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1 CONSENSO DE CIRURGIA DE GLAUCOMA

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1º Consenso 
de Cirurgia 
de Glaucoma 
 
 
 
 
Apoio 
Marcelo Palis Ventura 
Carlos Akira Omi 
Emílio Rintaro Suzuki Jr. 
Ivan Maynart Tavares 
Luiz Alberto Soares de Melo Jr. 
1 
 
Marcelo Palis Ventura 
Carlos Akira Omi 
Emílio Rintaro Suzuki Jr. 
Ivan Maynart Tavares 
Luiz Alberto Soares de Melo Junior. 
 
 
 
1° CONSENSO DE CIRURGIA DE GLAUCOMA 
2017 
 
 
 
1ª EDIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
Maio/2017 
 
Ipsis Gráfica e Editora 
 
2 
 
 
3 
 
Índice 
 
Apresentação .................................................................................................4 
Prefácio ..........................................................................................................5 
Agradecimentos..............................................................................................6 
Participantes...................................................................................................7 
Gestão SBG e Comissão Organizadora ..........................................................19 
Sobre o Consenso: Metodologia e Organização ...........................................20 
Cap. 1 – Iridotomia/Iridectomia a Laser.........................................................22 
Cap. 2 – Trabeculoplastia a Laser ..................................................................28 
Cap. 3 – Trabeculectomia.............................................................................. 37 
Cap. 4 – Cirurgias Não Penetrantes ...............................................................48 
Cap. 5 – Implantes de Drenagem ...................................................................55 
Cap. 6 – Trabeculotomia e Goniotomia..........................................................65 
Cap. 7 – Cirurgias para Glaucoma Minimamente Invasivas (MIGS) ...............77 
Cap. 8 – Extração de Cristalino e Glaucoma ...................................................85 
Cap. 9 – Cirurgia combinada: Catarata e Glaucoma....................................... 95 
Cap. 10 – Procedimentos Ciclodestrutivos.....................................................105 
Cap. 11 – Cicatrização Conjuntival e Reoperações.........................................113 
Conclusão.......................................................................................................123 
4 
 
Apresentação 
 
Em linha com o compromisso de promover a divulgação e ampliação do 
conhecimento e aprimoramento técnico/científico na área da oftalmologia 
brasileira, com enfoque em doença glaucomatosa, a Sociedade Brasileira de 
Glaucoma realizou, em 8 de abril de 2017 
1º Consenso de 
Cirurgia de Glaucoma 
Para a execução de tão grandioso evento, foram despendidas horas de 
dedicação, estudo, preparo e intensas discussões nos temas apresentados por 
todos os participantes. Materiais bibliográficos somados à vasta experiência do 
grupo permitiram um evento dinâmico e produtivo, que retorna à sociedade 
com a divulgação deste rico conteúdo aqui presente. 
Ressalva-se já, neste ponto, que o material aqui exposto não estabelece norma 
de conduta obrigatória, e sim um compêndio de opiniões, experiências e 
orientações discutidas pelo grupo de participantes em tal evento, de forma que 
não se deve, sob nenhuma circunstância, utilizar-se deste como julgamento de 
condutas médicas diversas no âmbito do manejo cirúrgico de glaucoma. 
 
5 
 
Prefácio 
 
A Sociedade Brasileira de Glaucoma teve o privilégio de conduzir, mais uma vez, 
um grande projeto educacional no Brasil – o 1º Consenso de Cirurgia de 
Glaucoma. 
Os mais ilustres professores, especialistas, pesquisadores e renomados 
cirurgiões de glaucoma brasileiros participaram com afinco e dedicação de um 
processo minucioso, porém com objetivos claros de mostrar a atual tendência 
brasileira no tratamento cirúrgico de glaucoma. 
Este trabalho em plataforma inédita de acolhimento das informações e 
discussões, totalmente via internet, mostrou ser possível simplificar um tema 
tão obtuso e difícil em um único encontro presencial. Alguns ajustes mais 
polêmicos foram abertos à discussão quando necessário, na tentativa de 
exaurir quaisquer dúvidas sobre determinado tema antes da votação final. O 
objetivo de toda esta logística, a despeito de muitas votações repetitivas, era 
tornar o mais objetivo possível algumas posições cirúrgicas atualmente 
controversas. 
Este Consenso expressa o que a maioria dos participantes, ao longo de suas 
experiências e atualizações científicas, apontam como pontos consensuais no 
momento. Certamente, os próximos consensos serão diferentes, com pontos 
consensuais diferentes, pois inovações aparecerão, próprio do dinamismo da 
medicina. 
Esperamos que este belo trabalho sirva como um apoio a mais para nossa 
incansável tarefa de combater a cegueira por glaucoma. 
“Uma mudança deixa sempre patamares 
para uma nova mudança. ” N. Maquiavel 
 Editores 
 
6 
 
Agradecimentos 
 
Terminado este nosso 1º Consenso de Cirurgia de 
Glaucoma gostaria de agradecer em nome da 
Sociedade Brasileira de Glaucoma a todos os 
participantes que ao longo de várias semanas se 
dedicaram a estudar e discutir este tema tão 
fascinante que é a cirurgia de glaucoma. Este 
esforço gerou um rico conjunto de informações 
que será difundido aos colegas oftalmologistas do 
Brasil favorecendo o tratamento cirúrgico 
adequado de glaucoma. 
Este Consenso teve o apoio incondicional da Glaukos que procurou, de modo 
ético e competente, proporcionar as condições ideais para o desenvolvimento 
deste projeto. 
Agradeço de modo especial aos colegas Carlos Akira Omi, Emilio Rintaro Suzuki 
Jr., Ivan Maynart Tavares e Luiz Alberto Soares de Melo Jr., editores do Consenso, 
que não mediram esforços para que chegássemos a um resultado tão satisfatório, 
rico em conhecimento e informações relevantes. 
Por último, mas não menos importante agradeço a Sra. Bete Fruchi, secretária 
da SBG que, não só neste Consenso, mas também ao longo dos anos, tem se 
dedicado à nossa Sociedade com esmero e competência. 
Espero que todos apreciem este novo trabalho da SBG. 
Abraços, 
 
Marcelo Palis Ventura 
 
Presidente 
 Sociedade Brasileira de 
Glaucoma 
 
7 
 
Participantes 
 
Alberto Diniz Filho 
Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de Minas Gerais 
(UFMG). 
Pós-Doutorado em Glaucoma pela Universidade da Califórnia, San 
Diego (UCSD), Estados Unidos. 
Médico do Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo. 
 
Alberto Jorge Betinjane 
Professor-Associado e Livre-Docente da USP 
 
Alexandre Soares Castro Reis 
Assistente do Setor de Glaucoma, UNICAMP 
Doutor em Ciências Médicas pela USP 
 
Ana Carolina Pasquini Raiza 
Doutora em Medicina pela Universidade Estadual Paulista, 
especializada em oftalmologia pela Universidade de São Paulo (USP) 
Especialista pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia 
Médica colaboradora do serviço de residência médica do Hospital das 
Clínicas. 
 
Ana Claudia Alves Pereira 
Mestre e Doutor em Oftalmologia pela UNIFESP. 
Professor Adjunto da UEMS e UFMS- Campo Grande/ MS. 
Chefe do Setor de Glaucoma do Hospital de Olhos MS. 
 
André Luiz de Freitas 
Especialista em glaucoma pela UNIFESP. 
Diretor do serviço de Oftalmologia do Hospital do Servidor Público 
Estadual – HSPE. 
Médico-colaborador do setor de glaucoma da UNIFESP. 
8 
 
 
 
Andrea Kara José Cotait Senra 
Doutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo(UNIFESP) 
Colaboradora do setor de Glaucoma da UNIFESP 
Fellowship em Glaucoma e Córnea pela UNIFESP e pela Northwestern 
University - Chicago, EUA 
 
Augusto Paranhos Jr. 
Professor Adjunto Livre Docente da Escola Paulista de Medicina 
 
Bruno Pimentel de Figueiredo 
Doutor em Oftalmologia pela UFMG 
Médico assistente do serviço de Glaucoma e Catarata da Santa Casa de 
Belo Horizonte 
 
Camila Fonseca Netto 
Chefe do Setor de Glaucoma Infantil - Unifesp/EPM 
Pos-Doctoral Fellowship New York Eye and Ear Infirmary- NYC/ USA 
Doutoranda em Oftalmologia Unifesp-EPM 
 
Carlos Akira Omi 
Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma na Gestão 2007-2009, 
Mestre e Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de São 
Paulo (UNIFESP-EPM) 
 
Carlos Rubens Lucas de Figueiredo 
Professor colaborador curso de pós-graduação da Santa Casa de Belo 
Horizonte. Pos graduação em Glaucoma na Universidade de Londres 
 
Carmo Mandia Jr 
Professor Doutor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de 
São Paulo 
 
 
9 
 
Christiana Rebello Hilgert 
Mestre em Ciências pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina 
Preceptora do Serviço de Residência Médica da Santa Casa de Campo 
Grande - MS 
Chefe do Departamento de Glaucoma do Instituto da Visão de MS 
 
Christiane Rolim de Moura 
Professora Afiliada do Departamento de Oftalmologia e Ciências 
Visuais da UNIFESP 
Doutora em Ciências, 
Mestre em Oftalmologia 
 
Clarice Freire Dayrell de Souza 
Associada ao Departamento de Glaucoma do Centro Oftalmológico de 
Minas Gerais 
Professora de Oftalmologia da PUC MINAS 
Mentora do curso de Especialização Médica do Centro Oftalmológico 
de Minas Gerais 
 
Claudia Galvão Brochado Silva 
Especialista em Glaucoma pela Unifesp EPM 
Especialista em Ultrassonografia pela Unifesp EPM 
Vice-presidente da Associação Baiana de Medicina. 
 
Cristiano Caixeta Umbelino 
Prof Assistente do Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de 
São Paulo 
Mestre em Medicina pelo Departamento de Medicina Molecular da 
Santa Casa de São Paulo 
 
Emilio Rintaro Suzuki Jr. 
Professor Oftalmologia PUC -MG 
Associado do departamento de Glaucoma do Centro Oftalmológico de 
Minas Gerais 
Associado do departamento de glaucoma da Oftalmoclínica Curitiba 
10 
 
 
Fabio Nishimura Kanadani 
Chefe da Oftalmologia do Instituto de Olhos Ciências Médicas 
Professor Titular da Oftalmologia da Faculdade Ciências Médicas de 
Belo Horizonte 
Doutor pela UNIFESP 
 
Felício Aristóteles da Silva 
Doutor em Medicina e Pós-doutorado em Glaucoma na Universidade 
Julius Maximiliam, Würzburg, Alemanha 
Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma 
Oftalmologista Associado do Centro de Oftalmologia Avançada (COA), 
Belo Horizonte, MG 
 
Francisco Eduardo Lopes de Lima 
Doutor em Medicina pela USP 
Professor Afiliado UFG 
Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma 
 
Geraldo Vicente de Almeida 
Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de 
São Paulo 
Colaborador do Setor de Glaucoma da UNIFESP/EPM 
 
Giovanni Nicola Umberto Italiano Colombini 
Mestre em Oftalmologia pela UFRJ 
Doutor em Oftalmologia pela UFMG 
Professor Associado 4 pela UNIRIO 
Responsável pela Disciplina de Oftalmologia da Escola de Medicina e 
Cirurgia da UNIRIO 
 
Heloisa Andrade Maestrini 
Doutorado em Oftalmologia pela UFMG 
Chefe do Serviço de Glaucoma do Hospital de Oftalmologia Oculares 
em Belo Horizonte. 
11 
 
 
Heloisa Helena Abil Russ Giacometti 
Mestre em Oftalmologia -Unicamp 
Doutorado em Oftalmologia -USP 
Pós-doutorado -UNIFESP 
 
Homero Gusmão de Almeida 
Professor Adjunto da Faculdade de Medicina da UFMG 
Chefe dos Departamentos de Glaucoma e de Catarata do Instituto de 
Olhos de Belo Horizonte 
 
Italo Mundialino Marcon 
Mestre e Doutor em Oftalmologia pela UNIFESP 
Livre Docente em Oftalmologia pela UFCSPA 
Supervisor da Residência Medica em Oftalmologia da UFCSPA 
 
Ivan Maynart Tavares 
Professor Adjunto de Oftalmologia da EPM/UNIFESP. Doutorado e Pós-
Doutorado em Cirurgia Oftalmológica pela EPM/UNIFESP. Pós-
Doutorado, Clinical-Research Fellowship e Visiting Professorship em 
Glaucoma pela University of California, San Diego (EUA). 
 
Jair Giampani Jr. 
Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP- SP) 
Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) 
Chefe do Serviço de Oftalmologia da Universidade Federal de Mato 
Grosso (UFMT) 
 
José Garone Gonçalves Lopes Filho 
Doutorado em Medicina pela USP e Médico Assistente do Hosp do 
Servidor Público Estadual de São Paulo 
 
José Paulo Cabral de Vasconcellos 
Professor Doutor MS3 pela Faculdade de Ciências Médicas da 
UNICAMP 
12 
 
Juscelino Kubstichek de Oliveira 
Mestre Doutor pela Universidade Autônoma De Barcelona 
CBV - Centro Brasileiro Da Visão - Brasília DF 
 
Leopoldo Magacho dos Santos Silva 
Doutor em Ciências Médicas (Oftalmologia) pela UNICAMP 
Chefe do Setor de Glaucoma do Centro de Referência em Oftalmologia 
da Universidade Federal de Goiás (CEROF-UFG) 
Professor Afiliado e da Pós-Graduação da UFG 
 
Lineu Oto Shiroma 
Médico setor de glaucoma do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem. 
Fellow de glaucoma University of Florida - EUA 
Fellow de glaucoma Unicamp - SP. 
 
Lisandro Massanori Sakata 
Chefe Servico de Glaucoma HC-UFPR 
Doutor em Ciências HC-FMUSP 
Especialização em Glaucoma - HC-FMUSP, University Alabama at 
Birmingham, Singapore Eye Research Institute. 
 
Luiz Alberto Soares de Melo Jr. 
Doutor em Ciências pela Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. 
Chefe do Setor de Glaucoma do Departamento de Oftalmologia e 
Ciências Visuais da Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. 
 
Marcelo Hatanaka 
Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP 
Chefe do Serviço de Glaucoma da Clínica Oftalmológica do Hospital das 
Clínicas da FMUSP 
 
Marcelo Jordão Lopes da Silva 
Doutor em Ciências Médicas UNICAMP 
Doutor em Ciências Medicas FMRP - USP 
MBA em Gestão da Saúde INEPAD - USP 
13 
 
 
 
Marcelo Mendonça do Nascimento 
Especialista em Glaucoma e Catarata pela UNIFESP e HARVARD 
MEDICAL SCHOOL. 
Fundador e Presidente da CLINICA GLAUKOS São José do Rio Preto - 
São Paulo. 
 
Marcelo Palis Ventura 
Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade 
Federal Fluminense 
Pós-Doutor pela McGill University, Montreal, Canadá 
Presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma 
 
Mauricio Della Paolera 
Mestre e Doutor. Professor assistente do Departamento de 
Oftalmologia Da Santa Casa de São Paulo 
 
Nikias Alves da Silva 
Doutor em Ciências Aplicadas à Cirurgia e à Oftalmologia pela UFMG 
Chefe do Departamento de Glaucoma do Hospital Evangélico de BH 
Membro do corpo clínico do Centro de Oftalmologia Avançada (COA) 
 
Niro Kasahara 
Médico chefe do setor de glaucoma da Irmandade da Santa Casa de 
Misericórdia de São Paulo 
Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de 
São Paulo 
 
Núbia Vanessa dos Anjos Lima Henrique de Faria 
Doutora em Oftalmologia pela UFMG 
Supervisora da Residência Oftalmologia HUB-CVB 
Professora voluntária da FM- UnB 
 
 
14 
 
Paulo Afonso Batista dos Santos 
Doutor pela USP - Ribeirão Preto 
Professor Associado IV da Fameb - UFBa 
Chefe do setor de Glaucoma do C-HUPES - UFBa. 
 
Paulo Augusto de Arruda Mello 
Professor Titular de Oftalmologia da UNIFESP - EPM 
Ex-presidente da Sociedade Brasileira, da Sociedade PanAmericana e 
da Sociedade Latino Americana de Glaucoma 
Presidente do Conselho Brasileiro do Oftalmologia na gestão 2009 / 
2011 
 
Paulo Eduardo Casarin Comegno 
Ex Fellow Mass Eye and Ear Infirmary 
Diretor da Clínica de Olhos Jund Eye, Jundiaí/SP 
 
Ralph Cohen 
Professor Adjunto FCM Santa Casa de SP 
Doutor em Oftalmologia EPM - UNIFESP 
 
Regina Cele Silveira 
Médica voluntaria do setor de Glaucoma da UNIFESP 
Sócia diretora do HCLOE 
MBA em administração oftalmológica pela UNIFESP 
 
Remo Susanna Jr 
Professor titular FMUSP 
Ex presidente sociedade Mundial de Glaucoma 
 
Renato Klingelfus Pinheiro 
Doutor em Ciências Medicas pela Faculdade de Medicina da 
Universidade de São Paulo 
Especialista em glaucoma pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa 
Casa de São Paulo 
Medico voluntário do setor de Óptica Cirúrgica da UNIFESP 
15 
 
 
Ricardo Augusto Paletta Guedes 
Doutor em Saúde (Universidade Federal de Juiz de Fora) 
Mestre em Saúde Pública (Universidade Federal de Juiz de Fora) 
Especialista em Glaucoma (Universidade de Paris) 
 
Ricardo Suzuki 
Formação, residência e doutorado pela Faculdade de Medicina da USP 
Fellowship em glaucoma no Glaucoma Research and Education Group, 
San Francisco - California - EUA 
Membro do grupo de glaucoma do Hospital de Olhos Sadalla Amin 
Ghanem, Joinville SC 
 
Roberto Lauande Pimentel 
Doutor em Oftalmologia - USP 
Especialista em Glaucoma Unicamp/Moorfields Eye Hospital, UK 
 
Roberto Murad Vessani 
Chefe de Ambulatório do Setor de Glaucoma/ Departamento de 
Oftalmologia da EPM-UNIFESP 
Pós- Doutorando no Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista 
de Medicina/UNIFESP 
Doutor em Ciências pelo Departamento de Oftalmologia da Faculdade 
de Medicina da USP 
 
Roberto Pedrosa Galvão Filho 
Doutor em Medicina pela FMUSP 
Chefe do Setor de Glaucoma do Instituto de Olhos do Recife (IOR) 
Coordenador da Residência Médica do IOR 
 
Rodrigo Antônio Brant Fernandes 
Médico colaborador voluntário departamento de oftalmologia e 
ciências visuais -UNIFESP EPM 
Diretor setores de glaucoma e retina - Ophthal hospital especializado 
 
16 
 
 
Rogério João de Almeida Torres 
Chefe do serviço de glaucoma da residência médica do Hospital 
Angelina Caron; 
Mestrado em cirurgia pela Faculdade Evangélica do Paraná 
 
Rui Barroso Schimiti 
Médico Assistente Do Setor De Glaucoma Da Unicamp; 
Doutor Em Ciências Médicas Concentração Em Oftalmologia Unicamp 
Chefe Do Setor De Glaucoma Do Hoftalon (Hospital De Olhos De 
Londrina-PR) 
 
Ruiz Simonato Alonso 
Mestre pela Universidade Federal Fluminense (UFF-Niterói) 
Pós-Graduando Nível Doutorado, pela Departamento de Oftalmologia 
da Universidade Federal Fluminense (UFF-Niterói) 
Professor Assistente da Universidade Federal Fluminense (UFF-Niterói 
 
Sebastião Cronenberger Sobrinho 
Professor Titular de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da UFMG 
 
Sergio Henrique Teixeira 
Doutorado e especialista em glaucoma pela EPM - UNIFESP 
Membro do setor de glaucoma da escola paulista de medicina - 
UNIFESP 
 
Tiago dos Santos Prata 
Professor Afiliado e da Pós-Graduação | Depto de Oftalmologia | 
UNIFESP/EPM 
Doutorado e Pós-Doutorado em Oftalmologia pela UNIFESP/EPM 
Professor Orientador do Setor de Glaucoma | Hospital Oftalmológico 
de Sorocaba | BOS 
 
 
 
17 
 
 
Vanessa Maria Paletta Guedes 
Chefe do Serviço de Oftalmologia da Santa Casa de Juiz de Fora; 
Especialista em Glaucoma pela Universidade de Paris; 
Diretora clínica do Instituto de Olhos Paletta Guedes 
 
Vital Paulino Costa 
Professor Associado da Faculdade de Medicina da UNICAMP 
Chefe do Setor de Glaucoma da UNICAMP 
Professor Livre-Docente pela USP 
 
Wagner Duarte Batista 
Coordenador Médico da Clínica Oftalmológica da Santa Casa De BH. 
Chefe do Setor de Glaucoma E Catarata da Santa Casa De BH. 
 
Walter Gomes Amorin 
Mestre Oftalmologia e 
Doutor em Medicina UNIFESP 
 
Wilma Lelis Barboza 
Doutorado em Medicina (oftalmologia) pela FMUSP 
Coordenadora da Residência Médica da Universidade de Taubaté 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Gestão SBG 
 Biênio 2015 - 2017 
 
Diretoria Executiva 
Presidente 
Marcelo Palis Ventura (Rio de Janeiro, RJ) 
Vice-Presidente 
Wilma Lelis Barboza (Taubaté, SP) 
Secretário Geral 
Emilio Rintaro Suzuki Jr (Belo Horizonte, MG) 
Secretário Adjunto 
Ruiz Simonato Alonso (Rio de Janeiro, RJ) 
Tesoureiro 
Tiago dos Santos Prata (São Paulo, SP) 
Tesoureiro Adjunto 
Rodrigo Brazuna (Rio de Janeiro, RJ) 
 
 
Comissão Especial para o 1º Consenso de Cirurgia 
de Glaucoma 
Carlos Akira Omi (São Paulo, SP) 
Emílio Rintaro Suzuki Jr. (Belo Horizonte, MG) 
Ivan Maynart Tavares (São Paulo, SP) 
Luis Alberto Soares de Melo Jr. (São Paulo, SP) 
Marcelo Palis Ventura (Rio de Janeiro, RJ) 
20 
 
Sobre o Consenso: 
Métodos e Organização 
 
Os participantes 
Foram convidados para participação deste Consenso os 75 nomes da 
oftalmologia brasileira focada em glaucoma, membros da sociedade 
organizadora, oriundos das mais diversas regiões do Brasil. Destes, pudemos ter 
a confirmação de participação de 69. Os participantes, além de 5 editores, foram 
distribuídos em 11 grupos temáticos pré-estabelecidos. 
Os temas e as questões 
Para cada grupo, foram selecionados 2 coordenadores que tinham como função 
elaborar um texto referência para o tema designado e aproximadamente 10 
afirmações para discussão. Tais afirmações foram disponibilizadas em um portal 
interativo online que permitisse o debate dos demais participantes do grupo. 
Após 15 dias de discussões virtuais, o fórum fora interrompido e os 
coordenadores selecionaram de 5 a 8 questões por tema para votação durante 
evento presencial, sendo àquelas de maior polêmica seriam colocadas em 
discussão aberta. 
O evento 
O Consenso, realizado na cidade de São Paulo (SP) em 08 de abril de 2017, 
contou com a participação de 69 participantes e fora mediado pelo presidente 
Marcelo Palis Ventura de acordo com a seguinte estrutura: 
 Parte I: Votação interativa das afirmações menos polêmicas. 
 Parte II: Discussão aberta das questões mais polêmicas seguida de 
votação. 
 
21 
 
 
A votação permitia que o participante concordasse ou discordasse da afirmação 
apresentada com base em suas experiências pessoais práticas e/ou acadêmicas. 
Aquelas postas em discussão permitiam ajustes na frase exposta para que 
melhor se adequasse em termos de sintaxe, conteúdo e profundidade abrangida. 
A votação e os resultados 
O objetivo da votação, como exposto anteriormente, era refletir a opinião de 
especialistas brasileiros de renome no âmbito de glaucoma e nunca de 
estabelecer uma norma rígida de atuação. Tendo isso em vista, optou-se por não 
apresentar os resultados da votação limitados por um valor fixo percentual que 
determinasse “consenso”, e sim apresentar os valores percentuais tais como 
obtidos durante a votação interativa. 
Abstenção 
Foi permitido a abstenção da votação para quando o participante preferisse não 
manifestar sua opinião frente a uma afirmação, seja por não familiaridade com 
tema ou por não ter uma opinião formada. Contudo, aquelas que o percentual 
de abstenções se mostrou superior a 20% do quórum foram abertas para 
votação novamente no intuito de garantir que a ausência de respostas se dava 
por livre opção dos participantes e não por descuido ou desatenção no momento 
da votação. Seainda assim a 
taxa de abstenção se 
mantivesse elevada, assumiu-
se o resultado como real 
expressão do grupo e seguia a 
diante com a próxima questão. 
 
 
 
 
Dr. Marcelo Palis Ventura e Dr. Emilio R. Suzuki Jr. 
22 
 
Capítulo 1 
IRIDOTOMIA/IRIDECTOMIA A 
LASER E IRIDOPLASTIA A LASER 
Coordenadores: Maurício Della Paolera e Niro Kasahara 
Auxiliares: Wilma Lellis Barboza, Renato Klingelfus Pinheiro, Alberto Diniz Filho 
e Ruiz Simonato Alonso 
Introdução 
Iridotomia/Iridectomia a laser 
A iridotomia/iridectomia a laser consiste na criação de pertuito que comunica a 
câmara anterior com a câmara posterior e objetiva igualar a diferença de pressão 
entre as duas câmaras aliviando o bloqueio pupilar relativo. A técnica consiste 
na aplicação do Nd:YAG laser com 4 a 6 mJ de energia, um a três pulsos em cripta 
na região superior da íris (preferencialmente entre 10 e 12 h). A aplicação é feita 
com auxílio da lente de Abraham. A instilação de pilocarpina 1% estica a íris e 
facilita a penetração do laser; a brimonidina 0,2% (uma gota antes ou após o 
laser) previne o pico de pressão após o procedimento. Os anti-inflamatórios 
tópicos devem ser prescritos por 7 a 10 dias. 
As principais indicações são: 
 Profilaxia de glaucoma agudo (fechamento angular agudo) em pacientes 
com ângulo oclusível;1 
 Imediatamente após a resolução clínica de uma crise de glaucoma agudo;2 
 Nos casos de glaucoma primário de ângulo fechado crônico, a 
Iridotomia/Iridectomia a laser é realizada para eliminar o bloqueio pupilar 
relativo e a formação de goniossinéquias;2 
 Nos pacientes com síndrome de dispersão pigmentar e glaucoma 
pigmentar para eliminar o bloqueio pupilar reverso.3 
 
 
23 
 
Evidências quanto à eficácia da iridotomia/iridectomia a laser na prevenção de 
glaucoma de ângulo fechado são poucas. Aung et al observaram que 58% dos 
olhos que foram submetidos a iridotomia/iridectomia a laser após a crise de 
glaucoma agudo apresentaram elevação da pressão intraocular em longo prazo.4 
Similarmente, evidências quanto à eficácia da iridotomia/iridectomia a laser a 
laser no glaucoma pigmentar e na síndrome de dispersão pigmentar são 
insuficientes. Michelessi e Lindsley analisaram cinco ensaios clínicos aleatórios 
(260 olhos de 195 pacientes) que compararam os efeitos da 
iridotomia/iridectomia a laser. Embora os efeitos adversos do procedimento 
sejam mínimos, os efeitos em longo prazo sobre a função visual ainda não são 
conhecidos.3 
Iridoplastia a laser 
A iridoplastia ou gonioplastia é a técnica que objetiva reduzir o contato 
iridocorneal. A aplicação do laser provoca contração periférica da íris, 
aumentando a profundidade da câmara anterior. Uma gota de pilocarpina 2% e 
brimonidina 0,2% são instiladas antes do procedimento. O laser de argônio é 
aplicado com auxílio de lente de Abraham com mira de 500 µ e 0,5 a 0,7 s; a 
energia inicial é 250 mW e incrementada até se observar a contração do tecido. 
Seis aplicações são feitas em cada quadrante. Os anti-inflamatórios tópicos 
devem ser prescritos por 7 a 10 dias. 
A iridoplastia é indicada em: 
1. Olhos de pacientes com síndrome da íris em plateau ou com íris em 
configuração de plateau (fechamento aposicional com iridotomia/iridectomia a 
laser);2 
2. Como tratamento inicial de pacientes com glaucoma agudo (fechamento 
angular agudo);5 
3. Outras condições mais raras como nanoftalmos e cisto de íris.² 
 
 
24 
 
Referências Bibliográficas 
 
1. Schwartz LW, Moster MR, Spaeth GL, et al. Neodymium-YAG laser iridectomies 
in glaucoma associated with closed or occludable angles. Am J Ophthalmol 1986; 
102: 41-4. 
2. Sun X, Dai Y, Chen Y, et al. Primary angle closure glaucoma: What we know 
and what we don't know. Prog Retin Eye Res 2016 Dec 28. pii: S1350-
9462(16)30051-9. 
3. Michelessi M, Lindsley K. Peripheral iridotomy for pigmentary glaucoma. 
Cochrane Database Syst Rev 2016. 
4. Aung T, Ang LP, Chan SP, Chew PT. Acute primary angle-closure: longterm 
intraocular pressure outcome in Asian eyes. Am J Ophthalmol 2001;131:7-12. 
5. Lam DS, Lai JS, Tham CC, et al. Immediate argon laser peripheral iridoplasty as 
treatment for acute attack of primary angle-closure glaucoma: a preliminary 
study. Ophthalmol 1998; 105: 2231-6. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagem cedida por Dr. Carlos Akira Omi 
 
 
Iridotomia/Iridectomia com YAG laser 
25 
 
 
 
 
 
 
 
5%
95%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
 1. A conduta inicial no tratamento
de uma crise de fechamento angular
primário agudo deve ser a
instituição de tratamento clínico
clássico e iridotomia/iridectomia
periférica a laser assim que possível.
17%
83%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
2. A iridotomia/iridectomia
periférica a laser está recomendada
em casos que apresentem ângulo
oclusível, mesmo que o paciente
não tenha apresentado fechamento
angular agudo.
28%
72%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
3. A iridotomia/iridectomia
periférica a laser é recomendada
como o procedimento primário em
olhos com glaucoma primário de
ângulo fechado.
26 
 
 
30%
70%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
4. Iridoplastia a laser pode ser
eficaz nas crises de fechamento
angular primário agudo e deve ser
considerada se o episódio não for
revertido por outros meios.
8%
92%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
 5. A iridotomia/iridectomia
periférica a laser deve ser realizada
logo que factível no olho com
fechamento angular primário
agudo, e deve ser realizada o mais
rapidamente possível no olho
contralateral.
63%
37%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
6. Íris em configuração em plateau
com iridotomia/iridectomia pérvia
está indicada a iridoplastia o mais
breve possível.
97%
3%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
7. Iridoplastia está indicada como
tratamento inicial do fechamento
angular primário agudo.
27 
 
 
 
 
Obs: Exemplos que já são empregados em tabelas SUS, 
Tabela SUS: 0405050194 iridotomia a laser. 0405050178 iridectomia cirúrgica. 
Tabela TUSS ANS: 30310083 IRIDECTOMIA (LASER /CIRURGICA) 
 
 
 
 
 
 
 
23%
77%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
8. Na síndrome da dispersão
pigmentar/glaucoma pigmentar
podemos realizar
iridotomia/iridectomia para
remover o bloqueio reverso.
63%
31%
6%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Iridotomia a laser
Iridectomia a laser
Iridotomia/
Iridectomia a laser
Na nona questão, permitiu-se a votação direta do termo mais apropriado. 
Assim, os percentuais indicam a preferência entre as três opções oferecidas, 
não sendo, portanto, uma questão binária como as demais. 
28 
 
Capítulo 2 
TRABECULOPLASTIA A LASER 
Coordenadores: Christiane Rolim de Moura e Felício Aristóteles Silva 
Auxiliares: Carlos Rubens Lucas Figueiredo, Paulo Afonso Batista dos Santos, 
Ralph Cohen, Tiago dos Santos Prata e Walter Gomes Amorim 
Introdução 
Conceito 
A trabeculoplastia a laser consiste na aplicação de laser na malha trabecular com 
o propósito de reduzir a pressão intraocular. 
Tipos de laser 
Os tipos de laser para este fim podem variar de acordo com o espectro luminoso 
utilizado, o tempo de exposição, a intensidade, o tamanho da mira e a forma de 
aplicação (luz pulsada ou contínua). 
29 
 
Indicações 
Primariamente, a trabeculoplastia está indicada nos olhos com glaucoma de 
ângulo aberto, incluindo a forma primária, associada à esfoliação capsular, à 
dispersão pigmentária ou outras situações (glaucoma secundários) nas quais 
seja possível a visão da porção funcionante do trabeculado. 
Contraindicações 
A trabeculoplastia a laser está contraindicada na presença de processosinflamatórios agudos, na ICE síndrome, no glaucoma congênito, nas 
goniodisgenesias, no glaucoma neovascular ou quando a visão da porção 
funcionante do trabeculado é inadequada. 
Mecanismos de funcionamento 
Num primeiro momento, início da década de 80, acreditava-se que o laser 
faria puncturas na malha trabecular.¹ Contudo, estudos ultraestruturais 
mostraram que este não é o mecanismo de ação da trabeculoplastia a laser, 
apesar de certa desorganização estrutural poder ser vista, em especial 
quando o laser contínuo é usado (fotodisrupção). No entanto, o exato 
mecanismo de ação da trabeculoplastia a laser na redução da pressão 
intraocular ainda não é totalmente conhecido. 
Pode haver um incremento na divisão e repopulação do trabeculado por 
células trabeculares (teoria celular) ou, ainda, liberação de inúmeros fatores 
bioquímicos, tais como interleucina 1, fator de necrose tumoral, os quais 
podem estar envolvidos no processo de aumento da facilidade de 
escoamento do humor aquoso (teoria bioquímica).2-4 
Resultados 
Glaucoma Primário de Angulo Aberto e Hipertensão Ocular: 
A maioria dos estudos realizados com trabeculoplastia incluiu pacientes com 
glaucoma primário de ângulo aberto e hipertensos oculares já em 
tratamento clínico. Há uma enorme variabilidade nos resultados dos estudos 
30 
 
dependendo dos critérios de sucesso utilizados. Observam-se estudos com as 
diferentes técnicas de laser referindo reduções médias da pressão intraocular 
entre 3 e 8 mmHg, no primeiro ano de seguimento e de 25% ou mais em até 75% 
dos indivíduos tratados. 5-8 A redução da eficácia ao longo do tempo é notória e 
há equivalência em relação à redução da pressão intraocular nos diferentes tipos 
de laser. Há evidências sugerindo que a trabeculoplastia possa reduzir a 
flutuação diária da pressão intraocular.9-10 
Glaucoma de pressão normal 
Esparsos dados na literatura mostram que o sucesso no controle da pressão 
intraocular no glaucoma de pressão normal com a trabeculoplastia é limitado, 
pois apenas 11% atingem, em um ano, reduções maiores que 20% sem 
medicação. Porém, os valores da pressão intraocular foram 22% menores que os 
pré-laser sem medicação, sugerindo que, talvez, possa haver um efeito aditivo à 
medicação num seguimento de seis meses. 11-12 
Glaucoma pseudoesfoliativo e Glaucoma pigmentar 
Nestas duas situações, há aumento da quantidade de pigmento na malha 
trabecular, o que parece contribuir para a eficácia da trabeculoplastia com laser 
de argônio, porém, nos estudos com a trabeculoplastia seletiva (SLT), este efeito 
positivo não tem sido evidente. Nestes casos, a quantidade de energia deve ser 
ajustada para evitar picos hipertensivos após o tratamento. 
Complicações 
A complicação mais frequente da trabeculoplastia a laser é o desenvolvimento 
de picos hipertensivos precoces, que podem ser acima de 5 mmHg em 34% dos 
olhos com trabeculoplastia com laser de argônio sem tratamento profilático 
antes da aplicação; porém, com o tratamento profilático, esta incidência gira em 
torno de 4% para todos os tipos de laser. 
Outras complicações podem ser: uveíte, formação de goniossinéquias, hifema, 
dependendo dos critérios de sucesso utilizados.5 
 
 
31 
 
Retratamento 
O retratamento da malha trabecular pela mesma técnica, com laser de argônio, 
parece um contrassenso, desde que há fotodisrupção da malha trabecular, 
apesar de estudos mostrarem alguma eficácia neste procedimento. 
Já o retratamento pela SLT de casos previamente tratados com trabeculoplastia 
com laser de argônio parece ser efetivo em 57% dos casos. Da mesma forma, 
retratar a malha trabecular com a SLT, após prévio tratamento pela mesma 
tecnologia, parece promover redução clinicamente significativa, porém inferior 
ao primeiro tratamento.13-15 
Trabeculoplastia a laser como terapia primária 
Alguns ensaios clínicos têm comparado a eficácia da trabeculoplastia com o uso 
de medicações hipotensoras oculares nos casos de glaucoma de ângulo aberto. 
Na década de 80, a trabeculoplastia realizada com laser continuo de argônio foi 
comparada com o regime terapêutico vigente na época. Aparentemente, a 
trabeculoplastia mostrou-se ligeiramente superior em relação ao controle da 
pressão intraocular quando comparada às drogas hipotensoras oculares após 24 
meses. A principal crítica a este trabalho seria que os medicamentos atualmente 
disponíveis têm eficácia e tolerabilidade superiores aos daquela época.5 
Outros ensaios clínicos mais atuais sugerem que a trabeculoplastia seletiva pode 
promover um controle pressóricos comparável a uma única droga hipotensora 
(latanoprosta) no primeiro ano de 
acompanhamento. 7-10 
Há também evidências mostrando 
que o início do tratamento com 
trabeculoplastia pode ser custo-efetivo 
quando um modelo de 25 anos de 
tratamento é aplicado e ao considerar na 
análise a baixa aderência ao tratamento 
com medicação tópica ocular. Esses 
dados parecem promissores e novos estudos 
possivelmente demonstrarão se a técnica, além de ser 
 
Imagem cedida por 
Dr Carlos Akira Omi 
 
Mira da trabeculoplastia seletiva 
32 
 
custo-efetiva, impacta positivamente na qualidade de vida do paciente com 
glaucoma ao longo do seu tratamento. 16-18 
Referências Bibliográficas 
 
1. Krasnov MM. Laseropuncture of anterior chamber angle in glaucoma. 
American journal of ophthalmology. 1973; 75 (4):674-8. 
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Brownstein MJ. A new insight into the cellular regulation of aqueous outflow: 
how trabecular meshwork endothelial cells drive a mechanism that regulates the 
permeability of Schlemm's canal endothelial cells. The British journal of 
ophthalmology. 2005; 89 (11):1500-5. 
3. Alvarado JA, Chau P, Wu J, Juster R, Shifera AS, Geske M. Profiling of 
Cytokines Secreted by Conventional Aqueous Outflow Pathway Endothelial Cells 
Activated In Vitro and Ex Vivo With Laser Irradiation. Investigative 
ophthalmology & visual science. 2015; 56(12):7100-8. 
4. Bylsma SS, Samples JR, Acott TS, Van Buskirk EM. Trabecular cell division after 
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versus topical medicines. The Glaucoma Laser Trial Research Group. 
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prospective study comparing selective laser trabeculoplasty with latanoprost for 
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hour diurnal intraocular pressure fluctuation in primary open-angle glaucoma: a 
pilot study. Ophthalmic surgery, lasers & imaging: the official journal of the 
International Society for Imaging in the Eye. 2010; 41(3):342-7. 
33 
 
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effect of treatment with selective laser trabeculoplasty. The British journal of 
ophthalmology. 2009; 93(4):497-501. 
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normaltension glaucoma: 1-year results. BMC ophthalmology. 2015; 15:1. 
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Trabeculoplasty for Normal Tension Glaucoma. Medicine. 2015;94(24):e984. 
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analysis plan for the Laser-1st versus Drops-1st for Glaucoma and Ocular 
Hypertension Trial (LiGHT): a multi-centre randomised controlled trial. Trials. 
2015;16:517. 
 
 
34 
 
 
 
 
 
36%
64%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
1. A aplicação da trabeculoplastia
seletiva em 360° é mais eficaz do
que em 90° ou 180°.
27%
73%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
2. O tratamento anti-inflamatório
prescrito após a trabeculoplastia
seletiva não tem influência na sua
eficácia.
27%
73%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
3. Quando indicada, é
recomendável fazer a
trabeculoplastia inicialmente em
apenas um dos olhos. A aplicação
no olho contralateral deve ser
reconsiderada quando o
tratamento do primeiro olho foi
ineficaz.
24%
76%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
4. A trabeculoplastia tem um
impacto positivo sobre a flutuação
da pressão intraocular
Abstenção: 29% 
35 
 
 
19%
81%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
5. A trabeculoplastia pode ser
utilizada como tratamento inicial
para reduzir a pressão intraocular, e
quando aplicada em 360°, após um
ano, pode apresentar uma eficácia
comparável àquela observada com
o uso da latanoprosta.
3%
97%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
6. A trabeculoplastia seletiva pode
ser repetida em olhos que
apresentaram boa resposta ao
tratamento anterior pela mesma
tecnologia.
33%
67%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
7. A trabeculoplastia parece ser
uma alternativa de melhor
custo/benefício para redução da
pressão intraocular do que a
simples observação ou o uso de
análogos das prostaglandinas,
quando se considera
realisticamente a adesão ao
tratamento clínico.
Abstenção: 22% 
Abstenção: 33% 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9%
91%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
8 - Em termos de redução
pressórica, os resultados da
trabeculoplastia com laser não-
seletivo são similares àqueles
obtidos com a trabeculoplastia
seletiva.
37 
 
Capítulo 3 
TRABECULECTOMIA 
Coordenadores: Augusto Paranhos Jr. e Paulo Augusto de Arruda Mello 
Auxiliares: André Luiz de Freitas, Cláudia Galvão Brochado Silva, Luiz Alberto 
Soares de Melo Jr., Roberto Murad Vessani e Sérgio Henrique Teixeira 
Introdução 
Conceito 
A trabeculectomia é uma modalidade de cirurgia antiglaucomatosa em que é 
criada uma via alternativa ao escoamento do humor aquoso para a circulação 
sistêmica possibilitando sua absorção pelos vasos sanguíneos subconjuntivais, 
veias aquosas e vasos linfáticos. A cirurgia consiste na realização de uma fístula, 
que comunica a câmara anterior, na região do seio camerular, com o espaço 
subtenoniano, sendo protegida por retalho escleral, que oferece resistência e 
impede o livre escoamento do humor aquoso, sem o qual poderia haver atalamia 
e/ou hipotonia acentuada com graves consequências potenciais para o olho. 
Indicações 
 Olhos com evidência de progressão de dano glaucomatoso (disco óptico, 
campo visual ou camada de fibras nervosas) na vigência de medicação 
máxima tolerada. 
 Olhos com pressão intraocular significativamente superior à pressão 
desejável na vigência de medicação máxima tolerada. 
 Pacientes sem condição de manter o tratamento medicamentoso, seja 
devido aos efeitos colaterais ou outros motivos. 
O cirurgião deve ainda avaliar os riscos potenciais da cirurgia frente à perda 
visual estimada que pode ocorrer, caso o paciente seja mantido sem o controle 
desejado da pressão intraocular. 
Cuidados no pré-operatório 
O paciente deve estar ciente do motivo da indicação da cirurgia e que a mesma 
não tem o objetivo de restabelecer a visão, mas sim o controle da pressão 
38 
 
 
intraocular que não foi conseguido com o tratamento clínico. Deve ser orientado 
também que a visão ficará borrada ou embaçada no período de algumas 
semanas no pós-operatório. A escolha do procedimento deve levar em 
consideração a segurança, eficácia e possibilidade de preservar a visão do 
paciente. 
Avaliação pré-operatória adequada pode evidenciar, por exemplo, hipertensão 
arterial sistêmica ou problemas na coagulação sanguínea, o que pode aumentar 
o risco de complicações durante o procedimento. Blefarite e dacriocistite devem 
ser tratadas previamente à cirurgia. 
Técnica cirúrgica 
É de fundamental importância o conhecimento detalhado da anatomia do limbo 
cirúrgico, assim como o domínio da técnica cirúrgica. Erros técnicos podem 
colocar em risco o êxito do procedimento. 
A anestesia poderá ser local ou geral. O cirurgião experiente pode optar ainda 
pela injeção subtenoniana de anestésico associada a sedação. 
A instilação de iodopovidona 5% (diluição específica para uso ocular) no saco 
conjuntival é uma medida eficaz na prevenção de infecção em qualquer cirurgia 
intraocular. Deve ser usado durante o bloqueio ou indução anestésica. 
A confecção do retalho conjuntival é um passo crítico da cirurgia, devendo-se 
tomar cuidado para causar o menor dano tecidual possível e evitar sangramento. 
O máximo cuidado deve ser tomado neste passo cirúrgico para não provocar furo 
na conjuntiva. 
 
 
 
 
 
Preparo do retalho escleral 
Imagens cedidas por Dr. Homero G. Almeida 
 
39 
 
 
A localização do retalho deve ser sempre nos quadrantes superiores 
(centralizado, nasal-superior ou temporal-superior), pois nos quadrantes 
inferiores o risco de endoftalmite é significativamente maior. Na impossibilidade 
de realização da trabeculectomia nos quadrantes superiores, outra modalidade 
de cirurgia antiglaucomatosa deverá ser proposta. 
Pode-se optar por retalho de base fórnice ou base límbica. O tipo mais usado é 
o retalho base fórnice, em que a abertura da conjuntiva é limbar, com ampla 
visualização do limbo cirúrgico. O retalho de base fórnice possibilita a aplicação 
de antimetabólito mais posteriormente (no fórnice), diminuindo a chance de 
ampolas avasculares sobre o retalho escleral no pós-operatório. 
A cauterização do leito escleral é realizada em seguida, com cuidado para não 
haver lesão do tecido conjuntival, o que pode levar a vazamento no pós-
operatório). 
Em seguida, se houver indicação, realiza-se a aplicação de agente 
antiproliferativo (mitomicina C ou 5-fluorouracil) posicionado sob a cápsula de 
Tenon e tomando-se cuidado especial paranão entrar em contato com a ferida 
operatória da conjuntiva. Tanto o tempo de aplicação do agente antiproliferativo 
(1 a 3 minutos, na maioria dos casos), quanto sua concentração (0,2 a 0,5mg/ml 
de Mitomicina C; 25 ou 50mg/ml de Fluorouracil) variam de acordo com a 
experiência do cirurgião. Outras formas de aplicação além das esponjas 
embebidas são a injeção via subtenoniana e até via transconjuntival. 
 
 
 
 
 
 
 
Aplicação de mitomicina-C 
Imagens cedidas por Dr. Homero G. Almeida 
 
40 
 
A confecção do retalho escleral pode ser realizada antes ou depois da aplicação 
da substância antiproliferativa. Deve ter de 1/2 a 2/3 da espessura escleral e seu 
formato e dimensões variam de acordo com a técnica de cada cirurgião. 
Uma paracentese deve ser realizada para 
que haja a descompressão controlada da 
câmara anterior, bem como para refazer e 
para controlar a profundidade da câmara 
anterior. Também é possível a instalação 
de uma cânula de infusão de segmento 
anterior através da paracentese, para 
manter a pressão e profundidade da 
câmara anterior. 
A trabeculectomia, que é a fístula 
propriamente dita, pode ser realizada com 
bisturi (lâmina no. 11 ou 15 graus) ou punch, 
tomando-se cuidado especial para que haja excisão de espessura completa do 
tecido córneo-escleral. 
O próximo passo é a iridectomia periférica, que deve ser extensa em sua base 
evitando-se a extensão radial (em direção à pupila) para que não haja diplopia 
monocular. O principal objetivo é a prevenção da obstrução interna da fístula e 
do bloqueio pupilar no pós-operatório. 
A seguir, o retalho escleral é reposicionado e suturado com fio mononylon 10-0. 
O número de suturas deverá ser suficiente para manter a câmara anterior 
estável e também discreto vazamento de humor aquoso. No mínimo 2 suturas 
deverão ser realizadas e os nós sepultados. Os pontos podem ser simples, 
ajustáveis ou removíveis. 
A conjuntiva e a cápsula de Tenon são suturadas de maneiras diferentes nos 
retalhos base fórnice e base límbica. No primeiro, o fechamento do retalho pode 
ser feito com suturas separadas utilizando-se fio mononylon 10-0. Todos os 
pontos devem ter os nós sepultados na córnea. No caso da base límbica, o 
fechamento deverá ser em 2 planos, ou seja, sutura da cápsula de Tenon e, a 
seguir, da conjuntiva, através de sutura contínua com fio absorvível (Vicryl® 8-0, 
 
Trabeculectomia com Punch 
tipo Crozafon 
Imagem cedida por 
Dr. Emilio R. Suzuki Jr. 
 
41 
 
por exemplo). É extremamente importante observar que não haja vazamento na 
linha de sutura conjuntival para garantir a formação da bolha filtrante. 
 
 
 
 
 
Em seguida, deve-se preencher a câmara anterior com solução salina 
balanceada, através da paracentese, para avaliação da drenagem pela fístula e 
formação da bolha filtrante e também identificar possíveis vazamentos que 
deverão ser prontamente corrigidos. 
Ao final da cirurgia realiza-se injeção subconjuntival de antibiótico e 
corticosteroide a cerca de 180 graus do sítio cirúrgico. No caso de anestesia 
subconjuntival, a injeção é substituída por colírio antibiótico tópico (amplo 
espectro) imediatamente após o término do procedimento. A instilação de 
atropina (colírio) promove o relaxamento do músculo ciliar, com consequente 
aprofundamento da câmara anterior e prevenção de glaucoma por bloqueio 
ciliar, além de ajudar na estabilização da barreira hemato-aquosa, prevenção 
de sinéquias posteriores e alívio da dor. 
Recentemente, substâncias antiangiogênicas e outros agentes tem sido 
descrito na tentativa de reduzir as complicações inerentes aos agentes 
antifibróticos tradicionais. 
 Considerações 
O uso de mitomicina-C aumenta significativamente a taxa de sucesso da 
trabeculectomia evitando a falência devido à cicatrização subconjuntival e 
melhorando o controle da pressão intraocular a longo prazo. No entanto, o uso 
de mitomicina-C pode predispor a complicações, tais como: bolha avascular, 
vazamento na bolha, hipotonia, sintomas de desconforto com a bolha, maior 
risco de infecção. 
O sucesso da trabeculectomia e as taxas de complicação melhoraram bastante 
nos últimos 15 a 20 anos, devido a maior compreensão dos componentes 
Sutura do retalho escleral 
 
Imagens cedidas por Dr. Homero G. Almeida 
 
 
42 
 
funcionais da cirurgia - com mudança de detalhes importantes na técnica 
cirúrgica, bem como no tratamento da cicatrização de feridas, sobretudo após 
a difusão do sistema de cirurgia segura do Moorfields – MSSS 
 
Cuidados no pós-operatório: 
Todos os colírios hipotensores devem ser suspensos no olho operado, bem como 
a acetazolamida via oral. 
Corticosteroide tópico é importante para modular a resposta cicatricial no 
período pós-operatório inicial. A dosagem inicial deverá ser 1 gota a cada 1 ou 2 
horas nas primeiras 2 semanas. Em seguida, procede-se a redução gradual de 
acordo com a resposta inflamatória individual. 
Antibiótico tópico profilático de amplo espectro deve ser mantido nas primeiras 
2 semanas. 
Atropina ou cicloplégico pode ser mantido na primeira semana. 
Corticosteroide oral pode ser indicado em algumas situações, como no glaucoma 
uveítico, levando-se em consideração os riscos potenciais de efeitos colaterais. 
A terapia pode ser iniciada antes da cirurgia. 
Caso surjam sinais de falência iminente da bolha filtrante, existe a possibilidade 
do uso de agente antiproliferativo (5-Fluorouracil) na forma de injeções 
subconjuntivais. Os sinais de falência são: aumento da vascularização, 
espessamento da conjuntiva e cápsula de Tenon, redução do tamanho e altura 
da bolha, elevação progressiva da pressão intraocular. 
Complicações pós-operatórias 
Diversas complicações podem ocorrer no período pós-operatório e não são 
necessariamente resultado da técnica utilizada na cirurgia. De maneira geral, a 
pronta identificação da complicação e rápida correção, permitem resultado 
favorável. Ainda assim, complicações graves como infecção, descolamento 
hemorrágico de coroide, glaucoma por bloqueio angular, entre outras, podem 
ter resultado desfavorável independente da ação do cirurgião. Para a pronta 
identificação das possíveis complicações e sua condução, é fundamental que o 
43 
 
paciente esteja bem esclarecido, que tenha acesso fácil ao atendimento médico 
e que as visitas pós-operatórias sejam frequentes. 
 
44 
 
Referências Bibliográficas 
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46 
 
 
 
 
 
 
 
 
5%
95%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
1. Injeções subconjuntivais de
antifibróticos como o
5-fluorouracil podem ser utilizadas
no manejo pós-operatório para
controle da cicatrização da fístula.
0%
100%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
2. A aplicação de mitomicina-C no
per-operatório diminui a
possibilidade do insucesso
cirúrgico da trabeculectomia.
0%
100%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
3. Câmara anterior rasa ou
atalamia no pós-operatório da
trabeculectomia pode ocorrer em
caso de hipo- ou hipertensão
intraocular.
2%
98%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
4. Para decidirmos qual a melhor
conduta para recuperar uma
trabeculectomia é fundamental o
exame gonioscópico.
47 
 
 
 
 
 
 
 
 
56%
44%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
5. A falência precoce da
trabeculectomia deve ser abordada
cirurgicamente (agulhamento ou
revisão cirúrgica).
31%
69%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
6. Quanto as opções de tratamento
cirúrgico, a trabeculectomia é o
procedimento incisional de escolha
em olhos não operados.
11%
89%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
7. Em glaucomas corticogênicos
com indicação cirúrgica, o uso
mitomicina-C é facultativo.
48 
 
 
 
Capítulo 4 
CIRURGIAS NÃO PENETRANTES 
Coordenadores: Italo Mundialino Marcon e Ricardo Augusto Paletta Guedes 
Auxiliares: Ana Cláudia Pereira Alves, Christiana R. Hilgert, Marcelo Jordão 
Lopes da Silva e Vanessa Maria Paletta Guedes 
Introdução 
Indicações 
As indicações da cirurgia não penetrante na literatura são numerosas e 
correspondem aos glaucomas primários ou secundários de ângulo aberto.1-8 
Contraindicações 
A cirurgia não penetrante está contraindicada para os glaucomas de ângulo 
fechado e o glaucoma neovascular. Também não deve ser realizada em olhos 
com conjuntiva superior fibrosada. 
A técnica cirúrgica 
A técnica mais utilizada é a 
esclerectomia profunda não 
penetrante. Nesta técnica, um 
retalho profundo córneo-escleral é 
retirado abaixo de um retalho 
escleral superficial, removendo, assim, a 
parede externa do canal de 
Schlemm. A parede interna do 
canal, juntamente com as camadas 
trabeculares mais externas são 
também retiradas, através da 
excisão da membrana trabecular 
externa. Com isto, há uma 
diminuição da resistência ao 
escoamento, fazendo com que o 
Visão Gonioscópica 
Imagens cedidas por Dr. Homero G. Almeida 
 
49 
 
 
humor aquoso passe através da fina camada trabecular residual. O uso de 
adjuvantes (implantes ou antimetabólitos) durante a cirurgia aumenta sua 
eficácia. 
 
 
 
 
 
 
Pós-operatório 
O acompanhamento pós-operatório da cirurgia não penetrante é semelhante 
àquele realizado após uma trabeculectomia. 
Como relação à resposta cicatricial do paciente, o seguimento pós-operatório é 
parecido ao de uma cirurgia de trabeculectomia, procurando se observar, 
especialmente, sinais de inflamação ou de fibrose conjuntival precoce, 
necessitando de um tratamento apropriado. 
Medicações de rotina usadas no pós-operatório imediato da cirurgia não 
penetrante são as mesmas da trabeculectomia e incluem antibióticos na 
primeira semana e corticosteroides por, no mínimo, 4 a 6 semanas. Não há 
necessidade da utilização de cicloplégicos no pós-operatório. Ao contrário da 
trabeculectomia, onde a massagem tem um papel importante na recuperação 
de bolhas caminhando para falência, ela deve ser evitada no pós-operatório da 
cirurgia não penetrante. 
A goniopuntura a laser pode ser realizada em qualquer estágio do pós-
operatório, quando a pressão intraocular se eleva a níveis acima daquela 
definida como pressão intraocular alvo. 
Imagens cedidas por Dr. Carlos Akira Omi 
 
Abertura do canal de Schlemm Retirada da membrana trabecular 
50 
 
Complicações 
As taxas de complicações per e pós-operatórias desta modalidade cirúrgica são 
menores quando a comparação é feita com a trabeculectomia clássica.9 A 
presença de uma membrana residual evita uma descompressão brusca do globo 
ocular e limita os efeitos danosos de uma hipotonia severa, com as complicações 
conhecidas no seguimento pós-operatório das trabeculectomias clássicas.10 
A principal complicação per-operatória (intraoperatória) é a perfuração da 
membrana trabecular residual. Se a perfuração para câmara anterior é grande e 
gera uma hérnia de íris irredutível, deve-se promover a conversão em 
trabeculectomia. Se a perfuração é pequena, ou seja, uma microperfuração sem 
presença de íris no local perfurado, o procedimento pode seguir normalmente 
sem conversão e sem atrapalhar o prognóstico. Quando isto acontece, deve-se 
suturar o retalho e testar a filtração intraoperatória. 
Apesar da aparente segurança, o cirurgião deve estar atento à existência de 
complicações pós-operatórias e saber lidar com elas. 
Globalmente, os resultados da esclerectomia profunda não penetrante relatados 
na literatura mostram sucesso pressórico comparável ao obtido após 
trabeculectomia, no entanto com menor índice de complicações e recuperação 
visual mais rápida. O índice de sucesso varia de 57 a 93% para uma pressão 
intraocular menor que 21 mmHg sem tratamento. 11-23 
Uma meta-análise recente de estudos comparativos entre a Esclerectomia 
Profunda Não Penetrante com mitomicina-C e a trabeculectomia com 
mitomicina-C mostra que não há diferença estatística nos índices de sucesso, 
porém com menor taxa de complicações para a Esclerectomia Profunda Não 
Penetrante com mitomicina-C. 24 
 
51 
 
Referências Bibliográficas 
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52 
 
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53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2%
98%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
1 - O uso de adjuvantes
(mitomicina-C e 5-fluorouracil) é
fundamental na técnica de
Esclerectomia Profunda Não
Penetrante.
2%
98%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
2. A goniopunctura com ND:Yag
LASER é considerada um passo
sequencial importante após a
Esclerectomia Profunda Não
Penetrante e deve ser realizada
sempre que necessário para manter
a pressão intra-ocular sob controle
adequado.
0%
100%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
3 - A retirada da membrana
trabecular externa é um passo
fundamental para a técnica.
Abstenção: 35% 
Abstenção: 29% 
Abstenção: 43,5% 
54 
 
 
 
 
 
 
 
16%
84%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
4 - Apesar do menor número de
complicações no período pós-
operatório, a técnica cirúrgica das
cirurgias não penetrantes é
considerada mais complexa e
desafiadora que a trabeculectomia
clássica.
25%
75%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
5. A Esclerectomia Profunda Não
Penetrante proporciona resultados
tensionais comparáveis à
trabeculectomia.
18%
82%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
6 - A cirurgia não penetrante pode
ser indicada em casos de glaucoma
de ângulo aberto, seja primário ou
secundário.
Abstenção: 36% 
55 
 
Capítulo 5 
IMPLANTES DE DRENAGEM 
Coordenadores: Marcelo Hatanaka e Remo Susanna Jr. 
Auxiliares: Ana Carolina Pasquini Raiza, Jair Giampani Jr., Ricardo Suzuki e 
Rogério João Almeida Torres 
Introdução 
Os implantes de drenagem para glaucoma são dispositivos compostos por um 
longo tubo de silicone posicionado tipicamente na câmara anterior (em casos 
específicos, no sulco ciliar ou cavidade vítrea), com extensão até um prato distal. 
Os diferentes modelos de implantes apresentam pratos com formato e área 
distintos. O controle pressórico está relacionado à capacidade de drenagem do 
humor aquoso, que, por sua vez, resulta de uma relação entre resistência ao 
fluxo do líquido pelo tubo, resistência da cápsula fibrosa que se forma ao redor 
do prato e área do prato. 
 
Indicações 
 As indicações clássicas para o uso dos implantes são: 
• Falência de trabeculectomia; 
• Fibrose conjuntival extensa; 
• Glaucoma neovascular; 
• Situações em que a trabeculectomia tem grande chance de falência. 
 
O uso dos implantes de drenagem para glaucoma, como opção cirúrgica primária, 
tem aumentado, sob a justificativa de menor frequência de complicações 
precoces, pós-operatório imediato menos trabalhoso e maior facilidade 
técnica.1-4 Convém ressaltar, contudo, que a manipulação cirúrgica da conjuntiva 
para a colocação do dispositivo de drenagem pode inviabilizar a realização de 
uma trabeculectomia a posteriori, no caso de falência do implante. Além disso, 
no caso de falência da trabeculectomia, a despeito da tentativa de recuperá-la 
com laser goniopuntura5 ou agulhamento, outra trabeculectomia pode ser 
tentada, e a colocação do implante ainda é viável 
 
56 
 
Tipos de implante de drenagem para glaucoma: 
Os implantes podem ser classificados em valvulados e não valvulados. Os 
valvulados (Ahmed FP-7, de silicone, e Ahmed S2, de polipropileno), permitem 
filtração imediata para o espaço subconjuntival, com imediata redução da 
pressão intraocular, ao contrário dos não-valvulados, que necessitam de sutura 
para restrição ao fluxo. 
Desvantagens dos modelos valvulados incluem: 
- Mal funcionamento da válvula, ora causando hipotonia, ora não abrindo o 
suficiente com consequente manutenção de pressões elevadas; 
- Fusão tardia das lâminas que compõem a válvula e consequente 
comprometimento da filtração; 
- Prato mais espesso e com irregularidades em sua superfície, o que dificulta a 
colocação em olhos com pouca conjuntiva disponível e excessiva tensão 
conjuntival com maior risco de extrusão do implante; 
- Espessamento da cápsula ao redor do implante, com consequenteredução da 
filtração, em decorrência da passagem de elevados níveis de substâncias pró-
inflamatórias para o prato.6,7 
Os implantes não valvulados evitam que elevados níveis de TGβ e PGE2, 
substâncias pró-inflamatórias associadas a maior espessamento da cápsula ao 
redor do implante,6,7 atinjam a placa precocemente, por necessitarem de sutura 
para restrição do fluxo com fio absorvível. A pressão intraocular, contudo, tende 
a permanecer elevada até a absorção deste fio, o que pode ser minimizado 
através de uma fenestração do tubo com agulha do fio de nylon 10-0 ou do vicryl 
7-0, anterior à sutura, por onde haverá escoamento do aquoso até que o fio seja 
absorvido (ao redor de 5 semanas), e o fluxo de aquoso atinja a placa. 
57 
 
Existem, no mercado brasileiro, 3 implantes comercialmente disponíveis, com as 
seguintes características: 
A despeito de diferentes critérios de sucesso e tempo de seguimento, as taxas 
de sucesso descritas na literatura são semelhantes para os três modelos.6-12 
As complicações, de forma geral, encontradas em diferentes estudos 
envolvendo implantes de Ahmed e Baerveldt incluem: efusão ou hemorragia 
subcoroidea, problemas de motilidade ocular extrínseca, descompensação 
corenana, endoftalmite. O implante de Susanna tem apenas um estudo 
realizado,12 sendo as seguintes principais complicações descritas: 2 casos (3.44%) 
erosão sub conjuntival e 2 casos de hipotonia tardia (3.44%). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Susanna Ahmed Baerveldt 
 
*Os implantes de drenagem aqui descritos e ilustrados apresentam registro 
perante a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) 
58 
 
Potenciais vantagens do implante de Susanna sobre os dispositivos de Ahmed e 
Baerveldt incluem: possibilidade de ser posicionado dobrado, através de menor 
abertura conjuntival, menor manipulação conjuntival com consequente redução 
de reação inflamatória, fixação a 5-6 mm do limbo, túnel escleral confeccionado 
com agulha mais delicada (26,5G), menor probabilidade de extrusão do tubo e 
placa (tubo com 530 micra de diâmetro e prato com 0,5 mm de espessura), 
menor chance de toque no endotélio, íris e cristalino, prato pode ser 
customizado (cortado) de acordo com espaço subconjuntival disponível, 
incluindo pacientes com explantes esclerais e conjuntivas fibróticas, sem 
necessidade de preenchimento da 
câmara anterior com substancias 
viscoelásticas ou ar. 
Técnica cirúrgica 
Realiza-se uma abertura conjuntival 
suficiente para a exposição do leito 
onde será fixado o implante. O 
implante de Baerveldt, pelo seu 
formato, deve ser colocado sob 
os músculos retos, enquanto que 
os de Ahmed e Susanna devem 
ser fixados entre os músculos. Os 
três implantes deverão ser 
colocados preferencialmente no 
quadrante temporal superior, 
abaixo do tenon e conjuntiva. Os 
quadrantes inferiores podem ser 
considerados, na ausência de 
condições técnicas para o 
posicionamento superior e, neste caso, 
preferencialmente o nasal inferior por 
ser esteticamente mais aceitável e 
devido à menor chance de interferir 
com o musculo obliquo inferior. 
 
 
 
Cirurgia de implante de drenagem 
Imagens cedidas por Dr. Homero G. Almeida 
 
59 
 
Todos implantes devem ser inspecionados antes de implantados. O dispositivo 
de drenagem de Ahmed deve ter válvula aberta através da canalização do tubo 
com agulha de insulina ou com cânula 30 G e irrigação forçada de BSS (prime). A 
mesma técnica deve ser realizada em implantes não valvulados, com o intuito 
de verificar se o lúmen dos mesmos não apresenta oclusões. 
O prato do implante é fixado à esclera através de orifícios próprios localizados a 
aproximadamente 5mm a 6 mm do limbo no caso do implante de Susanna (por 
apresentar "pés" para fixação que avançam 4 mm em extensão anterior) a 8-10 
mm do limbo no caso dos implantes de Ahmed e Baerveldt. Assim, o corpo do 
implante vai se situar entre 8mm e 10mm do limbo. 
O tubo é cortado de forma biselada de forma que 2mm a 3mm do mesmo fique 
dentro da câmara anterior. O bisel deve ficar voltado anteriormente, com ângulo 
aproximado de 30 graus. É feito um túnel escleral de aproximadamente 1,5mm 
a 3mm com uma agulha 26,5 G no caso do implante de Susanna (por ter um tubo 
mais fino) ou com agulha 23G nos demais modelos. Esta tunelização deve ser 
feita com a penetração da agulha paralela e mais próxima à íris, a fim de se 
reduzir o risco de descompensação corneana por perda endotelial crônica. 
O tubo será inserido na câmara anterior através deste túnel escleral. Nos casos 
dos implantes Ahmed ou Baerveldt, que têm um tubo com maior diâmetro (com 
consequente maior saída de líquido da câmara anterior), recomenda-se 
preenchimento da câmara com ar, BSS ou substância viscoelástica. Recomenda-
se que o tubo seja recoberto com manchão de esclera preservada ao longo de 
todo o seu trajeto. 
Nos implantes não valvulados, o fluxo do aquoso através do tubo deve ser 
inicialmente restrito através de uma oclusão completa do tubo, feita com uma 
sutura com fio absorvível (Vicryl 7-0) próximo à borda anterior do prato. 
Fenestrações anteriores a esta sutura podem ser realizadas com as agulhas já 
mencionadas para permitir saída do humor aquoso até que ocorra a absorção e 
abertura espontânea desta sutura de contenção. Esta sutura deve ser 
posicionada de forma a ficar visível para eventual necessidade de lise com laser 
de argônio ao longo do acompanhamento pósoperatório. Nestes casos é útil a 
utilização da lente Blumenthal. 
60 
 
Após fixação do tubo com nylon 9-0 ou seda 8-zeros e cobertura do manchão de 
esclera, fixado com vicryl 7-0, a conjuntiva é reposicionada e suturada de forma 
a cobrir todo o implante de drenagem. 
No período pós-operatório, colírios hipotensores deverão ser mantidos de 
acordo com o nível pressórico obtido. Além disso, alguns estudos sugerem que 
o uso de supressores de humor aquoso no pós-operatório precoce levar a melhor 
filtração do aquoso em longo prazo por reduzir mediadores inflamatórios ao 
redor do prato, bem como diminuir a pressão hidrostática exercida sobre a 
cápsula fibrótica.13-15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
61 
 
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