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VANTAGENS E DESVANTAGENS EM TER O GOVERNO COMO PRINCIPAL FONTE DE RECEITA PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

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VANTAGENS E DESVANTAGENS EM TER O GOVERNO COMO 
PRINCIPAL FONTE DE RECEITA PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 
 
 
 
 
 
 
ISMAEL PEREIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2018 
 
 
ISMAEL PEREIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VANTAGENS E DESVANTAGENS EM TER O GOVERNO COMO 
PRINCIPAL FONTE DE RECEITA PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 
 
 
Trabalho Final 
apresentado à 
Faculdade AIEC, como 
requisito parcial para 
conclusão do Tecnólogo 
Gestão Financeira 
 
 
Orientador: Professor: Bento de Matos Félix 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Quem observa o vento, nunca semeará, e o 
que olha para as nuvens nunca segará." 
Eclesiastes capítulo 11, versículo 4 
 
 
RESUMO 
 
A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa concedeu algumas vantagens para que 
as companhias desse porte gozem de privilégios quando da participação no processo de 
compras públicas, as chamadas licitações. Entretanto, considerando as inconstâncias 
políticas e econômicas pelas quais passam nosso país, até que ponto é interessante ter nas 
compras públicas se não a única, a principal fonte de receita? O objetivo deste trabalho 
visa identificar as vantagens e desvantagens dessa estratégia. 
 
Palavras-Chave: Licitação. Lance. Pregão. Compras públicas. LC 123/2006. Micro e 
pequena empresa. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The General Law of Micro and Small Enterprises granted some advantages to 
companies of this size to enjoy privileges when participating in the public procurement 
process, the so-called bids. However, considering the political and economic 
inconsistencies that our country is passing through, how interesting is it to have in public 
purchases if not the only one, the main source of revenue? The objective of this work is 
to identify the advantages and disadvantages of this strategy. 
 
Keywords: Bidding. Bid. Auction. Public procurement. LC 123/2006. Micro and small 
business. 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
BEC - Bolsa Eletrônica de Compras 
CNPJ - Cadastro nacional de pessoa jurídica 
EPP - Empresa de pequeno porte 
IN - Instrução normativa 
LC - Lei complementar 
LTDA - Limitada 
ME - Microempresa 
MPE - Micro e pequena empresa 
MPEs - Micro e pequenas empresas 
RDC - Regime diferenciado de contratações públicas 
TCE - Tribunal de Contas do Estado 
TCU - Tribunal de Contas da União 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 9 
2. MICRO E PEQUENAS EMPRESAS EM NÚMEROS ............................................................ 11 
3. COMPRAS GOVERNAMENTAIS EM NÚMEROS ............................................................... 12 
4. LEI GERAL DA MICRO E PEQUENA EMPRESA ............................................................... 13 
4.1 REGIME TRIBUTÁRIO SIMPLES NACIONAL: UMA VANTAGEM? ....................................................... 13 
4.2 DESBUROCRATIZAÇÃO NA LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA ....................................................................... 15 
4.3 SIMPLIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E NO ACESSO AO PODER JUDICIÁRIO ................. 16 
4.4 PRIVILÉGIOS PARA PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO DE AQUISIÇÕES PÚBLICAS: EMPATE FICTO ........... 17 
4.5 PRIVILÉGIOS PARA PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO DE AQUISIÇÕES PÚBLICAS: DA REAPRESENTAÇÃO 
DA DOCUMENTAÇÃO FISCAL E TRABALHISTA IRREGULAR E PRIVILÉGIOS PARA PARTICIPAÇÃO NO 
PROCESSO DE AQUISIÇÕES PÚBLICAS ....................................................................................................... 18 
4.6 DA EXCLUSIVIDADE DE PROCESSO LICITATÓRIO PARA MPE CUJO VALOR SEJA DE ATÉ R$ 80 MIL 18 
4.7 DECRETO Nº 8.538/15 TRATAMENTO FAVORECIDO, DIFERENCIADO E SIMPLIFICADO NO ÂMBITO DA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL ........................................................................................................ 19 
5. LICITAÇÕES: LEIS, DECRETOS E INSTRUÇÃO NORMATIVA...................................... 21 
5.1 PRINCÍPIOS QUE REGEM AS LICITAÇÕES PÚBLICAS ......................................................................... 23 
5.2 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ........................................................................................................... 23 
5.3 PRINCÍPIO IMPESSOALIDADE ......................................................................................................... 23 
5.4 PRINCÍPIO DA MORALIDADE .......................................................................................................... 24 
5.5 PRINCÍPIO DA ISONOMIA ............................................................................................................... 24 
5.6 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE .......................................................................................................... 24 
5.7 PRINCÍPIO DA PROBIDADE ADMINISTRATIVA ................................................................................. 24 
5.8 PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO .................................................... 25 
5.9 PRINCÍPIO DO JULGAMENTO OBJETIVO .......................................................................................... 25 
5.10 PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE .............................................................................................. 25 
6. MODALIDADES DE LICITAÇÃO ......................................................................................... 26 
6.1 CONCORRÊNCIA ............................................................................................................................ 26 
6.2 TOMADA DE PREÇOS ...................................................................................................................... 26 
6.3 CONVITE ....................................................................................................................................... 26 
6.4 CONCURSO .................................................................................................................................... 26 
6.5 LEILÃO .......................................................................................................................................... 26 
6.6 PREGÃO ......................................................................................................................................... 27 
7. POSSÍVEIS IRREGULARIDADES NOS PROCEDIMENTOS LICITATÓRIOS E A 
IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE EXTERNO ........................... 29 
7.1 PEDIR ESCLARECIMENTOS ............................................................................................................. 29 
7.2 IMPUGNAR O EDITAL .................................................................................................................... 29 
7.3 APRESENTAR RECURSO ADMINISTRATIVO .................................................................................... 30 
7.4 DO DIREITO DE PETIÇÃO – ART. 5º, XXXIV, ‘A’ DA CR ................................................................. 30 
7.5 REPRESENTAÇÃO OU DENÚNCIA NOS ÓRGÃOS DE CONTROLE EXTERNO E MINISTÉRIO PÚBLICO ..... 31 
8. CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO DE MPES NAS COMPRAS GOVERNAMENTAIS ... 36 
8.1 HABILITAÇÃO JURÍDICA ................................................................................................................. 36 
8.2 REGULARIDADE FISCALE TRABALHISTA ....................................................................................... 36 
8.3 QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA ...................................................................................... 36 
8.4 QUALIFICAÇÃO TÉCNICA ................................................................................................................ 36 
9. COMO FUNCIONA NA PRÁTICA ......................................................................................... 39 
9.1 SISTEMAS DE MONITORAMENTO ONLINE DE LICITAÇÕES ............................................................... 39 
9.2 ANEXOS QUE COMPÕEM UM EDITAL DE LICITAÇÃO ........................................................................ 40 
 
 
9.3 LINKS PARA CURSOS E INFORMAÇÕES SOBRE LICITAÇÃO, EMPREENDEDORISMO, ADMINISTRAÇÃO, 
ENTRE OUTROS ....................................................................................................................................... 40 
9.4 GARANTIAS DE CONTRATO E DE PROPOSTA ................................................................................... 42 
9.5 ORDEM CRONOLÓGICA DE PAGAMENTOS – PRIORIDADE NO RECEBIMENTO .................................. 45 
9.6 CÉDULA DE CRÉDITO MICROEMPRESARIAL – UMA PROMESSA ....................................................... 46 
9.7 DO ACESSO AO CRÉDITO PARA FINANCIAMENTO OU CAPITAL DE GIRO .......................................... 48 
9.8 AS SANÇÕES NOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS E ACORDOS DE NÍVEIS DE SERVIÇO.................... 48 
9.9 ACORDOS DE NÍVEIS DE SERVIÇO – ANS/SLA ............................................................................... 49 
9.10 CONCESSÕES NA EXECUÇÃO CONTRATUAL ............................................................................... 50 
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 52 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 54 
 
 
9 
 
1. INTRODUÇÃO 
As micro e pequenas empresas são as que mais contribuem para que o país enfrente o 
seu maior problema social: o desemprego. Dos 72 milhões de brasileiros que trabalham 
para o setor privado, 70% (50,7 milhões) são pessoas que sobrevivem com rendimentos 
obtidos por empreendimentos de menor porte, segundo levantamento do Serviço 
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, com base em dados e 
pesquisas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do 
Trabalho, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Departamento 
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, entre outrosi. 
Pelo fato de o fundador estar diretamente envolvido no dia a dia do negócio, são estes 
empreendimentos que mais demoram a demitir em períodos de dificuldades. 
Provavelmente, para uma micro ou pequena empresa a máxima de que a razão de existir 
esteja além de dar lucro seja mais verdadeira do que nunca. Se acreditamos na excelência 
como meio de realização do indivíduo, o exercício profissional, seja para o empreendedor 
ou para aqueles com quem trabalham, é um dos campos mais importantes em que se pode 
dar essa busca e o exercício que a ela conduz. 
Como bem destacou Susan David, no livro Agilidade Emocional: abra sua mente, 
aceite as mudanças e prospere no trabalho e na vidaii: 
 
O trabalho oferece bem mais do que um vale-refeição. Ele pode nos conferir 
um sentimento de identidade e propósito, bem como uma estrutura ao redor da 
qual organizamos nossas outras atividades e interesses. O trabalho também 
pode proporcionar substanciais benefícios para a saúde mental. A menos que 
substituam o emprego por novas atividades envolventes, os trabalhadores 
aposentados correm o risco de sofrer um acelerado declínio cognitivo. 
 
Contudo, a despeito da abnegação da maioria dos empreendedores das micro e 
pequenas empresas, considerando apenas o Estado de São Paulo, a taxa de sobrevivência 
das companhias deste porte é de aproximadamente 76% (setenta e seis porcento), ou seja, 
aproximadamente 1 (uma) em cada 4 (quatro) empresas registradas no CNPJ fecha antes 
de completar 2 (dois) anos no mercado. 
Qual seria a alternativa para as MPEs em tempos de crise ou quando não possuem um 
diferencial competitivo que as faça se destacar das empresas de outros portes? 
Diferentemente das médias e grandes empresas que gozam de crédito nas principais 
instituições financeiras do país e até recursos de fundos de private equityiii, as MPEs 
dependem quase sempre de empréstimos subsidiados para fazer frente as necessidades 
10 
 
das suas operações, seja para compra de equipamentos, renovação do parque industrial e, 
não menos importante, capital de giro. 
Para ser relevante no acirrado mercado privado, as empresas precisam ser robustas, 
ou seja, ter infraestrutura disponível (predial, máquinas, equipamentos, sistemas, etc.) 
além de capital humano extremamente capacitado para poder fazer frente às exigências 
das organizações, sejam elas privadas ou públicas, e, não menos importante, investir em 
marketing, porque, empresas que nunca fazem propaganda tendem a ser esquecidas, por 
melhores que sejam, por melhor que atendam, por melhores produtos e/ou serviços que 
possuam. 
A Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de 2006, que instituiu o Estatuto 
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno porte, concedeu tratamento 
diferenciado e simplificado às micro e pequenas empresas nas compras governamentais, 
permitindo com que as empresas enquadradas nestes portes pudessem participar de 
licitações com vantagens em relação às empresas de médio e grande porte. 
Todavia, seria plausível ter como único e principal cliente a esfera pública, seja ela 
federal, estadual, municipal e, também, as autarquias e empresas paraestatais, é uma 
estratégia interessante para as micro e pequenas empresas? Quais são as vantagens e 
desvantagens de dedicar boa parte do esforço para este segmento da economia? 
Este trabalho tem como objetivo identificar os pontos fortes e fracos desta 
estratégia, bem como discorrer acerca das vantagens e desvantagens de se ter nas compras 
públicas, mais conhecidas como licitações, se não a única, a principal fonte de receita de 
uma micro ou pequena empresa, a despeito das benesses previstas na lei, considerando as 
inconstâncias políticas e econômicas pelas quais passa o nosso país. 
 
 
 
 
 
11 
 
2. MICRO E PEQUENAS EMPRESAS EM NÚMEROS 
Em estudo feito pelo Sebraeiv, constatou-se que no período de 2006-2016, a 
participação de micro e pequenas empresas no estoque de emprego no país cresceu de 
53,5% para 54,5%. Em dez anos, houve um aumento de 1,1 milhão de pequenos negócios 
no Brasil, o que representa crescimento de 21,9% no número de empresas, responsáveis 
pela geração de mais cinco milhões de novos empregos. Em consequência, em 2016, 
chegou a 16,9 milhões o total de postos de trabalho nas empresas de pequeno porte. 
Em outra pesquisa realizada pelo Sebrae/SPv, constatou-se que as micro e pequenas 
empresas são mais preponderantes no setor de serviços (41%), seguido de comércio 
(37%) e indústria (12%) e que representam 98% de participação na economia do Estado 
de São Paulo, com uma receita estimada em 2017 na ordem de R$ 635,9 bilhões e 50% 
dos empregos. O percentual de demissões nos pequenos negócios foi proporcionalmente 
menor do que nas médias e grandes empresas. Na crise econômica, enquanto as MPEs 
perderam 300 mil trabalhadores, entre 2014 e 2015, e 600 mil, de 2015 para 2016, nas 
médias e grandes empresas essa perda foi bem maior: de 1,1 milhão e de 900 mil, 
respectivamente.O número de micro e pequenas empresas cresceu no Brasil nos últimos anos, mesmo 
com a crise iniciada em 2016. Nesse contexto, as MPEs foram responsáveis por evitar 
uma redução ainda maior do nível de emprego do país. Essas são algumas conclusões que 
constam do Anuário do Trabalho nos Pequenos Negócios, elaborado pelo Sebrae, a partir 
de informações do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos 
(Dieese). 
 
12 
 
3. COMPRAS GOVERNAMENTAIS EM NÚMEROS 
Com 426 empresas controladas pelas três esferas do governo, o Brasil é o segundo 
país em número de estatais, atrás apenas da China, de acordo com um levantamento feito 
pelo Observatório das Estatais, da Fundação Getúlio Vargas. Apenas sob o comando da 
União existem 146 companhias. 
Desta forma, a Administração Pública é a maior compradora de produtos e serviços 
do Brasil. O Painel de Compras do Governo Federalvi, uma ferramenta que apresenta em 
um só local os principais números das contratações públicas e que tem por finalidade 
oferecer um panorama dos gastos públicos e do comportamento licitatório no âmbito da 
Administração Pública Federal, com base em consulta realizada em 01/10/2018 às 16h45, 
apresentou os seguintes números: 
• Valor total dos processos de compras: R$ 25.956.020.642,83 
• Quantidade dos processos de compras: 58.720 
Desse total, 50,48% são de compras com participação de MPEs, das quais 15,19% 
foram homologadas para MPEs. 
Já a Rede Nacional de Compras Públicasvii, portal que reúne os principais sistemas de 
compras governamentais tais como ComprasNet, BEC São Paulo e Licitações Caixa, 
exibiu as seguintes informações: 
• número de processos de licitação lançados: 54.702 
• fornecedores participantes: 52.167 
• fornecedores vencedores: 38.787 
• total homologado: R$ 39,24 bi 
• participação de MPEs nas licitações (concorridos): 27.060 
• participação de MPEs nas licitações (vencidos): 16.862 
É possível constatar que a participação de micro e pequenas empresas foi semelhante 
ao percentual obtido por meio do Painel de Compras do Governo Federal. Isto posto, resta 
indubitável que a LC 123/2006 estimulou sobremaneira a participação das micro e 
pequenas empresas tanto na economia como na geração de emprego e renda, permitindo 
que estas usufruam de condições diferenciadas nas compras públicas, aumentando as 
chances de serem contratadas e, consequentemente, garantindo a sua perpetuidade. 
 
13 
 
4. LEI GERAL DA MICRO E PEQUENA EMPRESA 
Considerando a importância das MPEs no cenário econômico nacional, não é de se 
admirar que o legislador, por meio da Lei Complementar 123/2006, que instituiu o 
Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, com alterações 
introduzidas pelas Leis Complementares 147/2014 e 155/2016, garantiu algumas 
vantagens às micro e pequenas empresas quando da sua participação nas compras 
governamentais, tais como: 
a) regime tributário diferenciado e favorecido; 
b) desburocratização na legislação societária; 
c) simplificação das obrigações trabalhistas e no acesso ao Poder Judiciário; e 
d) privilégios para participação no processo de aquisições públicas. 
Seu objetivo é fomentar o desenvolvimento e a competitividade da micro e pequena 
empresa e do microempreendedor individual, como estratégia de geração de emprego, 
distribuição de renda, inclusão social, redução da informalidade e fortalecimento da 
economia. 
O Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte provém do princípio da 
isonomia. É como nos ringues de luta onde cada lutador compete com outro de mesma 
categoria visto que seria injusto um peso-pesado lutar com um peso-pena. Desta forma é 
possível perceber que o Estatuto das MPEs se trata de justiça e não de privilégioviii. 
A Lei Complementar 155/2016 alterou, entre outras coisas, o limite de faturamento 
para enquadramento como micro ou pequena empresa. Antes, por exemplo, uma empresa 
de pequeno podia faturar no máximo R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) 
ao ano e agora pode faturar até R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) 
ao ano. 
4.1 Regime tributário Simples Nacional: uma vantagem? 
No Brasil existem não menos que 100 tributos, entre taxas, contribuições e impostos. 
Calculá-los adequadamente de modo a minimizar o risco de autuações e multas, se já é 
uma tarefa dantesca para as médias e grandes empresas, imagine para as MPEs. 
Com o intuito de simplificar a arrecadação de tributos pelas micros e pequenas 
empresas, foi criado o Simples Nacional, um regime tributário diferenciado, simplificado 
e favorecido previsto na Lei Complementar 123/2006. É um regime de arrecadação, 
14 
 
cobrança e fiscalização de impostos que unifica oito impostos municipais, estaduais e 
federais em uma só guia de pagamento: 
1. Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ). 
2. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). 
3. Contribuição para o Programa de Integração e de Formação do Patrimônio do 
Servidor Público (PIS/Pasep). 
4. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). 
5. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). 
6. Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre 
prestação de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e os de 
comunicação (ICMS). 
7. Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS). 
8. Contribuição Previdenciária Patronal (CPP). 
Segundo o Sebrae, a redução da carga tributária pode chegar a 80%, além de isenção 
de diversas contribuições. Quanto menor a empresa, maior o benefício. 
Para o ingresso no Simples Nacional é necessário cumprir as seguintes condições: 
1. enquadrar-se na definição de microempresa ou de empresa de pequeno porte; 
2. cumprir os requisitos previstos na legislação; e 
3. formalizar a opção pelo Simples Nacional. 
A escolha do regime tributário Simples Nacional é facultativa, mas, uma vez feita a 
adesão, ela é irretratável para todo o ano-calendário. Ou seja: se a MPE optar por este 
regime no início do ano e, na metade do ano perceber que não foi a melhor decisão, não 
poderá voltar atrás e escolher outro regime como lucro presumido ou lucro real. Deverá 
esperar o próximo ano para definir o novo regime tributário da companhia. 
Isto posto, é extremamente prudente contratar uma assessoria contábil e tributária para 
ter a convicção de que o Simples Nacional é o regime adequado, uma vez que, 
contrariando o senso comum, nem sempre o mais simples é o mais barato. 
Isso porque a empresa optante pelo regime tributário Simples Nacional não poderá, 
por exemplo, abater os prejuízos acumulados, tampouco deduzir da base de cálculo do 
imposto de renda as despesas relativas a depreciação dos bens ativos e imobilizados com 
base na expectativa de sua vida útil. 
15 
 
E, pensando bem, qual é a chance de uma empresa dar prejuízo nos primeiros anos de 
existência? É muito grande. Considerando isto, é prudente o empresário da MPE 
considerar a possibilidade do enquadramento no regime tributário lucro real que, ao 
contrário dos que muitos pensam, não é o regime tributário mais fiscalizado pela Receita 
Federal do Brasil. A contabilidade e a mecânica são mais complexas. No entanto, há 
aproveitamento de créditos e compensação de prejuízos. 
Importante salientar também que a empresa optante pelo regime de tributação Simples 
Nacional e que porventura venha a prestar serviços que envolvam a cessão de mão de 
obra (terceirização), caso vencedora do certame, deverá solicitar obrigatoriamente e 
comprovar a exclusão do Simples Nacional a contar do mês seguinte ao da assinatura do 
contrato, sob pena de ter o contrato rescindido, caso esta exigência nãoseja atendida, 
conforme os artigos 17, inciso XII, 30, inciso II, 31, da Lei Complementar nº 123, de 14 
de dezembro de 2006 e dos Acórdãos nº 2798/2010 e 797/2011, ambos do TCU-Plenário, 
os quais determinam que não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do 
Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte que realize cessão ou 
locação de mão de obra. 
Deve também o empresário da MPE ficar atento aos benefícios fiscais relacionados 
ao seu ramo de atuação. Para o setor de Tecnologia da Informação e Atividades de 
Teleatendimento, por exemplo, a alíquota do ISS em alguns municípios é a mínima, ou 
seja, 2% (dois por cento) e a Contribuição Previdenciária Patronal – INSS pode ser 
substituída pela Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta – CPRB, que foi 
instituída pela Medida Provisória 540, de 2 de agosto de 2011 e posteriormente convertida 
na Lei 12.546, de 14 de dezembro de 2011. São detalhes importantíssimos e que podem 
fazer toda a diferença entre ganhar ou perder uma licitação, considerando que as disputas 
são acirradas e as margens de lucro, por consequência, extremamente apertadas. 
4.2 desburocratização na legislação societária 
O registro e a legalização de empresas e negócios no Brasil têm marcas históricas de 
morosidade e de excesso de burocracia. Tomando por base o relatório produzido pelo 
Fórum Econômico Mundial (FEM), o Brasil ocupa o 53º lugar de um total de 142 países, 
enquanto no relatório produzido pelo Banco Mundial (2013), o país ocupa a posição de 
número 130, de um total de 185 analisados. 
A LC 123/2006 instituiu o Comitê Gestor da RedeSim (CGSIM), vinculado ao 
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), para tratar da 
16 
 
racionalização e da simplificação do processo de registro e legalização de empresários e 
de pessoas jurídicas. 
Pela RedeSim, num mesmo sistema é possível abrir e fechar empresas, além de 
resolver perrengues comuns a muitos negócios, como obtenção de alvará do Corpo de 
Bombeiros, licenciamento ambiental e certificado da vigilância sanitária. Mas, apesar de 
eficaz, o sistema está em apenas 66% dos municípios brasileirosix. 
4.3 Simplificação das obrigações trabalhistas e no acesso ao Poder Judiciário 
Fato é que as relações de trabalho no Brasil são tão ou mais complexas que o 
sistema tributário. O Brasil é um dos únicos países que possui Justiça do Trabalho e a 
quantidade de obrigações que uma empresa, independente do porte tem que seguir, por 
vezes, a torna lenta e não raras vezes faz demover do intuito de empreender até o mais 
sonhador dos intrépidos. 
Quanto às obrigações trabalhistas, do acesso à justiça do trabalho e da fiscalização, 
o legislador, por meio da LC 123/2006 assim determinou: 
 
Art. 51. As microempresas e as empresas de pequeno porte são dispensadas: 
I - da afixação de Quadro de Trabalho em suas dependências; 
II - da anotação das férias dos empregados nos respectivos livros ou fichas de 
registro; 
III - de empregar e matricular seus aprendizes nos cursos dos Serviços 
Nacionais de Aprendizagem; 
IV - da posse do livro intitulado “Inspeção do Trabalho”; e 
V - de comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego a concessão de férias 
coletivas. 
 
Art. 54. É facultado ao empregador de microempresa ou de empresa de 
pequeno porte fazer-se substituir ou representar perante a Justiça do Trabalho 
por terceiros que conheçam dos fatos, ainda que não possuam vínculo 
trabalhista ou societário. 
 
Art. 55. A fiscalização, no que se refere aos aspectos trabalhista, metrológico, 
sanitário, ambiental, de segurança, de relações de consumo e de uso e ocupação 
do solo das microempresas e das empresas de pequeno porte, deverá ser 
prioritariamente orientadora quando a atividade ou situação, por sua natureza, 
comportar grau de risco compatível com esse procedimento. 
§ 6º A inobservância do critério de dupla visita implica nulidade do auto de 
infração lavrado sem cumprimento ao disposto neste artigo, 
independentemente da natureza principal ou acessória da obrigação. 
§ 8º A inobservância do disposto no caput deste artigo implica atentado aos 
direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional da atividade 
empresarial. 
 
17 
 
4.4 Privilégios para participação no processo de aquisições públicas: empate 
ficto 
Nas licitações está assegurada, como critério de desempate, preferência de 
contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte. Nos arts. 44 e 45 da LC 
123/2006, por exemplo, trata do empate ficto entre propostas ofertadas pelas MPEs e 
pelas demais empresas, conferindo-se à MPE, caso a sua proposta seja igual ou até 10% 
(dez por cento) superior à proposta mais bem classificada, a possibilidade de apresentar 
uma nova proposta, tendo mais uma chance para obter, assim, a vitória do certame. Na 
modalidade de pregão, presencial ou eletrônico, o intervalo percentual será de até 5% 
(cinco por cento) superior ao melhor preço. 
Tal procedimento só é aplicável quando houver participação de ME ou EPP 
juntamente com empresas de médio e grande porte. Na eventualidade de um certame não 
lograr a participação de tais espécies de entidades, ou se houver disputa apenas entre 
MPEs (no caso do art. 48, inciso I, da Lei Complementar), torna-se inviável o 
procedimento aqui apresentado: 
 
Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de desempate, 
preferência de contratação para as microempresas e empresas de pequeno 
porte. 
§ 1º Entende-se por empate aquelas situações em que as propostas 
apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais 
ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais bem classificada. 
§ 2º Na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabelecido no § 1º deste 
artigo será de até 5% (cinco por cento) superior ao melhor preço. 
Art. 45. Para efeito do disposto no art. 44 desta Lei Complementar, ocorrendo 
o empate, proceder-se-á da seguinte forma: 
I - a microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem classificada poderá 
apresentar proposta de preço inferior àquela considerada vencedora do 
certame, situação em que será adjudicado em seu favor o objeto licitado; 
II - não ocorrendo a contratação da microempresa ou empresa de pequeno 
porte, na forma do inciso I do caput deste artigo, serão convocadas as 
remanescentes que porventura se enquadrem na hipótese dos §§ 1º e 2º do 
art.44 desta Lei Complementar, na ordem classificatória, para o exercício do 
mesmo direito; 
III - no caso de equivalência dos valores apresentados pelas microempresas e 
empresas de pequeno porte que se encontrem nos intervalos estabelecidos 
nos §§ 1º e 2º do art. 44 desta Lei Complementar, será realizado sorteio entre 
elas para que se identifique aquela que primeiro poderá apresentar melhor 
oferta. 
 
Assim, quando convidada a cobrir o lance de uma empresa média ou grande, 
bastaria a micro ou pequena empresa reduzir a sua oferta em apenas alguns centavos para 
vencer a disputa. 
 
18 
 
4.5 Privilégios para participação no processo de aquisições públicas: da 
reapresentação da documentação fiscal e trabalhista irregular e privilégios 
para participação no processo de aquisições públicas 
A LC 123/2006 concede outra vantagem às empresas enquadradas como ME ou 
EPP que é a possibilidade de reapresentar os documentos relativos à regularidade fiscal e 
trabalhista no prazo de cinco dias úteis após ser declarada vencedora, prorrogável por 
igual período, a critério da administração pública: 
 
Art. 43. As microempresas e as empresas de pequeno porte, por ocasião da 
participação em certames licitatórios, deverãoapresentar toda a documentação 
exigida para efeito de comprovação de regularidade fiscal e trabalhista, mesmo 
que esta apresente alguma restrição. 
§ 1º Havendo alguma restrição na comprovação da regularidade fiscal e 
trabalhista, será assegurado o prazo de cinco dias úteis, cujo termo inicial 
corresponderá ao momento em que o proponente for declarado vencedor do 
certame, prorrogável por igual período, a critério da administração pública, 
para regularização da documentação, para pagamento ou parcelamento do 
débito e para emissão de eventuais certidões negativas ou positivas com efeito 
de certidão negativa. 
 
Como se pode ver, nas contratações públicas da administração direta e indireta, 
autárquica e fundacional, federal, estadual e municipal, deverá ser concedido tratamento 
diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte 
objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e 
regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo à inovação 
tecnológica. 
Ainda sobre a LC 123/2006, o Parágrafo único do art. 47 assim garante: 
 
No que diz respeito às compras públicas, enquanto não sobrevier legislação 
estadual, municipal ou regulamento específico de cada órgão mais favorável à 
microempresa e empresa de pequeno porte, aplica-se a legislação federal. 
 
4.6 Da exclusividade de processo licitatório para MPE cujo valor seja de até 
R$ 80 mil 
No art. 48, inc. I, da Lei Complementar nº 123/2006, está prevista a possibilidade 
de licitações com a participação exclusiva de ME e EPP. Antes da Lei Complementar nº 
147/2014, era uma faculdade para os gestores. Agora é um dever da Administração 
Pública realizar processo licitatório destinado exclusivamente à participação de 
microempresas e empresas de pequeno porte nos itens de contratação cujo valor seja de 
até R$ 80 mil.: 
19 
 
“Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei Complementar, 
a administração pública: 
 
I - deverá realizar processo licitatório destinado exclusivamente à participação 
de microempresas e empresas de pequeno porte nos itens de contratação cujo 
valor seja de até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); 
 
II - poderá, em relação aos processos licitatórios destinados à aquisição de 
obras e serviços, exigir dos licitantes a subcontratação de microempresa ou 
empresa de pequeno porte; 
 
III - deverá estabelecer, em certames para aquisição de bens de natureza 
divisível, cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratação 
de microempresas e empresas de pequeno porte. 
 
E, para que não exista dúvida quanto à aplicação da Lei Complementar nº 
147/2014, o Tribunal de Contas da União – TCU firmou, recentemente, entendimento 
sobre serviços de natureza continuada e a margem de preferência para as micro e 
pequenas empresas. O Acórdão nº 1.932/2016 estabelece que o valor de R$ 80 mil, 
estabelecido pela Lei Complementar nº 123/2006, refere-se apenas a um exercício 
financeiro. Por isso, os contratos de serviços de natureza continuada podem ser 
prorrogados por até 60 meses, totalizado um valor total da contratação de quase R$ 400 
mil, sem que haja qualquer irregularidade na execução por ME ou EPPx. 
Isto posto, preliminarmente, é possível deduzir que os empreendedores das MPEs 
têm na lei estímulo para participar das compras governamentais com vantagens em 
relação às empresas de outros portes, o que pode ser determinante para o êxito nos seus 
empreendimentos. 
4.7 Decreto Nº 8.538/15 tratamento favorecido, diferenciado e simplificado no 
âmbito da administração pública federal 
O Decreto Nº 8.538 de 6 de outubro de 2015xi regulamentou o tratamento 
favorecido, diferenciado e simplificado para as microempresas, empresas de pequeno 
porte, agricultores familiares, produtores rurais pessoa física, microempreendedores 
individuais e sociedades cooperativas de consumo nas contratações públicas de bens, 
serviços e obras no âmbito da administração pública federal. 
A lista de benesses são várias, das quais destaco: 
 
Art. 3º Na habilitação em licitações para o fornecimento de bens para pronta 
entrega ou para a locação de materiais, não será exigida da microempresa ou 
da empresa de pequeno porte a apresentação de balanço patrimonial do último 
exercício social. 
Art. 4º A comprovação de regularidade fiscal das microempresas e empresas 
de pequeno porte somente será exigida para efeito de contratação, e não como 
condição para participação na licitação. 
20 
 
Art. 6º Os órgãos e as entidades contratantes deverão realizar processo 
licitatório destinado exclusivamente à participação de microempresas e 
empresas de pequeno porte nos itens ou lotes de licitação cujo valor seja de até 
R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). 
 
Na LC 123/2006, para fins de habilitação a MPE deveria apresentar a 
documentação fiscal, ainda que irregular, para só então, caso declarada vencedora, 
providenciar a regularização. A exigência do balanço patrimonial do último exercício 
social também era requisito de habilitação econômico-financeiro, independentemente do 
porte. 
Desta forma, percebe-se que com esse decreto as micros e pequenas empresas 
possuem mais diferenciais para se beneficiarem nos processos licitatórios. 
 
21 
 
5. LICITAÇÕES: LEIS, DECRETOS E INSTRUÇÃO NORMATIVA 
Renato Geraldo Mendes e Egon Bockmann Moreira, no livro Inexigibilidade de 
Licitação – Repensando a contratação pública e o dever de licitarxii, apresentam as razões 
pelas quais o setor público contrata serviços de terceiros: 
 
A primeira e fundamental razão que motiva toda a ideia em torno da 
contratação pública e de seu regime jurídico diz respeito ao reconhecimento de 
que a Administração, para poder satisfazer necessidades, precisará contar com 
um terceiro, ou seja, um agente econômico que atue no mercado executando 
obras e serviços em geral, bem como se dispondo a integrar parcerias para 
viabilizar soluções desejadas pelo Poder Público para atender às suas próprias 
demandas e às da sociedade como um todo. 
 
 Portanto, para que o Poder Público resolva seu problema, terá de recorrer ao 
mercado de bens e serviços e selecionar um parceiro. Isso deve ficar bem claro: 
a seleção de um parceiro – dentro da perspectiva de que ambos, Administração 
e particular, são sujeitos de direito que precisam colaborar e cooperar entre si, 
de forma equânime. 
 
Esperava-se que a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993xiii, que regulamenta o inciso XXI, 
do art. 37, da Constituição Federalxiv, e que institui normas para licitações e contratos da 
Administração Pública e dá outras providências, fosse a solução para os problemas de 
corrupção existentes na esfera administrativa. Depois veio a Lei do Pregão (Lei nº 
10.520/2002)xv, Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC (Lei nº 
12.462/2011)xvi, Lei das Estatais (Lei nº 13.303/2016)xvii, além do Decreto Nº 5.450, de 31 
de maio de 2005, que regulamenta o pregão, na forma eletrônica, para aquisição de bens 
e serviços comuns, e dá outras providências. 
 Agora, está na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 6.814/2017xviii, de autoria do 
Senado Federal, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública 
e revoga a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, 
e dispositivos da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011. 
A nova lei surgirá em um cenário de corrupção nunca visto antes, ou pelo menos não 
tão alardeado. Entretanto, no Brasil não faltam leis duras e rígidas, o que faltam são 
governantes de reputação ilibada e administradores públicos dispostos a fazer as leisvalerem, com o objetivo de garantir que o Estado adquira a proposta mais vantajosa. 
Não à toa, foi criada a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, conhecida como Lei 
Anticorrupção, que dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas 
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá 
outras providênciasxix. A Lei Anticorrupção prevê punições como multa administrativa - 
22 
 
de até 20% do faturamento bruto da empresa - e o instrumento do acordo de leniênciaxx, 
que permite o ressarcimento de danos de forma mais célere, além da alavancagem 
investigativa. 
No livro Guia politicamente incorreto da política brasileiraxxi, o jornalista Rodrigo da 
Silva apresenta um retrato crítico do nosso país: 
 
O Brasil é a maior fábrica legislativa do mundo. Do Caburai ao Chuí, a cada 
24 horas, nós produzimos dezoito novas leis no país. É lei que não acaba mais. 
Entre 2000 e 2010, considerando decretos federais e legislações ordinárias e 
complementares estaduais e federais, os nossos legisladores produziram a 
incrível marca de 75.517 leis e decretos. Numa mísera década. Isso sem levar 
em consideração o trabalho de nossas Câmaras de Vereadores, que faria esse 
número ir para o espaço. 
 
 
A despeito da quantidade de leis, decretos, acórdãos e jurisprudências, não raras 
vezes, é necessário recorrer aos órgãos de controle externo, a exemplo do Ministério 
Público, dos Tribunais de Contas Municipais (para algumas cidades que dispõem de tal 
instituição), Tribunais de Contas Estaduais (todo estado possui o seu) e Tribunal de 
Contas da União (para tratar de assuntos relacionados à Administração Federal e das 
entidades da administração direta e administração indireta, como Sistema S, por 
exemplo). Fazem parte do sistema S: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
(Senai); Serviço Social do Comércio (Sesc); Serviço Social da Indústria (Sesi); e Serviço 
Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac). Existem ainda os seguintes: Serviço 
Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); Serviço Nacional de Aprendizagem do 
Cooperativismo (Sescoop); e Serviço Social de Transporte (Sest)xxii. 
O principal objetivo de um processo licitatório é, entre outras coisas, permitir que a 
administração pública escolha a proposta mais vantajosa. Entretanto, ainda prevalece o 
equívoco de que o critério menor preço é o melhor a ser perseguido. Contrariando o senso 
comum, brilhantemente concluiu a Advocacia-Geral da União – AGU no 
DESPACHO/TCO/PROCURADORIA/DNIT N.º 00880/2010xxiii, no qual consta que a 
proposta mais vantajosa não é necessariamente a de menor preço, como infelizmente são 
julgados os processos licitatórios atualmente: 
 
14. Atentemos para o que dispõe a Lei. O que se exige da Administração é que 
busque sempre a melhor proposta. Não há, no teor do dispositivo, qualquer 
menção expressa a menor preço. Por óbvio que uma proposta com valor 
reduzido em relação às demais a princípio aparenta ser aquela que de fato 
melhor represente o interesse público. Todavia, tal pressuposto não reflete a 
realidade quando o preço ofertado não foi formulado com base nos requisitos 
23 
 
impostos pela Administração. Nesse caso, com toda certeza, o menor preço 
não equivalerá à melhor proposta. 
15. Portanto, por melhor proposta deve se entender não somente aquela que 
oferecer o menor preço, mas também, e principalmente, a que guardar 
consonância com os requisitos impostos pela Administração como necessários 
à sua elaboração. Nesse sentido, de nada adianta uma proposta que apresente 
valor reduzido se, na sua elaboração, não foram obedecidos os critérios 
previstos expressamente no edital. 
16. Entender de modo contrário equivaleria a ferir o princípio da 
isonomia, pois, a adoção de critérios diferentes geraria, 
conseqüentemente, propostas com valores distintos, o que poderia, em 
tese, permitir que os licitantes que não se valeram das imposições 
consignadas no edital obtivessem benefícios em relação aos demais, 
cumpridores das condicionantes previstas no ato convocatório. (sem grifos 
no original) 
 
5.1 Princípios que regem as licitações públicas 
Conforme preconiza o art. 3º da lei 8.666/93, “A licitação destina-se a garantir a 
observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa 
para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será 
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da 
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade 
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos 
que lhes são correlatos.” Abaixo são listados os princípios constitucionais que regem as 
Licitações Públicasxxiv: 
5.2 Princípio da Legalidade 
O princípio da Legalidade, previsto no art.5°, II da Constituição Federal, limita a 
administração Pública a somente poder exigir nos Editais de licitação o que está previsto 
na lei. E este princípio se constitui em uma garantia para os licitantes, pois o mesmo 
proíbe que a Administração Pública, inclua como requisito para habilitação qualquer 
documento que não tenha previsão legal e que não esteja incluída na Lei 8.666/93. 
5.3 Princípio Impessoalidade 
Tem por objetivo limitar as ações do Administrador Público a praticar atos para o 
seu fim legal, ou seja, nas licitações é basicamente escolher a proposta mais vantajosa 
para Administração, impedindo-o de favorecer determinadas pessoas por amizade, ou 
simplesmente simpatia, ele também é chamado de princípio da finalidade administrativa. 
Com este princípio pode se concluir que o administrador é um executor de atos, e serve 
de objeto de manifestação da vontade estatal. 
24 
 
5.4 Princípio da Moralidade 
O princípio da Moralidade relaciona-se com o princípio da legalidade e tem por 
finalidade proteger o licitante do formalismo exagerado, exemplo: o licitante que assina 
sua proposta de preço em local errado, fazendo com que sua proposta seja desclassificada, 
fere o princípio da moralidade administrativa, porque a referida empresa não descumpriu 
nem um item do edital, e não faltou à assinatura na proposta, ela só estava em lugar errado. 
O administrador Público em seus atos deve visar à coletividade, acima de tudo, pois tal 
princípio pode ajudar em uma licitação a escolher a proposta mais vantajosa para 
administração pública. 
5.5 Princípio da Isonomia 
Princípio também exposto na Constituição Federal inscrito no artigo 5º, vedando a 
distinção de toda e qualquer natureza, estabelecendo a igualdade de todos perante a lei, 
ou seja, não pode haver de maneira alguma distinção entre licitantes, devendo todos serem 
tratados de forma igual pela administração pública. Este princípio se torna fundamental, 
pois o mesmo impede as discriminações entre licitantes. 
5.6 Princípio da Publicidade 
Todos os atos da administração Pública são públicos, e para que possa ser 
assegurada a transparência no processo licitatório, os editais de licitação são publicados 
em Diário Oficial e em jornal de grande circulação para as modalidades: Concorrência, 
Tomada de Preços, concursos, leilão e Pregões. Já na modalidade Convite basta apenas 
afixação do convite em local apropriado. Esse princípio permite que os cidadãos 
fiscalizem as prefeituras, que assistam processos licitatórios evitando assim qualquer tipo 
de crime contra a administração Pública. E a própria Lei 8.666/93 traz em seu texto no § 
3º, do art. 3º, que a licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os 
atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva 
abertura.5.7 Princípio da Probidade administrativa 
Refere-se à honestidade que deve ter o administrador público nas licitações, não 
procurando satisfazer os próprios interesses os integrantes das Comissões de Licitação, e 
todos aqueles que têm participação nas licitações não devem de maneira alguma visar o 
proveito próprio, sendo assim honestos e íntegros. 
25 
 
5.8 Princípio da Vinculação ao instrumento convocatório 
Após a publicação do Edital de licitação, a Administração pública se encontra 
vinculada a ele, sendo assim a lei interna daquele processo, não podendo ser exigido, nada 
mais do que consta no edital, porém não é só a administração que está vinculada ao edital, 
o licitante também, pois o descumprimento de qualquer cláusula pode resultar na 
inabilitação ou desclassificação da proposta. Cabe salientar que qualquer modificação 
no edital feita pela administração pública, resulta em obrigatoriedade de reabertura do 
prazo para apresentação de propostas, exceto quando a alteração não afetar a formulação 
das propostas, nos termos do artigo 21, § 4º da Lei n. 8.666/93. 
5.9 Princípio do Julgamento objetivo 
Este princípio exige que deve ser julgada a documentação apresentada e a proposta 
de preço, com base no que foi pedido no edital, de forma sempre objetiva, afastando o 
julgamento subjetivo ou critérios que não foram pedidos no edital, tanto na habilitação 
jurídica, como na proposta de preço. 
5.10 Princípio da competitividade 
E, não menos importante, como bem salientou o Prof. Diógenes Gasparinixxv: 
O princípio da competitividade é, digamos assim, a essência da licitação, 
porque só podemos promover esse certame, essa disputa, onde houver 
competição. É uma questão lógica. Com efeito, onde há competição, a licitação 
não só é possível, como em tese, é obrigatória; onde ela não existe a licitação 
é impossível. Se a competição é a alma da licitação, é evidente que quanto mais 
licitantes participarem do evento licitatório, mais fácil será à Administração 
Pública encontrar o melhor contratado. Sendo assim, deve-se evitar qualquer 
exigência irrelevante e destituída de interesse público, que restrinja a 
competição. (sem grifos no original) 
 
Portanto, um Edital de licitação com exigências que restringem a competitividade 
deve ser amplamente combatido nos termos da lei porque, de acordo com o princípio da 
legalidade, a administração Pública somente pode exigir nos Editais de licitação o que 
está previsto na lei, a despeito da vontade que o administrador público tenha de 
modernizar a instituição com as melhores práticas do mercado. 
 
26 
 
6. MODALIDADES DE LICITAÇÃO 
O art. 22 da Lei 8.666/93 prevê cinco modalidades de licitação. Na fase interna da 
licitação, o órgão público efetua a pesquisa de preços de mercado, para prever o custo do 
objeto. Esta pesquisa é de fundamental importância para o processo pois o valor apurado 
será o teto que a Administração Pública poderá gastar e isso é o que definirá a modalidade 
da licitação, a saber: 
6.1 Concorrência 
Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase 
inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de 
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. 
6.2 Tomada de preços 
Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente 
cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o 
terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária 
qualificação. 
6.3 Convite 
Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu 
objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela 
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento 
convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que 
manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da 
apresentação das propostas. 
6.4 Concurso 
Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de 
trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração 
aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com 
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. 
6.5 Leilão 
Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de 
bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou 
27 
 
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o 
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. 
6.6 Pregão 
Há de se considerar também a Lei nº. 10.520/02, que dispõe sobre o pregão: 
 
Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos 
interessados e observará as seguintes regras: 
X - para julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério de 
menor preço, observados os prazos máximos para fornecimento, as 
especificações técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade 
definidos no edital; 
Art. 9º Aplicam-se subsidiariamente, para a modalidade de pregão, as normas 
da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. 
 
O pregão é uma modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns 
em que a disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, presencial ou eletrônica, 
por meio de propostas e lances, para classificação e habilitação do licitante com a proposta 
de menor preço. 
A fixação dos valores para que se possa definir a modalidade está definida no art. 
23 da Lei 8.666/93: 
 
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo 
anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o 
valor estimado da contratação: 
I - para obras e serviços de engenharia: 
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais); 
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); 
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); 
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: 
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); 
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais); 
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais). 
 
 
Para o pregão, que deve ser utilizado para a aquisição de bens e serviços comuns, 
não há limites para os valores. Bens e serviços comuns são produtos cuja escolha pode 
ser feita tão somente com base nos preços ofertados, haja vista serem comparáveis entre 
si e não necessitarem de avaliação minuciosa. Já para compras cujo valor fique abaixo de 
R$ 8.000,00 (oito mil reais) ou obras e serviços de engenharia abaixo de R$ 15.000,00 
(quinze mil reais) é dispensável a realização de licitação. 
A Lei nº. 10.520/02, que dispõe sobre o pregão, foi um grande avanço sobretudo 
quando na sua forma eletrônica, em que as empresas podem participar dos certames 
remotamente, sem necessidade de despesas com deslocamento, hospedagem e 
28 
 
alimentação para participar da sessão na sede do órgão. E, neste ponto, é importante que 
os empresários das MPEs conheçam as características de todas as modalidades, ainda que 
não tão frequente, alguns órgãos públicos tentam concorrência para aquisição de bens e 
serviços comuns, sendo que a lei determina que a modalidade correta é pregão. 
Quanto a isso, no Acórdão 1584/2016 Plenário-TCUxxvi, o Relator Ministro 
Walton Alencar Rodrigues assim se posicionou: “É recomendável que as entidades do 
Sistema S adotem, sempre que possível, a forma eletrônica do pregão.A adoção da forma 
presencial deve ser justificada, pois pode caracterizar ato de gestão antieconômico”. Ou 
seja, apesar de constar no regulamento de licitações da maioria das empresas do sistema 
S a modalidade pregão presencial e eletrônico, algumas adotam o pregão presencial 
alegando que ainda não estão credenciadas em nenhum portal de compras, a exemplo do 
Licitações-e, do Banco do Brasil. 
Contudo, o relator, no mesmo Acórdão, observou que, “no caso de uma licitação 
do tipo ‘menor preço’, a proposta mais vantajosa é a de menor valor monetário, atendidos 
os requisitos de habilitação e as características do objeto previamente estipulados no 
instrumento convocatório. Sendo assim, a modalidade do pregão na sua forma eletrônica 
deveria ser adotada sempre que possível, por permitir ‘maior competição entre os 
interessados em contratar e, consequentemente, a obtenção de menores preços’”. 
O TCU apreciou Representação que ensejou o Acórdão 1584/2016 Plenário-TCU, 
interposta pela empresa Idéias Turismo Ltda, acerca de supostas irregularidades em 
pregão presencial promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas 
Empresas – Departamento Nacional (Sebrae/DN), para a contratação de empresa 
especializada na prestação de serviço de agenciamento de viagens nacionais e 
internacionais, compreendendo os serviços de reserva, marcação, emissão, remarcação e 
cancelamento de passagens aéreas, rodoviárias, ferroviárias e marítimas nacionais e 
internacionais. 
E, não menos importante, temos também a Instrução Normativa Nº 05, de 26 de 
maio 2017xxvii, mais conhecida como IN 05/17, que dispõe sobre as regras e diretrizes do 
procedimento de contratação de serviços sob o regime de execução indireta no âmbito da 
Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional. 
 
29 
 
7. POSSÍVEIS IRREGULARIDADES NOS PROCEDIMENTOS 
LICITATÓRIOS E A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS DE 
CONTROLE EXTERNO 
A despeito da Lei de Licitações e seus decretos, bem como dos princípios das 
Licitações Públicas, não é raro nos depararmos com possíveis irregularidades nos editais 
de licitação, bem como na condução do certame, conduzido pelo(a) Pregoeiro(a) e equipe 
de apoio. Quando identificadas possíveis irregularidades nos editais, que podem frustrar, 
sobretudo, a ampla competitividade, como nos casos em que as exigências das 
qualificação técnica e/ou econômico-financeira são desarrazoadas, as empresas 
interessadas têm dois caminhos: 
7.1 Pedir esclarecimentos 
Quando existem dúvidas sobre o teor do Edital. O prazo para pedidos de 
esclarecimentos é descrito no Edital, que na maioria das vezes, como no caso da 
modalidade pregão, são de 2 (dois) dias úteis anteriores a data prevista para abertura da 
sessão. É um direito essencial aos licitantes, uma vez que algumas dúvidas podem 
impactar sobremaneira na elaboração da proposta comercial. E, a julgar pelo 
compromisso com a Administração Pública, na qual prevê, entre outras coisas, que a 
proposta apresentada deve considerar todos os insumos necessários à execução do serviço 
ou entrega dos produtos, é importantíssimo que os empresários das MPEs tenham 
convicção de que compreenderam corretamente os termos do Edital e seus anexos. 
7.2 Impugnar o Edital 
Quando identificadas ilegalidades no conteúdo das cláusulas editalícias é por meio 
da impugnação ao edital que se exige a correção desses vícios. Impugnar significa refutar, 
contrariar, contestar, resistir, opor-se aos termos do edital, dada a suposta ilegalidade 
apontada. Ao impugnar o edital, o objetivo consiste, portanto, em alterar seus termos, de 
modo a adequá-los aos limites da Lei. A Lei 8.666/93, no seu art. 42, disciplina o 
procedimento: 
 
§ 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por 
irregularidade na aplicação desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 
(cinco) dias úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de 
habilitação, devendo a Administração julgar e responder à impugnação em até 
3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade prevista no § 1º do art. 113. 
§ 2º Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitação perante a 
administração o licitante que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a 
abertura dos envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos 
30 
 
envelopes com as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a 
realização de leilão, as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, 
hipótese em que tal comunicação não terá efeito de recurso. 
 
 
Se o pedido de impugnação for acatado pelo órgão, serão retificados os pontos 
suscitados na impugnação e o Edital será republicado, concedendo-se novo prazo, não 
inferior a oito dias úteis, para apresentação das propostas, conforme art. 21, § 4º, da Lei 
nº 8.666/93 (aplicável subsidiariamente à modalidade pregão, por força do art. 9º, da Lei 
nº 10.520/2002), e o art. 20, do Decreto nº 5.450/2005, os quais afirmam que a 
modificação do edital importará na sua republicação, e na reabertura do prazo 
inicialmente estabelecido. 
7.3 Apresentar Recurso Administrativo 
Ser declarado vencedor de um procedimento licitatório é apenas o começo de uma 
longa jornada até os empreendedores das MPEs comemorarem a vitória. Isto porque após 
o pregoeiro considerar a sua proposta mais vantajosa (o que na maioria dos casos se traduz 
para a de menor preço, no caso de pregão) e depois habilitá-lo, ou seja, certificar-se de 
que a documentação relativa à qualificação jurídica, fiscal e trabalhista, econômico-
financeira e técnica estão de acordo, as demais licitantes que porventura se sentiram 
prejudicadas, seja porque não concordaram com a condução do certame ou porque não 
tiveram o mesmo entendimento que o pregoeiro quando da análise da proposta e/ou 
documentação, têm a prerrogativa de apresentar recurso administrativo contestando o 
resultado do processo licitatório. Geralmente, é concedido prazo de 3 (três) dias úteis para 
que as empresas apresentem as razões do recurso e mais 3 (três) dias úteis para que o 
pregoeiro publique a sua decisão bem como a decisão da autoridade competente. Se 
acatada, a empresa outrora declarada vencedora é desclassificada e a sessão é retomada 
com a convocação da licitante subsequente. Caso não seja acatada, mantêm-se a decisão 
do pregoeiro e então a empresa é adjudicada, homologada e, por fim, convidada a assinar 
o contrato. 
7.4 Do direito de petição – art. 5º, XXXIV, ‘a’ da CR 
Conforme informando anteriormente, no edital de licitação estão explícitos os 
prazos para apresentação de pedido de impugnação que é de 5 (cinco) dias úteis para 
qualquer cidadão e 2 (dois) dias úteis para qualquer empresa interessada no certame, a 
exceção das empresas estatais que estão regidas pela lei 13.303/2016 cujo prazo é de 5 
(cinco) dias úteis, tanto para cidadãos quanto para empresas, bem como para apresentação 
31 
 
da intenção de recurso administrativo, que deve ser apresentado tão logo seja declarado 
o vencedor do certame e as razões, em média, em até 3 (três) dias. Entretanto, se o pedido 
de impugnação ou recurso administrativo não forem apresentados no prazo, A 
Constituição Federal de 1988 assegura no art. 5º, XXXIV, alínea “a” o direito de petição 
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamentode taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra 
ilegalidade ou abuso de poder; 
 
7.5 Representação ou denúncia nos órgãos de controle externo e Ministério 
Público 
Contudo, por vezes, respostas aos pedidos de esclarecimento e sobretudo de 
impugnação não são suficientes para regularizar o Edital. Quando os órgãos licitantes não 
respondem no prazo ou negam provimento ao pedido de impugnação, mesmo que 
motivado e, ainda assim os empresários das MPEs consideram seu pedido legítimo, 
restará como alternativa a representação junto ao órgão de controle externo: TCM, TCE 
ou TCU, dependendo do órgão licitante. 
Existe também a possibilidade de denúncia ao Ministério Público. Porém, é preciso 
muita cautela quanto a denúncia ao Ministério Público, uma vez que por ensejar um 
processo civil, passível, em caso de comprovada a denúncia em pena de prisão além de 
multa contra os acusados, se não for bem fundamentado com provas cabais, poderá ser 
caracterizado como crime de comunicação falsa de crime ou de contravenção, previsto 
no artigo 340 do Código Penal Brasileiro. 
A Lei 8.666/93 descreve entre os arts. 89 a 98 os tipos penais que abrange. Tais 
crimes, se comprovados, ensejam penas que vão de multa a prisão, concomitantemente. 
São eles: 
a) art. 89 - Dispensa ou inexigibilidade ilegais de licitação; 
b) art. 90 - Frustrar ou fraudar competição em licitação; 
c) art. 91 - Patrocínio de interesse privado; 
d) art. 92 - Modificação ou vantagem contratual na fase executória; 
e) art. 93 - Atentar contra ato do procedimento licitatório; 
32 
 
f) art. 94 - Devassar o sigilo de proposta; 
g) art. 95 - Afastar ou tentar afastar licitante por meios ilegais; 
h) art. 96 - Fraude à licitação; 
i) art. 97 - Licitação com quem não possui idoneidade; 
j) art. 98 - Frustrar a participação em licitação; e 
k) art. 99 - A multa. 
Já os Tribunais de Contas julgam irregulares contratos e licitações em que haja 
indícios de cláusulas restritivas da concorrência. Os tribunais também julgam 
representações que denunciam a existência de condições nos Editais que limitem 
injustificadamente o universo de competidores. Trata-se do Exame Prévio de Edital. Se o 
TCE receber a representação ou denúncia em até 24 (vinte e quatro) horas da data de 
recebimento das propostas e verificar a existência de cláusulas restritivas da concorrência, 
ele determinará liminarmente a paralisação de licitações. Após a análise da representação, 
ele poderá determinar a correção do ato convocatório ou mesmo a anulação do 
certamexxviii. 
Cada tribunal tem o seu regulamento interno, que dispõe das condições para 
interposição de representação. E, neste ponto, é importante lembrar que os pedidos de 
esclarecimentos, impugnações e representações só serão devidamente apreciados se 
apresentados por representantes legais das MPEs, tais como sócios e/ou procuradores. 
Tomemos como exemplo o Pregão Presencial 178/2018 da Prefeitura Municipal 
de Caraguatatuba que tem por objeto a “Contratação de serviços técnicos especializados 
para a implantação, manutenção e gestão de solução de atendimento web e telefônico 
ativo e receptivo através do canal 156, contemplando os recursos materiais, humanos 
relacionados à gestão e tecnológicos necessários à prestação dos serviços de 
relacionamento da Prefeitura Municipal da Estância Balneária de Caraguatatuba com seus 
cidadãos e visitantes”xxix, cuja data para abertura da sessão pública do referido certame era 
o dia 29 de Outubro de 2018 às 09h00. 
Como critério de habilitação econômico-financeira, foi exigido que as licitantes 
interessadas em participar do certame apresentassem índices contábeis exorbitantes 
(Índices de Liquidez Geral (LG) e Liquidez Corrente (LC) iguais ou superiores a 1,50 
(um inteiro e cinco décimos) e o Índice de Grau de Endividamento (GE) inferior a 0,40 
(quatro décimos), em prejuízo da competitividade e sem justificativa alguma. 
33 
 
Inconformada com tal exigência, a empresa Intelecto Contact Center Ltda. 
apresentou pedido de impugnação a qual foi indeferida pela prefeitura. Sendo assim, não 
restou outra alternativa a não ser recorrer ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo 
(TCESP) por meio de representação com pedido de medida cautelar inaudita altera pars 
e, em 09/10/2018, o Relator Antonio Roque Citadini determinou, no âmbito do processo 
nº 20861.989.18-4xxx: 
 
Assim, diante dos questionamentos feitos, vejo que a prudência recomenda 
atender aos pedidos de suspensão solicitados, de maneira a melhor examinar a 
matéria, a fim de evitar eventual afastamento de potenciais interessados e 
consequente comprometimento da competição. 
Diante do exposto, recebo ambos os casos, nos termos legais e regimentais, 
como Exame Prévio de Edital, determinando a imediata paralisação da 
licitação em tela até ulterior deliberação por este Tribunal. 
Fixo o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para que a PREFEITURA 
MUNICIPAL DE CARAGUATATUBA apresente as justificativas que tiver 
sobre as impugnações e os itens questionados, acompanhadas dos documentos 
cabíveis. (sem grifos no original) 
 
 
A representação com pedido de medida cautelar inaudita altera pars é uma forma 
de antecipação da tutela concedida no início do processo, sem que a parte contrária seja 
ouvida. Ela apenas é concedida desta maneira (antes da justificação prévia), se a citação 
do réu puder tornar sem eficácia a medida antecipatória ou se o caso for de tamanha 
urgência que não possa esperar a citação e a resposta do réu. 
Para que a suspensão cautelar do processo licitatório seja possível, é necessário 
estar presentes na representação o fumus boni juris (fumaça do bom direito), que é um 
sinal ou indício de que o direito pleiteado de fato existe, bem como o periculum in mora 
(perigo da demora), que é o receio que a demora da decisão judicial cause um dano grave 
ou de difícil reparação ao bem tutelado. Não há, portanto, a necessidade de provar a 
existência do direito, bastando a mera suposição de verossimilhança. 
E, como bem asseverou Marcus Vinicius Rios Gonçalves na obra Processo de 
Execução e Cautelarxxxi: 
 
Não há dúvida de que é jurisdicional a atividade do juiz, no exercício do poder 
geral de cautela. Não nos parece, porém, adequado, falar-se em 
discricionariedade do juiz, pois o legislador deixou expresso quais são os 
requisitos para a concessão das providências cautelares: o fumus boni juris e 
o periculum in mora. Assim, preenchidos esses requisitos, não pode o juiz 
optar entre conceder ou não a tutela cautelar. 
 
34 
 
Apesar de o texto acima estar no âmbito do Código de Processo Civil – CPC, o 
critério para sua adoção no âmbito dos Tribunais de Contas é o mesmo. Tanto que, no 
Tribunal de Contas da União (TCU), por exemplo, um pedido de representação com 
medida cautelar tem prioridade quando da sua apreciação pelas Secretarias de Controle 
Externo (SECEX), conforme Resolução 259/2014xxxii. 
Entretanto, em se tratando de órgãos de controle externo o pedido de medida 
cautelar nem sempre garante que a representação será apreciada e julgada a tempo de os 
trâmites necessários à contratação de uma empresa habilitada e declarada vencedora 
equivocadamente serem evitados. Foi o que aconteceu no Pregão Presencial 124/2016 do 
Município de Hortolândia. Uma das empresas participantes do certame se insurgiu contra 
a habilitação e declaração de vencedora de empresa cujo objeto social era incompatível 
com o objeto licitado, apesar de ter apresentado atestados de capacidade técnica que, 
supostamente, a qualificavam para executar o serviço. 
A representação com pedido de pedida cautelar foiprotocolada no TCESP no dia 
24/11/2016. Porém, a decisão do Relator só foi publicada em 27/06/2018 no Diário 
Oficial do Estado de São Pauloxxxiii, julgando procedente a Representação analisada, 
determinando o acionamento do disposto nos incisos XV e XXVII do artigo 2º da Lei 
Complementar nº 709/93, concluindo que: 
 
...para fins de habilitação jurídica, faz-se necessária a compatibilidade entre o 
objeto do certame e as atividades previstas no contrato social das empresas 
licitantes. Para habilitação técnica, os atestados apresentados devem não 
apenas demonstrar uma situação de fato, mas, necessariamente, uma situação 
fática que tenha ocorrido em conformidade com a lei e com o contrato social. 
 
 
Em suma, a Representante em questão não reverteu a decisão da pregoeira que 
habilitou equivocadamente as empresas, declarando uma delas vencedora, a tempo de 
evitar a sua contratação. Sendo assim, não logrou êxito algum para a companhia, mas 
nem por isso pode-se dizer que o trabalho foi em vão porque haverá penalidades aos 
agentes envolvidos e a decisão pode servir como exemplo em outros pedidos de 
representação com o mesmo teor. 
Mas cabe um alerta importante: nem sempre existe consenso em relação a um 
assunto entre os tribunais de contas. Considere o exemplo da denúncia nº 997711xxxiv face 
ao Pregão Eletrônico n. 176/2016, deflagrado pelo Departamento Municipal de Água e 
Esgoto de Uberlândia/MG. A denunciante reportou ao Tribunal de Contas do Estado de 
Minas Gerais (TCEMG), entre outras coisas, “ser irregular e excessiva a exigência de 
35 
 
registro da empresa no Conselho Regional de Administração - CRA, por restringir 
indevidamente a ampla participação no certame”. Isto porque o objeto licitado 
(prestação de serviço de teleatendimento) não faz parte do rol de atividades albergadas 
pelo Conselho Regional de Administração. Entendeu a Analista de Controle Externo do 
TCEMG que cabia razão à denunciante quanto a irregularidade dessa exigência, de modo 
que o Conselheiro Relator determinou a suspensão liminar do certame. 
Entretanto, em representação feita ao Tribunal de Contas do Estado de Santa 
Catarina (TCESC), processo nº 18/00402861xxxv, contestando exigência de que a empresa 
vencedora apresentasse profissional com registro no Conselho Regional de 
Administração, entendeu o tribunal que: 
 
O TCU, em acórdãos citados na instrução, firmou entendimento acerca da 
regularidade da exigência de registro no CRA nas licitações para contratação 
de serviços de operação de central. De toda sorte, cabe ressaltar que a exigência 
prevista no item questionado é direcionada apenas à vencedora do certame, 
para que apresente responsável técnico com formação em administração e 
registro no CRA no momento da assinatura do contrato. Desta feita, entendo 
não caracterizada restrição à competitividade, de modo que opino pela 
improcedência dos fatos da Representação. 
 
 
Observe-se então que apesar de o tema ser semelhante, as decisões foram 
totalmente diferentes. Insta consignar também que, no caso da denúncia que ensejou a 
paralização do Pregão Eletrônico n. 176/2016, deflagrado pelo Departamento Municipal 
de Água e Esgoto de Uberlândia/MG, o órgão não republicou o edital com as correções 
apontadas pelo Tribunal de Contas. 
Sendo assim, conclui-se que, a despeito dos instrumentos que as empresas 
dispõem para fazer valer seus direitos, nem sempre eles se reverterão em receitas porque 
hão de depender do poder discricionário dos administradores públicos, no caso, de 
republicarem ou não um edital que foi suspenso ou até mesmo do entendimento e/ou 
instrução normativa do órgão de controle externo que apreciou a representação e/ou 
denúncia. 
36 
 
8. CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO DE MPES NAS COMPRAS 
GOVERNAMENTAIS 
Com base nas informações supracitadas, poderíamos supor, com algumas 
exceções, que o cenário é até favorável às MPEs quando o assunto é compras públicas. 
Sendo assim, por que um empreendedor teria receio em participar de processos licitatórios 
uma vez que o maior comprador do Brasil, o governo, concede-lhe prioridade nos seus 
processos de compra, além de alguns privilégios também restritos ao seu porte, como a 
possibilidade de participar do certame mesmo com documentação fiscal e trabalhista 
irregular? 
Em primeiro lugar, uma empresa, independentemente do porte, que se dispõe a 
participar de compras governamentais precisa se submeter às regras que regem os editais 
de licitação no que tange a habilitação jurídica, regularidade fiscal e trabalhista, 
capacidade econômico-financeira e capacidade técnica: 
8.1 Habilitação jurídica 
Contrato social atualizado na junta comercial. 
8.2 Regularidade fiscal e trabalhista 
Prova de cadastro no Ministério da Fazenda, prova de inscrição no cadastro de 
contribuintes estadual e municipal, certificados de regularidade perante o FGTS, tributos 
federais, estaduais e municipais, bem como certidão negativa de débitos trabalhistas. 
8.3 Qualificação econômico-financeira 
Certidão de falência e concordata emitida a não mais que 60 (sessenta) dias, e, caso 
esteja em recuperação judicial ou extrajudicial, deverá ser comprovado o acolhimento do 
plano de recuperação judicial ou a homologação do plano de recuperação extrajudicial, 
conforme o caso. Na maioria dos casos, é exigida também o Balanço Patrimonial e 
Demonstrações Contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma 
da lei, ou balanço de abertura para o caso de empresa recém constituída, que comprovem 
a boa situação financeira da empresa, índices de liquidez corrente, liquidez geral e 
solvência geral maiores ou iguais a 1,00 e/ou capital social integralizado e/ou patrimônio 
líquido equivalente a 10% do valor estimado da contratação. 
8.4 Qualificação técnica 
No mínimo um atestado, expedido por órgão público, autarquia, empresa de 
economia mista ou pública, ou por empresas privadas, em nome da empresa, que 
37 
 
comprove a capacidade em atender o objeto licitado com características semelhantes às 
do objeto do certame. Não raras vezes é exigido que o atestado de capacidade técnica 
comprove execução pelo prazo não inferior a 12 (doze) meses. 
Como se pode ver, a lista de exigências é enorme e, por vezes, inegociável, exceto 
com relação a documentação referente a regularidade fiscal e a trabalhista que deverão 
ser apresentadas mesmo com pendências, devendo ser regularizadas e apresentadas no 
prazo de até 5 (cinco) dias úteis, podendo ser prorrogado por igual período a critério do 
pregoeiro. 
Se a documentação não for regularizada e apresentada no prazo, além da 
decadência do direito à contratação, estará a empresa sujeita às sanções previstas no art. 
81 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993: 
 
Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o contrato, aceitar 
ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo estabelecido pela 
Administração, caracteriza o descumprimento total da obrigação assumida, 
sujeitando-o às penalidades legalmente estabelecidas. 
 
As empresas que participarem do certame declarando que cumprem os requisitos 
de habilitação e não os cumprir, será inabilitada e estará sujeita às penalidades previstas 
no edital. 
As sanções podem ser cumuladas com multas, além da declaração de 
inidoneidade, o que impossibilitaria a empresa de participar de novas licitações pelo prazo 
que vai de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, de acordo com as regras previstas no instrumento 
convocatório (edital), decretos federal, estadual e/ou municipal e regulamento de 
licitações e contratos do órgão licitante, conforme o caso. 
Portanto, a despeito das vantagens para

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