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RESUMO DIREITO PENAL IV - CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - ART 312 AO ART 331 DO CP

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RESUMO DIREITO PENAL IV – AVI
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Capítulo 1 – Dos crimes praticado POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO contra a administração em geral
ARTIGO 312 – PECULATO
Art 312 caput – PECULATO APROPRIAÇÃO (impróprio, pois não tem a posse)
- O bem jurídico tutelado é o patrimônio e indiretamente a moralidade (LIMPE)
- O objeto material é qualquer dinheiro, valor ou qualquer outro bem MÓVEL, público ou particular.
		- Um bem particular pode ser objeto de peculato desde que seja fruto de algo público. (exemplo cabral que dava isenções fiscais para as empresas e ganhava em tora jóias)
- Somente pode ser sujeito ativo desse crime o funcionário público (acepção ampla 327), o bem tem que estar na posse do funcionário público e tal pode deve ter se dado em razão do cargo.
		- O particular pode ser também, é excepcional comunicável (artigo 30 cp)
- Podem ser vítimas desse crime: O constante – O Estado e a Administração Pública 
O específico – órgão ou entidade
O particular- desde que as consequências do crime o atinjam diretamente.
- Admite-se tentativa nesse peculato
- O crime se consuma quando o funcionário público se apropria do dinheiro, bem ou qualquer outro bem móvel. 
Art 312 caput 2º parte – PECULATO DESVIO
“ou desvia-lo em proveito próprio ou alheio”
- Desviar é dar destinação diversa àquela previamente definida
OBS: Se esse dinheiro for utilizado em benefício da administração pública estaremos diante do crime do art.315 ( EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDA PÚBLICAS) 
Art 312 parágrafo 1º - PECULATO FURTO (impróprio)
Aqui o funcionário público não está na posse do bem, valor ou dinheiro, mas se vale da sua condição de funcionário público ( o que facilita sua ação) para subtrai-la ou concorre (ajuda ou facilita) para sua subtração.
- A consumação ocorre quando retiro a coisa da esfera de posse de forma mansa e pacífica. 
-Admite tentativa
Art 312 parágrafo 2º - PECULATO CULPOSO
Nesse caso teremos a negligência do funcionário público no seu dever de guarda do bem, dinheiro ou valor sob sua responsabilidade, o que irá facilitar a prática de crime de outrem
Nesse caso, de acordo com o parágrafo 3º nós teremos a extinção da punibilidade se o funcionário público reparar o dano antes da sentença irrecorrível e, sendo após, a pena será reduzida pela metade.
Art 313 – PECULATO ESTELIONATO
Neste caso, o funcionário público irá, dolosamente, se apropriar de dinheiro ou utilidade ( que tenha valor patrimonial) que recebeu em virtude do erro de outrem. Pouco importa se esse erro foi espontâneop ou provocado pelo funcionário público.
OBS: O particular também poderá responder por peculato, se tiver consciência da consição de funcionário público do coautoe, uma vez que, o fato de ser funcionário público é elementar do crime de peculato (artigo, 30 cp)
Obs: Prefeito que tem conduta similar a prevista no crime de peculato irá responde conforme art 1º, I, II,III, do decreto 201/67,
ARTIGO 316 – CONCUSSÃO
É a extorsão do funcionário público, neste crime, será exigida uma vantagem indevida (toda aquela que não possui um amparo legal), veja bem, qualquer vantagem, não necessariamente dinheiro.
Obs: não é necessário ter violência ou grave ameaça (diferente do crime de extorsão), pois, a própria posição de funcionário público já intimida. Todavia, se houver, responde em concurso de crimes.
Devemos observar que a vantagem indevida exigida é em razão da função, mesmo que o agente ainda não tenha assumido a função, mas se a ameaça visa prejudicar a pessoa se valendo de sua função pública, estaremos diante do crime de concussão. Agora, se a ameaça não tiver nada a ver com a função pública exercida pelo agente, estaremos diante do crime de extorsão (158 cp).
Ex: detetive que na delegacia exige determinado valor para não lavrar o auto de prisão em flagrante. Neste caso não estaremos dinte do crime de concussão, pois somente o delegado de polícia pode lavrar o auto de prisão em flagrante (tem que o funcionário público competente)
- Trata-se de crime formal, BASTA EXIGIR, sendo o recebimento da vantagem mero exaurimento do crime.
- Devemos observar a diferença ente exigir e vender, pois se o funcionário público “vende” determinado ato de ofício, estaremos diante de corrupção e não de concussão, pois nesta deverá existir uma exigência. 
- A pessoa que cede a exigência NÃO COMETE CRIME!
- Visa proteger os princípios básicos da administração da justiça, com foco o princípio da eficiência (LIMPE).
- Posso praticar esse crime pela omissão imprópria ( já que se trata de agente garantidor)
- Via de regra, não cabe tentativa, só é possível se praticada da forma escrita.
EXCESSO DE EXAÇÃO - parágrafo 1º do artigo 316 CP
É uma forma de concussão, um abuso de poder, nesse caso haverá cobrança indevida, ou ainda, de maneira vexatória ou gravosa. Nesse caso o funcionário público irá recolher o tributo aos cofres públicos (Estado). Trata-se de crime formal. 
- Visa proteger os princípios de básicos da administração pública, com foco o princípio da legalidade, pois os tributos só podem ser cobrados nos limites da lei.
		- São tributos: Os impostos, taxas e contribuições de melhorias
- A respeito de quem pode praticar o crime de excesso de exação, ser sujeito ativos, há duas correntes: uma que defende que apenas os funcionários públicos que tem competência para cobrar, e outra que diz que pode ser o servidor que não tem competência para cobrar.
- Haverá o erro de tipo quando cobrar o contribuinte achando ser devido
Parágrafo 2º do artigo 316 CP
Aqui temos uma forma qualificada do excesso de exação, ou seja, o funcionário público ao invés de recolher aos cofres públicos o dinheiro recebido pela cobrança indevida, ele desviará tal valor EM BENEFÍCIO PRÓPRIO. 
Devemos ficar atentos ao fato de que o valor tem que ser desviado antes de ingressar nos cofres públicos, pois se desviado após esse ingresso, nós teremos o crime de peculato. 
ART 317 – CORRUPÇÃO PASSIVA
Nesse caso teremos a venda de um ato de ofício por funcionário público. Essa “venda” poderá se dar fora da função ou antes de assumi-la, desde de que seja em função dela.
É crime formal, basta a solicitação da vantagem indevida para consumar o crime. 
Mesmo que o funcionário venha a praticar o ato de ofício, se receber dinheiro restará consumado o crime, uma vez que fere a moralidade do Estado. E não é preciso que receba, basta que solicite, o receber será um simples resultado naturalístico. 
No parágrafo primeiro temos atos que prejudicam a administração pública, neste caso o funcionário irá deixar de praticar ato de ofício, irá retarda-lo ou irá praticá-lo infringindo dever funcional. Ocorrendo tais fatos, por trazer prejuízo a administração pública, será aplicado aumento de 1/3 da pena.
No parágrafo segundo o funcionário não levará vantagem indevida, mas ira receber a pedido ou influência de outrem. 
Só será crime se o ato for praticado com infração de dever funcional, pois caso ele pratique ato dentro da legalidade, mesmo se houver pedido NÃO SERÁ CRIM!
OBS: Segundo a doutrina majoritária só haverá corrupção ativa por parte do outro agente se for na modalidade de receber, pois tendo o funcionário público solicitado, não haverá crime para o agente que fornece a vantagem. 
	CORRUPÇÃO PASSIVA ART 317
	CORRUPÇÃO ATIVA ART 333
	FUNCIONÁRIO PÚBLICO
	PARTICLUAR
	SOLICITAR, RECEBER, ACEITAR
	OFERECER, PROMETER, PRATICAR
ART 318 - FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO E DESCAMINHO
O descaminho está disposto no artigo 334, trata-se de material lícito, enquanto o contrabando artigo 334-A, trata-se de matéria ilícito. No artigo 318 a pena é maior por tratar de funcionário público ( como tem um tipo penal específico o funcionário não fica como partícipe do 334 ou 334-A).
- Tem como objetivo proteger os princípios básicos da administração pública, principalmente a eficiência da indústria nacional (descaminho), e o princípio da da eficiência do servições público (contrabando). 
- Será sujeito ativo desse crimeo funcionário público que tenha competência para fiscalizar entrada e saída de mercadorias. 
- Poderá ser praticado na forma comissiva e na omissiva, não podendo o último se tentado e sua consumação se da no momento em que devia agir e não agiu.
Art 319 – PREVARICAÇÃO
Neste crime o funcionário público retarda a prática de um ato, deixa de pratica-lo ou pratica-o contra disposição expressa em lei (neste caso é lei em sentido formal, não serve resolução ou ato administrativo), por sentimento ou interesse pessoal. 
Exemplos: detetive toma depoimento e quem deveria tomar era o delegado. Policial deixa de realizar a prisão em flagrante pois o criminoso é seu conhecido.
- Visa proteger todos os princípios básicos da administração pública , em especial o princípio da legalidade , impessoalidade ( interesse ou sentimento pessoal) e eficiência. 
- A consumação do verbo “retardar” é um pouco mais complexo, pois depende se há um prazo, se não houver o juiz ira determinar, mas se houver prazo será até a data de seu exaurimento, 
- Caberá tentativa na formas comissivas.
ART 320 – CONDESCÊNDENCIA CRIMINOSA
Neste crime, o SUPERIOR hierárquico deixa de responsabilizar um subordinado por infração que este cometeu no exercício do cargo ou, não sendo o competente para punir, deixa de comunicar autoridade competente. 
* O SUJEITO ATIVO É O FUNCIONÁRIO PÚBLICO SUPERIOR, DOUTRINA TEM ENTENDIDO QUE O MESMO GRAU DE HIERARQUIA NÃO SE APLICA. 
Importante observar que a falta de punição ou não comunicação se da por INDULGÊNCIA, ou seja por clemência, por vontade de perdoar. Se for por outro tipo de sentimento, poderemos estar diante do crime de prevaricação.
Para definirmos infração, temos duas correntes: A primeira traz que deve ser uma INFRAÇÃO PENAL, já a outra diz que pode ser qualquer tipo de infração: penal, administrativa, cível, etc. Todavia, a infração deve ter nexo causal cm a administração pública
- Como o objeto material é o ato ilícito, o crime anterior. Logo, para o crime de condescendência acontecer deve haver crime anterior , podendo pedir suspenção até ter condenação do crime anterior. 
ART 321 – CRIME DA ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
- Visa proteger os princípios básicos da adm. Pública, em especial o princípio da impessoalidade. 
- A expressão “patrocinar” compreende as condutas de proteger, beneficiar ou defender, direta ou indiretamente, interesse privado, que pode ser legítimo ou não. Cabe salientar que o patrocínio pode configurar-se como mero “favor”, não sendo exigido, portanto, que o agente público receba qualquer vantagem.
Confronto com o delito de prevaricação ---- No delito de advocacia administrativa, o agente público não tem competência para a prática de determinado administrativo e se vale de sua função para influenciar aquele que possui a referida competência com o fim de auferir qualquer benefício a terceiro estranho à Administração Pública.
CAPÍTULO II – DOS CIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
ART 328 - USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA
- Quando alguém que não é capaz legalmente faz o serviço de quem deveria fazer. PARTICULAR QUE INVADE A FUNÇÃO PUBLICA. 
 Nesse crime temos o agente (particular ou funcionário público) que realiza uma atividade pública sem estar legalmente amparado para isso, Vejamos, não basta simplesmente se dizer funcionário público, para cometer o crime =, ele deve realizar o ato de ofício. 
-Funcionário público que interferiu em outra função competência com desvio de materialidade, também estará cometendo o crime pois é incompetente para tal. Exemplo um ministro da justiça fazendo trabalho do ministro da saúde.
	Logo, podem ser sujeitos ativos tanto o particular quanto o funcionário público absolutamente incompetente. 
- O sujeito passivo deste crime será a entidade ou órgão na qual o crime foi praticado e o particular que poderá sofrer a usurpação.
- SE NA USURPAÇÃO ELE AUFERIR VANTAGEM RESPONDERÁ PELO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 328
ART 329 – RESISTÊNCIA
É crime praticado diretamente contra a PESSOA do funcionário público. Esse crime tem violência e grave ameaça.
Esse crime, como vimos, será praticado por particular em razão do capítulo II. Enquanto o sujeito passivo tem controvérsias na jurisprudência. 2 correntes: uma acredita que é vítima desse crime toda a administração pública, inclusive os funcionário amplos do artigo 327. Todavia, tal corrente escapa da sistêmica dos capítulos. E a segunda corrente que acredita que a vítima é restrita ao funcionário que sofre a oposição mediante violência ou grave ameaça.
O sujeito ativo deverá se opor à execução de ATO LEGAL (normativo) – 2 correntes: 1} só o que emana da lei (legislativo); 2) Decretos, Regulamentos,... 
OBS: se achar que o funcionário público não é o COMPETENTE para tal ato legal e se opor, não há esse crime. 
- A consumação se da no momento em que se opõe, o descumprimento é uma qualificadora., pós factum punível. 
- É crime formal, basta a resistência para consumar o crime, o sucesso ou não da pratica do ato é mero exaurimento.
JAMAIS TEREMOS CRIMES DE RESISTÊNCIA E DESOBEDIÊNCIA EM UM MESMO CONTEXTO
ART 330 – DESOBEDIÊNCIA
Aqui a desobediência não será da lei (ato legal), mas sim de uma ordem legal proferida por funcionários públicos. A consumação se dá quando o agente faz ou deixa de fazer algo contrariamente a ordem legal emanada. Se o sujeito ativo rasga uma intimação, não comete crime de resistência, pois a violência foi contra o documento e não contra o funcionário público que estava cumprindo a ordem legal (dever/obrigação).
Tem aplicação subsidiária, sempre que houver outro meio legal de sanção, este será priorizado. Ex: paro meu carro sobre a calçada e o guarda de trânsito emite uma ordem legal para que tire o veículo. Caso eu desrespeite a ordem legal, teoricamente estarei cometendo o crime de desobediência, porém, uma vez que existe uma sanção administrativa para o fato, a multa de trânsito, está será aplicada, pois O CRIME DE DESOBEDIÊNCIA TEM APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA.
- Só é desobediência se for praticado por particular (inclui-se funcionário público sem estar no exercício da função – ex: prefeito de férias) 
- Se for cometido por funcionário público é PREVARICAÇÃO!
ART 331 – DESACATO
Trata-se de crime comum. O sujeito ativo deve conhecer a qualidade de funcionário público, pois, caso desconheça, estaremos diante de um crime contra a honra. Para configuração do delito se faz necessário que o sujeito ativo esteja na presença do funcionário público e que a ofensa contra o funcionário público seja no exercício da sua função ou em razão desta.
- o funcionário público não pode ser desrespeitado, pois representa toda a coletividade.
- Existem 3 correntes que divergem do sujeito ativo desse crima: 1) somente o particular pode ser; 2) o particular e o funcionário público inferior; 3) o particular e qualquer funcionário público de quaisquer função.
- não há desacato quando não pede desculpas.
- A “gafe” é apenas um mico, pois não se admite a forma culposa. Tem que haver o dolo e a vontade de ofender, na ausência do elemento cognitivo não há crime, Ex: chegar na televisão falando mau de todos os juízes não é.
- Sua consumação se da no momento que chega ao conhecimento do funcionário público, não existe sem ser presencial e dirigida, ainda que este não se sinta ofendido (mas é preciso que ele entenda).

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