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Ronaldo P. de Carvalho Junior Sonia V. G. da Gama Carla M. Salgado 8ª edição revisada e ampliada Módulo 2 2015 Geografia Fundação Cecierj pré-vestibular soCial Governo do Estado do Rio de Janeiro Governador Luiz Fernando de Souza Pezão Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia Gustavo Tutuca Fundação Cecierj Presidente Carlos Eduardo Bielschowsky Vice-Presidente de Educação Superior a Distância Masako Oya Masuda Vice-Presidente Científica Mônica Damouche Pré-Vestibular Social Rua da Ajuda 5 - 15º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - 20040-000 Site: www.pvs.cederj.edu.br Diretora Celina M. S. Costa Coordenadoras de Geografia Ronaldo P. de Carvalho Junior Sonia V. G. da Gama Material Didático Elaboração de Conteúdo Ronaldo P. de Carvalho Junior Sonia V. G. da Gama Carla M. Salgado Revisãode Conteúdo Ronaldo P. de Carvalho Junior Sonia V. G. da Gama Capa, Projeto Gráfico, Manipulação de Imagens e Editoração Eletrônica Cristina Portella Filipe Dutra Mario Lima Foto de Capa Fabian Kron Copyright © 2015, Fundação Cecierj Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Fundação. C331p Carvalho Junior, Ronaldo P. de Pré-vestibular social: geografia. v. 2. / Ronaldo P. de Carvalho Junior, Sonia V. G. da Gama, Carla M. Salgado. – 8. ed. rev. – Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2015. 128 p.; 20,0 x 27,5 cm ISBN: 978-85-458-0043-9 1. Geografia. 2. População. 3. Clima. 4. Cartografia. I. Gama, Sonia V. G. da. II. Salgado, Carla M. 1. Título. CDD: 900 7 19 33 49 61 75 91 99 155 128 Sumário Capítulo 1 A dinâmica mundial da população Capítulo 2 A população brasileira Capítulo 3 Regiões brasileiras Capítulo 4 Tipos climáticos do Brasil Capítulo 5 Biomas e domínios do relevo do Brasil Capítulo 6 As questões ambientais Capítulo 7 Fundamentos de cartografia Capítulo 8 Estado do Rio de Janeiro Capítulo 9 Exercícios de fixação Referências bibliográficas Apresentação Caro Aluno, Este conjunto de apostilas foi elaborado de acordo com as necessidades e a lógica do projeto do Pré- Vestibular Social. Os conteúdos aqui apresentados foram desenvolvidos para embasar as aulas semanais presenciais que ocorrem nos polos. O material impresso por si só não causará o efeito desejado, portanto é imprescindível que você compareça regularmente às aulas e sessões de orientação acadêmica para obter o melhor resultado possível. Procure, também, a ajuda do atendimento 0800 colocado à sua disposição. A leitura antecipada dos capítulos permitirá que você participe mais ativamente das aulas expondo suas dúvidas o que aumentará as chances de entendimento dos conteúdos. Lembre-se que o aprendizado só acontece como via de mão dupla. Aproveite este material da maneira adequada e terá mais chances de alcançar seus objetivos. Bons estudos! Equipe de Direção do PVS :: Objetivo :: • Caracterizar aspectos socioeconômicos da população mundial. 1 A Dinâmica mundial da população na tabela 1.1, a China é o país mais populoso, ou seja, possui a maior população absoluta (1.339 milhões). Mas quando consideramos a distribuição deste número de habitantes pelo território chinês, o valor da densidade demográfica não é tão alto (140,48 hab/km2), porque a China tem uma grande superfície (mais de 9 milhões de km2). Por outro lado, o Japão é o país mais povoado (343,49 hab/km2), pois, apesar de ter um número menor de habitantes que a China (128 milhões), a sua área territorial é bem pequena para tantas pessoas (pouco mais de 372 mil). Tabela 1.1: População absoluta, densidade demográfica e área de alguns países. País População em 2013 (em milhões) Densidade (hab./km²) (2013) Área (km²) Alemanha 80,22 224,87 356.733 Angola 24,30 19,50 1.246.700 Austrália 21,73 2,83 7.682.300 Brasil 200,00 23,52 8.514.205 Canadá 33,47 3,36 9.970.610 China 1339,72 140,48 9.536.499 Estados Unidos 308,75 32,94 9.372.614 Nigéria 140,43 152,02 923.768 Federação Russa 143,44 8,40 17.075.400 Japão 128,06 343,49 372.819 Fonte: http://unstats.un.org/unsd/demographic/products/dyb/dybsets/2013.pdf, acesso em 25/11/2014 Atividade 1 Considerando a tabela 1.1: a) Faça uma lista, em ordem crescente, dos países populosos e dos países povoados. b) O Brasil pode ser considerado um país populoso ou povoado? A análise das características socioeconômicas da população mundial leva ao uso frequente dos termos superpopulação e superpovoamento. Uma área é considerada superpovoada quando sua população é muito grande em relação à disponibilidade de recursos para sua subsistência. A Nigéria, por exemplo, é considerada superpovoada, pois os recursos socioeconômicos do país não conseguem atender às necessidades básicas da população. Deste modo, é comum ocorrer a situação de fome, propagação de vários tipos de doenças, falta de atendimento médico e educacional, grande desemprego, entre outros problemas. De forma inversa, países com maior desenvolvimento econômico e tecnológico possuem maior capacidade de fornecer boa qualidade de vida para os seus habitantes. Neste caso, um bom exemplo são os Estados Unidos, cuja população é mais que o dobro da Nigéria, entretanto, os norte-americanos possuem bons serviços médicos, educacionais, opções de emprego etc. Nos últimos anos, a China vem superando a situação de superpovoamento. No passado, a maior parte da população passava fome, havia elevado índice de População mundial Com o acelerado crescimento da população mundial, sobretudo nos países subdesenvolvidos, no ano de 2013, a população mundial atingiu cerca de 7,1 bilhões de habitantes. Nesta perspectiva, ela poderá alcançar, no ano de 2050, em torno de 10 bilhões de habitantes em todo o planeta. Os países que terão a maior contribuição no crescimento da população mundial, neste século XXI, devem ser Índia, Paquistão, Nigéria, República Democrática do Congo, Bangladesh, Uganda, Etiópia e China. Contudo, este crescimento populacional não é igual em todas as regiões do mundo. Vários países da África subsaariana (localizados ao sul do deserto do Saara), como Chade, Congo, Libéria, Uganda e Burundi, juntos com o Afeganistão (situado na região sudoeste da Ásia) devem triplicar a sua população no decorrer das primeiras décadas deste século XXI. Mas, você sabe o significado do termo população? Qual a importância de se conhecer o número de pessoas no mundo ou em algum país em particular? Por que devemos estudar as características da população? Podemos responder, de forma geral, que conhecer as características da população mundial ou de uma região específica nos ajuda a entender em que condições estas pessoas vivem. A partir daí podemos planejar ações para resolver problemas, ou, pelo menos, minimizá-los. O termo “população” significa um conjunto de pessoas que vivem em um território (uma área delimitada politicamente). Podemos nos referir à população de uma cidade, região, estado, país, ou ainda, à população do planeta. Neste capítulo vamos estudar vários aspectos da população mundial, especialmente por meio dos indicadores sociais (as taxas de natalidade e de mortalidade, a expectativa de vida, os índices de analfabetismo, a participação na renda, dentre outros), para entendermos melhor as diferenças nas condições de vida das pessoas. Não podemos esquecer que a população mundial caracteriza-se ainda pela disparidade social. Vivemos num mundo onde apenas um terço da população desfruta de benefícios, enquanto uma outra parte vivencia as desigualdades, a fome, a miséria e o desemprego. Seguem alguns significados importantes para a compreensão da dinâmica populacional: População absoluta e População relativa O total de habitantes de um lugar constitui sua população absoluta. Podemos dizer que a população absoluta da Terra é superior a 7 bilhões de habitantes. Considerando a presença humana num determinado espaço, utilizamos,além disso, o conceito de população relativa, que indica a distribuição da população em relação à superfície (área total) do lugar. Portanto, a população relativa, também chamada de densidade demográfica, corresponde ao número de habitantes por unidade de área, ou seja, é uma relação matemática, onde geralmente a unidade (de medida) utilizada é o quilômetro quadrado (hab/km2). Populoso e povoado Populoso é o conceito que se refere à população absoluta, e povoado diz respeito à população relativa de um determinado lugar. Dos países relacionados 8 :: GeoGrafia :: módulo 2 Crescimento Demográfico Crescimento Natural ou Vegetativo Migração Diferença entre as taxas de entrada (imigração) e de saída (emigração) de pessoas de uma região Diferença entre as taxas de nascimentos (taxa de natalidade) e de óbitos (taxa de mortalidade) Figura 1.1: Esquema ilustrativo de crescimento demográfico. mortalidade infantil, entre outros problemas. As reformas realizadas pelo governo nas últimas décadas mudaram esse quadro, garantindo um melhor padrão de vida para as pessoas. Países como Nigéria, Haiti e Bangladesh apresentam um elevado crescimento natural, isto é, a população aumenta devido ao maior número de nascimentos do que de óbitos (morte). No entanto, em outros países verifica-se um crescimento vegetativo nulo ou negativo. Na Alemanha, Japão e Rússia, por exemplo, o número de óbitos supera ou fica igual ao número de nascimentos, diminuindo ou mantendo a quantidade de habitantes no país. Neste caso, a quantidade total da população só vai ser alterada se ocorrer a entrada de imigrantes (pessoas vindas de outras partes do mundo). Os Estados Unidos, por exemplo, possuem uma elevada taxa de imigração, pois milhares de pessoas de outros países entram (de forma legal ou ilegal) no seu território a cada ano. De forma inversa, Ruanda e Nigéria perdem vários habitantes por ano, que saem para outro país em busca de melhores condições de vida. Podemos concluir que para ocorrer crescimento demográfico num país um dos dois índices (taxa de migração e crescimento vegetativo) tem que ser elevado, para aumentar o número de habitantes. As fases do crescimento demográfico No decorrer da história, a população mundial tem crescido em função de a taxa de natalidade ser superior à de mortalidade. Avaliando a marcha de crescimento populacional, podemos distinguir duas fases: 1. Crescimento lento: até o séc. XVII, em função da inexistência de condições sanitárias adequadas, guerras, epidemias etc., a taxa de mortalidade era elevada; 2. Crescimento rápido: compreende principalmente os séculos XVIII, XIX e a segunda metade do séc. XX, quando os avanços científicos e das melhorias das condições higiênico-sanitárias provocaram uma queda nas taxas de mortalidade. Nessa fase, o mundo deparou-se com um acelerado crescimento populacional (tabela 1.2). Crescimento demográfico O termo crescimento demográfico corresponde ao aumento da população de um país. Este crescimento está relacionado a dois índices (figura 1.1): • crescimento natural ou vegetativo – diferença entre nascimentos (taxa de natalidade) e óbitos (taxa de mortalidade); • taxa de migração – diferença entre a entrada (imigração) e a saída (emigração) de pessoas de uma região. Tabela 1.2: Crescimento da população mundial por diferentes períodos. Ano/Era Número de Habitantes Era Cristã 250 milhões 1650 500 milhões 1850 1 bilhão 1950 2 bilhões 1995 5,6 bilhões 2004 + 6 bilhões 2010 + 7 bilhões No entanto, este crescimento vegetativo (ou populacional) vem ocorrendo de forma diferenciada nas várias regiões do mundo, como foi colocado anteriormente. Cada área ou país passa por um processo de transição demográfica, que contém basicamente 3 fases (figura 1.2): • Primeira fase ou pré-industrial: caracterizada pelo equilíbrio demográfico e por baixos índices de crescimento vegetativo, já que há elevadas taxas de natali- dade e de mortalidade. A elevada taxa de mortalidade relaciona-se principalmente às precárias condições higiênico-sanitárias, às epidemias, às guerras, fome etc. • Segunda fase ou transicional: redução da mortalidade com o fim de epide- mias e com os avanços médicos (decorrentes da Revolução Industrial). Contudo a natalidade ainda se mantém elevada, ocasionando um grande crescimento popu- lacional; numa segunda etapa, a natalidade começa a cair, reduzindo-se, então, o crescimento populacional. • Terceira fase ou Evoluída, momento em que a transição demográfica fina- liza-se, com a retomada do equilíbrio demográfico, este apoiado em baixas taxas Capítulo 1 :: 9 Teoria Neomalthusiana A segunda aceleração do crescimento populacional ocorreu a partir de 1950, particularmente nos países subdesenvolvidos. Nesta época houve grandes conquistas na área da saúde, como a produção de antibióticos e de vacinas contra uma série de doenças. Tais conquistas espalharam-se pelos países subdesenvolvidos graças à atuação de entidades internacionais de ajuda e cooperação, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Cruz Vermelha Internacional. Deste modo, ocorreu uma acentuada redução nas taxas de mortalidade, principalmente a infantil, que até então eram muito elevadas nos países subdesenvolvidos. A diminuição da mortalidade e a permanência das altas taxas de natalidade resultaram num grande crescimento populacional, que atingiu seu apogeu na década de 1960 e fi cou conhecido como explosão demográfi ca. Com a nova aceleração populacional, voltaram a surgir estudos baseados nas ideias de Malthus, dando origem a um conjunto de teorias e propostas denominadas neomalthusianas. Os teóricos relacionavam o subdesenvolvimento e a pobreza ao crescimento populacional, o qual provocaria a elevação dos gastos governamentais com os serviços de educação e saúde. Com isso, os investimentos produtivos nos setores agrícola e industrial diminuiriam e o país, sem produção econômica, se tornaria cada vez mais pobre. Segundo esta teoria, para acabar com a pobreza da população e o subdesenvolvimento do país, os seus governos deviriam estimular o controle da natalidade – diminuindo a população, acabaria a pobreza do país e da sua população. Na verdade, esta ideia servia para mascarar os reais fatores do subdesenvolvimento. É sempre bom lembrar que planejamento familiar é muito diferente de controle da natalidade e que a mulher deve ser o sujeito e não apenas um objeto desse planejamento. Essas políticas são adotadas até hoje e conduzidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que condicionam a aprovação de empréstimos para os países subdesenvolvidos à adoção de programas de controle de natalidade, que são fi nanciados pelo Banco Mundial (Bird). O planejamento familiar é feito por entidades privadas e públicas, que se associam à indústria farmacêutica e à classe médica e recebem apoio dos meios de comunicação. O controle populacional é realizado de várias maneiras, indo da distribuição gratuita de anticoncepcionais até a esterilização em massa de populações pobres como Índia, Colômbia e Brasil. Teoria Reformista (ou marxista) Seguidores do fi lósofo socialista Karl Marx, os teóricos desse pensamento afi rmam que a causa da superpopulação é o modo de produção capitalista, e que a sobrevivência do capitalismo, como sistema, exige um crescimento excessivo da população. Em outras palavras, ao contrário dos neomalthusianos, os reformistas consideram a miséria como a principal causa do acelerado crescimento populacional. Assim, defendem a necessidade de reformas socioeconômicas que permitam a melhoria do padrão de vida da população mais pobre. Essa teoria foi elaborada em resposta aos neomalthusianos e ela inverte a conclusão das duas teorias demográfi cas anteriores. de natalidade e de mortalidade. Atualmente, estão nessa fase os países desenvol- vidos, a maior parte dos quais apresenta taxas de crescimento inferiores a 1% e até negativas,ou seja, países cujo crescimento vegetativo encontra-se estagnado. Figura 1.2: Diferenças nas taxas de natalidade e mortalidade no decorrer do tempo caracterizando as fases de transição demográfi ca. Os países que já chegaram na 3a fase correspondem basicamente aos desen- volvidos. A maior parte da população mora em cidades, onde há acesso fácil a métodos anticoncepcionais, a mulher entra para o mercado de trabalho e o custo de criação dos fi lhos é alto pela necessidade de manter uma boa educação. Para preservar um bom padrão de vida, os casais escolhem ter um ou dois fi lhos. Com isso, a taxa de natalidade se reduziu intensamente nas últimas décadas. Alguns países subdesenvolvidos, que já alcançaram um signifi cativo nível de industrialização e urbanização, caso do Brasil, Argentina, África do Sul etc., tam- bém estão entrando na 3a fase de transição demográfi ca. As teorias demográficas Ao longo do tempo, o aumento da população mundial estimulou a formulação de teorias populacionais para tentar explicar como ocorria o crescimento populacional. Dentre as teorias, podemos citar a Teoria de Malthus, a Neomalthusiana e a Reformista, que serão vistas a seguir. Teoria Malthusiana Esta teoria foi criada por Thomas Malthus em 1798 (fi nal do século XVIII), quando ocorria um forte crescimento populacional na Europa (esta região estava na 2a fase da transição demográfi ca). Para o autor, em poucos anos, a produção de alimentos não seria sufi ciente para alimentar tantas pessoas. Assim, a população tenderia a crescer além dos limites de sua sobrevivência, e disso resultariam a fome e a miséria. Ao lançar suas ideias, Malthus desconsiderou as possibilidades de aumento da produção agrícola com o avanço tecnológico. Ele não previu, também, os efeitos decorrentes da urbanização na evolução demográfi ca. Aos poucos, essa teoria foi caindo em descrédito e desmentida pela própria realidade. 10 :: GeoGrafia :: módulo 2 Sobre este assunto, vejamos o que diz a citação a seguir: Portanto, é necessário estabelecer estas relações (população/ desenvolvimento/ recursos) com muito cuidado e sempre com uma ampla discussão desses conceitos, sob pena de reforçar o discurso neomalthusiano, já incorporado ao senso comum pela mídia, e privar os alunos dos diversos níveis de uma reflexão crítica e fundamental para definições de escolhas pessoais e coletivas.(João Rua) Estrutura da população Outros conceitos importantes no estudo da população são: • Estrutura etária – quantidade de jovens (crianças e adoslecentes), adultos e idosos. É analisada por meio de “pirâmides etárias”, que são gráficos que caracterizam a população por faixa de idade e por sexo. • Distribuição da população economicamente ativa (PEA) pelos setores econômicos – primário (atividades agropecuárias, extrativismos), secundário (atividades industriais) e terciário (atividades de comércio e serviços). • Distribuição de renda – o que cada segmento da população recebe de salário. A análise destes dados ajuda a entender e a prever problemas numa região ou país. Por exemplo, um país com grande número de jovens precisaria investir em educação, com o objetivo de preparar esta parte da população para o mercado de trabalho formal. No caso de um país com grande número de adultos, o governo deveria criar opções de trabalho por meio de estímulos às atividades econômicas. Atualmente, vários países desenvolvidos vêm passando por um problema sério de envelhecimento da população. O aumento no número de idosos (que não trabalham mais) significa um grande gasto com a previdência social (aposentadorias) e com atendimento médico. Como o número de adultos que contribuem com a previdência social está diminuindo, os governos destes países têm que arcar com estes custos e/ou reformular o sistema de aposentadorias. Figura 1.3: Pirâmide etária de Angola, considerando dados populacionais do ano de 2010. Figura 1.4: Pirâmide etária da Austrália, considerando dados populacionais do ano de 2010. Figura 1.5: Pirâmide etária do Japão, considerando dados populacionais do ano de 2010. Atividade 2 Observe as pirâmides etárias de Angola, Austrália e Japão (Figuras 1.3, 1.4 e 1.5). Com base na diferença de quantidade de pessoas por faixa etária, responda: a. Que país deve ser considerado como jovem? Justifique. Capítulo 1 :: 11 Coreia do Sul 5,7 41,1 53,2 Estados Unidos 2,3 22,0 75,6 Alemanha 1,4 31,7 67,0 Tabela 1.3: Distribuição da População Economicamente Ativa (PEA) por setores da economia. Fonte: L´état du munde, 1999. As atividades de serviço e comércio, além de englobarem o setor formal da economia, contêm o setor informal, ou seja, o subemprego. Em praticamente todos os países do mundo, mas principalmente nos subdesenvolvidos, as atividades informais vêm crescendo devido a problemas econômicos (cria desemprego conjuntural), falta de investimentos no setor produtivo e avanço tecnológico (onde o homem é substituído pela máquina – desemprego estrutural). Em vários países subdesenvolvidos, este problema do trabalho sem carteira assinada e garantias trabalhistas vem atingindo também o setor industrial, especialmente de confecção de roupas, sapatos e outras mercadorias de pouco valor agregado. A “indústria” da pirataria (de CDs, vídeos, DVDs etc.) movimenta hoje milhões de dólares pelo mundo. Por outro lado, o setor informal ajuda a movimentar o setor formal da economia. Os camelôs, flanelinhas, pedreiros, traficantes, catadores de lixo, biscateiros etc., usam seu dinheiro na compra de mercadorias e pagamento de serviços formais (banco, dentista, transporte em trem e/ou ônibus etc.). Embora alguns tipos de trabalho estejam sumindo, outros estão aparecendo ou se tornando mais valorizados. É comum nas grandes cidades do mundo aparecerem trabalhos como “personal trainer” (profissional de educação física que dá aulas particulares), gastronomia e culinária, gestão de festas e eventos, paisagismo, estilista de moda, técnicos em informática, entre outras atividades. Antes, oficinas de carros realizavam consertos, mas hoje pode-se encontrar oficinas que instalam ar condicionado ou “kits” de gás, além de outras que transformam quase todo o carro com blindagens, para aumentar a segurança do veículo diante da violência das grandes cidades. Mas a atual geração de novos ofícios necessita de uma formação educacional e técnica muito elevada do trabalhador. Por isso, os países que investem maciçamente na educação têm perspectivas melhores de superar o problema de desemprego da sua população. :: Dinheiro no lixo!!! :: No Brasil, uma forma de a população de baixa renda ganhar dinheiro atualmente é a coleta e reciclagem de lixo. Este é um novo tipo de emprego informal, mas que se relaciona com a economia formal, podendo gerar, inclusive, menor gasto com energia e menor impacto ambiental. Como? A indústria de transformação de alumínio (um tipo de metalurgia) consome muita energia. O alumínio das latas usadas pode ser repro- cessado e utilizado na fabricação de novas latas. Assim, a indústria metalúrgica não precisa manter uma produção alta (consumindo muita energia) e a quantidade de lixo nas cidades diminui. Outro exemplo é a reciclagem de papel, diminuindo-se a necessidade de corte de árvores. b. Que país deve investir na criação de novos empregos? Justifique. c. Que país apresenta a maior expectativa de vida (pessoas que conseguem viver além dos 80 anos)? Justifique. A população economicamente ativa de um país (PEA) corresponde aos trabalha- dores formais. De maneira geral, a PEA engloba pessoas que trabalham com carteira de trabalho assinada, profissionais liberais (prestam serviços – médico, dentista, contador etc.), mas que contribuem para a arrecadação de impostos, além de pes- soas desempregadas, desde que estejam procurando emprego na economia formal. A PEA se distribui por setores econômicos: • Setor primário – agricultura, pecuária, pesca, extrativismo; • Setor secundário – indústria,onde ocorre a transformação dos produtos primários; • Setor terciário – comércio e prestação de serviços (hospitais, bancos, escolas, transporte, turismo etc.) A distribuição da PEA por setores econômicos de um país pode indicar o seu grau de desenvolvimento. Assim, quando a maior parte dos trabalhadores está no setor primário, significa que o país é subdesenvolvido e que não utiliza técnicas modernas de produção. A tabela 1.3 traz alguns exemplos dessa situação, como Angola e Bolívia. De modo inverso, a Alemanha e os Estados Unidos possuem muito poucas pessoas trabalhando neste setor. Isto acontece porque estes países empregam insumos agrícolas e sistemas de produção que não exigem mão de obra humana, ou seja, usam alta tecnologia para obter elevada produtividade neste setor. A análise nos outros dois setores deve ser mais cuidadosa, pois não evidencia o tipo de indústria ou a qualidade do serviço. O valor da população economicamente ativa (PEA) do setor secundário (industrial) da Bolívia (17,5%) é bem próximo ao do Brasil (22,4%) e ao dos Estados Unidos (22%). No entanto, sabemos que o setor industrial deste último é muito mais avançado e diversificado, produzindo mercadorias de alta tecnologia e de ótima qualidade (indústrias eletrônicas, aeroespacial, entre outras). O setor terciário dos países em desenvolvimento (também denominados eco- nomias emergentes ou países semiperiféricos) e dos países desenvolvidos (países centrais) concentra a maior parte da PEA. Mas, novamente, deve ser analisado com cuidado, pois não expressa a qualidade dos serviços. Por exemplo, o setor de educação da Alemanha e dos Estados Unidos apresenta uma qualificação muito maior do que no Brasil. País População Economicamente Ativa (PEA) por Setores Econômicos (dados de 1997) Primário (%) Secundário (%) Terciário (%) Angola 73,3 8,3 18,4 Bolívia 43,1 17,5 39,4 Brasil 15,6 22,4 62,0 Austrália 4,9 22,5 72,7 12 :: GeoGrafia :: módulo 2 Atividade 3 Considerando a tabela 1.3, verifique se as afirmativas a seguir são falsas ou verdadeiras: ( ) O baixo percentual de PEA no setor secundário de Angola mostra que este país é muito pouco industrializado. ( ) O baixo valor da PEA no setor primário dos Estados Unidos indica que este país quase não produz mercadorias agropecuárias, como alimentos e carne. ( ) Na Austrália a maior parte das pessoas trabalha em atividades como turismo, bancos, comércio, administração pública etc. ( ) Boa parte da PEA da Coreia do Sul está trabalhando no setor secundário, caracterizado por indústrias bem diversificadas, desde indústrias de base até de eletrônicos. ( ) Na Bolívia o setor primário emprega a maior parte da PEA, indicando que a agropecuária e o extrativismo vegetal é altamente produtivo. Observando a tabela 1.4, verifica-se que em alguns países a população tem uma renda per capita bem melhor do que em outros. Mas este é um dado que representa a realidade da população de um país? Todos os brasileiros recebem o equivalente a 12.594 dólares por ano? Este índice é calculado dividindo-se o valor de todas as riquezas do país pela quantidade de habitantes. Ele só representa uma média que permite comparar, de forma geral, um país com outro. País PIB per capita (em US$) (2011) Paraguai 3.485 Brasil 12.594 Estados Unidos 47.882 Alemanha 43.865 Áustria 49.683 Tabela 1.4: Renda per capita calculada em dólares considerando o ano de 1999. Fonte: ONU/ Banco Mundial A distribuição de renda em qualquer país não é igual para todas as classes sociais. Há trabalhos que são melhor remunerados do que outros, relacionando-se ao tipo de qualificação e nível educacional da pessoa, entre outras coisas. No entanto, nos países subdesenvolvidos existe claramente a concentração de renda nas mãos de poucas pessoas. Observe na figura 1.6, que no Paraguai e no Brasil a classe A (20% mais ricos da população) concentra mais de 60% de toda a renda do país, enquanto as demais classes possuem menos de 40% desta renda. Nos Estados Unidos, na Alemanha e na Áustria existe um maior equilíbrio na distribuição da renda entre as classes. Considerando o exemplo da Alemanha, os 20% mais ricos da população controlam em torno de 38% da renda nacional e as demais classes dividem mais de 60% da renda do país. 0 10 20 30 40 50 Paraguai Brasil EUA Alemanha Áustria % 20% mais pobres 10% mais ricos 0 20 40 60 80 100 Paraguai Brasil EUA Alemanha Áustria % Classe B Classe D Classe EClasse CClasse A Figura 1.6: Distribuição da renda nacional por diferentes classes sociais. Classe A – 20% mais ricos; Classe E – 20% mais pobres; Classes B, C e D – classes intermediárias. Fonte: ONU/Banco Mundial, 2002. A figura 1.7 demonstra melhor a desigualdade social dos países. A diferença de renda entre os 10% mais ricos e os 20% mais pobres é muito grande tanto no Paraguai quanto no Brasil. Por outro lado, na Áustria a renda dos 10% mais ricos é somente um pouco maior do que a dos 20% mais pobres do país. 0 10 20 30 40 50 Paraguai Brasil EUA Alemanha Áustria % 20% mais pobres 10% mais ricos 0 20 40 60 80 100 Paraguai Brasil EUA Alemanha Áustria % Classe B Classe D Classe EClasse CClasse A Figura 1.7: Distribuição da renda nacional considerando os 20% mais pobres e os 10% mais ricos da população. Fonte: ONU/Banco Mundial, 2002. A distribuição de renda desigual num país está associada a vários fatores: • Boa parte da população tem baixo nível educacional, não conseguindo empregos de melhor renda. • Grande carga tributária, especialmente impostos indiretos (cobrado sobre as mercadorias), que acaba aumentando o custo de vida no país. Neste caso, uma família pobre paga o mesmo imposto que uma família rica quando compra um pacote de biscoito. • Grande desemprego estrutural e conjuntural. • Baixo investimento nos setores produtivos, que não cria novas oportunidades de empregos. A desigualdade social cria o problema da exclusão social. São pessoas que não conseguem ter acesso a meios de se qualificarem melhor, para a partir daí conseguirem ter melhor renda, educação, saúde e qualidade de vida (saneamento básico, casa própria, água potável etc.). Os movimentos populacionais Os movimentos populacionais são muito antigos na história da humanidade. Mas os autores são unânimes em afirmar que nunca foram tão intensos quanto nas últimas décadas do século passado (XX) e os a primeiros anos deste século (XXI). O deslocamento de pessoas entre diferentes regiões do mundo está relacionado a questões religiosas, naturais, guerras, problemas econômicos, entre outros fatores. Atualmente, os principais motivos que provocam a migração de pessoas são de ordem econômica (pobreza, desemprego, concentração de renda, crises financeiras). Neste caso, os países subdesenvolvidos, especialmente os africanos, são áreas de re- pulsão, enquanto os países desenvolvidos (Estados Unidos e países da Europa ociden- tal – Inglaterra, Alemanha, Itália, França etc.) são áreas de atração de imigrantes. Capítulo 1 :: 13 Há também países, que, mesmo sendo subdesenvolvidos, mas que regionalmente apresentam melhores condições econômicas, podem atrair imigrantes. Por exemplo, o Brasil atrai pessoas de outros países sul--americanos; os pequenos estados-nação produtores de petróleo da região do Golfo Pérsico recebem paquistaneses, indianos, iraquianos e filipinos. Os dados da ONU apontam que cerca de 190 milhões de pessoas vivem atualmente fora de seus países de origem. Elas vão em busca de trabalho e melhor remuneração, muitas vezes enviando parte da sua renda para os familiares que vivem na terra natal. Essas remessas são bastante significativas, principalmente considerando a economia de certos países pobres. Alguns países, como Inglaterra, França e Alemanha, necessitam de imigrantes, pois a população destes países está envelhecendo rapidamente. A taxa de fecundidade não passa de 1,5 filhos por mulher, ou seja, as mulheres destespaíses praticamente só têm um filho. Segundo a ONU, se não fosse o grande número de migrantes, a Europa ocidental poderia apresentar redução de população absoluta. A baixa taxa de fecundidade, acompanhada pelo envelhecimento da população, diminui a disponibilidade de mão de obra para vários tipos de serviços. A migração compensa esta queda natural da mão de obra, principalmente em se tratando de atividades de baixa remuneração que a população nativa dos países desenvolvidos não querem exercer. Atividade 4 Analise a afirmativa: A Europa ocidental já foi, no passado, uma área importante de repulsão de migrantes, mas, de meados do século XX para cá, se tornou uma área de forte atração populacional. O fenômeno da xenofobia Os dicionários explicam o termo “xenofobia” como aversão a outras raças e culturas e, muitas vezes, pode ser compreendido como característica de um nacionalismo excessivo. Apresenta-se como um medo injustificado perante a estranhos ou estrangeiros. Esse medo chega a ser intensivo, descontrolado e desmedido em relação a pessoas ou grupos diferentes, com as quais nós habitualmente não entramos em contato. É bom esclarecer que, muitas pessoas confundem com “racismo” – este não passa de uma crença que diz que algumas raças são superiores sobre outras. Atividade 5 Leia o texto com atenção e prepare pelo menos duas perguntas ao seu professor: Na Europa, muitas pessoas estão chocadas com o avanço do neofascismo. A maioria não queria acreditar que partidos de extrema direita pudessem ter sucesso nos “democráticos” países industrializados europeus. Na Alemanha, onde especialmente o antissemitismo marcou a história, impera o silêncio diante do avanço da extrema-direita nos países vizinhos... É notável, também, que o fenômeno do neonazismo tem aumentado nas escolas. Ocorrem em paralelo a muitas demonstrações nazistas que já há bastante tempo vêm acontecendo, com ódio a imigrantes e resistência contra o governo alemão, manifestações contrárias de combate a um possível crescimento da xenofobia. Mas, também, entre o leste e o oeste da Alemanha, o “muro na cabeça” dos alemães ainda não caiu. Os salários mais baixos e o maior desemprego no leste demonstram que, após 12 anos, a unificação alemã ainda não foi alcançada. A divisa continua sendo publicamente reforçada através das constantes comparações e da rotulagem do leste como “os novos Estados” o que, de fato, confirma a existência de uma Alemanha no leste e outra no oeste... A crise da economia e do Estado de bem-estar social, associada às rápidas transformações tecnológicas, ocasionou um crescente desemprego e colocou a competitividade a qualquer custo como única alternativa de sobrevivência. Esta conjuntura gera insegurança, ressentimento e violência. Com o gradativo desmonte do Estado de bem- estar social por parte dos governos social-democratas, os quais até agora se apresentaram como alternativa contra os partidos de direita, a população ficou desorientada, especialmente os desempregados, trabalhadores e jovens... É, por exemplo, mais fácil responsabilizar os estrangeiros pelo desemprego, pela criminalidade e pela insegurança, do que entender as complexas razões dos problemas. As soluções apresentadas são, então, também bem simples e conduzem à xenofobia, quando os estrangeiros são tratados como concorrência indesejada. Mas, a xenofobia expõe os países europeus a uma séria contradição econômica. Por causa do baixo índice de natalidade e da crescente expectativa de vida da população, existe a tendência de que a Europa venha a ser a sociedade mais idosa do mundo. (Antonio Inacio Andrioli - Revista Espaço Acadêmico Ano II, no 13, Junho 2002) 14 :: GeoGrafia :: módulo 2 Exercícios 1) A tabela a seguir mostra outros dados importantes sobre população. Analise os dados e responda às questões. País Crescimento demográfico (% ao ano)1 Expectativa de vida para homens (em anos)1 Expectativa de vida para mulheres (em anos)1 Fecundidade (filhos por mulher)1 População urbana (%) (2000) Nigéria 2,61 52,0 52,2 5,42 44 Bolívia 2,15 61,9 65,3 3,92 63 Haiti 1,55 50,2 56,5 3,98 36 Índia 1,52 63,6 64,9 2,97 28 Brasil 1,60 64,3 72,3 2,15 81 China 0,71 69,1 73,5 1,80 32 Estados Unidos 0,89 74,6 80,4 1,93 77 Reino Unido 0,18 75,7 80,7 1,61 90 Japão 0,14 77,8 85,0 1,33 79 Alemanha -0,04 75,0 81,1 1,29 88 1 Estimativa para o período entre 2000 e 2005. Fonte: Banco Mundial (2000). a) Comente a diferença da taxa de crescimento demográfico dos diferentes países. b) Relacione a expectativa de vida dos diferentes países às suas características socioeconômicas. c) Justifique a taxa de fecundidade dos diferentes países com base na taxa de população urbana. 2) (UFRRJ/2005) Os dados abaixo demonstram as consequências da política demográfica adotada pela China nos últimos 30 anos. Mais homens que mulheres • 642,7 milhões de homens • 616,2 milhões de mulheres Apresente os princípios básicos dessa política relacionando-a a situação retratada. 3) (UFRRJ/2005, modificada) A vida econômica nas aglomerações latino-americanas apresenta características peculiares. A modernização (...), que produziu esse processo de metropolização, introduziu atividades econômicas seletivas, com índice elevado de tecnologias que não exigem grande absorção de mão de obra. Ao lado desse setor, desenvolveu-se um conjunto enorme de atividades de menor porte econômico, que não dependem de avanços tecnológicos e oferecem um grande número de empregos ou ocupações. O geógrafo Milton Santos chamou esse fenômeno de circuito inferior da economia urbana (camelôs, biscateiros, pequenos prestadores de serviços). Adap. de OLIVA, J.;GIANSANTI, R. Temas da geografia Mundial. São Paulo: Atual,1996, p. 133. Sobre o fenômeno de “circuito inferior da economia urbana” é ERRADO afirmar que: (A) é constituído por trabalhadores sem trabalho regular. (B) Não há vínculo empregatício. (C) as mulheres que trabalham neste setor têm direito à licença maternidade. (D) não dá garantias trabalhistas estabelecidas em lei. 4) (UERJ/1998) No conjunto das regiões metropolitanas brasileiras, a do Rio de Janeiro vem se destacando nas últimas décadas por apresentar um dos mais baixos índices de incremento demográfico. A forte desaceleração de seu crescimento populacional se deve fundamentalmente à: (A) elevação da taxa de mortalidade, ligada ao aumento da violência na área metropolitana (B) redução da taxa de natalidade, promovida pela política municipal de planejamento familiar (C) elevação do fluxo migratório para a periferia metropolitana, preferida pela qualidade ambiental (D) redução da capacidade de atração de fluxos migratórios, relacionada à baixa oferta de empregos 5) (UFF/1997) PARIS – Advogados de organizações humanitárias invadiram a Justiça francesa com uma série de apelos para evitar a expulsão dos 210 imigrantes africanos que foram desalojados à força na sexta-feira da Igreja de S. Bernardo, em Paris, que ocuparam por 50 dias, 10 deles em greve de fome de protesto contra a política de imigração francesa. Jornal do Brasil, 25/8/96 O texto fala dos “sem documentos”, ilustrando uma forma típica de movimento Capítulo 1 :: 15 migratório internacional do final do século XX. Uma característica correta desse movimento é: (A) Mudança da direção das migrações, concentrando-se entre os “países desenvolvidos”. (B) Acentuação das migrações, dos “países desenvolvidos” para os “países subdesenvolvidos”. (C) Acentuação das migrações, dos “países subdesenvolvidos” para os “países desenvolvidos”. (D) Reorientação da direção das migrações, que passam a ser predominantes no interior dos “países subdesenvolvidos”. (E) Indefinição dos fluxos migratórios, que tomaram direções aleatórias. 6) (UFF/2000) África Subsaariana - Principais indicadores sociais País Renda per capita (US$) Expectativa de vida Taxa de analfabetismo África do Sul 3.040 65 anos 18,0% Uganda 190 45 anos 50,0% Angola430 46 anos 57,5% Nigéria 280 56 anos 43,0% Ruanda 80 46 anos 40,0% República do Congo 650 48 anos 33,0% Fonte: Banco Mundial, 1996 Considerando as informações do quadro e a realidade que as sociedades da África Subsaariana têm vivido, pode-se assegurar: (A) O longo período das guerras de libertação colonial explica os péssimos indicadores de Uganda, Ruanda e Nigéria em termos da expectativa de vida e dos índices de analfabetismo da população. (B) Embora a África do Sul apresente os melhores indicadores, ainda persistem, no país, fortes desigualdades sociais em função do “recorte racial” econômico, diferenciando as condições de vida entre a minoria branca e a maioria negra. (C) Na África Subsaariana, a maioria dos países que se orientaram pelo modelo soviético de socialismo — a exemplo da República do Congo —conseguiram aliviar os mais sérios problemas socioeconômicos da região. (D) A descolonização mais recente da Nigéria e as violentas guerras civis em Angola respondem pelos indicadores sociais que, inclusive, são os menos favoráveis de toda a África Subsaariana. (E) A inserção subordinada do continente africano na globalização da economia obrigou os governos de Uganda e do Congo a concentrarem seus investimentos na extração e comercialização do petróleo, deixando de lado o bem-estar da população. Complemente seus conhecimentos Previsões da população mundial para a metade século XXI Nelson Bacic Olic. Revista Pangea, 14/11/2005. Nos dias que correm vêm ocorrendo e se cristalizando importantes mudanças na composição e na dinâmica da população mundial. Apesar de muitas dessas transformações terem se iniciado nas últimas décadas do século XX, pode-se afirmar que ao longo do século atual, a população do planeta será maior, crescerá em ritmo mais lento, será cada vez mais urbana e também mais idosa do que foi nos últimos 100 anos. Assim como ninguém que tenha vivido até 1930 conseguiu presenciar a população mundial dobrar de tamanho, tudo indica que nenhum ser humano nascido após 2050 viverá tempo suficiente para testemunhar esse fenômeno novamente. Nunca é demais recordar que o ritmo máximo de crescimento da população mundial foi atingido por volta da segunda metade da década de 1960 e se o total de seres humanos no planeta só atingiu seu primeiro bilhão no início do século XIX, atualmente esse número é incorporado à população mundial a cada 15 anos. Segundo estimativas, em 2050, o planeta deverá abrigar um número pouco superior a 9 bilhões de habitantes, isto é, mais ou menos 2,5 bilhões de pessoas a mais do que possui atualmente. Esse aumento corresponde ao número de pessoas que o mundo possuía em 1950. Atualmente, a cada ano são incorporados à população do planeta, cerca de 75 milhões de seres humanos, isto é, um pouco menos da metade da população brasileira, ou cerca de quase duas vezes o contingente populacional da Argentina. Todavia, a dinâmica do crescimento demográfico mundial é muito desigual. Estima-se que ao longo dos primeiros 50 anos do século XXI, a população de alguns países asiáticos, como o Afeganistão e um grande número de nações da porção subsaariana da África (como Libéria, Uganda, Burundi, Chade e Congo), assistirão seu contingente populacional triplicar. Deve-se recordar que estes países estão entre os mais pobres do mundo. Mesmo tendo taxas de mortalidade acima da média mundial, os países em questão têm apresentado taxas de natalidade persistentemente altas. Nesses países, em média, uma mulher tem o dobro de filhos do que as mulheres que vivem nas nações mais ricas. Cerca de metade do incremento populacional que ocorrerá até 2050, terá como “responsáveis” nove países: Índia, Paquistão, Nigéria, República Democrática do Congo, Bangladesh, Uganda, Estados Unidos, Etiópia e China. A surpresa fica por conta da presença dos Estados Unidos nesta lista, fato explicado pelo alto número de imigrantes que o país deverá receber ao longo das próximas décadas. Por outro lado, pelo menos 50 países, a maioria de alto nível econômico, como a Alemanha, o Japão e a Itália, provavelmente terão uma diminuição de sua população em termos absolutos. Outros países, embora com um padrão econômico inferior ao dos países citados, como é o caso da Rússia, também deverão ter sua população diminuída. O exemplo russo é emblemático, pois reflete a falência dos sistemas públicos de saúde e o incremento de mortes causadas por câncer, doenças cardíacas, alcoolismo, suicídios e homicídios, decorrentes da brutal queda do padrão de vida após o fim da União Soviética. O século XX foi o único da história em que o número de jovens foi maior que o de idosos. Até a metade do século passado, o contingente de crianças com idade inferior a 5 anos era maior que a de pessoas com mais de 60 anos. Atualmente, cada um desses grupos etários corresponde a 10% da população mundial, mas daqui para frente, os idosos serão cada vez mais numerosos. Contudo, o envelhecimento da população não ocorre de forma semelhante em todos os países. Em 2050, nas regiões mais desenvolvidas 16 :: GeoGrafia :: módulo 2 do mundo, uma em cada três pessoas terá mais de 60 anos, enquanto que nas áreas menos desenvolvidas elas serão cerca de 20% do total. Mantendo as tendências demográficas observadas na atualidade, até 2050 a quase totalidade do crescimento da população mundial acontecerá em áreas urbanas. Estima-se que por volta de 2007, o número de pessoas morando em cidades será superior ao contingente de pessoas do campo. As populações urbanas crescem mais rápido nos países pobres do que nos países mais ricos. Aproximadamente 60% do crescimento urbano nos países pobres será devido ao crescimento vegetativo ao qual será acrescido o êxodo rural, fenômeno que ocorrerá com maior intensidade no sul, sudeste e leste da Ásia e também na África Subsaariana. As projeções que indicam bilhões de pessoas a mais nos países pobres, mais idosos no mundo, juntamente com a expectativa de um crescimento econômico mundial maior que o atual, levanta questões sobre o grau de sustentabilidade da população atual e futura. A princípio, nosso planeta pode fornecer espaço e alimento para pelo menos três bilhões a mais de pessoas das que existem atualmente. O problema é que grande parte dos 6,5 bilhões de seres humanos que vivem atualmente na Terra, não se satisfaz apenas em ter o que comer. Segundo organismos internacionais que estudam o problema, estabelecendo-se uma relação entre alimentos, energia e recursos naturais, na atualidade, os habitantes da Terra já estariam consumindo 42,5% além da capacidade de reposição da biosfera, déficit que tem aumentado cerca de 2,5% ao ano. Se todos os seres humanos passassem a consumir o que consome um europeu ou um norte-americano, seriam necessários três planetas como o nosso! Capítulo 1 :: 17 2 A população brasileira :: Objetivo :: • Apresentar as características da população brasileira quanto à diversidade racial, dinâmica de crescimento demográfico, faixa etária, renda e mobilidade espacial. 0 400K OCEANO ATLÂNTICO Equador Trópico de capricórnio Reservada/Homologada Áreas ocupadas e demarcadas, aprovadas pelo Presidente da República e com publicação no Diário Oficial da União Delimitada Área declarada juridicamente de posse permanente dos indígenas Identificada Área que já possui estudo realizado pela Funai e publicado em decreto federal A identificar/Em identificação Áreas reconhecidas pela existência de indígenas, mas não aprovadas pela Funai Situação jurídica das terras indígenas Kadiwéu Xucuru Tapeba Ava-canoeiro Parque do Araguaia Araribóia Alto turiaçu Menkragnoti Parque do Xingu Baú Uru-eu-wau-wau Mamoadate Vale do Javari Waiãpi Rio paru D’este Nhamundá mapuera Raposa serra do sol Ianomâmi Alto Rio negro Parque do Tumucumaque Rio biá Mundurucu Aripuanã Caiapó Waimiri- Atroari m Figura 2.1: Terras indígenas. Fonte: Ferreira, Graça M. L. Atlas Geográfico. Espaço mundial,p.14. (adaptada) brasileira atual, por outro, a sofrer um extermínio, a enfrentar conflitos diversos (garimpeiros, fazendeiros, industriais, posseiros e grileiros) e a sofrer preconceitos por parte da sociedade brasileira. Antes da colonização do Brasil (século XVI), a população indígena era estimada entre dois a cinco milhões de índios pertencentes a várias nações cujos grupos linguísticos (Tupi, Jê, Aruaque, Caraíba, Pano, dentre outros) estavam presentes em todo o território nacional, com predomínio dos grupos Jê e Tupi- Guarani. Ao final do século XXI, no ano de 2010, o Censo do IBGE apontou uma população indígena de aproximadamente 818 mil indivíduos, concentrados nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. A ausência da noção de propriedade privada da terra, ou seja, a apropriação simbólica da terra pelos indígenas (a terra é um bem coletivo), a concepção da natureza como fonte de vida (produção de valor de uso), que por sua vez não provoca a geração de produção de excedentes para a comercialização (produção de valor de troca), dentre outros, são aspectos importantes que devem ser considerados na análise que se faz sobre a situação atual das populações indígenas. A distribuição geográfica atual das terras indígenas* demonstra que as mais extensas estão localizadas em áreas de menor densidade demográfica do território nacional como é o caso da região Norte do país (figura 2.1). Nesta região brasileira encontram-se as reservas Vale do Javari, perto da fronteira com o Peru, Alto Rio Negro, perto da fronteira com a Colômbia, e Ianomâmi, perto da fronteira com a Venezuela – todas com grandes dimensões e em áreas fronteiriças. Nesta faixa da fronteira há sérios problemas de tráfico de drogas e de armas, movimentos guerrilheiros de outros países, tráfico de animais silvestres e dificuldade de monitoramento de outras atividades ilegais, como biopirataria, desmatamento etc. 20 :: GeoGrafia :: módulo 2 Há quem elabore um raciocínio simplista e pérfido de hectares por índios viventes em reservas, comparando o seu pedaço percentual de terras com a parcela que caberia a cada brasileiro caso se dividisse o território total do Brasil pela população total do país, sem levar em conta que a maior parte das terras rurais estão nas mãos de poucos privilegiados brasileiros e que mais de 70% da nossa população encontram-se em cidades de todos os portes...A ideia vitoriosa das reservas indígenas destina-se à proteção de comunidades herdeiras da pré-história, vivendo uma proto-história incômoda, devido aos assédios de grupos humanos rústicos, empurrados por capitalistas vorazes para dentro da territorialidade indígena. Ab’Saber, Aziz Nacib. A Amazônia: do discurso à praxis. Os povos formadores do Brasil: os que aqui estavam e os que aqui chegaram Os indígenas, o branco e o negro africano são os três tipos étnicos formadores da população brasileira e, mais recentemente, os asiáticos, representados pelos japoneses, chineses e coreanos. A miscigenação dessas etnias vêm contribuindo para a formação de diversos outros grupos, denominados de mestiços, dentre os quais destacam-se o mulato (branco e negro), os mamelucos, caboclo, caiçara, caipira, capiau (índio e branco), o cafuzo (índio e negro) e o ainocô (amarelo e outras etnias). Mas, é o Brasil indígena que antecede o Brasil europeu (lusitano), africano e o Brasil contemporâneo, conforme veremos a seguir. As populações indígenas foram, por um lado, as primeiras a habitar o território brasileiro e a participar consideravelmente da formação da população *Segundo o IBGE (2000), “as terras indígenas correspondem ao espaço físico reconhecido oficialmente pela União como sendo de posse permanente de grupos tribais que a ocupam. Tal ocupação se dá com o intuito de preservar o habitat e garantir a sobrevivência físico- cultural dos grupos indígenas, reproduzindo, dessa forma, condições para a continuidade econômica e sociocultural da comunidade”. O grande número de reservas indígenas na região Norte pode ser explicado pela ocupação intensa do litoral desde a Colônia, o que resultou no extermínio das populações nativas dessas regiões que não submeteram-se à lógica produtiva imposta pelos colonizadores. Por isso, as regiões Norte e a porção setentrional da região Centro-Oeste (áreas de ocupação mais recente )concentram o maior percentual de povos nativos pois sofreram menos o impacto dos sucessivos ciclos econômicos ao longo dos séculos. Somente em meados do século XX, após a implantação da ditadura civil-militar em 1964, é que os estados do Norte passaram a ter uma inserção mais efetiva na economia nacional (política de integração nacional – governos militares), com a tomada de iniciativas e incentivos vários (construção de rodovias, exploração agropecuária e mineral, construção de hidrelétricas). A partir daí, agravaram-se os conflitos entre os indígenas e os garimpeiros, posseiros, grileiros, fazendeiros, empresas agropecuárias ou mineradoras. O branco que participou da formação da população brasileira é originário de vários grupos étnicos, tanto europeus como asiáticos e africanos. Os imigrantes europeus dividem-se em três grupos, segundo a origem: os atlanto-mediterrâneos, dos quais descendem a maior parte da população brasileira (representada pelos portugueses, italianos, espanhóis e franceses), os germanos ou teutões (alemães, austríacos, neerlandeses ou holandeses, suíços, ingleses e escandinavos) os eslavos (russos, poloneses, tchecos, eslovacos e iugoslavos). Os imigrantes asiáticos são representados pelos sírio-libaneses e os judeus e os imigrantes africanos pelos egípcios. Destes, o destaque é para os imigrantes portugueses cuja história se confunde com a própria história do Brasil. São considerados como os que iniciaram a neopopulação brasileira por meio da miscigenação com os índios e os negros africanos, uma vez que, durante três séculos, eram os únicos que podiam entrar livremente no Brasil. O negro foi trazido da África para o Brasil na condição de escravo e participou das principais atividades econômicas como a da agroindústria da cana-de-açúcar iniciada no século XVI (Nordeste e Recôncavo Baiano), a lavoura do algodão nos séculos XVII e XVIII (Maranhão), a mineração nos séculos XVII e XVIII (Planalto Central e em Minas Gerais), a lavoura da cana-de-açúcar no século XIX (Rio de Janeiro) e a cultura cafeeira, também no século XIX (Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo). Assim como os indígenas (ou até mais do que eles), os negros foram submetidos a brutais condições de existência e, nos dias atuais, grande parte da população negra sofre discriminação e preconceito. Os asiáticos aportaram no Brasil no início do século XX para trabalhar nas lavouras de café no interior do estado de São Paulo. Eram colonos japoneses que também, como outros colonos das demais nacionalidades, sofreram por escravidão e por dificuldades de adaptação e integração cultural. Destacam-se ainda os coreanos e os chineses que, assim como os japoneses, se fixaram nos estados de São Paulo e Paraná, principalmente. A imigração e a emigração no Brasil Os movimentos migratórios, em geral, se caracterizam por populações de baixa renda, em que a condição de pobreza e miséria prevalece, podendo ser expressa pelas precárias condições das moradias que se instalam. Historicamente, as possibilidades de sucesso para as populações de migrantes estão muito relacionadas com as disponibilidades de recursos para a ocupação de novos territórios. Quando os recursos foram abundantes, os imigrantes encontraram pouca resistência, se fixaram e, em muitos casos, alcançaram ascensão social. As populações de imigrantes, num primeiro momento, lutam para não perderem sua identidade, procuram manter as lembranças e as tradições dos lugares de origem e, num segundo momento, lutam para garantir seus privilégios como pioneiros. Sobre a imigração brasileira, esta pode ser compreendida em trêsfases: a primeira de 1808 (abertura dos portos do Brasil às nações amigas) ao ano de 1850 (proibição do tráfico de escravos), a segunda de 1850 ao ano de 1930 (queda da bolsa de Nova Iorque) e a terceira, de 1930 até os dias atuais. Analise as principais características de cada fase: • 1808-1850: a primeira fase foi marcada por um pequeno fluxo imigrató- rio, explicado pelas facilidades de obtenção de mão de obra escravizada; instabi- lidade política do período da Regência; Guerra dos Farrapos que se prolongara e existência da escravidão no Brasil que fazia com que os imigrantes temessem ser tratados como os escravos. Neste período, 1.500 famílias açorianas foram para o Rio Grande do Sul, 100 famílias suíças para o Rio de Janeiro (hoje Nova Friburgo), inúmeras famílias alemãs se dirigiram para o Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, e 140 prussianos vieram para Pernambuco. • 1850-1930: a segunda fase caracterizou-se por ser o período de maior entrada de imigrantes no Brasil, favorecido pelo desenvolvimento da cafeicultura (que exigiu numerosa mão de obra), pela proibição do tráfico de escravos (Lei Euzébio de Queirós), pela disposição do fazendeiro de café que facilitava a vinda do imigrante, cobrindo-lhe as despesas no primeiro ano, além de fornecer uma parcela de terra (para cultivo de produtos de primeira necessidade), pelo paga- mento de gastos com o transporte do próprio imigrante (até o ano de 1889), pela abolição da escravatura e pelo desemprego na Itália (tanto no setor industrial como no agrícola) à época da unificação política do país. • 1930- dias atuais: a terceira fase caracterizou-se pela queda acentuada do fluxo migratório, com exceção das décadas de 1950 e 1970. Foi no início da década de 1950 que o Brasil recebeu muitos imigrantes europeus, todos em busca de novas oportunidades (pois estavam arrasados pela guerra) e, por outro lado, se sentiram atraídos pelas condições favoráveis da indústria brasileira na época da construção de Brasília, que precisou de um enorme contingente populacional. Já a década de 1970 (época do chamado “milagre brasileiro”) atraiu famílias, investimentos e mão de obra estrangeiros (principalmente chilenos, argentinos e uruguaios). Capítulo 2 :: 21 Igreja). Essa data é considerada como marco para os estudos geográficos da população brasileira, quando se teve o controle dos registros de nascimentos, mortes e casamentos. Alguns recenseamentos foram realizados de maneira muito irregular até a criação do IBGE em 1938 e, a partir de 1940, é que são realizados com uma certa periodicidade. Observe a tabela a seguir, com dados até o censo de 2010 (tabela 2.1): Ano População 1872 9.930478 1890 14.333915 1900 17.438434 1920 30.635605 1940 41.236315 1950 51.944397 1960 70.119071 1970 93.139037 1980 119.070865 1991 146.155000 2010 190.732.694 Tabela 2.1: Evolução da População Brasileira. Fonte: IBGE, Anuário Estatístico, 2010 (dados preliminares de 1991) O período de 1940 – 1960 é considerado pelos autores como aquele em que a população brasileira sofreu uma certa aceleração demográfica ou mesmo explosão demográfica, acompanhando o fenômeno que ocorreu em todo o mundo, principalmente nos “países subdesenvolvidos”. A explicação para tal deve-se à persistência de elevadas taxas de natalidade e à redução de taxas de mortalidade, relacionadas, principalmente, à revolução da tecnologia bioquímica (progresso da medicina no campo da terapêutica, com a descoberta dos antibióticos e de quimioterápicos e pela melhoria das condições sanitárias). Neste período, a taxa de fecundidade (relação entre o número de crianças com menos de 5 anos de idade e o número de mulheres em idade reprodutiva – 15 e 49 anos) situava-se em torno de 6,0, ou seja, elevada se comparada ao dos países desenvolvidos que era em torno de 2,5. Os casamentos ou uniões livres em idade precoce também contribuíram para o crescimento populacional (os métodos contraceptivos ainda não se encontravam tão disseminados e a população em geral não tinha acesso a eles). Existe, portanto, uma relação estreita entre “desenvolvimento econômico e taxa de fecundidade e de natalidade”. Os países “desenvolvidos” apresentam baixa taxa de fecundidade e de natalidade, acrescidos do alto nível educacional e da presença da mulher no mercado de trabalho. Já nos países “subdesenvolvidos” ocorre o inverso. Mas foi a partir da década de 1960 que ocorreu uma desaceleração demográfica e iniciou-se uma transição demográfica. O Brasil registrou uma diminuição significativa da taxa de crescimento vegetativo, quando a urbanização acelerada fez com que a taxa de natalidade passasse a cair de forma mais acentuada que a taxa de mortalidade. Entre as décadas de 1960 e 1970, a taxa era de 2,76%, entre 1970 e 1980 de 2,48% e entre 1980 e 1991 de Por outro lado, é bom reforçar que vários foram os motivos que frearam a imigração nesse mesmo período: as revoluções de 1930 e 1932 que geraram instabilidade política, a Lei de Cotas de Imigração (Constituição de 1934 e 1937 que restringiam o número de imigrantes), a determinação de que 80% dos imigrantes deveriam ser agricultores, a Segunda Grande Guerra (1939-1945), o desenvolvimento econômico de vários países europeus, que reorientou o fluxo migratório, o Golpe de Estado de 1964 e o grande endividamento externo com reflexos na economia interna (desemprego, inflação alta, diminuição do ritmo da atividade econômica). Já na década de 1980, o Brasil tornou-se um país de emigração, basica- mente por ter enfrentado uma grave crise econômica. Esta gerou desemprego, fez com que houvesse uma perda sistemática do valor real do salário e elevou os índices de inflação (queda do crescimento do PIB e da atividade econômica). Em sua maioria, os que deixavam o país eram descendentes de japoneses (cerca de 150.000, com o objetivo de juntar dinheiro no Japão e retornar com o seu próprio negócio). Nas décadas de 1980 e 1990, estima-se que cerca de 330.000 bra- sileiros buscaram nos EUA (Miami, Nova York e Boston) uma nova oportunidade de vida, cuja expectativa maior é conseguir maiores salários e guardar dinheiro para investimentos. Cabe destacar, ainda, aqueles brasileiros que emigraram para o Paraguai (“brasiguaios”) compreendendo sem-terra ou agricultores de posse atraídos por terras mais baratas para cultivo, sendo que muitos deles voltaram ao Brasil mais tarde; para o Uruguai, motivados pelos preços das terras mais baixos e pela implantação do Mercosul e para a Bolívia, fazendeiros de soja à procura de solos férteis e motivados pela doação de terras por parte do governo. Cerca de 600.000 brasileiros deixaram o país no decorrer das décadas de 1980 e 1990, dentre eles cientistas, pesquisadores e professores que emigraram devido às precárias condições de trabalho e, hoje, o Brasil se tornou um país onde o fluxo migratório é negativo, ou seja, o total de emigrantes é maior que o número de pessoas que ingressam no país. Muitos brasileiros têm se transferido para os Estados Unidos, Japão e Europa, sempre em busca de melhor qualidade de vida, lembrando que os salários médios do Brasil estão entre os mais baixos do mundo. O crescimento natural da população brasileira Vamos relembrar como a população brasileira se comportou em relação ao seu crescimento natural. Vocês se lembram da definição de crescimento vegetativo ou natural? Pois é, o crescimento natural ou vegetativo corresponde à diferença entre as taxas de natalidade e de mortalidade. Para calcularmos essas taxas é essencial que os números (absoluto e relativo da população – nascimento e morte) estejam disponíveis e, para tal, que o recenseamento tenha sido realizado. Para o crescimento vegetativo aumentar, é necessário que a taxa de mortalidade seja menor que a de natalidade e, para o crescimento vegetativo diminuir, é necessário que a queda da natalidade seja mais acentuada que a de mortalidade. Pois bem, no Brasil, somente apartir do ano de 1889 é que o Estado implantou o registro civil obrigatório, até então sob o controle da Igreja (época em que houve a consolidação da República e a separação entre o Estado e a 22 :: GeooGrafia :: módulo 2 1,89%, estando esse decréscimo, segundo a maioria dos autores, relacionado com a redução da taxa de fecundidade da população brasileira. Paralelamente, houve uma redução da taxa de mortalidade infantil devido aos melhores acessos aos centros de puericultura (especialidade que acompanha o desenvolvimento da criança) nas cidades. Convencionou-se, então, definir o processo de transição demográfica por meio de etapas de comportamento demográfico. Acompanhe na tabela 2.2. Fases Taxas Características Pré-transicional Mortalidade alta Natalidade alta = Crescimento Vegetativo regular Até 1940 as condições sanitárias eram péssimas ocasionando epidemias de peste bubônica, febre amarela, varíola e cólera. Falta de acesso à água potável. Famílias numerosas onde os filhos também eram mão de obra mantinham a natalidade alta. Primeira fase da transição Mortalidade baixa Natalidade alta = Crescimento Vegetativo alto Avanços na medicina e nas condições sanitárias diminuem a mortalidade, principalmente nas cidades. Entre 1940 e 1960, a natalidade se manteve alta provocando um “boom” no crescimento demográfico. Segunda fase da transição Mortalidade baixa Natalidade diminui = Crescimento Vegetativo diminui A natalidade começa a diminuir, pois a partir da década de 1960 a população começa a se concentrar em cidades, onde criar os filhos (alimentação e educação) se torna caro. Mulher entra no mercado de trabalho e opta por usar métodos anticonceptivos. Transição em conclusão Mortalidade baixa Natalidade baixa = Crescimento Vegetativo baixo Em poucos anos a taxa de natalidade brasileira se reduziu intensamente, apesar de não implantar políticas antinatilistas agressivas, como China e Índia. A taxa de fecundidade em 1970 era de 5,8 filhos por mulher e, em 2006, reduziu para 2 filhos. Tabela 2.2: Características da transição demográfica no Brasil. Cabe lembrar que a política demográfica brasileira passou de natalista a antinatalista. Até os anos de 1970 era totalmente populacionista ou natalista. Nessa época, a ênfase dada era no sentido de povoar o território, alegando a necessidade de segurança nacional e o aproveitamento dos recursos naturais. Em meados dessa década, adotou-se uma política neomalthusiana que procurava justificar a pobreza, a miséria e o atraso econômico dos países ditos subdesenvolvidos, como sendo o resultado da elevada natalidade e não da distribuição socialmente desigual de renda. Um bom exemplo dessa política é a ação da BEMFAM (Sociedade Brasileira do Bem-Estar da Família), instituição que já vinha operando no Brasil, subsidiada por fundações estrangeiras (Ford, Rockfeler e Banco Mundial) e que passou a atuar mais intensamente , instituindo assim uma política antinatalista. Segundo o IBGE, no século XX o Brasil entrou, no estágio de transição demográfica avançada, quando a taxa de natalidade é inferior a 20% e a de fecundidade deverá declinar ainda mais (tabela 2.3). Taxa de fecundidade (nº de filhos por mulher) Regiões 1980 1991 2000 2006 Brasil 4,4 2,9 2,4 2,0 Norte 6,5 4,2 3,2 2,5 Nordeste 6,1 3,8 2,7 2,2 Sudeste 3,5 2,4 2,1 1,8 Sul 3,6 2,5 2,2 1,9 Centro-Oeste 4,5 2,7 2,3 2,0 Tabela 2.3: As Regiões Brasileiras segundo as taxas de fecundidade (1980 – 2006). Fonte: IBGE, Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil, 2009. Embora a população brasileira tenha reduzido o número de filhos, de acordo com o IBGE, as médias de filhos variam com o grau de escolaridade da mulher. A análise dos dados da tabela 2.4 nos revela que o Brasil não apresenta um único perfil de família. A redução do número de filhos se dá nas camadas com maior escolaridade, enquanto nas camadas mais populares o número de filhos ainda é significativo, comprovando as ideias da teoria reformista (veja quadro no final deste capítulo). Assim, o país apresenta índices populacionais de países centrais como França, Suécia, Alemanha e de países periféricos como Angola, Paquistão ou Nigéria. Fecundidade da Mulher segundo seu Grau de Escolaridade Anos de Estudo Até 3 anos De 4 a 7 anos 8 anos ou mais Média Brasil 4,0 filhos 3,1 filhos 1,5 filhos Tabela 2.4: Taxa de fecundidade da mulher brasileira de acordo com o grau de escolaridade. Fonte:IBGE Capítulo 2 :: 23 Contudo, a queda no crescimento da população brasileira observada nos últimos trinta anos não interferiu no desempenho da economia, principalmente em relação ao desenvolvimento e à distribuição de renda. É o que veremos a seguir. A estrutura da população: faixas etárias e distribuição de renda Vocês devem estar acostumados a estudar os componentes da população por idade e por sexos sem, contudo, dar maior importância para os dados e as representações na forma de pirâmides. Segundo Melhem Adas “o total absoluto da população de um país, região ou um município não tem grande significado se não estiver relacionado a outros dados populacionais e estes, por sua vez, a dados de economia, saúde, educação, habitação, transportes, produção agrícola, dentre outros”. Destacam-se, contudo, os dados sobre a composição da população por idades e sexos. Sua relevância constitui-se na possibilidade de interpretação da situação de uma dada população em relação ao planejamento socioeconômico, podendo, dessa maneira, compreender: quantos empregos podem ser criados anualmente para absorver o contingente populacional que entra todos os anos no mercado de trabalho; quantas vagas escolares ou quantos leitos hospitalares são necessários para atender a demanda populacional; qual é o investimento necessário que deve ser feito para atender às demandas de infraestrutura sanitária, dentre outras questões. A composição por idades e por sexo de uma população pode ser melhor compreendida por meio de gráficos que relacionem a quantidade de habitantes de um dado país, estado, região ou município, segundo a sua constituição por idade e por sexo. Essa representação gráfica é o que denominamos de pirâmide etária, que pode ser interpretada a partir de suas três partes: a base (porção inferior) que representa a população jovem (0-14 anos ou 19 anos); o corpo (porção intermediária) que representa a população adulta (de 15 a 59 anos ou de 20 a 59 anos) e o topo (porção superior) que representa a população idosa (60 anos ou mais). Observe a figura 2.2 que se segue: ela mostra as pirâmides etárias do Brasil nos anos de 1980 a 2010, segundo os dados de recenseamentos e estimativas do IBGE. Vamos acompanhar o comportamento da população brasileira, segundo o perfil que cada pirâmide apresenta, e tentar compreender o significado das mudanças mostradas por elas. Essas mudanças são resultado de alterações na dinâmica demográfica brasileira nos últimos vinte anos (conforme visto nesse capítulo), onde destacam-se: o declínio das taxas de natalidade, fecundidade e mortalidade geral, o aumento da população idosa no conjunto da população e a tendência para o ano de 2010 do Brasil atingir um perfil de “país desenvolvido”, que é aquele país no estágio de transição demográfica concluída. Figura 2.2: Pirâmides Etárias do Brasil – anos de 1980, 1991, 2000, 2010 (recenseamento e projeção do IBGE). 24 :: GeoGrafia :: módulo 2 Atividade 1 Seguindo o modelo de interpretação da pirâmide 1, faça o mesmo para as outras quatro pirâmides. Pirâmide 1 – ano de 1980: • base larga e topo estreito; • a população de mulheres supera um pouco a população de homens; • a população de idosos é pequena; • características de país que possui taxas de natalidade, mortalidade, fecundidade e expectativa de vida elevadas; • características de país que apresenta elevado crescimento populacional; • perfil típico de comportamento demográfico de país “subdesenvolvido”; •perfil típico que apresenta estágio de transição demográfica inicial. Pirâmide 2 – ano de 1990: Pirâmide 3 – ano de 2000: Pirâmide 4 – ano de 2010: Conforme pudemos acompanhar, no Brasil, a pirâmide de idades vem apresentando uma significativa redução de volume na base, onde estão os jovens, e um aumento da participação percentual de pessoas adultas e idosas. Apresenta ainda a mesma dinâmica global em relação à distribuição da população por sexo, onde nascem cerca de 106 homens para cada 100 mulheres, sendo a taxa de mortalidade masculina maior e a expectativa de vida menor. Dessa maneira, embora nasçam mais homens que mulheres, é comum as pirâmides apresentarem uma quantidade ligeiramente superior de população feminina, já que as mulheres vivem mais. O envelhecimento da população brasileira, evidenciado pelo aumento do volume nas faixas etárias mais elevadas (acima de 60 anos), provoca um grande desequilíbrio nas contas da previdência social. Ao longo da vida produtiva (formal), um trabalhador contribui para a previdência social na perspectiva de receber um salário após se aposentar. No entanto, o tempo de contribuição tem sido menor que o tempo de vida deste trabalhador (aposentado). Além disso, há pessoas que não contribuíram realmente para a previdência mas recebem pensão e outros benefícios (pensão a viúvas, aposentadoria por invalidez, auxílio doença, auxílio desemprego etc.). Esta situação vem causando um grande déficit nas contas previdenciárias, obrigando o governo a desviar verba de outras atividades. Agora vamos passar aos estudos relacionados à distribuição de renda, ou seja, as atividades econômicas ou setores econômicos. Vocês se lembram quais são os setores de produção de um país? São os setores primário, secundário e terciário. É possível estudar a distribuição da população economicamente ativa (PEA) segundo as atividades econômicas, que acaba fornecendo elementos ou um quadro de referência para a avaliação da economia. Entende-se por PEA as pessoas que trabalham em atividades remuneradas e podem estar ocupadas (que têm trabalho) ou não (sem trabalho, mas que procuram por trabalho). Em 2001, segundo o IBGE, o Brasil tinha 81.175.749 pessoas economi- camente ativas. Desse total, 90,3% estavam ocupadas e apenas 9,7% desocu- padas. As transformações de uma economia alteram a distribuição da população economicamente ativa pelos setores de produção. Dentre os fatores que alteraram a estrutura da população, segundo os setores de produção, podemos destacar a in- dustrialização, a urbanização e a modernização do setor primário e, pensando no Brasil, podemos incluir a estrutura fundiária injusta na contramão da democracia. A cada ano, no Brasil, precisa ser criado aproximadamente 1 milhão de novos empregos para atender à necessidade. Em 2001, o setor primário absorveu 20,6% da mão de obra, o setor secundário 22,9% e o setor terciário 56,5% do total da população economicamente ativa. Observe o gráfico que se segue (figura 2.3) e analise o comportamento e a distribuição da população economicamente ativa por setores de produção por ano, desde 1940. 0 20 40 60 80 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2001 Anos % Primário Secundário Terciário Figura 2.3: Distribuição percentual (%) da População Economicamente Ativa (PEA) por setores da economia no Brasil. Fonte: IBGE. A partir do gráfico, podemos notar principalmente: • o declínio do setor primário (70,2% em 1940; 20,6% em 2001): o Brasil deixa de ser predominantemente um país de economia rural, além da concentração fundiária, houve mecanização das atividades agrícolas; • uma queda do setor secundário (25% em 1980; 22,9% em 2001): pode ser explicada pela crise no setor, pela racionalização no trabalho (automação), levando à dispensa de mão de obra, e pelo aumento da importação de produtos industrializados de outros países. O elevado percentual de participação do setor terciário (serviços, comércio e administração pública) na população economicamente ativa está relacionado a vários fatores: • uma parte das atividades deste setor não exige grande qualificação (porteiro, faxineiro, pedreiro etc.), facilitando a absorção da população rural (que saiu do setor primário) e das pessoas com baixa escolaridade; • este setor absorveu mão de obra que veio do setor secundário, já que as atividades industriais foram, aos poucos, sendo automatizadas; • crescimento da economia informal, onde os trabalhadores não têm carteira assinada e há várias atividades não legalizadas, como por exemplo transporte alternativo (em vans), comércio ambulante (camelôs), flanelinhas etc. Capítulo 2 :: 25 RENDA MÉDIA MENSAL (em R$) – ANO BASE 2005 Brasil e regiões 40% mais pobres 10% mais ricos Total Homem Mulher Total Homem Mulher Brasil 226 255 196 3.579 4.067 2.769 Norte* 230 256 196 2.627 2.875 2.166 Nordeste 129 148 101 2.299 2.510 1.933 Sudeste 285 336 235 4.060 4.687 3.077 Sul 289 335 243 3.734 4.349 2.682 Centro- Oeste 268 311 224 4.302 4.846 3.440 Tabela 2.6: Diferença da renda média mensal (em R$) entre as regiões brasileiras, entre os 40% da população brasileira mais pobres e os 10% mais ricos e entre homem e mulher. Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD), 2005. * Não inclui a população rural dos estados do Norte. Atividade 2 Com base nos dados apresentados na tabela 2.6, analise as diferenças de salário entre as regiões brasileiras. A distribuição e a mobilidade espacial da população Quais são os fatores que comandam a distribuição espacial de uma popula- ção? Lembrando que ao lado dos fatores naturais, os fatores de ordem histórica também pesam consideravelmente na distribuição da população pelo espaço geográfico, vamos pensar na ocupação do território brasileiro em seus primórdios. A história das imigrações para o Brasil, os movimentos migratórios internos e ainda a marcha do povoamento do território brasileiro podem ser bons exemplos de como os fatores históricos também podem influenciar na ocupação e na produção do espaço geográfico. A distribuição espacial da população nos dias atuais obedece à mesma dinâmica da formação de áreas de atração e de repulsão da população, característica do povoamento do território brasileiro. O recurso que se utiliza na avaliação da distribuição da população pelo espaço geográfico é denominado de densidade demográfica. A densidade demográfica, também conhecida como população relativa (Pr), é a relação entre a população absoluta (Pa) e a área territorial ou a superfície por ela ocupada (S). Desse modo, temos: Pr = Pa/S. No Brasil, em 2000, a densidade demográfica era de 19,94 habitantes por quilômetro quadrado, ou seja, Pr = 19,94 hab/km². Mas qual é o significado desse número? Comparando-se a outros países, pode-se dizer que é um país de baixa densidade demográfica, ou ainda, pouco povoado (apesar de populoso, não é mesmo?). Observe a tabela que se segue (tabela 2.7) e compare a densidade demográfica dos países com a classificação de mais populoso. A economia informal que se instalou no Brasil está intimamente interligada à economia formal, pois os negócios informais fornecem produtos e serviços (a baixos preços) para as empresas legalizadas. Por outro lado, quando um trabalhador informal tem sua renda, pode se utilizar de serviços (hospitais, escolas etc.) e comércio (fazer crediário em grandes lojas etc.) formais. O grande crescimento da economia informal no Brasil também está relacionado ao desemprego, que pode ser conjuntural ou estrutural. O primeiro caso (desemprego conjuntural) está relacionado a recessão econômica e a situações específicas, como a abertura da economia às importações a partir da década de 1990, isenções fiscais que atraem indústrias e negócios de uma região para outra etc. Nestes momentos, algumas indústrias e/ou empresas podem ir à falência ou serem obrigadas a reduzir o quadro de empregados, podendo, posteriormente, reequilibrar as finanças e readmitir os
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