas por dia. Considerando a inexistência de quaisquer iniciativas legais sobre Saúde e Segurança do Trabalho, a Lei da Fábrica representou um avanço, mesmo que pouco significativo, O ESTADO DE CRISE DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O DESENVOLVIMENTO DOS PRIMEIROS PRINCÍPIOS SOBRE SEGURANÇA DO TRABALHO D is po ní ve l e m : < ht tp :// up lo ad .w ik im ed ia .o rg /w ik ip ed ia /c om m on s/ a/ a7 /B un de sa rc hi v_ Bi ld _1 02 -1 02 46 ,_ En gl an d, _A rb ei ts lo se _v or _G ew er ks ch af ts ha us .jp g> Pós-Graduação | Unicesumar 29 no sentido de preservar a força de trabalho. Trata-se de um avanço pouco significativo pelas falhas no processo de fiscalização e, acima de tudo, por sua invalidade social, fator que analisaremos adiante. Somente 51 anos após a Lei da Fábrica é que outra lei, desta vez na Alemanha, fora promulgada. A partir de um conjunto de tra- tativas, aquele país publicou algumas leis que versavam sobre os primeiros princípios da Segurança do Trabalho. Você deve estar se perguntando: “Então, a Segurança do Trabalho, considerando a his- tória da humanidade, surgiu recentemente, somente no século XIX?”. A resposta para esta pergunta é não. Pela análise dos relatos históricos sobre Segurança do Trabalho, você verá que existiu sim o desenvolvimento de estudos e prin- cípios mesmo na Grécia Antiga. Entretanto, damos maior destaque e enfoque ao desenvolvimento destes princípios no pós -Revolução Industrial, pois são os que mais se aproximam de nossa atual realidade. Contudo, os princípios pioneiros possuem sua importância histórica por serem inicia- tivas humanas no sentido de promover a qualidade de vida como uma das diretrizes da prática laboral. Somente no século XX é que os prin- cípios de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional ganharam destaque em nível mundial por meio da recém-criada Organização Internacional do Trabalho – OIT, vinculada à Organização das Nações Unidas – ONU. Já no ano de 1919, pós Primeira Guerra Mundial e ainda sobre forte influ- ência do estado de crise promovido pelas desigualdades sociais entre burguesia e tra- balhadores, a OIT, promulga as Convenções sobre Segurança e Saúde no Trabalho, as quais foram editadas e publicadas ao longo do século XX e deram origem as legislações brasileiras sobre o assunto. “Ah, Professor, então quer dizer que, a partir das Convenções da OIT o mundo inteiro ´falou a mesma língua’ na questão da pre- servação da Saúde e garantia da Segurança na prática do trabalho. Assim os problemas daquela época foram resolvidos?” Seguranca no Trabalho 30 Não pude evitar de pensar que você possa estar com este questionamento em mente. E em resposta ao mesmo, de certa maneira, os países signatários das convenções da OIT, dentre eles o Brasil, seguiram as regras das convenções como diretrizes para o desenvolvimento de instrumentos legais específicos às características do trabalho de cada país. Por exemplo, no Brasil, durante as décadas de 1920, até 1950, grande parte dos dispositivos legais que versavam sobre o tema Trabalho, eram voltados aos trabalhos portuários, tendo em vista a ca- racterística econômica brasileira da época (exportador de matérias-primas e do que hoje chamamos de commodities). A partir desta década, maior atenção foi dispen- sada ao setor da siderurgia e da indústria de base. O que se quer ilustrar é que as conven- ções da OIT não foram suficientes ou mesmo absolutas no que tange à preservação da saúde e da integridade física dos trabalha- dores. Inclusive, se analisarmos os principais argumentos para criação destas convenções, verificaremos que, muito além da questão da proteção, tais convenções foram publicadas no sentido de aquietar os ânimos de uma so- ciedade em crise. Segundo Alvarenga apud. Costa (2011), os principais argumentos para a criação das convenções da OIT sobre Saúde e Segurança do Trabalho são: • A presença de condições difíceis, injustas e degradantes para muitos trabalhadores exercerem sua função (argumento humanístico). • O risco de conflitos sociais que pudessem ameaçar a paz (argumento político). • O fato de que países que não adotassem condições humanas de trabalho seriam um obstáculo para a obtenção de melhores condições em outros países que adotassem tais condições (argumento econômico). Pós-Graduação | Unicesumar 31 Perceba que somente um dos argumen- tos, de fato, apresenta-se como legítimo do ponto de vista da proteção ao trabalhador. Os dois últimos são mais voltados aos próprios interesses da elite da época, afinal, não seguir estes princípios acarretaria perdas econômi- cas significativas, além de ampliar o risco de uma inversão, ou mesmo, do compartilha- mento de poder, algo inaceitável para quem se encontra em uma posição privilegiada em nossa sociedade moderna. Esta é a dura realidade, caro aluno. Mesmo nos modernos dispositivos legais que versam sobre a preservação da saúde e da integrida- de física dos trabalhadores, existe o jogo de interesses das classes dominantes. O verda- deiro pano de fundo desta questão está no equilíbrio econômico e de forças políticas destas classes, ficando o aspecto humanís- tico como “máscara” deste processo. Não quero convencê-lo sobre este ponto de vista, aliás, sinta-se a vontade para questioná-lo. As atuais diretrizes e normas sobre Segurança do Trabalho são bastan- te eficientes e possuem valores humanistas suficientemente inseridos. No caso particular do Brasil, por exemplo, a sociedade organi- zada participa da criação destas normas, da mesma forma que tem poder, por exemplo, para sugerir leis ou mesmo, destituir do poder seus representantes. Entretanto, pense bem: Você alguma vez foi chamado para partici- par destas discussões ou já conheceu alguém que tenha sido convidado? Provavelmente esta pergunta terá res- posta negativa de sua parte. Ficaria feliz caso você respondesse “sim”, mas, por conhecer as formas populares de participação nas de- cisões do Estado, fica difícil acreditar nesta hipótese e mais difícil ainda acreditar em instrumentos legais validados pelos benefi- ciários, ou seja, legitimados. Não sou radical em meu posicionamento e reconheço haver a participação popular nos processos decisórios, mas você há de convir que esta participação é limitada às decisões marginais. Em outras palavras, você não “bate o martelo” em uma questão de maior relevância. Isto acontece no que tange aos dispositivos legais sobre Saúde e Segurança do Trabalho. Seguranca no Trabalho 32 conforme discutido, o Brasil é um dos países signatários das Convenções da OIT sobre Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho. A partir da década APLICAÇÃO DE PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NO BRASIL de 1920 até os dias atuais, o Brasil possui como diretrizes norteadoras das práticas de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional as seguintes convenções (Quadro 1). Pós-Graduação | Unicesumar 33 Quadro 1 – Convenções da Organização Internacional do Trabalho – OIT ratificadas e aplicadas no Brasil. • Convenção nº 103 – Amparo à maternidade. • Convenção nº 116 – Proteções a radiações ionizantes. • Convenção nº 127 – Peso máximo para carga. • Convenção nº134 – Prevenção de acidentes de trabalho dos marítimos. • Convenção nº 136 – Proteção contra os riscos de intoxicação provocados pelo benzeno. • Convenção nº 139 – Prevenção e controle de riscos profis- sionais causados por substância ou agentes cancerígenos. • Convenção nº 148 – Proteção dos trabalhadores contra os riscos devidos à contaminação do ar, ao ruído e às vibrações no local de trabalho. • Convenção nº 152 – Segurança e higiene nos trabalhos portuários. • Convenção nº 155 – Segurança e saúde dos trabalhadores e do meio ambiente de trabalho. • Convenção nº 159 - Reabilitação profissional e emprego de pessoas deficientes. • Convenção nº 161 – Serviços de saúde no trabalho. • Convenção nº 162 – Utilização do asbesto com segurança. • Convenção nº 163 – Proteção da saúde e assistência médica aos trabalhadores marítimos. • Convenção nº 167 – Segurança e saúde na construção. • Convenção nº 170 – Segurança na utilização de produtos químicos no trabalho. e, • Convenção nº 182 – Proibição das piores formas de trabalho infantil e ação imediata à sua eliminação. Fonte: Elaboração do Autor (2014). Ademais, dois importantes instrumen- tos legais de destaque, que antecederam à Constituição Brasileira de 1988, foram o Decreto-Lei 5.452/1943 (BRASIL, 1943)11 11 BRASIL, lei n. 5.452 de 1° de Maio de 1943. aprova a consolidação das leis do trabalho. Brasília, 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em 11. Mai. 2012. e a Lei 6.514/1977 (BRASIL, 1977)12. Respectivamente tratam da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT e da Lei que altera o Capítulo V da CLT, aprimorando os princípios e diretrizes sobre Segurança do Trabalho. Ambas as legislações apresentaram-se como avanços, logicamente, considerando o pano de fundo discutido no item anterior. Contudo, não há como negar que estas duas legislações, em especial, auxiliaram na con- solidação dos atuais dispositivos legais de preservação da saúde e da integridade física dos trabalhadores. Para se ter uma ideia, a Lei 6.514/77 trata ainda da gestão participativa sobre Segurança do Trabalho, algo apenas sus- citado nas convenções da OIT. Em seu texto, esta lei traz as obrigações de cada ator envolvido neste sistema de garantia da Segurança e Saúde do Trabalhador, não tão bem definido como a atual NR-5, que define a função e o papel da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, mas sufi- ciente enquanto iniciativa. Ainda, esta lei (6.514/77) traz os primór- dios das atuais Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança do Trabalho – NR´s (ABNT apud. ATLAS, 2012), conforme ilustra- do no Quadro 2. Quadro 2 – Comparação entre os dispositivos 12 BRASIL, lei n. 6.514 de 22 de Setembro de 1977. altera o capítulo V do titulo ii da consolidação das leis do trabalho, relativo a segurança e me- dicina do trabalho e dá outras providências.. Brasília, 1977. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 11. Mai. 2012. Seguranca no Trabalho 34 da Lei Federal 6.514/77 e as atuais Normas Regulamentadoras – NR´s (ABNT apud. ATLAS, 2012). Dispositivo Da Lei 6.514/77 NR equivaLeNte SEÇÃO III - Dos Órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas Empresas. NR 4 - Serviços especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. SEÇÃO IV - Do Equipamento de Proteção Individual. NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI. SEÇÃO V - Das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho. NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. SEÇÃO XIII - Das Atividades Insalubres ou Perigosas. NR 15 – Atividades e Operações Insalubres e NR 16 – Atividades e Operações Perigosas. Demais seções. Equivalente ao desenvolvimento das demais NR´s. Fonte: Elaboração do Autor (2014). Por fim, um dos últimos aspectos históricos que merecem destaque é a elevação dos princípios de Segurança e Saúde no Trabalho à di- reitos universais do cidadão brasileiro, garantido por meio do Artigo 7° da Constituição Cidadã de 1988 (BRASIL, 1988)13: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalu- bres ou perigosas, na forma da lei. XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.” 13 BRASIL, constituição da república Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em 11. Mai. 2012. Pós-Graduação | Unicesumar 35 Posto isto, pode-se afirmar que a lógica his- tórica da Segurança do Trabalho no Brasil ocorreu de maneira semelhante aos países europeus, embora o estado de crise social não tenha sido provocado primordialmente pelas condições indevidas de trabalho. A questão da segurança do trabalho foi tema secundário às reivindicações trabalhistas brasileiras, muito mais pautadas na questão do aumento salarial e na luta pelos direitos po- líticos, especialmente na época da Ditadura Militar. Isto se justifica pelo desenvolvimento tardio das relações trabalhistas, em compara- ção com os países europeus, que as instituíram com pelo menos 250 anos de antecedência, sem quaisquer princípios de segurança do tra- balho que fossem relevantes. Para melhorar o entendimento, podemos dizer que o Brasil “pegou o bonde andando” no que tange ao desenvolvimento de uma cultura preservacionista da força de trabalho, o que explica, em grande parte, a inexistência de crises sociais de grande porte relaciona- das à questão da Segurança do Trabalho. Quando falamos a respeito das Normas Re- gulamentadoras, um dos principais questio- namentos relaciona-se à sua aplicabilida- de. Para aqueles que consideram a cultura preservacionista, todos os indivíduos que exercem atividade laboral, independente de seu vínculo devem ser protegidos pelas NR’s. E esse foi o entendimento dado pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo em um litígio ocorrido entre funcionários e a Prefeitura do interior desse Estado. A prefeitura alegou à época (2012), que não oferecia Equipamentos de Proteção Indi- vidual (EPI´s) aos funcionários do setor de limpeza, levando em consideração que se tratava de funcionários estatutários e não celetistas. De fato, os dispositivos legais re- lacionam a obrigatoriedade na adoção das NR´s apenas aos celetistas. Todavia, os riscos não escolhem vínculos empregatícios e segundo a juíza que par- ticipou do caso, a Prefeitura deveria arcar com a responsabilidade do fornecimento dos EPI´s e ainda, arcar com indenizações relacionadas aos acidentes ocorridos pelo não obedecimento das NR´s. Tratou-se de um caso onde a saúde e segurança dos tra- balhadores tiveram mais evidência que os princípios legais. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em fatos reais. Seguranca no Trabalho 36 Prezado aluno, chegamos ao final da primeira unidade deste material e, com isto, finaliza- mos a contextualização sobre Segurança do Trabalho. Nesta unidade, abordamos didatica- mente o conceito sobre trabalho e quais os seus principais contextos, ilustrando desde os mais perceptíveis (contexto econômico) até os mais ocultos (contexto religioso). Você percebeu como a contextualização do traba- lho apresenta-se rica de significados e como ela pode ampliar nossos horizontes acerca do entendimento sobre Segurançado Trabalho e Saúde Ocupacional? A partir dos conhecimentos adqui- ridos sobre o Trabalho e seus contextos, desenvolvemos uma visão histórica sobre o desenvolvimento dos princípios de Segurança do Trabalho a partir dos estados de crise social. Novamente reforço que a Segurança do Trabalho em si não se originou a partir do século XIX, afinal, como visto, existem relatos da aplicação de princípios de se- gurança no trabalho que datam da época da Grécia Antiga. Entretanto, tais princípios foram desenvolvidos com maior destaque e impacto a partir da Revolução Industrial. Compreendemos ainda quais foram as respostas dos Estados àquela situação de crise, por meio da análise, principalmente, das Convenções sobre Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho da Organização Internacional do Trabalho – OIT. Revelamos e problematizamos o pano de fundo destas decisões e chegamos ao consenso de que, embora exista o aspecto humanista, o desen- volvimento destas soluções para situações de crise ponderam, com maior peso, os as- pectos econômicos e políticos. Por fim, analisamos o desenvolvimen- to de tais princípios no Brasil e chegamos a conclusão que o desenvolvimento dos mesmos ocorreu em clima de maior calmaria se comparado ao histórico europeu e norte americano. Com estas informações, estamos aptos a avançar ao entendimento sobre Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional, para pos- teriormente, inserir estes conhecimentos em sua área de atuação. No mais, desejo-lhe bons estudos e até a Unidade II! Considerações Finais Pós-Graduação | Unicesumar 37 1. Em 1919, a recém-criada Organização Internacional do Trabalho inicia a elaboração das chamadas Convenções Trabalhistas, as quais podem ser consideradas como um dos primeiros dispositivos de Segurança do Trabalho implantados na história. Entretanto, analisando o contexto da criação destas convenções, pode-se afirmar: a. ( ) O Brasil participou ativamente da criação destas convenções, sendo posterior signatário, principalmente das convenções ligadas aos setores econômicos mais pujantes da época, ou seja, o portuário/ marítimo e o agropecuário. b. ( ) A criação das Convenções da OIT veio em resposta a um cenário de crise o qual ameaçava o estado de ordem social vigente. Entre outras coisas, o levante dos movimentos sindicais e das correntes socialistas/comunistas exigiram que fossem tomadas atitudes no sentido de atender as reivindicações trabalhistas da época. Assim sendo, a criação destas Convenções serviu para apaziguar os ânimos dos atores envolvidos. c. ( ) Em suma, a OIT constituiu- se como uma agência de fiscalização das condições de trabalho nos países signatários de sua criação e de suas convenções. De acordo com os relatos históricos, já no início do século XX, a OIT foi responsável pela elaboração de normas e diretrizes de segurança do trabalho, sendo que muitas delas perduram até os dias atuais. d. ( ) A Organização Internacional do Trabalho foi criada em 1919 por meio do capítulo XIII do Tratado de Verona. e. ( ) Todas as alternativas estão corretas. Atividade de Autoestudo Seguranca no Trabalho 38 2. Historicamente, o desenvolvimento dos princípios da segurança do trabalho apresentou-se entremeado ao desenvolvimento tecnológico advindo da Revolução Industrial. Considerando o quadro socioeconômico da época e as discussões acerca do assunto, realizadas em aula, assinale a alternativa correta. a. ( ) Os princípios de segurança do trabalho foram desenvolvidos paralelamente ao surgimento das tecnologias, como máquinas e equipamentos. Por consequência, o índice de acidentes de trabalho não teve aumento significativo se comparado aos índices do século XVIII, período anterior à Revolução Industrial. b. ( ) O desenvolvimento tecnológico de que trata o enunciado teve bases puramente tecnicistas, em defesa do aumento de produtividade. Os princípios de segurança do trabalho foram desenvolvidos tardiamente, após a instalação de um estado de crise, derivado do elevado número de acidentes de trabalho. Somaram-se a este estado de crise, as instabilidades sociais derivadas das condições insalubres e perigosas de trabalho. c. ( ) No Brasil, já em 1919, foram desenvolvidos mecanismos de segurança do trabalho, ratificados posteriormente pela Organização Internacional do Trabalho – OIT. d. ( ) Os conhecimentos sobre segurança do trabalho são anteriores à época da Revolução Industrial, sendo que os primeiros relatos sobre estratégias prevencionistas, datam da Idade Antiga. Desta maneira, é injustificado dizer que existiram milhares de Pós-Graduação | Unicesumar 39 acidentes, tendo em vista que a Segurança do Trabalho, em termos de práticas e princípios, já se encontrava em sua plenitude. e. ( ) Todas as alternativas anteriores estão incorretas. 3. A Segurança do Trabalho é uma espécie de ciência com várias matizes de análise. Costumeiramente, os pesquisadores da área estabelecem seu enfoque na análise das técnicas e procedimentos de segurança. Contudo, em termos humanos, o enfoque sobre a significância e os contextos da prática laboral ainda carece de maiores análises. Sobre o contexto da prática laboral, assinale a alternativa correta. a. ( ) O contexto bíblico da prática laboral abrange as práticas educacionais e demonstram-se como importante elemento lúdico de ensino sobre o trabalho. b. ( ) Por meio do contexto técnico-científico, torna- se possível explicar a comercialização dos excedentes de capacidade, qualidade e quantidade de trabalho. c. ( ) Não é possível definir qual o contexto principal da prática laboral, uma vez que existe, em maior ou menor grau, a contribuição de todos os contextos para a formação conceitual sobre o trabalho. d. ( ) Em termos de contextualização histórica do trabalho, é correto afirmar que houve um desenvolvimento tardio das tecnologias de produção, tais como máquinas e equipamentos, as quais vieram a ser produzidas na época da Revolução Inglesa. e. ( ) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. Seguranca no Trabalho 40 Livro Obra: Convenções da OIT (BRASIL, 2002)15. Sinopse: Sinopse (sic): “A importância da Organização Internacional do Trabalho no desencadear de temas estratégicos, garantindo o desen- volvimento continuado das relações de trabalho no mundo, é ímpar. O Ministério do Trabalho e Emprego reconhece e ressalta essa importância e é com imenso orgulho que nos esforçamos para ampliar o conhecimen- to público sobre as convenções da Organização relativas à Segurança e Saúde no Trabalho. A Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT/Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho – DSST espera com esta iniciativa prosseguir no seu foco permanente de atenção, que é a redução significativa dos aciden- tes de trabalho, com consequente melhoria da qualidade de trabalho.” Disponível em: <http://por tal .mte.gov.br/data/f i les/ FF8080812BCB2790012BD507F4816CAA/pub_cne_convencoes_oit.pdf > Acesso em: 10. Ago. 2014. 15 BRASIL. Convenções da OIT. Ministério do Trabalho e Emprego – MTe, Secretaria Nacional de Inspeção do Trabalho – SIT. 1ª ed. Brasília: IMPRENSA OFICIAL, 2002, 62p. Conheça o histórico da Segurança do Trabalho. Acesse: História da Segurança do Trabalho - http://www.temseguranca. com/2009/03/historia-da-seguranca-do-trabalho.html
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