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Aula 1- Nosso lugar no Universo Alexei Machado Müller, Maria de Fátima Oliveira Saraiva e Kepler de Souza Oliveira Filho. Ilustração da Via Láctea e seus quatro braços maiores - Perseu, Norma, Crux- Scutum e Carina-Sagitário - e os braços menores de Órion e Cignus. Fonte: http://www.apolo11.com/imagens/etc/via_lactea_bracos_small.jpg. Introdução Prezado aluno em nossa primeira aula, da primeira área, vamos estudar o nosso lugar no Universo. Bom estudo! Área 1, Aula 1. http://www.apolo11.com/imagens/etc/via_lactea_bracos_small.jpg Objetivos Nesta aula vamos estudar a nossa localização no Universo, ao final esperamos que você esteja apto a: • identificar endereço da Terra no Universo; • diferenciar um planeta de uma estrela; • definir galáxia; • identificar quantos sóis têm em nossa galáxia; • estruturar o Universo em larga escala; • localizar a nossa galáxia no Universo; • conhecer a composição do Universo, partindo do nosso planeta, chegando ao Sistema Solar, a composição da Via Láctea, do Grupo Local, do Superaglomerado Local e, finalmente o Universo conhecido. Estamos no centro do Universo? Nosso lugar no Universo A Terra é um planeta, o que significa que ela é um corpo relativamente grande que orbita uma estrela - o nosso Sol. O sistema solar consiste do Sol e de todos os corpos que o orbitam: os oito planetas (incluindo a Terra), com seus satélites e anéis, os asteroides, os cometas e as incontáveis pequenas partículas que compõem o pó interplanetário. Nosso Sol é uma estrela, como outras estrelas que vemos no céu noturno. O Sol e todas as estrelas que podemos ver a olho nu fazem parte de um enorme conjunto de estrelas de forma discoidal chamado Via Láctea, a nossa galáxia. Uma galáxia é um enorme conjunto de estrelas no espaço, contendo de centenas de milhares a um trilhão ou mais estrelas. A Via Láctea é uma galáxia relativamente grande, com mais de 100 bilhões de estrelas. Figura 01.01.01: Representação artística da Via Láctea mostrando a localização do Sol. O sistema solar é localizado a aproximadamente 2/3 da distância entre o centro e a borda do disco galáctico. Muitas galáxias se encontram agrupadas, formando aglomerados de galáxias. A Via Láctea pertence a um grupo de aproximadamente 50 galáxias, chamado Grupo Local. Área 1, Aula 1, p.2 Müller, Saraiva & Kepler http://www.if.ufrgs.br/~fatima/ead/endereco-cosmico.htm http://www.if.ufrgs.br/~fatima/glossario.html#planeta http://astro.if.ufrgs.br/solar/sun.htm#intro http://www.if.ufrgs.br/~fatima/glossario.html#ss http://www.if.ufrgs.br/~fatima/glossario.html#estrela http://www.if.ufrgs.br/~fatima/glossario.html#via-lactea http://www.if.ufrgs.br/~fatima/glossario.html#galaxia http://www.if.ufrgs.br/~fatima/glossario.html#grupo-local Área 1, Aula 1, p.3 Müller, Saraiva & Kepler Em grande escala, o Universo tem a aparência de uma esponja na qual galáxias e aglomerados de galáxias são distribuídos esparsamente formando as "paredes" da esponja. Em alguns lugares as galáxias e aglomerados de galáxias estão mais condensados, formando estruturas gigantescas chamadas superaglomerados, eriam as partes ocas da esponja. O Grupo Local de galáxias pertence a um superaglomerado chamado Superaglomerado Local. Entre essas vastas superestruturas existem enormes vazios contendo poucas ou nenhuma galáxia, que na nossa analogia seriam as partes ocas da esponja. Finalmente, o Universo é a soma de toda matéria e energia, isto é, ele compreende os superaglomerados de galáxias e vazios, e tudo o que há dentro deles. Tradução livre de excertos do livro "The cosmic Perspective", de J. Bennet, M. Donahue, N. Schneider e M. Voit, 2002. Para finalizar essa introdução, acesse o vídeo O Universo Conhecido. Resumo O planeta Terra está localizado no Sistema Solar que, juntamente com mais de 100 bilhões de estrelas, formam a nossa galáxia, a Via Láctea. A nossa galáxia faz parte de um pequeno aglomerado de galáxias chamado Grupo Local, que por sua vez faz parte de uma região gigantesca em que há maior condensação de galáxias e de aglomerados de galáxias, chamado de Superaglomerado Local. Esse, por sua vez, juntamente com os demais superaglomerados de galáxias e de vazios, formam o Universo. Questões de fixação Agora que vimos o assunto previsto para a aula de hoje resolva as questões de fixação e compreensão do conteúdo a seguir, utilizando o fórum, comente e compare suas respostas com os demais colegas. Bom trabalho! 1. Qual o endereço da Terra no Universo? 2. Como um planeta se distingue de uma estrela? Qual o papel da massa nessa distinção? 3. O que é uma galáxia? Como é o nome da galáxia a que pertence o sistema solar? 4. Quantos "sóis" têm, aproximadamente, a nossa galáxia? Qual o lugar do nosso Sol nela? 5. Em larga escala, como o Universo está estruturado? 6. A nossa galáxia ocupa um lugar especial no Universo? http://www.if.ufrgs.br/~fatima/figuras/lss-2mass.jpg http://www.if.ufrgs.br/~fatima/glossario.html#universo http://www.youtube.com/watch?v=17jymDn0W6U&feature=related Área 1, Aula 1, p.4 Müller, Saraiva & Kepler A seguir, no ambiente virtual de aprendizagem, veja se há alguma atividade prevista para a conclusão dessa aula. Obrigado pela sua presença, em caso de dúvidas contate o tutor. Até a próxima aula! Aula 2 - Estrelas Binárias Alexei Machado Müller, Maria de Fátima Oliveira Saraiva & Kepler de Souza Oliveira Filho Introdução Prezado aluno, em nossa segunda aula, da segunda área, vamos tratar das estrelas binárias. Primeiro devemos ter o cuidado para saber diferenciar estrelas binárias reais (duas estrelas próximas no céu que se encontram à mesma distância da Terra, formando um sistema físico) e binárias aparentes – ou estrelas duplas aparentes (duas estrelas próximas no céu, porém, que se encontram a distâncias diferentes da Terra, mas por projeção parecem duplas). Mais de 50% das estrelas do céu compõem sistemas com dois ou mais membros. Bom estudo! Área 2, Aula 2 Ilustração do exoplaneta Kepler-16 com seus dois sóis. O planeta foi descoberto pela missão Kepler da NASA. Crédito: NASA/JPL- Caltech. http://www.nasa.gov/mission_pages/kepler/multimedia/images/Kepler-16_planet-pov-art.html Objetivos Nesta aula trataremos de estrelas binárias e esperamos que ao final você esteja apto a: • definir o que é uma estrela binária; • diferenciar os tipos de sistemas binários; • calcular a massa das estrelas em sistemas binários; • entender a importância dos sistemas binários para conhecer as massas das estrelas. Por que estudar estrelas binárias? Estrelas binárias São duas ou mais estrelas próximas que estão praticamente a mesma distância da Terra, formam um sistema físico, orbitando mutuamente. Mais de 50% das estrelas do céu compõem sistemas com dois ou mais membros. Desde 1783 se tem registro de evidências de estrelas binárias. Figura 02.02.01: Sistema binário eclipsante Algol. Um breve histórico das estrelas binárias Em 1783, John Goodricke viu a estrela Algol (β Persei) diminuir seu brilho em mais de uma magnitude por algumas horas,e calculou seu período em 2d 20 h 49min. Em 1804, William Herschel descobriu uma companheira fraca da estrela Castor (a Geminorum) e, usando uma medida que James Bradley havia feito em 1759, mediu o período como sendo de 342 anos. Herschel foi o primeiro a estabelecer que se tratavam de corpos interagindo gravitacionalmente, isto é, de bináriasfísicas. Em 1827, Felix Savary determinou, pela primeira vez, a órbita de uma estrela binária, ao mostrar que ξ Ursae Majoris tinha uma órbita elíptica, com um período de 60 anos. Em 1889, Edward Charles Pickering e Antonia Caetana de Paiva Pereira Maury descobriram as binárias espectroscópicas, Estrelas binárias São duas estrelas próximas que estão praticamente à mesma distância da Terra e formam um sistema físico, orbitando mutuamente. Estrelas binárias aparentes São duas estrelas que parecem estar próximas no céu, mas estão a distâncias diferentes da Terra e só parecem duplas pelo efeito da projeção. Área 2, Aula 2, p.2 Müller, Saraiva & Kepler http://www.nasa.gov/mission_pages/kepler/multimedia/images/Kepler-16_planet-pov-art.html ao perceberem que a estrela Mizar A (ζ Ursae) apresentava linhas duplas que variavam com um período de 104 dias. Em 1908 Mizar B foi também detectada como uma binária espectroscópica por Edwin Brant Frost 1866 – 1935) e Friedrich Wilhelm Hans Ludendorff (1873 - 1941), com um período de 175,6 dias. Figura 02.02.02: O sistema binário Castor, a estrela mais brilhante da constelação de Gemeos (1,6 mag), que está a 45 anos-luz da Terra e é composto de duas estrelas separadas de 6 segundos de arco e com um período de 350 anos. Figura 02.02.03: Imagem atual obtida com o interferômetro ótico Navy Prototype Optical Interferometer no Arizona, com seis telescópios, compreendendo 15 minutos de arco, de Mizar A (2,27 mag), uma binária espectroscópica descoberta em 1889, Mizar B (3,95 mag), a 15 segundos de arco de distância, e a estrela variável Alcor (4,04 a 4,07 mag). Figura 02.02.04: Posição de Mizar na constelação de Ursa Major, também conhecida como Big Dipper, do hemisfério norte. . Área 2, Aula 2, p.3 Müller, Saraiva & Kepler http://www.nasa.gov/mission_pages/kepler/multimedia/images/Kepler-16_planet-pov-art.html Tipos de Sistemas Binários Existem quatro tipos de sistemas binários e eles são classificados conforme as suas descobertas (histórico). - Binárias visuais São classificados como binárias visuais os pares de estrelas que estão associadas gravitacionalmente que se separam por dezenas e até centenas de unidades astronômicas. Ao serem observadas por telescópio são vistas como duas estrelas. (Exemplos nas figuras 02.02,05 e 02.02.06). Figura 02.02.05: Binárias visuais Mizar e Alcor. Figura 02.02.06: Sistema binário visual Sírius A e Sírius B. - Binárias astrométricas São assim classificadas quando um de seus componentes é muito tênue para ser observado ao telescópio, mas a sua detecção é obtida pelas ondulações no movimento da companheira mais brilhante. (Exemplo na figura 02.02.07). Figura 02.02.07: Movimento do sistema Sírius A e Sírius B medido entre 1980 e 1920. A linha pontilhada marca o movimento do centro de massa. Antes da descoberta de Sírius B, em 1862, apenas o movimento de Sírius A era detectado, e a estrela era classificada como binária astrométrica. Área 2, Aula 2, p.4 Müller, Saraiva & Kepler http://www.nasa.gov/mission_pages/kepler/multimedia/images/Kepler-16_planet-pov-art.html - Binárias espectroscópicas Nesse sistema a separação média entre as estrelas é na ordem de uma unidade astronômica (1 UA). Por apresentarem um período curto, a velocidade orbital é grande. Para determinar a natureza desse sistema de estrelas binárias faz-se a observação da variação da sua velocidade radial, estabelecida através da análise das linhas espectrais da estrela que variam de comprimento de onda com o passar do tempo. (Exemplos nas figuras 02.02.08 e 02.02.09). Figura 02.02.08: Dois espectros de Mizar obtidos por Pickering em 27 de março e 5 de abril de 1887. Notar como a segunda linha (uma linha do cálcio) aparece dupla no primeiro espectro e simples no segundo. Não se nota a duplicidade da primeira linha (que é uma linha do hidrogênio) no primeiro espectro porque a linha é muito forte. Figura 02.02.09: Três posições características de um sistema binário e o efeito produzido no espectro observado quando como de uma linha de visada paralela à página(isto é vista de cima), de baixo para cima. . Na figura da esquerda, a estrela azul está se aproximando do observador, então as linhas espectrais características dela aparecem deslocadas para o azul; a estrela vermelha está se afastando, então as suas linhas espectrais aparecem deslocadas para o vermelho. Na figura do centro os movimentos das estrelas não têm componentes na direção de visada, então as linhas ficam superpostas. Na figura da direita a estrela azul está se afastando e a estrela vermelha está se aproximando, então as linhas da estrela azul ficam deslocadas para o vermelho e as linhas da estrela vermelha ficam deslocadas para o azul. - Binárias eclipsantes São classificadas assim os sistemas em que uma estrela eclipsa a outra, quando a órbita do sistema observado está de perfil para o observador. Confira uma bonita animação de eclipsantes, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrela_bin%C3%A1ria#Bin. C3.A1rias_astrom.C3.A9tricas Tipos de Sistemas Binários -Visuais -Astrométricos -Espectroscópicos - Eclipsantes Três posições características de um sistema binário e o efeito produzido no espectro observado quando como de uma linha de visada paralela à página, de baixo para cima. Área 2, Aula 2, p.5 Müller, Saraiva & Kepler http://www.nasa.gov/mission_pages/kepler/multimedia/images/Kepler-16_planet-pov-art.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrela_bin%C3%A1ria#Bin.C3.A1rias_astrom.C3.A9tricas http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrela_bin%C3%A1ria#Bin.C3.A1rias_astrom.C3.A9tricas Determinação da Massa de um Sistema Binário Visual O movimento de cada estrela constituinte de um sistema binário ocorre em torno do centro de massa do mesmo. É mais simples observar o movimento de apenas uma das estrelas, geralmente a mais fraca em torno da mais brilhante. Tal observação indica a órbita relativa aparente. Essa órbita tem a mesma forma das órbitas de cada uma das estrelas, sendo que a de maior massa fica no foco da órbita relativa. Só se pode determinar com precisão as órbitas relativas dos sistemas de período pequeno (poucas centenas de anos). Os dois parâmetros observados são o período (P) e o ângulo de separação aparente (α ). Sendo r a distância do sistema ao Sol e, o semieixo maior da órbita relativa, a, será dado por: ,a r senα= onde a terá a mesma unidade de r. Também é possível calcular o valor da separação angular diretamente em UA. Como ( )sen radα α= , para ângulos pequenos, 1 rad = 206.265” e 1 pc = 206.265 UA, pode- se afirmar que: (")( ) ( ) , 206.265 a pc r pc x ouα= ( ) ( ) ( )" .a UA x r pcα= A soma das massas das duas estrelas é obtida pela 3ª Lei de Kepler: 2 3 1 2 2 4 ( )( ) ,r xM M x G P π α + = sendo as massas 1 2( )M eM expressas em massas solares e período ( )P em anos, 3 1 2 2 ( )( ) .r xM M P α + = Para descobrir a massa de cada estrela é necessário saber a distância r de cada estrela ao centro de massa do sistema. Dessa forma teremos: 1 2 2 1 . M r M r = Figura 02.02.10: Esquema de um sistema binário visual, CM representa o centro de massa do sistema. Área 2, Aula 2, p.6 Müller, Saraiva & Kepler http://www.nasa.gov/mission_pages/kepler/multimedia/images/Kepler-16_planet-pov-art.html Exemplo 1 Dado o sitema binário visual da figura 02.02.11, vamos determinar a massa de cada uma das estrelas, Sírius A e Sírius B, que tem órbita relativa com semieixo maior de 7,50". A distância do Sol a Sírius é de 2,67 pc (1 pc = 206.265 UA).O período orbital do sistema é de 50 anos. Figura 02.02.11: Esquema do sistema binário visual de Sirius A e Sirius B. a) Qual é a massa desse sistema? ( ) ( )3250 7,50" 2,67A BM M x pc+ = , ( ) 8030,03 3,21 .2500A BM M M+ = = b) Se a distância de Sírius B ao centro de massa é o dobro da distância de Sírius A ao centro de massa, qual é a massa e cada estrela? ( ) 2, 2 3,21 . 1,07 2,14 . A B B A A B B B B A M r M r M M M M M M M M M = = + = + = = → = Determinação de Massas de Binárias Espectroscópicas de Linhas Duplas Para a determinação de massas de binárias espectroscópicas faz-se uso do Efeito Doppler (figura 02.02.12). O comprimento de onda de uma fonte que está se movendo com velocidade v, com a necessidade de correção relativística, é dado por: 1/2 2 2 1cos , 1 v c v c λ θ λ ∆ = − sendo θ é o ângulo entre o vetor velocidade e a linha visada. Área 2, Aula 2, p.7 Müller, Saraiva & Kepler 3ª Lei de Kepler O quadrado do período orbital (P)dos planetas é diretamente proporcional ao cubo de sua distância média (r)ao Sol. 2 3.P K r= Gravitação Universal 2 . . ,G MmF r = onde: F = força gravitacional, G = constante universal. M= massa de um dos corpos, m = massa do outro corpo. http://www.nasa.gov/mission_pages/kepler/multimedia/images/Kepler-16_planet-pov-art.html Figura 02.02.12: Esquema ilustrativo do Efeito Doppler indicando que quando diminui o comprimento de onda da luz a cor assume tom azul e, quando o comprimento de onda da luz aumenta e a cor assume tom vermelho. Se a velocidade for muito menor que a velocidade da luz ( )c e considerando-se v como a componente de velocidade na direção do observador teremos: .r v c λ λ ∆ = Figura 02.02.13: Gráfico v x t de duas estrelas, formando um sistema de estrelas binárias espectroscópicas de linhas duplas. Figura 02.02.15: Estrelas binárias separadas por distâncias d1 e d2 do centro de massa. Vamos determinar as massas de binárias espectroscópicas: Seja 1a a separação da componente 1 ao centro de massa e seja 1v a sua velocidade orbital. Logo 1 12. . .a v Pπ = e 2 22. . .a v Pπ = e, Área 2, Aula 2, p.8 Müller, Saraiva & Kepler Efeito Doppler Devido ao movimento da fonte geradora da onda, que se aproxima ou se afasta de quem observa, ocorre uma alteração no comprimento de onda (ou na frequência detectada). Ao se aproximar a frequência aparente aumenta (o comprimento de onda diminui), ao se afastar a frequência aparente diminui (o comprimento de onda aumenta). Efeito Doppler com fontes luminosas Um aumento na frequência é chamado de deslocamento para o azul; Uma redução na frequência é chamado de deslocamento para o vermelho. http://www.nasa.gov/mission_pages/kepler/multimedia/images/Kepler-16_planet-pov-art.html http://astro.if.ufrgs.br/Doppler/Doppler.htm por definição de centro de massa: 1 1 2 2. . .M a M a= Dessa forma temos: 21 1 2 1 2 , Ma v a M v = = sendo M a massa do Sol. Usando a 3ª lei de Kepler: 3 1 2 2 ( / ) . ( / ) M M a UA M P ano + = Figura 02.02.16: Esquema explicativo para estrelas binárias: i é o ângulo entre o observador e a normal ao sistema binário, v é a velocidade radial. Exemplo 2 Seja um sistema binário de período 17,5 dias (0,048 anos), e com velocidades 1v = 75 km/s, e 2v = 25 km/s. Qual é a massa de cada estrela? 2 1 2 1 1 2 75 3 3 , 25 M v M M M v = = = ⇒ = 1 2 1 275 25 100 / ( )v v km h a a+ = + = ⇒ + = 100 / 17,5 24.000.000 0,16 . 2 km s x dias km UA π = = 3 3 1 2 2 2 0,16( ) 1,78 , 0,048 aM M M P + = = = mas como: 2 1 1 1 2 1 2 3 4 ( ), 0,44 , 1,33 . M M M M M M M M M = → = + = = Na realidade, a medida é o limite inferior das massas, pois 1 1 2 2 1 1 2 2 . , . , . , . . med med med med v v seni v v seni a a seni a a seni = = = = Área 2, Aula 2, p.9 Müller , Saraiva & Kepler http://www.nasa.gov/mission_pages/kepler/multimedia/images/Kepler-16_planet-pov-art.html E, portanto temos: 3 1 2 1 2 3 3 1 2 1 2 ( ) ( ) 1 . ( ) ( ) real med med M M a a M M a a sen i + + = = + + Sabemos que o módulo do seno de qualquer ângulo é sempre menor ou igual a 1, logo a massa real será maior ou igual à massa medida. Existem ainda as chamadas binárias interagentes; as variáveis cataclísmicas, binárias próximas compostas de uma estrela vermelha e uma anã branca; as variáveis simbiônticas, também compostas de uma estrela vermelha e uma anã branca, mas mais distantes; há as binárias de raio-X, em que a companheira vermelha orbita uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. Para saber mais sobre estrelas binárias você pode acessar o link: Estrelas Binárias, ou vá para a página: http://astro.if.ufrgs.br/bin/binarias.htm . Resumo O estudo do movimento orbital mútuo das estrelas em sistemas binários permite determinar as massas das estrelas. - Estrelas binárias reais são duas estrelas próximas no céu que se encontram à mesma distância da Terra, formando um sistema físico. - Tipos de sistemas binários: Binárias Visuais; Binárias Astrométricas; Binárias Espectroscópicas; Binárias Eclipsantes. - Efeito Doppler: Devido ao movimento da fonte geradora da onda, que se aproxima ou se afasta de quem observa, ocorre uma alteração no comprimento de onda (ou na frequência detectada). Ao se aproximar a frequência aparente aumenta (o comprimento de onda diminui), ao se afastar a frequência aparente diminui (o comprimento de onda aumenta). - Efeito Doppler com fontes luminosas: Um aumento na frequência é chamado de deslocamento para o azul; Uma redução na frequência é chamado de deslocamento para o vermelho. Graças ao Efeito Doppler sabemos que as estrelas que constituem um sistema binário têm velocidades distintas que pelo efeito podem ser determinadas. Fazendo uso da 3ª Lei de Kepler podemos calcular as massas das estrelas constituintes do sistema binário. Área 2, Aula 2, p.10 Müller , Saraiva & Kepler http://www.nasa.gov/mission_pages/kepler/multimedia/images/Kepler-16_planet-pov-art.html http://astro.if.ufrgs.br/bin/binarias.htm http://astro.if.ufrgs.br/bin/binarias.htm Questões de fixação Agora que vimos o assunto previsto para a aula de hoje resolva as questões de fixação e compreensão do conteúdo a seguir, utilizando o fórum, comente e compare suas respostas com os demais colegas. Bom trabalho! 1. Quais seriam os períodos de revolução de sistemas binários nos quais cada estrela tem a massa do Sol e os semieixos maiores de suas órbitas relativas têm os valores: a) 1 UA? b) 2 UA? c) 20 UA? d) 60 UA? e) 100 UA? 2. Para cada item do problema anterior, a que distância as duas estrelas pareceriam ter uma separação angular de 1”? a) 1 UA. b) 2 UA. c) 20 UA. d) 60 UA. e) 100 UA. 3. ξ Ursa Maior é um sistema binário cuja órbita tem um semi-eixo maior de 2,5”. A paralaxe do sistema é 0,127”, e o período é de 60 anos. Qual é a massa do sistema, em massas solares? Até a próxima aula! Área 2, Aula 2, p.11 Müller, Saraiva & Kepler http://www.nasa.gov/mission_pages/kepler/multimedia/images/Kepler-16_planet-pov-art.html Aula 3 - Movimento anual do Sol: estações do ano. Alexei Machado Müller, Maria de Fátima Oliveira Saraiva & Kepler de Souza Oliveira Filho Introdução Prezado aluno, em nossa terceira aula, da primeira área, vamos estudar o movimento anual do Sol e as estações do ano. Bom estudo! Área 1, Aula 3 Ilustração dos movimentos diurnos do Sol, visto da Terra, com suas diferentes trajetórias indicadas nos respectivosperíodos. Objetivos Nesta aula trataremos do movimento anual do Sol e das estações do ano, e esperamos que ao final você esteja apto a: • explicar como a inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao seu plano orbital causa as estações do ano; • definir eclíptica e descrever como encontrar sua posição aproximada na esfera celeste; • definir equinócios e solstícios em termos do movimento anual do sol na esfera celeste. • descrever o movimento diurno do Sol nas diferentes estações do ano em diferentes latitudes; • descrever a variação das posições de nascimento e ocaso do Sol ao longo do ano; • definir insolação e comparar o seu valor em diferentes lugares da Terra em diferentes épocas do ano. O que é o Sol da meia noite e em que lugares da Terra ele pode ser visto? Movimento Anual do Sol Como vimos no final da aula anterior, o Sol, visto da Terra, como todos os astros, tem um movimento diurno de leste para oeste. No entanto, a sua posição entre as estrelas varia lentamente ao longo do ano, deslocando-se um pouquinho mais para leste a cada dia. Esse é o movimento anual do Sol, que se dá de oeste para leste, como resultado do movimento de translação da Terra em torno do Sol. A trajetória aparente descrita pelo Sol – a eclíptica - tem uma inclinação de 23°27′ em relação ao equador celeste. A eclíptica nada mais é do que a projeção, na esfera celeste, do plano orbital da Terra, que tem uma inclinação de 23°27′ em relação ao plano do equador da Terra. Essa inclinação é chamada obliquidade da eclíptica. Também podemos definir a obliquidade como a inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao eixo perpendicular ao plano orbital da Terra. Área 1, Aula 3, p.2 Müller, Saraiva & Kepler Eclíptica Caminho aparente do Sol durante o ano. Obliquidade da Eclíptica Inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao eixo perpendicular ao plano orbital da Terra que é de 23o27’. Figura 01.03.01: À medida que a Terra (representada pelos círculos azuis) orbita em torno do Sol, com o equador inclinado de 23º27´em relação ao plano orbital, muda o ponto da Terra em que se dá a incidência direta do Sol, causando as estações do ano. Posições características do Sol Figura 01.03.02: O Sol em suas posições relativas à Terra ao longo do ano. Em 21 de março e em 23 de setembro temos os equinócios e em 22 de junho e 22 de dezembro os solstícios. • Equinócio de Março (cerca de 21 março): Sol cruza o equador, indo do hemisfério sul celeste para o hemisfério norte celeste. o o dia claro e a noite duram 12 h em toda a Terra ( nos polos o Sol fica no horizonte); o no hemisfério sul (HS) é o equinócio de outono; no hemisfério norte (HN) é o equinócio de primavera. • Solstício de Junho (cerca de 22 junho): Sol está na máxima declinação* norte (+23º27´), incidindo diretamente na região do Trópico de Câncer na Terra. *Declinação Coordenada celeste análoga à definição de latitude terrestre. A declinação dos astros é contada a partir do equador (declinação 0º) no sentido positivo para astros do hemisfério norte (declinação entre 0º e +90º) e no sentido negativo para astros do hemisfério sul (declinação entre 0º e -90º). A declinação do Sol ao longo do ano varia entre -23º27´e +23º27´. Área 1, Aula 3, p.3 Müller, Saraiva & Kepler Questão Qual a inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao plano orbital? Equinócio (latim) equi = igual + nox = noite. Solstício (latim)Sol = Sol + sticium = parado. http://astro.if.ufrgs.br/ardec.jpg o o dia claro é o mais curto do ano em todo o hemisfério sul da Terra, e o dia mais longo do ano em todo o hemisfério norte da Terra. Em Porto Alegre, o dia dura aproximadamente 10h 10min; o no polo sul da Terra o Sol fica abaixo do horizonte 24h; no polo norte o Sol fica acima do horizonte 24h; o é solstício de verão no hemisfério norte, solstício de inverno no hemisfério sul. • Equinócio de Setembro(cerca de 22 de setembro): Sol cruza o equador, indo do hemisfério norte celeste para o hemisfério sul celeste. o o dia e a noite duram 12 h em toda a Terra; o nos polos, 24 h de crepúsculo; o é equinócio de primavera no hemisfério sul, equinócio de outono no hemisfério norte. • Solstício de Dezembro (cerca de 22 dezembro): Sol está na máxima declinação sul (-23º27´) incidindo diretamente na região do Trópico de Capricórnio na Terra: o o dia mais longo do ano no hemisfério sul, dia mais curto do ano no hemisfério norte; o no polo sul, Sol sempre acima do horizonte; o no polo norte, Sol sempre abaixo do horizonte; o é solstício de verão no hemisfério sul e de inverno no hemisfério norte. Movimento anual do Sol: a altura máxima do Sol varia ao longo do ano Uma observação simples que permite "ver" o movimento do Sol, durante o ano, é através do gnômon (figura 01.03.03). Figura 01.03.03: Fotografia de um gnômon. Ele nada mais é do que uma haste vertical fincada ao solo. Durante o dia, a haste, ao ser iluminada pelo Sol, forma uma sombra cujo tamanho depende da hora do dia e da época do ano. A direção da sombra ao meio-dia real local (isto é, o meio-dia em tempo solar verdadeiro) nos dá a direção Norte- Sul. Ao longo de um dia, a sombra é máxima no nascer e no ocaso do Sol, e é mínima ao meio-dia. Ao longo de um ano (à mesma hora do dia), a sombra é máxima no solstício de inverno, e mínima no solstício de verão. A bissetriz entre as direções dos raios solares nos dois solstícios define o tamanho da sombra correspondente aos equinócios, quando o Sol está sobre o equador. Área 1, Aula 3, p.4 Müller, Saraiva & Kepler Gnômon Haste vertical fincada que ao ser exposta ao Sol forma uma sombra de tamanho variável com a passagem das horas e dos dias do ano. http://astro.if.ufrgs.br/tempo/tempo.htm#tsv Foi observando a variação do tamanho da sombra do gnômon ao longo do ano que os antigos determinaram a duração do ano das estações, ou ano tropical. Figura 01.03.04: Esquema indicando as diferentes posições da sombra de um gnômon no solstício de inverno (S.I.), equinócios (Eq.) e solstício de verão (S.V.), como aparecem em lugares de latitudes fora da região entre os dois trópicos. Você pode ver como varia a sombra de um gnômon ao longo do ano em diferentes lugares da Terra com o applet em: http://www.math.nus.edu.sg/aslaksen/applets/sundial/sundial .html Movimento anual do Sol: os pontos do horizonte em que o Sol nasce e se põe variam ao longo do ano Figura 01.03.05: Movimento diurno do Sol com as trajetórias indicadas em períodos de equinócio (21 Mar, 23 Set) e de solstício (21 Jun e 21 Dez). As variações da máxima altura do Sol durante o dia (o meio-dia verdadeiro) estão relacionadas às variações cíclicas nos pontos do horizonte em que o Sol nasce e se põe. Nos equinócios, quando o Sol está no equador, seu círculo diurno coincide com o equador celeste, logo ele nasce no ponto leste e se põe no ponto oeste. Entre o equinócio de março e o equinócio de setembro o Sol está no hemisfério norte celeste, então ele nasce ao norte do ponto cardeal leste, e se põe ao norte do ponto cardeal oeste. Entre os equinócios de setembro e de março o Sol está no hemisfério sul celeste, então ele nasce ao sul do ponto cardeal leste, e se põe ao sul do ponto cardeal oeste. O quanto ao norte ou ao sul dos pontos leste e oeste o Sol nasce e se põe depende da data e da latitude do lugar. Olhando o por do Sol dia a dia, o Sol parece se deslocar para o norte durante metade do ano e para o sul na outra metade. Nas proximidades dos solstícios, quando o Sol está próximo a mudar o sentido do movimento,seu movimento fica muito lento, daí o nome “Sol parado”. Área 1, Aula 3, p.5 Müller, Saraiva & Kepler Questão Como você faria o desenho da figura ao lado para uma latitude de 10ºS, por exemplo? Nascente e Poente do Sol Pontos do horizonte em que o Sol nasce e se põe. Somente nos equinócios coincidem com os pontos cardeais leste e oeste. Pontos Cardeais Leste e Oeste São pontos de intersecção do horizonte com o equador celeste. http://www.math.nus.edu.sg/aslaksen/applets/sundial/sundial.html http://www.math.nus.edu.sg/aslaksen/applets/sundial/sundial.html Figura 01.03.06: Sequência de fotos tiradas em Porto Alegre,entre 21 jun 2003 e 21 mar 2004, mostrando que o Sol se põe em pontos diferentes do horizonte no decorrer do ano, como pode ser observado pelos referenciais 1 e 2 indicados. Nesse link você pode fazer uso do Simulador de Movimento do Sol. Estações em Diferentes Latitudes À medida que a Terra orbita em torno do Sol, os raios solares incidem mais diretamente em um hemisfério ou outro, proporcionando mais horas com luz durante o dia a um hemisfério ou outro e, portanto, aquecendo mais um hemisfério ou outro. No Equador todas as estações são muito parecidas: todos os dias do ano o Sol fica 12 horas acima do horizonte e 12 horas abaixo do horizonte; a única diferença é a máxima altura que ele atinge. Nos equinócios o Sol faz a passagem meridiana pelo zênite, atingindo a altura de 90° no meio-dia verdadeiro. Nas outras datas do ano o Sol passa o meridiano ao norte do zênite, entre os equinócios de março e de setembro, ou ao sul do zênite, entre os equinócios de setembro e de março. As menores alturas do Sol na passagem meridiana são de 66,5° e acontecem nas datas dos solstícios. Portanto a altura do Sol ao meio-dia no Equador não muda muito ao longo do ano e, consequentemente, nessa região não existe muita diferença entre inverno, verão, primavera e outono. À medida que nos afastamos do Equador, as estações ficam mais acentuadas. A diferenciação entre elas torna-se Área 1, Aula 3, p.6 Müller, Saraiva & Kepler Estações do Ano São estabelecidas devido à incidência dos raios solares que variam nos hemisférios com o passar do ano. http://astro.unl.edu/naap/motion3/animations/sunmotions.html http://astro.unl.edu/naap/motion3/animations/sunmotions.html máxima nos polos. Na Terra, a região entre latitudes -23,5° (trópico de Capricórnio) e +23,5° (trópico de Câncer) é chamada de região tropical. Nessa região, o Sol passa pelo zênite duas vezes por ano, com exceção dos dois trópicos, onde passa uma única vez. Fora dessa região o Sol nunca passa pelo zênite. As linhas de latitudes +66,5° e -66,5° são chamadas Círculos Polares, norte ou sul. Para latitudes mais ao norte do Círculo Polar Norte, ou mais ao sul do Círculo Polar Sul, o Sol permanece 24 horas acima do horizonte no verão e 24 horas abaixo do horizonte no inverno. Figura 01.03.07: Esquema mostrando a incidência dos raios solares na Terra nos solstícios de verão no hemifério sul (à esquerda) e no hemisfério norte (à direita). No solstício de verão no hemisfério sul o Sol incide diretamente no Trópico de Capricórnio (latitude de 23º27´S), a região do Círculo Polar Ártico tem noite durante 24h e a região do Círiculo Polar Antártico tem dia claro durante 24h. No solstício de verão no hemisfério norte o Sol incide diretamente no Trópico de Câncer (latitude de 23º27´N), a região do Círculo Polar Ártico tem dia claro durante 24h e a região do Círiculo Polar Antártico tem noite durante 24h. Insolação Solar A quantidade de energia solar que chega, por unidade de tempo e por unidade de área, a uma superfície perpendicular aos raios solares, à distância média Terra-Sol, se chama constante solar, e vale 21.367 / .W m Esse valor da constante solar é medido por satélites logo acima da atmosfera terrestre. Devido à rotação da Terra, a energia média incidente no topo da atmosfera, por unidade de área e por unidade de tempo, é aproximadamente 1/4 da constante solar. Além disso, a atmosfera reflete 39% da radiação, de forma que apenas 61% é usada no aquecimento da Terra. Chamando ZE a energia média que chega perpendiculamente à superfície da Terra, por unidade de tempo e por unidade de área, temos que da Terra. 2 2 210,61. .1367 / 208 / 750 / . 4Z E W m W m kWh m= = ≅ Figura 01.03.08: À esquerda esquema da insolação com o Sol mais próximo ao meio dia e, à direita insolação quando o Sol está numa posição mais próxima ao final da tarde ou ao início da manhã. Em geral estamos interessados em conhecer a quantidade de energia por unidade de área e por unidade Área 1, Aula 3, p.7 Müller, Saraiva & Kepler Insolação Solar Quantidade de energia por unidade de área e de tempo que atinge a superfície da Terra em um determinado local. Constante Solar 21.367 /W m . http://astro.if.ufrgs.br/rad/rad/rad.htm#terra http://astro.if.ufrgs.br/rad/rad/rad.htm#terra de tempo que chega em um determinado lugar da superfície da Terra, que chamamos insolação do lugar. A insolação varia de acordo com o lugar, com a hora do dia e com a época do ano (figura 01.03.08). Se definirmos insolação solar como a quantidade de energia solar que atinge uma unidade de área da Terra na unidade de tempo, ,z E I A = e, considerando que quando o Sol está a uma altura θ em relação ao horizonte, a mesma energia é espalhada por uma área ' AA senθ = . Figura 01.03.09: Vemos que devido á variação da altura máxima do Sol para um lugar (causada pela inclinação da órbita) acontece uma variação da área iluminada na superfície da Terra e, portanto, uma variação na insolação. Para Porto Alegre, cuja latitude é 30°, a altura máxima do Sol no Solstício de Verão ( ≈21 Dez) é 83,5ovθ = , já que o Sol está a (30° lat - 23,5° decl.) 6,5° do zênite ao meio-dia local. Ao meio-dia, no Solstício de Inverno ( ≈21 Jun), a altura máxima do Sol é 36,5oIθ = , já que o Sol está a (30°lat + 23,5° decl.) 53,5° do zênite. Desconsiderando, por enquanto, a variação da insolação solar devido à variação da distância da Terra ao Sol, isto é, considerando a energia do Sol no Zênite ( ZE ) constante, temos: 0,99 , 0,59 Z v V V ZI I I E I A sen EI sen A θ θ = = = ou seja, a insolação em Porto Alegre é 66% maior no verão do que no inverno. Em comparação, o efeito da variação da distância entre a Terra e o Sol pode ser calculado levando em conta que a energia do Sol por unidade de área que alcança a Terra é dada por: 2 ,4Z E E Dπ ⊗ = onde D⊗ é a distância da Terra do Sol no momento. Área 1, Aula 3, p.8 Müller, Saraiva & Kepler Insolação em Porto Alegre A insolação é 66% maior no verão do que no inverno. Figura 01.03.10: Esquema mostrando a variação da insolação com o inverso do quadrado da distância R da Terra ao Sol. A variação da insolação solar devido à variação de 3% da distância Terra-Sol entre o afélio e o periélio é, portanto: 20,97 0,94,afélio periélio I I = = isto é, em janeiro (periélio), a insolação solar é 6% maior do que em junho (afélio). Este pequeno efeito é contrabalançado pela maior concentração de terra no hemisfério norte. Além da insolação, a duração do dia, que é de 14h 10m no Solstício de Verão e 10h 10m no Solstício de Inverno, em Porto Alegre, contribui nas estações do ano. Embora a órbita da Terra em torno do Sol seja uma elipse, e não um círculo, a distância da Terra ao Sol varia somente 3%, sendo que a Terra está mais próxima do Sol em janeiro. Mas é fácil lembrar que o hemisfério norte da Terra também está mais próximo do Sol em janeiro e é inverno lá, enquanto é verão aqui no hemisfério sul. Ano e Calendário Tomando como ponto de referência as estrelas distantes,temos o ano sideral; tomando como referência o ponto o Sol se encontra no equinócio de março (chamado ponto Áries), temos o ano tropical. O ano que usamos em nosso calendário é o ano tropical, ou ano das estações. Ano sideral: tempo necessário para a Terra dar uma volta em torno do Sol em relação a uma estrela fixa. Dura 365,2563 dias solares. Ano tropical: tempo necessário para a Terra dar uma volta em torno do Sol com relação ao equinócio Vernal, ou seja, é o tempo decorrido entre dois equinócios vernais consecutivos. É o ano usado no calendário, de 365,2422 dias solares. 1 1 1 1365,2422 365 . 4 100 400 3300 = + − + − 1 ano tropical = 365 dias + 1 dia a cada 4 anos (bissexto) - 1 dia a cada 100 anos + 1 dia a cada 400 anos - 1 dia a cada 3.300 anos. O ano bissexto foi instituído em 46 a.C. por Júlio Cesar, orientado pelo astrônomo Sosígenes, que estabeleceu o Calendário Juliano. Esse calendário adotava um ano de Área 1, Aula 3, p.9 Müller, Saraiva & Kepler Afélio Ponto da órbita da Terra em que ela se encontra mais afastada do Sol; ≈dia 04 /07; distância Terra-Sol de ≈ 152,1x106 km. Periélio Ponto da órbita da Terra em que ela se encontra mais próxima do Sol; ≈dia 04/01; distância Terra- Sol Ano Sideral Toma como referência as estrelas distantes. Ano Tropical Toma como referência o ponto em que o Sol se encontra no equinócio de março. Ano Bissexto Instituído em 46 a.C. para corrigir o tempo gasto para a Terra dar uma volta completa ao redor do Sol. Lembre que a insolação varia com o inverso do quadrado da distância da superfície da Terra ao Sol. http://astro.if.ufrgs.br/estacoes.html http://www.if.ufrgs.br/fis02001/aulas/estacoes.htm#gama 365,25 dias, e foi usado durante 1 600 anos. O calendário que utilizamos atualmente é o Calendário Gregoriano, que foi estabelecido em 1578, pelo papa Gregório XIII, sob orientação do astrônomo Clavius. Usa um ano de 365,2425 dias, diferindo do ano tropical em 16 segundos, o que totaliza 1 dia em 3 300 anos. A seguir algumas sugestões de vídeos para ilustração de alguns assuntos trabalhados nessa aula: • movivento de rotação e de translação da Terra, para quem é bom em inglês; • movimento de rotação e de translação da Terra,para quem não é bom em inglês; • Sol da meia noite ; • Sol da meia noite na Antártida . Resumo Eclíptica: Movimento aparente do Sol. Obliquidade da eclíptica: inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao eixo perpendicular ao plano orbital da Terra, 23o27’. Movimento anual do Sol: movimento de translação da Terra em torno do Sol. Equinócio de Março ( ≈21/03), quando o Sol cruza o equador, indo do HS para o HN, no HS é equinócio de outono; no HN é equinócio de primavera. Solstício de Junho ( ≈22/06), quando o Sol está na sua declinação máxima para o norte, incide diretamente no Trópico de Câncer, no HN é solstício de verão; no HS é solstício de inverno. Equinócio de Setembro ( ≈22/09), quando o Sol cruza o equador indo do HN para o HS. No HS é equinócio de primavera e no HN é equinócio de outono. Solstício de Dezembro ( ≈22/12), quando o Sol está na sua declinação máxima para o sul, incide diretamente no Trópico de Capricórnio, no HS é solstício de verão e no HN é solstício de inverno. A altura máxima do Sol varia ao longo do ano. Gnômon: haste vertical fincada no solo que ao ser exposta ao Sol forma uma sombra de tamanho variável com o passar das horas e dos dias do ano. Através das variações dos tamanhos das sombras que nossos antepassados determinaram as durações das estações (ano tropical). O nascente e o poente do Sol variam ao longo do ano. Estações do ano: São causadas pela variação do ângulo de incidência dos raios solares nas diferentes latitudes da Terra com o passar do ano. Círculos polares: linhas de latitudes +66,5o (norte) e -66,5o (sul). Em seus respectivos verões o Sol fica 24h acima do horizonte nas latitudes mais ao norte do círculo Polar Norte e mais ao sul do Círculo Polar Sul. Fica 24h abaixo do horizonte, em seus respectivos invernos. Área 1, Aula 3, p.10 Müller, Saraiva & Kepler Calendário Gregoriano Estabelecido em 1578, usa um ano de 365,2425 dias. http://www.youtube.com/watch?v=6i0qtbsoy64&NR=1 http://www.youtube.com/watch?v=6i0qtbsoy64&NR=1 http://www.youtube.com/watch?v=qc1rzryczdw http://www.youtube.com/watch?v=ZTYf2jYbbQA&feature=fvwrel http://www.youtube.com/watch?v=4hN2anCgBq4&feature=related Insolação solar: Quantidade de energia por unidade de área e de tempo que atinge a superfície da Terra num determinado local. .= z E I A A insolação é 66 % maior no verão do que no inverno aqui em Porto Alegre. Ano sideral: toma como referência as estrelas distantes. Ano tropical: toma como referência o ponto Áries (equinócio de Março). Ano bissexto: Instituído em 46 a.C. para corrigir o tempo gasto para a Terra dar uma volta completa ao redor do Sol, que era considerado 365,25 dias. A cada ano 0,25 dia, a cada 4 anos um dia a mais no calendário. Calendário Gregoriano: Utilizado por nós desde 1578. Questões de fixação Agora que vimos o assunto previsto para a aula de hoje resolva as questões de fixação e compreensão do conteúdo a seguir, utilizando o fórum, comente e compare suas respostas com os demais colegas. Bom trabalho! 1. Observando o Sol se pôr no horizonte, ao longo do ano, o que se nota a respeito do ponto onde ele se põe? Em que ponto ele se põe nos equinócios? 2. Por que nós não vemos as mesmas estrelas no verão e no inverno? 3. Qual a declinação do Sol nas seguintes datas: a)equinócio de primavera e equinócio de outono no HS; b)solstício de verão e solstício de inverno no HN; 4. Qual o dia mais longo do ano no HS e no HN? 5. Em que datas do ano o dia e a noite têm a mesma duração em toda a Terra? 6. Que estação é, no HN, quando o Sol está aumentando sua declinação (se afastando do equador) para norte? 7. Nessa época no HS, os dias estão ficando mais longos ou mais curtos? 8. Se num determinado lugar do hemisfério sul, ao meio dia do solstício de verão, a direção do Sol forma um ângulo de 10° com a direção do zênite, qual o ângulo entre o equador e o zênite nesse lugar? 9. Em que lugares da Terra (em que latitude) o Sol incide perpendicularmente ao meio-dia no solstício de verão do HN? E no Solstício do HS? 10. Quantas vezes por ano o Sol passa no zênite, ao meio dia, em lugares com latitude: a) 0°; b)15°; Área 1, Aula 3, p.11 Müller, Saraiva & Kepler c) 30°; 11. Se você observar o instante em que a sombra de uma estaca atinge o menor tamanho a cada dia, durante todos os dias do ano, a sombra será mínima sempre à mesma hora do dia? Explique. 12. Chamando "meio-dia" o instante em que o Sol atinge a máxima altura durante o dia, calcule a razão entre a insolação ao meio-dia no solstício de verão e a insolação ao meio-dia no solstício de inverno, para: a) o equador; b) para as latitudes limites dos círculos polares. Até a próxima aula! Área 1, Aula 3, p.12 Müller, Saraiva & Kepler Aula 4 - Fases da Lua e Eclipses Alexei Machado Müller, Maria de Fátima Oliveira Saraiva & Kepler de Souza Oliveira Filho Introdução Prezado aluno, em nossa quarta aula, da primeira área, vamos estudar a Lua, suas fases e os eclipses lunares e solares. Bom estudo! Área 1, Aula 4 Foto da Lua. Objetivos Nesta aula trataremos de fases da Lua e eclipses, e, esperamos que ao final você esteja apto a: • explicar por que a Lua passa por um ciclo de fases; • descrever as fases da Lua em termos de posições relativas Sol-Terra na esfera celeste; • relacionar as fases da Lua com a orientação de sua porção iluminada em relação ao horizonte e com a hora e posição no céu em que é visível;• diferenciar mês sinódico de mês sideral; • descrever as condições necessárias para a ocorrência de um eclipse solar e de um eclipse lunar. Quantas fases tem a Lua? Lua A Lua é o corpo celeste mais próximo da Terra. O valor atual de sua distância foi medida por radar e por laser, utilizando espelhos colocados na Lua pelos astronautas das missões Apolo 11, 14 e 15. Seu valor médio é de 384.000 km e varia de 356.800 km (no perigeu) a 406.400 km (no apogeu). A excentricidade da órbita da Lua é de 0,0549. Como é feita essa mensuração? Um laser é disparado até um dos espelhos (prismas retro-refletores, colocados pelos astronautas na Lua, que refletem a luz na mesma direção da luz incidente) e o tempo de ida e vinda do laser é medido. Cada prisma tem 3,8 cm, e os espelhos deixados pela Apolo 11 e 14 têm 10 prismas cada, enquanto o deixado pela Apolo 15 tem 300. Outro refletor francês também foi instalado pela missão russa não tripulada Lunakhod 2. Ao chegar na superfície da Lua, o feixe tem aproximadamente 6,5 km de diâmetro. O sinal de retorno é muito fraco para ser visto a olho nu, mas em boas condições chega a 1 fóton por segundo. O diâmetro aparente médio da Lua é de 31' 5" (0,518°), de onde se deduz que o diâmetro da Lua é de 3. 476 km (D = 384.000 km × sen 0,518º). A Lua tem três movimentos principais: rotação em torno de seu próprio eixo, revolução em torno da Terra e translação em torno do Sol junto com a Terra, mas existe também um pequeno movimento de libração. O movimento de rotação da Lua é sincronizado com a revolução em torno da Terra, de maneira que vemos sempre a mesma face da Lua (a figura 01.04.01 explica porque isso acontece), a menos de pequenas variações devidas à libração. A face da Lua que não podemos ver chama-se face oculta, que só pode ser fotografada pelos astronautas ou naves em órbita da Lua. Área 1, Aula 4, p.2 Müller, Saraiva & Kepler Principais Movimentos da Lua Rotação, em torno de seu próprio eixo; revolução, em torno da Terra, e translação em torno do Sol. O 4º movimento é o de libração, movimentos laterais que mostram pequenas partes da face mais distante da Lua. http://www2.jpl.nasa.gov/files/universe/un940729.txt http://www.physics.ucsd.edu/~tmurphy/apollo/lrrr.html http://www.physics.ucsd.edu/~tmurphy/apollo/lrrr.html http://imperiumsolis.blogspot.com/2011/07/as-fases-e-os-movimentos-de-libracao-da.html Figura 01.04.01: Representação esquemática do movimento da Lua (círculos rosados) em torno da Terra (círculos azuis). Se a Lua não tivesse rotação, ficaria sempre com a mesma face voltada para um certo ponto do espaço, mudando a face voltada para a Terra (figura da esquerda). A única maneira de ela manter a mesma face sempre voltada para a Terra é girando em torno de seu próprio eixo no mesmo período em que gira em torno da Terra(figura da direita). O movimento de revolução da Lua em torno da Terra se dá em um plano orbital que tem uma inclinação de 5°9' (figura 01.04.02) em relação à eclíptica. Esse ângulo tem um papel importante na periodicidade dos eclipses, como vamos ver adiante. Figura 01.04.02: Inclinação do movimento de translação da lua em relação ao plano da eclíptica. Em relação ao equador da Lua, o seu plano orbital tem uma inclinação de menos do que 1°. À medida que a Lua viaja ao redor da Terra ao longo do mês, ela passa por um ciclo de fases, durante o qual sua forma parece variar gradualmente. O ciclo completo dura aproximadamente 29,5 dias. Esse fenômeno é bem compreendido desde a antiguidade. Acredita-se que o grego Anaxágoras (± 430 a.C.), já conhecia sua causa, e Aristóteles (384 - 322 a.C.) registrou a explicação correta do fenômeno: as fases da Lua resultam do fato de que ela não é um corpo luminoso, e sim um corpo iluminado pela luz do Sol. Área 1, Aula 4, p.3 Müller, Saraiva & Kepler Lembre que a Lua não tem luz própria, ela apenas reflete a luz que o Sol emite sobre a sua superfície. Figura 01.04.03: Terra e Lua iluminadas pelo Sol. Para um observador na Terra, a Lua está em fase Nova; para um observador na Lua, a Terra está em fase Cheia. A fase da Lua representa o quanto dessa face, iluminada pelo Sol, está voltada também para a Terra. Durante metade do ciclo essa porção está aumentando (lua crescente) e durante a outra metade ela está diminuindo (lua minguante). Tradicionalmente apenas as quatro fases mais características do ciclo - Lua Nova, Quarto-Crescente, Lua Cheia e Quarto-Minguante - recebem nomes, mas a porção que vemos iluminada da Lua, que é a sua fase, varia de dia para dia. Por essa razão os astrônomos definem a fase da Lua em termos de número de dias decorridos desde a Lua Nova (de 0 a 29,5) e em termos de fração iluminada da face visível (0% a 100%). Figura 01.04.04: Esquema do sistema Sol-Terra-Lua como seria visto por um observador externo olhando diretamente para o polo sul da Terra. O círculo externo mostra a Lua em diferentes posições relativas em relação à linha Sol- Terra, assumidas à medida que ela orbita a Terra de oeste para leste (sentido horário para um observador olhando para o polo sul). O círculo interno mostra as formas aparentes da Lua, em cada situação, para um observador no hemisfério sul da Terra. Área 1, Aula 4, p.4 Müller, Saraiva & Kepler Fase da Lua É a porção que vemos iluminada da Lua. Pode ser definida em termos de números de dias e em termos de fração iluminada da face visível. As quatro fases principais do ciclo são: Lua Nova (0% da face visível está iluminada). • Lua e Sol, vistos da Terra, estão na mesma direção; • a Lua nasce aproximadamente às 6h e se põe aproximadamente às18h; • a face da Lua voltada para a Terra não está iluminada e a Lua não é visível. Figura 01.04.05: Fotografia da Lua um dia após a Lua Nova. (Fonte: http://www.if.ufrgs.br/fis02001/aulas/aulalua.htm). A Lua Nova acontece quando a face visível da Lua não recebe luz do Sol, pois os dois astros estão na mesma direção. Nessa fase, a Lua está no céu durante o dia, nascendo e se pondo aproximadamente junto com o Sol. Durante os dias subsequentes, a Lua vai ficando cada vez mais a leste do Sol e, portanto, a face visível vai ficando crescentemente mais iluminada a partir da borda que aponta para o oeste, até que aproximadamente 1 semana depois temos o Quarto-Crescente, com 50% da face iluminada. Lua Quarto-Crescente (50% da face visível está iluminada). • Lua e Sol, vistos da Terra, estão separados de 90°; • a Lua está a leste do Sol e, portanto, sua parte iluminada tem a convexidade para o oeste; • a Lua nasce aproximadamente ao meio-dia e se põe aproximadamente à meia-noite. Figura 01.04.06: Fotografia da lua nas proximidades da fase quarto crescente tirada durante o dia. (Fonte: http://www.if.ufrgs.br/fis02001/aulas/aulalua.htm). A Lua tem a forma de um semicírculo com a parte convexa voltada para o oeste. Lua e Sol, vistos da Terra, estão separados de aproximadamente 90°. A Lua nasce aproximadamente ao meio-dia e se põe aproximadamente à meia-noite. Após esse dia, a fração iluminada da face visível continua a crescer pelo lado voltado para o oeste, até que atinge a fase Cheia. Área 1, Aula 4, p.5 Müller, Saraiva & Kepler Fases Principais da Lua Nova, Quarto Crescente, Cheia e Quarto Minguante. http://www.if.ufrgs.br/fis02001/aulas/aulalua.htm Lua Cheia (100% da face está iluminada). • Lua e Sol, vistos da Terra, estão em direções opostas, separados de 180°, ou 12 h; • a Lua nasce aproximadamente às 18 h e sepõe aproximadamente às 6 h do dia seguinte. Figura 01.04.07: Foto da Lua Cheia. (Fonte: http://www.if.ufrgs.br/fis02001/aulas/aulalua.htm). Na fase cheia 100 % da face visível está iluminada. A Lua está no céu durante toda a noite, nasce quando o Sol se põe e se põe ao nascer do Sol. Lua e Sol, vistos da Terra, estão em direções opostas, separados de aproximadamente 180°, ou 12 h. Nos dias subsequentes a porção da face iluminada passa a ficar cada vez menor à medida que a Lua fica cada vez mais a oeste do Sol; o disco lunar vai dia a dia perdendo um pedaço maior da sua borda voltada para o oeste. Aproximadamente 7 dias depois, a fração iluminada já se reduziu a 50%, e temos o Quarto-Minguante. Lua Quarto-Minguante (50% da face visível está iluminada). • A Lua está a oeste do Sol, que ilumina seu lado voltado para o leste; • a Lua nasce aproximadamente à meia-noite e se põe aproximadamente ao meio-dia. Figura 01.04.08: Fotografia da Lua nas proximidades da fase quarto- minguante. (Fonte: http://www.if.ufrgs.br/fis02001/aulas/aulalua.htm). A Lua está aproximadamente 90° a oeste do Sol, e tem a forma de um semicírculo com a convexidade apontando para o leste. A Lua nasce aproximadamente à meia-noite e se põe aproximadamente ao meio-dia. Nos dias subsequentes a Lua continua a minguar, até atingir o dia 0 do novo ciclo. O intervalo de tempo médio entre duas fases iguais consecutivas é de 29d 12h 44m 2.9s (aproximadamente 29,5 dias). Esse período é chamado mês sinódico, ou lunação, ou período sinódico da Lua. Área 1, Aula 4, p.6 Müller, Saraiva & Kepler http://www.if.ufrgs.br/fis02001/aulas/aulalua.htm http://www.if.ufrgs.br/fis02001/aulas/aulalua.htm http://astro.if.ufrgs.br/lua/lua.htm#sideral O período sideral da Lua, ou mês sideral, é o tempo necessário para a Lua completar uma volta em torno da Terra, em relação a uma estrela. Sua duração média é de 27d 7h 43m 11s , sendo portanto aproximadamente 2,25 dias mais curto do que o mês sinódico. Figura 01.04.09: Esquema que ilustra o ângulo descrito pela Terra em um dia solar, 0.986o. O período sinódico da Lua, com duração de aproximadamente 29,5 dias (variando entre 29,26 e 29,80 dias), é, em média, 2,25 dias maior do que o período sideral da Lua porque nos 27,32 dias em que a Lua faz uma volta completa em relação às estrelas (o período sideral da Lua), o Sol de desloca [360°/(365,25 dias)] aproximadamente 27° (27 dias × 1°/dia) para leste e, portanto, é necessário mais 2 dias [27°/(360°/27,32 dias)] para a Lua se deslocar estes 27° e estar na mesma posição em relação ao Sol, que define a fase. Figura 01.04.10: Ilustração da Lua em seu período sideral da Lua comparado com o movimento do Sol. Dia lunar: Tendo em vista que o período sideral da Lua é de 27,32166 dias, isto é, que ela se move 360° em relação às estrelas para leste a cada 27,32 dias, deduz-se que ela se desloca para leste 13° por dia (360°/27,32), em relação às estrelas. Levando-se em conta que a Terra gira 360° em 24 horas, e que o Sol se desloca 1° para leste por dia, deduzimos que a Lua se atrasa 48 minutos por dia em relação ao Sol, [(12°/360°)×(24h×60m)], isto é, a Lua nasce cerca de 48 minutos mais tarde a cada dia. Recapitulando, a Lua se move cerca de 13° para leste, por dia, em relação às estrelas. Esse movimento é um reflexo da translação da Lua em torno da Terra, completada em 27,32 dias (mês sideral). O Sol também se move cerca de 1° por dia para leste, refletindo a translação da Terra em torno do Sol, completada em 365,2564 dias (ano sideral). Portanto, a Lua se move cerca de 12° por dia em relação ao Sol, e a cada dia a Lua cruza o meridiano local aproximadamente 48 min mais tarde do que no dia anterior. O dia lunar, portanto, tem 24 h 48 min. Área 1, Aula 4, p.7 Müller, Saraiva & Kepler . Dia Lunar Tem duração de 24 h 48 min. Tempo necessário para a Lua passar duas vezes consecutivas pelo meridiano do local em que está observada. Mês Sideral Tem duração de aproximadamente 27,25 dias. Intervalo de tempo que a Lua leva para completar uma volta ao redor da Terra em relação a uma estrela. Mês Sinódico Tem duração aproximada de 29,5 dias, intervalo de tempo entre duas fases iguais consecutivas. http://astro.if.ufrgs.br/lua/mlua.htm http://astro.if.ufrgs.br/lua/mlua.htm http://astro.if.ufrgs.br/lua/lua.htm#sideral http://astro.if.ufrgs.br/lua/lua.htm#sideral http://astro.if.ufrgs.br/lua/lua.htm#sideral http://astro.if.ufrgs.br/lua/lua.htm#sideral Eclipses Um eclipse acontece sempre que um corpo entra na sombra de outro. Quando a Lua entra na sombra da Terra, acontece um eclipse lunar. Quando a Terra é atingida pela sombra da Lua, acontece um eclipse solar. Sombra de um corpo extenso Quando um corpo opaco é iluminado por uma fonte de luz extensa (não pontual), a sombra produzida é composta de duas partes: a umbra – região do espaço que não recebe luz de nenhum ponto da fonte-, e a penumbra – região da sombra que recebe luz de alguns pontos da fonte. Figura 01.04.11: Um corpo extenso produz uma sombra composta de uma parte mais densa, a umbra, circundada por uma parte menos densa, a penumbra. A composição da umbra e da penumbra é indicada pelos raios provindos de dois pontos da fonte (raios azuis e vermelhos). Note que, estando a fonte extensa no infinito (como é o caso do Sol), os raios provindos do mesmo ponto da fonte chegam paralelos em todos os pontos do objeto opaco, mas raios provindos de pontos diferentes da fonte chegam ao mesmo ponto do objeto opaco vindos de direções diferentes. A parte de baixo da figura 01.04.11 mostra um corte transversal da sombra, entre o objeto opaco e o vértice da umbra. Eclipses do Sol O eclipse solar acontece quando o Sol fica oculto pela Lua, portanto a Lua tem que estar entre a Terra e o Sol, ou seja, na fase Nova. Figura 01.04.12: Esquema do eclipse solar. A parte mais escura da sombra da Lua é a umbra, a parte mais clara é a penumbra. Área 1, Aula 4, p.8 Müller, Saraiva & Kepler Eclipse Solar Quando o Sol fica oculto pela Lua. A Lua está entre o Sol e a Terra. Sombra Umbra + penumbra. Eclipse Ocorre quando um corpo entra na sombra do outro. Tipos de eclipses do Sol • eclipse solar total: acontece nas regiões da Terra atingida pela umbra da Lua. O disco inteiro do Sol fica atrás da Lua; • eclipse solar parcial: acontece nas regiões da Terra atingidas pela penumbra da Lua. Parte do disco solar fica atrás da Lua; • eclipse solar anular: acontece quando a distância Terra – Lua é maior do que o comprimento da umbra, de forma que a parte central da sombra que atinge a Terra é constituída pelo prolongamento da umbra. O disco da Lua fica menor do que o disco do Sol e não cobre completamente, deixando um aro luminoso em torno do disco escuro da Lua. Figura 01.04.13: No canto superior da figura, vemos a aparência da fonte para os pontos A e D na sombra. Um observador em A veria toda a fonte eclipsada (eclipse total), em B e C veria partes da fonte eclipsada (eclipse parcial) e em D veria a parte central da fonte eclipsada, mas a parte externa não (eclipse anular). Na parte inferior da figura acima, vemos a região da umbra e da penumbra da sombra. Na parte superior, vemos a aparência da fonte para os pontos A e D na sombra. Durante um eclipse solar, a umbra da Lua na Terra tem sempre menos que 270 km de diâmetro. Como a sombra se move a pelo menos 34 km/min para Leste, devido à órbita da Lua em torno da Terra, a totalidade de um eclipse dura no máximo 7 1/2 minutos. Portanto um eclipse solar total só é visível, se o clima permitir, em uma estreita faixa sobre a Terra, chamada de caminho do eclipse. Em uma região de aproximadamente 3.000 km de cada lado do caminho do eclipse, ocorreum eclipse parcial. Figura 01.04.14: Animações de eclipses (http://astro.if.ufrgs.br/eclipses/animacoes.htm) Área 1, Aula 4, p.9 Müller, Saraiva & Kepler Eclipses do Sol Total, o disco inteiro do Sol fica atrás da Lua. Parcial, parte do disco solar fica atrás da Lua. Anular, o disco da Lua fica menor do que o disco do Sol, não o cobrindo completamente. http://astro.if.ufrgs.br/eclipses/eclipse1994.htm http://astro.if.ufrgs.br/eclipses/eclipse1994.htm http://astro.if.ufrgs.br/eclipses/animacoes.htm http://astro.if.ufrgs.br/eclipses/animacoes.htm Figura 01.04.15: Registro de onde podem ser observados eclipses solares entre 1996 e 2020. As faixas azuis indicam as datas e os locais com latitude e longitude em que os eclipses serão perceptíveis. Um eclipse solar total começa quando a Lua alcança a direção do disco do Sol, e aproximadamente uma hora depois o Sol fica completamente atrás da Lua. Nos últimos instantes antes da totalidade, as únicas partes visíveis do Sol são aquelas que brilham através de pequenos vales na borda irregular da Lua, um fenômeno conhecido como "anel de diamante", já descrito por Edmund Halley no eclipse de 3 de maio de 1715. Durante a totalidade, o céu se torna escuro o suficiente para se observar os planetas e as estrelas mais brilhantes. Após a fase de "anel de diamante", o disco do Sol fica completamente coberto pela Lua, e a coroa solar, a atmosfera externa do Sol, composta de gases rarefeitos que se estendem por milhões de km, aparece. Eclipses da Lua No eclipse lunar a Lua fica na sombra da Terra, o que só pode ocorrer se a Terra está entre o Sol e a Lua, ou seja, a Lua na fase Cheia. Tipos de eclipses lunares: Eclipse lunar total: a Lua fica totalmente imersa na umbra. Eclipse lunar parcial: apenas parte da Lua entra na umbra. Eclipse penumbral: a Lua cruza a borda da sombra, sem passar pela umbra. Esse eclipse em geral não dá para ser percebido. Figura 01.04.16: Diagrama do eclipse lunar, a umbra da Terra, à distância em que é cruzada pela Lua, tem um diâmetro de aproximadamente 2,5 vezes o diâmetro da Lua. Área 1, Aula 4, p.10 Müller, Saraiva & Kepler Eclipse Lunar A Lua fica na sombra da Terra. A Terra está entre o Sol e a Lua. Eclipses da Lua Total, a Lua fica coberta pela umbra da Terra; Parcial, parte da Lua fica coberta pela umbra da Terra, e Penumbral, a Lua cruza borda da sombra sem passar pela sombra da Terra, por isso geralmente não é perceptível. Atenção É extremamente perigoso olhar o Sol diretamente, após 15 segundos de exposição, os olhos são permanentemente danificados sem qualquer tipo de dor. Figura 01.04.17: As figuras representam a seção transversal da sombra na Terra à distância da Lua. A região mais densa é a umbra, a região menos densa a penumbra. (a) Quando a Lua cruza a sombra passando pela umbra, o eclipse é total. (b) Quando a Lua cruza a sombra de maneira a que só parte dela entre na umbra, o eclipse é parcial. A 384.000 km de distância da Lua, a sombra da Terra, que se estende por 1,4 x106 km, cobre aproximadamente 3 luas cheias. Em contraste com um eclipse do Sol, que só é visível em uma pequena região da Terra, um eclipse da Lua é visível por todos que possam ver a Lua. Como um eclipse da Lua pode ser visto, se o clima permitir, de todo a parte noturna da Terra, eclipses da Lua são muito mais frequentes que eclipses do Sol, para um dado local na Terra. A duração máxima de um eclipse lunar é 3,8 h, e a duração da fase total é sempre menor que 1,7 h. Por que não ocorrem eclipses todos os meses? Como vimos no início da aula, o plano da órbita da Lua está inclinado 5,2° em relação ao plano da órbita da Terra. Portanto só ocorrem eclipses quando a Lua está na fase de Lua Cheia ou Nova, e simultaneamente a Lua está sobre a linha dos nodos, que é a linha de intersecção do plano da órbita da Terra em torno do Sol com o plano da órbita da Lua em torno da Terra. Figura 01.04.18: Fotografia do eclipse da Lua em 20 de fevereiro de 2008. (Fonte: http://astro.if.ufrgs.br/eclipses/eclipse.htm). Figura 01.04.19: A figura representa a Lua em fases Nova e Cheia e em quatro meses diferentes. Apenas quando essas fases acontecem com a Lua está na posição dos nodos da órbita (cruzando a eclíptica) é que ocorre o alinhamento dos astros. Área 1, Aula 4, p.11 Müller, Saraiva & Kepler Lembre que eclipses só ocorrem quando a Lua está em fase Cheia ou Nova, e a Lua está sobre a linha de intersecção do plano da sua órbita em torno da Terra com o plano da órbita da Terra em torno do Sol. http://astro.if.ufrgs.br/eclipses/eclipse.htm Temporada dos eclipses Se o plano orbital da Lua coincidisse com o plano da eclíptica, um eclipse solar ocorreria a toda Lua nova e um eclipse lunar a toda Lua Cheia. Entretanto, o plano está inclinado 5,2 ° e, portanto, a Lua precisa estar próxima da linha de nodos (cruzando o plano da eclíptica) para que um eclipse ocorra. Como o sistema Terra-Lua orbita o Sol, aproximadamente duas vezes por ano a linha dos nodos está alinhada com o Sol e a Terra. Estas são as temporadas dos eclipses, quando os eclipses podem ocorrer. Quando a Lua passar pelo nodo durante a temporada de eclipses, ocorre um eclipse. Como a órbita da Lua gradualmente gira sobre seu eixo (com um período de 18,6 anos de regressão dos nodos), as temporadas ocorrem a cada 173 dias [(1 ano - 20 dias)/2], e não exatamente a cada meio ano. A distância angular da Lua do nodo precisa ser menor que 4,6° para um eclipse lunar, e menor que 10,3 ° para um eclipse solar, o que estende a temporada de eclipses para 31 a 38 dias, dependendo dos tamanhos aparentes e velocidades aparentes do Sol e da Lua, que variam porque as órbitas da Terra e da Lua são elípticas, de modo que pelo menos um eclipse ocorre a cada 173 dias. Entre dois e sete eclipses ocorrem anualmente. Em cada temporada usualmente acontece um eclipse solar e um anular, mas podem acontecer três eclipses por temporada, numa sucessão de eclipse solar, lunar e solar novamente, ou lunar, solar e lunar novamente. Quando acontecem dois eclipses lunares na mesma temporada os dois são penumbrais. Simulador de eclipses. Resumo Principais movimentos da Lua: rotação, em torno de seu próprio eixo; revolução, em torno da Terra, translação em torno do Sol e libração, movimentos laterais que expõem pequenas frações da face mais distante da Lua. Fase da Lua: É a porção que vemos iluminada da Lua. Pode ser definida em termos de números de dias e em termos de fração iluminada da face visível. Fases principais da Lua: Nova, Quarto Crescente, Cheia e Quarto Minguante. Mês sinódico: Duração aproximada de 29,5 dias, intervalo de tempo entre duas fases iguais consecutivas. Mês sideral: Duração de aproximadamente 27,25 dias. Intervalo de tempo que a Lua leva para completar uma volta ao redor da Terra em relação a uma estrela. Dia lunar: Duração de 24 h e 48 min. Eclipse: Ocorre quando um corpo entra na sombra do outro. Área 1, Aula 4, p.12 Müller, Saraiva & Kepler http://www.if.ufrgs.br/cref/ntef/astronomia/simuladoreclipses.html Eclipses do Sol: • total, o disco inteiro do Sol fica atrás da Lua; • parcial, parte do disco solar fica atrás da Lua; • anular, o disco da Lua fica menor do que o disco do Sol, não cobrindo-o completamente. Eclipse Lunar: • a lua fica na sombra da Terra. A Terra está entre o Sol e a Lua. Eclipses da Lua: • total, a Lua fica coberta pela umbra da Terra; • parcial, parte da Lua fica coberta pela umbra da Terra; • penumbral, a Lua cruza borda da sombra sem passar pela umbra, geralmente não é perceptível. Questões de fixação Agora que vimos o assunto previsto para a aula de hoje resolva as questões de fixação e compreensão doconteúdo a seguir, utilizando o fórum, comente e compare suas respostas com os demais colegas. Bom trabalho! 1. Explique por que a Lua passa por um ciclo de fases. 2. Qual é a fase da Lua quando ela é vista: a) como um arco fino com a parte convexa voltada para o oeste? b) como um arco fino com a parte convexa voltada para o leste? c) como um disco faltando um pedaço no lado voltado para o oeste? d) como um disco faltando um pedaço no lado voltado para leste? 3. Qual é a fase da Lua se: a) ela nasce ao por do Sol? b) ela cruza o meridiano superior ao meio-dia? c) ela se põe à meia-noite? d) ela nasce com o Sol? 4. Explique a diferença entre mês sinódico e mês sideral. De quanto é a diferença de duração entre os dois? 5. A Lua, vista da Terra, se movimenta em relação ao fundo das estrelas a uma taxa de 13o 10’ 35” para leste por dia. Qual a duração do “dia lunar”, isto é, o intervalo de dia. Qual a duração do “dia lunar”, isto é, o intervalo de tempo decorrido entre duas culminações sucessivas da Lua? Área 1, Aula 4, p.13 Müller, Saraiva & Kepler 6. Explique quais condições serão mais favoráveis para acontecer um eclipse anular do Sol: a) Terra no afélio ou no periélio? b) Lua no apogeu ou no perigeu? 7. Por que continuamos a ver a Lua, embora bem menos brilhante, no eclipse lunar total? 8. Que tipo de fenômeno um observador na Lua veria quando, na Terra, estiver acontecendo um eclipse solar total? 9. Os eclipses só podem ocorrer durante a Lua Nova ou durante a Lua Cheia. a) Por que não ocorrem eclipses nas outras fases da Lua? b) Que tipo de eclipse (solar ou lunar) ocorre na Lua Nova? E na Lua Cheia? c) Por que não ocorrem eclipses todos os meses? d) Por que os eclipses lunares são mais comuns do que os solares? 10. O diâmetro angular da Lua é em torno de 0,5ο. Qual o seu diâmetro linear, em km, sabendo que sua distância à Terra é 384.000 km? Até a próxima aula! Área 1, Aula 4, p.14 Müller, Saraiva & Kepler Aula 5 - Movimento dos planetas: o modelo heliocêntrico de Copérnico. Alexei Machado Müller, Maria de Fátima Oliveira Saraiva & Kepler de Souza Oliveira Filho Introdução Prezado aluno, em nossa quinta aula, da primeira área, vamos estudar o movimento anual do Sol e as estações do ano. Bom estudo! Área 1, Aula 5 Simulação do movimento aparente dos planetas produzido em um planetário. Os “laços” formados indicam o movimento retrógado dos referidos planetas. Objetivos Nesta aula trataremos do movimento dos planetas e do modelo heliocêntrico de Copérnico, e esperamos que ao final você esteja apto a: • explicar como a observação do movimento dos planetas levou à ideia do sistema heliocêntrico; • explicar as diferenças e similaridades entre os modelos ptolomaico e copernicano; • entender o que é elongação de um planeta e definir as configurações planetárias em termos de elongação; • aplicar o método de Copérnico para calcular as distâncias dos planetas. Por que Copérnico “propôs” o sistema heliocêntrico? Movimento dos Planetas Os planetas estão muito mais próximos de nós do que as estrelas, de forma que eles parecem se mover, ao longo do ano, entre as estrelas de fundo. Esse movimento se faz, geralmente, de oeste para leste (não confundir com o movimento diurno, que é sempre de leste para oeste!), mas em certas épocas o movimento muda, passando a ser de leste para oeste. Esse movimento retrógrado pode durar vários meses (dependendo do planeta), até que fica mais lento e o planeta reverte novamente o sentido do seu movimento, retomando o movimento normal. O movimento observado de cada planeta é uma combinação do movimento do planeta em torno do Sol com o movimento da Terra em torno do Sol, e é simples de explicar quando sabemos que a Terra está em movimento, mas fica muito difícil de descrever num sistema em que a Terra esteja parada (figura 01.05.01). Figura 01.05.01: Movimento aparente dos planetas simulado em um planetário. Os “laços” formados se devem ao movimento retrógrado. Área 1, Aula 5, p.2 Müller, Saraiva & Kepler Movimento Anual dos Planetas Normalmente do oeste para leste. O movimento Retrógrado ocorre quando o movimento inverte o sentido (passa a ser do leste para oeste). O modelo geocêntrico Figura 01.05.02: À esquerda modelo geocêntrico proposto por Cláudio Ptolomeu (à direita). Apesar da dificuldade de compreender e explicar o movimento observado dos planetas do ponto de vista geocêntrico (a Terra no centro do Universo), o geocentrismo foi uma ideia dominante na Astronomia durante toda a antiguidade e a Idade Média. O sistema geocêntrico também é conhecido como sistema ptolomaico, pois foi Cláudio Ptolomeu (figura 01.05.02), o último dos grandes astrônomos gregos (150 d.C.), quem construiu o modelo geocêntrico mais completo e eficiente. Ptolomeu explicou o movimento dos planetas através de uma combinação de círculos (figura 01.05.03): o planeta se move ao longo de um pequeno círculo chamado epiciclo, cujo centro se move em um círculo maior chamado deferente. A Terra fica numa posição um pouco afastada do centro do deferente (portanto o deferente é um círculo excêntrico em relação à Terra). Para dar conta do movimento não uniforme dos planetas, Ptolomeu introduziu ainda o equante, que é um ponto ao lado do centro do deferente oposto à posição da Terra, em relação ao qual o centro do epiciclo se move a uma taxa uniforme. Figura 01.05.03: Esquema explicativo do sistema ptolomaico, em que o planeta se move ao longo de um pequeno círculo chamado epiciclo, cujo centro se move em um círculo maior chamado deferente. Equante é um ponto ao lado do centro do deferente oposto à posição da Terra, em relação ao qual o centro do epiciclo se move a uma taxa uniforme. O objetivo de Ptolomeu era produzir um modelo que permitisse prever a posição dos planetas de forma correta, e nesse ponto ele foi razoavelmente bem sucedido. Por essa razão esse modelo continuou sendo usado sem mudança substancial por 1.300 anos. Uma simulação do movimento retrógrado é referida na figura 01.05.04. Área 1, Aula 5, p.3 Müller, Saraiva & Kepler Sistema Ptolomaico Modelo cosmológico geocêntrico aperfeiçoado por Ptolomeu. Tinha como objetivo prever a posição dos planetas. Figura 01.05.04: Simulação do movimento retrógrado no sistema geocêntrico. http://csep10.phys.utk.edu/astr161/lect/retrograde/aristotle.html. O Modelo heliocêntrico Figura 01.05.05: Nicolau Copérnico (1473-1543) foi um astrônomo polonês com grande inclinação para a matemática. Estudando na Itália, ele leu sobre a hipótese heliocêntrica proposta (e não aceita) por Aristarco (aproximadamente 300 a.C.), e achou que o Sol no centro do Universo era muito mais razoável do que a Terra. Copérnico registrou suas ideias num livro - De Revolutionibus - publicado no ano de sua morte. Os conceitos mais importantes colocados por Copérnico foram: • introduziu o conceito de que a Terra é apenas um dos seis planetas (então conhecidos) girando em torno do Sol; • colocou os planetas em ordem de distância ao Sol: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno (Urano, Netuno e o planeta anão Plutão); • determinou as distâncias dos planetas ao Sol, em termos da distância Terra-Sol; • deduziu que quanto mais perto do Sol está o planeta, maior é sua velocidade orbital. Dessa forma, o movimento retrógrado dos planetas foi facilmente explicado sem necessidade de epiciclos. Figura 01.05.06: Simulação do movimento retrógrado no sistema heliocêntrico. http://csep10.phys.utk.edu/astr161/lect/retrograde/aristotle.html