195 pág.

Pré-visualização | Página 42 de 50
leve extensão da cabeça. Pode-se indicar a intubação traqueal antes da remoção de RNs instáveis com risco de desenvolver insuficiência respiratória durante o transporte. Nesses casos, considerar a analgesia para intubação. Se o RN for intubado, verificar a locali- zação e a fixação adequadas da cânula antes do transporte. 8.2.4.2.1 Indicações de intubação1,2,4 • RN com ritmo respiratório irregular ou superficial. • Necessidade de FiO2 superior a 60% para manter a oximetria de pulso entre 88% – 93%. • pCO2 acima de 50mmHg na vigência de doença respiratória aguda. (Sugere algum grau de hipoventilação e risco de parada respiratória). • RN com peso menor que 1.000g, por risco de fadiga muscular. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 157 Transporte Seguro 8 Capítulo 8.2.4.2.2 Via de intubação para o transporte A intubação nasotraqueal tem como vantagem uma fixação mais estável, o que sem dúvida é de grande importância para o transporte. Nesse caso o número a ser fixado na cânula é 7+ peso (kg) do RN. A intubação orotraqueal pode ser uma opção secundária. 8.2.4.2.3 Oxigenioterapia e modos de ventilação durante o transporte O oxigênio inalatório está indicado quando o RN estiver apresentando respiração regular, com valores gasométricos adequados em uma concentração de oxigênio inferior a 40%. Pode ser administrado por meio de nebulização em incubadora, de cateter nasal ou do halo.1,2 Independentemente da forma como se administra o oxigênio, este deverá estar preferencial- mente aquecido e umidificado, a fim de se evitar hipotermia e lesão da mucosa respiratória. Todos os modos de administração apresentam limitações. O oxigênio administrado ao paciente por intermédio da incubadora apresenta duas des- vantagens principais: permite concentração máxima de oxigênio de apenas 30% a 35%, e a concentração é variável devido à abertura das portinholas da incubadora para a mani- pulação do RN. O cateter nasal pode deslocar-se com facilidade, geralmente causa irritação da mucosa nasal e a concentração de oxigênio ofertada vai depender do fluxo dos gases e do padrão respiratório do paciente. O halo oferece uma concentração fixa de oxigênio, mas deve-se ter o cuidado de admi- nistrar um fluxo mínimo de cerca de 5L/min e a concentração de oxigênio adequada para corrigir a hipoxemia. Se o RN estiver necessitando de concentrações maiores que 60% para manter saturação estável, provavelmente necessitará de outra forma de ventilação.1,2,3 Pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP) é um método eficiente e pouco invasivo, podendo ser útil em RN com doenças em que é necessária pressão de distensão contínua. O inconveniente é a possibilidade de deslocamento da peça nasal das narinas do paciente durante o transporte, devido à movimentação do veículo. O balão autoinflável é uma opção quando não se dispõe de aparelho de ventilação mecânica, mas deve ser usado com o manômetro, para assegurar pressão inspiratória adequada. Esse método pode aumentar o risco de hipoventilação e barotrauma. Além disso, o balão não mantém a pressão expiratória final positiva, importante em determinadas doenças, como na síndrome de dificuldade respiratória. O balão com reservatório, ligado a uma fonte de oxigê- nio a 5L/min, permite a concentração de oxigênio entre 90% – 100%. Pode-se oferecer con- Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 158 Ministério da saúde centrações de oxigênio de 40% no balão autoinflável se o reservatório for retirado.3,4 As ven- tilações devem ser mantidas a intervalos regulares, com pressão constante e fluxo contínuo. Os aparelhos de ventilação manuais oferecem a vantagem de possibilitar controle das pressões inspiratória e expiratória, aumentando a segurança durante o transporte, além de terem preço mais acessível. O inconveniente é que a frequência ventilatória deve ser controlada manualmente pelo profissional. O ventilador mecânico é o ideal para se transportar o RN, pois mantêm estáveis os parâmetros ventilatórios.3,4 Quando for utilizado o ventilador eletrônico, deve-se ficar atento à duração da bateria do equipamento. Alguns desses aparelhos podem ser ligados à bateria da ambulância por meio do acendedor de cigarros, lembrando-se sempre que dessa forma não vai ocorrer carregamento da bateria do respirador. Outro tipo de respirador é o pneumático, que não necessita de energia elétrica para ciclar, apenas de gás comprimido. É bom para o transporte, porém seu preço é muito elevado e acarreta alto consumo de gás. Se houver disponibilidade de um aparelho de ventilação portátil, deve-se observar, antes da saída, o seu funcionamento, principalmente em relação à autonomia da sua bateria, levando sempre o balão autoinflável com o paciente para eventuais intercorrências. Para o uso do oxigênio e do ar comprimido torna-se necessário o emprego de dois cilindros do tipo G, com capacidade para 1.000L. Eles permitem o emprego do gás por aproximadamente três horas, quando o fluxo usado é de 5L/min. 8.2.4.3 Manutenção do acesso venoso Se possível, deve-se transportar o RN com duas vias de acesso vascular. A veia umbilical pode ser usada, desde que se tenha confirmação radiológica da posição do cateter (T8 – T10). Quando o acesso for obtido por punção de veias periféricas, devem-se utilizar as veias mais calibrosas e garantir adequada fixação.3,4 8.2.4.4 Suporte metabólico e ácido-básico A monitorização da glicemia capilar é muito importante. A função do soro de manutenção durante o transporte é suprir as necessidades hídricas do RN e oferecer uma velocidade de infusão de glicose capaz de mantê-lo normoglicêmico. Costuma-se evitar a infusão de cál- cio durante o transporte devido ao risco de necrose de partes moles no caso de extravasa- Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde 159 Transporte Seguro 8 Capítulo mento, a não ser que o RN esteja na vigência de correção de hipocalcemia. Recomenda-se, também, que o transporte só seja iniciado quando o pH sanguíneo estiver acima de 7,25.3,4 8.2.4.5 Monitorização hemodinâmica É realizada por meio de avaliação da perfusão cutânea, da frequência cardíaca, da pressão arterial, do débito urinário e balanço hídrico. É aconselhado o uso de monitor cardíaco. Caso não seja possível, deve-se verificar a frequência cardíaca por palpação do pulso braquial e/ou femoral. A ausculta cardíaca durante o transporte é dificultada pelo excesso de ruídos e pela movimentação do RN e do veículo. Se necessário, pode-se sondar o neonato para medir o seu débito urinário. Pode ser necessário, para a estabilização do RN, o emprego de drogas vasoativas e/ou de prostaglandina E1, principalmente naqueles com suspeita ou com diagnóstico de cardio- patias em que haja dependência do canal arterial. Tais medicações sempre devem ser ad- ministradas em bomba de infusão contínua do tipo perfusor, com seringa, com bateria de duração mínima de uma hora. 8.2.4.6 Controle da infecção Na suspeita de sepse, indica-se a coleta de hemocultura e início imediato de antibioticote- rapia de amplo espectro, antes do início do transporte. Não se deve esquecer de registrar os horários que os antibióticos foram administrados. 8.2.4.7 Avaliação da dor Deve-se avaliar a presença de dor e a necessidade de analgesia. Após a estabilização do RN, a equipe de transporte deve expor aos pais as condições clínicas do neonato, os riscos e as informações sobre o local para onde ele será transferido.4,11 8.3 Cuidados durante o transporte Os seguintes cuidados devem ser tomados durante o transporte do RN:4,11,14 • Evitar alterações da temperatura corporal. Medir a temperatura a cada 30 minutos. • Verificar a permeabilidade das vias aéreas. Observar a posição do pescoço do RN, a presença de secreções