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CETAC Centro de Ensino e Treinamento em Anatomia e Cirurgia Veterinária Curso de Auxiliar Veterinário CAPÍTULO 27 Emergências Cardiorrespiratórias – Parte I São Paulo 2 CORPO ESTRANHO NO NARIZ Esse é o tipo de emergência mais comum em cães do que em gatos. Os cães têm o hábito de ‘fuçar’ o que encontram pela frente, assim, pequenas estruturas podem adentrar pela narina e incomodar o animal, ou ainda, crianças podem colocar coisas como grãos de feijão e pequenas bolinhas no nariz do cão. Esse tipo de situação deixará o animal extremamente incomodado, ele esfregará o focinho no chão, passará as patinhas na tentativa de remover a estrutura e poderá apresentar espirros fortes ou até mesmo secreções muco purulentas dependendo do tempo que o corpo estranho está em seu nariz. O socorrista deve tentar manter o animal calmo, talvez seja necessário amordaçar o animal (use ataduras, meia calça, fitilhos, gravata), peça ajuda de alguém para mantê-lo quieto e imóvel. Use um foco de luz, se necessário, levante o focinho para que você possa ter mais precisão e controle dos movimentos. Assim que visualizar o corpo estranho introduza a pinça de pontas arredondadas (Crille ou Kelly), mantenha o objeto entre as garras da pinça e puxe com cuidado. Quando terminar certifique-se que nenhum fragmento ficou dentro. Verifique possíveis sangramentos e lacerações. CONDIÇÃO SOCORRISTA NÚMERO DE PESSOAS ITENS NECESSÁRIOS Emergência clínica Sim 2 (duas) pessoas Mordaça Pinça pontas arredondadas (Kelly ou Crille) ASFIXIA POR CORPO ESTRANHO NA GARGANTA Quando existe um corpo estranho na garganta os animais terão dificuldades respiratórias e podem apresentar tosse, respiração sôfrega e barulhenta, boca aberta. Neste caso a obstrução é parcial, caso a obstrução seja total, rapidamente o animal ficará inconsciente e suas mucosas estarão azuladas (cianóticas). O socorro nesse caso deve ser imediato com risco severo de óbito. O ideal nesse caso é que o socorrista tenha a ajuda de 2 pessoas, uma irá segurar o animal, enquanto o outro abrirá a sua boca, enquanto o socorrista tenta retirar o objeto, o ideal nesses casos é usar uma pinça ou um alicate de bico fino. Caso você não consiga será necessário fazer uma manobra de desobstrução, parecida com a manobra de Heimlich, feita em seres humanos. Em animais pequenos como cães de pequeno porte e gatos, a manobra deverá ser feita no colo, já em animais grandes, deve ser feita no chão. Após a manobra verifique se o objeto foi deslocado. Repita a manobra mais 2 (duas) vezes caso ainda não tenha saído e a cada manobra verifique se o objeto saiu. 3 Após a retirada do objeto verifique se o animal está respirando e se as mucosas voltaram ao normal, caso ele ainda não esteja respirando será necessário fazer respiração boca focinho. Se ele voltar a respirar sozinho pare a respiração artificial, se mesmo assim ele continua sem respirar, mas o tórax se expande, continue a manobra até chegar a uma clínica veterinária. CONDIÇÃO SOCORRISTA NÚMERO DE PESSOAS ITENS NECESSÁRIOS Emergência clínica Sim 2 (duas) pessoas Toalha ou tecido Alicate SANGRAMENTO NASAL Os sangramentos nasais podem ter diferentes causas, desde pólipos (pequenas verrugas), neoplasias (tumores), envenenamentos, doenças parasitárias ou metabólicas, corpos estranhos e traumas. De toda forma o socorrista pode agir nesses casos. Inicialmente procure entender a situação e leve o animal para um ambiente calmo e iluminado. Coloque uma compressa gelada no focinho, na região entre os olhos e as narinas. Mantenha por alguns minutos. Coloque também uma toalha fazendo uma leve pressão (permitindo que ele respire) para ajudar na coagulação. O sangramento nasal pode não ser uma emergência, mas deve ser investigado, portanto o animal deve ser encaminhado para um veterinário para que se possa descobrir a causa. Outra coisa, em sangramentos de origem traumática os cuidados devem ser maiores, pois as consequências podem ser mais graves. CONDIÇÃO SOCORRISTA NÚMERO DE PESSOAS ITENS NECESSÁRIOS Urgência clínica Sim 1 (uma) pessoa Toalha ou tecido Compressa gelada EDEMA DE GLOTE O edema de glote é causado por reações alérgicas e normalmente aparece associado a edemas em face, lábios e língua. É uma condição crítica onde a presença de um veterinário torna-se essencial para manobras específicas que podem chegar a uma traqueotomia em casos mais sérios. O socorrista pode ajudar em situações iniciais administrando anti histamínicos a base de prometazina, obviamente depois da certeza da condição alérgica. 4 LESÕES EM TÓRAX Lesões em tórax são comuns em animais de rua ou campo expostos a condições adversas que aumentam a chance de acidentes. Atropelamentos, quedas, coices, maus tratos (chutes e pauladas) e lesões perfurantes por arames, lascas e lanças são as causas mais comuns. Mesmo em casos onde não haja fraturas ou perfurações, a dificuldade respiratória pode estar presente em decorrência de dor local. O socorrista deve procurar sinais de fraturas e perfurações de forma delicada evitando agravar o problema ao apertar as costelas. Em casos de lacerações hemorrágicas deve-se controlar a hemorragia sem comprimir demais o tórax. A participação do socorrista em casos de perfurações pode ser decisiva, mas sempre buscando manobras que deem suporte para transportar o animal para uma clínica veterinária equipada. Ao sofrer perfurações, o tórax passa a receber ar do meio externo gerando colabamento dos pulmões que não conseguem mais expandir. Essa condição necessita de cirurgia corretiva, mas pode ser atenuada através de vedações temporárias. Para isso o socorrista deve identificar o ferimento aberto e colocar um filme plástico ao redor do tórax de forma a vedar a abertura. Fazendo isso o animal volta a respirar inflando inclusive o filme plástico que na expiração irá grudar na parede torácica sinalizando eficácia na manobra. CONDIÇÃO SOCORRISTA NÚMERO DE PESSOAS ITENS NECESSÁRIOS Emergência clínica Sim 1 (uma) pessoa Filme plástico Esparadrapo INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA A insuficiência respiratória é uma condição típica onde o animal apresenta-se incomodado e em agonia podendo chegar a paradas quando a causa for aguda. Em situações crônicas como estenoses nasais, desvios de septo, paralisia laríngea, colabamento de traqueia e afecções pulmonares, a insuficiência respiratória pode ser controlada evitando-se estresse, colocando o animal em ambientes arejados e posicionando-o com o pescoço esticado. Em casos recidivantes de colapso o animal deve ser encaminhado a especialistas para busca de tratamento específico. INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO O monóxido de carbono é um gás que não possui cheiro (inodoro) e não possuiu cor (incolor), sendo assim podemos estar em um local e não perceber a intoxicação. Ele é produzido através da combustão de motores automobilísticos, aquecedores de ar ou incêndios. Inicialmente o animal pode apresentar somente confusão e incoordenação, isso quando a intoxicação ainda for leve. O quadro pode evoluir para convulsões, dispnéia (dificuldade respiratória), inconsciência e morte. As gengivas em caso de intoxicações por monóxido de carbono ficam hiperêmicas (vermelho escuro). O animal precisa de cuidados veterinários emergenciais. Em casos leves o socorrista pode ajudar levando o animal para um local onde haja ar fresco, estender o pescoço do animal para facilitar a respiração também ajuda muito. Em casos mais graves onde o animal está inconsciente o socorrista deve fazer respiração “boca focinho”até a chegada no consultório. 5 PARADA RESPIRATÓRIA A parada respiratória é uma condição emergencial em que o animal não apresenta movimentos inspiratórios, podendo ter diversas causas, como, por exemplo, traumas, corpos estranhos, intoxicação, alergias. É importante verificar primeiramente se o animal não tem nada obstruindo a passagem de ar, para isso use um foco de luz, puxe a língua (que facilita a passagem de ar), se tiver algo obstruindo inicie as tentativas de retirada (conforme explicado anteriormente). Se não houver nada obstruindo, o socorrista tem que tentar manter o oxigênio entrando no organismo do animal simulando o padrão natural. Para isso a manobra oronasal deve ser iniciada o quanto antes. AFOGAMENTO O fato dos cães e gatos já nascerem com uma habilidade para nadar faz com que o afogamento deles se torne um pouco mais raro, o que normalmente acontece é que eles pulam ou caem na piscina e não conseguem sair, pelo fato da borda ser muito alta, não ter uma saída adequada com degraus para animais de pequeno porte, ou simplesmente por eles estarem cansados. Na hora de retirar o animal da água, recomenda-se o uso de peneira de piscina, uma vara de pescar ou um gancho, ou qualquer instrumento que possa puxá-lo para perto de você, logo após temos que tirar a água do pulmão, se for um animal de pequeno porte segurá-lo pelas patas traseiras e se for um animal de grande porte segurar pela bacia, chacoalhando bem para poder sair o máximo possível de água dos pulmões. Um dos principais sinais que podemos observar em um animal afogado são a alteração de coloração das mucosas dos olhos, dos lábios e a língua, que ao invés de estarem rosadas elas estão acinzentadas ou azuladas. Quando a água demorar a sair das narinas ou boca, significa que provavelmente não sairá mais. Se mesmo depois disso o animal ainda não respirar será necessário fazer respiração artificial. Segure a boca de seu animal com ela fechada, e assopre o nariz dele, soprando por 2 (duas) vezes e olhe para ver se o peito infla. Se sim continue sobrando de 15 a 20 vezes até que ele volte a respirar, verifique se o coração dele esta batendo, com o ouvido no peito do animal ou com a mão na virilha, para sentir a pulsação e vá o mais rápido possível ao médico veterinário mais próximo. Até a chegada ao veterinário, leve uma toalha ou um cobertor, para aquecer o animal, pois sua temperatura deve estar bem baixa, podendo também aquecê-lo com uma bolsa de água quente ou garrafa pet com água quente enrolada em algum pano (para evitar queimaduras no animal), perto preferencialmente da barriga ou da virilha, onde passam as grandes artérias para poder aquecer o animal de dentro para fora. Se ele continuar sem respirar, vá fazendo a manobra de boca focinho até a chegada à clínica. CONDIÇÃO SOCORRISTA NÚMERO DE PESSOAS ITENS NECESSÁRIOS Urgência médica Sim 1 (uma) pessoa Gancho ou vara de pescar Pano ou toalha Garrafa Pet ou bolsa de água quente 6 MANOBRAS ESPECIAIS Manobra de Heimlich Em cães pequenos o socorrista deve apoiar as costas do animal em seu peito, deixando a cabeça dele voltada para cima, com as duas mãos abaixo do tórax, apoiando os punhos, faça um movimento rápido, preciso e brusco par cima, isso deve deslocar o objeto. Em cães de grande porte é necessário que o socorrista esteja atrás do animal, que deve estar em pé. Coloque-se sobre o animal com as pernas sobre ele. Apoie os punhos abaixo e atrás do tórax e puxe para cima levantando os membros pélvicos. Outra opção e colocar o animal de cabeça para baixo batendo em suas costas. Respiração boca-focinho (oro nasal) Feche a boca do animal com uma das mãos, coloque a sua boca cobrindo as narinas do animal e dê umas 2 (duas) sopradas. Com a outra mão sinta a caixa torácica, se ela não expandir significa que algo obstrui a passagem do ar. Sopre novamente e verifique se ele voltou a respirar, caso ainda não tenha voltado faça cerca de 15 a 20 sopradas em 1 (um) minuto.
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