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1 CÁLCULO IV UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO Campus Universitário do Araguaia Instituto de Ciências Exatas e da Terra Professor: Renato Ferreira da Cruz AULA 1 Integrais Iteradas Objetivo • Compreender a noção de integral iterada. Na disciplina de Cálculo II, estudamos dois problemas fundamentais: 1o) cálculo de área de uma figura plana. 2o) obtenção de uma primitiva para uma função contínua, ou seja, dada uma função contínua f : I Ñ R, encontrar uma função F tal que F 1pxq “ fpxq, @x P I, onde I é um intervalo de R. Um dos mais belos e úteis resultados que se aprende naquele curso é o Teorema Funda- mental do Cálculo, que relaciona esses dois problemas. A área da região plana R limitada pelo gráfico de uma função contínua e positiva f : ra, bs Ñ R, o eixo x e as duas retas verticais x “ a e x “ b é calculada do seguinte modo: • Primeiramente encontra-se uma primitiva F pxq de fpxq. • Em seguida, calcula-se a diferença F pbq ´ F paq. Em símbolos, escrevemos:ż b a fpxqdx “ F pbq ´ F paq “ áreapRq Com esta ferramenta em mãos obtemos várias aplicações importantes tais como: volumes de sólidos de revolução, centro massa, trabalho, etc. O objetivo deste curso agora, é generalizar estas idéias para funções de várias variáveis. Nesta aula apresentamos os conceitos de Integral Iterada (ou repetida) e nas Aula 2 e 3 estudaremos o conceito de integral dupla e as técnicas de integração em duas variáveis. De modo análogo ao caso de uma variável, veremos que as integrais duplas são úteis em várias situações, tais como: 1. cálculo da área de figuras planas mais gerais; 2. cálculo da área de uma superfície; 3. obtenção da massa de uma placa plana feita de um material que possui densidade variável; 4. cálculo do volume de uma região do espaço tri-dimensional limitada pelo gráfico de uma função positiva de duas variáveis, pelo plano xy e por planos verticais. Veremos que para efetuar o cálculo integral em várias variáveis é fundamental o domínio das técnicas de integração em uma variável. É recomendado, portanto, que seja feita uma breve revisão da integral em uma variável e também de geometria analítica. 2 1.1 Integrais Iteradas O procedimento utilizado para o cálculo da integral dupla é a integral iterada que, por ser conceitualmente mais simples, será o nosso ponto de partida. Antes, porém, recordaremos o conceito de soma de Riemann de uma função real: Sejam f uma função definida em ra, bs e P : a “ x0 ă x1 ă x2 ă ¨ ¨ ¨ ă xn “ b uma partição de ra, bs. Para cada índice j pj “ 1, 2, 3, . . . , nq consideremos cj um número escolhido de forma arbitrária no intervalo rxj´1, xjs. Chamamos de soma de Riemann de f relativa à partição P e aos números cj, o número dado por: nÿ j“1 fpcjq∆xj “ fpc1q∆x1 ` fpc2q∆x2 ` ¨ ¨ ¨ ` fpxnq∆xn Fazendo o número de pontos da partição crescer de maneira que a largura dos intervalos ∆xj tenda a zero, podemos determinar o limite dessa soma: lim max∆xjÑ0 nÿ j“1 fpcjq∆xj “ lim nÑ`8 rfpc1q∆x1 ` fpc2q∆x2 ` ¨ ¨ ¨ ` fpcnq∆cns Se esse limite existir, ele será denominado integral de Riemann ou integral definida da função f no intervalo ra, bs e o indicaremos por ż b a fpxqdx. Então, por definição, temos:ż b a fpxqdx “ lim nÑ`8 nÿ j“1 fpcjq∆xj. Este resultado será usado com frequência daqui por diante. Considere uma função contínua f : ra, bs ˆ rc, ds Ñ R. Para cada x P ra, bs fixo, definimos uma nova função g : rc, ds Ñ R de uma variável dada por gpyq “ fpx, yq. Como g é a restrição de f ao segmento vertical txuˆrc, ds, então g é contínua em rc, ds. Assim sendo, podemos calcular a integral definida: Apxq “ ż d c gpyqdy obtendo assim uma função contínua que depende apenas da váriavel x. Logo, existe a integral ż b a Apxqdx. Assim, ż b a Apxqdx “ ż b a „ż d c fpx, yqdy dx (1.1) A integral do lado direito da Equação (1.1) é chamada integral iterada. Em geral, omitiremos os colchetes e escreveremos:ż b a ż d c fpx, yqdydx “ ż b a „ż d c fpx, yqdy dx (1.2) Isso significa que integramos com relação a y e depois em relação a x. De modo análogo, temos a integral iterada:ż d c ż b a fpx, yqdxdy “ ż d c „ż b a fpx, yqdx dy (1.3) Neste caso, integramos primeiro em relação a x (fixando y) e em seguida integramos em relação a y. Note que em ambas as Equações (1.2) e (1.3), integramos de dentro para fora. 3 Exemplo 1 Calcule o valor das integrais iteradas: a) ż 3 0 ż 2 1 x2ydydx b) ż 2 1 ż 3 0 x2ydxdy Solução: a) Primeiro, calculamos a integral em relação a y. Logo, ż 3 0 ż 2 1 x2ydydx “ ż 3 0 x2 „ y2 2 2 1 “ 1 2 ż 3 0 x2r4´ 1sdx “ 1 2 ż 3 0 3x2dx “ 1 2 ” x3 ı3 0 “ 27 2 b) Primeiro, calculamos a integral em relação a x. Logo, ż 2 1 ż 3 0 x2ydxdy “ ż 2 1 y „ x3 3 3 0 “ 1 3 ż 2 1 yr27´ 0sdy “ 1 3 ż 2 1 27ydy “ 9 „ y2 2 2 1 “ 27 2 Observe que no Exemplo 1 obtemos a mesma resposta se integrarmos primeiro em relação a x ou a y. Em geral ocorre que as duas integrais iteradas das Equações (1.2) e (1.3) são sempre iguais, ou seja, a ordem de integração não é importante. Na Aula 2 veremos um resultado que nos dirá em que condições as integrais iteradas são sempre iguais. Esse resultado facilitará o cálculo das integrais duplas. 1.2 Interpretação Geométrica da Integral Iterada Suponhamos que a função f seja positiva no retângulo R “ ra, bsˆrc, ds. Então, de acordo com o que foi visto no Cálculo em Uma Variável, fixado x P ra, bs, a função Apxq é igual à área da região plana limitada pelo gráfico de g e o eixo horizontal entre as retas y “ c e y “ d, conforme a Figura 1.1. x y z x c d Figura 1.1 De modo análogo, fixado y P rc, ds, a função Bpxq é igual à área da região plana limitada pelo gráfico de g e o eixo horizontal entre as retas x “ a e x “ b, conforme a Figura 1.2. 4 x y z y a b Figura 1.2 1.3 Integral iterada em regiões mais gerais Até agora calculamos a integral iterada em retângulos ra, bs ˆ rc, ds. Porém, procedendo da mesma forma como acima, podemos calcular a integral iterada em regiões mais gerais do plano. Por exemplo, se gpxq e hpxq são funções contínuas definidas num intervalo ra, bs tais que gpxq ă hpxq em pa, bq, podendo haver igualdade nas extremidades do intervalo, então faz sentido calcular a seguinte integral ż hpxq gpxq fpx, yqdy para obter Apxq uma função apenas da variável x. Em seguida, podemos calcular ż b a Apxqdx para obter um número. Este é o significado da integral iterada ż b a «ż hpxq gpxq fpx, yqdy ff dx “ ż b a ż hpxq gpxq fpx, yqdydx . Observe a ordem em que calculamos a integral. Vejamos alguns exemplos: Exemplo 2 Calcule o valor da integral iterada ż 1 0 ż x2 x3 xydydx. Solução: Primeiro, calculamos a integral em relação a y. Logo, ż 1 0 ż x2 x3 xydydx “ ż 1 0 x „ y2 2 x2 x3 dx “ 1 2 ż 1 0 xpx4 ´ x6qdx “ 1 2 ż 1 0 px5 ´ x7qdx “ “ 1 2 „ x6 6 ´ x8 8 1 0 “ 1 2 „ 1 6 ´ 1 8 “ 1 2 ¨ 1 24 “ 1 48
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