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Breve História da Anatomia Humana

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ANATOMIA
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Oração ao cadáver desconhecido, de Karel Rabistansky
Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas, cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e sentiu saudades dos outros que partiram. Agora jaz na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome, só Deus sabe. Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade. A humanidade que por ele passou indiferente (RABISTANSKY, 1976). 
BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA
Do ponto de vista etimológico, o termo dissecação: dis - significa separadamente e secare, cortar é o equivalente latino do grego anatomé.Portanto, a anatomia sendo uma ciência estuda o corpo humano por meio de cortes realizados pelos anatomistas. Quando os indivíduos compreendem alguns dos mistérios que o corpo humano esconde, é iniciado um conhecimento sobre o todo (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1988, p. 3). 
Lembrete:
Dissecção ou dissecação significa a ação de dissecar, de separar as partes de um corpo ou de um órgão. Utiliza-se tanto em Anatomia (dissecação de um cadáver ou parte dele) como em cirurgia (dissecação de uma artéria ou de uma veia).
A partir de um conhecimento enraizado e posteriormente obtido, o profissional de Educação Física estará mais assegurado para com o seu trabalho, pois poderá, na maioria das vezes, a partir de uma ciência internalizada por meio do estudo, impedir que existam lesões e/ou sequelas por parte de seus alunos a partir de uma prática imprópria ou execução equivocada de movimentos.
BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA
A história da Anatomia Humana é análoga à da Medicina. De fato, a preocupação pela estrutura do corpo foi estimulada pelo anseio dos profissionais da área da Saúde em esclarecer uma disfunção orgânica do corpo. Em contrapartida, diversas religiões reprimiram o estudo da Anatomia Humana por meio das restrições atribuídas à dissecação humana e das evidências nas explanações não científicas para as doenças e fraquezas.
PERÍODO PRÉ‑CIENTÍFICO
É possível que um tipo de anatomia comparada prática seja a ciência mais antiga. Os primórdios do conhecimento anatômico mediante elementos e inscrições datam da Pré-história, e é provável deduzir que já nesse período havia algumas informações anatômicas. Elas foram eternizadas ao longo da história, por exemplo, através de desenhos que representam a anatomia humana.
PERÍODO CIENTÍFICO
O Período Científico inicia com os registros de observações anatômicas feitas na antiga Mesopotâmia cerca de 3.000 anos atrás em blocos de argila e em escrita cuneiforme e segue até os nossos dias.
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Mesopotâmia e Egito
Na Mesopotâmia, o olho é a parte constituinte do corpo humano que se dialoga com o mundo, fato destacado nas pinturas. Em exceção ao tronco, que ficava de forma frontal, a cabeça, as pernas e os pés encontravam-se de perfil. As esculturas que eram produzidas não incluíam muitas minúcias anatômicas; entretanto, demonstravam um corpo rígido.
No Antigo Egito, o progresso das técnicas de embalsamamento obrigou, e motivou, o estudo da anatomia humana. Apesar de suas carências, os médicos egípcios julgavam que o coração era o centro motor do corpo humano, pois descreviam que ele falava, batia e pulsava.
Grécia Antiga
Para os gregos, o conhecer (o espetáculo, a inteligência) tem prioridade sobre o operar (a ação, o prático). A propriedade básica do pensamento grego está no dualismo das relações entre a realidade empírica (é aquele conhecimento adquirido durante toda a vida, no dia-a-dia, que não tem comprovação científica nenhuma.) e um absoluto que a esclareça, na separação entre Deus e o mundo. O resultado desse dualismo é o irracionalismo, que produz sustentação à serena compreensão grega do mundo e da vida. Para os gregos, 
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a humanidade era governada pelo acaso, isto é, pela necessidade irracional. Esta concepção de mundo era, assim, marcada pelo pessimismo, um pessimismo desesperado, razão pela qual foi considerado como período trágico.
Aristóteles, ao longo da vida, escreveu mais de mil obras. Em seus trabalhos, desenvolveu teorias coesas sobre geração e hereditariedade e sugeriu a Anatomia Comparada, embora ele nunca tenha dissecado um corpo humano.
Aristóteles dá belas descrições de alguns órgãos, sob o ponto de vista da Anatomia Comparada. Essas descrições foram fortuitamente ilustradas com desenhos, que são as primeiras figuras anatômicas de que se tem conhecimento. Entre seus erros anatômicos, merece destaque sua rejeita em dar grande relevância ao cérebro. A superioridade, segundo ele, reside no coração, sede também da inteligência, conceito contrário à da maioria dos médicos escritores de seu período.
Foi Alcmaéon quem escreveu a primeira obra de Anatomia. Ele dissecou a trompa de Eustáquio, os nervos ópticos e o olho, que propunha ser feito deágua (oriunda do cérebro e com facilidade encontrada ao dissecá-lo) e fogo (notado quando o olho é ferido). Assim, sugeriu uma teoria da visão, segundo
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a qual existiria no olho um “fogo interno”.
Alcmaéon considerava o cérebro a sede das sensações e o centro da vida intelectual, informações que mais tarde se consumiram. Todos os órgãos do sentido estariam ligados ao cérebro, o centro da memória e o centro do saber. Cria que também o espermatozoide aí se originava a partir dos 14 anos de idade.
Hipócrates é considerado o pai da Medicina ocidental, entretanto na área da Anatomia nada alcançou de importante. Provavelmente foi o precursor do estudo da anatomia constitucional. Ele acreditava que o encéfalo não apenas estava compreendido nas sensações, como seria a sede da inteligência. Hipócrates foi o primeiro a estabelecer uma relação entre o cérebro e a doença sagrada, a epilepsia.
Embora Hipócrates, supostamente, tivesse restrita orientação em dissecações humanas, ele foi bem conduzido na afamada Teoria Humoral de organização do corpo. Através dessa teoria eram identificados quatro humores no corpo, e cada um deles era agregado a um órgão em especial: sangue com o fígado; cólera, ou bile amarela, com a vesícula biliar; fleuma com os pulmões; e melancolia, ou bile preta, com o baço. Acreditava-se que um indivíduo teria um equilíbrio dos quatro humores
BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA
Quando Atenas perdeu sua liberdade, o centro científico passou para Alexandria, no Egito, onde, pela primeira vez, a Anatomia tornou-se uma disciplina. Os dois primeiros e maiores professores foram Herófilo e Erasístrato, que principiaram o denominado período alexandrino da Anatomia.
Herófilo é visto como o “açougueiro de homens”, pois ele realizava vivissecção em criminosos da prisão real. Estima-se que ele dissecou mais de 6 mil seres humanos, muitas vezes em demonstrações públicas (“sem dúvida, o melhor método para aprender”, escreveu Celsius, consentindo). Fez a primeira distinção clara entre artérias e veias e ampliou os estudos sobre a pulsação, que considerava um processo ativo das próprias artérias. Herófilo reconheceu o cérebro, definitivamente, como o órgão central do sistema nervoso e sede da inteligência. Dividiu os nervos em motores e sensitivos, e descreveu as meninges. Ampliou, ainda, o conhecimento sobre outras partes do cérebro, distinguindo o cérebro, o cerebelo e o IV ventrículo. Os termos próstata e duodeno são derivados dos empregados por ele. Fez também a primeira descrição dos vasos quilíferos do intestino.
BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA
Quando Atenas perdeu sua liberdade, o centro científico passou para Alexandria, no Egito, onde, pela primeira vez, a Anatomia tornou-se uma disciplina. Os dois primeiros e maiores professores foram Herófilo e Erasístrato, que principiaram o denominado período alexandrino da Anatomia.
Herófilo é visto como o “açougueiro de homens”, pois ele realizava vivissecção (dissecação ou operação cirúrgica em animais vivos, para estudo de alguns fenômenos anatômicos e fisiológicos.) em criminosos da prisão real. Estima-se que ele dissecou mais de 6 mil seres humanos, muitas vezes em demonstrações públicas (“sem dúvida, o melhor método para aprender”, escreveu Celsius, consentindo). Fez a primeira distinção clara entre artérias e veias e ampliou os estudos sobre a pulsação, que considerava um processo ativo das próprias artérias. Herófilo reconheceu o cérebro, definitivamente, como o órgão central do sistema nervoso e sede da inteligência. Dividiu os nervos em motores e sensitivos, e descreveu as meninges. Ampliou, ainda, o conhecimento sobre outras partes do cérebro, distinguindo o cérebro, o cerebelo e o IV ventrículo. Os termos próstata e duodeno são derivados dos empregados por ele. Fez também a primeira descrição dos vasos quilíferos do intestino.
BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA
Erasístrato atentava-se mais às funções do corpo humano do que à estrutura e é muitas vezes chamado de Pai da Fisiologia. Aperfeiçoou os dados sobre o cérebro e o cerebelo, os quais considerou a sede da alma. Entre suas diversas descrições ele determinou a substância cerebral, e não a dura-máter como a origem dos nervos cranianos; estabeleceu o cérebro e o cerebelo como órgãos parenquimatosos; e descreveu os ventrículos encefálicos. Juntamente com Herófilo, determinou que o número de giros está relacionado com a inteligência humana. Era um racionalista e se declarava inimigo de todo misticismo. Teve, todavia, que usar a ideia de Natureza como força externa, a moldar os objetivos para os quais o corpo age. Erasístrato compreendeu a ação dos músculos na produção do movimento. 
Entretanto, o esplendor das descobertas anatomopatológicas de Herófilo e Erasístrato tombou devido a suspeita de que escravos e condenados à morte haviam sido dissecados vivos após a autorização de Ptolomeu I. 
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Roma
Em muitos aspectos, Roma inclui os progressos científicos e as bases para a Idade das Trevas. O questionamento científico perfaz a teoria pela prática durante esse período. Foram realizadas algumas dissecações de cadáveres humanos, tendendo mais a determinar a razão da morte em casos criminais. A medicina não era preventiva, contudo confinava-se, quase sem exceção, ao tratamento de soldados lesados em combates. Nos últimos tempos da história romana, as leis eram postas evidenciando a autoridade da Igreja na prática médica. De acordo com as leis romanas, por exemplo, nenhuma gestante morta poderia ser sepultada sem a retirada do feto do útero de maneira que pudesse ser batizado.
Considerado o príncipe dos médicos, Galeno foi uma figura fundamental na história da Medicina. Como a dissecação humana era banida, ele não dissecava cadáveres humanos, porém humanizava por aproximação, talvez a causa de seus erros anatômicos. Em seres humanos, Galeno usufruía para fazer pesquisas vendo feridas profundas ou estudando cadáveres de indigentes encontrados eventualmente. As principais descrições dele encontram-se no campo do sistema nervoso, do esqueleto humano, do sistema muscular e do sistema circulatório.
BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA
Galeno descreveu o esterno com sete peças, assim como as costelas com as quais se articula. Descreveu também a cartilagem tireóidea.
A contribuição do povo islame
O período entre a morte de Galeno e a primeira tradução de uma obra de material médico no século XI, no Mosteiro de Monte Cassino, sul da Itália, estabeleceu a “Idade das Trevas” da Anatomia. Crê-se que tanto o estilo de vida quanto os sentimentos nutridos pela sociedade medieval frente ao corpo humano teriam movido ao processo de redução da edificação de saberes que abrangeu a Anatomia, a Medicina e outras áreas do saber.
Em um clima essencialmente escolástico, o ensino das universidades, assim como o ensino da Anatomia, era comumente abalizado nas traduções de textos árabes, como os tratados de Avicena.
Avicena organizou e sistematizou os saberes de Hipócrates e Galeno em um compêndio de Medicina considerado uma obra majestosa que ficou marcada como Cânon. Este foi publicado pela primeira vez apenas em 1492 e é uma mistura de saberes médicos islâmicos e gregos. O Cânon foi o primeiro livro médico a mostrar a reparação de tendões em um período em que esse tratamento era equivocadamente contraindicado.
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O Renascimento
A fase conhecida como Renascimento foi determinada pela vida nova das ciências. Apenas nesse período seriam aceitos, ainda que com certa cautela e dignidade, os procedimentos de violação do corpo por meio de estudos de cadáveres.
Com o aumento pelo mérito na anatomia durante o Renascimento, a aquisição de cadáveres para a dissecação se tornou um problema grave. Estudantes médicos cometiam repetidamente a invasão de sepulturas para saqueá-los, até que um decreto oficial foi expedido, possibilitando utilizar os corpos de criminosos executados com espécimes. As aulas de Anatomia aconteciam num teatro anatômico.
Do século XIII ao início do século XVI, os progressos no conhecimento anatômico foram lentos, fundamentados na contínua revisão e extensão de tratados preexistentes. A Anatomia Macroscópica foi privilegiada nessa época; contudo, para seu desenvolvimento foi imprescindível o aperfeiçoamento das técnicas de observação, de dissecação, de descrição e de ilustração, assim como o gradual refinamento terminológico.
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Do século XIII ao século XVI, o desenvolvimento da Anatomia concentrou-se no cenário italiano. Sua inserção enquanto disciplina nas universidades foi regularizada também pelo refinamento das formas de representação das estruturas corporais concebidas pelo processo de ilustração do corpo.
Assim, artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo estavam entre os primeiros a efetuar o estudo científico da anatomia humana. Além disso, a invenção da impressão tornou os livros facilmente acessíveis, e as ilustrações necessárias para anatomia poderiam naquele momento ser mais naturalmente reproduzidas e distribuídas.
Na história da Anatomia, o século XVI mostra-se de grande relevo em razão da obra do anatomista Andreas Vesalius, considerado o Pai da Anatomia. No cenário italiano, Vesalius revelou-se um ferrenho defensor da técnica da dissecação, que considerava como a única forma de se conhecer realmente o corpo humano. O intuito de sua obra era, a partir da dissecação sistemática de cadáveres, abandonar o caráter “revisionista” que prevalecia nas investigações anatômicas.
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As ciências contemporâneas
As contribuições para a ciência anatômica durante o século XX não foram tão magníficas quanto o eram no período em que pouco se sabia sobre a estrutura do corpo humano. O estudo da Anatomia se aperfeiçoa cada vez mais por meio das especializações, e as pesquisas se tornaram mais complexas. 
Podemos afirmar que, infelizmente, um ponto negativo ocorreu no período da Segunda Grande Guerra Mundial, momento em que as polêmicas bioéticas, abrangendo as experiências com seres humanos, tomavam corpo com o processo de Nuremberg, em que anatomistas alemães foram denunciados de utilizar corpos de vítimas do holocausto para as pesquisas anatômicas, assim como foram realizadas diversas acusações da presença da suástica nazista nas páginas de alguns atlas anatômicos do período.
A partir de 1977, uma nova técnica de preparação de peças anatômicas foi elaborada. Essa descoberta foi realizada pelo médico e professor da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, Gunther Von Hagens, que inventou e desenvolveu o processo de plastinação, que incide numa maneira moderna de mumificação, fazendo com que os cadáveres tenham uma elevada resistência.
BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA
A plastinação é outro aspecto que envolve polêmicas bioéticas. A partir dela, os “espécimes” inodoros, secos e quase eternos estão sendo vastamente utilizados
como modelos de anatomia em exposições e faculdades de Medicina. Milhões de desconhecedores já testemunharam corpos dissecados em uma das “fantásticas” exposições de anatomia pelo mundo, e um novo mercado on-line de “espécimes” humanos plastinados está aumentando.
A Anatomia Humana sempre será uma ciência relevante. Ela não apenas aperfeiçoa nosso entendimento individual do funcionamento do corpo humano como também é fundamental no diagnóstico clínico e no tratamento das doenças. A Anatomia Humana já não está mais restringida à observação e à descrição das estruturas isoladamente, pois se ampliou para compreender as complexidades de como o corpo humano age como um todo integrado. A ciência da Anatomia é dinâmica e permanecerá ativa porque os dois aspectos do corpo humano, a estrutura e a função, são inseparáveis.
BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA
A Anatomia divulga as bases da forma e da estrutura do corpo humano e de seus órgãos. A forma descreve a morfologia externa do indivíduo, de seus membros e órgãos. A estrutura respeita a organização interna dos órgãos e de seus componentes nos níveis macroscópico, microscópico, submicroscópico e molecular; o termo estrutura inclui a função. A Anatomia determina, ao lado da Fisiologia e da Bioquímica, a base para a profilaxia, o diagnóstico, a terapia e a reabilitação de patologias.
Observação:
Homeostase é a preservação de um ambiente interno moderadamente contínuo e adaptado para a sobrevivência das células e dos tecidos do corpo. Defeitos na preservação das circunstâncias homeostáticas indicam patologias. Os processos das patologias podem atingir primeiramente um tecido, um órgão ou um sistema específico, porém em última instância conduzirão a modificações de função ou na estrutura das células do corpo. Algumas patologias podem ser recuperadas pelas defesas corporais, outras exigem tratamento. Por exemplo, quando acontece um trauma e existe sangramento excessivo ou lesão de órgãos internos, o tratamento cirúrgico pode ser indispensável para resgatar a homeostase e impossibilitar problemas potencialmente letais.
BASES GERAIS DA ANATOMIA
Divisão da Anatomia: o(s) estudo(s) da Anatomia
Anatomia Macroscópica
Refere as estruturas com dimensões maiores do que um milímetro, isto é, as estruturas que podem ser identificadas a olho nu ou com auxílio de uma lupa. 
Anatomia Microscópica
Vai além das estruturas analisadas a olho nu e permite uma subdivisão mais detalhada do corpo. Visualiza estruturas com dimensões menores do que um milímetro. A Anatomia Microscópica divide-se em Citologia, estudo da estrutura e função da célula, e Histologia, estudo dos tecidos e anatomia microscópica dos órgãos.
Anatomia Artística
A Anatomia Artística se presta ao estudo das proporções dos segmentos naturais do corpo humano, à configuração exterior, relacionando-a principalmente com ossos e músculos, estática e dinamicamente, para finalidades de escultura e pintura.
BASES GERAIS DA ANATOMIA
Anatomia Comparativa
A Anatomia Comparativa compara e inclui os planos estruturais de diferentes representantes do reino animal e busca regras relacionadas à forma. Outra função da Anatomia Comparativa é o confronto entre seres humanos e outros animais, com o intuito de encontrar formas homólogas, ou seja, iguais entre as espécies, e as heterólogas, ou seja, diferentes entre as espécies. 
Anatomia do Desenvolvimento ou Embriologia
A Anatomia do Desenvolvimento é o estudo do conjunto de episódios que vão da fecundação de um ovócito secundário por um espermatozoide à formação de um organismo adulto. A gravidez é o conjunto de episódios que inicia com a fertilização, prossegue durante a implantação, desenvolvimento embrionário e desenvolvimento fetal, e, de modo ideal, termina com o nascimento de uma criança depois de aproximadamente 38 semanas, ou 40 semanas, depois da última menstruação.
A fecundação ou fertilização consiste no encontro dos gametas feminino e masculino (ovócito secundário e espermatozoide) que acontece na ampola da tuba uterina.
BASES GERAIS DA ANATOMIA
O período embrionário corresponde às primeiras nove semanas a partir do dia da fertilização. É aquele em que todos os órgãos e sistemas se formam (organogênese).
O período fetal inicia-se a partir da 10ª semana pós-fertilização e vai até o nascimento. Nessa fase o “nenê” será chamado de feto e os órgãos já constituídos sofrerão um processo de crescimento e amadurecimento, até se apresentarem em totais condições de funcionamento no final da gravidez.
Anatomia Nepiológica ou Nepionatomia
Do grego nepio ou nípio e latim infans, que significa o que não fala – é o estudo da anatomia da primeira infância. Constitui uma ligação entre o estudo de embriologia e o da anatomia de crianças, adolescentes e adultos jovens.
Anatomia do Adulto
Estuda a estrutura do corpo humano após o seu completo desenvolvimento. É subdividida em masculina (entre 25 e 60 anos de idade) e feminina (entre 21 e 50 anos de idade).
BASES GERAIS DA ANATOMIA
Anatomia Gerontológica
É o estudo da morfofisiologia do indivíduo idoso (acima de 60 anos de idade). Não deve ser confundida a Anatomia Gerontológica, que corresponde ao estudo do idoso normal, com a Geriátrica, pois esta estuda o idoso doente e faz parte, portanto, da Anatomia Patológica.
Anatomia Radiológica
Existem diversas técnicas e procedimentos para obter imagens do corpo humano. Vários tipos de imagem permitem a observação de estruturas anatômicas no interior do nosso corpo e são cada vez mais benéficas para o diagnóstico exato de um amplo espectro de distúrbios anatômicos e fisiológicos. A “vovó” de todas as técnicas de imagem é a radiografia convencional (com raios X), em utilização desde o final da década de 1940. As tecnologias de imagem mais modernas, não apenas aperfeiçoam a capacidade diagnóstica como também elevaram nosso conhecimento da anatomia e da fisiologia normais.
BASES GERAIS DA ANATOMIA
Anatomia de Superfície
A Anatomia de Superfície é a anatomia do indivíduo e limita a superfície do corpo humano. A experiência adquirida durante o estudo anatômico é aplicada aos métodos clássicos do exame clínico. A Anatomia de Superfície proporciona uma sensacional relevância nos cursos de investigação clínica. Os métodos clássicos de investigação clínica abrangem a inspeção, eficaz para a percepção de mudanças patológicas externas que insinuem a patologia do paciente ou até aceitem um “diagnóstico visual”; a palpação, isto é, a percepção pelo tato e que consente a avaliação de alterações estruturais ou volumétricas, especialmente de órgãos internos, e da sensibilidade à dor de alguma região, que indicam processos patológicos; a percussão, ou seja, golpes leves e desferidos pelos dedos sobre a superfície do corpo que provocam uma sonoridade na projeção dos órgãos internos. O som gerado difere, dependendo da consistência (conteúdo aéreo ou líquido), dos tecidos postos abaixo da pele e provê dados para a avaliação da posição e da projeção dos órgãos. A ausculta normalmente é realizada com o auxílio de um estetoscópio e permite a percepção de sons originados pela respiração e pelos batimentos cardíacos e os movimentos intestinais. As provas funcionais adicionais são, notadamente, executadas durante o exame do aparelho locomotor e do sistema nervoso.
BASES GERAIS DA ANATOMIA
Conceitos gerais de Anatomia Sistêmica e Topográfica
Anatomia Sistêmica
A comparação entre a construção de um animal e de um edifício inicia pelas suas unidades. As unidades de um edifício são os tijolos e as de um animal, no caso, o ser humano, são as unidades biológicas ou células (microscópicas).
Tijolos semelhantes são arranjados de maneira a formar uma parede, e células semelhantes são arranjadas de maneira a formar um tecido. Cada tecido pode ser interpretado como um conjunto de células idênticas para exercer a mesma função geral.
As paredes são arranjadas de maneira a compor uma sala ou um quarto, e os tecidos são agrupados de maneira a compor um órgão. Cada órgão é interpretado
como “um instrumento de função”, sendo diferenciado pela origem, sede (situação), forma, estrutura e pelas suas relações. Além do mais, o corpo pode ser chamado de organismo, e a sua fábrica, sendo constituída de órgãos, é chamada de organização. Os quartos são compostos de maneira a formar um apartamento, e os órgãos estão agrupados para estabelecer um sistema.
Cada sistema é interpretado como um conjunto de órgãos que têm as mesmas origens e estrutura, cujas funções especiais são unidas para a atuação de funções complexas. Os apartamentos são adjacentes ou verticalmente superpostos para constituir um edifício, e os sistemas estão agrupados de maneira a formar o organismo.
CONCEITOS GERAIS
O organismo é assim interpretado como uma união de sistemas (orgânicos), podendo-se concluir, com as devidas notas, que a vida básica é a somatória das funções dos sistemas integrados. Por conseguinte, a Anatomia Sistêmica envolve o estudo indutivo macroscópico dos sistemas orgânicos analisados separadamente. Portanto, podemos enumerar os seguintes sistemas, do ponto de vista da Anatomia Sistêmica:
• o sistema esquelético, que compreende o estudo dos ossos, as cartilagens, as uniões entre os ossos e as articulações;
• o sistema muscular, composto de músculos esqueléticos e cutâneos, tendões, aponeuroses, retináculo e fáscias musculares;
• o sistema cardiovascular, que abrange o coração, vasos sanguíneos, vasos linfáticos, baço, timo e linfonodos;
• o sistema respiratório, constituído pelos pulmões e as vias aéreas (faringe, laringe, traqueia e brônquios);
CONCEITOS GERAIS
• o sistema digestório, representado pelo canal alimentar (boca, faringe, esôfago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus) e órgãos anexos (glândulas da boca, dentes, língua, fígado, vesícula biliar e pâncreas);
• o sistema urinário, cujos constituintes são os rins, os ureteres, a bexiga urinária e a uretra;
• o sistema genital masculino, composto de genitália externa (pênis e escroto) e a genitália interna (testículos, epidídimo, ducto deferente, ducto ejaculatório, glândula seminal, glândulas bulbouretrais e próstata);
• o sistema genital feminino, composto de genitália externa (vulva ou pudendo) e a genitália interna (ovários, tubas uterinas, útero e vagina);
• o sistema nervoso, cujos componentes são o encéfalo, a medula espinal, os nervos, os gânglios e os órgãos dos sentidos; 
CONCEITOS GERAIS
• o sistema tegumentar, representado pelo tegumento (pele), os seus anexos (unhas, pelos e glândulas) e a tela subcutânea;
• os órgãos endócrinos, representados pelo conjunto de órgãos sem ductos, isto é, órgãos de secreção interna.
Os aparelhos são formados por grupos de dois ou mais sistemas com funções semelhantes. Assim, temos:
• o aparelho osteoarticular, formado pelos sistemas esquelético e articular;
• o aparelho locomotor, constituído pelos sistemas esquelético, articular e muscular;
• o aparelho da nutrição, composto de sistemas respiratório, digestório e endócrino;
• o aparelho urogenital, que compreende os sistemas urinário e genital masculino;
• o aparelho reprodutor, formado pelos sistemas genital masculino, genital feminino e tegumentar;
CONCEITOS GERAIS
• o aparelho neuroendócrino, constituído pelo sistema nervoso e os órgãos endócrinos;
• o aparelho cardiorrespiratório, constituído pelos sistemas cardiovascular e respiratório;
• o aparelho gastropulmonar, formado pelos sistemas digestório e respiratório; • o aparelho mastigador, composto de músculos, língua e dentes;
• o aparelho lacrimal, que compreende a glândula lacrimal, saco conjuntival palpebral, papila e os canalículos lacrimais, saco lacrimal e ducto nasolacrimal; • o aparelho neurossensorial, formado pelo sistema nervoso e os órgãos dos sentidos.
CONCEITOS GERAIS
Anatomia Topográfica
A Anatomia Topográfica ou Regional é o estudo das características anatômicas e das relações entre os diversos órgãos em cada região do organismo, como as regiões do crânio e da pelve.
Terminologia anatômica
Ao estudar Anatomia, vamos nos defrontar com uma variedade de palavras novas. Essas palavras são as terminologias usadas para designar as partes do organismo e dos órgãos. A terminologia anatômica é um documento oficial que deve ser cumprido precisamente pelos professores e alunos. (ABREVIATURAS – páginas 45/46)
Conceito de normal e variações anatômicas
A observação de um mesmo órgão em indivíduos distintos mostra que, apesar de morfologicamente semelhantes, não são rigorosamente idênticos. Os órgãos possuem pequenas distinções entre si. O ponto de vista considerado normal em Anatomia é a situação morfológica mais comum. Os outros órgãos com características um pouco distintas do mais comum funcionam bem se designam variações anatômicas. 
CONCEITOS GERAIS
Como exemplo, podemos citar a posição do coração, sendo que ele se encontra em sua maior parte à esquerda do plano mediano. Nesse caso, não há dano para a função.
As variações anatômicas podem ser internas ou externas. As variações anatômicas internas evidentemente são aquelas que acontecem em órgãos internos, como as variações na posição e no contorno do estômago em relação ao tipo constitucional.
Observação:
A forma da tonicidade do estômago altera conforme a estrutura muscular de suas paredes:
• Estômago hipertônico: paredes musculares contraídas em tempo relativamente maior. Portanto, a sua tonicidade é máxima. Típico da maioria das pessoas obesas.
• Estômago ortotônico: tonicidade normal. Portanto, considerado normalidade.
• Estômago hipotônico: tonicidade baixa, mas não ao extremo.
• Estômago atônico: tonicidade das paredes é quase “nula”, sendo que o estômago pode atingir até o nível da pelve.
CONCEITOS GERAIS
Já as variações anatômicas externas são observadas externamente, por exemplo, ao considerarmos dois indivíduos, um alto e outro baixo. Percebemos que funcionalmente um indivíduo de 1,60 m de altura tem equilíbrio para andar da mesma maneira que um de 1,70 m de altura.
Fatores gerais de variação anatômica
Sexo
O dimorfismo sexual é prontamente reconhecível. Há características sexuais secundárias que se desenvolvem na puberdade – por exemplo, nas mulheres, há presença de mamas desenvolvidas e pelo corporal escasso; em contrapartida nos homens, existe o crescimento do pelo facial e os ombros sendo mais largos do que a pelve. Assim, sabemos que existem também as diferenças relacionadas ao fator sexo em órgãos não genitais.
Hermafrodita - que ou o que tem concomitantemente os órgãos reprodutores de ambos os sexos ou apresenta características sexuais secundárias masculinas e femininas. (ver comentários página – 49)
CONCEITOS GERAIS
Idade
Observam-se alterações anatômicas com o avançar da idade, portanto, nos vários períodos ou fases das vidas intrauterina e extrauterina. As fases de vida intrauterina são: ovo, embrião e feto. Na vida extrauterina os períodos principais são os seguintes: recém-nascido e período neonatal, infância, meninice, pré-puberdade, puberdade, pós-puberdade, virilidade, velhice e senilidade.
Em cada uma destas fases, o organismo possui aspectos próprios, por exemplo, a pele das crianças é mais fina do que a dos adultos. Portanto, sabemos que os idosos têm como características as rugas faciais decorrentes do ressecamento geral da pele.
Raça 
A raça (grupo étnico) menciona-se, em sentido amplo, a um grupo de indivíduos que obedecem a uma divisão da espécie humana. Em sentido restrito, raça é um grupo de indivíduos que apresentam características particulares em comum devido a uma descendência. Portanto, abrangem os grandes grupos raciais (branco, negro e amarelo) e os seus graus de mestiçagem, responsáveis por diferenças morfológicas externas e internas. Os
CONCEITOS GERAIS
humanos são os únicos membros vivos da família dos hominídeos. O homo sapiens está incluído dentro dessa família, à qual pertencem todas as variedades ou grupos étnicos de humanos.
Assim, há diferenças raciais em órgãos em todos os sistemas,
além das bem conhecidas características morfológicas externas que diferenciam cada grupo racial. Possuem algumas características anatômicas diferentes entre si e próprias de cada grupo racial, como as cores da pele, dos cabelos e dos olhos, os tipos de cabelo e nariz etc.
Biótipo
Essa característica refere-se ao tipo constitucional. Existem dois tipos extremos constitucionais quanto a esse critério, em que as diferenças anatômicas são mais óbvias: os longilíneos e brevilíneos. Os indivíduos longilíneos são altos, magros, com pescoço longo e membros compridos em relação ao tronco. Os indivíduos brevilíneos são baixos, gordos, com pescoço curto e membros curtos em relação ao tronco. Entre esses se situam os indivíduos mediolíneos, que não devem ser chamados de normolíneos, porque eles são tão normais quanto os dois outros tipos.
CONCEITOS GERAIS
Evolução
O ancestral da linhagem humana era seu primata das savanas, que não andava bem ereto. Portanto, a posição bípede se tornou típica de nossos ancestrais e acabou sendo a responsável por uma série de nossas características mais essenciais. Além disso, entre os últimos 500 mil e 200 mil anos, o nosso cérebro sofreu um crescimento considerável em volume. A estrutura do cérebro também vinha mudando e caracterizava-se por uma “área motora e uma área da fala”. Um cérebro maior parecia estar associado a uma crescente habilidade em utilizar as mãos e os braços e ao aparecimento de uma linguagem falada. Tais fatos conduziram esses indivíduos ao consumo cada vez maior de carne na alimentação. É possível que, no decorrer do tempo, os ácidos graxos encontrados na carne tenham requintado o cérebro e provavelmente o seu funcionamento.
Meio ambiente
O meio ambiente em que se vive pode ser responsável, direta ou indiretamente, por diferenças morfológicas e, portanto, variações anatômicas, por meio do controle que pode gerar nos indivíduos. Essas alterações são claras quando se confrontam indivíduos que residem nas regiões equatorial, tropical e polar.
CONCEITOS GERAIS
Biorritmos
Consistem no evento cíclico de atividades biológicas, ou seja, a alternância periódica de situações diversas em seres humanos e em outros animais. Um exemplo é a variação biológica circadiana (do latim circa = cerca ou aproximadamente e dies = dia), que é um ritmo periódico com um ciclo de cerca 24 horas, empregado à repetição rítmica de determinados fenômenos que acontecem em seres vivos aproximadamente no mesmo tempo cada dia, como na glândula pineal de animais.
Gravidade
Gravitação é o fenômeno de atração entre corpos de grande massa. Os seres humanos estão subordinados a ela, ainda que seu controle passe, em geral, despercebida. A força da gravidade se cumpre pelo peso que o corpo deve suportar, como quando o corpo está na posição vertical, ortostática ou ereta sobre as plantas dos pés, ou quando está deitado, em decúbito dorsal, sobre as regiões occipital e posterior do tórax, as nádegas, as regiões posteriores da coxa e poplítea, e a parte posterior da perna e do calcanhar.
CONCEITOS GERAIS
Esportes
A prática de exercícios físicos gera variações anatômicas que são com facilidade observadas. Elas podem ser elucidadas nos tenistas e nos esgrimistas, que se valem de um só membro superior, nos quais é possível notar sua preferência pela hipertrofia dos músculos dessa extremidade superior, gerando maior e mais clara assimetria bilateral.
Trabalho
Os movimentos executados por trabalhadores, especialmente em profissões não sedentárias, são responsáveis, devido a sua repetição, por alterações morfológicas, mais comumente localizadas do que generalizadas no organismo.
Anomalias
Anomalia pode ser definida como qualquer modificação morfológica que causa dano funcional ao indivíduo, mas compatível com a vida. A maioria das anomalias é congênita. Contudo, algumas são adquiridas por causa de patologias graves contraídas durante o desenvolvimento do indivíduo, ou devido ao tipo ou à natureza do trabalho desenvolvido pela pessoa. 
CONCEITOS GERAIS
Como exemplo de anomalias, temos as anomalias do crânio, as craniossinostoses, que consistem no fechamento prematuro das suturas cranianas, entre elas a escafocefalia, caracterizada pelo fechamento prematuro da sutura sagital.
Entre as anomalias da face estão a fissura labiopalatal ou lábio leporino, que consiste na fissura do lábio superior, que se apresenta semelhante ao de um coelho ou lebre. Já nas anomalias da coluna vertebral, se encontram a hipercifose, hiperlordose e a escoliose.
Entre anomalias do tórax existem o tórax em funil ou “tórax de sapateiro” e o tórax em quilha ou tipo “peito de pombo”, desenvolvidos em pacientes portadores de asma.
Os membros superiores e inferiores são acometidos por anomalias como a focomelia, que consiste no membro reduzido do segmento distal e implantado no tronco; a sindactilia, condição na qual dois ou mais dedos estão fusionados; a polidactilia, ou seja, dedos extranumerários; e a talipe ou
CONCEITOS GERAIS
pé torto. Já o sistema nervoso é acometido por anomalias como a microcefalia, situação que o cérebro permanece anormalmente pequeno.
Por fim, entre as anomalias do aparelho reprodutor estão as pessoas hermafroditas, a polimastia, ou seja, mamas extranumerárias, e a presença de pênis duplo.
Monstruosidade
Monstruosidade é uma modificação morfológica muito ampla, a ponto de causar intensas perturbações na construção corpórea do indivíduo, sendo em geral incompatível com a vida. 
Além de doenças e hábitos deletérios, como o tabagismo e o alcoolismo, que atingem a gestação e os fetos, a própria Medicina pode originar anomalias e monstruosidades. Exemplo típico de iatrogênese, ou seja, monstruosidade gerada por agentes terapêuticos, é o da talidomida. No final da década de 1950 e no início da de 1960, na Europa, a talidomida era receitada para aliviar as náuseas matutinas de mulheres gestantes, especialmente as primigestas. 
CONCEITOS GERAIS
Presentemente se utiliza a talidomida, com sucesso, para aliviar fortes dores agregadas com reações de lepra aguda. Naturalmente, a talidomida não deve ser utilizada quando a gestação for possível.
Com o progresso atual da Medicina, em especial das técnicas cirúrgicas, alguns tipos de deformações graves podem ser corrigidos cirurgicamente, com sobrevida do(s) indivíduo(s), como no caso dos xifópagos. Outros exemplos de monstruosidades são a anencefalia e o ciclope.
Divisão do organismo humano
O organismo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça corresponde à extremidade superior do corpo. Encontra-se unida ao tronco por uma parte estreitada, o pescoço. No pescoço encontram-se órgãos consideráveis, como a laringe, a glândula tireoide, as glândulas paratireoides, a parte da traqueia e o esôfago.
CONCEITOS GERAIS
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O tronco abrange o tórax e o abdome com as referentes cavidades torácica e abdominal separadas entre si pelo diafragma. A região do corpo entre o pescoço e o abdome é habitualmente reconhecida como tórax. O abdome está encontrado debaixo do tórax. Centralizado na frente do abdome, o umbigo é um evidente ponto de reparo. A cavidade abdominal estende-se inferiormente na cavidade pélvica. 
Dos membros, dois são superiores e dois inferiores. Cada membro tem uma raiz, pela qual está unida ao tronco, e uma parte livre. Na transição entre o braço e o antebraço há o cotovelo; entre o antebraço e a mão, o punho; entre a coxa e a perna, o joelho; entre a perna e o pé, o tornozelo.
Posição anatômica
Nesta posição, o indivíduo é observado de pé e ereto, com os membros superiores caídos naturalmente, próximos ao corpo, de cada lado do tronco, o olhar fixo voltado horizontalmente para frente, assim como as palmas das mãos com os dedos justapostos. Os membros inferiores igualmente aos superiores permanecem unidos, com os pés paralelos, e as pontas dos dedos do pé também voltados para frente
CONCEITOS GERAIS
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Planos de delimitação do organismo humano
Na posição anatômica, o organismo
humano pode ser delimitado por planos tangentes à sua superfície, os quais, com suas intersecções, geram a constituição de um sólido geométrico, um paralelepípedo. Apresenta-se assim, para as faces desse sólido, os que se seguem planos correspondentes, sendo eles dois planos verticais, um tangente ao ventre (plano ventral ou anterior) e outro ao dorso (plano dorsal ou posterior). Estes e outros paralelos também são denominados como planos frontais, por serem paralelos à “fronte”. A denominação ventral e a denominação dorsal são destinadas ao tronco, enquanto a anterior e a posterior, aos membros. Os dois planos verticais tangentes aos lados do corpo são chamados de planos laterais direito e esquerdo. Dos dois planos horizontais, o tangente à cabeça é chamado de plano cranial ou superior e o outro, à planta dos pés, é chamado plano podálico (podos, pé) ou, ainda, inferior. O tronco separado é limitado inferiormente pelo plano que incide pelo vértice do cóccix, ou seja, o osso que no homem é o vestígio da cauda de outros animais. Por essa razão, esse plano é chamado caudal.
CONCEITOS GERAIS
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Planos de secção do organismo humano
O plano que separa o organismo humano em metades direita e esquerda é chamado de plano mediano. Todo corte do corpo produzido por planos paralelos ao plano mediano é uma secção sagital, ou seja, corte sagital, e os planos de secção são também chamados de sagitais. O nome resulta do fato que o plano mediano incide pela sagitta (seta, em latim) do crânio fetal.
Os planos de cortes que são paralelos aos planos ventral e dorsal são chamados frontais. Os planos frontais são planos verticais que incidem também da cabeça aos pés, porém que estão em ângulos retos com o plano sagital. Mesmo que somente um deles incida perto pela sutura coronal do crânio, eles admitem também a designação de planos coronais. Todo corte é também chamado frontal ou secção frontal.
Os planos transversais ou horizontais também são planos de cortes que incisam transversalmente o organismo humano em ângulos retos, com ambos os planos sagital e frontal. O corte é chamado de transversal ou secção transversal.
CONCEITOS GERAIS
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Para se sustentar equilibrado, o organismo humano também assume determinadas posições com relação aos planos anatômicos. São elas:
• Ereto: posição em pé, na vertical.
• Supino: posição em decúbito dorsal, ou seja, a região das “costas” para baixo e face para cima.
• Decúbito ventral: posição contrária ao supino, ou seja, a região do abdome e face para baixo.
• Decúbito lateral: posição deitado lateralmente sobre o lado esquerdo ou direito.
Termos de posição e direção
Os termos de posição e direção são utilizados para encontrar as estruturas e as regiões do organismo humano, concernentes à posição anatômica. Temos então que:
• O termo proximal é a região dos membros mais próxima à raiz do membro (por exemplo, o joelho é proximal ao pé), enquanto o termo distal é a região dos membros mais distante da sua origem (por exemplo, a mão é distal ao cotovelo).
CONCEITOS GERAIS
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• O termo anterior é aquele que está à frente de uma região ou estrutura do organismo humano (por exemplo, o umbigo está no lado anterior do corpo). Já o termo posterior refere-se ao dorso de uma região ou estrutura do organismo humano (por exemplo, os rins são órgãos posteriores em relação aos intestinos).
• O termo superior é a região ou estrutura próxima, ou em direção à cabeça (por exemplo, o tórax é superior ao abdome). Já o termo inferior é a região ou estrutura do organismo humano localizada próximo ou em direção aos pés (por exemplo, as pernas são inferiores ao tronco).
• O termo medial é a região do organismo humano ou estrutura mais próxima ao plano mediano (por exemplo, o coração é medial em relação aos pulmões). O termo lateral é a região ou estrutura do organismo humano mais afastada do plano mediano (por exemplo, as orelhas são laterais ao nariz).
• O termo interno e o termo externo são utilizados para descrever a distância relativa de uma estrutura do centro de um órgão ou de uma cavidade (por exemplo, a artéria carótida interna é situada dentro da cavidade do crânio e a artéria carótida externa é situada fora da cavidade do crânio). 
CONCEITOS GERAIS
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• O termo ipsilateral refere-se ao mesmo lado do corpo (por exemplo, a mão e o pé esquerdos são ipsilaterais). O termo contralateral refere-se aos lados opostos do corpo (por exemplo, os músculos bíceps do braço esquerdo e reto femoral da coxa direita são contralaterais).
• O termo superficial é usado para a estrutura localizada mais próxima à superfície corpórea (por exemplo, a pele é superficial em relação aos ossos). O termo profundo é usado para a estrutura localizada internamente ao corpo, longe da superfície (por exemplo, o músculo masseter é profundo em relação à pele).
• O termo mediano refere-se à estrutura que coincide com o plano mediano (por exemplo, o nariz).
Analisar figuras apostila – página 68
CONCEITOS GERAIS
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Eixos de movimento
O corpo humano e seus segmentos se movem nos planos de movimento em torno dos eixos de movimento. Ele se movimenta em três planos, os quais são chamados de planos anatômicos do movimento, conforme ilustra a figura a seguir. Os três eixos em torno dos quais esses planos fazem rotação são, em expressões físicas, x, y e z. Esses eixos, são: o eixo x, ou medial-lateral, que corre de uma lateral à outra e se encontra no plano frontal; o eixo y, ou vertical, que corre de cima para baixo ou superior inferiormente e está no plano transverso; e o eixo z, ou anteroposterior, que corre da frente para trás e está no plano sagital. Todos os movimentos podem ser descritos pela situação ao longo do plano de movimento e em torno do eixo de movimento desse plano. Esses eixos de movimento também são descritos em termos funcionais em referência à posição anatômica, conforme descrita anteriormente. A partir desse ponto de referência, os movimentos e planos são determinados.
Apostila página 70 - Tabela 1 – Planos anatômicos, os eixos associados e os movimentos fundamentais.
CONCEITOS GERAIS
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As cavidades corporais
As cavidades corporais são espaços internos do corpo que alojam órgãos ou vísceras. No organismo humano há cinco cavidades:
• A cavidade do crânio situa-se no interior do crânio e abrange o encéfalo. Já o canal vertebral começa na base da cavidade do crânio e aloja a medula espinal. Essas duas cavidades constituem um espaço único contínuo.
• A cavidade torácica localiza-se no tórax, acima do diafragma, com o mediastino limitando ela em lados direito e esquerdo. A cavidade torácica aloja o coração, os vasos sanguíneos, o esôfago, o timo, a traqueia, os brônquios e os pulmões.
• A cavidade abdominal começa logo após a cavidade torácica, na parte superior do abdome. Na cavidade abdominal se encontram o estômago, a maior parte do intestino, o fígado, a vesícula biliar, o baço, o pâncreas e os rins.
• A cavidade pélvica envolve o interior da pelve. Está situada na parte inferior do abdome e aloja parte do intestino, bexiga urinária, uretra e órgãos genitais internos.
CONCEITOS GERAIS
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Além das grandes cavidades corporais fechadas do organismo, temos outras menores. A maioria está localizada na cabeça e se abre para o exterior do organismo. São elas:
• A cavidade oral e digestória. A cavidade oral, habitualmente chamada de boca, abrange órgãos anexos da mastigação, como os dentes e a língua. Ela é contínua com parte da cavidade dos órgãos que formam o canal alimentar, a qual se abre para o exterior no ânus.
• A cavidade nasal está situada dentro e posteriormente ao nariz. Ela forma parte das vias áreas superiores do sistema respiratório.
• As cavidades orbitais no crânio abrigam os olhos e os apresentam em uma situação anterior.
• As cavidades da orelha média estão situadas no crânio e medialmente ao tímpano. Elas abrangem ossículos que conduzem vibrações sonoras para os receptores auditivos nas orelhas internas.
• As cavidades sinoviais são cavidades
articulares. Apresentam um líquido lubrificante que diminui o atrito quando os ossos se movimentam uns sobre os outros.
CONCEITOS GERAIS
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Antimeria
O plano mediano divide o organismo humano em duas partes semelhantes, direita e esquerda. Essas partes são designadas antímeros. Esses antímeros são semelhantes morfológica e funcionalmente, por isso o organismo humano é arquitetado conforme o princípio de simetria bilateral. Dessa forma, por exemplo, as hemifaces de um mesmo indivíduo não são iguais, conforme ilustra a figura a seguir. As linhas que incidem pelas fendas palpebrais, bem como pelas comissuras labiais, não são horizontais, mas sim oblíquas; além disso, a linha mediana da face não é retilínea, mas convexa para um ou outro lado. Associando-se estes três elementos, observa-se que comumente a linha mediana da face é convexa para a direita e coincide com um eixo ocular oblíquo para cima e para a direita, e com um eixo bucal oblíquo para baixo e também para a direita; tudo isso sugere um maior desenvolvimento da metade direita da face. O pavilhão da orelha é, comumente, maior e mais alto à esquerda.
Além disso, existem diversas diferenças morfológicas externas nos indivíduos, por exemplo, no tamanho das mamas e na altura dos testículos. Internamente, as diferenças são mais claras, como é o caso do coração que se
PRINCÍPIOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO DO ORGANISMO HUMANO
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apresenta mais reposicionado para a esquerda, chamado situação levocárdica. Por outro lado, elas podem citar-se à posição, como se observa nos rins, sendo o direito rotineiramente mais baixo do que o esquerdo, devido ao fígado, que preenche quase completamente do lado direito, enquanto o baço está posto à esquerda da linha mediana. Porém, os pulmões apresentam apenas assimetria quanto à forma e não em relação à posição.
Metameria
Satisfaz à superposição longitudinal de segmentos semelhantes, referidos metâmeros. No adulto, os exemplos clássicos de metameria são a coluna vertebral, em que existe a superposição de vértebras e a cavidade torácica, onde as costelas estão superpostas longitudinalmente, permanecendo entre elas os espaços intercostais.
Paquimeria
É o princípio pelo qual o segmento do organismo do indivíduo representado pela cabeça, pescoço e tronco são compostos esquematicamente de dois tubos, chamados de paquímeros. Existem os paquímeros anterior ou ventral e o posterior ou dorsal.
PRINCÍPIOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO DO ORGANISMO HUMANO
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Satisfaz à superposição longitudinal de segmentos semelhantes, referidos metâmeros. No adulto, os exemplos clássicos de metameria são a coluna vertebral, em que existe a superposição de vértebras e a cavidade torácica, onde as costelas estão superpostas longitudinalmente, permanecendo entre elas os espaços intercostais.
Paquimeria
É o princípio pelo qual o segmento do organismo do indivíduo representado pela cabeça, pescoço e tronco são compostos esquematicamente de dois tubos, chamados de paquímeros. Existem os paquímeros anterior ou ventral e o posterior ou dorsal.
Segmentação
O princípio da segmentação ou da estrutura segmentar na construção do organismo humano é verificado no tipo de subdivisão dos órgãos de acordo com a distribuição dos seus vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e, quando existir ductos, canais ou tubos relacionados com sua função, como brônquios, ductos bilíferos e vias urinárias.
PRINCÍPIOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO DO ORGANISMO HUMANO
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Estratimeria ou estratificação
É o princípio segundo o qual o organismo humano é construído por camadas ou estratos, que se superpõem. Como exemplos, citamos a pele, na qual se caracteriza a camada superficial, a epiderme, e a camada profunda, a derme; e a tela subcutânea, com suas três camadas fundamentais, procedendo a seguir a fáscia muscular, músculos e ossos. A estratificação acontece também em órgãos ocos, como o intestino. As paredes desses órgãos são formadas por camadas superpostas. No coração, o pericárdio é a camada externa, o miocárdio é a média e o endocárdio é a camada que forra internamente o coração. Por fim, no sistema nervoso central podemos citar a disposição das meninges e os seus respectivos espaços. Assim, teremos na sequência, a partir o tecido ósseo até o tecido nervoso: ossos, espaço epidural, dura-máter, espaço subdural, aracnoide-máter, espaço subaracnóideo, pia-máter e tecido nervoso
PRINCÍPIOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO DO ORGANISMO HUMANO
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UNIDADE II
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Podemos listar vários sistemas do ponto de vista da Anatomia Sistêmica. Portanto, temos o aparelho osteoarticular, formado pelos sistemas esquelético e articular, e o aparelho locomotor, composto de três sistemas: o esquelético, o articular e o muscular.
No aparelho locomotor, o sistema esquelético inclui os ossos, os quais dão fixação aos músculos, delimitam cavidades para a proteção dos órgãos nelas contidas, formam alavancas e servem como órgãos passivos de movimento e como hematocitopoieticos. O sistema articular é composto de conexões ou articulações que se estabelecem entre os ossos, ao nível das quais se observam movimentos. O sistema muscular compreende o conjunto dos músculos voluntários ou esqueléticos, assim chamados por estarem sujeitos ao controle da vontade e por estarem ligados ao esqueleto. Envolvidos por fáscias musculares, os músculos esqueléticos se originam ou se inserem por meio dos seus tendões e das suas aponeuroses, além de outras estruturas anatômicas que formam esse sistema, como o retináculo, as bainhas tendíneas e as bolsas sinoviais. Os músculos esqueléticos são os órgãos ativos do movimento.
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Assim, com a integração desses três sistemas, temos os ossos como as estruturas anatômicas simples e rígidas que amparam os músculos esqueléticos; eles sustentam a massa corpórea e trabalham com os músculos esqueléticos para gerar os movimentos controlados e precisos. Sem a estrutura de sustentação dos ossos, a contração muscular apenas tornaria os músculos esqueléticos mais curtos e espessos. Os músculos esqueléticos devem tracionar o esqueleto para fazer-nos sentar, levantar, andar ou correr. 
Entenderemos que as articulações existem sempre que dois ou mais ossos se encontram, podendo estar em contato direto ou separadas por tecido fibroso, cartilagíneo ou sinóvia, sendo que cada tipo de articulação executa um movimento específico. Veremos que quase todos os 700 músculos esqueléticos individuais que formam o sistema muscular, como o músculo bíceps braquial, contêm tanto tecido muscular quanto tecido conjuntivo. De tal forma, a ação principal de alguns músculos esqueléticos é estabilizar os ossos para que outros músculos esqueléticos possam realizar movimentos de forma mais eficaz.
No estudo da anatomia do aparelho locomotor, o foco central está nos músculos e nos ossos aos quais eles se prendem. Os ossos também se conectam uns aos outros formando as articulações. Assim, as três principais estruturas nas quais devemos nos ater na anatomia do aparelho locomotor são os ossos, as articulações e os músculos.
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Osteologia
O esqueleto humano representa 20% da massa corpórea, ou seja, 14 quilogramas em um indivíduo de 70 quilogramas. O sistema esquelético desempenha um papel principal e vários papéis secundários para cooperar com outros sistemas em papéis substanciais.
Os principais papéis do esqueleto e dos ossos
Como vimos anteriormente, o esqueleto fornece as alavancas e os eixos de rotação sobre os quais o sistema muscular realiza os movimentos. Assim, uma alavanca consiste em uma máquina simples que eleva a força ou a velocidade de movimento. Podemos dizer que as alavancas são inicialmente os ossos longos do corpo humano e os eixos são as articulações nas quais os ossos se deparam.
Um segundo papel relevante do esqueleto é servir de arcabouço e suporte para as partes moles do corpo humano. Os ossos dos membros inferiores, da pelve e da coluna vertebral suportam o corpo humano e são utilizados para a manutenção da postura ereta. Quase todos os
ossos proveem suporte para os músculos e apoio para os dentes.
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Encontram-se ainda outros papéis adicionais não associados exclusivamente com o movimento humano. Tecidos e órgãos vulneráveis são comumente protegidos por elementos do esqueleto. As costelas, por exemplo, protegem o coração e os pulmões, conforme ilustram as figuras a seguir. Por sua vez, o crânio aloja o encéfalo, as vértebras fornecem abrigo para a medula espinal e a pelve óssea acomoda órgãos digestórios e genitais.
Descreveremos, agora, o osso como um depósito para minerais, especialmente, cálcio e fósforo. O cálcio é o mineral mais farto no corpo humano. Um indivíduo apresenta aproximadamente 1 a 2 quilogramas de cálcio, dos quais mais de 98% estão armazenados nos ossos e nos dentes. Os minerais armazenados são liberados na circulação sanguínea quando há necessidade de distribuição a todas as partes do corpo humano. Ele é essencial para a contração muscular, para a coagulação do sangue e para a movimentação de íons através da membrana celular. Já o fósforo é essencial para as funções dos ácidos nucleicos DNA e RNA. Na hipótese de os minerais não se encontrarem na alimentação em quantidades satisfatórias, eles podem ser retirados dos ossos até serem compensados pela própria alimentação. Na realidade, “depósitos” e “retiradas” de minerais para os ossos e a partir deles acontecem quase incessantemente.
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Se todo o mineral é extraído de um osso longo, o colágeno se torna o principal constituinte, e o osso fica excessivamente flexível. Contudo, se o colágeno é retirado do osso, os componentes minerais se tornam o constituinte principal, e o osso fica muito quebradiço.
Podemos descrever os ossos como órgãos hematocitopoieticos, ou seja, eles realizam a produção de células sanguíneas por meio da medula óssea vermelha.
Estima-se que uma média de 2,5 milhões de células sanguíneas vermelhas é produzida a cada segundo pela medula óssea vermelha para suprir aquelas que são excluídas e degradadas pelo fígado. Em uma criança, o baço e o fígado também produzem células sanguíneas. Com o passar da idade, a maior parte da medula óssea vermelha transforma-se em medula óssea amarela, de maneira que no adulto encontra-se medula óssea vermelha apenas em alguns ossos, como no esterno. Já a medula óssea amarela é formada basicamente de células adiposas, que armazenam triglicerídeos. Os triglicerídeos armazenados são reservas potenciais de energia química.
Por fim, citaremos os osteoblastos, as células responsáveis pela síntese dos componentes orgânicos da matriz óssea, como colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas. Essas células ósseas também estão envolvidas no metabolismo, pois secretam osteocalcina, um hormônio que influencia na regulação de glicemia.
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Arquitetura óssea
Como descrito anteriormente, os ossos são peças duras e calcificadas, em número, coloração e formas variáveis. Apresentam matéria orgânica (1/3) e matéria inorgânica (2/3). A matéria orgânica atribui elasticidade aos ossos, enquanto a matéria inorgânica atribui rigidez e força.
Macroscopicamente, os ossos têm dois tipos diferenciados de substâncias ósseas, a esponjosa e a compacta. Os dois tipos podem aparecer de maneira simultânea, porém em quantidades variadas, num mesmo osso.
A substância óssea esponjosa é mais leve, o que diminui a massa total de um osso, de modo que ele se mova com maior simplicidade quando tracionado pelo músculo esquelético. Ela é porosa e se situa na parte interna dos ossos, constituindo as trabéculas ósseas (do latim pequenos feixes). As trabéculas ósseas suportam e protegem a medula óssea vermelha. Além disso, a presença da substância óssea esponjosa diminui a massa do esqueleto e colabora na mobilidade dos ossos pelos músculos esqueléticos. A substância óssea esponjosa é encontrada em grandes quantidades nas epífises dos ossos longos e nos ossos curtos, sendo recobertas por fina camada de substância óssea compacta. 
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Observem que a substância óssea compacta se caracteriza por um revestimento externo denso e rijo. Ela sempre reveste completamente todo osso e tende a variar de espessura. Assim, a substância óssea compacta predomina na diáfise dos ossos longos. Além disso, ela envolve uma cavidade chamada de cavidade medular, que contém a medula óssea, vermelha ou rubra e amarela ou flava
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O periósteo e o endósteo
A superfície externa de um osso é comumente revestida pelo periósteo, exceto as superfícies articulares que são recobertas por cartilagem do tipo hialina. Ele isola e protege o osso dos tecidos vizinhos, provê uma via e um local de união para o suprimento cardiovascular e nervoso, e participa ativamente no crescimento ósseo em diâmetro e na reparação de fraturas. Entretanto, o periósteo não reveste os ossos sesamoides.
No interior do osso, o endósteo celular reveste a cavidade medular, conforme ilustra a figura a seguir. O endósteo está em atividade durante o crescimento e sempre que a reparação e o remodelamento da arquitetura óssea estiverem acontecendo.
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Vascularização óssea
Os ossos são muito vascularizados, sendo que eles recebem amplo suprimento de sangue. De particular relevância são os vasos metafisários e os vasos epifisários. As artérias adentram nos ossos a partir do periósteo. As artérias periosteais acompanhadas por nervos adentram na diáfise e irrigam o periósteo e a parte externa da substância compacta. Próximo ao centro da diáfise, uma grande artéria nutrícia adentra no osso compacto por meio do forame nutrício. Ao adentrar na cavidade medular, a artéria nutrícia se ramifica em ramos proximal e distal, que irrigam a parte interna da substância óssea compacta da diáfise, substância óssea esponjosa, e a medula óssea. Na tíbia há uma artéria nutrícia, enquanto no fêmur existem diversas. As extremidades dos ossos são irrigadas pelas artérias metafisárias e epifisárias. Ambas irrigam a medula óssea vermelha e as substâncias ósseas da metáfise. As artérias epifisárias irrigam a medula óssea e as substâncias ósseas das epífises.
Uma ou duas veias nutrícias seguem a artéria nutrícia na diáfise. Abundantes veias epifisárias e metafisárias saem das epífises com as suas relativas artérias. As veias periosteais saem do periósteo com as suas relativas artérias. Os vasos linfáticos dos ossos estão no periósteo, porém alguns podem adentrar no tecido ósseo. 
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Inervação óssea
Os nervos seguem as artérias que irrigam os ossos. O periósteo é rico em nervos sensitivos, responsáveis pela sensação de dor. São exemplos as dores consequentes de uma fratura, de tumores ósseos ou de uma biópsia da medula óssea vermelha por meio de uma agulha. Microscopicamente a medula óssea vermelha é avaliada em situações, por exemplo, em leucemias, linfomas e anemias aplásicas. Apresentam-se dores à medida que a agulha adentra no periósteo; assim que a agulha adentra e ultrapassa o periósteo há poucas dores.
Morfologia óssea
Os ossos podem apresentar diversos tamanhos e formatos. Por exemplo, o osso pisiforme da mão possui o tamanho e a forma de uma ervilha, enquanto o fêmur pode ter até 60 centímetros de comprimento em alguns indivíduos e uma cabeça arredondada em formato de bola. Desse modo, o fêmur suporta a grande massa corporal e pressão, sendo que a sua arquitetura de cilindro oco provê força máxima com peso mínimo.
Na maioria dos casos, os ossos são classificados conforme sua forma geométrica aproximada em: longos, alongados, curtos, planos e irregulares. Existem, ainda, os ossos pneumáticos, sesamoides e acessórios.
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Ossos longos
São formados por uma diáfise e duas epífises. Apresentam o comprimento maior em relação à largura e à espessura que são equivalentes. Os ossos longos são encontrados apenas no esqueleto apendicular, por exemplo, o osso úmero.
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Ossos alongados
São achatados, sendo eles um subgrupo dos ossos longos. Eles não apresentam epífises bem definidas e não têm cavidade medular. A clavícula e as costelas são exemplos típicos de ossos alongados.
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Ossos curtos
Apresentam as três dimensões – comprimento, largura e espessura – equivalentes, as quais lhes conferem uma forma cúbica. Exemplos clássicos desse grupo são os ossos do carpo e os do tarso, exceto o pisiforme, que é um osso sesamoide, e o osso calcâneo, que é um osso irregular.
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Ossos planos
A largura e o comprimento predominam sobre a espessura. Os ossos planos proporcionam proteção para o conteúdo interno e ampla superfície para a fixação muscular.
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Ossos irregulares
Não possuem formas geométricas bem definidas. As vértebras, os ossos da base do crânio e os ossos da face são exemplos desse grupo. Eles oferecem suporte de massa corporal, dissipação de cargas, proteção da medula espinal e contribuição com os movimentos e locais de inserção muscular. 
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Ossos pneumáticos
Apresentam uma ou mais cavidades de volumes variáveis, chamados seios, que se apresentam revestidas de mucosa e preenchidas por ar. Os ossos pneumáticos estão localizados no crânio, sendo eles o frontal, a maxila, o etmoide e o esfenoide.
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Ossos sesamoides
Se assemelham a sementes de gergelim e estão localizados em regiões em que alguns tendões cruzam epífises de ossos longos. Eles se desenvolvem dentro dos tendões e os protegem de desgaste exorbitante junto ao osso. Também alteram o ângulo de inserção de um tendão. Os ossos sesamoides estão presentes no desenvolvimento fetal, mas não são considerados partes do esqueleto axial ou apendicular, exceto pelas patelas, que são os maiores ossos sesamoides. Os outros ossos sesamoides mais frequentes estão situados nas plantas dos pés e na base do primeiro metatarso. Nos membros superiores, os ossos sesamoides são frequentemente encontrados nos tendões próximos à superfície palmar e na base dos metacarpos. Outro exemplo clássico é o hioide.
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Ossos acessórios
São raros e sua sede, as suas dimensões e o seu número podem ser muito variáveis. Acontecem mais comumente na superfície externa do que na superfície interna. Do ponto de vista da Anatomia Comparativa, alguns desses ossos correspondem aos que se deparam normalmente em outros vertebrados e outros não apresentam essa correspondência. A estes ossos acidentais dá-se o nome de ossos suturais ou wormianos, os quais acontecem muitas vezes na sutura lambdoide, em crânios hidrocefálicos. Como exemplos de ossos acessórios podemos mencionar os ossos bregmático, o osso ptérico e o osso astérico.
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Características anatômicas de superfície dos ossos
Os ossos apresentam acidentes ósseos ou detalhes ósseos, como as proeminências, as fossas, as depressões, os tubérculos, as eminências, os orifícios, os canais, as cavidades e os seios, para referir apenas as características mais frequentes, que compõem relevantes pontos de referência em Anatomia, Radiologia, Ortopedia e Antropologia Física. As seguir há exemplos de características anatômicas da superfície dos ossos:
• O forame (do latim foramine = orifício) é uma abertura por meio da qual passam artérias ou nervos, como o forame magno do osso occipital.
• A fossa (do latim fossa = fenda, trincheira) é uma depressão rasa sobre um osso, como a fossa cerebelar do osso occipital.
• O côndilo (do grego Kondylo = elevação arredondada) é uma proeminência grande e arredondada que constitui uma união, como os côndilos medial e lateral do fêmur.
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• A cabeça é uma projeção arredondada que compõe uma união e é sustentada na constrição (colo) do osso, como a cabeça do úmero).• A tuberosidade é uma projeção grande e arredondada, frequentemente com uma superfície áspera, como a tuberosidade da tíbia.
• A espinha é uma projeção aguda e delgada, oriunda da face de um osso, como a espinha da escápula.
• A crista é uma margem ou borda proeminente, comumente rugosa, como a crista ilíaca do quadril.
• A incisura é uma chanfradura ou entalhe em uma margem óssea, como a incisura da mandíbula.
Ver figuras página 98 da apostila.
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Fatores de variação anatômica no número de ossos
Existem 206 ossos no indivíduo adulto médio e normal, excluindo-se os ossos sesamoides e os ossículos da audição, na orelha média.
O número de peças ósseas varia com a idade, havendo maior número no recém-nascido do que na idade avançada. Por exemplo, no crânio de uma criança permanecem duas peças ósseas paramedianas ou hemifrontais que, com a sinostose da sutura metópica comporão o osso frontal, enquanto na idade avançada, com a sinostose de todas as suturas, tornam o crânio uma esfera óssea. 
Divisão do esqueleto
Como visto anteriormente, o esqueleto humano adulto consiste em 206 ossos, a maioria deles pares, com um membro de cada par nos lados direito e esquerdo do corpo. Vimos que há fatores de variação no número de ossos. Assim, os esqueletos de recém-nascidos, lactentes e crianças apresentam mais de 206 ossos porque alguns deles se unem mais tarde na vida. Como exemplos, podemos citar os ossos do quadril e alguns da parte final da coluna vertebral, o sacro e o cóccix.
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Os ossos do esqueleto adulto estão agrupados em três divisões principais: o esqueleto axial, o esqueleto apendicular e as cinturas escapular e pélvica. 
O esqueleto axial apresenta 80 ossos; o esqueleto apendicular, 126 ossos. A figura a seguir mostra como as duas divisões se unem para compor o esqueleto completo. 
O esqueleto axial consiste em ossos em torno do eixolongitudinal do corpo humano, descrevendo uma linha vertical imaginária que atravessa o centro de gravidade do corpo, indo da cabeça até o espaço entre os pés. Portanto, o esqueleto axial é composto de ossos do crânio, o hioide, as costelas, o esterno e os ossos da coluna vertebral. 
Já o esqueleto apendicular é formado pelos ossos dos membros superiores e inferiores. Os ossos que compõem as cinturas unem os membros ao esqueleto axial. Portanto, a cintura escapular une os membros superiores ao esqueleto axial, enquanto a cintura pélvica liga os membros inferiores ao esqueleto axial. 
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O esqueleto da cabeça
O esqueleto da cabeça ou esqueleto cefálico abrange os ossos do crânio e os ossos da face ou viscerocrânio. Consiste, portanto, em uma sequência de ossos que na sua maioria estão unidos entre si por articulações imóveis, com exceção realizada apenas para a mandíbula, que se articula com o osso temporal pela articulação sinovial, a articulação temporomandibular.
Os ossos do neurocrânio
Veremos agora algumas informações sobre os ossos do neurocrânio:• O osso frontal é plano, anterior, ímpar e mediano da calvária.
• O osso occipital é plano, inferior, posterior, mediano, pertencente à base do crânio, perfurado por uma abertura ampla e oval, o forame magno, por meio do qual a cavidade craniana comunica-se com o canal vertebral.
• O osso esfenoide é irregular, ímpar, mediano e situa-se na base do crânio anteriormente aos temporais e à parte basilar do osso occipital.
• O osso etmoide é leve, esponjoso, irregular, ímpar, inferior e situa-se na base do crânio.
• O osso parietal é plano, par e compõe o teto do crânio.
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• O osso temporal é irregular, par e muito complexo. Possui três partes: a escamosa, a petrosa e a timpânica. A parte petrosa abrange o órgão vestibulococlear e a cavidade timpânica que contém os três ossículos da audição. 
Os ossos da face
Veremos agora algumas informações sobre os ossos da face:
• O osso zigomático, frequentemente referido como “maçã do rosto”, forma parte da parede lateral
e assoalho da órbita. É par e irregular. 
• O osso nasal é um pequeno osso retangular que forma, com o nasal do lado oposto, o dorso do nariz. 
• A maxila é um osso plano, anterior e irregular. Forma quatro cavidades: o teto da cavidade oral, o soalho e a parede lateral do nariz, o soalho da órbita e o seio maxilar. Possui os alvéolos dentários para abrigar os dentes superiores. 
• O osso lacrimal é pequeno, aproximadamente, retangular, situado na parte medial da órbita. É o menor e mais frágil osso da face. 
• O osso palatino é irregular, localizado posteriormente à maxila. Forma a parte posterior do palato duro, parte do soalho e parede lateral da cavidade nasal e o soalho da órbita. 
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• O vômer é ímpar, plano, de formato trapezoidal. Forma as partes posteriores e inferiores do septo nasal.
• A concha nasal inferior é um pequeno osso com o formato de uma placa delgada e alongada e com margens curvas. Situa-se ao longo da parede lateral da cavidade nasal, separando os meatos nasais médio e inferior. É a única concha nasal independente, pois as outras conchas, a superior e a média, pertencem ao etmoide. 
• A mandíbula, conforme ilustra a figura a seguir, é um osso ímpar, móvel da cabeça, o maior e mais forte da face, onde tem situação anteroinferior. Apresenta o formato de uma ferradura e contém os alvéolos dentários para abrigar os dentes inferiores. 
Os ossos do esqueleto da cabeça em conjunto
A cefalometria
Por meio da cefalometria, ou mensuração da cabeça permite-nos reconhecer crânios microcéfalos, mesocéfalos e macrocéfalos, ou seja, pequenos, médios e grandes. Quando as dimensões são extrapoladas, esses tipos são ditos patológicos, como o crânio hidrocéfalo, que possui descomunal hidrocefalia.
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Hidrocefalia é o acúmulo do líquor nas cavidades encefálicas, causando aumento na pressão intracraniana sobre o cérebro, o que pode levar a lesões no tecido cerebral, bem como ao aumento do crânio. 
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O esqueleto da cabeça do RN: espaços suturais e fontanelas
As principais variações do esqueleto da cabeça do recém-nascido (RN) em relação ao adulto residem na falta dos seios paranasais, por exemplo, dos ossos esfenoide e frontal. As margens dos ossos da calvária no feto de termo estão espaçadas, mas unidas por suturas membranáceas, que possibilitam a diminuição de volume da cabeça fetal, muito relevante para a passagem pela vagina e vulva, durante o parto normal.
Ao nível dos ângulos dos ossos, sem ter ocorrido ainda a ossificação, deparam-se as fontanelas do esqueleto da cabeça, a saber: as fontanelas medianas (anterior e a posterior) e as fontanelas laterais (anterolateral ou esfenoidal e a posterolateral ou mastóidea). À medida que a ossificação toma as áreas membranáceas, as reduzem de dimensões até sumir. A última fontanela a realizá-la é a fontanela anterior, que desaparece entre o 2º e o 3º anos de vida.
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O esqueleto da cabeça nos indivíduos senis
Nos indivíduos senis, a elasticidade do esqueleto da cabeça reduz e as suturas somem, por sinostoses, após os 40 anos de idade. Segue uma relação de algumas suturas e do início de sua calcificação: por volta dos 22 anos de idade, a sutura sagital e a sutura esfenofrontal; dos 24 anos de idade, a sutura coronal; dos 26 anos de idade, a sutura lambdoide e a sutura occipitomastóidea; dos 30 anos de idade, a sutura parietomastóidea; e dos 37 anos de idade, a sutura temporoparietal. O fechamento começa a acontecer vagarosamente, e vai sofrer um surto na idade avançada. Tende a completar-se após os 80 anos de idade.
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O esqueleto da cabeça e o dimorfismo sexual
Os caracteres mais dimórficos e usuais do crânio são o tamanho geral do crânio (maior nos homens do que nas mulheres), os processos mastoides (maiores e mais desenvolvidos nos homens do que nas mulheres), os arcos superciliares (muito marcados nos homens e pouco nas mulheres), o túber frontal (bem marcado nas mulheres e pouco nos homens), a protuberância occipital externa (relevo muito marcado nos homens e pouco nas mulheres) e a mandíbula (maior e mais quadrangular nos homens do que nas mulheres).
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O esqueleto do pescoço
Partiremos agora para os ossos do esqueleto do pescoço. Ele é composto das vértebras cervicais (ver coluna vertebral) e, do ponto de vista topográfico, do hioide. O hioide é um osso ímpar, mediano e sesamoide que faz parte de um conjunto de estruturas anatômicas e une a base do crânio ao esqueleto do pescoço. Está localizado na parte anterossuperior do pescoço, superiormente à laringe e posteroinferiormente à mandíbula. Apresenta como papel oferecer suporte para a língua, fornecendo locais de fixação para os músculos da língua, do pescoço e da faringe, fazendo dele um elemento relevante nas ações de mastigação e no ato de engolir. O hioide é um osso móvel e não se articula com mais nenhum outro.
O esqueleto do tronco
Veremos agora o esqueleto do tronco. Ele abrange o tórax, as vértebras lombares, as vértebras sacrais, as vértebras coccígeas e a pelve óssea. O tórax é a parte do organismo localizada no tronco, entre o pescoço e o abdome, exatamente entre a abertura superior do tórax e o diafragma. Seu formato abobadado possibilita grande rigidez, tendo em vista o pouco peso de seus constituintes, e propicia:
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• proteger os órgãos internos torácicos e abdominais, sendo que a maioria deles é cheia de ar ou líquido contra as forças externas;
• resistir às pressões internas negativas produzidas pela retração elástica dos pulmões e pelos movimentos inspiratórios;
• oferecer fixação para os membros superiores e sustentar a sua massa;
• proporcionar a fixação de diversos músculos que movem e sustentam a posição dos membros superiores em relação ao tronco, além de possibilitar fixação para os músculos do abdome, do pescoço, do dorso e da respiração.
O formato do tórax depende da idade, do sexo e do biótipo. O tórax do feto é mais desenvolvido sagital do que transversalmente, em virtude ao maior desenvolvimento do coração, do timo e dos órgãos abdominais do que dos pulmões. Aos 18 anos de idade, o tórax assume seu formato definitivo, prosseguindo a crescer até 35 anos de idade no sexo masculino e 25 anos de idade no sexo feminino. No indivíduo senil, as costelas e as cartilagens costais perdem a flexibilidade e as articulações sofrem anquilose, conduzindo o tórax a perder a elasticidade e a mobilidade. Com a ampliação da coluna vertebral, as costelas ficam mais próximas umas das outras. O tórax masculino é mais largo do que o feminino, com a máxima largura ao nível da VIII costela, com pequeno aperto inferior. O tórax feminino é mais
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 curto e arredondado, com maior aperto inferior do que o masculino. No indivíduo longilíneo, cujo crescimento é mais dinâmico e leva a um maior desenvolvimento em altura, o tórax é longo e estreito, enquanto no indivíduo brevilíneo, cujo desenvolvimento transversal prevalece sobre o vertical, o tórax é mais curto e largo.
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O esterno
O esterno é um osso plano com aproximadamente 15 centímetros de extensão, mediano, ímpar, localizado medianamente na parede anterior do tórax. É um relevante osso hematocitopoietico. O esterno articula-se com as clavículas e as cartilagens das sete primeiras costelas. Possui três partes: o manúbrio do esterno, o corpo do esterno e o processo xifoide.
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As costelas
São em número de 12 pares, tanto em indivíduos do sexo masculino como do sexo feminino. Elas têm formato de semiarcos, unindo as vértebras torácicas ao esterno. As costelas são classificadas em: costelas verdadeiras, I-VII (articulam-se diretamente ao esterno por intermédio das cartilagens costais); costelas falsas, VIII-X (articulam-se indiretamente com o esterno, unindo-se suas cartilagens costais umas às outras); e por fim as costelas flutuantes,

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