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Prática Simulada V - 5 - Ação Popular

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5) AÇÃO POPULAR
	
	A Ação Popular é considerada como remédio constitucional na proteção do patrimônio público, conforme previsto no artigo 5º, LXXIII, da CRFB: “anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural”. A Ação Popular é regulamentada pela Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, cujo artigo 1º, caput e § 1º, traz a finalidade da Ação Popular, bem como o que se considera patrimônio Público.
Legitimidade Ativa e Legitimidade Passiva
	O legitimado para a propositura da ação popular é o cidadão, conforme se depreende da leitura do artigo 5º, LXXIII, da CRFB/88 e do artigo 1º, § 3º, da Lei nº 4.717/65, comprovando-se a cidadania pelo alistamento eleitoral.
	Segundo Alexandre de Moraes:
Somente o cidadão, seja o brasileiro nato ou naturalizado, inclusive aquele entre 16 e 18 anos, e ainda, o português equiparado, no gozo de seus direitos políticos, possuem legitimação constitucional para a propositura da ação popular. A comprovação da legitimidade será feita com a juntada do título de eleitor (brasileiros) ou do certificado de equiparação e gozo dos direitos civis e políticos e título de eleitor (português equiparado).
	A Lei nº 4.717/65 em seu artigo 6º, § 5º, prevê a faculdade de qualquer cidadão, que comprove essa qualidade (alistamento eleitoral), habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação.
Atenção
	Não terão legitimidade ativa aquelas pessoas que estejam com seus direitos políticos suspensos ou perdidos (artigo 15 da CF/88), assim como os previstos no artigo 14, § 2º, CF/88, ou seja, os estrangeiros (que não podem se alistar como eleitores) e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos (alistados, recrutados).
	Os legitimados passivos, por seu turno, serão os envolvidos com o ato lesivo, conforme preceituam os artigos 6º, caput, e 1º, caput, da Lei de Ação Popular, in verbis:
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo.
	Em grande parte dos casos, diante do ato lesivo praticado, haverá litisconsórcio passivo necessário, no qual figurarão como réus, o Poder Público e os agentes que determinaram ou celebraram o ato objeto de impugnação pela Ação Popular, e sendo o caso, também os que, eventualmente, se beneficiaram com a prática do ato lesivo.
Competência
	O artigo 5º da Lei nº 4.717/65 disciplina a questão, deixando a cargo da organização judiciária de cada Estado-membro ou Distrito Federal a fixação da competência, levando-se em conta, por óbvio, a origem do ato impugnado, os participantes da Ação Popular como autor, réu ou interessado, e o interesse do ente que sofreu a lesão.
	Cabe destacar o artigo 5º, § 2º, da Lei nº 4.717/65 que estabelece a competência da Justiça Federal (artigo 109, da CRFB/88) para as causas em que houver interesse simultâneo da União e de qualquer outra pessoa ou entidade no âmbito federal; assim como, o juiz competente para as causas do Estado será o competente se houver interesse simultâneo do Estado e Município. Lembrando que a propositura da ação prevenirá o juízo para todas as ações posteriormente intentadas (artigo 5º, § 3º, da Lei nº. 4.717/65).
Observações
	A petição inicial atenderá aos requisitos genéricos dos artigos 319 e 320, e ainda artigo 106, todos do novo Código de Processo Civil (CPC — Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), assim como a prova documental de cidadania (artigo 1º, § 3º, da Lei nº 4.717/65).
	Cabe observar que o rito em que tramitará a Ação Popular é o rito comum ordinário, estabelecido pelo artigo 7º da Lei nº 4.717/65, sendo certo que com o novo CPC (Lei nº 13.105/2015), seguirá o procedimento comum previsto no artigo 319 da nova lei, observando as normas modificativas da lei própria de Ação Popular.
	Com a citação dos réus, o prazo para resposta será de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte) dias, contados da juntada do mandado cumprido ou do prazo final do edital, na forma do artigo 7º, IV, da Lei nº. 4.717/65, prorrogação essa, que se dará se houver requerimento por parte do interessado e se presentes os demais requisitos constantes do inciso.
	O Ministério Público atuará como custos legis, podendo requisitar às entidades indicadas na petição inicial documentos necessários ao bom andamento da causa, ou que foram negados ao autor sob a alegação de sigilo.
	A sentença proferida nos autos da Ação Popular, considerando o interesse e direitos transindividuais, fará coisa julgada com efeitos erga omnes (oponível a todos), ressalvado o caso de improcedência por deficiência de prova, caso em que poderá ser proposta nova ação por qualquer cidadão, valendo-se de novas provas, é o que preceitua o artigo 18 da Lei nº 4.717/65.
	Vale ressaltar que, não promovida a execução do julgado na Ação Popular, no prazo de 60 (sessenta) dias, pelo autor ou por terceiro, caberá ao representante do Ministério Público promovê-la nos 30 (trinta) dias seguintes, por determinação do artigo 16, da Lei nº 4.717/65, sob pena de se considerar falta grave.
	Por fim, cabe destacar que é possível o pedido de medida liminar em Ação Popular, sendo seus requisitos o fumus boni iuris e o periculum in mora, conforme previsão expressa do artigo 5º, § 4º, da Lei nº 4.717/65.
Atenção

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