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Clínica e Cirúrgica II - Oftalmologia Doenças do Segmento Posterior ❖ A retina é uma estrutura que se estende da cabeça do nervo óptico até ora serrata (região posterior da íria, sendo a túnica nervosa mais interna do globo ocular. Sua integridade pode ser avaliada por meio da oftalmoscopia direta (avalia-se o nervo óptico por meio da emissão direta de um feixe de luz sobre a retina) e indireta (após dilatação o globo ocular, avalia-se a retina e o nervo óptico por meio da formação de uma imagem invertida – por isso indireta), USG ocular (indicado caso a oftalmoscopia não tenha sido possível devido opacidade de estruturas), angiofluoresceinografia (por meio da administração de contraste EV, avalia-se os vasos retinianos e sua integridade) e tomografia de coerência óptica (avalia a mácula de forma microscópica, bem como suas camadas). DESCOLAMENTO DE RETINA ❖ Caracterizada pelo descolamento da retina neurossensorial do epitélio pigmentar da retina, ao qual é preenchido com humor vítreo, que acaba aumentando ainda mais o descolamento. A extensão do descolamento implica diretamente na perda de visão do paciente. Dentre suas principais causas, pode-se incluir DM (pela produção de novos vasos que tracionam a retina), trauma, alta miopia (a retina não acompanha o crescimento excessivo do globo ocular e se desprende), perfuração, infecções e uveíte. QUADRO CLÍNICO ❖ Cegueira (parcial ou total). TRATAMENTO ❖ Pode ser realizada a vitrectomia (retira-se o humor vítreo e faz-se uma cauterização da retina descolada, aplicando solução salina posteriormente para repor o humor vítreo retirado) ou fotocoagulação a laser (indicada para pequenos descolamentos). RETINOPATIA DIABÉTICA ❖ É uma doença causada pela DM descompensada, surgindo com o envelhecimento, aumento da obesidade ou pelo sedentarismo também. Clinicamente, observa-se descolamento de retina, hemorragia intraocular, glaucoma neovascular e catarata. ❖ Glaucoma: É uma neuropatia óptica caracterizada pelo aumento da pressão ocular que induz a perda da fibra nervosa, alteração do campo visual, perda de visão periférica e visão tubular. O aumento da pressão ocular surge devido a formação de neovasos na retina, que obstruem a drenagem de humor vítreo. ❖ Catarata: a hiperglicemia induz a oxidação ocular, que gera a catarata precoce, ou seja, pacientes com DM são mais propensos a desenvolverem catarata precocemente. ❖ A retinopatia diabética não proliferativa é caracterizada pela existência de edema, exsudatos duros e microaeurismas. Esse processo persiste e evolui com a retinopatia proliferativa, em que há a produção de neovasos. ❖ Não profilerativa: observa-se exsudatos duros (altera a cor da retina), microaneurismas (pode gerara hemorragias), edema e exsudatos algodonosos. Nessa fase, a oclusão vascular pelo edema e exsudato gera um processo de isquemia ocular, que é suprido pela produção de novos vasos (caracteriza a proliferativa). ❖ Profilerativa: caracterizada pela produção de neovasos devido à falta/redução de fluxo arterial na retina. A produção de neovasos (anormais) pode gerar um processo de descolamento de retina (por pressão), glaucoma (por obstruir a drenagem de humor vítreo), edema e hemorragias. Seu diagnóstico deve ser feito por meio do exame de fundo de olho, angiofluoreceinografia e tomografia de coerência óptica. Seu tratamento é baseado na vitrectomia, fotocoagulação à laser e injeções de anti- VEGF (mediador da produção de neovasos). GLAUCOMA ❖ É uma neuropatia óptica caracterizada pelo aumento de pressão intraocular, afetando tanto a retina quanto o nervo óptico e induzindo ao deterioramento das fibras nervosas do nervo óptico e a perca da rima neural. Devido ao comprometimento neurossensorial, o paciente evolui com perca da visão periférica de forma bilateral e assimétrica, denominada visão tubular. CAUSAS ✓ DM; ✓ Congênita; ✓ Idade avançada; ✓ Traumas; ✓ Hereditariedade. QUADRO CLÍNICO ❖ Assintomático na maior parte dos casos; ❖ Visão tubular (cegueira progressiva e irreversível); ❖ Dor (nas fases agudas). EXAMES OFTALMOSCOPIA ❖ Observa-se escavação, perda da fibra nervosa (perca da integridade vascular), perda da visão periférica e edema de papila. CAMPIMETRIA ❖ Avalia a integridade da visão do paciente e sua extensão por meio de uma máquina emissora de feixes luminosos. TONOMETRIA ❖ É um exame utilizado para diagnóstico do glaucoma, avaliando a pressão intraocular (até 21 mmHg é normal). Clínica e Cirúrgica II - Oftalmologia 3 DIAGNÓSTICO ❖ É feito quando o paciente apresenta alteração da visão periférica, alteração do nervo óptico ou aumento da pressão intraocular. TRATAMENTO ❖ A primeira opção de tratamento consiste no uso de colírios que atuam reduzindo a produção de humor vítreo ou aumentando a absorção. Podem ser combinadas até quatro formas de colírios, dependendo da gravidade e reincidência da doença (se não for suficiente, faz-se cirurgia). ❖ O tratamento cirúrgico (trabeculectomia) consiste em aumentar a drenagem de humor vítreo por meio da criação e uma válvula de escape. Ainda pode ser feita a ciclocrioterapia, que consiste no congelamento do corpo ciliar, induzindo sua degeneração e consequente redução da produção de humor vítreo. RETINOCOROIDITE POR TOXOPLASMOSE ❖ É uma infecção muito comum causada pelo Toxoplasma gondii, sendo transmitida pelo contato com cães e gatos infectados ou de mãe para filho. ❖ É uma doença que cursa com vermelhidão e dor ocular, com uma lesão (quando ativa) que é caracterizada por um foco branco amarelado que pode curar espontaneamente ou se tornar recorrente. Ocorre também retinocoroidite, vitreíte (humor vítreo torna-se opaco devido a presença de exsudato) e redução da visão (devido a formação de uma cicatriz pós-patológica, denominada coriorretinite atrófica). ❖ É uma doença que pode ser reativada em casos de baixa imunidade, traumas ou estresse. TRATAMENTO ❖ É feito com sulfametaxazol + trimetropina associado a corticoide VO.