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HANSENÍASE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Maria Araci Pontes CENTRO DE DERMATOLOGIA DONA LIBÂNIA DIAGNÓSTICO DA HANSENÍASE 1. CLÍNICO 2. LABORATORIAL Definição de Caso Hanseníase É considerado um caso de Hanseníase a pessoa que apresenta uma ou mais das características listadas a seguir e que requer tratamento específico: - Lesão de pele com alteração de sensibilidade. - Acometimento neural com espessamento de nervo. - Baciloscopia positiva para Mycobacterium leprae. Aspectos Clínicos SINAIS E SINTOMAS DERMATOLÓGICOS: lesões de pele com alteração de sensibilidade - Manchas pigmentares ou discrômicas - Placa - Infiltração - Tubérculo - Nódulo SINAIS E SINTOMAS NEUROLÓGICOS: lesões nos nervos periféricos - trigêmeo, facial, ulnar, mediano, radial, fibular, tibial • Dor e espessamento dos nervos periféricos • Perda de sensibilidade - olhos, mãos, pés • Perda de força muscular - pálpebras, membros superiores e inferiores Diagnóstico Clínico Exame de toda superfície corporal Teste de sensibilidade térmica = tubo ensaio Teste de sensibilidade dolorosa = agulha Teste de sensibilidade tátil = algodão, caneta, monofilamento Exame de troncos nervosos periféricos TESTE DE SENSIBILIDADE A sensibilidade das lesões cutâneas deve ser testada ordenadamente, comparando-a com a pele normal: 1º. Sensibilidade térmica ao frio e calor. Utiliza-se um tubo de ensaio com água quente a 50ºC e outro com água fria. 2º. Sensibilidade à dor. Toca-se com agulha estéril (ponta e base). 3º. Sensibilidade ao tato. Toca-se suavemente a pele com um chumaço de algodão ou pincel. Teste de sensibilidade térmica SENSIBILIDADE TÉRMICA Teste de sensibilidade dolorosa Teste de sensibilidade tátil Teste da Histamina • Depositar gotas de cloridrato ou fosfato de histamina a 1/1000 na mácula e na pele circunvizinha, livre da lesão a) Pele sã - Ocorre eritema primário após cerca de 20 segundos da picada através das gotas da histamina, seguido de eritema secundário. b) Lesão hansênica - não apresenta eritema secundário, por alterações nervosas autonômicas nos vasos sanguíneos Teste da Histamina Indicações • Diagnóstico diferencial da forma indeterminada com outras patologias (eczemátide, hipocromia residual, etc.) • Diagnóstico de lesões de nervos periféricos, na impossibilidade do teste de sensibilidade (crianças, simuladores, etc.) Teste de Mitsuda • Resposta da imunidade celular. • Extrato de bacilos procedentes de nódulos virchowianos. • Injeta-se 0,1 ml via intradérmica com leitura após 28 dias. • Diâmetro da induração: • sem induração : negativo • com induração : 1-2mm (duvidosa) 3-5mm (+) 5 mm (++) com úlcera (+++) CLASSIFICAÇÃO OPERACIONAL Lesões de pele com alteração de sensibilidade HANSENÍASE até 5 lesões = defesa eficaz = PB mais que 5 lesões = defesa ineficaz = MB baciloscopia positiva = MB CLASSIFICAÇÃO DE MADRI •HANSENIÁSE INDETERMINADA •HANSENÍASE TUBERCULÓIDE •HANSENÍASE DIMORFA •HANSENÍASE VIRCHOWIANA ESPECTRO DA HANSENÍASE Indeterminada Tuberculóide (TT) Lepromatosa (LL) Borderline T, B, V Reaçao tipo 1 Reaçao tipo 2 HANSENÍASE INDETERMINADA • Forma inicial da doença • Uma ou várias manchas hipocrômicas • Área hipoestésica – térmica* • Não há espessamento neural nem deformidades HANSENÍASE INDETERMINADA • Duração – 1 a 5 anos • Fase ideal para o tratamento • Alterações clínico-laboratoriais inespecíficas • Evolução HANSENÍASE INDETERMINADA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Pitiríase versicolor • “pano branco” • Micose superficial – Malassezia sp • Manchas hipocrômicas, hipercrômicas ou eritematosas • Sinal de Zileri • Topografia • TST - normal HANSENÍASE INDETERMINADA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Eczemátide • Pitiríase alba ou dartro volante • Manchas hipocrômicas • Xerose associada • Face, tronco, mmss • História pessoal ou familiar de atopia • TST – normal HANSENÍASE INDETERMINADA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Dermatose solar hipocromiante • Dermatose transitória • Pele morena* • Áreas foto-expostas HANSENÍASE INDETERMINADA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Hipocromia e acromia residual • Secundárias a dermatoses diversas HANSENÍASE INDETERMINADA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Nevos • Congênitos ou surgidos nos primeiros meses • Contorno geográfico • Nevo anêmico • Nevo acrômico HANSENÍASE INDETERMINADA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Vitiligo • Manchas acrômicas • Topografia HANSENÍASE TUBERCULÓIDE • Evolução de MHI em pacientes com boa imunidade contra o bacilo de Hansen • Mancha com pápulas eritematosas • Placa eritematosa • Lesão tricofitóide • Lesões isoladas, bem delimitadas • Nítida alteração da sensibilidade térmica HANSENÍASE TUBERCULÓIDE • Aspectos clínicos • Papuloso • Sarcoídico • Tricofitóide • Envolvimento de troncos neurais HANSENÍASE TUBERCULÓIDE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Dermatofitose • Tinha ou “impingem” • Micose superficial • Fungos geofílicos, zoofílicos e antropofílicos • Placas com tendência à cura central, escoriações • Prurido* • Sensibilidade preservada HANSENÍASE TUBERCULÓIDE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Psoríase • Dça. benigna de causa desconhecida • Placas eritêmato-descamativas • Topografia • Sinal da vela • Sinal do orvalho sangrante HANSENÍASE TUBERCULÓIDE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Lupus eritematoso discóide (LED) • Pápulas e placas eritêmato-hipercrômicas, hiperceratósicas com presença de atrofia • Deixam cicatrizes • Áreas fotoexpostas* • 3% - associação com LES HANSENÍASE TUBERCULÓIDE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Sífilis • Secundária ou terciária • História de ferida na genitália • Sorologias HANSENÍASE TUBERCULÓIDE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Granuloma anular • Placas com bordas elevadas eritematosas • Formatos variados • Qualquer idade • Sensibilidade normal HANSENÍASE TUBERCULÓIDE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Sarcoidose • Doença de causa desconhecida • Envolvimento sistêmico • Lesões cutâneas variadas • Tipo sarcoídeo HANSENÍASE TUBERCULÓIDE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • PLECT – lesões verrucosas • Paracoccidioidomicose • Leishmaniose • Esporotricose • Cromomicose • Tuberculose HANSENÍASE DIMORFA • Evolução de HI em pacientes com resistência superior aos HV e inferior aos HT. • Apresentam, ao mesmo tempo, características de HT em algumas áreas e, em outras, aspectos clássicos de HV. • Sub-dividida em três grupos (Ridley-Jopling) • Dimorfa Tuberculóide • Dimorfa Dimorfa • Dimorfa Virchowiana HANSENÍASE DIMORFA • Placas grandes, com bordas irregulares e lesões satélites • Acometimento de troncos nervosos • Lesões em queijo suíço (eritematosas, planas com bordas externas mal definidas e o centro claro) • Lesões foveolares (eritêmato-pigmentares, tonalidade ferruginosa ou pardacenta) • infiltrações, placas, nódulos HANSENÍASE VIRCHOWIANA • Evolução de MHI em pacientes com baixa resistência específica ao bacilo de Hansen • Infiltração das manchas • Perda dos seus limites • Pápulas, placas, nódulos, infiltrações • Hansenomas HANSENÍASE VIRCHOWIANA • Infiltrações • Orelhas • Sobrancelhas – madarose • Facies leonina • Mãos e pés HANSENÍASE VIRCHOWIANA • Acometimento de outros órgãos e sistemas • Olhos • Nariz • Infiltração • Congestãoe coriza • Perfuração de septo • Laringe HANSENÍASE VIRCHOWIANA • Acometimento de outros órgãos e sistemas • Testículos • Fígado • Adenopatias • Nervos periféricos HANSENÍASE VIRCHOWIANA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Farmacodermia • Fármacos diversos • Reações alérgicas • Tipo I • Prurido HANSENÍASE VIRCHOWIANA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Sífilis • Secundária • DD clínico difícil • Infiltrações • Áreas de alopécia • DD laboratorial* • Baciloscopia • Exames sorológicos HANSENÍASE VIRCHOWIANA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Eritema nodoso x ENH • Etiologia variada • Nódulos mais duradouros • “Restritos” aos MMII HANSENÍASE VIRCHOWIANA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Leishmaniose anérgica • Protozoário do gênero leishmania • Região Norte • Baixa imunidade específica ao parasita • Riqueza bacilar • Forma de difícil tratamento HANSENÍASE VIRCHOWIANA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Linfomas e leucemias • Linfoma cutâneo de células T • Micose fungóide Forma Clínica Neural Pura Hanseníase neural pura pode ser definida como uma infecção crônica causada pelo Mycobacterium leprae caracterizada pela perda sensitiva em área correspondente a um nervo espessado, com ou sem comprometimento motor, na ausência de lesão de pele. Noordeen SK, 1972 (Modificado) DIAGNÓSTICO LABORATORIAL BACILOSCOPIA BACILOSCOPIA BACILOSCOPIA - INDICAÇÕES • Diagnóstico diferencial das formas multibacilares (V, BV, alguns BT), com outras patologias (PLECT, farmacodermias, sífilis, etc.) • Classificação das formas clínicas • Diagnóstico diferencial entre reação e recidiva das formas multibacilares HISTOPATOLOGIA - INDICAÇÕES ▪ Diagnóstico diferencial das formas paucibacilares com outras patologias (sarcoidose, granuloma anular, Lues, etc.) ▪ Classificação das formas clínicas ▪ Diagnóstico diferencial entre reação e recidiva das formas paucibacilares. SOROLOGIA INDICAÇÕES •Útil em pesquisa e na detecção de comunicantes infectados, objetivando possíveis ações profiláticas • Diagnóstico diferencial entre reação e recidiva ELETRONEUROMIOGRAFIA: INDICAÇÕES ▪Diagnóstico diferencial da Hanseníase neural pura com outras patologias (siringomielia, polineuropatias, outras) ▪Definição do número de troncos nervosos lesados PCR E BIÓPSIA DE NERVO: INDICAÇÕES • Diagnóstico diferencial das formas neurais puras, com outras patologias • Diagnóstico diferencial entre reação e recidiva AÇÕES DE CONTROLE Individuais e coletivas AÇÕES INDIVIDUAIS DE CONTROLE • Diagnóstico Precoce • Tratamento medicamentoso • Avaliação e Prevenção de Incapacidades • Atenção psicológica • Ações de Reabilitação • Atenção do Serviço Social AÇÕES COLETIVAS DE CONTROLE • Notificação de Casos • Exame e BCG em comunicantes • Busca de Casos • Ações de Educação Sanitária • Capacitação de Recursos Humanos • Luta pela Cidadania TRATAMENTO ATUAL Não é eticamente aceito tratar paciente de hanseníase sob monoterapia POLIQUIMIOTERAPIA METAS: 1. Eliminar o M. leprae do indivíduo cura 2. Interromper a cadeia de transmissão 3. Prevenir incapacidades ASPECTOS IMPORTANTES: 1. Esclarecer sobre a doença, o tratamento, efeitos colaterais das drogas e complicações 2. Atenção à saúde geral do paciente 3. Prevenção e reabilitação das incapacidades físicas 4. Redução do estigma POLIQUIMIOTERAPIA (PQT) PAUCIBACILAR Mensal supervisionado:(1º. dia) ◼ Rifampicina 600mg ◼ Dapsona 100 mg Diário auto-administrado: (2º. ao 28º. Dia) ◼ Dapsona 100 mg Duração: 6 blisters - 6 a 9 meses POLIQUIMIOTERAPIA (PQT) MULTIBACILAR Mensal supervisionado:(1º. dia) Rifampicina 600mg Dapsona 100 mg Clofazimina 300 mg Diário auto-administrado: (2º. ao 28º. Dia) Dapsona 100 mg Clofazimina 50 mg Duração: 12 blisters - 12 a 18 meses forma virchowiana e infiltrada da hanseníase após 12 meses de tratamento ASPECTOS TERAPEUTICOS U-MDT Esquema uniforme de tratamento 6 doses de PQT/MB para todos os pacientes 1970 1977 1980 1982 1985 1990 1994 1997 2000 2002 Monoterapia sulfônica WHO/PQT-PB – Malawi ROM Lesão única/PB ROM 2 a 5 lesões/PB PQT-MB: até baciloscopia negativar PQT-MB 24 doses PQT-MB 12 doses PQT-PB 6 doses ROM Lesão única/PBc Regime uniforme PB/MB 6 mesesa 1986b 1981 – MDT no mundo 1982 – MDT Talhari & Torrecilla BR 1987 – MDT no Brasil MS – WDR Oliveira 2018 – Esquema único Tratamentos ao longo da história G R U P O EXPERIMENTAL PB U-MDT 3 drogas (RIF + DDS + CLO) 6 meses G R U P O CONTROLE PB OMS=R-MDT 2 drogas (RIF + DDS) 6 meses G R U P O EXPERIMENTAL MB U-MDT 3 drogas (RIF + DDS + CLO) 6 meses G R U P O CONTROLE MB OMS=R-MDT 3 drogas (RIF + DDS + CLO) 12 meses FUAM (180) CDERM (679) TOTAL (859) Característica N (%) N (%) N (%) Faixa etária < 15 19 (11) 38 (6) 57 (7) 15-65 161 (89) 641 (94) 649 (93) Gênero masculino 119 (66) 391 (58) 510 (59) feminino 61 (34) 288 (42) 349 (41) Nº Lesões cutâneas < 6 (PB) 59 (33) 126 (19) 185 (22) > 6 (MB) 121 (67) 552 (81) 673 (78) IB POSITIVO 93 (52) 403 (59) 496 (58) > 3 54 (30) 270 (40) 324 (38) Sorologia (ML Flow) POSITIVO 108 (60) 411 (61) 519 (60) + 4 46 (26) 225 (33) 271 (32) U-MDT-CT-BR Penna, G. O; Bührer-Sékula, S; Stefani, M. M; Rodrigues L.C.; Araujo, M. G; Ramos, A. M. C; Andrade, A. R. C; Costa, M.B.; Rosa, P.S.; Cruz, R; Gonçalves, H.S; Barreto M.L.; Pontes, M.A.A.P; Penna, M.L.F - Uniform multidrug therapy for leprosy patients in Brazil (U-MDT/CT-BR): Results of an open label, randomized and controlled clinical trial, among multibacillary patients - PLOS Neglected Tropical Diseases | https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0005725 July 13, 2017 QUEDA DO INDICE BACILOSCÓPICO U-MDT R-MDT Penna, G. O; Bührer-Sékula, S; Stefani, M. M; Rodrigues L.C.; Araujo, M. G; Ramos, A. M. C; Andrade, A. R. C; Costa, M.B.; Rosa, P.S.; Cruz, R; Gonçalves, H.S; Barreto M.L.; Pontes, M.A.A.P; Penna, M.L.F - Uniform multidrug therapy for leprosy patients in Brazil (U-MDT/CT-BR): Results of an open label, randomized and controlled clinical trial, among multibacillary patients - PLOS Neglected Tropical Diseases | https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0005725 July 13, 2017 0 365 730 1095 1460 1825 2190 DAYS 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 Cu m ul at ive P ro po rti on S ur viv in g RMDT UMDT Complete CensoredFREQUENCIA DE REAÇÕES Penna, G. O; Bührer-Sékula, S; Stefani, M. M; Rodrigues L.C.; Araujo, M. G; Ramos, A. M. C; Andrade, A. R. C; Costa, M.B.; Rosa, P.S.; Cruz, R; Gonçalves, H.S; Barreto M.L.; Pontes, M.A.A.P; Penna, M.L.F - Uniform multidrug therapy for leprosy patients in Brazil (U-MDT/CT-BR): Results of an open label, randomized and controlled clinical trial, among multibacillary patients - PLOS Neglected Tropical Diseases | https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0005725 July 13, 2017 0 365 730 1095 1460 1825 days 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 C um ul at iv e P ro po rti on W ith ou t D P RMDT UMDT Complete Censored PROGRESSÃO DE INCAPACIDADES QUEDA DA SOROLOGIA • Elimina erros de classificação • Menor tempo de tratamento – reduz abandono • Reduz efeitos adversos • Super-tratamento para PB • Sub-tratamento paraMB U-MDT (Esquema uniforme de tratamento) 6 doses de PQT/MB para todos os pacientes
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