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1º Consenso de Cirurgia de Glaucoma Apoio Marcelo Palis Ventura Carlos Akira Omi Emílio Rintaro Suzuki Jr. Ivan Maynart Tavares Luiz Alberto Soares de Melo Jr. 1 Marcelo Palis Ventura Carlos Akira Omi Emílio Rintaro Suzuki Jr. Ivan Maynart Tavares Luiz Alberto Soares de Melo Junior. 1° CONSENSO DE CIRURGIA DE GLAUCOMA 2017 1ª EDIÇÃO São Paulo Maio/2017 Ipsis Gráfica e Editora 2 3 Índice Apresentação .................................................................................................4 Prefácio ..........................................................................................................5 Agradecimentos..............................................................................................6 Participantes...................................................................................................7 Gestão SBG e Comissão Organizadora ..........................................................19 Sobre o Consenso: Metodologia e Organização ...........................................20 Cap. 1 – Iridotomia/Iridectomia a Laser.........................................................22 Cap. 2 – Trabeculoplastia a Laser ..................................................................28 Cap. 3 – Trabeculectomia.............................................................................. 37 Cap. 4 – Cirurgias Não Penetrantes ...............................................................48 Cap. 5 – Implantes de Drenagem ...................................................................55 Cap. 6 – Trabeculotomia e Goniotomia..........................................................65 Cap. 7 – Cirurgias para Glaucoma Minimamente Invasivas (MIGS) ...............77 Cap. 8 – Extração de Cristalino e Glaucoma ...................................................85 Cap. 9 – Cirurgia combinada: Catarata e Glaucoma....................................... 95 Cap. 10 – Procedimentos Ciclodestrutivos.....................................................105 Cap. 11 – Cicatrização Conjuntival e Reoperações.........................................113 Conclusão.......................................................................................................123 4 Apresentação Em linha com o compromisso de promover a divulgação e ampliação do conhecimento e aprimoramento técnico/científico na área da oftalmologia brasileira, com enfoque em doença glaucomatosa, a Sociedade Brasileira de Glaucoma realizou, em 8 de abril de 2017 1º Consenso de Cirurgia de Glaucoma Para a execução de tão grandioso evento, foram despendidas horas de dedicação, estudo, preparo e intensas discussões nos temas apresentados por todos os participantes. Materiais bibliográficos somados à vasta experiência do grupo permitiram um evento dinâmico e produtivo, que retorna à sociedade com a divulgação deste rico conteúdo aqui presente. Ressalva-se já, neste ponto, que o material aqui exposto não estabelece norma de conduta obrigatória, e sim um compêndio de opiniões, experiências e orientações discutidas pelo grupo de participantes em tal evento, de forma que não se deve, sob nenhuma circunstância, utilizar-se deste como julgamento de condutas médicas diversas no âmbito do manejo cirúrgico de glaucoma. 5 Prefácio A Sociedade Brasileira de Glaucoma teve o privilégio de conduzir, mais uma vez, um grande projeto educacional no Brasil – o 1º Consenso de Cirurgia de Glaucoma. Os mais ilustres professores, especialistas, pesquisadores e renomados cirurgiões de glaucoma brasileiros participaram com afinco e dedicação de um processo minucioso, porém com objetivos claros de mostrar a atual tendência brasileira no tratamento cirúrgico de glaucoma. Este trabalho em plataforma inédita de acolhimento das informações e discussões, totalmente via internet, mostrou ser possível simplificar um tema tão obtuso e difícil em um único encontro presencial. Alguns ajustes mais polêmicos foram abertos à discussão quando necessário, na tentativa de exaurir quaisquer dúvidas sobre determinado tema antes da votação final. O objetivo de toda esta logística, a despeito de muitas votações repetitivas, era tornar o mais objetivo possível algumas posições cirúrgicas atualmente controversas. Este Consenso expressa o que a maioria dos participantes, ao longo de suas experiências e atualizações científicas, apontam como pontos consensuais no momento. Certamente, os próximos consensos serão diferentes, com pontos consensuais diferentes, pois inovações aparecerão, próprio do dinamismo da medicina. Esperamos que este belo trabalho sirva como um apoio a mais para nossa incansável tarefa de combater a cegueira por glaucoma. “Uma mudança deixa sempre patamares para uma nova mudança. ” N. Maquiavel Editores 6 Agradecimentos Terminado este nosso 1º Consenso de Cirurgia de Glaucoma gostaria de agradecer em nome da Sociedade Brasileira de Glaucoma a todos os participantes que ao longo de várias semanas se dedicaram a estudar e discutir este tema tão fascinante que é a cirurgia de glaucoma. Este esforço gerou um rico conjunto de informações que será difundido aos colegas oftalmologistas do Brasil favorecendo o tratamento cirúrgico adequado de glaucoma. Este Consenso teve o apoio incondicional da Glaukos que procurou, de modo ético e competente, proporcionar as condições ideais para o desenvolvimento deste projeto. Agradeço de modo especial aos colegas Carlos Akira Omi, Emilio Rintaro Suzuki Jr., Ivan Maynart Tavares e Luiz Alberto Soares de Melo Jr., editores do Consenso, que não mediram esforços para que chegássemos a um resultado tão satisfatório, rico em conhecimento e informações relevantes. Por último, mas não menos importante agradeço a Sra. Bete Fruchi, secretária da SBG que, não só neste Consenso, mas também ao longo dos anos, tem se dedicado à nossa Sociedade com esmero e competência. Espero que todos apreciem este novo trabalho da SBG. Abraços, Marcelo Palis Ventura Presidente Sociedade Brasileira de Glaucoma 7 Participantes Alberto Diniz Filho Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pós-Doutorado em Glaucoma pela Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD), Estados Unidos. Médico do Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo. Alberto Jorge Betinjane Professor-Associado e Livre-Docente da USP Alexandre Soares Castro Reis Assistente do Setor de Glaucoma, UNICAMP Doutor em Ciências Médicas pela USP Ana Carolina Pasquini Raiza Doutora em Medicina pela Universidade Estadual Paulista, especializada em oftalmologia pela Universidade de São Paulo (USP) Especialista pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia Médica colaboradora do serviço de residência médica do Hospital das Clínicas. Ana Claudia Alves Pereira Mestre e Doutor em Oftalmologia pela UNIFESP. Professor Adjunto da UEMS e UFMS- Campo Grande/ MS. Chefe do Setor de Glaucoma do Hospital de Olhos MS. André Luiz de Freitas Especialista em glaucoma pela UNIFESP. Diretor do serviço de Oftalmologia do Hospital do Servidor Público Estadual – HSPE. Médico-colaborador do setor de glaucoma da UNIFESP. 8 Andrea Kara José Cotait Senra Doutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo(UNIFESP) Colaboradora do setor de Glaucoma da UNIFESP Fellowship em Glaucoma e Córnea pela UNIFESP e pela Northwestern University - Chicago, EUA Augusto Paranhos Jr. Professor Adjunto Livre Docente da Escola Paulista de Medicina Bruno Pimentel de Figueiredo Doutor em Oftalmologia pela UFMG Médico assistente do serviço de Glaucoma e Catarata da Santa Casa de Belo Horizonte Camila Fonseca Netto Chefe do Setor de Glaucoma Infantil - Unifesp/EPM Pos-Doctoral Fellowship New York Eye and Ear Infirmary- NYC/ USA Doutoranda em Oftalmologia Unifesp-EPM Carlos Akira Omi Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma na Gestão 2007-2009, Mestre e Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM) Carlos Rubens Lucas de Figueiredo Professor colaborador curso de pós-graduação da Santa Casa de Belo Horizonte. Pos graduação em Glaucoma na Universidade de Londres Carmo Mandia Jr Professor Doutor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo 9 Christiana Rebello Hilgert Mestre em Ciências pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina Preceptora do Serviço de Residência Médica da Santa Casa de Campo Grande - MS Chefe do Departamento de Glaucoma do Instituto da Visão de MS Christiane Rolim de Moura Professora Afiliada do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da UNIFESP Doutora em Ciências, Mestre em Oftalmologia Clarice Freire Dayrell de Souza Associada ao Departamento de Glaucoma do Centro Oftalmológico de Minas Gerais Professora de Oftalmologia da PUC MINAS Mentora do curso de Especialização Médica do Centro Oftalmológico de Minas Gerais Claudia Galvão Brochado Silva Especialista em Glaucoma pela Unifesp EPM Especialista em Ultrassonografia pela Unifesp EPM Vice-presidente da Associação Baiana de Medicina. Cristiano Caixeta Umbelino Prof Assistente do Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo Mestre em Medicina pelo Departamento de Medicina Molecular da Santa Casa de São Paulo Emilio Rintaro Suzuki Jr. Professor Oftalmologia PUC -MG Associado do departamento de Glaucoma do Centro Oftalmológico de Minas Gerais Associado do departamento de glaucoma da Oftalmoclínica Curitiba 10 Fabio Nishimura Kanadani Chefe da Oftalmologia do Instituto de Olhos Ciências Médicas Professor Titular da Oftalmologia da Faculdade Ciências Médicas de Belo Horizonte Doutor pela UNIFESP Felício Aristóteles da Silva Doutor em Medicina e Pós-doutorado em Glaucoma na Universidade Julius Maximiliam, Würzburg, Alemanha Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma Oftalmologista Associado do Centro de Oftalmologia Avançada (COA), Belo Horizonte, MG Francisco Eduardo Lopes de Lima Doutor em Medicina pela USP Professor Afiliado UFG Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma Geraldo Vicente de Almeida Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Colaborador do Setor de Glaucoma da UNIFESP/EPM Giovanni Nicola Umberto Italiano Colombini Mestre em Oftalmologia pela UFRJ Doutor em Oftalmologia pela UFMG Professor Associado 4 pela UNIRIO Responsável pela Disciplina de Oftalmologia da Escola de Medicina e Cirurgia da UNIRIO Heloisa Andrade Maestrini Doutorado em Oftalmologia pela UFMG Chefe do Serviço de Glaucoma do Hospital de Oftalmologia Oculares em Belo Horizonte. 11 Heloisa Helena Abil Russ Giacometti Mestre em Oftalmologia -Unicamp Doutorado em Oftalmologia -USP Pós-doutorado -UNIFESP Homero Gusmão de Almeida Professor Adjunto da Faculdade de Medicina da UFMG Chefe dos Departamentos de Glaucoma e de Catarata do Instituto de Olhos de Belo Horizonte Italo Mundialino Marcon Mestre e Doutor em Oftalmologia pela UNIFESP Livre Docente em Oftalmologia pela UFCSPA Supervisor da Residência Medica em Oftalmologia da UFCSPA Ivan Maynart Tavares Professor Adjunto de Oftalmologia da EPM/UNIFESP. Doutorado e Pós- Doutorado em Cirurgia Oftalmológica pela EPM/UNIFESP. Pós- Doutorado, Clinical-Research Fellowship e Visiting Professorship em Glaucoma pela University of California, San Diego (EUA). Jair Giampani Jr. Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP- SP) Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Chefe do Serviço de Oftalmologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) José Garone Gonçalves Lopes Filho Doutorado em Medicina pela USP e Médico Assistente do Hosp do Servidor Público Estadual de São Paulo José Paulo Cabral de Vasconcellos Professor Doutor MS3 pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP 12 Juscelino Kubstichek de Oliveira Mestre Doutor pela Universidade Autônoma De Barcelona CBV - Centro Brasileiro Da Visão - Brasília DF Leopoldo Magacho dos Santos Silva Doutor em Ciências Médicas (Oftalmologia) pela UNICAMP Chefe do Setor de Glaucoma do Centro de Referência em Oftalmologia da Universidade Federal de Goiás (CEROF-UFG) Professor Afiliado e da Pós-Graduação da UFG Lineu Oto Shiroma Médico setor de glaucoma do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem. Fellow de glaucoma University of Florida - EUA Fellow de glaucoma Unicamp - SP. Lisandro Massanori Sakata Chefe Servico de Glaucoma HC-UFPR Doutor em Ciências HC-FMUSP Especialização em Glaucoma - HC-FMUSP, University Alabama at Birmingham, Singapore Eye Research Institute. Luiz Alberto Soares de Melo Jr. Doutor em Ciências pela Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Chefe do Setor de Glaucoma do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Marcelo Hatanaka Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP Chefe do Serviço de Glaucoma da Clínica Oftalmológica do Hospital das Clínicas da FMUSP Marcelo Jordão Lopes da Silva Doutor em Ciências Médicas UNICAMP Doutor em Ciências Medicas FMRP - USP MBA em Gestão da Saúde INEPAD - USP 13 Marcelo Mendonça do Nascimento Especialista em Glaucoma e Catarata pela UNIFESP e HARVARD MEDICAL SCHOOL. Fundador e Presidente da CLINICA GLAUKOS São José do Rio Preto - São Paulo. Marcelo Palis Ventura Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense Pós-Doutor pela McGill University, Montreal, Canadá Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma Mauricio Della Paolera Mestre e Doutor. Professor assistente do Departamento de Oftalmologia Da Santa Casa de São Paulo Nikias Alves da Silva Doutor em Ciências Aplicadas à Cirurgia e à Oftalmologia pela UFMG Chefe do Departamento de Glaucoma do Hospital Evangélico de BH Membro do corpo clínico do Centro de Oftalmologia Avançada (COA) Niro Kasahara Médico chefe do setor de glaucoma da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Núbia Vanessa dos Anjos Lima Henrique de Faria Doutora em Oftalmologia pela UFMG Supervisora da Residência Oftalmologia HUB-CVB Professora voluntária da FM- UnB 14 Paulo Afonso Batista dos Santos Doutor pela USP - Ribeirão Preto Professor Associado IV da Fameb - UFBa Chefe do setor de Glaucoma do C-HUPES - UFBa. Paulo Augusto de Arruda Mello Professor Titular de Oftalmologia da UNIFESP - EPM Ex-presidente da Sociedade Brasileira, da Sociedade PanAmericana e da Sociedade Latino Americana de Glaucoma Presidente do Conselho Brasileiro do Oftalmologia na gestão 2009 / 2011 Paulo Eduardo Casarin Comegno Ex Fellow Mass Eye and Ear Infirmary Diretor da Clínica de Olhos Jund Eye, Jundiaí/SP Ralph Cohen Professor Adjunto FCM Santa Casa de SP Doutor em Oftalmologia EPM - UNIFESP Regina Cele Silveira Médica voluntaria do setor de Glaucoma da UNIFESP Sócia diretora do HCLOE MBA em administração oftalmológica pela UNIFESP Remo Susanna Jr Professor titular FMUSP Ex presidente sociedade Mundial de Glaucoma Renato Klingelfus Pinheiro Doutor em Ciências Medicas pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Especialista em glaucoma pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Medico voluntário do setor de Óptica Cirúrgica da UNIFESP 15 Ricardo Augusto Paletta Guedes Doutor em Saúde (Universidade Federal de Juiz de Fora) Mestre em Saúde Pública (Universidade Federal de Juiz de Fora) Especialista em Glaucoma (Universidade de Paris) Ricardo Suzuki Formação, residência e doutorado pela Faculdade de Medicina da USP Fellowship em glaucoma no Glaucoma Research and Education Group, San Francisco - California - EUA Membro do grupo de glaucoma do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, Joinville SC Roberto Lauande Pimentel Doutor em Oftalmologia - USP Especialista em Glaucoma Unicamp/Moorfields Eye Hospital, UK Roberto Murad Vessani Chefe de Ambulatório do Setor de Glaucoma/ Departamento de Oftalmologia da EPM-UNIFESP Pós- Doutorando no Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina/UNIFESP Doutor em Ciências pelo Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da USP Roberto Pedrosa Galvão Filho Doutor em Medicina pela FMUSP Chefe do Setor de Glaucoma do Instituto de Olhos do Recife (IOR) Coordenador da Residência Médica do IOR Rodrigo Antônio Brant Fernandes Médico colaborador voluntário departamento de oftalmologia e ciências visuais -UNIFESP EPM Diretor setores de glaucoma e retina - Ophthal hospital especializado 16 Rogério João de Almeida Torres Chefe do serviço de glaucoma da residência médica do Hospital Angelina Caron; Mestrado em cirurgia pela Faculdade Evangélica do Paraná Rui Barroso Schimiti Médico Assistente Do Setor De Glaucoma Da Unicamp; Doutor Em Ciências Médicas Concentração Em Oftalmologia Unicamp Chefe Do Setor De Glaucoma Do Hoftalon (Hospital De Olhos De Londrina-PR) Ruiz Simonato Alonso Mestre pela Universidade Federal Fluminense (UFF-Niterói) Pós-Graduando Nível Doutorado, pela Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal Fluminense (UFF-Niterói) Professor Assistente da Universidade Federal Fluminense (UFF-Niterói Sebastião Cronenberger Sobrinho Professor Titular de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da UFMG Sergio Henrique Teixeira Doutorado e especialista em glaucoma pela EPM - UNIFESP Membro do setor de glaucoma da escola paulista de medicina - UNIFESP Tiago dos Santos Prata Professor Afiliado e da Pós-Graduação | Depto de Oftalmologia | UNIFESP/EPM Doutorado e Pós-Doutorado em Oftalmologia pela UNIFESP/EPM Professor Orientador do Setor de Glaucoma | Hospital Oftalmológico de Sorocaba | BOS 17 Vanessa Maria Paletta Guedes Chefe do Serviço de Oftalmologia da Santa Casa de Juiz de Fora; Especialista em Glaucoma pela Universidade de Paris; Diretora clínica do Instituto de Olhos Paletta Guedes Vital Paulino Costa Professor Associado da Faculdade de Medicina da UNICAMP Chefe do Setor de Glaucoma da UNICAMP Professor Livre-Docente pela USP Wagner Duarte Batista Coordenador Médico da Clínica Oftalmológica da Santa Casa De BH. Chefe do Setor de Glaucoma E Catarata da Santa Casa De BH. Walter Gomes Amorin Mestre Oftalmologia e Doutor em Medicina UNIFESP Wilma Lelis Barboza Doutorado em Medicina (oftalmologia) pela FMUSP Coordenadora da Residência Médica da Universidade de Taubaté 18 19 Gestão SBG Biênio 2015 - 2017 Diretoria Executiva Presidente Marcelo Palis Ventura (Rio de Janeiro, RJ) Vice-Presidente Wilma Lelis Barboza (Taubaté, SP) Secretário Geral Emilio Rintaro Suzuki Jr (Belo Horizonte, MG) Secretário Adjunto Ruiz Simonato Alonso (Rio de Janeiro, RJ) Tesoureiro Tiago dos Santos Prata (São Paulo, SP) Tesoureiro Adjunto Rodrigo Brazuna (Rio de Janeiro, RJ) Comissão Especial para o 1º Consenso de Cirurgia de Glaucoma Carlos Akira Omi (São Paulo, SP) Emílio Rintaro Suzuki Jr. (Belo Horizonte, MG) Ivan Maynart Tavares (São Paulo, SP) Luis Alberto Soares de Melo Jr. (São Paulo, SP) Marcelo Palis Ventura (Rio de Janeiro, RJ) 20 Sobre o Consenso: Métodos e Organização Os participantes Foram convidados para participação deste Consenso os 75 nomes da oftalmologia brasileira focada em glaucoma, membros da sociedade organizadora, oriundos das mais diversas regiões do Brasil. Destes, pudemos ter a confirmação de participação de 69. Os participantes, além de 5 editores, foram distribuídos em 11 grupos temáticos pré-estabelecidos. Os temas e as questões Para cada grupo, foram selecionados 2 coordenadores que tinham como função elaborar um texto referência para o tema designado e aproximadamente 10 afirmações para discussão. Tais afirmações foram disponibilizadas em um portal interativo online que permitisse o debate dos demais participantes do grupo. Após 15 dias de discussões virtuais, o fórum fora interrompido e os coordenadores selecionaram de 5 a 8 questões por tema para votação durante evento presencial, sendo àquelas de maior polêmica seriam colocadas em discussão aberta. O evento O Consenso, realizado na cidade de São Paulo (SP) em 08 de abril de 2017, contou com a participação de 69 participantes e fora mediado pelo presidente Marcelo Palis Ventura de acordo com a seguinte estrutura: Parte I: Votação interativa das afirmações menos polêmicas. Parte II: Discussão aberta das questões mais polêmicas seguida de votação. 21 A votação permitia que o participante concordasse ou discordasse da afirmação apresentada com base em suas experiências pessoais práticas e/ou acadêmicas. Aquelas postas em discussão permitiam ajustes na frase exposta para que melhor se adequasse em termos de sintaxe, conteúdo e profundidade abrangida. A votação e os resultados O objetivo da votação, como exposto anteriormente, era refletir a opinião de especialistas brasileiros de renome no âmbito de glaucoma e nunca de estabelecer uma norma rígida de atuação. Tendo isso em vista, optou-se por não apresentar os resultados da votação limitados por um valor fixo percentual que determinasse “consenso”, e sim apresentar os valores percentuais tais como obtidos durante a votação interativa. Abstenção Foi permitido a abstenção da votação para quando o participante preferisse não manifestar sua opinião frente a uma afirmação, seja por não familiaridade com tema ou por não ter uma opinião formada. Contudo, aquelas que o percentual de abstenções se mostrou superior a 20% do quórum foram abertas para votação novamente no intuito de garantir que a ausência de respostas se dava por livre opção dos participantes e não por descuido ou desatenção no momento da votação. Seainda assim a taxa de abstenção se mantivesse elevada, assumiu- se o resultado como real expressão do grupo e seguia a diante com a próxima questão. Dr. Marcelo Palis Ventura e Dr. Emilio R. Suzuki Jr. 22 Capítulo 1 IRIDOTOMIA/IRIDECTOMIA A LASER E IRIDOPLASTIA A LASER Coordenadores: Maurício Della Paolera e Niro Kasahara Auxiliares: Wilma Lellis Barboza, Renato Klingelfus Pinheiro, Alberto Diniz Filho e Ruiz Simonato Alonso Introdução Iridotomia/Iridectomia a laser A iridotomia/iridectomia a laser consiste na criação de pertuito que comunica a câmara anterior com a câmara posterior e objetiva igualar a diferença de pressão entre as duas câmaras aliviando o bloqueio pupilar relativo. A técnica consiste na aplicação do Nd:YAG laser com 4 a 6 mJ de energia, um a três pulsos em cripta na região superior da íris (preferencialmente entre 10 e 12 h). A aplicação é feita com auxílio da lente de Abraham. A instilação de pilocarpina 1% estica a íris e facilita a penetração do laser; a brimonidina 0,2% (uma gota antes ou após o laser) previne o pico de pressão após o procedimento. Os anti-inflamatórios tópicos devem ser prescritos por 7 a 10 dias. As principais indicações são: Profilaxia de glaucoma agudo (fechamento angular agudo) em pacientes com ângulo oclusível;1 Imediatamente após a resolução clínica de uma crise de glaucoma agudo;2 Nos casos de glaucoma primário de ângulo fechado crônico, a Iridotomia/Iridectomia a laser é realizada para eliminar o bloqueio pupilar relativo e a formação de goniossinéquias;2 Nos pacientes com síndrome de dispersão pigmentar e glaucoma pigmentar para eliminar o bloqueio pupilar reverso.3 23 Evidências quanto à eficácia da iridotomia/iridectomia a laser na prevenção de glaucoma de ângulo fechado são poucas. Aung et al observaram que 58% dos olhos que foram submetidos a iridotomia/iridectomia a laser após a crise de glaucoma agudo apresentaram elevação da pressão intraocular em longo prazo.4 Similarmente, evidências quanto à eficácia da iridotomia/iridectomia a laser a laser no glaucoma pigmentar e na síndrome de dispersão pigmentar são insuficientes. Michelessi e Lindsley analisaram cinco ensaios clínicos aleatórios (260 olhos de 195 pacientes) que compararam os efeitos da iridotomia/iridectomia a laser. Embora os efeitos adversos do procedimento sejam mínimos, os efeitos em longo prazo sobre a função visual ainda não são conhecidos.3 Iridoplastia a laser A iridoplastia ou gonioplastia é a técnica que objetiva reduzir o contato iridocorneal. A aplicação do laser provoca contração periférica da íris, aumentando a profundidade da câmara anterior. Uma gota de pilocarpina 2% e brimonidina 0,2% são instiladas antes do procedimento. O laser de argônio é aplicado com auxílio de lente de Abraham com mira de 500 µ e 0,5 a 0,7 s; a energia inicial é 250 mW e incrementada até se observar a contração do tecido. Seis aplicações são feitas em cada quadrante. Os anti-inflamatórios tópicos devem ser prescritos por 7 a 10 dias. A iridoplastia é indicada em: 1. Olhos de pacientes com síndrome da íris em plateau ou com íris em configuração de plateau (fechamento aposicional com iridotomia/iridectomia a laser);2 2. Como tratamento inicial de pacientes com glaucoma agudo (fechamento angular agudo);5 3. Outras condições mais raras como nanoftalmos e cisto de íris.² 24 Referências Bibliográficas 1. Schwartz LW, Moster MR, Spaeth GL, et al. Neodymium-YAG laser iridectomies in glaucoma associated with closed or occludable angles. Am J Ophthalmol 1986; 102: 41-4. 2. Sun X, Dai Y, Chen Y, et al. Primary angle closure glaucoma: What we know and what we don't know. Prog Retin Eye Res 2016 Dec 28. pii: S1350- 9462(16)30051-9. 3. Michelessi M, Lindsley K. Peripheral iridotomy for pigmentary glaucoma. Cochrane Database Syst Rev 2016. 4. Aung T, Ang LP, Chan SP, Chew PT. Acute primary angle-closure: longterm intraocular pressure outcome in Asian eyes. Am J Ophthalmol 2001;131:7-12. 5. Lam DS, Lai JS, Tham CC, et al. Immediate argon laser peripheral iridoplasty as treatment for acute attack of primary angle-closure glaucoma: a preliminary study. Ophthalmol 1998; 105: 2231-6. Imagem cedida por Dr. Carlos Akira Omi Iridotomia/Iridectomia com YAG laser 25 5% 95% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 1. A conduta inicial no tratamento de uma crise de fechamento angular primário agudo deve ser a instituição de tratamento clínico clássico e iridotomia/iridectomia periférica a laser assim que possível. 17% 83% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2. A iridotomia/iridectomia periférica a laser está recomendada em casos que apresentem ângulo oclusível, mesmo que o paciente não tenha apresentado fechamento angular agudo. 28% 72% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 3. A iridotomia/iridectomia periférica a laser é recomendada como o procedimento primário em olhos com glaucoma primário de ângulo fechado. 26 30% 70% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 4. Iridoplastia a laser pode ser eficaz nas crises de fechamento angular primário agudo e deve ser considerada se o episódio não for revertido por outros meios. 8% 92% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 5. A iridotomia/iridectomia periférica a laser deve ser realizada logo que factível no olho com fechamento angular primário agudo, e deve ser realizada o mais rapidamente possível no olho contralateral. 63% 37% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 6. Íris em configuração em plateau com iridotomia/iridectomia pérvia está indicada a iridoplastia o mais breve possível. 97% 3% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 7. Iridoplastia está indicada como tratamento inicial do fechamento angular primário agudo. 27 Obs: Exemplos que já são empregados em tabelas SUS, Tabela SUS: 0405050194 iridotomia a laser. 0405050178 iridectomia cirúrgica. Tabela TUSS ANS: 30310083 IRIDECTOMIA (LASER /CIRURGICA) 23% 77% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 8. Na síndrome da dispersão pigmentar/glaucoma pigmentar podemos realizar iridotomia/iridectomia para remover o bloqueio reverso. 63% 31% 6% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Iridotomia a laser Iridectomia a laser Iridotomia/ Iridectomia a laser Na nona questão, permitiu-se a votação direta do termo mais apropriado. Assim, os percentuais indicam a preferência entre as três opções oferecidas, não sendo, portanto, uma questão binária como as demais. 28 Capítulo 2 TRABECULOPLASTIA A LASER Coordenadores: Christiane Rolim de Moura e Felício Aristóteles Silva Auxiliares: Carlos Rubens Lucas Figueiredo, Paulo Afonso Batista dos Santos, Ralph Cohen, Tiago dos Santos Prata e Walter Gomes Amorim Introdução Conceito A trabeculoplastia a laser consiste na aplicação de laser na malha trabecular com o propósito de reduzir a pressão intraocular. Tipos de laser Os tipos de laser para este fim podem variar de acordo com o espectro luminoso utilizado, o tempo de exposição, a intensidade, o tamanho da mira e a forma de aplicação (luz pulsada ou contínua). 29 Indicações Primariamente, a trabeculoplastia está indicada nos olhos com glaucoma de ângulo aberto, incluindo a forma primária, associada à esfoliação capsular, à dispersão pigmentária ou outras situações (glaucoma secundários) nas quais seja possível a visão da porção funcionante do trabeculado. Contraindicações A trabeculoplastia a laser está contraindicada na presença de processosinflamatórios agudos, na ICE síndrome, no glaucoma congênito, nas goniodisgenesias, no glaucoma neovascular ou quando a visão da porção funcionante do trabeculado é inadequada. Mecanismos de funcionamento Num primeiro momento, início da década de 80, acreditava-se que o laser faria puncturas na malha trabecular.¹ Contudo, estudos ultraestruturais mostraram que este não é o mecanismo de ação da trabeculoplastia a laser, apesar de certa desorganização estrutural poder ser vista, em especial quando o laser contínuo é usado (fotodisrupção). No entanto, o exato mecanismo de ação da trabeculoplastia a laser na redução da pressão intraocular ainda não é totalmente conhecido. Pode haver um incremento na divisão e repopulação do trabeculado por células trabeculares (teoria celular) ou, ainda, liberação de inúmeros fatores bioquímicos, tais como interleucina 1, fator de necrose tumoral, os quais podem estar envolvidos no processo de aumento da facilidade de escoamento do humor aquoso (teoria bioquímica).2-4 Resultados Glaucoma Primário de Angulo Aberto e Hipertensão Ocular: A maioria dos estudos realizados com trabeculoplastia incluiu pacientes com glaucoma primário de ângulo aberto e hipertensos oculares já em tratamento clínico. Há uma enorme variabilidade nos resultados dos estudos 30 dependendo dos critérios de sucesso utilizados. Observam-se estudos com as diferentes técnicas de laser referindo reduções médias da pressão intraocular entre 3 e 8 mmHg, no primeiro ano de seguimento e de 25% ou mais em até 75% dos indivíduos tratados. 5-8 A redução da eficácia ao longo do tempo é notória e há equivalência em relação à redução da pressão intraocular nos diferentes tipos de laser. Há evidências sugerindo que a trabeculoplastia possa reduzir a flutuação diária da pressão intraocular.9-10 Glaucoma de pressão normal Esparsos dados na literatura mostram que o sucesso no controle da pressão intraocular no glaucoma de pressão normal com a trabeculoplastia é limitado, pois apenas 11% atingem, em um ano, reduções maiores que 20% sem medicação. Porém, os valores da pressão intraocular foram 22% menores que os pré-laser sem medicação, sugerindo que, talvez, possa haver um efeito aditivo à medicação num seguimento de seis meses. 11-12 Glaucoma pseudoesfoliativo e Glaucoma pigmentar Nestas duas situações, há aumento da quantidade de pigmento na malha trabecular, o que parece contribuir para a eficácia da trabeculoplastia com laser de argônio, porém, nos estudos com a trabeculoplastia seletiva (SLT), este efeito positivo não tem sido evidente. Nestes casos, a quantidade de energia deve ser ajustada para evitar picos hipertensivos após o tratamento. Complicações A complicação mais frequente da trabeculoplastia a laser é o desenvolvimento de picos hipertensivos precoces, que podem ser acima de 5 mmHg em 34% dos olhos com trabeculoplastia com laser de argônio sem tratamento profilático antes da aplicação; porém, com o tratamento profilático, esta incidência gira em torno de 4% para todos os tipos de laser. Outras complicações podem ser: uveíte, formação de goniossinéquias, hifema, dependendo dos critérios de sucesso utilizados.5 31 Retratamento O retratamento da malha trabecular pela mesma técnica, com laser de argônio, parece um contrassenso, desde que há fotodisrupção da malha trabecular, apesar de estudos mostrarem alguma eficácia neste procedimento. Já o retratamento pela SLT de casos previamente tratados com trabeculoplastia com laser de argônio parece ser efetivo em 57% dos casos. Da mesma forma, retratar a malha trabecular com a SLT, após prévio tratamento pela mesma tecnologia, parece promover redução clinicamente significativa, porém inferior ao primeiro tratamento.13-15 Trabeculoplastia a laser como terapia primária Alguns ensaios clínicos têm comparado a eficácia da trabeculoplastia com o uso de medicações hipotensoras oculares nos casos de glaucoma de ângulo aberto. Na década de 80, a trabeculoplastia realizada com laser continuo de argônio foi comparada com o regime terapêutico vigente na época. Aparentemente, a trabeculoplastia mostrou-se ligeiramente superior em relação ao controle da pressão intraocular quando comparada às drogas hipotensoras oculares após 24 meses. A principal crítica a este trabalho seria que os medicamentos atualmente disponíveis têm eficácia e tolerabilidade superiores aos daquela época.5 Outros ensaios clínicos mais atuais sugerem que a trabeculoplastia seletiva pode promover um controle pressóricos comparável a uma única droga hipotensora (latanoprosta) no primeiro ano de acompanhamento. 7-10 Há também evidências mostrando que o início do tratamento com trabeculoplastia pode ser custo-efetivo quando um modelo de 25 anos de tratamento é aplicado e ao considerar na análise a baixa aderência ao tratamento com medicação tópica ocular. Esses dados parecem promissores e novos estudos possivelmente demonstrarão se a técnica, além de ser Imagem cedida por Dr Carlos Akira Omi Mira da trabeculoplastia seletiva 32 custo-efetiva, impacta positivamente na qualidade de vida do paciente com glaucoma ao longo do seu tratamento. 16-18 Referências Bibliográficas 1. Krasnov MM. Laseropuncture of anterior chamber angle in glaucoma. American journal of ophthalmology. 1973; 75 (4):674-8. 2. Alvarado JA, Alvarado RG, Yeh RF, Franse-Carman L, Marcellino GR, Brownstein MJ. A new insight into the cellular regulation of aqueous outflow: how trabecular meshwork endothelial cells drive a mechanism that regulates the permeability of Schlemm's canal endothelial cells. The British journal of ophthalmology. 2005; 89 (11):1500-5. 3. Alvarado JA, Chau P, Wu J, Juster R, Shifera AS, Geske M. Profiling of Cytokines Secreted by Conventional Aqueous Outflow Pathway Endothelial Cells Activated In Vitro and Ex Vivo With Laser Irradiation. 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A aplicação no olho contralateral deve ser reconsiderada quando o tratamento do primeiro olho foi ineficaz. 24% 76% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 4. A trabeculoplastia tem um impacto positivo sobre a flutuação da pressão intraocular Abstenção: 29% 35 19% 81% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 5. A trabeculoplastia pode ser utilizada como tratamento inicial para reduzir a pressão intraocular, e quando aplicada em 360°, após um ano, pode apresentar uma eficácia comparável àquela observada com o uso da latanoprosta. 3% 97% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 6. A trabeculoplastia seletiva pode ser repetida em olhos que apresentaram boa resposta ao tratamento anterior pela mesma tecnologia. 33% 67% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 7. A trabeculoplastia parece ser uma alternativa de melhor custo/benefício para redução da pressão intraocular do que a simples observação ou o uso de análogos das prostaglandinas, quando se considera realisticamente a adesão ao tratamento clínico. Abstenção: 22% Abstenção: 33% 36 9% 91% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 8 - Em termos de redução pressórica, os resultados da trabeculoplastia com laser não- seletivo são similares àqueles obtidos com a trabeculoplastia seletiva. 37 Capítulo 3 TRABECULECTOMIA Coordenadores: Augusto Paranhos Jr. e Paulo Augusto de Arruda Mello Auxiliares: André Luiz de Freitas, Cláudia Galvão Brochado Silva, Luiz Alberto Soares de Melo Jr., Roberto Murad Vessani e Sérgio Henrique Teixeira Introdução Conceito A trabeculectomia é uma modalidade de cirurgia antiglaucomatosa em que é criada uma via alternativa ao escoamento do humor aquoso para a circulação sistêmica possibilitando sua absorção pelos vasos sanguíneos subconjuntivais, veias aquosas e vasos linfáticos. A cirurgia consiste na realização de uma fístula, que comunica a câmara anterior, na região do seio camerular, com o espaço subtenoniano, sendo protegida por retalho escleral, que oferece resistência e impede o livre escoamento do humor aquoso, sem o qual poderia haver atalamia e/ou hipotonia acentuada com graves consequências potenciais para o olho. Indicações Olhos com evidência de progressão de dano glaucomatoso (disco óptico, campo visual ou camada de fibras nervosas) na vigência de medicação máxima tolerada. Olhos com pressão intraocular significativamente superior à pressão desejável na vigência de medicação máxima tolerada. Pacientes sem condição de manter o tratamento medicamentoso, seja devido aos efeitos colaterais ou outros motivos. O cirurgião deve ainda avaliar os riscos potenciais da cirurgia frente à perda visual estimada que pode ocorrer, caso o paciente seja mantido sem o controle desejado da pressão intraocular. Cuidados no pré-operatório O paciente deve estar ciente do motivo da indicação da cirurgia e que a mesma não tem o objetivo de restabelecer a visão, mas sim o controle da pressão 38 intraocular que não foi conseguido com o tratamento clínico. Deve ser orientado também que a visão ficará borrada ou embaçada no período de algumas semanas no pós-operatório. A escolha do procedimento deve levar em consideração a segurança, eficácia e possibilidade de preservar a visão do paciente. Avaliação pré-operatória adequada pode evidenciar, por exemplo, hipertensão arterial sistêmica ou problemas na coagulação sanguínea, o que pode aumentar o risco de complicações durante o procedimento. Blefarite e dacriocistite devem ser tratadas previamente à cirurgia. Técnica cirúrgica É de fundamental importância o conhecimento detalhado da anatomia do limbo cirúrgico, assim como o domínio da técnica cirúrgica. Erros técnicos podem colocar em risco o êxito do procedimento. A anestesia poderá ser local ou geral. O cirurgião experiente pode optar ainda pela injeção subtenoniana de anestésico associada a sedação. A instilação de iodopovidona 5% (diluição específica para uso ocular) no saco conjuntival é uma medida eficaz na prevenção de infecção em qualquer cirurgia intraocular. Deve ser usado durante o bloqueio ou indução anestésica. A confecção do retalho conjuntival é um passo crítico da cirurgia, devendo-se tomar cuidado para causar o menor dano tecidual possível e evitar sangramento. O máximo cuidado deve ser tomado neste passo cirúrgico para não provocar furo na conjuntiva. Preparo do retalho escleral Imagens cedidas por Dr. Homero G. Almeida 39 A localização do retalho deve ser sempre nos quadrantes superiores (centralizado, nasal-superior ou temporal-superior), pois nos quadrantes inferiores o risco de endoftalmite é significativamente maior. Na impossibilidade de realização da trabeculectomia nos quadrantes superiores, outra modalidade de cirurgia antiglaucomatosa deverá ser proposta. Pode-se optar por retalho de base fórnice ou base límbica. O tipo mais usado é o retalho base fórnice, em que a abertura da conjuntiva é limbar, com ampla visualização do limbo cirúrgico. O retalho de base fórnice possibilita a aplicação de antimetabólito mais posteriormente (no fórnice), diminuindo a chance de ampolas avasculares sobre o retalho escleral no pós-operatório. A cauterização do leito escleral é realizada em seguida, com cuidado para não haver lesão do tecido conjuntival, o que pode levar a vazamento no pós- operatório). Em seguida, se houver indicação, realiza-se a aplicação de agente antiproliferativo (mitomicina C ou 5-fluorouracil) posicionado sob a cápsula de Tenon e tomando-se cuidado especial paranão entrar em contato com a ferida operatória da conjuntiva. Tanto o tempo de aplicação do agente antiproliferativo (1 a 3 minutos, na maioria dos casos), quanto sua concentração (0,2 a 0,5mg/ml de Mitomicina C; 25 ou 50mg/ml de Fluorouracil) variam de acordo com a experiência do cirurgião. Outras formas de aplicação além das esponjas embebidas são a injeção via subtenoniana e até via transconjuntival. Aplicação de mitomicina-C Imagens cedidas por Dr. Homero G. Almeida 40 A confecção do retalho escleral pode ser realizada antes ou depois da aplicação da substância antiproliferativa. Deve ter de 1/2 a 2/3 da espessura escleral e seu formato e dimensões variam de acordo com a técnica de cada cirurgião. Uma paracentese deve ser realizada para que haja a descompressão controlada da câmara anterior, bem como para refazer e para controlar a profundidade da câmara anterior. Também é possível a instalação de uma cânula de infusão de segmento anterior através da paracentese, para manter a pressão e profundidade da câmara anterior. A trabeculectomia, que é a fístula propriamente dita, pode ser realizada com bisturi (lâmina no. 11 ou 15 graus) ou punch, tomando-se cuidado especial para que haja excisão de espessura completa do tecido córneo-escleral. O próximo passo é a iridectomia periférica, que deve ser extensa em sua base evitando-se a extensão radial (em direção à pupila) para que não haja diplopia monocular. O principal objetivo é a prevenção da obstrução interna da fístula e do bloqueio pupilar no pós-operatório. A seguir, o retalho escleral é reposicionado e suturado com fio mononylon 10-0. O número de suturas deverá ser suficiente para manter a câmara anterior estável e também discreto vazamento de humor aquoso. No mínimo 2 suturas deverão ser realizadas e os nós sepultados. Os pontos podem ser simples, ajustáveis ou removíveis. A conjuntiva e a cápsula de Tenon são suturadas de maneiras diferentes nos retalhos base fórnice e base límbica. No primeiro, o fechamento do retalho pode ser feito com suturas separadas utilizando-se fio mononylon 10-0. Todos os pontos devem ter os nós sepultados na córnea. No caso da base límbica, o fechamento deverá ser em 2 planos, ou seja, sutura da cápsula de Tenon e, a seguir, da conjuntiva, através de sutura contínua com fio absorvível (Vicryl® 8-0, Trabeculectomia com Punch tipo Crozafon Imagem cedida por Dr. Emilio R. Suzuki Jr. 41 por exemplo). É extremamente importante observar que não haja vazamento na linha de sutura conjuntival para garantir a formação da bolha filtrante. Em seguida, deve-se preencher a câmara anterior com solução salina balanceada, através da paracentese, para avaliação da drenagem pela fístula e formação da bolha filtrante e também identificar possíveis vazamentos que deverão ser prontamente corrigidos. Ao final da cirurgia realiza-se injeção subconjuntival de antibiótico e corticosteroide a cerca de 180 graus do sítio cirúrgico. No caso de anestesia subconjuntival, a injeção é substituída por colírio antibiótico tópico (amplo espectro) imediatamente após o término do procedimento. A instilação de atropina (colírio) promove o relaxamento do músculo ciliar, com consequente aprofundamento da câmara anterior e prevenção de glaucoma por bloqueio ciliar, além de ajudar na estabilização da barreira hemato-aquosa, prevenção de sinéquias posteriores e alívio da dor. Recentemente, substâncias antiangiogênicas e outros agentes tem sido descrito na tentativa de reduzir as complicações inerentes aos agentes antifibróticos tradicionais. Considerações O uso de mitomicina-C aumenta significativamente a taxa de sucesso da trabeculectomia evitando a falência devido à cicatrização subconjuntival e melhorando o controle da pressão intraocular a longo prazo. No entanto, o uso de mitomicina-C pode predispor a complicações, tais como: bolha avascular, vazamento na bolha, hipotonia, sintomas de desconforto com a bolha, maior risco de infecção. O sucesso da trabeculectomia e as taxas de complicação melhoraram bastante nos últimos 15 a 20 anos, devido a maior compreensão dos componentes Sutura do retalho escleral Imagens cedidas por Dr. Homero G. Almeida 42 funcionais da cirurgia - com mudança de detalhes importantes na técnica cirúrgica, bem como no tratamento da cicatrização de feridas, sobretudo após a difusão do sistema de cirurgia segura do Moorfields – MSSS Cuidados no pós-operatório: Todos os colírios hipotensores devem ser suspensos no olho operado, bem como a acetazolamida via oral. Corticosteroide tópico é importante para modular a resposta cicatricial no período pós-operatório inicial. A dosagem inicial deverá ser 1 gota a cada 1 ou 2 horas nas primeiras 2 semanas. Em seguida, procede-se a redução gradual de acordo com a resposta inflamatória individual. Antibiótico tópico profilático de amplo espectro deve ser mantido nas primeiras 2 semanas. Atropina ou cicloplégico pode ser mantido na primeira semana. Corticosteroide oral pode ser indicado em algumas situações, como no glaucoma uveítico, levando-se em consideração os riscos potenciais de efeitos colaterais. A terapia pode ser iniciada antes da cirurgia. Caso surjam sinais de falência iminente da bolha filtrante, existe a possibilidade do uso de agente antiproliferativo (5-Fluorouracil) na forma de injeções subconjuntivais. Os sinais de falência são: aumento da vascularização, espessamento da conjuntiva e cápsula de Tenon, redução do tamanho e altura da bolha, elevação progressiva da pressão intraocular. Complicações pós-operatórias Diversas complicações podem ocorrer no período pós-operatório e não são necessariamente resultado da técnica utilizada na cirurgia. De maneira geral, a pronta identificação da complicação e rápida correção, permitem resultado favorável. Ainda assim, complicações graves como infecção, descolamento hemorrágico de coroide, glaucoma por bloqueio angular, entre outras, podem ter resultado desfavorável independente da ação do cirurgião. Para a pronta identificação das possíveis complicações e sua condução, é fundamental que o 43 paciente esteja bem esclarecido, que tenha acesso fácil ao atendimento médico e que as visitas pós-operatórias sejam frequentes. 44 Referências Bibliográficas 1. Shields’ Textbook of Glaucoma. R. Rand Allingham. Fifth edition 2. Trabeculectomy – The Moorfields Safe Surgery System. Peng Tee Khaw, Peter Shah BSc(Hons), Therry Zeyen 3. Consenso da Sociedade Brasileira de Glaucoma 4. Khaw PT, Wells AP, Lim KS. Surgery for glaucoma in the 21ST century. Br J Ophthalmol. 2002;86(7):710-711. 5. Mello PAA, Mandia C JR: 2o. 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Para decidirmos qual a melhor conduta para recuperar uma trabeculectomia é fundamental o exame gonioscópico. 47 56% 44% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 5. A falência precoce da trabeculectomia deve ser abordada cirurgicamente (agulhamento ou revisão cirúrgica). 31% 69% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 6. Quanto as opções de tratamento cirúrgico, a trabeculectomia é o procedimento incisional de escolha em olhos não operados. 11% 89% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 7. Em glaucomas corticogênicos com indicação cirúrgica, o uso mitomicina-C é facultativo. 48 Capítulo 4 CIRURGIAS NÃO PENETRANTES Coordenadores: Italo Mundialino Marcon e Ricardo Augusto Paletta Guedes Auxiliares: Ana Cláudia Pereira Alves, Christiana R. Hilgert, Marcelo Jordão Lopes da Silva e Vanessa Maria Paletta Guedes Introdução Indicações As indicações da cirurgia não penetrante na literatura são numerosas e correspondem aos glaucomas primários ou secundários de ângulo aberto.1-8 Contraindicações A cirurgia não penetrante está contraindicada para os glaucomas de ângulo fechado e o glaucoma neovascular. Também não deve ser realizada em olhos com conjuntiva superior fibrosada. A técnica cirúrgica A técnica mais utilizada é a esclerectomia profunda não penetrante. Nesta técnica, um retalho profundo córneo-escleral é retirado abaixo de um retalho escleral superficial, removendo, assim, a parede externa do canal de Schlemm. A parede interna do canal, juntamente com as camadas trabeculares mais externas são também retiradas, através da excisão da membrana trabecular externa. Com isto, há uma diminuição da resistência ao escoamento, fazendo com que o Visão Gonioscópica Imagens cedidas por Dr. Homero G. Almeida 49 humor aquoso passe através da fina camada trabecular residual. O uso de adjuvantes (implantes ou antimetabólitos) durante a cirurgia aumenta sua eficácia. Pós-operatório O acompanhamento pós-operatório da cirurgia não penetrante é semelhante àquele realizado após uma trabeculectomia. Como relação à resposta cicatricial do paciente, o seguimento pós-operatório é parecido ao de uma cirurgia de trabeculectomia, procurando se observar, especialmente, sinais de inflamação ou de fibrose conjuntival precoce, necessitando de um tratamento apropriado. Medicações de rotina usadas no pós-operatório imediato da cirurgia não penetrante são as mesmas da trabeculectomia e incluem antibióticos na primeira semana e corticosteroides por, no mínimo, 4 a 6 semanas. Não há necessidade da utilização de cicloplégicos no pós-operatório. Ao contrário da trabeculectomia, onde a massagem tem um papel importante na recuperação de bolhas caminhando para falência, ela deve ser evitada no pós-operatório da cirurgia não penetrante. A goniopuntura a laser pode ser realizada em qualquer estágio do pós- operatório, quando a pressão intraocular se eleva a níveis acima daquela definida como pressão intraocular alvo. Imagens cedidas por Dr. Carlos Akira Omi Abertura do canal de Schlemm Retirada da membrana trabecular 50 Complicações As taxas de complicações per e pós-operatórias desta modalidade cirúrgica são menores quando a comparação é feita com a trabeculectomia clássica.9 A presença de uma membrana residual evita uma descompressão brusca do globo ocular e limita os efeitos danosos de uma hipotonia severa, com as complicações conhecidas no seguimento pós-operatório das trabeculectomias clássicas.10 A principal complicação per-operatória (intraoperatória) é a perfuração da membrana trabecular residual. Se a perfuração para câmara anterior é grande e gera uma hérnia de íris irredutível, deve-se promover a conversão em trabeculectomia. Se a perfuração é pequena, ou seja, uma microperfuração sem presença de íris no local perfurado, o procedimento pode seguir normalmente sem conversão e sem atrapalhar o prognóstico. Quando isto acontece, deve-se suturar o retalho e testar a filtração intraoperatória. Apesar da aparente segurança, o cirurgião deve estar atento à existência de complicações pós-operatórias e saber lidar com elas. Globalmente, os resultados da esclerectomia profunda não penetrante relatados na literatura mostram sucesso pressórico comparável ao obtido após trabeculectomia, no entanto com menor índice de complicações e recuperação visual mais rápida. O índice de sucesso varia de 57 a 93% para uma pressão intraocular menor que 21 mmHg sem tratamento. 11-23 Uma meta-análise recente de estudos comparativos entre a Esclerectomia Profunda Não Penetrante com mitomicina-C e a trabeculectomia com mitomicina-C mostra que não há diferença estatística nos índices de sucesso, porém com menor taxa de complicações para a Esclerectomia Profunda Não Penetrante com mitomicina-C. 24 51 Referências Bibliográficas 1. Guedes RAP, Guedes VMP. Cirurgia não penetrante: conceito, técnicas e resultados. Arq Bras Oftalmol. 2006; 2. Drolsum L. Long-term follow-up after deep sclerectomy in patients with pseudoexfoliative glaucoma. Acta Ophthalmol Scand. 2006; 84: 502-6. 3. Auer C, Mermoud A, Herbort CP. Deep sclerectomy for the management of uncontrolled uveitic glaucoma: preliminary data. Klin Monatsbl Augenheilkd. 2004; 221: 339-42. 4. Audren F, Abitbol O, Dureau P, Hakiki S, Orssaud C, Bourgeois M, Pierre- Kahn A, Bodemer C, DufierJL. 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JAMA Ophthalmol. 2013. 131(12): 1573-82. 53 2% 98% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 1 - O uso de adjuvantes (mitomicina-C e 5-fluorouracil) é fundamental na técnica de Esclerectomia Profunda Não Penetrante. 2% 98% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2. A goniopunctura com ND:Yag LASER é considerada um passo sequencial importante após a Esclerectomia Profunda Não Penetrante e deve ser realizada sempre que necessário para manter a pressão intra-ocular sob controle adequado. 0% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 3 - A retirada da membrana trabecular externa é um passo fundamental para a técnica. Abstenção: 35% Abstenção: 29% Abstenção: 43,5% 54 16% 84% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 4 - Apesar do menor número de complicações no período pós- operatório, a técnica cirúrgica das cirurgias não penetrantes é considerada mais complexa e desafiadora que a trabeculectomia clássica. 25% 75% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 5. A Esclerectomia Profunda Não Penetrante proporciona resultados tensionais comparáveis à trabeculectomia. 18% 82% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 6 - A cirurgia não penetrante pode ser indicada em casos de glaucoma de ângulo aberto, seja primário ou secundário. Abstenção: 36% 55 Capítulo 5 IMPLANTES DE DRENAGEM Coordenadores: Marcelo Hatanaka e Remo Susanna Jr. Auxiliares: Ana Carolina Pasquini Raiza, Jair Giampani Jr., Ricardo Suzuki e Rogério João Almeida Torres Introdução Os implantes de drenagem para glaucoma são dispositivos compostos por um longo tubo de silicone posicionado tipicamente na câmara anterior (em casos específicos, no sulco ciliar ou cavidade vítrea), com extensão até um prato distal. Os diferentes modelos de implantes apresentam pratos com formato e área distintos. O controle pressórico está relacionado à capacidade de drenagem do humor aquoso, que, por sua vez, resulta de uma relação entre resistência ao fluxo do líquido pelo tubo, resistência da cápsula fibrosa que se forma ao redor do prato e área do prato. Indicações As indicações clássicas para o uso dos implantes são: • Falência de trabeculectomia; • Fibrose conjuntival extensa; • Glaucoma neovascular; • Situações em que a trabeculectomia tem grande chance de falência. O uso dos implantes de drenagem para glaucoma, como opção cirúrgica primária, tem aumentado, sob a justificativa de menor frequência de complicações precoces, pós-operatório imediato menos trabalhoso e maior facilidade técnica.1-4 Convém ressaltar, contudo, que a manipulação cirúrgica da conjuntiva para a colocação do dispositivo de drenagem pode inviabilizar a realização de uma trabeculectomia a posteriori, no caso de falência do implante. Além disso, no caso de falência da trabeculectomia, a despeito da tentativa de recuperá-la com laser goniopuntura5 ou agulhamento, outra trabeculectomia pode ser tentada, e a colocação do implante ainda é viável 56 Tipos de implante de drenagem para glaucoma: Os implantes podem ser classificados em valvulados e não valvulados. Os valvulados (Ahmed FP-7, de silicone, e Ahmed S2, de polipropileno), permitem filtração imediata para o espaço subconjuntival, com imediata redução da pressão intraocular, ao contrário dos não-valvulados, que necessitam de sutura para restrição ao fluxo. Desvantagens dos modelos valvulados incluem: - Mal funcionamento da válvula, ora causando hipotonia, ora não abrindo o suficiente com consequente manutenção de pressões elevadas; - Fusão tardia das lâminas que compõem a válvula e consequente comprometimento da filtração; - Prato mais espesso e com irregularidades em sua superfície, o que dificulta a colocação em olhos com pouca conjuntiva disponível e excessiva tensão conjuntival com maior risco de extrusão do implante; - Espessamento da cápsula ao redor do implante, com consequenteredução da filtração, em decorrência da passagem de elevados níveis de substâncias pró- inflamatórias para o prato.6,7 Os implantes não valvulados evitam que elevados níveis de TGβ e PGE2, substâncias pró-inflamatórias associadas a maior espessamento da cápsula ao redor do implante,6,7 atinjam a placa precocemente, por necessitarem de sutura para restrição do fluxo com fio absorvível. A pressão intraocular, contudo, tende a permanecer elevada até a absorção deste fio, o que pode ser minimizado através de uma fenestração do tubo com agulha do fio de nylon 10-0 ou do vicryl 7-0, anterior à sutura, por onde haverá escoamento do aquoso até que o fio seja absorvido (ao redor de 5 semanas), e o fluxo de aquoso atinja a placa. 57 Existem, no mercado brasileiro, 3 implantes comercialmente disponíveis, com as seguintes características: A despeito de diferentes critérios de sucesso e tempo de seguimento, as taxas de sucesso descritas na literatura são semelhantes para os três modelos.6-12 As complicações, de forma geral, encontradas em diferentes estudos envolvendo implantes de Ahmed e Baerveldt incluem: efusão ou hemorragia subcoroidea, problemas de motilidade ocular extrínseca, descompensação corenana, endoftalmite. O implante de Susanna tem apenas um estudo realizado,12 sendo as seguintes principais complicações descritas: 2 casos (3.44%) erosão sub conjuntival e 2 casos de hipotonia tardia (3.44%). Susanna Ahmed Baerveldt *Os implantes de drenagem aqui descritos e ilustrados apresentam registro perante a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) 58 Potenciais vantagens do implante de Susanna sobre os dispositivos de Ahmed e Baerveldt incluem: possibilidade de ser posicionado dobrado, através de menor abertura conjuntival, menor manipulação conjuntival com consequente redução de reação inflamatória, fixação a 5-6 mm do limbo, túnel escleral confeccionado com agulha mais delicada (26,5G), menor probabilidade de extrusão do tubo e placa (tubo com 530 micra de diâmetro e prato com 0,5 mm de espessura), menor chance de toque no endotélio, íris e cristalino, prato pode ser customizado (cortado) de acordo com espaço subconjuntival disponível, incluindo pacientes com explantes esclerais e conjuntivas fibróticas, sem necessidade de preenchimento da câmara anterior com substancias viscoelásticas ou ar. Técnica cirúrgica Realiza-se uma abertura conjuntival suficiente para a exposição do leito onde será fixado o implante. O implante de Baerveldt, pelo seu formato, deve ser colocado sob os músculos retos, enquanto que os de Ahmed e Susanna devem ser fixados entre os músculos. Os três implantes deverão ser colocados preferencialmente no quadrante temporal superior, abaixo do tenon e conjuntiva. Os quadrantes inferiores podem ser considerados, na ausência de condições técnicas para o posicionamento superior e, neste caso, preferencialmente o nasal inferior por ser esteticamente mais aceitável e devido à menor chance de interferir com o musculo obliquo inferior. Cirurgia de implante de drenagem Imagens cedidas por Dr. Homero G. Almeida 59 Todos implantes devem ser inspecionados antes de implantados. O dispositivo de drenagem de Ahmed deve ter válvula aberta através da canalização do tubo com agulha de insulina ou com cânula 30 G e irrigação forçada de BSS (prime). A mesma técnica deve ser realizada em implantes não valvulados, com o intuito de verificar se o lúmen dos mesmos não apresenta oclusões. O prato do implante é fixado à esclera através de orifícios próprios localizados a aproximadamente 5mm a 6 mm do limbo no caso do implante de Susanna (por apresentar "pés" para fixação que avançam 4 mm em extensão anterior) a 8-10 mm do limbo no caso dos implantes de Ahmed e Baerveldt. Assim, o corpo do implante vai se situar entre 8mm e 10mm do limbo. O tubo é cortado de forma biselada de forma que 2mm a 3mm do mesmo fique dentro da câmara anterior. O bisel deve ficar voltado anteriormente, com ângulo aproximado de 30 graus. É feito um túnel escleral de aproximadamente 1,5mm a 3mm com uma agulha 26,5 G no caso do implante de Susanna (por ter um tubo mais fino) ou com agulha 23G nos demais modelos. Esta tunelização deve ser feita com a penetração da agulha paralela e mais próxima à íris, a fim de se reduzir o risco de descompensação corneana por perda endotelial crônica. O tubo será inserido na câmara anterior através deste túnel escleral. Nos casos dos implantes Ahmed ou Baerveldt, que têm um tubo com maior diâmetro (com consequente maior saída de líquido da câmara anterior), recomenda-se preenchimento da câmara com ar, BSS ou substância viscoelástica. Recomenda- se que o tubo seja recoberto com manchão de esclera preservada ao longo de todo o seu trajeto. Nos implantes não valvulados, o fluxo do aquoso através do tubo deve ser inicialmente restrito através de uma oclusão completa do tubo, feita com uma sutura com fio absorvível (Vicryl 7-0) próximo à borda anterior do prato. Fenestrações anteriores a esta sutura podem ser realizadas com as agulhas já mencionadas para permitir saída do humor aquoso até que ocorra a absorção e abertura espontânea desta sutura de contenção. Esta sutura deve ser posicionada de forma a ficar visível para eventual necessidade de lise com laser de argônio ao longo do acompanhamento pósoperatório. Nestes casos é útil a utilização da lente Blumenthal. 60 Após fixação do tubo com nylon 9-0 ou seda 8-zeros e cobertura do manchão de esclera, fixado com vicryl 7-0, a conjuntiva é reposicionada e suturada de forma a cobrir todo o implante de drenagem. No período pós-operatório, colírios hipotensores deverão ser mantidos de acordo com o nível pressórico obtido. Além disso, alguns estudos sugerem que o uso de supressores de humor aquoso no pós-operatório precoce levar a melhor filtração do aquoso em longo prazo por reduzir mediadores inflamatórios ao redor do prato, bem como diminuir a pressão hidrostática exercida sobre a cápsula fibrótica.13-15 61 Referências Bibliográficas 1. Desai MA, Gedde SJ, Feuer WJ, et al. Practice preferences for glaucoma surgery: a survey of the American Glaucoma Society in 2008. 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