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UNIVERSIDADE PAULISTA – CAMPUS FLAMBOYANT CURSO DE DIREITO LIDYANNE DOS SANTOS SILVA RA: C64320-3 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Da reabilitação GOIÂNIA 2017 UNIVERSIDADE PAULISTA – CAMPUS FLAMBOYANT CURSO DE DIREITO LIDYANNE DOS SANTOS SILVA RA: C64320-3 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Da prescrição penal Trabalho apresentado à coordenação do curso de Direito da Universidade Paulista – UNIP, campus Flamboyant, para obtenção de nota de NP2, sob a orientação do Professor Tito Amaral. GOIÂNIA 2017 SUMÁRIO Introdução ................................................................................................................... 4 1 Da Reabilitação ........................................................................................................ 5 2 Requisitos da reabilitação ........................................................................................ 6 3 Efeitos da reabilitação .............................................................................................. 7 4 Revogação da reabilitação ....................................................................................... 8 5 O artigo 202 da Lei de Execução Penal ................................................................... 9 Conclusão ................................................................................................................. 10 Referências .............................................................................................................. 11 4 INTRODUÇÃO Na atual situação de nossa sociedade, cada vez mais torna-se necessário o conhecimento de Direito penal, visto que a violência está presente praticamente o tempo todo, seja nos meios de comunicação, nas ruas, em casa, dentre outros. Através dos delitos, vêm a punibilidade, que deve fazer com o que o infrator responda pelo crime que cometeu. No entanto, com o instituto da punibilidade, surgem também as causas de extinção da punibilidade. No presente trabalho, será abordado o instituto da reabilitação penal, como causa de extinção da punibilidade. Será abordado o conceito de reabilitação, bem como sua natureza jurídica, os requisitos para que esta seja pedida e deferida, e os efeitos que causa (penais e extrapenais). Será analisada também a questão controversa: Art. 202 da LEP X Reabilitação. Considerando que o principal objetivo do sistema é “reabilitar” os infratores, torna-se extremamente importante este tema dentro de nosso ordenamento jurídico, visto que este instituto dá a causa e prevê essa reabilitação. Ademais, a reabilitação torna possível a reinserção do condenado à vida em sociedade, na medida que devolve os direitos que foram perdidos com a sentença. Essa reinserção é absolutamente necessária, no sentido de que o infrator possa ter uma vida normal, evitando-se assim, uma possível reincidência. No presente trabalho, iremos entender, um pouco mais a fundo, sobre a importância da reabilitação penal, em diversos aspectos. 5 1 DA REABILITAÇÃO No Brasil, o instituto da Reabilitação surgiu inicialmente no art. 86 do Código Penal de 1890, prevista como causa de extinção da condenação. Com o trânsito em julgado da revisão criminal, favorável ao réu, tinha ele automaticamente restabelecidos todos os seus direitos, bem como era garantida a indenização pelos prejuízos decorrentes da condenação. Atualmente, não há como se falar em reabilitação penal sem mencionar os seus objetivos, visto que estes integram o próprio conceito. Basicamente, o objetivo da reabilitação é restituir o condenado à situação anterior à condenação, principalmente no que se refere aos seus direitos e inserção social. Segundo Fernando Capez (2012, p 529): É a declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas as penas impostas ao sentenciado, que assegura o sigilo dos registros sobre o processo e atinge outros efeitos da condenação. É um direito do condenado, decorrente da presunção de aptidão social, erigida em seu favor, no momento em que o Estado, através do juiz, admite o seu contato com a sociedade.1 No tocante à legislação, o art. 93 do Código Penal brasileiro prevê: Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação. Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo.2 Portanto, a reabilitação é uma causa suspensiva de alguns efeitos secundários da condenação (conforme previstos no CP, art. 92) e dos registros criminais, ao contrário do que dispunha a lei anterior, que a considerava causa extintiva da punibilidade. Assim, justamente por não se tratar de causa extintiva da punibilidade é que é possível a revogação da reabilitação com o restabelecimento dos efeitos penais da condenação que foram suspensos. Como a reabilitação suspende alguns efeitos da condenação; portanto, só cabe a reabilitação em existindo sentença condenatória 1 Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 1, parte geral : (arts. 1º a 120). 16ª ed. — São Paulo: Saraiva, 2012. 2 BRASIL, Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em 14/05/2017. 6 com trânsito em julgado, cuja pena tenha sido executada ou esteja extinta. Nesse sentido, Capez (2012, p. 530) discorre: Não é possível falar em reabilitação em processo do qual decorra sentença absolutória; nas hipóteses de prescrição da pretensão punitiva, uma vez que extinta a própria ação, não há falar em pena, quanto mais em efeitos penais da condenação. A reabilitação também não se presta ao cancelamento de anotações referentes a inquérito arquivado, pois para tanto é cabível medida de natureza administrativa. Contudo, cabe a reabilitação na hipótese de se ter operado a prescrição da pretensão executória. 3 2 REQUISITOS DA REABILITAÇÃO Existem alguns requisitos que precisam, necessariamente, serem preenchidos para que haja a reabilitação, conforme está previsto no art. 94 do CP: Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado; III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários. 4 Com referência ao prazo, é o mesmo, seja o condenado primário ou reincidente. Nas hipóteses de sursis e de livramento condicional, o termo inicial do prazo é a audiência admonitória. Na pena de multa, o prazo se inicia a partir do seu efetivopagamento, pois esse ato enseja a sua extinção, ou então da data de sua prescrição da pretensão executória. Em se tratando de extinção da pena pela ocorrência da prescrição, a contagem do prazo tem início na data em que ocorreu a 3 Ibidem, p. 530. 4 BRASIL, Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em 14/05/2017. 7 causa extintiva da punibilidade, pouco importando o momento em que se deu o seu reconhecimento judicial. Se o agente ostentar diversas condenações, o pedido de reabilitação deve ser formulado no tocante a todas elas. Não pode se limitar somente a parcela das penas, em razão de as demais ainda não terem sido integralmente cumpridas ou extintas por qualquer outra causa. A reabilitação tem por essência a totalidade de seus efeitos, proporcionando a plena reinserção social do condenado. Cleber Masson (2014, p. 775) ensina: Duas ou mais as penas impostas, a reabilitação não pode ser deferida, enquanto não preenchida a condição do cumprimento de todas elas. É da índole e da finalidade do instituto ser de efeitos totais, gerais. Do mesmo modo que não se compreenderia uma reabilitação em porções, não se justifica uma reabilitação que anule umas penas, deixando outras de pé. Teríamos o penoso espetáculo de um reabilitado manco, para quem a reabilitação, afinal, seria uma irrisória inutilidade, por lhe não haver restituído, senão em parte, a liberdade de ação, quando, no seu caso, ou toda ou nenhuma.5 No tocante ao prazo, o Código de Processo Penal ainda prevê (em caso de condenado ou reincidente), em seu artigo 743: Art. 743. A reabilitação será requerida ao juiz da condenação, após o decurso de quatro ou oito anos, pelo menos, conforme se trate de condenado ou reincidente, contados do dia em que houver terminado a execução da pena principal ou da medida de segurança detentiva, devendo o requerente indicar as comarcas em que haja residido durante aquele tempo.6 3 EFEITOS DA REABILITAÇÃO O art. 92 do Código Penal prevê os efeitos da condenação, que são extintos quando é concedida a reabilitação. O primeiro efeito da reabilitação é o sigilo sobre o processo e a condenação, quando é assegurado o sigilo dos registros criminais do reabilitado, que não serão mais objeto de folhas de antecedentes ou certidões dos cartórios. 5 MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado, Parte geral. 8.ª – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. 6 BRASIL, Decreto-lei N° 3.689, de 3 de outubro de 1941, Código de Processo Penal. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm>. Acesso em 13/05/2017. 8 O segundo efeito da reabilitação é a suspensão dos efeitos extrapenais específicos, que é a suspensa a perda do cargo ou função pública, a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela e a inabilitação para dirigir veículo. A lei, contudo, veda a recondução ao cargo (exige-se novo concurso) e a recuperação do pátrio poder, ficando a consequência da reabilitação limitada à volta da habilitação para dirigir veículo. A recuperação dos direitos atingidos como efeito extrapenal específico da condenação é a razão mais importante da existência do instituto da reabilitação, tanto que, para alguns doutrinadores, a reabilitação criminal possui natureza jurídica de causa suspensiva de alguns efeitos secundários da condenação. 4 REVOGAÇÃO DA REABILITAÇÃO O art. 95 do Código Penal determina que a reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, reincidente, por decisão definitiva, a pena q u e não seja a de multa. Conforme observado por Rogério Greco (2015, p. 781), são dois os requisitos que permitem a revogação da reabilitação: a) A condenação transitada em julgado posterior deve ser à pena privativa de liberdade; b) a condenação deve se dar com o reconhecimento de que o reabilitado é reincidente. O fato pelo qual o reabilitado será condenado deverá, portanto, ter ocorrido após o trânsito em julgado da sentença penal que o condenou pelo crime anterior (art. 63, do CP). Se, todavia, tiver transcorrido cinco anos entre a data do cumprimento da pena anterior ou da sua extinção e o fato novo, computado nesse tempo o período de prova do sursis e do livramento condicional, não se falará igualmente em reincidência.7 É indispensável ainda que tenha sido aplicada na sentença pena que não seja de multa, no caso, privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Não podia falar em aplicação da pena restritiva de direitos porque, pela lei anterior, ao condenado reincidente não se podia substituir a pena privativa de liberdade por outra. Entretanto, com as disposições introduzidas pela Lei n. 9.714/98, até o reincidente, desde que não o seja em crime doloso, pode beneficiar-se com a substituição por pena restritiva de direitos ou multa (art. 44,§ 3º, do CP). 7 Greco, Rogério. Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro : lmpetus, 2015 . 9 5 O ART. 202 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL Existe uma divergência entre diversos doutrinadores, no tocante ao instituto da reabilitação, que consideram que o art. 202 da Lei de Execução Penal já faz as vezes no sentido de reabilitar, conforme se vê: Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei. Nesse sentido, Andre Estefam (2016, p. 657) discorre: Por qual razão, então, o condenado iria requerer a reabilitação, se este dispositivo garante o sigilo logo após o cumprimento ou extinção da pena e de forma automática, enquanto o deferimento da reabilitação exige o decurso do prazo de 2 anos após referida extinção ou cumprimento e pressupõe o preenchimento de diversos requisitos? A resposta é simples. O deferimento da reabilitação faz com que a condenação anterior só possa constar de certidões por força de ordem judicial (art. 748 do CPP), enquanto o sigilo descrito no art. 202 da Lei de Execuções Penais assegura apenas a certidão sem registros quando solicitada pelo condenado, podendo, contudo, haver menção aos antecedentes quando for solicitada por autoridade policial, por órgão do Ministério Público, ou, ainda, para fim de concursos públicos, uma vez que a parte final do referido art. 202 prevê a possibilidade da quebra do sigilo em outros casos expressos em lei.8 Ainda não há um entendimento formal sobre esta discussão, ainda que muitos doutrinadores e magistrados manifestem opiniões. Alguns entendem que o artigo 202 da LEP, sendo ela uma Lei Especial, não só prevalece sobre o Código Penal, como também é uma lei mais benéfica ao acusado “Novatio Legis in Mellius”, que tem seu respaldo pelo artigo 5º, XL da CF. Porém vale ressaltar que a LEP não revogou o instituto da reabilitação por completo, ele apenas dá a garantia de que não constarão em registros e folhas corridas a sua condenação e para tal não seria necessário preencher os requisitos da reabilitação do artigo 94 do CP. 8 ESTEFAM, André. Direito penal esquematizado: parte geral – 5. Edição – São Paulo: Saraiva, 2016. 10 CONCLUSÃO Perante de um tema tão interessante, complexo, e simultaneamente simples, há diversas conclusões que se pode formar: inicialmente, pode-se dizer que a reabilitação é um institutode direito material, de extrema importância para a reinserção social, que consequentemente, evitará de alguma forma, a reincidência. Nesse sentido, fica claro que a reabilitação tem o intuito de evitar a violência, de modo indireto. Ademais, o principal objetivo da reabilitação é preservar os direitos fundamentais inerentes ao homem por sua condição de humano, sendo a dignidade da pessoa humana um princípio fundamental que não se pode renunciar ou vender. Sabemos que, em nossa sociedade, há discriminação em relação àquele que já foi preso, principalmente se comparando este com o cidadão que jamais foi submetido a prisão, os primeiros são vistos em situação de inferioridade. A reabilitação criminal é um importante instrumento para ressocialização, ainda que, o sistema penitenciário brasileiro necessite, imediatamente, de uma reestruturação voltada para a humanização. Sendo assim, conclui que não fornecer meios para garantir cidadania àqueles que saem das prisões, estimula, ainda mais, a violência e a discriminação. Fica claro então, que o tema do presente trabalho é mais do que apenas o conhecimento de uma área do Direito penal: é tema de interesse da sociedade como um todo, pois a igualdade depende de um maior esclarecimento da população, a educação é a base de uma sociedade organizada. 11 REFERÊNCIAS BRASIL, Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em 14/05/2017. BRASIL, Decreto-lei n° 3.689, de 3 de outubro de 1941, Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/Del3689Compilado.htm>. Acesso em 13/05/2017. CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume 1, parte geral : (arts. 1º a 120). 16ª ed. — São Paulo : Saraiva, 2012. ESTEFAM, André. Direito penal esquematizado: parte geral – 5. Edição – São Paulo: Saraiva, 2016. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro : lmpetus, 2015 . MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado, Parte geral. 8.ª – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.
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