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segurança no trabalho

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Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
TRABALHO E
SEGURANÇA
DO TRABALHO:
CONTEXTUALIZAÇÕES
SEGURANÇA DO
TRABALHO E SAÚDE
OCUPACIONAL
O GESTOR COM PESSOAS
COMO AGENTE ATIVO NA
SEGURANÇA DO TRABALHO
SEGURANçANO TRABALHO
unidade I
unidade II unidade III
Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa
o trabalho e
seus contextos
segurança do
trabalho: conceitos
qualidade de
vida no trabalho
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca por 
tecnologia, informação, conhecimento de qualida-
de, novas habilidades para liderança e solução de 
problemas com eficiência tornou-se uma questão 
de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsa-
bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos 
nossos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário 
Cesumar – assume o compromisso de democra-
tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia 
e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promo-
ver a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cida-
dãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro 
Universitário Cesumar busca a integração do 
ensino-pesquisa-extensão com as demandas 
Reitor 
Wilson de Matos Silva
palavra do reitor
Direção UniceSUMar
reitor Wilson de Matos Silva, Vice-reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-reitor de administração Wilson 
de Matos Silva Filho, Pró-reitor de eaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora 
Cláudio Ferdinandi.
neaD - núcleo De eDUcação a DiStância
Direção de operações Chrystiano Mincoff, coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha, coordenação 
de Polos Reginaldo Carneiro, coordenação de Pós-Graduação, extensão e Produção de Materiais Renato 
Dutra, coordenação de Graduação Kátia Coelho, coordenação administrativa/Serviços compartilhados 
Evandro Bolsoni, Gerência de inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerência de Marketing Harrisson 
Brait, Supervisão do núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Design educacional 
Larissa Finco, Diagramação Humberto Garcia da Silva, revisão textual Yasminn Zagonel, , Fotos Shutterstock.
neaD - núcleo de educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
institucionais e sociais; a realização de uma 
prática acadêmica que contribua para o desen-
volvimento da consciência social e política e, por 
fim, a democratização do conhecimento aca-
dêmico com a articulação e a integração com 
a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar 
almeja ser reconhecido como uma instituição univer-
sitária de referência regional e nacional pela qualidade 
e compromisso do corpo docente; aquisição de com-
petências institucionais para o desenvolvimento de 
linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer-
sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e 
a distância; bem-estar e satisfação da comunidade 
interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis-
trativa; compromisso social de inclusão; processos 
de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relacionamento 
permanente com os egressos, incentivando a edu-
cação continuada.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância:
C397 
 Seguranca no Trabalho. 
 Tiago Ribeiro da Costa. 
 Publicação revista e atualizada, Maringá - PR, 2014.
 108 p.
“Pós-graduação Núcleo Comum - EaD”.
 1. Seguranca. 2. Trabalho. 3. EaD. I. Título.
CDD - 22 ed. 331
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do 
Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido 
conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. 
Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais 
daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um 
conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de-
mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos 
aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu-
cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em 
diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa-
ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso 
horário e atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje 
em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das 
desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co-
nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está 
disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda 
uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer-
ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura 
e transformando a todos nós.
Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos 
em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao 
mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como 
já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso 
que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer. 
Pró-Reitor de EaD
Willian Victor Kendrick 
de Matos Silva
boas-vindas
sobre pós-graduação
a importância da pós-graduação
O Brasil está passando por grandes transformações, em especial 
nas últimas décadas, motivadas pela estabilização e crescimento 
da economia, tendo como consequência o aumento da sua impor-
tância e popularidade no cenário global. Esta importância tem se 
refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais 
nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior 
devido a uma grande carência de mão de obra especializada.
Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada 
vez maiores. A graduação, que no passado era um diferenciador 
da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua emprega-
bilidade. É preciso o constante aperfeiçoamento e a continuidade 
dos estudos para quem quer crescer profissionalmente. 
A pós-graduação Lato Sensu a distância da UNICESUMAR 
conta hoje com 21 cursos de especialização e MBA nas áreas de 
Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados 
pensando em você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática, 
trazendo informações atualizadas e alinhadas com as necessida-
des deste novo Brasil. 
 Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na 
UNICESUMAR, você terá a oportunidade de conhecer um conjun-
to de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida, 
fortalecendo seu arcabouço teórico, oportunizando sua aplicação 
no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal 
e profissional.
Professor Dr. Renato Dutra
Coordenador de Pós-Graduação , Extensão e Produção de Materiais 
NEAD - UNICESUMAR
apresentação do material 
Prezado acadêmico,
Seguras saudações! Seja bem vindo ao 
mundo da Segurança do trabalho e da Saúde 
ocupacional no contexto da Gestão com Pessoas.
Antes de darmos início a discussão deste tema, 
tenho uma importante tarefa a cumprir e gosta-
ria de convidá-lo a participar desta tarefa. Trata-se 
de uma tarefa aparentemente fácil, mas que pode 
definir se você irá ou não continuar a ler esse ma-
terial: Quero incentivá-lo e convencê-lo sobre a 
importância do estudo acerca da Segurança do 
Trabalho no contexto de sua futura profissão como 
Gestor com Pessoas.
Para tal, convido-oa acompanhar nossa pri-
meira unidade. Na Unidade I problematizaremos 
primeiramente sobre o trabalho de acordo com 
duas questões norteadoras: o que é o trabalho? 
Quais os contextos do trabalho ligados ao ser 
humano?
Verificaremos que o trabalho se configura a 
partir do atendimento das necessidades e anseios 
do ser humano em transformar seu meio concreto 
e até mesmo suas aspirações abstratas (pensamen-
tos, ideias, crenças). 
Ainda nesse certame, o trabalho apresenta-se 
em seus diversos contextos (filosófico, religioso, eco-
nômico, científico e outros que serão explicitados 
em momento oportuno). Tais contextos apresen-
tam as classes de motivos pelos quais o trabalho 
pode ser executado, com sua relativa importân-
cia. Após essa contextualização sobre o objeto da 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional (o 
trabalho), faremos uma contextualização sobre a 
própria Segurança do Trabalho.
Professor Mestre 
tiago ribeiro da costa
Os princípios de Segurança do Trabalho foram 
desenvolvidos a partir da famigerada dualidade 
plenitude-crise do modelo capitalista de traba-
lho apregoado na época da Revolução Industrial. 
O simples aumento de produtividade dado pela 
sistematização dos processos produtivos e pela 
exploração exacerbada de uma força de trabalho 
por vezes inadequada aos processos altamente exi-
gentes em força e repetitividade (uso de mulheres, 
idosos e crianças em jornadas que ultrapassavam 
16 horas diárias), provocou uma situação de crise 
insustentável.
De acordo com Albert Einstein, “a crise é a maior 
bênção para pessoas e para países”. Nesse sentido, 
a saída para tais crises ligadas às condições de-
sumanas de trabalho foi o desenvolvimento de 
novas propostas, tidas como paradigmas sociais, tais 
como o fortalecimento de organizações associativas 
(Sindicatos, Associações e Cooperativas), ideários 
socioeconômicos (Comunismo como modelo al-
ternativo ao Capitalismo) e o desenvolvimento de 
normas e ações voltadas à proteção do trabalha-
dor, a qual teve seu maior expoente representado 
pela promulgação das diversas convenções sobre 
o trabalho editadas pela Organização Internacional 
do Trabalho – OIT, a partir de 1921. Discutiremos 
sobre essas convenções e seus desdobramentos 
históricos, inclusive no Brasil.
A partir da Unidade II iniciaremos um pro-
cesso de delimitação da discussão, focando mais 
sobre a questão da Segurança do Trabalho em si. 
Apresentaremos todos os subsídios necessários 
para que você, prezado aluno, possa conhecer 
seus princípios, aplicações, legislações e normas 
pertinentes, atores e atualidades acerca do assunto. 
Nesse momento é que passaremos a definir qual 
o papel do Gestor de Pessoas no contexto da 
Segurança do trabalho a partir desse questiona-
mento: “Quem é o Gestor de Pessoas frente à Segurança 
do Trabalho?”.
Provavelmente a Unidade II lhe apresentará 
bons argumentos nessa minha tentativa de con-
vencê-lo ao estudo da Segurança do Trabalho. 
Entretanto, ainda é necessário estabelecer ações 
e ferramentas de atuação do Gestor de Pessoas 
enquanto membro participante do que podemos 
chamar de “bureau” empresarial de Segurança do 
Trabalho. 
Assim, por meio da Unidade III, discutiremos 
sobre o papel do Gestor de Pessoas nas estraté-
gias de capacitação dos atores envolvidos com a 
prática laboral, afinal, antes das práticas laborais 
serem definidas por meio de máquinas, equipamen-
tos, implementos e ferramentas, elas são, acima de 
tudo, definidas pela inserção do ser humano ciente 
de seu papel como agente ativo dos processos. 
Ao final dessa terceira unidade, estabelecere-
mos uma última discussão sobre as perspectivas 
de atuação do Gestor de Pessoas frente ao que 
se chama “Qualidade de Vida no trabalho”, um 
conceito operacional que visa dotar o ambiente em-
presarial de práticas e mecanismos que reduzam os 
impactos e desgastes da prática laboral, ao passo 
em que visa ampliar a satisfação e o prazer em se 
trabalhar por parte dos colaboradores.
Você já parou para pensar que em nosso dia a 
dia certamente passamos a maior parte do tempo 
nos dedicando ao trabalho? Por consequência, o 
trabalho em si deve apresentar alguns elementos 
de cunho psicológico e físico que ampliem a sen-
sação de satisfação e de reconhecimento do local 
de trabalho como uma “segunda casa”.
Contudo, será que é isso mesmo que acontece 
no ambiente empresarial? Como a QVT (Qualidade 
de Vida no Trabalho) é encarada pelos empresários 
e pela sociedade, desde sua concepção até os dias 
atuais? E, qual será o seu papel nesse processo? 
Somente lendo a Unidade III para conferir.
Para lhe auxiliar em seus estudos, fiz questão 
de anexar leituras e atividades complementares 
que irão auxiliar no processo de construção de seu 
conhecimento.
Vamos então iniciar nossos estudos sobre a 
Segurança do Trabalho no contexto da Gestão com 
Pessoas? Sinta-se à vontade para estudar os conte-
údos desse material, mas, acima de tudo, assuma 
uma postura crítica e disciplinada em seus estudos: 
Estabeleça horários e metas e sempre se questio-
ne, de uma maneira crítica, sobre esses conteúdos. 
Afinal, também não quero estabelecer a minha 
visão do assunto como única e dependo de suas 
visões e percepções em uma proposta dialógica 
para que possamos estabelecer, de fato, a constru-
ção do conhecimento.
Até a primeira unidade!
Prof. tiago ribeiro
Eng. Agrônomo, Eng. de Segurança do 
Trabalho, Me.
Professor e Consultor de Projetos de 
Desenvolvimento Regional
su
m
ár
io 01
12 o trabalho e seus contextos.
20 evolução histórica do trabalho.
24 revolução industrial: a crise que gestou a segurança do trabalho.
28
o estado de crise da revolução 
industrial 
e o desenvolvimento dos primeiros 
princípios sobre segurança do 
trabalho.
32
aplicação de princípios e diretrizes 
de segurança e saúde no trabalho no 
Brasil.
TRABALHO E SEGURANÇA DO 
TRABALHO: CONTEXTUALIZAÇÕES
02 03
48 segurança do trabalho: conceitos
53
atores envolvidos no sistema de 
segurança do trabalho e saúde 
ocupacional
56
mecanismos que regem as ações 
de segurança do trabalho e saúde 
ocupacional
60 revisitando o conceito de riscos associados à prática laboral
63 principais ferramentas da segurança do trabalho
82
perspectivas do tema “segurança do 
trabalho e saúde ocupacional” no 
contexto da gestão com pessoas
83
o papel do gestor com pessoas nas 
estratégias de conscientização e de 
capacitação dos atores envolvidos
87 qualidade de vida no trabalho
95
a importância da segurança do 
trabalho ao gestor com pessoas 
como elemento de competitividade 
no mercado de trabalho
SEGURANÇA DO TRABALHO 
E SAÚDE OCUPACIONAL
O GESTOR COM PESSOAS COMO 
AGENTE ATIVO NA SEGURANÇA 
DO TRABALHO
1 TRABALHO E SEGURANÇA DO TRABALHO: CONTEXTUALIZAÇÕES
Professor Mestre Tiago Ribeiro da Costa
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu-
dará nesta unidade:
•	 O trabalho e seus contextos;
•	 Evolução histórica do trabalho;
•	 Revolução industrial: a crise que gestou a segu-
rança do trabalho;
•	 O estado de crise da revolução industrial e o de-
senvolvimento dos primeiros princípios sobre 
segurança do trabalho;
•	 Aplicação de princípios e diretrizes de seguran-
ça e saúde no trabalho no Brasil;
objetivos de aprendizagem
•	 Proporcionar o conhecimento, por parte dos acadêmicos, acerca 
da contextualização do trabalho, objeto de estudo da Segurança 
do Trabalho, no plano das necessidades humanas e de seus di-
ferentes contextos (filosófico, econômico, religioso, científico e 
cultural-educativo)
•	 Problematizar os conhecimentos acerca dos fatores históricos que 
desencadearam a Gênese dos princípios de Segurança do Trabalho.
•	 Estabelecer uma análise inicial sobre os dispositivos legais que 
regemas ações de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional.
Prezado aluno, seja bem vindo! Estamos iniciando nosso estudo sobre 
a Segurança do trabalho e Saúde ocupacional no contexto da 
Gestão com Pessoas. Entretanto, como mencionado na apresenta-
ção desta obra, antes de falarmos sobre a Segurança do Trabalho em 
si, precisamos nos convencer sobre a importância de seu estudo e de 
suas aplicações no campo da Gestão com Pessoas.
Para tal, coloco-lhe a seguinte questão para sua reflexão: “afinal, você 
sabe o que é ‘trabalho’?”
Em um primeiro momento, sem o conhecimento teórico necessário, parece 
difícil definir com precisão o que seja trabalho. Provavelmente você, se 
não conseguiu estabelecer um conceito acerca do assunto, certamente 
associou a palavra a alguma atividade desenvolvida pelo ser humano, às 
vezes apresentando características ligadas ao prazer ou ligadas à lamúria.
Contudo, esta associação entre o termo “trabalho” e o desenvolvimento 
de alguma atividade ou mesmo, a associação entre a atividade e algum 
adjetivo, tal como fizemos, deve ser feita de maneira cautelosa e nós 
vamos entender o motivo disto por meio da análise dos diversos con-
textos relacionados ao trabalho. Ademais, muitas vezes o “trabalho” é 
associado aos adjetivos negativos por conta de alguns de seus contextos.
Não pude evitar pensar que você deve ter se perguntado: “Mas pro-
fessor, nem conceituamos ainda o que é o trabalho e já estamos 
partindo para seus contextos...”. Em minha visão, penso que visua-
lizando alguns contextos principais, podemos conceituar com maior 
propriedade o que é o trabalho, e de que forma o trabalho é realiza-
do, levando-se em conta estes contextos.
Em um segundo momento, ainda nesta unidade, evidenciaremos a 
própria Segurança do Trabalho, de maneira conceitual, abrindo o leque 
de possibilidades para o entendimento desta ciência e ainda, eviden-
ciando alguns de seus pontos chave que podem abrir portas para a 
atuação do Gestor de Pessoas.
Está curioso? Vamos então abrir nossas discussões e nossas mentes.
Seguranca no Trabalho
12
como atividade inicial, peço para que você se concentre nas palavras deste período do livro e siga rigorosamente as reflexões aqui colocadas. Vamos lá?
Em algum momento de sua vida você já se deparou com uma 
espécie de vazio provocado por questões não respondidas? Tratam-
se de questões que beiram o campo da filosofia e do papel exercido 
pelo ser humano no universo, como por exemplo:
O TRABALHO 
E SEUS CONTEXTOS
•	 “- Quem sou eu?”;
•	 “- Por que estou aqui?”;
•	 “- Qual o objetivo de viver?”;
•	 “- O ser humano está sozinho no universo?”;
•	 “- Existe algo que rege a nossa vida?”.
Pós-Graduação | Unicesumar
13
É difícil encontrar alguém que nunca 
tenha se deparado com estas questões. 
Saiba que tais questionamentos são naturais 
e pertinentes a qualquer ser humano, desde 
épocas remotas. Todavia, assim como você, 
eu nunca obtive respostas satisfatórias para 
estas questões, mesmo considerando que 
estamos em uma época onde o desenvolvi-
mento científico e tecnológico nos confere 
subsídios importantes à resolução destes 
questionamentos.
Reflita agora sobre esta mesma análise, 
mas transporte-a para tempos mais remotos, 
quando os subsídios que poderiam nos auxi-
liar na resolução destas questões eram mais 
raros. De alguma maneira, o ser humano, com 
sua grande capacidade de adaptação ao am-
biente, não somente física e biológica, mas 
também cognitiva, criou alternativas ao en-
tendimento das referidas questões. Desta 
forma, surgiram as primeiras teorias filo-
sóficas que buscavam dar suporte a estes 
questionamentos.
São duas as principais teorias filo-
sóficas que foram criadas diante deste 
contexto, em ordem: a) o Teocentrismo; e, 
b) Antropocentrismo.
Segundo Souza (2009)1 o Teocentrismo 
surgira em uma época de densa supremacia 
da Igreja Católica, especialmente sob o ponto 
de vista ideológico. Na Idade Média, período 
do auge do Teocentrismo, o ideário básico 
suscitava a relação entre Deus e as coisas sem 
1 SOUZA, A.S. concepções de Deus na idade Média e no iluminismo. 
Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/concepcoes-de-deus-
na-idade-media-e-no-iluminismo/18518/>. Acesso em 26. Abr. 2012. 
explicação lógica, ou seja, todas as respostas 
àquelas perguntas encontravam-se direcio-
nadas à justificativa divina.
A própria definição de Teocentrismo 
ilustra esta supremacia divina:
“O teocentrismo, do grego theos (“Deus”) e 
kentron (“centro”), é a concepção segundo 
a qual Deus é o centro do universo, tudo foi 
criado por ele, por ele é dirigido e não há 
outra razão além do desejo divino sobre a 
vontade humana.” (TEOCENTRISMO.COM, 
2012)2.
Não é nosso objetivo nos aprofundar em uma 
discussão do campo sociológico quanto ao 
Teocentrismo, contudo, você já deve ter per-
cebido que tal ideologia, por sua característica 
principal, subjuga o poder transformador do 
ser humano, ávido por modificar seu meio 
em prol de suas necessidades.
Neste sentido, o Antropocentrismo, teoria 
a qual apregoa uma “troca” quanto ao ele-
mento principal do universo (de Deus para 
ser humano), entrou em cena, em meados do 
século XIV, com o Renascimento. Não obstan-
te, o nome “Renascimento” sugere o ressurgir 
do homem e de sua capacidade de modifi-
car o meio a partir de um cenário de “trevas” 
advindo da Idade Média.
Neste momento o desenvolvimento da 
razão e das ciências permitiu ao ser humano 
a compreensão de muitos fenômenos na-
turais e humanos, até então creditados às 
entidades divinas. Não se tratava do primeiro 
2 TEOCENTRISMO.COM. Definição de teocentrismo. Disponível em: <http://
teocentrismo.com/artigo1.php>. Acesso em: 26. Abr. 2012.
Seguranca no Trabalho
14
momento histórico no qual o ser humano era 
protagonista no desenvolvimento de suas 
atividades, mas certamente foi o mais auspi-
cioso nesta questão, afinal, graças ao poder 
inventivo do ser humano, traduzido por sua 
capacidade de modificar o meio (portanto 
trabalho), grandes feitos na história da hu-
manidade foram executados, tais como as 
grandes navegações, o desenvolvimento das 
leis universais da física e das demais ciências 
(sociologia, matemática, anatomia, dentre 
outras) e a própria Revolução Industrial, um 
marco histórico no campo do trabalho que 
modificou drasticamente as bases sociais, 
econômicas, ambientais e políticas da socie-
dade Europeia, nos séculos XVIII e XIX e da 
sociedade mundial no século XX.
Neste momento você deve ter percebi-
do que o antropocentrismo tem uma ligação 
bastante importante com o trabalho em si, 
devido a sua característica de libertação da 
capacidade transformadora e inovadora do 
ser humano. Todavia, ainda não é capaz de 
solucionar todas as questões filosóficas es-
tabelecidas na ânsia do entendimento do 
papel deste ser humano no universo.
O Teocentrismo, em menor grau e, princi-
palmente o Antropocentrismo ilustram esta 
relação do ser humano com o universo, um ser 
ativo, atuante e que busca constantemente a 
transformação de seu meio para seu próprio 
benefício. A esta capacidade de modificação 
do meio é que damos o nome de “trabalho”.
É importante salientar que esta “modifica-
ção do meio” supracitada pode ter efeitos tanto 
em elementos concretos como também em 
elementos abstratos: a própria teoria filosófica 
do Teocentrismo foi criada pelo ser humano, 
o qual estabeleceu uma relação causal entre 
um elemento abstrato (Deus) e as consequên-
cias terrenas (concretas). Por isso que também 
é válido afirmar que o Teocentrismo possui 
sua parcela de contribuição em nossatenta-
tiva de conceituar o termo “Trabalho”.
Mediante o exposto, portanto, depreen-
de-se que:
O termo “trabalho” faz alusão à capacidade 
humana de transformar o meio (consideran-
do elementos abstratos e concretos) para o 
pleno atendimento de suas necessidades.
Entretanto, a conceituação sobre o 
Trabalho torna-se incompleta do ponto de 
vista processual. Fazendo uma alusão com 
a boa e velha gramática, é como se estivés-
semos vendo claramente o que é a ação (o 
verbo do predicado) e quem executa esta 
ação (ou seja, o sujeito). Entretanto esta ação 
não se configura como “verbo intransitivo”, 
necessitando, portanto, de um complemen-
to, de um “objeto”, de um “para quem a ação 
é voltada”. Desta forma, caro aluno, de uma 
maneira mais direta, eu lhe peço para que 
tenha a seguinte reflexão:
 “Para quem o trabalho é voltado?”.
Pós-Graduação | Unicesumar
15
Analise as seguintes citações:
“O homem filosofa para entender o mundo e 
seu papel dentro dele. Filosofa para entender 
a si mesmo.
(...) O homem faz ciência para estabelecer o 
conhecimento metodológico das relações do 
mundo material, visando apropriar-se deste 
conhecimento para seu próprio desenvolvi-
mento intelectual.
(...) O homem desenvolve tecnologia para 
aplicar na sua própria prática de vida os co-
nhecimentos científicos adquiridos, visando 
seu desenvolvimento, sua abundância eco-
nômica, seu conforto e sua qualidade de vida.
(...) O homem faz religião para buscar sua bem 
aventurança espiritual, aproximando-se de 
suas divindades.
(...) O homem faz arte para o deleite de seu 
próprio espírito.
(...) O homem trabalha para realizar no am-
biente seus próprios interesses, promovendo 
sua transformação.”3
3 COSTA, T.R. Segurança do trabalho – aula 01/03 – 
Pós-graduação MBa em Gestão com Pessoas (centro 
Universitário de Maringá – ceSUMar). Maringá: 
CESUMAR, 2011. 95 slides: color.
A partir desta leitura pode-se depreender 
que em todos os casos, os resultados da 
ação chamada trabalho são voltados ao 
próprio ser humano, ou seja, este é promotor 
de uma ação modificadora do meio que 
tem por objetivo o seu próprio benefício, 
corroborando com a observação anterior de 
que o trabalho é voltado ao atendimento 
das necessidades deste ser humano. 
Diferentes formas de expressão humana 
por meio do trabalho podem explicar, em 
parte, o próprio contexto histórico do tra-
balho e as inovações que foram atreladas 
ao desenvolvimento desta prática ao longo 
dos séculos. 
A própria substituição da força humana 
pela tração animal e, posteriormente, por 
matrizes energéticas diversas (carvão, gás 
natural, vapor de água, energia elétrica, etc.) 
são exemplos da aplicação de metodologias 
derivadas de expressões distintas de seres 
humanos em busca do atendimento de suas 
necessidades, de maneira mais eficiente.
Após a contextualização filosófica sobre 
o trabalho, resta-nos discutir, nesta parte 
inicial, sobre os demais contextos ligados 
ao trabalho, a saber: a) Contexto Econômico; 
b) Contexto Jurídico; c) Contexto Bíblico; d) 
Seguranca no Trabalho
16
Contexto Cultural-Educativo; e, e) Contexto 
Histórico.
Para explicar a contextualização econô-
mica do trabalho, vamos nos ater a conceito 
das profissões: 
Atualmente os trabalhos encontram-se 
segmentados por profissões. Estas profis-
sões podem ser interpretadas como uma 
derivação da atual organização social a qual 
serializa a economia em segmentos, os quais 
devem possuir elementos humanos (tra-
balhadores) especializados em uma única 
função ou conjunto de funções, fazendo 
com que os resultados do trabalho (espe-
cialmente o lucro) sejam obtidos com maior 
eficiência.
Neste modelo, cada trabalhador possui 
sua capacidade de realização dos trabalhos 
próprios (atendimento de suas próprias ne-
cessidades). Após o atendimento destas, a 
competência desenvolvida para determinado 
trabalho não é sobrepujada pelo desenvolvi-
mento de novas competências. Ao contrário, 
elas se somam. 
Esta “capacidade latente” em cada indi-
víduo para produzir trabalho além de suas 
necessidades, é capaz de gerar excedentes, 
em qualidade e quantidade de trabalho os 
quais podem ser comercializados, ou seja, 
existe uma atribuição de valor ao trabalho 
excedente desenvolvido, que pode ser tradu-
zido como um salário ou mesmo pagamento 
avulso pela prestação de serviços. Este, por-
tanto, é o contexto econômico do trabalho, 
o qual, em nossa sociedade moderna, todos 
estamos envolvidos.
Considerando esta segmentação eco-
nômica e a consequente fragmentação das 
atividades, além do próprio contexto econô-
mico do trabalho, é valido supor que exista um 
conjunto de regras que regem o trabalho e suas 
relações. A Consolidação das Leis Trabalhistas 
– CLT (BRASIL, 19434) e, aproximando ao nosso 
discurso, as Normas Regulamentadoras sobre 
Segurança e Medicina do Trabalho – NR´s 
4 BRASIL. lei n. 5.452 de 1° de Maio e 1943. aprova a 
consolidação das leis do trabalho. Brasília, 1943.
Trata-se de um minicaso baseado em um 
caso real observado pelo autor deste livro
Falando sobre o contexto econômico 
do trabalho, é bastante evidente nos 
dias atuais encontrarmos “criadores 
de profissões”. Assim são chamados 
os profissionais que já possuem for-
mação acadêmica mas que atuam, de 
maneiras curiosas, fora de sua área de 
formação, ganhando um bom salário 
para isso.
Só para se ter uma ideia, em Campo 
Grande – MS, houve uma ocorrência 
de destaque: Uma Engenheira Civil 
que resolveu montar um “bar móvel 
de brigadeiros gourmet”. Na verdade, 
trata-se de um display de acrílico que 
contém os ingredientes para a fabri-
cação, na hora, dos brigadeiros e este 
display circula junto ao garçom em fes-
tas e coquetéis. O garçom monta o bri-
gadeiro de acordo com a preferência 
do consumidor.
A ideia tem feito sucesso e esse exem-
plo ilustra o contexto econômico do 
trabalho, associado à satisfação em sua 
realização, algo realmente desafiador 
nos dias atuais. 
Pós-Graduação | Unicesumar
17
(ABNT, apud ATLAS, 20125) são exemplos destas 
regras, fazendo parte ainda do chamado con-
texto jurídico do trabalho.
Por sua vez, o contexto bíblico do tra-
balho versa sobre a ligação entre este e a 
questão da punição humana. Esta ligação se 
encontra tão imbricada no âmago social que, 
por vezes, você já deve ter ouvido alguém 
falar a expressão: “(...) Eu atirei pedra na cruz pra 
ter um trabalho desses (...)” ou ainda “(...) Meu 
trabalho não é prazeroso, aliás, aquilo é um sofri-
mento. Parece que Deus está de mal comigo! (...)”.
Logicamente que tais colocações são ori-
ginadas de outros fatores além da questão 
bíblica, mas não há como negar a forte in-
fluência deste livro nesta concepção, o que 
chega até a distorcer a conceituação de tra-
balho que construímos há alguns momentos.
Para lhe ilustrar o que estamos discutindo 
analisemos os trechos retirados do Livro de 
Gênesis, da Bíblia Sagrada6, os quais versam a 
respeito do primeiro pecado cometido pelo 
ser humano e suas respectivas punições:
5 ATLAS, Segurança e Medicina do trabalho. 69ª ed. São Paulo: ATLAS, 2012. 
968p.
6 GÊNESIS. a Bíblia Sagrada. tradução na linguagem de hoje. São Paulo: 
SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL, 1988.
“(...) E chamou o Senhor Deus a Adão, e dis-
se-lhe: Onde estás?” (Gênesis 3:9). 
E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, 
e temi, porque estava nu e escondi-me. 
(Gênesis 3:10).
E Deus disse: Quem te mostrou que 
estavas nu? Comeste tu da árvore de que 
te ordenei que não comesses? (Gênesis 
3:11). 
Então disse Adão: A mulher que me deste 
por companheira, ela me deu da árvore, e 
comi.(Gênesis 3:12).
E disse o Senhor Deus à mulher: Por que 
fizeste isto? E disse a mulher: A serpente 
me enganou, e eu comi. (Gênesis 3:13).
(...) 
 E [Deus] à mulher disse: Multiplicarei gran-
demente a tua dor, e a tua conceição; com 
dor darás à luz filhos (...). (Gênesis 3:16).
E à Adão disse (...) No suor do teu rosto 
comerás o teu pão, até que te tornes à 
terra; (...)”. (Gênesis 3:17-19). 
Principalmente a análise do versículo 19, ca-
pítulo 3 do Livro de Gênesis nos ilustra esta 
relação entre trabalho e punição, ou seja, o 
Trabalho, nesta visão, é desconstruído en-
quanto atributo humano de modificações 
do meio para o atendimento das necessi-
dades individuais e coletivas. Neste sentido 
reflita:
Seguranca no Trabalho
18
Levando em conta a questão que lhe 
coloquei como reflexão, parece que a con-
textualização bíblica do trabalho não é a mais 
adequada do ponto de vista de execução de tra-
balhos e nem da promoção dos princípios de 
segurança do trabalho. De certa forma, é exa-
tamente esta a impressão que quero lhe passar, 
não pelo fato desta ligação entre religião e traba-
lho em si, mas da forma como ela é interpretada.
Ao passo em que não fazemos absoluta-
mente nada contra esta interpretação deturpada 
do trabalho enquanto punição, estamos sim-
plesmente promovendo-a. Veremos nas 
Unidades II e III que uma das funções primor-
diais dos profissionais ligados à promoção da 
Saúde e Segurança do Trabalho é a de comu-
nicador e de animador dos processos. 
Estes profissionais (dentre eles o Gestor 
com Pessoas) deverão convencer os trabalha-
dores, por meio de processos participativos, a 
construir no dia a dia um ambiente seguro e 
saudável ao desenvolvimento das práticas labo-
rais. De que forma faremos isso se mantivermos 
esta visão sobre o trabalho? Conseguiremos 
animar e nos comunicar com pessoas que 
estão com seus “filtros” fechados por elas acre-
ditarem que o trabalho é uma punição?
Faço estas provocações a você, caro 
aluno, e recupero o questionamento feito 
no momento de reflexão anterior: O que você 
faria para sanar as dificuldades impostas por 
um cenário onde esta interpretação do tra-
balho como punição está em voga?
•	 Quais seriam as dificuldades impos-
tas ao seu futuro trabalho, levando 
em conta essa contextualização bí-
blica do trabalho? Além disso, o que 
você faria para sanar tais dificulda-
des impostas por esse cenário?
“Se eu serei um animador, um comunica-
dor na promoção da Saúde e da Segurança 
do Trabalho, talvez cursos de capacitação, 
diálogos com os trabalhadores ou mesmo 
palestras seriam bons instrumentos para lidar 
com esta problemática...”. 
Provavelmente você deve ter pensado em 
algo parecido com isso. Se não pensou, não 
há problema, mas considere esta estratégia 
como válida. Desta forma, estamos adentran-
do ao contexto cultural-educativo ligado 
ao trabalho.
Considerando as estratégias lúdico-pe-
dagógicas, a formação do conceito sobre 
o trabalho tem sido realizada de diferentes 
maneiras, principalmente durante a forma-
ção psicológica e social do indivíduo. Você 
se lembra de, quando criança, já ter cultiva-
do uma semente de feijão em um algodão 
umedecido, tendo como vaso um pote de 
Pós-Graduação | Unicesumar
19
iogurte? Ademais, você já ouviu falar sobre 
o conto “A formiga e a cigarra”7? 
Certamente muitas pessoas já passaram 
por estas experiências, onde o valor do 
esforço e a qualidade da estratégia de tra-
balho nos são ensinados com ares de moral 
de histórias. De fato, quando se fala no con-
texto cultural-educativo do trabalho, se fala 
também no papel dos valores e princípios 
desta atividade humana e de seus efeitos 
para o desenvolvimento cognitivo, físico, eco-
nômico e social dos “seres trabalhadores”. 
O que se quer mostrar é que o próprio 
trabalho apresenta-se como ferramenta na 
problematização dos conhecimentos e da 
tomada de decisões eficazes e sustentáveis. 
Os processos educacionais podem se utilizar 
das diferentes maneiras de execução de um 
trabalho, servindo, por exemplo, para dotar 
trabalhadores de competências e habilidades 
de segurança do trabalho na lida com ma-
quinários ligados à silvicultura ou ainda, para 
conhecerem as diferentes formas de inter
-relacionamento humano nas corporações.
Assim, exemplos de sucesso, bem como 
exemplos de fracasso de práticas laborais, 
seja no campo administrativo, executivo, de 
planejamento ou quaisquer outras ligadas à 
vida corporativa podem ser utilizados nas es-
tratégias de capacitação e conscientização, 
compondo, portanto, o contexto cultural-e-
ducativo do trabalho.
7 “A formiga e a cigarra” é uma fábula de autoria 
atribuída à Esopo (escritor da Grécia Antiga), a qual 
também foi recontada pelo escritor francês Jean de 
La Fontaine (WIKIPEDIA, 2012 - WIKIPEDIA. a cigarra 
e a formiga. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/
wiki/A_Cigarra_e_a_Formiga>. Acesso em 17. Mai. 2012.
Até este momento estamos anali-
sando os diferentes contextos ligados à 
prática laboral. Entretanto, para finalizar 
esta discussão sobre a contextualização do 
trabalho, é necessário abordar sobre a evo-
lução histórica do trabalho, estando esta 
na próxima seção desta unidade. Vamos 
continuar?
Sobre os processos de capacitação 
para o trabalho, nota-se que o Brasil 
atualmente vive um processo onde 
busca-se reduzir a disparidade entre 
a necessidade de mão de obra capa-
citada e a real formação dessa mão 
de obra. Um dos exemplos mais bem 
acabados dessa iniciativa é o Programa 
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico 
e ao Emprego – PRONATEC.
Esse programa foi criado em 2011 e 
esse autor que vos fala teve a oportu-
nidade de se capacitar em um curso 
de programação de computadores 
por meio desse programa (gratuita-
mente). Segundo dados de Ribeiro 
(2014), até o momento 5,7 milhões 
de estudantes encontram-se matricu-
lados em cursos que visam capacitar 
mão de obra para áreas econômicas 
estratégicas (desde a indústria de 
base até a de energias renováveis). 
Deste total, 1,7 milhões estão matri-
culados em cursos de longa duração 
(2 a 4 anos).
Fonte: RIBEIRO, L. Dilma diz que PRO-
NATEC terá 8 milhões de matrículas. O 
Estado de São Paulo [on-line]. Dispo-
nível em: <http://economia.estadao.
com.br/noticias/geral,dilma-diz-que
-pronatec-tera-8-milhoes-de-matri-
culas,176979e>. Acesso em: 10 Ago. 
2014.
Seguranca no Trabalho
20
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO 
TRABALHO
Pós-Graduação | Unicesumar
21
Prezado acadêmico: Até este momento, além de conceituar o termo “traba-lho”, desenvolvemos o conhecimento 
acerca dos diversos contextos ligados a este 
termo. A partir deste ponto, faremos uma re-
flexão sobre o desenvolvimento do trabalho 
ao longo da história da humanidade. Não se 
preocupe, pois não faremos uma abordagem 
detalhada sobre esta evolução, mas desta-
caremos alguns pontos chave que podem 
ser considerados como marcos evolutivos 
do trabalho.
Em um primeiro instante, o ser humano 
nômade e altamente dependente dos pro-
cessos extrativistas, de caça e de pesca 
desenvolvia o trabalho, ou seja, sua capaci-
dade de alteração do ambiente natural em 
seu próprio benefício de maneira bastante 
pontual e limitada, afinal, estes processos de 
sobrevivência causam pouca influência no 
meio natural.
Entretanto, com o passar dos séculos e 
com a ampliação da percepção cognitiva do 
ser humano, o desenvolvimento das ativi-
dades extrativistas e de caça e pesca foram 
diminuindo. Tratou-se de um momento 
evolutivo de transição de um ser humano 
nômade para um ser humano sedentário, 
fixado e cada vez mais dependentede seu 
grupo.
Esta transição fora desencadeada por 
um dos primeiros marcos relativos ao tra-
balho na humanidade: a “descoberta” da 
Agricultura. Com sua capacidade amplia-
da de percepção, este “novo” ser humano 
passou a observar mais atentamente os di-
versos fenômenos da natureza, a qual ficou 
mais previsível pela associação de sinais na-
turais e suas consequências. 
Assim, por observação quanto ao modo 
de reprodução vegetal, especialmen-
te das plantas de reprodução assexuada 
(reprodução vegetativa, a exemplo da man-
dioca, batata, banana e cana de açúcar), o 
ser humano passou a cultiva-las nas proximi-
dades de seus aglomerados populacionais.
Seguranca no Trabalho
22
Este foi um fator de modificação não 
somente dos padrões sociais, mas também 
da própria organização do trabalho, em 
termos de atividades e ferramentas. Cabe 
salientar que este advento da Agricultura 
possibilitou o desenvolvimento de ferramen-
tas tidas como especializadas para a época, 
como ferramentas de corte e de cultivo em 
terra (não se fala ainda em aragem da terra 
pois o arado, enquanto instrumento de 
cultivo, somente fora concebido séculos 
depois pelos egípcios).
O desenvolvimento da prática laboral, 
durante séculos, teve papel importantíssimo 
na definição dos padrões sociais, econômi-
cos e políticos das diferentes sociedades 
clássicas. Ao mesmo tempo, pode-se dizer 
que o trabalho também tem grande influ-
ência no que tange a gestão dos recursos 
naturais. 
Na Grécia Antiga, no Império Romano 
e mesmo no Império Egípcio, o trabalho, 
além de definir o posicionamento social 
(neste caso, a prática laboral estando ligada 
às classes inferiores, as quais exerciam estas 
atividades em prol de uma representação 
de autoridade, sendo o estado democráti-
co na Grécia e o Imperialismo nos outros 
exemplos), também definia o modo de utili-
zação dos recursos disponíveis (basicamente 
água, solos agricultáveis, fauna e flora) e o 
modo de descarte dos resíduos da ativida-
de humana.
Também é de se destacar que o desen-
volvimento do trabalho ao longo da Idade 
Antiga contribuiu para o desenvolvimento 
das artes, da cultura e das inovações pro-
dutivas e econômicas. No primeiro caso, às 
ferramentas de trabalho foram somados os 
primeiros equipamentos rudimentares (o 
caso do tear) e os implementos de tração 
animal, bastante úteis na lida com a terra e 
na construção da infraestrutura urbana. Por 
sua vez, o segundo caso pode ser ilustrado 
pela criação do dinheiro e pela monetariza-
ção dos produtos, que é a atribuição de valor 
equivalente a um lastro que representasse 
o dinheiro, como por exemplo, cobre, prata, 
ouro e até mesmo sementes de cacau, no 
antigo Império Asteca.
Contudo, não somente os avanços no 
campo do trabalho, mas, de maneira univer-
sal, em todos os segmentos de reflexão-ação 
sob influência humana foram paralisados na 
Idade Média, período que se estendeu dos 
Séculos V ao XV depois de Cristo.
A ampla influência religiosa impôs um 
modelo de engessamento social, filosófico, 
cultural e econômico. O dinheiro e as ino-
vações já não eram mais a fonte do poder 
e sim o acúmulo de terras. O trabalho havia 
se reduzido ao cultivo de alimentos para a 
manutenção de uma sociedade crescente e 
decadente. Todas as inovações, em quaisquer 
campos do conhecimento, eram considera-
das como heresia e seus protagonistas eram 
duramente punidos.
Para se ter um panorama daquilo que 
acontecia à época da Idade Média, o trabalho 
era direcionado à produção de alimentos e 
a ampliação de poder do mesmo modo que 
os processos educacionais encontravam-se 
Pós-Graduação | Unicesumar
23
sobre a tutela da Igreja Católica, estando 
estes voltados à propagação dos princípios 
Teocentristas e, de maneira paradoxal, ao en-
tendimento do espólio filosófico da Grécia 
Antiga, uma vez que Aristóteles e Platão eram 
temas recorrentes aos acadêmicos europeus.
Diante deste cenário, torna-se válido 
supor que o desenvolvimento do traba-
lho, considerando seu conceito, encontrou 
grandes barreiras. Logicamente que este en-
gessamento promovido na Idade Média não 
pode ser encarado como absoluto, assim 
como a própria Idade Média, a qual teve seu 
momento áureo por volta dos séculos VII e 
IX, sendo decadente até sua derrocada, no 
século XV.
Havia o desenvolvimento da ciência e 
inovação, entretanto em momentos pontu-
ais e sem maiores influências no cenário da 
época. Entretanto, com o enfraquecimento 
deste modelo medieval e com a instauração 
gradual do Renascimento (Idade Moderna), 
o trabalho ganhou novas matizes, ultrapas-
sando o modelo artesanal e se aproximando 
de um novo modelo de produção, mais ra-
cional e eficiente à época: a Manufatura.
Esta, por sua vez, prezava a utiliza-
ção de equipamentos e, em certo grau, da 
setorização produtiva, o que ampliou con-
sideravelmente a variedade de produtos 
ofertados à uma sociedade, já não mais eu-
ropeia, mas ocidental, em um momento de 
franca expansão do capitalismo, representa-
do, em princípio pelo mercantilismo e pela 
ampliação de poder econômico e social de 
uma nova classe: a Burguesia.
Fazendo uma reflexão sobre este 
momento histórico e sobre a monetariza-
ção (criação do dinheiro), ocorrida na Idade 
Antiga, chegamos a um ponto crucial na 
evolução histórica do trabalho: A própria 
capacidade excedente de trabalho, tra-
duzida em força e/ou intelecto, passou 
pelo processo de atribuição de valores 
(monetarização). Lembra-se do contex-
to econômico do trabalho? Não se pode 
afirmar claramente quando foi a primeira 
vez na história da humanidade que alguém 
foi pago pela execução de um serviço, mas 
este conceito na Idade Moderna certamen-
te foi consolidado.
A partir do Século XVIII inseriam-se na his-
tória da humanidade as máquinas, as quais 
executavam o mesmo processo humano 
com maior velocidade e precisão. Já não se 
falava em produção artesanal e sim em escala 
e, mais ao final do século XIX, em produção 
em série.
Tais sistemas produtivos potencializa-
ram a comercialização dos excedentes de 
trabalho e permitiram a popularização de 
bens de consumo, devido à redução nos 
custos produtivos. Isto somado a ampliação 
do poder aquisitivo derivado do aumento 
da empregabilidade criara uma espiral de 
consumo-produção, onde cada vez mais era 
necessário produzir tais bens.
Se nós parássemos nossa análise neste 
ponto, seria coerente afirmar que a Europa 
vivia neste instante (séculos XVIII e XIX) 
um momento auspicioso, quase de pleno 
emprego, correto?
Seguranca no Trabalho
24
respondendo ao último questionamen-to feito na seção anterior, podemos afirmar que, de fato, a Europa e, pos-
teriormente os Estados Unidos passaram 
sim por um momento de pleno emprego, 
pois mesmo que já não fossem necessários 
tantos trabalhadores no processo produtivo, 
devemos levar em consideração que se tra-
tavam de máquinas rudimentares, que ainda 
necessitavam da ação e supervisão humana 
para desempenhar suas ações.
Ademais, países europeus como Inglaterra, 
Alemanha e países Ibéricos (Espanha e 
Portugal), passaram anteriormente por re-
formas sociais que praticamente dizimaram o 
campesinato, afinal, em nome do progresso, 
mão de obra era necessária onde as indústrias 
estavam e o Estado necessitava de maior con-
trole sobre as terras (algo como matar dois 
coelhos com uma pedrada). Assim, mesmo 
sem o trabalho no campo, as famílias tinham 
nas cidades, seu trabalho garantido.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: 
A CRISEQUE GESTOU 
A SEGURANÇA DO 
TRABALHO.
Pós-Graduação | Unicesumar
25
Entretanto devemos avaliar este trabalho 
pelo enfoque da qualidade. Nesta época o 
modelo capitalista vigente estava em tran-
sição (do capitalismo tradicional ao atual 
capitalismo financeiro). Contudo, os prin-
cípios capitalistas estavam em seu auge e a 
acumulação dos lucros estava em patama-
res exorbitantes.
Tal fato não se traduzia, no entanto, em 
investimentos produtivos ou de gestão 
que garantissem um ambiente de trabalho 
seguro e saudável aos trabalhadores. Muito 
pelo contrário, não somente os ambien-
tes de trabalho eram assim, mas todos os 
vilarejos nas proximidades das fábricas apre-
sentavam um ambiente deplorável quanto 
à saúde pública.
O termo SMOG (névoa de poluição), de-
rivado dos termos FOG (neblina) e SMOKE 
(fumaça) fora concebido nesta época, 
tamanho era o problema causado pelas di-
ferentes fumaças eliminadas nas chaminés 
das fábricas. Muitas doenças respiratórias, 
como asma e bronquite, foram potenciali-
zadas neste ambiente.
Neste cenário, onde em termos de plane-
jamento, somente a meta de produção era 
considerada (somente a demanda e a pre-
visão de lucro pareciam fatores relevantes 
aos burgueses industriais da época), a mão 
de obra passou por um amplo processo de 
depreciação derivado das longas jornadas 
de trabalho, necessárias ao atendimento das 
demandas.
Não somente homens em idade produ-
tiva eram usados mas também mulheres, 
crianças, jovens e idosos. Não importava a 
idade do trabalhador, mas sim sua aptidão 
para a realização do trabalho.
Notou que utilizei a palavra “usados” su-
blinhada. Trata-se da mesma observação 
realizada na apresentação desta obra e, não 
por acaso, o sentido de “usados” encontra-
se no aspecto mais visceral possível. Nesta 
época, tamanha era a visão produtivista, que 
o ser humano, agora proletário, tinha expro-
priado de si mesmo sua própria humanidade. 
Tratava-se de um número funcional, uma 
mera engrenagem ao processo produtivo, 
a qual poderia ser trocada em caso de baixo 
rendimento, ou na pior das hipóteses, em 
caso de quebra, algo que não acontece hoje 
em dia não é?
Aliás, reflita sobre a provocação supraci-
tada e responda o seguinte questionamento:
Você acha que o enfoque atual da 
Gestão com Pessoas é semelhante ao 
enfoque produtivista da Revolução In-
dustrial? Caso sua resposta seja “não”, 
qual seria o atual paradigma quanto 
à relação trabalho – seres humanos?
Duras jornadas de trabalho, por vezes 
ultrapassando 16 horas diárias, sem folgas 
remuneradas; Ampliação dos trabalhos re-
petitivos e, por consequência, das lesões 
provocadas pelo esforço repetitivo nos 
processos (era a primeira vez na histó-
ria em que se falava em Lesão por Esforço 
Seguranca no Trabalho
26
Repetitivo – LER, ou mesmo em Distúrbios 
Ósteomusculares Relacionados ao Trabalho – 
DORT); Ambientes insalubres (mal iluminados 
e poluídos); e, Remuneração não condizente 
com o nível de trabalho da massa operária: 
Estes e outros fatores ampliaram a deprecia-
ção da mão de obra daquela época.
Além disso, falta considerar um fator 
primordial: Se estamos discutindo que o 
produto e o lucro tornaram-se mais impor-
tantes que o próprio ser humano no processo, 
seria correto afirmar que as máquinas foram 
concebidas diante de rígidos princípios de 
proteção ao trabalhador?
Segundo Costa (2011), os primeiros pro-
tótipos de máquinas dataram do século XVII, 
mas somente no século XVIII é que estas 
foram utilizadas para seus propósitos, es-
pecialmente no meio rural, facilitando os 
processos de produção de alimentos (ao 
menos, colheita). Nenhuma máquina fora 
concebida para, em seu uso, proteger o ope-
rador. Engrenagens, transmissores de força, 
elementos cortantes e outras partes vitais das 
máquinas encontravam-se expostos. Além 
disso, os operadores operavam estas máqui-
nas expostos a toda sorte de gases, expelidos 
em altas temperaturas.
Não se tem um relato preciso de 
quantos acidentes de trabalho ocorreram 
na época da Revolução Industrial, mas, 
não seria exagero afirmar que o número 
de feridos, debilitados e mortos se apro-
ximara dos de uma situação de conflito 
civil, tais como observamos atualmente 
nos países do Oriente Médio.
Observe os exemplos das figuras a seguir para traçar o 
seu panorama quanto a “carnificina” que ocorria na época:
Disponível em: <http://files.historiaeducacao.webnode.com.br/
200000055-b50c6b5571/Trabalho_Infantil.jpg>
Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_uZ36BDz9F6g/S6f9R0LzcgI/
AAAAAAAAAkE/7k9POuKs14I/s320/lewis-hine01.jpg>
Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-KxC9KpTy-JE/ T2-Rmk0G4jI/
AAAAAAAAAcc/s-DUBgb8ywE/s640/Prolet%C3%A1rio.jpg>
Pós-Graduação | Unicesumar
27
Eximi você, caro aluno, de algumas fotos re-
almente chocantes, colocando apenas aquelas 
suficientemente brandas para explicar e jus-
tificar o panorama da época da revolução 
industrial quanto à relação trabalho – acidentes.
A situação de crise era tamanha que na 
Europa e nos Estados Unidos da América, 
vários levantes trabalhistas foram insurgidos 
por melhorias nas condições de trabalho e 
de remuneração. 
Neste bojo, novos paradigmas sociais e 
produtivos foram suscitados, sendo o primei-
ro deles um resgate da importância humana 
no processo produtivo, o Cooperativismo 
(SANTOS, 2009)8 e o segundo, mais voltado 
a um novo empoderamento social, onde a 
classe trabalhadora, verdadeira geradora de 
riquezas, seria a responsável por estabelecer, 
teoricamente, um modelo de Estado justo e 
equitativo na distribuição desta riqueza, sem 
o acumulo de capital. Trata-se do comunis-
mo, ideia amplamente defendida por Marx 
(2006a9, b10), em sua obra máxima, “O Capital”.
8 SANTOS, T.H. o mito do cooperativismo: Cooperativa 
de associados ou condomínio de sócios? Dissertação de 
Mestrado (Mestrado em Administração – Universidade 
Federal do Paraná), 2009. 167 p.
9 MARX, K. o capital: Crítica da economia política: Livro I. 
24. ed. Rio de Janeiro: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, 2006. 1 v.
10 MARX, K. o capital: Crítica da economia política: Livro 
I. 24. ed. Rio de Janeiro: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, 2006b. 
2 v.
Os mortos de Chicago - 1º DE MAIO:
Para ampliar a ideia do estado de cri-
se que assolava os países da Europa e 
da América do Norte (essencialmen-
te EUA), proceda a leitura do artigo 
o qual versa sobre a emblemática 
Revolta de Chicago, mote criador 
do Dia Internacional do Trabalho. 
Apenas para lhe adiantar, essa Re-
volta envolveu trabalhadores que 
se encontravam insatisfeitos com 
suas condições de trabalho, o que 
culminou em um processo de gre-
ve e protestos, não acatados pelos 
patrões. Na tentativa de se manter 
a ordem pública, muitas pessoas fo-
ram assassinadas. Leia o artigo para 
conferir mais detalhes. Vale a pena!
SERRALHEIRO, J.P. Os mortos de Chi-
cago – 1° de Maio. Arquivo Vivo, 
134:2004. Disponível em: <http://
www.apagina.pt/?aba=7&cat=134&-
doc=10092&mid=2>. Acesso em: 02 
Jun. 2014.
Seguranca no Trabalho
28
os primeiros levantes trabalhistas e o desenvolvimento do ideário re-volucionário do comunismo se 
constituíram como sintomas iniciais dos pro-
cessos de mudança de uma sociedade em 
busca de um novo paradigma e de um novo 
estado de plenitude.
No campo específico da Segurança do 
Trabalho, os Estados europeus, a se iniciar 
pela Inglaterra, já consideravam na primei-
ra metade do século XIX tratativas sobre a 
preservação da saúde e da segurança dos 
trabalhadores.
Em 1833 fora promulgada na Inglaterra 
a chamada “Lei da Fábrica”, a qual proibiao 
exercício do trabalho noturno para menores 
de 18 anos e limitava a jornada de trabalho, 
em todos os turnos, para 12 horas por dia. 
Considerando a inexistência de quaisquer 
iniciativas legais sobre Saúde e Segurança 
do Trabalho, a Lei da Fábrica representou 
um avanço, mesmo que pouco significativo, 
O ESTADO DE CRISE DA 
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
E O DESENVOLVIMENTO DOS PRIMEIROS 
PRINCÍPIOS SOBRE SEGURANÇA DO 
TRABALHO
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Pós-Graduação | Unicesumar
29
no sentido de preservar a força de trabalho. 
Trata-se de um avanço pouco significativo 
pelas falhas no processo de fiscalização e, 
acima de tudo, por sua invalidade social, fator 
que analisaremos adiante.
Somente 51 anos após a Lei da Fábrica 
é que outra lei, desta vez na Alemanha, fora 
promulgada. A partir de um conjunto de tra-
tativas, aquele país publicou algumas leis 
que versavam sobre os primeiros princípios 
da Segurança do Trabalho.
Você deve estar se perguntando: “Então, 
a Segurança do Trabalho, considerando a his-
tória da humanidade, surgiu recentemente, 
somente no século XIX?”. A resposta para esta 
pergunta é não.
Pela análise dos relatos históricos sobre 
Segurança do Trabalho, você verá que existiu 
sim o desenvolvimento de estudos e prin-
cípios mesmo na Grécia Antiga. Entretanto, 
damos maior destaque e enfoque ao 
desenvolvimento destes princípios no pós
-Revolução Industrial, pois são os que mais 
se aproximam de nossa atual realidade. 
Contudo, os princípios pioneiros possuem 
sua importância histórica por serem inicia-
tivas humanas no sentido de promover a 
qualidade de vida como uma das diretrizes 
da prática laboral.
Somente no século XX é que os prin-
cípios de Segurança do Trabalho e Saúde 
Ocupacional ganharam destaque em 
nível mundial por meio da recém-criada 
Organização Internacional do Trabalho – OIT, 
vinculada à Organização das Nações Unidas 
– ONU.
Já no ano de 1919, pós Primeira 
Guerra Mundial e ainda sobre forte influ-
ência do estado de crise promovido pelas 
desigualdades sociais entre burguesia e tra-
balhadores, a OIT, promulga as Convenções 
sobre Segurança e Saúde no Trabalho, as 
quais foram editadas e publicadas ao longo 
do século XX e deram origem as legislações 
brasileiras sobre o assunto.
“Ah, Professor, então quer dizer que, a partir 
das Convenções da OIT o mundo inteiro 
´falou a mesma língua’ na questão da pre-
servação da Saúde e garantia da Segurança 
na prática do trabalho. Assim os problemas 
daquela época foram resolvidos?”
Seguranca no Trabalho
30
Não pude evitar de pensar que você possa 
estar com este questionamento em mente. 
E em resposta ao mesmo, de certa maneira, 
os países signatários das convenções da 
OIT, dentre eles o Brasil, seguiram as regras 
das convenções como diretrizes para o 
desenvolvimento de instrumentos legais 
específicos às características do trabalho 
de cada país.
Por exemplo, no Brasil, durante as 
décadas de 1920, até 1950, grande parte 
dos dispositivos legais que versavam 
sobre o tema Trabalho, eram voltados aos 
trabalhos portuários, tendo em vista a ca-
racterística econômica brasileira da época 
(exportador de matérias-primas e do que 
hoje chamamos de commodities). A partir 
desta década, maior atenção foi dispen-
sada ao setor da siderurgia e da indústria 
de base.
O que se quer ilustrar é que as conven-
ções da OIT não foram suficientes ou mesmo 
absolutas no que tange à preservação da 
saúde e da integridade física dos trabalha-
dores. Inclusive, se analisarmos os principais 
argumentos para criação destas convenções, 
verificaremos que, muito além da questão da 
proteção, tais convenções foram publicadas 
no sentido de aquietar os ânimos de uma so-
ciedade em crise.
Segundo Alvarenga apud. Costa (2011), 
os principais argumentos para a criação das 
convenções da OIT sobre Saúde e Segurança 
do Trabalho são:
•	 A presença de condições difíceis, 
injustas e degradantes para muitos 
trabalhadores exercerem sua função 
(argumento humanístico).
•	 O risco de conflitos sociais que 
pudessem ameaçar a paz (argumento 
político).
•	 O fato de que países que não 
adotassem condições humanas de 
trabalho seriam um obstáculo para 
a obtenção de melhores condições 
em outros países que adotassem 
tais condições (argumento 
econômico).
Pós-Graduação | Unicesumar
31
Perceba que somente um dos argumen-
tos, de fato, apresenta-se como legítimo do 
ponto de vista da proteção ao trabalhador. Os 
dois últimos são mais voltados aos próprios 
interesses da elite da época, afinal, não seguir 
estes princípios acarretaria perdas econômi-
cas significativas, além de ampliar o risco de 
uma inversão, ou mesmo, do compartilha-
mento de poder, algo inaceitável para quem 
se encontra em uma posição privilegiada em 
nossa sociedade moderna.
Esta é a dura realidade, caro aluno. Mesmo 
nos modernos dispositivos legais que versam 
sobre a preservação da saúde e da integrida-
de física dos trabalhadores, existe o jogo de 
interesses das classes dominantes. O verda-
deiro pano de fundo desta questão está no 
equilíbrio econômico e de forças políticas 
destas classes, ficando o aspecto humanís-
tico como “máscara” deste processo.
Não quero convencê-lo sobre este 
ponto de vista, aliás, sinta-se a vontade para 
questioná-lo. As atuais diretrizes e normas 
sobre Segurança do Trabalho são bastan-
te eficientes e possuem valores humanistas 
suficientemente inseridos. No caso particular 
do Brasil, por exemplo, a sociedade organi-
zada participa da criação destas normas, da 
mesma forma que tem poder, por exemplo, 
para sugerir leis ou mesmo, destituir do poder 
seus representantes. Entretanto, pense bem: 
Você alguma vez foi chamado para partici-
par destas discussões ou já conheceu alguém 
que tenha sido convidado? 
Provavelmente esta pergunta terá res-
posta negativa de sua parte. Ficaria feliz caso 
você respondesse “sim”, mas, por conhecer 
as formas populares de participação nas de-
cisões do Estado, fica difícil acreditar nesta 
hipótese e mais difícil ainda acreditar em 
instrumentos legais validados pelos benefi-
ciários, ou seja, legitimados.
Não sou radical em meu posicionamento 
e reconheço haver a participação popular nos 
processos decisórios, mas você há de convir 
que esta participação é limitada às decisões 
marginais. Em outras palavras, você não “bate o 
martelo” em uma questão de maior relevância. 
Isto acontece no que tange aos dispositivos 
legais sobre Saúde e Segurança do Trabalho.
Seguranca no Trabalho
32
conforme discutido, o Brasil é um dos países signatários das Convenções da OIT sobre Saúde Ocupacional e 
Segurança do Trabalho. A partir da década 
APLICAÇÃO DE PRINCÍPIOS 
E DIRETRIZES DE SEGURANÇA E SAÚDE NO 
TRABALHO NO BRASIL
de 1920 até os dias atuais, o Brasil possui 
como diretrizes norteadoras das práticas de 
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional 
as seguintes convenções (Quadro 1).
Pós-Graduação | Unicesumar
33
Quadro 1 – Convenções da Organização 
Internacional do Trabalho – OIT ratificadas e 
aplicadas no Brasil.
•	 Convenção	nº	103	–	Amparo	à	maternidade.
•	 Convenção	nº	116	–	Proteções	a	radiações	ionizantes.
•	 Convenção	nº	127	–	Peso	máximo	para	carga.
•	 Convenção	nº134	–	Prevenção	de	acidentes	de	trabalho	dos	
marítimos.
•	 Convenção	nº	136	–	Proteção	contra	os	riscos	de	intoxicação	
provocados	pelo	benzeno.
•	 Convenção	nº	139	–	Prevenção	e	controle	de	riscos	profis-
sionais	causados	por	substância	ou	agentes	cancerígenos.	
•	 Convenção	nº	148	–	Proteção	dos	trabalhadores	contra	os	
riscos	devidos	à	contaminação	do	ar,	ao	ruído	e	às	vibrações	
no	local	de	trabalho.
•	 Convenção	nº	152	–	Segurança	e	higiene	nos	trabalhos	
portuários.
•	 Convenção	nº	155	–	Segurança	e	saúde	dos	trabalhadores	e	
do	meio	ambiente	de	trabalho.
•	 Convenção	nº	159	-	Reabilitação	profissional	e	emprego	de	
pessoas	deficientes.
•	 Convenção	nº	161	–	Serviços	de	saúde	no	trabalho.
•	 Convenção	nº	162	–	Utilização	do	asbesto	com	segurança.
•	 Convenção	nº	163	–	Proteção	da	saúde	e	assistência	médica	
aos	trabalhadores	marítimos.
•	 Convenção	nº	167	–	Segurança	e	saúde	na	construção.
•	 Convenção	nº	170	–	Segurança	na	utilização	de	produtos	
químicos	no	trabalho.	e,
•	 Convenção	nº	182	–	Proibição	das	piores	formas	de	trabalho	
infantil	e	ação	imediata	à	sua	eliminação.	
Fonte: Elaboração do Autor (2014).
Ademais, dois importantes instrumen-
tos legais de destaque, que antecederam 
à Constituição Brasileira de 1988, foram o 
Decreto-Lei 5.452/1943 (BRASIL, 1943)11 
11 BRASIL, lei n. 5.452 de 1° de Maio de 1943. aprova a consolidação das 
leis do trabalho. Brasília, 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em 11. Mai. 2012.
e a Lei 6.514/1977 (BRASIL, 1977)12. 
Respectivamente tratam da Consolidação 
das Leis Trabalhistas – CLT e da Lei que 
altera o Capítulo V da CLT, aprimorando os 
princípios e diretrizes sobre Segurança do 
Trabalho.
Ambas as legislações apresentaram-se 
como avanços, logicamente, considerando 
o pano de fundo discutido no item anterior. 
Contudo, não há como negar que estas duas 
legislações, em especial, auxiliaram na con-
solidação dos atuais dispositivos legais de 
preservação da saúde e da integridade física 
dos trabalhadores.
Para se ter uma ideia, a Lei 6.514/77 
trata ainda da gestão participativa sobre 
Segurança do Trabalho, algo apenas sus-
citado nas convenções da OIT. Em seu 
texto, esta lei traz as obrigações de cada 
ator envolvido neste sistema de garantia da 
Segurança e Saúde do Trabalhador, não tão 
bem definido como a atual NR-5, que define 
a função e o papel da Comissão Interna de 
Prevenção de Acidentes – CIPA, mas sufi-
ciente enquanto iniciativa.
Ainda, esta lei (6.514/77) traz os primór-
dios das atuais Normas Regulamentadoras 
de Saúde e Segurança do Trabalho – NR´s 
(ABNT apud. ATLAS, 2012), conforme ilustra-
do no Quadro 2.
Quadro 2 – Comparação entre os dispositivos 
12 BRASIL, lei n. 6.514 de 22 de Setembro de 1977. altera o capítulo V do 
titulo ii da consolidação das leis do trabalho, relativo a segurança e me-
dicina do trabalho e dá outras providências.. Brasília, 1977. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 11. Mai. 2012.
Seguranca no Trabalho
34
da Lei Federal 6.514/77 e as atuais Normas Regulamentadoras – NR´s (ABNT apud. ATLAS, 2012).
Dispositivo Da Lei 6.514/77 NR equivaLeNte
SEÇÃO	III	-	Dos	Órgãos	de	Segurança	e	de	Medicina	do	Trabalho	nas	
Empresas.
NR	4	-	Serviços	especializados	em	Engenharia	de	Segurança	e	em	
Medicina	do	Trabalho.
SEÇÃO	IV	-	Do	Equipamento	de	Proteção	Individual. NR	6	–	Equipamento	de	Proteção	Individual	–	EPI.
SEÇÃO	V	-	Das	Medidas	Preventivas	de	Medicina	do	Trabalho. NR	7	–	Programa	de	Controle	Médico	de	Saúde	Ocupacional	–	PCMSO.
SEÇÃO	XIII	-	Das	Atividades	Insalubres	ou	Perigosas. NR	15	–	Atividades	e	Operações	Insalubres	e	NR	16	–	Atividades	e	
Operações	Perigosas.
Demais	seções. Equivalente	ao	desenvolvimento	das	demais	NR´s.
Fonte: Elaboração do Autor (2014).
Por fim, um dos últimos aspectos históricos que merecem destaque 
é a elevação dos princípios de Segurança e Saúde no Trabalho à di-
reitos universais do cidadão brasileiro, garantido por meio do Artigo 
7° da Constituição Cidadã de 1988 (BRASIL, 1988)13:
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social:
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas 
de saúde, higiene e segurança.
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalu-
bres ou perigosas, na forma da lei.
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, 
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer 
em dolo ou culpa.”
13 BRASIL, constituição da república Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em 11. Mai. 2012.
Pós-Graduação | Unicesumar
35
Posto isto, pode-se afirmar que a lógica his-
tórica da Segurança do Trabalho no Brasil 
ocorreu de maneira semelhante aos países 
europeus, embora o estado de crise social 
não tenha sido provocado primordialmente 
pelas condições indevidas de trabalho. 
A questão da segurança do trabalho foi 
tema secundário às reivindicações trabalhistas 
brasileiras, muito mais pautadas na questão do 
aumento salarial e na luta pelos direitos po-
líticos, especialmente na época da Ditadura 
Militar. Isto se justifica pelo desenvolvimento 
tardio das relações trabalhistas, em compara-
ção com os países europeus, que as instituíram 
com pelo menos 250 anos de antecedência, 
sem quaisquer princípios de segurança do tra-
balho que fossem relevantes.
Para melhorar o entendimento, podemos 
dizer que o Brasil “pegou o bonde andando” 
no que tange ao desenvolvimento de uma 
cultura preservacionista da força de trabalho, 
o que explica, em grande parte, a inexistência 
de crises sociais de grande porte relaciona-
das à questão da Segurança do Trabalho.
Quando falamos a respeito das Normas Re-
gulamentadoras, um dos principais questio-
namentos relaciona-se à sua aplicabilida-
de. Para aqueles que consideram a cultura 
preservacionista, todos os indivíduos que 
exercem atividade laboral, independente 
de seu vínculo devem ser protegidos pelas 
NR’s. E esse foi o entendimento dado pela 
Defensoria Pública do Estado de São Paulo 
em um litígio ocorrido entre funcionários e 
a Prefeitura do interior desse Estado.
A prefeitura alegou à época (2012), que não 
oferecia Equipamentos de Proteção Indi-
vidual (EPI´s) aos funcionários do setor de 
limpeza, levando em consideração que se 
tratava de funcionários estatutários e não 
celetistas. De fato, os dispositivos legais re-
lacionam a obrigatoriedade na adoção das 
NR´s apenas aos celetistas. 
Todavia, os riscos não escolhem vínculos 
empregatícios e segundo a juíza que par-
ticipou do caso, a Prefeitura deveria arcar 
com a responsabilidade do fornecimento 
dos EPI´s e ainda, arcar com indenizações 
relacionadas aos acidentes ocorridos pelo 
não obedecimento das NR´s. Tratou-se de 
um caso onde a saúde e segurança dos tra-
balhadores tiveram mais evidência que os 
princípios legais.
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em 
fatos reais.
Seguranca no Trabalho
36
Prezado aluno, chegamos ao final da primeira 
unidade deste material e, com isto, finaliza-
mos a contextualização sobre Segurança do 
Trabalho.
Nesta unidade, abordamos didatica-
mente o conceito sobre trabalho e quais os 
seus principais contextos, ilustrando desde 
os mais perceptíveis (contexto econômico) 
até os mais ocultos (contexto religioso). Você 
percebeu como a contextualização do traba-
lho apresenta-se rica de significados e como 
ela pode ampliar nossos horizontes acerca do 
entendimento sobre Segurançado Trabalho 
e Saúde Ocupacional?
A partir dos conhecimentos adqui-
ridos sobre o Trabalho e seus contextos, 
desenvolvemos uma visão histórica sobre 
o desenvolvimento dos princípios de 
Segurança do Trabalho a partir dos estados 
de crise social.
Novamente reforço que a Segurança 
do Trabalho em si não se originou a partir 
do século XIX, afinal, como visto, existem 
relatos da aplicação de princípios de se-
gurança no trabalho que datam da época 
da Grécia Antiga. Entretanto, tais princípios 
foram desenvolvidos com maior destaque 
e impacto a partir da Revolução Industrial.
Compreendemos ainda quais foram as 
respostas dos Estados àquela situação de 
crise, por meio da análise, principalmente, 
das Convenções sobre Saúde Ocupacional 
e Segurança do Trabalho da Organização 
Internacional do Trabalho – OIT. Revelamos 
e problematizamos o pano de fundo destas 
decisões e chegamos ao consenso de que, 
embora exista o aspecto humanista, o desen-
volvimento destas soluções para situações 
de crise ponderam, com maior peso, os as-
pectos econômicos e políticos.
Por fim, analisamos o desenvolvimen-
to de tais princípios no Brasil e chegamos 
a conclusão que o desenvolvimento dos 
mesmos ocorreu em clima de maior calmaria 
se comparado ao histórico europeu e norte 
americano.
Com estas informações, estamos aptos a 
avançar ao entendimento sobre Segurança 
do Trabalho e Saúde Ocupacional, para pos-
teriormente, inserir estes conhecimentos em 
sua área de atuação. No mais, desejo-lhe bons 
estudos e até a Unidade II!
Considerações Finais
Pós-Graduação | Unicesumar
37
1. Em 1919, a recém-criada Organização 
Internacional do Trabalho inicia a 
elaboração das chamadas Convenções 
Trabalhistas, as quais podem ser 
consideradas como um dos primeiros 
dispositivos de Segurança do Trabalho 
implantados na história. Entretanto, 
analisando o contexto da criação destas 
convenções, pode-se afirmar:
a. ( ) O Brasil participou 
ativamente da criação destas 
convenções, sendo posterior 
signatário, principalmente das 
convenções ligadas aos setores 
econômicos mais pujantes da 
época, ou seja, o portuário/
marítimo e o agropecuário.
b. ( ) A criação das Convenções 
da OIT veio em resposta a 
um cenário de crise o qual 
ameaçava o estado de 
ordem social vigente. Entre 
outras coisas, o levante dos 
movimentos sindicais e das 
correntes socialistas/comunistas 
exigiram que fossem tomadas 
atitudes no sentido de atender 
as reivindicações trabalhistas da 
época. Assim sendo, a criação 
destas Convenções serviu para 
apaziguar os ânimos dos atores 
envolvidos.
c. ( ) Em suma, a OIT constituiu-
se como uma agência de 
fiscalização das condições de 
trabalho nos países signatários 
de sua criação e de suas 
convenções. De acordo com 
os relatos históricos, já no 
início do século XX, a OIT foi 
responsável pela elaboração 
de normas e diretrizes de 
segurança do trabalho, sendo 
que muitas delas perduram até 
os dias atuais.
d. ( ) A Organização Internacional 
do Trabalho foi criada em 1919 
por meio do capítulo XIII do 
Tratado de Verona.
e. ( ) Todas as alternativas estão 
corretas. 
Atividade de Autoestudo
Seguranca no Trabalho
38
2. Historicamente, o desenvolvimento 
dos princípios da segurança do 
trabalho apresentou-se entremeado ao 
desenvolvimento tecnológico advindo 
da Revolução Industrial. Considerando o 
quadro socioeconômico da época e as 
discussões acerca do assunto, realizadas 
em aula, assinale a alternativa correta.
a. ( ) Os princípios de 
segurança do trabalho 
foram desenvolvidos 
paralelamente ao surgimento 
das tecnologias, como 
máquinas e equipamentos. 
Por consequência, o índice 
de acidentes de trabalho não 
teve aumento significativo 
se comparado aos índices do 
século XVIII, período anterior à 
Revolução Industrial. 
b. ( ) O desenvolvimento 
tecnológico de que trata 
o enunciado teve bases 
puramente tecnicistas, em 
defesa do aumento de 
produtividade. Os princípios de 
segurança do trabalho foram 
desenvolvidos tardiamente, 
após a instalação de um 
estado de crise, derivado do 
elevado número de acidentes 
de trabalho. Somaram-se 
a este estado de crise, as 
instabilidades sociais derivadas 
das condições insalubres e 
perigosas de trabalho.
c. ( ) No Brasil, já em 1919, foram 
desenvolvidos mecanismos 
de segurança do trabalho, 
ratificados posteriormente pela 
Organização Internacional do 
Trabalho – OIT.
d. ( ) Os conhecimentos 
sobre segurança do trabalho 
são anteriores à época da 
Revolução Industrial, sendo 
que os primeiros relatos sobre 
estratégias prevencionistas, 
datam da Idade Antiga. Desta 
maneira, é injustificado dizer 
que existiram milhares de 
Pós-Graduação | Unicesumar
39
acidentes, tendo em vista que 
a Segurança do Trabalho, em 
termos de práticas e princípios, 
já se encontrava em sua 
plenitude.
e. ( ) Todas as alternativas 
anteriores estão incorretas.
3. A Segurança do Trabalho é uma 
espécie de ciência com várias matizes 
de análise. Costumeiramente, os 
pesquisadores da área estabelecem 
seu enfoque na análise das técnicas e 
procedimentos de segurança. Contudo, 
em termos humanos, o enfoque sobre 
a significância e os contextos da prática 
laboral ainda carece de maiores análises. 
Sobre o contexto da prática laboral, 
assinale a alternativa correta.
a. ( ) O contexto bíblico da 
prática laboral abrange 
as práticas educacionais 
e demonstram-se como 
importante elemento lúdico de 
ensino sobre o trabalho.
b. ( ) Por meio do contexto 
técnico-científico, torna-
se possível explicar a 
comercialização dos 
excedentes de capacidade, 
qualidade e quantidade de 
trabalho.
c. ( ) Não é possível definir qual 
o contexto principal da prática 
laboral, uma vez que existe, 
em maior ou menor grau, 
a contribuição de todos os 
contextos para a formação 
conceitual sobre o trabalho.
d. ( ) Em termos de 
contextualização histórica do 
trabalho, é correto afirmar que 
houve um desenvolvimento 
tardio das tecnologias 
de produção, tais como 
máquinas e equipamentos, as 
quais vieram a ser produzidas 
na época da Revolução 
Inglesa.
e. ( ) Nenhuma das alternativas 
anteriores está correta.
Seguranca no Trabalho
40
Livro 
Obra: Convenções da OIT (BRASIL, 2002)15.
Sinopse: Sinopse (sic): “A importância da Organização Internacional do 
Trabalho no desencadear de temas estratégicos, garantindo o desen-
volvimento continuado das relações de trabalho no mundo, é ímpar. O 
Ministério do Trabalho e Emprego reconhece e ressalta essa importância 
e é com imenso orgulho que nos esforçamos para ampliar o conhecimen-
to público sobre as convenções da Organização relativas à Segurança e 
Saúde no Trabalho.
A Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT/Departamento de Segurança 
e Saúde no Trabalho – DSST espera com esta iniciativa prosseguir no seu 
foco permanente de atenção, que é a redução significativa dos aciden-
tes de trabalho, com consequente melhoria da qualidade de trabalho.”
Disponível em: <http://por tal .mte.gov.br/data/f i les/
FF8080812BCB2790012BD507F4816CAA/pub_cne_convencoes_oit.pdf >
Acesso em: 10. Ago. 2014.
15 BRASIL. Convenções da OIT. Ministério do Trabalho e Emprego – MTe, Secretaria Nacional de Inspeção do Trabalho 
– SIT. 1ª ed. Brasília: IMPRENSA OFICIAL, 2002, 62p.
Conheça o histórico da Segurança do Trabalho. Acesse:
História da Segurança do Trabalho - http://www.temseguranca.
com/2009/03/historia-da-seguranca-do-trabalho.html

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