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Geografia Módulo2

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Prévia do material em texto

Ronaldo P. de Carvalho Junior 
Sonia V. G. da Gama 
Carla M. Salgado
8ª edição
revisada e ampliada
Módulo 2
2015
Geografia
Fundação Cecierj
pré-vestibular soCial
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Governador
Luiz Fernando de Souza Pezão
Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia
Gustavo Tutuca
Fundação Cecierj
Presidente
Carlos Eduardo Bielschowsky
Vice-Presidente de Educação Superior a Distância
Masako Oya Masuda
Vice-Presidente Científica
Mônica Damouche
Pré-Vestibular Social
Rua da Ajuda 5 - 15º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - 20040-000
Site: www.pvs.cederj.edu.br
Diretora
Celina M. S. Costa
Coordenadoras de Geografia
Ronaldo P. de Carvalho Junior 
Sonia V. G. da Gama
Material Didático
Elaboração de Conteúdo
Ronaldo P. de Carvalho Junior 
Sonia V. G. da Gama
Carla M. Salgado
Revisãode Conteúdo
Ronaldo P. de Carvalho Junior 
Sonia V. G. da Gama
Capa, Projeto Gráfico, Manipulação de Imagens 
e Editoração Eletrônica
Cristina Portella
Filipe Dutra
Mario Lima
Foto de Capa
Fabian Kron
Copyright © 2015, Fundação Cecierj 
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por 
qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, 
por escrito, da Fundação.
C331p
Carvalho Junior, Ronaldo P. de
Pré-vestibular social: geografia. v. 2. / Ronaldo P. de Carvalho Junior, Sonia 
V. G. da Gama, Carla M. Salgado. – 8. ed. rev. – Rio de Janeiro: Fundação 
Cecierj, 2015.
128 p.; 20,0 x 27,5 cm
ISBN: 978-85-458-0043-9
1. Geografia. 2. População. 3. Clima. 4. Cartografia. I. Gama, Sonia V. G. da. 
II. Salgado, Carla M. 1. Título. 
CDD: 900
7
19
33
49
61
75
91
99
155
128
Sumário
Capítulo 1
A dinâmica mundial da população
Capítulo 2
A população brasileira
Capítulo 3
Regiões brasileiras
Capítulo 4
Tipos climáticos do Brasil
Capítulo 5
Biomas e domínios do relevo do Brasil
Capítulo 6
As questões ambientais
Capítulo 7
Fundamentos de cartografia 
Capítulo 8
Estado do Rio de Janeiro
Capítulo 9
Exercícios de fixação
Referências 
bibliográficas
Apresentação
Caro Aluno,
Este conjunto de apostilas foi elaborado de acordo com as necessidades e a lógica do projeto do Pré-
Vestibular Social. Os conteúdos aqui apresentados foram desenvolvidos para embasar as aulas semanais 
presenciais que ocorrem nos polos. O material impresso por si só não causará o efeito desejado, 
portanto é imprescindível que você compareça regularmente às aulas e sessões de orientação acadêmica 
para obter o melhor resultado possível. Procure, também, a ajuda do atendimento 0800 colocado à sua 
disposição. A leitura antecipada dos capítulos permitirá que você participe mais ativamente das aulas 
expondo suas dúvidas o que aumentará as chances de entendimento dos conteúdos. Lembre-se que o 
aprendizado só acontece como via de mão dupla.
Aproveite este material da maneira adequada e terá mais chances de alcançar seus objetivos.
Bons estudos!
Equipe de Direção do PVS
:: Objetivo ::
• Caracterizar aspectos socioeconômicos da população mundial.
1
A Dinâmica mundial da população
na tabela 1.1, a China é o país mais populoso, ou seja, possui a maior população 
absoluta (1.339 milhões). Mas quando consideramos a distribuição deste número 
de habitantes pelo território chinês, o valor da densidade demográfica não é tão alto 
(140,48 hab/km2), porque a China tem uma grande superfície (mais de 9 milhões 
de km2). Por outro lado, o Japão é o país mais povoado (343,49 hab/km2), pois, 
apesar de ter um número menor de habitantes que a China (128 milhões), a sua 
área territorial é bem pequena para tantas pessoas (pouco mais de 372 mil).
Tabela 1.1: População absoluta, densidade demográfica e área de alguns países.
País
População em 
2013 
(em milhões)
Densidade 
(hab./km²) 
(2013)
Área (km²)
Alemanha 80,22 224,87 356.733
Angola 24,30 19,50 1.246.700
Austrália 21,73 2,83 7.682.300
Brasil 200,00 23,52 8.514.205
Canadá 33,47 3,36 9.970.610
China 1339,72 140,48 9.536.499
Estados Unidos 308,75 32,94 9.372.614
Nigéria 140,43 152,02 923.768
Federação Russa 143,44 8,40 17.075.400
Japão 128,06 343,49 372.819
Fonte: http://unstats.un.org/unsd/demographic/products/dyb/dybsets/2013.pdf, acesso em 
25/11/2014
Atividade 1
Considerando a tabela 1.1:
a) Faça uma lista, em ordem crescente, dos países populosos e dos países 
povoados.
b) O Brasil pode ser considerado um país populoso ou povoado?
A análise das características socioeconômicas da população mundial leva 
ao uso frequente dos termos superpopulação e superpovoamento. Uma área é 
considerada superpovoada quando sua população é muito grande em relação 
à disponibilidade de recursos para sua subsistência. A Nigéria, por exemplo, 
é considerada superpovoada, pois os recursos socioeconômicos do país não 
conseguem atender às necessidades básicas da população. Deste modo, é comum 
ocorrer a situação de fome, propagação de vários tipos de doenças, falta de 
atendimento médico e educacional, grande desemprego, entre outros problemas.
De forma inversa, países com maior desenvolvimento econômico e 
tecnológico possuem maior capacidade de fornecer boa qualidade de vida para 
os seus habitantes. Neste caso, um bom exemplo são os Estados Unidos, cuja 
população é mais que o dobro da Nigéria, entretanto, os norte-americanos 
possuem bons serviços médicos, educacionais, opções de emprego etc. 
Nos últimos anos, a China vem superando a situação de superpovoamento. 
No passado, a maior parte da população passava fome, havia elevado índice de 
População mundial
Com o acelerado crescimento da população mundial, sobretudo nos países 
subdesenvolvidos, no ano de 2013, a população mundial atingiu cerca de 7,1 
bilhões de habitantes. Nesta perspectiva, ela poderá alcançar, no ano de 2050, 
em torno de 10 bilhões de habitantes em todo o planeta.
Os países que terão a maior contribuição no crescimento da população 
mundial, neste século XXI, devem ser Índia, Paquistão, Nigéria, República 
Democrática do Congo, Bangladesh, Uganda, Etiópia e China. Contudo, este 
crescimento populacional não é igual em todas as regiões do mundo. Vários 
países da África subsaariana (localizados ao sul do deserto do Saara), como 
Chade, Congo, Libéria, Uganda e Burundi, juntos com o Afeganistão (situado na 
região sudoeste da Ásia) devem triplicar a sua população no decorrer das primeiras 
décadas deste século XXI.
Mas, você sabe o significado do termo população? Qual a importância de se 
conhecer o número de pessoas no mundo ou em algum país em particular? Por 
que devemos estudar as características da população?
Podemos responder, de forma geral, que conhecer as características da 
população mundial ou de uma região específica nos ajuda a entender em que 
condições estas pessoas vivem. A partir daí podemos planejar ações para resolver 
problemas, ou, pelo menos, minimizá-los.
O termo “população” significa um conjunto de pessoas que vivem em um 
território (uma área delimitada politicamente). Podemos nos referir à população de 
uma cidade, região, estado, país, ou ainda, à população do planeta. Neste capítulo 
vamos estudar vários aspectos da população mundial, especialmente por meio dos 
indicadores sociais (as taxas de natalidade e de mortalidade, a expectativa de 
vida, os índices de analfabetismo, a participação na renda, dentre outros), para 
entendermos melhor as diferenças nas condições de vida das pessoas.
Não podemos esquecer que a população mundial caracteriza-se ainda pela 
disparidade social. Vivemos num mundo onde apenas um terço da população 
desfruta de benefícios, enquanto uma outra parte vivencia as desigualdades, a 
fome, a miséria e o desemprego. 
Seguem alguns significados importantes para a compreensão da dinâmica 
populacional:
População absoluta e População relativa
O total de habitantes de um lugar constitui sua população absoluta. Podemos 
dizer que a população absoluta da Terra é superior a 7 bilhões de habitantes. 
Considerando a presença humana num determinado espaço, utilizamos,além 
disso, o conceito de população relativa, que indica a distribuição da população em 
relação à superfície (área total) do lugar. Portanto, a população relativa, também 
chamada de densidade demográfica, corresponde ao número de habitantes por 
unidade de área, ou seja, é uma relação matemática, onde geralmente a unidade 
(de medida) utilizada é o quilômetro quadrado (hab/km2). 
Populoso e povoado
Populoso é o conceito que se refere à população absoluta, e povoado diz 
respeito à população relativa de um determinado lugar. Dos países relacionados 
8 :: GeoGrafia :: módulo 2
Crescimento Demográfico
Crescimento Natural ou Vegetativo Migração
Diferença entre as taxas de entrada (imigração) e 
de saída (emigração) de pessoas de uma região
Diferença entre as taxas de nascimentos 
(taxa de natalidade) e de óbitos (taxa de mortalidade)
Figura 1.1: Esquema ilustrativo de crescimento demográfico.
mortalidade infantil, entre outros problemas. As reformas realizadas pelo governo 
nas últimas décadas mudaram esse quadro, garantindo um melhor padrão de vida 
para as pessoas.
Países como Nigéria, Haiti e Bangladesh apresentam um elevado crescimento 
natural, isto é, a população aumenta devido ao maior número de nascimentos do 
que de óbitos (morte). No entanto, em outros países verifica-se um crescimento 
vegetativo nulo ou negativo. Na Alemanha, Japão e Rússia, por exemplo, o 
número de óbitos supera ou fica igual ao número de nascimentos, diminuindo ou 
mantendo a quantidade de habitantes no país. Neste caso, a quantidade total da 
população só vai ser alterada se ocorrer a entrada de imigrantes (pessoas vindas 
de outras partes do mundo).
Os Estados Unidos, por exemplo, possuem uma elevada taxa de imigração, 
pois milhares de pessoas de outros países entram (de forma legal ou ilegal) no seu 
território a cada ano. De forma inversa, Ruanda e Nigéria perdem vários habitantes 
por ano, que saem para outro país em busca de melhores condições de vida.
Podemos concluir que para ocorrer crescimento demográfico num país um dos 
dois índices (taxa de migração e crescimento vegetativo) tem que ser elevado, 
para aumentar o número de habitantes.
As fases do crescimento 
demográfico
No decorrer da história, a população mundial tem crescido em função de 
a taxa de natalidade ser superior à de mortalidade. Avaliando a marcha de 
crescimento populacional, podemos distinguir duas fases:
1. Crescimento lento: até o séc. XVII, em função da inexistência de condições 
sanitárias adequadas, guerras, epidemias etc., a taxa de mortalidade era elevada;
2. Crescimento rápido: compreende principalmente os séculos XVIII, XIX e a 
segunda metade do séc. XX, quando os avanços científicos e das melhorias das 
condições higiênico-sanitárias provocaram uma queda nas taxas de mortalidade. 
Nessa fase, o mundo deparou-se com um acelerado crescimento populacional 
(tabela 1.2).
Crescimento demográfico
O termo crescimento demográfico corresponde ao aumento da população de 
um país. Este crescimento está relacionado a dois índices (figura 1.1):
•	 crescimento natural ou vegetativo – diferença entre nascimentos (taxa de 
natalidade) e óbitos (taxa de mortalidade);
•	 taxa de migração – diferença entre a entrada (imigração) e a saída 
(emigração) de pessoas de uma região.
Tabela 1.2: Crescimento da população mundial por diferentes períodos.
Ano/Era Número de Habitantes
Era Cristã 250 milhões
1650 500 milhões
1850 1 bilhão
1950 2 bilhões
1995 5,6 bilhões
2004 + 6 bilhões
2010 + 7 bilhões
No entanto, este crescimento vegetativo (ou populacional) vem ocorrendo de 
forma diferenciada nas várias regiões do mundo, como foi colocado anteriormente. 
Cada área ou país passa por um processo de transição demográfica, que contém 
basicamente 3 fases (figura 1.2): 
•	 Primeira fase ou pré-industrial: caracterizada pelo equilíbrio demográfico e 
por baixos índices de crescimento vegetativo, já que há elevadas taxas de natali-
dade e de mortalidade. A elevada taxa de mortalidade relaciona-se principalmente 
às precárias condições higiênico-sanitárias, às epidemias, às guerras, fome etc. 
•	 Segunda fase ou transicional: redução da mortalidade com o fim de epide-
mias e com os avanços médicos (decorrentes da Revolução Industrial). Contudo a 
natalidade ainda se mantém elevada, ocasionando um grande crescimento popu-
lacional; numa segunda etapa, a natalidade começa a cair, reduzindo-se, então, 
o crescimento populacional. 
•	 Terceira fase ou Evoluída, momento em que a transição demográfica fina-
liza-se, com a retomada do equilíbrio demográfico, este apoiado em baixas taxas 
Capítulo 1 :: 9
Teoria Neomalthusiana 
A segunda aceleração do crescimento populacional ocorreu a partir de 
1950, particularmente nos países subdesenvolvidos. Nesta época houve grandes 
conquistas na área da saúde, como a produção de antibióticos e de vacinas contra 
uma série de doenças. Tais conquistas espalharam-se pelos países subdesenvolvidos 
graças à atuação de entidades internacionais de ajuda e cooperação, como a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Cruz Vermelha Internacional.
Deste modo, ocorreu uma acentuada redução nas taxas de mortalidade, 
principalmente a infantil, que até então eram muito elevadas nos países 
subdesenvolvidos. A diminuição da mortalidade e a permanência das altas taxas 
de natalidade resultaram num grande crescimento populacional, que atingiu seu 
apogeu na década de 1960 e fi cou conhecido como explosão demográfi ca.
Com a nova aceleração populacional, voltaram a surgir estudos baseados 
nas ideias de Malthus, dando origem a um conjunto de teorias e propostas 
denominadas neomalthusianas. Os teóricos relacionavam o subdesenvolvimento e 
a pobreza ao crescimento populacional, o qual provocaria a elevação dos gastos 
governamentais com os serviços de educação e saúde. Com isso, os investimentos 
produtivos nos setores agrícola e industrial diminuiriam e o país, sem produção 
econômica, se tornaria cada vez mais pobre.
Segundo esta teoria, para acabar com a pobreza da população e o 
subdesenvolvimento do país, os seus governos deviriam estimular o controle 
da natalidade – diminuindo a população, acabaria a pobreza do país e da sua 
população. Na verdade, esta ideia servia para mascarar os reais fatores do 
subdesenvolvimento.
É sempre bom lembrar que planejamento familiar é muito diferente de 
controle da natalidade e que a mulher deve ser o sujeito e não apenas um objeto 
desse planejamento. Essas políticas são adotadas até hoje e conduzidas pela 
Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), 
que condicionam a aprovação de empréstimos para os países subdesenvolvidos à 
adoção de programas de controle de natalidade, que são fi nanciados pelo Banco 
Mundial (Bird).
O planejamento familiar é feito por entidades privadas e públicas, que se 
associam à indústria farmacêutica e à classe médica e recebem apoio dos meios 
de comunicação. O controle populacional é realizado de várias maneiras, indo 
da distribuição gratuita de anticoncepcionais até a esterilização em massa de 
populações pobres como Índia, Colômbia e Brasil.
Teoria Reformista (ou marxista) 
Seguidores do fi lósofo socialista Karl Marx, os teóricos desse pensamento 
afi rmam que a causa da superpopulação é o modo de produção capitalista, e 
que a sobrevivência do capitalismo, como sistema, exige um crescimento 
excessivo da população. Em outras palavras, ao contrário dos neomalthusianos, os 
reformistas consideram a miséria como a principal causa do acelerado crescimento 
populacional. Assim, defendem a necessidade de reformas socioeconômicas que 
permitam a melhoria do padrão de vida da população mais pobre. Essa teoria foi 
elaborada em resposta aos neomalthusianos e ela inverte a conclusão das duas 
teorias demográfi cas anteriores. 
de natalidade e de mortalidade. Atualmente, estão nessa fase os países desenvol-
vidos, a maior parte dos quais apresenta taxas de crescimento inferiores a 1% e 
até negativas,ou seja, países cujo crescimento vegetativo encontra-se estagnado.
Figura 1.2: Diferenças nas taxas de natalidade e mortalidade no decorrer do tempo caracterizando 
as fases de transição demográfi ca.
Os países que já chegaram na 3a fase correspondem basicamente aos desen-
volvidos. A maior parte da população mora em cidades, onde há acesso fácil a 
métodos anticoncepcionais, a mulher entra para o mercado de trabalho e o custo 
de criação dos fi lhos é alto pela necessidade de manter uma boa educação. Para 
preservar um bom padrão de vida, os casais escolhem ter um ou dois fi lhos. Com 
isso, a taxa de natalidade se reduziu intensamente nas últimas décadas.
Alguns países subdesenvolvidos, que já alcançaram um signifi cativo nível de 
industrialização e urbanização, caso do Brasil, Argentina, África do Sul etc., tam-
bém estão entrando na 3a fase de transição demográfi ca.
As teorias demográficas
Ao longo do tempo, o aumento da população mundial estimulou a 
formulação de teorias populacionais para tentar explicar como ocorria o 
crescimento populacional. Dentre as teorias, podemos citar a Teoria de Malthus, a 
Neomalthusiana e a Reformista, que serão vistas a seguir.
Teoria Malthusiana
Esta teoria foi criada por Thomas Malthus em 1798 (fi nal do século XVIII), 
quando ocorria um forte crescimento populacional na Europa (esta região 
estava na 2a fase da transição demográfi ca). Para o autor, em poucos anos, a 
produção de alimentos não seria sufi ciente para alimentar tantas pessoas. Assim, 
a população tenderia a crescer além dos limites de sua sobrevivência, e disso 
resultariam a fome e a miséria.
Ao lançar suas ideias, Malthus desconsiderou as possibilidades de aumento 
da produção agrícola com o avanço tecnológico. Ele não previu, também, os 
efeitos decorrentes da urbanização na evolução demográfi ca. Aos poucos, essa 
teoria foi caindo em descrédito e desmentida pela própria realidade.
10 :: GeoGrafia :: módulo 2
Sobre este assunto, vejamos o que diz a citação a seguir:
Portanto, é necessário estabelecer estas relações (população/
desenvolvimento/ recursos) com muito cuidado e sempre com uma ampla 
discussão desses conceitos, sob pena de reforçar o discurso neomalthusiano, 
já incorporado ao senso comum pela mídia, e privar os alunos dos diversos 
níveis de uma reflexão crítica e fundamental para definições de escolhas 
pessoais e coletivas.(João Rua)
Estrutura da população
Outros conceitos importantes no estudo da população são:
•	 Estrutura etária – quantidade de jovens (crianças e adoslecentes), adultos 
e idosos. É analisada por meio de “pirâmides etárias”, que são gráficos que 
caracterizam a população por faixa de idade e por sexo.
•	 Distribuição da população economicamente ativa (PEA) pelos setores 
econômicos – primário (atividades agropecuárias, extrativismos), secundário 
(atividades industriais) e terciário (atividades de comércio e serviços).
•	 Distribuição de renda – o que cada segmento da população recebe de salário.
A análise destes dados ajuda a entender e a prever problemas numa região 
ou país. Por exemplo, um país com grande número de jovens precisaria investir 
em educação, com o objetivo de preparar esta parte da população para o mercado 
de trabalho formal. No caso de um país com grande número de adultos, o governo 
deveria criar opções de trabalho por meio de estímulos às atividades econômicas.
Atualmente, vários países desenvolvidos vêm passando por um problema 
sério de envelhecimento da população. O aumento no número de idosos (que 
não trabalham mais) significa um grande gasto com a previdência social 
(aposentadorias) e com atendimento médico. Como o número de adultos que 
contribuem com a previdência social está diminuindo, os governos destes países 
têm que arcar com estes custos e/ou reformular o sistema de aposentadorias.
Figura 1.3: Pirâmide etária de Angola, considerando dados populacionais do ano de 2010.
Figura 1.4: Pirâmide etária da Austrália, considerando dados populacionais do ano de 2010.
Figura 1.5: Pirâmide etária do Japão, considerando dados populacionais do ano de 2010.
Atividade 2
Observe as pirâmides etárias de Angola, Austrália e Japão (Figuras 1.3, 1.4 e 
1.5). Com base na diferença de quantidade de pessoas por faixa etária, responda:
a. Que país deve ser considerado como jovem? Justifique.
Capítulo 1 :: 11
Coreia do Sul 5,7 41,1 53,2
Estados Unidos 2,3 22,0 75,6
Alemanha 1,4 31,7 67,0
Tabela 1.3: Distribuição da População Economicamente Ativa (PEA) por setores da economia. 
Fonte: L´état du munde, 1999.
As atividades de serviço e comércio, além de englobarem o setor formal da 
economia, contêm o setor informal, ou seja, o subemprego. Em praticamente 
todos os países do mundo, mas principalmente nos subdesenvolvidos, as atividades 
informais vêm crescendo devido a problemas econômicos (cria desemprego 
conjuntural), falta de investimentos no setor produtivo e avanço tecnológico (onde 
o homem é substituído pela máquina – desemprego estrutural). 
Em vários países subdesenvolvidos, este problema do trabalho sem carteira 
assinada e garantias trabalhistas vem atingindo também o setor industrial, 
especialmente de confecção de roupas, sapatos e outras mercadorias de pouco 
valor agregado. A “indústria” da pirataria (de CDs, vídeos, DVDs etc.) movimenta 
hoje milhões de dólares pelo mundo.
Por outro lado, o setor informal ajuda a movimentar o setor formal da 
economia. Os camelôs, flanelinhas, pedreiros, traficantes, catadores de lixo, 
biscateiros etc., usam seu dinheiro na compra de mercadorias e pagamento de 
serviços formais (banco, dentista, transporte em trem e/ou ônibus etc.).
Embora alguns tipos de trabalho estejam sumindo, outros estão aparecendo 
ou se tornando mais valorizados. É comum nas grandes cidades do mundo 
aparecerem trabalhos como “personal trainer” (profissional de educação física 
que dá aulas particulares), gastronomia e culinária, gestão de festas e eventos, 
paisagismo, estilista de moda, técnicos em informática, entre outras atividades. 
Antes, oficinas de carros realizavam consertos, mas hoje pode-se encontrar oficinas 
que instalam ar condicionado ou “kits” de gás, além de outras que transformam 
quase todo o carro com blindagens, para aumentar a segurança do veículo diante 
da violência das grandes cidades.
Mas a atual geração de novos ofícios necessita de uma formação educacional 
e técnica muito elevada do trabalhador. Por isso, os países que investem 
maciçamente na educação têm perspectivas melhores de superar o problema de 
desemprego da sua população.
:: Dinheiro no lixo!!! ::
No Brasil, uma forma de a população de baixa renda ganhar 
dinheiro atualmente é a coleta e reciclagem de lixo. Este é um novo 
tipo de emprego informal, mas que se relaciona com a economia 
formal, podendo gerar, inclusive, menor gasto com energia e 
menor impacto ambiental. Como?
A indústria de transformação de alumínio (um tipo de metalurgia) 
consome muita energia. O alumínio das latas usadas pode ser repro-
cessado e utilizado na fabricação de novas latas. Assim, a indústria 
metalúrgica não precisa manter uma produção alta (consumindo 
muita energia) e a quantidade de lixo nas cidades diminui.
Outro exemplo é a reciclagem de papel, diminuindo-se a 
necessidade de corte de árvores.
b. Que país deve investir na criação de novos empregos? Justifique.
c. Que país apresenta a maior expectativa de vida (pessoas que conseguem 
viver além dos 80 anos)? Justifique.
A população economicamente ativa de um país (PEA) corresponde aos trabalha-
dores formais. De maneira geral, a PEA engloba pessoas que trabalham com carteira 
de trabalho assinada, profissionais liberais (prestam serviços – médico, dentista, 
contador etc.), mas que contribuem para a arrecadação de impostos, além de pes-
soas desempregadas, desde que estejam procurando emprego na economia formal.
A PEA se distribui por setores econômicos:
•	 Setor primário – agricultura, pecuária, pesca, extrativismo;
•	 Setor secundário – indústria,onde ocorre a transformação dos produtos 
primários;
•	 Setor terciário – comércio e prestação de serviços (hospitais, bancos, 
escolas, transporte, turismo etc.)
A distribuição da PEA por setores econômicos de um país pode indicar o seu grau 
de desenvolvimento. Assim, quando a maior parte dos trabalhadores está no setor 
primário, significa que o país é subdesenvolvido e que não utiliza técnicas modernas 
de produção. A tabela 1.3 traz alguns exemplos dessa situação, como Angola e 
Bolívia. De modo inverso, a Alemanha e os Estados Unidos possuem muito poucas 
pessoas trabalhando neste setor. Isto acontece porque estes países empregam 
insumos agrícolas e sistemas de produção que não exigem mão de obra humana, ou 
seja, usam alta tecnologia para obter elevada produtividade neste setor.
A análise nos outros dois setores deve ser mais cuidadosa, pois não evidencia o 
tipo de indústria ou a qualidade do serviço. O valor da população economicamente 
ativa (PEA) do setor secundário (industrial) da Bolívia (17,5%) é bem próximo 
ao do Brasil (22,4%) e ao dos Estados Unidos (22%). No entanto, sabemos que 
o setor industrial deste último é muito mais avançado e diversificado, produzindo 
mercadorias de alta tecnologia e de ótima qualidade (indústrias eletrônicas, 
aeroespacial, entre outras).
O setor terciário dos países em desenvolvimento (também denominados eco-
nomias emergentes ou países semiperiféricos) e dos países desenvolvidos (países 
centrais) concentra a maior parte da PEA. Mas, novamente, deve ser analisado 
com cuidado, pois não expressa a qualidade dos serviços. Por exemplo, o setor de 
educação da Alemanha e dos Estados Unidos apresenta uma qualificação muito 
maior do que no Brasil.
País
População Economicamente Ativa (PEA) por Setores 
Econômicos (dados de 1997)
Primário (%) Secundário (%) Terciário (%)
Angola 73,3 8,3 18,4
Bolívia 43,1 17,5 39,4
Brasil 15,6 22,4 62,0
Austrália 4,9 22,5 72,7
12 :: GeoGrafia :: módulo 2
Atividade 3
Considerando a tabela 1.3, verifique se as afirmativas a seguir são falsas ou 
verdadeiras:
( ) O baixo percentual de PEA no setor secundário de Angola mostra que este 
país é muito pouco industrializado.
( ) O baixo valor da PEA no setor primário dos Estados Unidos indica que este 
país quase não produz mercadorias agropecuárias, como alimentos e carne.
( ) Na Austrália a maior parte das pessoas trabalha em atividades como turismo, 
bancos, comércio, administração pública etc.
( ) Boa parte da PEA da Coreia do Sul está trabalhando no setor secundário, 
caracterizado por indústrias bem diversificadas, desde indústrias de base até de 
eletrônicos.
( ) Na Bolívia o setor primário emprega a maior parte da PEA, indicando que a 
agropecuária e o extrativismo vegetal é altamente produtivo.
Observando a tabela 1.4, verifica-se que em alguns países a população tem 
uma renda per capita bem melhor do que em outros. 
Mas este é um dado que representa a realidade da população de um país? 
Todos os brasileiros recebem o equivalente a 12.594 dólares por ano? 
Este índice é calculado dividindo-se o valor de todas as riquezas do país pela 
quantidade de habitantes. Ele só representa uma média que permite comparar, de 
forma geral, um país com outro. 
País PIB per capita (em US$) (2011)
Paraguai 3.485
Brasil 12.594
Estados Unidos 47.882
Alemanha 43.865
Áustria 49.683
Tabela 1.4: Renda per capita calculada em dólares considerando o ano de 1999. Fonte: ONU/
Banco Mundial
A distribuição de renda em qualquer país não é igual para todas as classes 
sociais. Há trabalhos que são melhor remunerados do que outros, relacionando-se 
ao tipo de qualificação e nível educacional da pessoa, entre outras coisas. No 
entanto, nos países subdesenvolvidos existe claramente a concentração de renda 
nas mãos de poucas pessoas. Observe na figura 1.6, que no Paraguai e no Brasil 
a classe A (20% mais ricos da população) concentra mais de 60% de toda a renda 
do país, enquanto as demais classes possuem menos de 40% desta renda.
Nos Estados Unidos, na Alemanha e na Áustria existe um maior equilíbrio na 
distribuição da renda entre as classes. Considerando o exemplo da Alemanha, os 
20% mais ricos da população controlam em torno de 38% da renda nacional e as 
demais classes dividem mais de 60% da renda do país. 
0
10
20
30
40
50
Paraguai Brasil EUA Alemanha Áustria
%
20% mais pobres 10% mais ricos
0
20
40
60
80
100
Paraguai Brasil EUA Alemanha Áustria
%
Classe B Classe D Classe EClasse CClasse A
Figura 1.6: Distribuição da renda nacional por diferentes classes sociais. Classe A – 20% mais 
ricos; Classe E – 20% mais pobres; Classes B, C e D – classes intermediárias. Fonte: ONU/Banco 
Mundial, 2002.
A figura 1.7 demonstra melhor a desigualdade social dos países. A diferença 
de renda entre os 10% mais ricos e os 20% mais pobres é muito grande tanto no 
Paraguai quanto no Brasil. Por outro lado, na Áustria a renda dos 10% mais ricos 
é somente um pouco maior do que a dos 20% mais pobres do país.
0
10
20
30
40
50
Paraguai Brasil EUA Alemanha Áustria
%
20% mais pobres 10% mais ricos
0
20
40
60
80
100
Paraguai Brasil EUA Alemanha Áustria
%
Classe B Classe D Classe EClasse CClasse A
Figura 1.7: Distribuição da renda nacional considerando os 20% mais pobres e os 10% mais ricos 
da população. Fonte: ONU/Banco Mundial, 2002.
A distribuição de renda desigual num país está associada a vários fatores:
•	 Boa parte da população tem baixo nível educacional, não conseguindo 
empregos de melhor renda.
•	 Grande carga tributária, especialmente impostos indiretos (cobrado sobre 
as mercadorias), que acaba aumentando o custo de vida no país. Neste caso, uma 
família pobre paga o mesmo imposto que uma família rica quando compra um 
pacote de biscoito.
•	 Grande desemprego estrutural e conjuntural.
•	 Baixo investimento nos setores produtivos, que não cria novas 
oportunidades de empregos. 
A desigualdade social cria o problema da exclusão social. São pessoas que 
não conseguem ter acesso a meios de se qualificarem melhor, para a partir daí 
conseguirem ter melhor renda, educação, saúde e qualidade de vida (saneamento 
básico, casa própria, água potável etc.).
Os movimentos populacionais
Os movimentos populacionais são muito antigos na história da humanidade. 
Mas os autores são unânimes em afirmar que nunca foram tão intensos quanto nas 
últimas décadas do século passado (XX) e os a primeiros anos deste século (XXI). 
O deslocamento de pessoas entre diferentes regiões do mundo está relacionado a 
questões religiosas, naturais, guerras, problemas econômicos, entre outros fatores.
Atualmente, os principais motivos que provocam a migração de pessoas são de 
ordem econômica (pobreza, desemprego, concentração de renda, crises financeiras). 
Neste caso, os países subdesenvolvidos, especialmente os africanos, são áreas de re-
pulsão, enquanto os países desenvolvidos (Estados Unidos e países da Europa ociden-
tal – Inglaterra, Alemanha, Itália, França etc.) são áreas de atração de imigrantes.
Capítulo 1 :: 13
Há também países, que, mesmo sendo subdesenvolvidos, mas que 
regionalmente apresentam melhores condições econômicas, podem atrair 
imigrantes. Por exemplo, o Brasil atrai pessoas de outros países sul--americanos; 
os pequenos estados-nação produtores de petróleo da região do Golfo Pérsico 
recebem paquistaneses, indianos, iraquianos e filipinos. 
Os dados da ONU apontam que cerca de 190 milhões de pessoas vivem 
atualmente fora de seus países de origem. Elas vão em busca de trabalho e melhor 
remuneração, muitas vezes enviando parte da sua renda para os familiares que 
vivem na terra natal. Essas remessas são bastante significativas, principalmente 
considerando a economia de certos países pobres.
Alguns países, como Inglaterra, França e Alemanha, necessitam de 
imigrantes, pois a população destes países está envelhecendo rapidamente. A 
taxa de fecundidade não passa de 1,5 filhos por mulher, ou seja, as mulheres 
destespaíses praticamente só têm um filho. Segundo a ONU, se não fosse o 
grande número de migrantes, a Europa ocidental poderia apresentar redução de 
população absoluta. 
A baixa taxa de fecundidade, acompanhada pelo envelhecimento da 
população, diminui a disponibilidade de mão de obra para vários tipos de serviços. 
A migração compensa esta queda natural da mão de obra, principalmente em se 
tratando de atividades de baixa remuneração que a população nativa dos países 
desenvolvidos não querem exercer.
Atividade 4
Analise a afirmativa:
A Europa ocidental já foi, no passado, uma área importante de 
repulsão de migrantes, mas, de meados do século XX para cá, se tornou 
uma área de forte atração populacional.
O fenômeno da xenofobia
Os dicionários explicam o termo “xenofobia” como aversão a outras raças 
e culturas e, muitas vezes, pode ser compreendido como característica de um 
nacionalismo excessivo. Apresenta-se como um medo injustificado perante a 
estranhos ou estrangeiros. Esse medo chega a ser intensivo, descontrolado 
e desmedido em relação a pessoas ou grupos diferentes, com as quais nós 
habitualmente não entramos em contato. É bom esclarecer que, muitas pessoas 
confundem com “racismo” – este não passa de uma crença que diz que algumas 
raças são superiores sobre outras. 
Atividade 5
Leia o texto com atenção e prepare pelo menos duas perguntas ao seu 
professor: 
Na Europa, muitas pessoas estão chocadas com o avanço do 
neofascismo. A maioria não queria acreditar que partidos de extrema 
direita pudessem ter sucesso nos “democráticos” países industrializados 
europeus. Na Alemanha, onde especialmente o antissemitismo marcou a 
história, impera o silêncio diante do avanço da extrema-direita nos países 
vizinhos... É notável, também, que o fenômeno do neonazismo tem 
aumentado nas escolas. Ocorrem em paralelo a muitas demonstrações 
nazistas que já há bastante tempo vêm acontecendo, com ódio a 
imigrantes e resistência contra o governo alemão, manifestações 
contrárias de combate a um possível crescimento da xenofobia. Mas, 
também, entre o leste e o oeste da Alemanha, o “muro na cabeça” dos 
alemães ainda não caiu. Os salários mais baixos e o maior desemprego 
no leste demonstram que, após 12 anos, a unificação alemã ainda não 
foi alcançada. A divisa continua sendo publicamente reforçada através 
das constantes comparações e da rotulagem do leste como “os novos 
Estados” o que, de fato, confirma a existência de uma Alemanha no 
leste e outra no oeste... A crise da economia e do Estado de bem-estar 
social, associada às rápidas transformações tecnológicas, ocasionou um 
crescente desemprego e colocou a competitividade a qualquer custo como 
única alternativa de sobrevivência. Esta conjuntura gera insegurança, 
ressentimento e violência. Com o gradativo desmonte do Estado de bem-
estar social por parte dos governos social-democratas, os quais até agora se 
apresentaram como alternativa contra os partidos de direita, a população 
ficou desorientada, especialmente os desempregados, trabalhadores e 
jovens... É, por exemplo, mais fácil responsabilizar os estrangeiros pelo 
desemprego, pela criminalidade e pela insegurança, do que entender as 
complexas razões dos problemas. As soluções apresentadas são, então, 
também bem simples e conduzem à xenofobia, quando os estrangeiros são 
tratados como concorrência indesejada. Mas, a xenofobia expõe os países 
europeus a uma séria contradição econômica. Por causa do baixo índice 
de natalidade e da crescente expectativa de vida da população, existe a 
tendência de que a Europa venha a ser a sociedade mais idosa do mundo. 
(Antonio Inacio Andrioli - Revista Espaço Acadêmico Ano II, no 13, Junho 2002)
14 :: GeoGrafia :: módulo 2
Exercícios
1) A tabela a seguir mostra outros dados importantes sobre população. Analise os dados e responda às questões.
País
Crescimento 
demográfico 
(% ao ano)1
Expectativa de vida 
para homens 
(em anos)1
Expectativa de vida 
para mulheres 
(em anos)1 
Fecundidade 
(filhos por mulher)1 
População urbana 
(%) (2000)
Nigéria 2,61 52,0 52,2 5,42 44
Bolívia 2,15 61,9 65,3 3,92 63
Haiti 1,55 50,2 56,5 3,98 36
Índia 1,52 63,6 64,9 2,97 28
Brasil 1,60 64,3 72,3 2,15 81
China 0,71 69,1 73,5 1,80 32
Estados Unidos 0,89 74,6 80,4 1,93 77
Reino Unido 0,18 75,7 80,7 1,61 90
Japão 0,14 77,8 85,0 1,33 79
Alemanha -0,04 75,0 81,1 1,29 88
1 Estimativa para o período entre 2000 e 2005. Fonte: Banco Mundial (2000). 
a) Comente a diferença da taxa de crescimento demográfico dos diferentes países.
b) Relacione a expectativa de vida dos diferentes países às suas características socioeconômicas.
c) Justifique a taxa de fecundidade dos diferentes países com base na taxa de população urbana.
2) (UFRRJ/2005) Os dados abaixo demonstram as consequências da política 
demográfica adotada pela China nos últimos 30 anos. 
Mais homens que mulheres 
• 642,7 milhões de homens
• 616,2 milhões de mulheres 
Apresente os princípios básicos dessa política relacionando-a a situação retratada. 
3) (UFRRJ/2005, modificada)
A vida econômica nas aglomerações latino-americanas apresenta 
características peculiares. A modernização (...), que produziu esse processo 
de metropolização, introduziu atividades econômicas seletivas, com índice 
elevado de tecnologias que não exigem grande absorção de mão de obra. 
Ao lado desse setor, desenvolveu-se um conjunto enorme de atividades 
de menor porte econômico, que não dependem de avanços tecnológicos 
e oferecem um grande número de empregos ou ocupações. O geógrafo 
Milton Santos chamou esse fenômeno de circuito inferior da economia 
urbana (camelôs, biscateiros, pequenos prestadores de serviços). 
Adap. de OLIVA, J.;GIANSANTI, R. Temas da geografia Mundial. São Paulo: Atual,1996, p. 133. 
Sobre o fenômeno de “circuito inferior da economia urbana” é ERRADO afirmar que:
(A) é constituído por trabalhadores sem trabalho regular.
(B) Não há vínculo empregatício.
(C) as mulheres que trabalham neste setor têm direito à licença maternidade.
(D) não dá garantias trabalhistas estabelecidas em lei.
4) (UERJ/1998) No conjunto das regiões metropolitanas brasileiras, a do 
Rio de Janeiro vem se destacando nas últimas décadas por apresentar um dos 
mais baixos índices de incremento demográfico. A forte desaceleração de seu 
crescimento populacional se deve fundamentalmente à: 
(A) elevação da taxa de mortalidade, ligada ao aumento da violência na área 
metropolitana 
(B) redução da taxa de natalidade, promovida pela política municipal de 
planejamento familiar 
(C) elevação do fluxo migratório para a periferia metropolitana, preferida pela 
qualidade ambiental 
(D) redução da capacidade de atração de fluxos migratórios, relacionada à baixa 
oferta de empregos 
5) (UFF/1997) 
PARIS – Advogados de organizações humanitárias invadiram a 
Justiça francesa com uma série de apelos para evitar a expulsão dos 210 
imigrantes africanos que foram desalojados à força na sexta-feira da Igreja 
de S. Bernardo, em Paris, que ocuparam por 50 dias, 10 deles em greve 
de fome de protesto contra a política de imigração francesa.
Jornal do Brasil, 25/8/96 
O texto fala dos “sem documentos”, ilustrando uma forma típica de movimento 
Capítulo 1 :: 15
migratório internacional do final do século XX. Uma característica correta desse 
movimento é: 
(A) Mudança da direção das migrações, concentrando-se entre os “países 
desenvolvidos”. 
(B) Acentuação das migrações, dos “países desenvolvidos” para os “países 
subdesenvolvidos”. 
(C) Acentuação das migrações, dos “países subdesenvolvidos” para os “países 
desenvolvidos”.
(D) Reorientação da direção das migrações, que passam a ser predominantes no 
interior dos “países subdesenvolvidos”. 
(E) Indefinição dos fluxos migratórios, que tomaram direções aleatórias. 
6) (UFF/2000) 
África Subsaariana - Principais indicadores sociais
País Renda per capita (US$)
Expectativa 
de vida
Taxa de 
analfabetismo
África do Sul 3.040 65 anos 18,0%
Uganda 190 45 anos 50,0%
Angola430 46 anos 57,5%
Nigéria 280 56 anos 43,0%
Ruanda 80 46 anos 40,0%
República do 
Congo
650 48 anos 33,0%
Fonte: Banco Mundial, 1996
Considerando as informações do quadro e a realidade que as sociedades da África 
Subsaariana têm vivido, pode-se assegurar:
(A) O longo período das guerras de libertação colonial explica os péssimos 
indicadores de Uganda, Ruanda e Nigéria em termos da expectativa de vida e dos 
índices de analfabetismo da população.
(B) Embora a África do Sul apresente os melhores indicadores, ainda persistem, 
no país, fortes desigualdades sociais em função do “recorte racial” econômico, 
diferenciando as condições de vida entre a minoria branca e a maioria negra.
(C) Na África Subsaariana, a maioria dos países que se orientaram pelo modelo 
soviético de socialismo — a exemplo da República do Congo —conseguiram 
aliviar os mais sérios problemas socioeconômicos da região.
(D) A descolonização mais recente da Nigéria e as violentas guerras civis em 
Angola respondem pelos indicadores sociais que, inclusive, são os menos 
favoráveis de toda a África Subsaariana.
(E) A inserção subordinada do continente africano na globalização da economia 
obrigou os governos de Uganda e do Congo a concentrarem seus investimentos na 
extração e comercialização do petróleo, deixando de lado o bem-estar da população.
Complemente seus 
conhecimentos
Previsões da população mundial para a metade século XXI
Nelson Bacic Olic. Revista Pangea, 14/11/2005.
Nos dias que correm vêm ocorrendo e se cristalizando importantes 
mudanças na composição e na dinâmica da população mundial. Apesar 
de muitas dessas transformações terem se iniciado nas últimas décadas 
do século XX, pode-se afirmar que ao longo do século atual, a população 
do planeta será maior, crescerá em ritmo mais lento, será cada vez mais 
urbana e também mais idosa do que foi nos últimos 100 anos.
Assim como ninguém que tenha vivido até 1930 conseguiu presenciar a 
população mundial dobrar de tamanho, tudo indica que nenhum ser humano 
nascido após 2050 viverá tempo suficiente para testemunhar esse fenômeno 
novamente. Nunca é demais recordar que o ritmo máximo de crescimento da 
população mundial foi atingido por volta da segunda metade da década de 
1960 e se o total de seres humanos no planeta só atingiu seu primeiro bilhão 
no início do século XIX, atualmente esse número é incorporado à população 
mundial a cada 15 anos.
Segundo estimativas, em 2050, o planeta deverá abrigar um número 
pouco superior a 9 bilhões de habitantes, isto é, mais ou menos 2,5 bilhões 
de pessoas a mais do que possui atualmente. Esse aumento corresponde 
ao número de pessoas que o mundo possuía em 1950. Atualmente, a 
cada ano são incorporados à população do planeta, cerca de 75 milhões de 
seres humanos, isto é, um pouco menos da metade da população brasileira, 
ou cerca de quase duas vezes o contingente populacional da Argentina.
Todavia, a dinâmica do crescimento demográfico mundial é muito 
desigual. Estima-se que ao longo dos primeiros 50 anos do século XXI, 
a população de alguns países asiáticos, como o Afeganistão e um grande 
número de nações da porção subsaariana da África (como Libéria, Uganda, 
Burundi, Chade e Congo), assistirão seu contingente populacional triplicar. 
Deve-se recordar que estes países estão entre os mais pobres do mundo. 
Mesmo tendo taxas de mortalidade acima da média mundial, os países 
em questão têm apresentado taxas de natalidade persistentemente altas. 
Nesses países, em média, uma mulher tem o dobro de filhos do que as 
mulheres que vivem nas nações mais ricas.
Cerca de metade do incremento populacional que ocorrerá até 2050, 
terá como “responsáveis” nove países: Índia, Paquistão, Nigéria, República 
Democrática do Congo, Bangladesh, Uganda, Estados Unidos, Etiópia e 
China. A surpresa fica por conta da presença dos Estados Unidos nesta lista, 
fato explicado pelo alto número de imigrantes que o país deverá receber ao 
longo das próximas décadas.
Por outro lado, pelo menos 50 países, a maioria de alto nível 
econômico, como a Alemanha, o Japão e a Itália, provavelmente terão 
uma diminuição de sua população em termos absolutos. Outros países, 
embora com um padrão econômico inferior ao dos países citados, como é o 
caso da Rússia, também deverão ter sua população diminuída. O exemplo 
russo é emblemático, pois reflete a falência dos sistemas públicos de 
saúde e o incremento de mortes causadas por câncer, doenças cardíacas, 
alcoolismo, suicídios e homicídios, decorrentes da brutal queda do padrão 
de vida após o fim da União Soviética. 
O século XX foi o único da história em que o número de jovens foi maior 
que o de idosos. Até a metade do século passado, o contingente de crianças 
com idade inferior a 5 anos era maior que a de pessoas com mais de 60 
anos. Atualmente, cada um desses grupos etários corresponde a 10% da 
população mundial, mas daqui para frente, os idosos serão cada vez mais 
numerosos. Contudo, o envelhecimento da população não ocorre de forma 
semelhante em todos os países. Em 2050, nas regiões mais desenvolvidas 
16 :: GeoGrafia :: módulo 2
do mundo, uma em cada três pessoas terá mais de 60 anos, enquanto que 
nas áreas menos desenvolvidas elas serão cerca de 20% do total.
Mantendo as tendências demográficas observadas na atualidade, até 
2050 a quase totalidade do crescimento da população mundial acontecerá 
em áreas urbanas. Estima-se que por volta de 2007, o número de pessoas 
morando em cidades será superior ao contingente de pessoas do campo. 
As populações urbanas crescem mais rápido nos países pobres do que 
nos países mais ricos. Aproximadamente 60% do crescimento urbano nos 
países pobres será devido ao crescimento vegetativo ao qual será acrescido 
o êxodo rural, fenômeno que ocorrerá com maior intensidade no sul, 
sudeste e leste da Ásia e também na África Subsaariana.
As projeções que indicam bilhões de pessoas a mais nos países pobres, 
mais idosos no mundo, juntamente com a expectativa de um crescimento 
econômico mundial maior que o atual, levanta questões sobre o grau de 
sustentabilidade da população atual e futura.
A princípio, nosso planeta pode fornecer espaço e alimento para pelo 
menos três bilhões a mais de pessoas das que existem atualmente. O 
problema é que grande parte dos 6,5 bilhões de seres humanos que vivem 
atualmente na Terra, não se satisfaz apenas em ter o que comer.
Segundo organismos internacionais que estudam o problema, 
estabelecendo-se uma relação entre alimentos, energia e recursos naturais, 
na atualidade, os habitantes da Terra já estariam consumindo 42,5% além 
da capacidade de reposição da biosfera, déficit que tem aumentado cerca 
de 2,5% ao ano. Se todos os seres humanos passassem a consumir o 
que consome um europeu ou um norte-americano, seriam necessários três 
planetas como o nosso!
Capítulo 1 :: 17
2
A população brasileira
:: Objetivo ::
• Apresentar as características da população brasileira quanto à diversidade racial, dinâmica de 
crescimento demográfico, faixa etária, renda e mobilidade espacial.
0 400K
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
Trópico de capricórnio
Reservada/Homologada
Áreas ocupadas e demarcadas, aprovadas pelo 
Presidente da República e com publicação no 
Diário Oficial da União
Delimitada
Área declarada juridicamente de posse permanente 
dos indígenas
Identificada
Área que já possui estudo realizado pela Funai e 
publicado em decreto federal
A identificar/Em identificação
Áreas reconhecidas pela existência de indígenas, 
mas não aprovadas pela Funai
Situação jurídica das terras indígenas
Kadiwéu
Xucuru
Tapeba
Ava-canoeiro
Parque do
Araguaia
Araribóia
Alto turiaçu
Menkragnoti
Parque do Xingu
Baú
Uru-eu-wau-wau
Mamoadate
Vale do 
Javari
Waiãpi
Rio paru
D’este
Nhamundá mapuera
Raposa serra do sol
Ianomâmi
Alto
Rio negro
Parque do
Tumucumaque
Rio biá
Mundurucu
Aripuanã
Caiapó
Waimiri-
Atroari
m
Figura 2.1: Terras indígenas. Fonte: Ferreira, Graça M. L. Atlas Geográfico. Espaço mundial,p.14. (adaptada)
brasileira atual, por outro, a sofrer um extermínio, a enfrentar conflitos diversos 
(garimpeiros, fazendeiros, industriais, posseiros e grileiros) e a sofrer preconceitos 
por parte da sociedade brasileira.
Antes da colonização do Brasil (século XVI), a população indígena era 
estimada entre dois a cinco milhões de índios pertencentes a várias nações cujos 
grupos linguísticos (Tupi, Jê, Aruaque, Caraíba, Pano, dentre outros) estavam 
presentes em todo o território nacional, com predomínio dos grupos Jê e Tupi-
Guarani. 
Ao final do século XXI, no ano de 2010, o Censo do IBGE apontou uma 
população indígena de aproximadamente 818 mil indivíduos, concentrados nas 
regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. A ausência da noção de propriedade 
privada da terra, ou seja, a apropriação simbólica da terra pelos indígenas (a terra 
é um bem coletivo), a concepção da natureza como fonte de vida (produção de 
valor de uso), que por sua vez não provoca a geração de produção de excedentes 
para a comercialização (produção de valor de troca), dentre outros, são aspectos 
importantes que devem ser considerados na análise que se faz sobre a situação 
atual das populações indígenas. 
A distribuição geográfica atual das terras indígenas* demonstra que as 
mais extensas estão localizadas em áreas de menor densidade demográfica do 
território nacional como é o caso da região Norte do país (figura 2.1). Nesta 
região brasileira encontram-se as reservas Vale do Javari, perto da fronteira 
com o Peru, Alto Rio Negro, perto da fronteira com a Colômbia, e Ianomâmi, 
perto da fronteira com a Venezuela – todas com grandes dimensões e em áreas 
fronteiriças. Nesta faixa da fronteira há sérios problemas de tráfico de drogas e 
de armas, movimentos guerrilheiros de outros países, tráfico de animais silvestres 
e dificuldade de monitoramento de outras atividades ilegais, como biopirataria, 
desmatamento etc. 
20 :: GeoGrafia :: módulo 2
Há quem elabore um raciocínio simplista e pérfido de hectares por 
índios viventes em reservas, comparando o seu pedaço percentual de terras 
com a parcela que caberia a cada brasileiro caso se dividisse o território 
total do Brasil pela população total do país, sem levar em conta que a maior 
parte das terras rurais estão nas mãos de poucos privilegiados brasileiros e 
que mais de 70% da nossa população encontram-se em cidades de todos 
os portes...A ideia vitoriosa das reservas indígenas destina-se à proteção 
de comunidades herdeiras da pré-história, vivendo uma proto-história 
incômoda, devido aos assédios de grupos humanos rústicos, empurrados 
por capitalistas vorazes para dentro da territorialidade indígena.
Ab’Saber, Aziz Nacib. A Amazônia: do discurso à praxis.
Os povos formadores do 
Brasil: os que aqui estavam e 
os que aqui chegaram
Os indígenas, o branco e o negro africano são os três tipos étnicos formadores 
da população brasileira e, mais recentemente, os asiáticos, representados pelos 
japoneses, chineses e coreanos. A miscigenação dessas etnias vêm contribuindo 
para a formação de diversos outros grupos, denominados de mestiços, dentre os 
quais destacam-se o mulato (branco e negro), os mamelucos, caboclo, caiçara, 
caipira, capiau (índio e branco), o cafuzo (índio e negro) e o ainocô (amarelo e 
outras etnias). Mas, é o Brasil indígena que antecede o Brasil europeu (lusitano), 
africano e o Brasil contemporâneo, conforme veremos a seguir. 
As populações indígenas foram, por um lado, as primeiras a habitar o 
território brasileiro e a participar consideravelmente da formação da população 
*Segundo o IBGE (2000), “as terras indígenas correspondem ao 
espaço físico reconhecido oficialmente pela União como sendo de 
posse permanente de grupos tribais que a ocupam. Tal ocupação se dá 
com o intuito de preservar o habitat e garantir a sobrevivência físico-
cultural dos grupos indígenas, reproduzindo, dessa forma, condições 
para a continuidade econômica e sociocultural da comunidade”.
O grande número de reservas indígenas na região Norte pode ser explicado 
pela ocupação intensa do litoral desde a Colônia, o que resultou no extermínio 
das populações nativas dessas regiões que não submeteram-se à lógica produtiva 
imposta pelos colonizadores. Por isso, as regiões Norte e a porção setentrional 
da região Centro-Oeste (áreas de ocupação mais recente )concentram o maior 
percentual de povos nativos pois sofreram menos o impacto dos sucessivos ciclos 
econômicos ao longo dos séculos. Somente em meados do século XX, após a 
implantação da ditadura civil-militar em 1964, é que os estados do Norte passaram 
a ter uma inserção mais efetiva na economia nacional (política de integração 
nacional – governos militares), com a tomada de iniciativas e incentivos vários 
(construção de rodovias, exploração agropecuária e mineral, construção de 
hidrelétricas). A partir daí, agravaram-se os conflitos entre os indígenas e os 
garimpeiros, posseiros, grileiros, fazendeiros, empresas agropecuárias ou 
mineradoras.
O branco que participou da formação da população brasileira é originário de 
vários grupos étnicos, tanto europeus como asiáticos e africanos. Os imigrantes 
europeus dividem-se em três grupos, segundo a origem: os atlanto-mediterrâneos, 
dos quais descendem a maior parte da população brasileira (representada pelos 
portugueses, italianos, espanhóis e franceses), os germanos ou teutões (alemães, 
austríacos, neerlandeses ou holandeses, suíços, ingleses e escandinavos) os 
eslavos (russos, poloneses, tchecos, eslovacos e iugoslavos). Os imigrantes 
asiáticos são representados pelos sírio-libaneses e os judeus e os imigrantes 
africanos pelos egípcios.
Destes, o destaque é para os imigrantes portugueses cuja história se 
confunde com a própria história do Brasil. São considerados como os que iniciaram 
a neopopulação brasileira por meio da miscigenação com os índios e os negros 
africanos, uma vez que, durante três séculos, eram os únicos que podiam entrar 
livremente no Brasil.
O negro foi trazido da África para o Brasil na condição de escravo e participou 
das principais atividades econômicas como a da agroindústria da cana-de-açúcar 
iniciada no século XVI (Nordeste e Recôncavo Baiano), a lavoura do algodão nos 
séculos XVII e XVIII (Maranhão), a mineração nos séculos XVII e XVIII (Planalto 
Central e em Minas Gerais), a lavoura da cana-de-açúcar no século XIX (Rio de 
Janeiro) e a cultura cafeeira, também no século XIX (Espírito Santo, Rio de Janeiro 
e São Paulo). Assim como os indígenas (ou até mais do que eles), os negros 
foram submetidos a brutais condições de existência e, nos dias atuais, grande 
parte da população negra sofre discriminação e preconceito. 
Os asiáticos aportaram no Brasil no início do século XX para trabalhar nas 
lavouras de café no interior do estado de São Paulo. Eram colonos japoneses 
que também, como outros colonos das demais nacionalidades, sofreram por 
escravidão e por dificuldades de adaptação e integração cultural. Destacam-se 
ainda os coreanos e os chineses que, assim como os japoneses, se fixaram nos 
estados de São Paulo e Paraná, principalmente.
A imigração e a 
emigração no Brasil
Os movimentos migratórios, em geral, se caracterizam por populações de 
baixa renda, em que a condição de pobreza e miséria prevalece, podendo ser 
expressa pelas precárias condições das moradias que se instalam. Historicamente, 
as possibilidades de sucesso para as populações de migrantes estão muito 
relacionadas com as disponibilidades de recursos para a ocupação de novos 
territórios. Quando os recursos foram abundantes, os imigrantes encontraram 
pouca resistência, se fixaram e, em muitos casos, alcançaram ascensão social. As 
populações de imigrantes, num primeiro momento, lutam para não perderem sua 
identidade, procuram manter as lembranças e as tradições dos lugares de origem 
e, num segundo momento, lutam para garantir seus privilégios como pioneiros.
Sobre a imigração brasileira, esta pode ser compreendida em trêsfases: a 
primeira de 1808 (abertura dos portos do Brasil às nações amigas) ao ano de 
1850 (proibição do tráfico de escravos), a segunda de 1850 ao ano de 1930 
(queda da bolsa de Nova Iorque) e a terceira, de 1930 até os dias atuais. Analise 
as principais características de cada fase:
•	 1808-1850: a primeira fase foi marcada por um pequeno fluxo imigrató-
rio, explicado pelas facilidades de obtenção de mão de obra escravizada; instabi-
lidade política do período da Regência; Guerra dos Farrapos que se prolongara e 
existência da escravidão no Brasil que fazia com que os imigrantes temessem ser 
tratados como os escravos. Neste período, 1.500 famílias açorianas foram para o 
Rio Grande do Sul, 100 famílias suíças para o Rio de Janeiro (hoje Nova Friburgo), 
inúmeras famílias alemãs se dirigiram para o Rio Grande do Sul, Paraná, Santa 
Catarina e São Paulo, e 140 prussianos vieram para Pernambuco. 
•	 1850-1930: a segunda fase caracterizou-se por ser o período de maior 
entrada de imigrantes no Brasil, favorecido pelo desenvolvimento da cafeicultura 
(que exigiu numerosa mão de obra), pela proibição do tráfico de escravos (Lei 
Euzébio de Queirós), pela disposição do fazendeiro de café que facilitava a vinda 
do imigrante, cobrindo-lhe as despesas no primeiro ano, além de fornecer uma 
parcela de terra (para cultivo de produtos de primeira necessidade), pelo paga-
mento de gastos com o transporte do próprio imigrante (até o ano de 1889), 
pela abolição da escravatura e pelo desemprego na Itália (tanto no setor industrial 
como no agrícola) à época da unificação política do país. 
•	 1930- dias atuais: a terceira fase caracterizou-se pela queda acentuada do 
fluxo migratório, com exceção das décadas de 1950 e 1970. Foi no início da década 
de 1950 que o Brasil recebeu muitos imigrantes europeus, todos em busca de novas 
oportunidades (pois estavam arrasados pela guerra) e, por outro lado, se sentiram 
atraídos pelas condições favoráveis da indústria brasileira na época da construção de 
Brasília, que precisou de um enorme contingente populacional. Já a década de 1970 
(época do chamado “milagre brasileiro”) atraiu famílias, investimentos e mão de 
obra estrangeiros (principalmente chilenos, argentinos e uruguaios). 
Capítulo 2 :: 21
Igreja). Essa data é considerada como marco para os estudos geográficos da 
população brasileira, quando se teve o controle dos registros de nascimentos, 
mortes e casamentos.
Alguns recenseamentos foram realizados de maneira muito irregular até a 
criação do IBGE em 1938 e, a partir de 1940, é que são realizados com uma 
certa periodicidade. Observe a tabela a seguir, com dados até o censo de 2010 
(tabela 2.1):
Ano População
1872 9.930478
1890 14.333915
1900 17.438434
1920 30.635605
1940 41.236315
1950 51.944397
1960 70.119071
1970 93.139037
1980 119.070865
1991 146.155000
2010 190.732.694
Tabela 2.1: Evolução da População Brasileira. Fonte: IBGE, Anuário Estatístico, 2010 (dados 
preliminares de 1991)
O período de 1940 – 1960 é considerado pelos autores como aquele em 
que a população brasileira sofreu uma certa aceleração demográfica ou mesmo 
explosão demográfica, acompanhando o fenômeno que ocorreu em todo o mundo, 
principalmente nos “países subdesenvolvidos”. A explicação para tal deve-se à 
persistência de elevadas taxas de natalidade e à redução de taxas de mortalidade, 
relacionadas, principalmente, à revolução da tecnologia bioquímica (progresso 
da medicina no campo da terapêutica, com a descoberta dos antibióticos e de 
quimioterápicos e pela melhoria das condições sanitárias). 
Neste período, a taxa de fecundidade (relação entre o número de crianças 
com menos de 5 anos de idade e o número de mulheres em idade reprodutiva – 
15 e 49 anos) situava-se em torno de 6,0, ou seja, elevada se comparada ao dos 
países desenvolvidos que era em torno de 2,5. Os casamentos ou uniões livres em 
idade precoce também contribuíram para o crescimento populacional (os métodos 
contraceptivos ainda não se encontravam tão disseminados e a população em 
geral não tinha acesso a eles).
Existe, portanto, uma relação estreita entre “desenvolvimento econômico e 
taxa de fecundidade e de natalidade”. Os países “desenvolvidos” apresentam 
baixa taxa de fecundidade e de natalidade, acrescidos do alto nível educacional e 
da presença da mulher no mercado de trabalho. Já nos países “subdesenvolvidos” 
ocorre o inverso.
Mas foi a partir da década de 1960 que ocorreu uma desaceleração 
demográfica e iniciou-se uma transição demográfica. O Brasil registrou uma 
diminuição significativa da taxa de crescimento vegetativo, quando a urbanização 
acelerada fez com que a taxa de natalidade passasse a cair de forma mais 
acentuada que a taxa de mortalidade. Entre as décadas de 1960 e 1970, a 
taxa era de 2,76%, entre 1970 e 1980 de 2,48% e entre 1980 e 1991 de 
Por outro lado, é bom reforçar que vários foram os motivos que frearam a 
imigração nesse mesmo período: as revoluções de 1930 e 1932 que geraram 
instabilidade política, a Lei de Cotas de Imigração (Constituição de 1934 e 1937 
que restringiam o número de imigrantes), a determinação de que 80% dos 
imigrantes deveriam ser agricultores, a Segunda Grande Guerra (1939-1945), 
o desenvolvimento econômico de vários países europeus, que reorientou o fluxo 
migratório, o Golpe de Estado de 1964 e o grande endividamento externo com 
reflexos na economia interna (desemprego, inflação alta, diminuição do ritmo da 
atividade econômica). 
Já na década de 1980, o Brasil tornou-se um país de emigração, basica-
mente por ter enfrentado uma grave crise econômica. Esta gerou desemprego, 
fez com que houvesse uma perda sistemática do valor real do salário e elevou os 
índices de inflação (queda do crescimento do PIB e da atividade econômica). Em 
sua maioria, os que deixavam o país eram descendentes de japoneses (cerca de 
150.000, com o objetivo de juntar dinheiro no Japão e retornar com o seu próprio 
negócio). Nas décadas de 1980 e 1990, estima-se que cerca de 330.000 bra-
sileiros buscaram nos EUA (Miami, Nova York e Boston) uma nova oportunidade 
de vida, cuja expectativa maior é conseguir maiores salários e guardar dinheiro 
para investimentos. 
Cabe destacar, ainda, aqueles brasileiros que emigraram para o Paraguai 
(“brasiguaios”) compreendendo sem-terra ou agricultores de posse atraídos por 
terras mais baratas para cultivo, sendo que muitos deles voltaram ao Brasil mais 
tarde; para o Uruguai, motivados pelos preços das terras mais baixos e pela 
implantação do Mercosul e para a Bolívia, fazendeiros de soja à procura de solos 
férteis e motivados pela doação de terras por parte do governo.
Cerca de 600.000 brasileiros deixaram o país no decorrer das décadas de 
1980 e 1990, dentre eles cientistas, pesquisadores e professores que emigraram 
devido às precárias condições de trabalho e, hoje, o Brasil se tornou um país onde 
o fluxo migratório é negativo, ou seja, o total de emigrantes é maior que o número 
de pessoas que ingressam no país. Muitos brasileiros têm se transferido para os 
Estados Unidos, Japão e Europa, sempre em busca de melhor qualidade de vida, 
lembrando que os salários médios do Brasil estão entre os mais baixos do mundo.
O crescimento natural da 
população brasileira
Vamos relembrar como a população brasileira se comportou em relação ao 
seu crescimento natural. Vocês se lembram da definição de crescimento vegetativo 
ou natural? Pois é, o crescimento natural ou vegetativo corresponde à diferença 
entre as taxas de natalidade e de mortalidade. Para calcularmos essas taxas é 
essencial que os números (absoluto e relativo da população – nascimento e 
morte) estejam disponíveis e, para tal, que o recenseamento tenha sido realizado. 
Para o crescimento vegetativo aumentar, é necessário que a taxa de 
mortalidade seja menor que a de natalidade e, para o crescimento vegetativo 
diminuir, é necessário que a queda da natalidade seja mais acentuada que a de 
mortalidade.
Pois bem, no Brasil, somente apartir do ano de 1889 é que o Estado 
implantou o registro civil obrigatório, até então sob o controle da Igreja (época 
em que houve a consolidação da República e a separação entre o Estado e a 
22 :: GeooGrafia :: módulo 2
1,89%, estando esse decréscimo, segundo a maioria dos autores, relacionado 
com a redução da taxa de fecundidade da população brasileira. Paralelamente, 
houve uma redução da taxa de mortalidade infantil devido aos melhores acessos 
aos centros de puericultura (especialidade que acompanha o desenvolvimento da 
criança) nas cidades.
Convencionou-se, então, definir o processo de transição demográfica por 
meio de etapas de comportamento demográfico. Acompanhe na tabela 2.2.
Fases Taxas Características
Pré-transicional Mortalidade alta
Natalidade alta
= Crescimento 
Vegetativo regular
Até 1940 as condições 
sanitárias eram péssimas 
ocasionando epidemias de peste 
bubônica, febre amarela, varíola 
e cólera. Falta de acesso à água 
potável. Famílias numerosas 
onde os filhos também eram 
mão de obra mantinham a 
natalidade alta.
Primeira fase da 
transição
Mortalidade baixa
Natalidade alta
= Crescimento 
Vegetativo alto
Avanços na medicina e nas 
condições sanitárias diminuem a 
mortalidade, principalmente nas 
cidades. Entre 1940 e 1960, 
a natalidade se manteve alta 
provocando um “boom” no 
crescimento demográfico.
Segunda fase da 
transição
Mortalidade baixa
Natalidade diminui
= Crescimento 
Vegetativo diminui
A natalidade começa a diminuir, 
pois a partir da década de 
1960 a população começa a 
se concentrar em cidades, onde 
criar os filhos (alimentação e 
educação) se torna caro. Mulher 
entra no mercado de trabalho 
e opta por usar métodos 
anticonceptivos.
Transição em 
conclusão
Mortalidade baixa
Natalidade baixa
= Crescimento 
Vegetativo baixo
Em poucos anos a taxa de 
natalidade brasileira se reduziu 
intensamente, apesar de não 
implantar políticas antinatilistas 
agressivas, como China e 
Índia. A taxa de fecundidade 
em 1970 era de 5,8 filhos por 
mulher e, em 2006, reduziu 
para 2 filhos.
Tabela 2.2: Características da transição demográfica no Brasil.
Cabe lembrar que a política demográfica brasileira passou de 
natalista a antinatalista. Até os anos de 1970 era totalmente 
populacionista ou natalista. Nessa época, a ênfase dada era 
no sentido de povoar o território, alegando a necessidade de 
segurança nacional e o aproveitamento dos recursos naturais. Em 
meados dessa década, adotou-se uma política neomalthusiana que 
procurava justificar a pobreza, a miséria e o atraso econômico 
dos países ditos subdesenvolvidos, como sendo o resultado da 
elevada natalidade e não da distribuição socialmente desigual 
de renda. Um bom exemplo dessa política é a ação da BEMFAM 
(Sociedade Brasileira do Bem-Estar da Família), instituição que já 
vinha operando no Brasil, subsidiada por fundações estrangeiras 
(Ford, Rockfeler e Banco Mundial) e que passou a atuar mais 
intensamente , instituindo assim uma política antinatalista. 
Segundo o IBGE, no século XX o Brasil entrou, no estágio de transição 
demográfica avançada, quando a taxa de natalidade é inferior a 20% e a de 
fecundidade deverá declinar ainda mais (tabela 2.3). 
Taxa de fecundidade (nº de filhos por mulher)
Regiões 1980 1991 2000 2006
Brasil 4,4 2,9 2,4 2,0
Norte 6,5 4,2 3,2 2,5
Nordeste 6,1 3,8 2,7 2,2
Sudeste 3,5 2,4 2,1 1,8
Sul 3,6 2,5 2,2 1,9
Centro-Oeste 4,5 2,7 2,3 2,0
Tabela 2.3: As Regiões Brasileiras segundo as taxas de fecundidade (1980 – 2006). Fonte: 
IBGE, Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil, 2009.
Embora a população brasileira tenha reduzido o número de filhos, de acordo 
com o IBGE, as médias de filhos variam com o grau de escolaridade da mulher. A 
análise dos dados da tabela 2.4 nos revela que o Brasil não apresenta um único 
perfil de família. A redução do número de filhos se dá nas camadas com maior 
escolaridade, enquanto nas camadas mais populares o número de filhos ainda é 
significativo, comprovando as ideias da teoria reformista (veja quadro no final deste 
capítulo). Assim, o país apresenta índices populacionais de países centrais como 
França, Suécia, Alemanha e de países periféricos como Angola, Paquistão ou Nigéria.
Fecundidade da Mulher segundo seu Grau de Escolaridade
Anos de Estudo Até 3 anos De 4 a 7 anos 8 anos ou mais
Média Brasil 4,0 filhos 3,1 filhos 1,5 filhos
Tabela 2.4: Taxa de fecundidade da mulher brasileira de acordo com o grau de escolaridade. 
Fonte:IBGE
Capítulo 2 :: 23
Contudo, a queda no crescimento da população brasileira observada nos 
últimos trinta anos não interferiu no desempenho da economia, principalmente em 
relação ao desenvolvimento e à distribuição de renda. É o que veremos a seguir. 
A estrutura da população: 
faixas etárias e distribuição 
de renda 
Vocês devem estar acostumados a estudar os componentes da população 
por idade e por sexos sem, contudo, dar maior importância para os dados e as 
representações na forma de pirâmides. 
Segundo Melhem Adas “o total absoluto da população de um país, região 
ou um município não tem grande significado se não estiver relacionado a outros 
dados populacionais e estes, por sua vez, a dados de economia, saúde, educação, 
habitação, transportes, produção agrícola, dentre outros”. Destacam-se, contudo, 
os dados sobre a composição da população por idades e sexos. 
Sua relevância constitui-se na possibilidade de interpretação da situação de 
uma dada população em relação ao planejamento socioeconômico, podendo, dessa 
maneira, compreender: quantos empregos podem ser criados anualmente para 
absorver o contingente populacional que entra todos os anos no mercado de trabalho; 
quantas vagas escolares ou quantos leitos hospitalares são necessários para atender 
a demanda populacional; qual é o investimento necessário que deve ser feito para 
atender às demandas de infraestrutura sanitária, dentre outras questões.
A composição por idades e por sexo de uma população pode ser melhor 
compreendida por meio de gráficos que relacionem a quantidade de habitantes 
de um dado país, estado, região ou município, segundo a sua constituição por 
idade e por sexo. 
Essa representação gráfica é o que denominamos de pirâmide etária, que pode 
ser interpretada a partir de suas três partes: a base (porção inferior) que representa 
a população jovem (0-14 anos ou 19 anos); o corpo (porção intermediária) que 
representa a população adulta (de 15 a 59 anos ou de 20 a 59 anos) e o topo 
(porção superior) que representa a população idosa (60 anos ou mais). 
Observe a figura 2.2 que se segue: ela mostra as pirâmides etárias do Brasil 
nos anos de 1980 a 2010, segundo os dados de recenseamentos e estimativas 
do IBGE. Vamos acompanhar o comportamento da população brasileira, segundo 
o perfil que cada pirâmide apresenta, e tentar compreender o significado das 
mudanças mostradas por elas. Essas mudanças são resultado de alterações na 
dinâmica demográfica brasileira nos últimos vinte anos (conforme visto nesse 
capítulo), onde destacam-se: o declínio das taxas de natalidade, fecundidade e 
mortalidade geral, o aumento da população idosa no conjunto da população e a 
tendência para o ano de 2010 do Brasil atingir um perfil de “país desenvolvido”, 
que é aquele país no estágio de transição demográfica concluída.
Figura 2.2: Pirâmides Etárias do Brasil – anos de 1980, 1991, 2000, 2010 (recenseamento e projeção do IBGE).
24 :: GeoGrafia :: módulo 2
Atividade 1
Seguindo o modelo de interpretação da pirâmide 1, faça o mesmo para as 
outras quatro pirâmides.
Pirâmide 1 – ano de 1980: 
•	 base larga e topo estreito;
•	 a população de mulheres supera um pouco a população de homens;
•	 a população de idosos é pequena;
•	 características de país que possui taxas de natalidade, mortalidade, 
fecundidade e expectativa de vida elevadas;
•	 características de país que apresenta elevado crescimento populacional;
•	 perfil típico de comportamento demográfico de país “subdesenvolvido”;
•perfil típico que apresenta estágio de transição demográfica inicial.
Pirâmide 2 – ano de 1990: 
Pirâmide 3 – ano de 2000: 
Pirâmide 4 – ano de 2010: 
Conforme pudemos acompanhar, no Brasil, a pirâmide de idades vem 
apresentando uma significativa redução de volume na base, onde estão os jovens, 
e um aumento da participação percentual de pessoas adultas e idosas. Apresenta 
ainda a mesma dinâmica global em relação à distribuição da população por sexo, 
onde nascem cerca de 106 homens para cada 100 mulheres, sendo a taxa de 
mortalidade masculina maior e a expectativa de vida menor. Dessa maneira, 
embora nasçam mais homens que mulheres, é comum as pirâmides apresentarem 
uma quantidade ligeiramente superior de população feminina, já que as mulheres 
vivem mais.
O envelhecimento da população brasileira, evidenciado pelo aumento 
do volume nas faixas etárias mais elevadas (acima de 60 anos), provoca um 
grande desequilíbrio nas contas da previdência social. Ao longo da vida produtiva 
(formal), um trabalhador contribui para a previdência social na perspectiva de 
receber um salário após se aposentar. No entanto, o tempo de contribuição tem 
sido menor que o tempo de vida deste trabalhador (aposentado). Além disso, há 
pessoas que não contribuíram realmente para a previdência mas recebem pensão 
e outros benefícios (pensão a viúvas, aposentadoria por invalidez, auxílio doença, 
auxílio desemprego etc.). Esta situação vem causando um grande déficit nas 
contas previdenciárias, obrigando o governo a desviar verba de outras atividades. 
Agora vamos passar aos estudos relacionados à distribuição de renda, ou 
seja, as atividades econômicas ou setores econômicos. Vocês se lembram quais 
são os setores de produção de um país? São os setores primário, secundário e 
terciário. É possível estudar a distribuição da população economicamente ativa 
(PEA) segundo as atividades econômicas, que acaba fornecendo elementos ou um 
quadro de referência para a avaliação da economia. Entende-se por PEA as pessoas 
que trabalham em atividades remuneradas e podem estar ocupadas (que têm 
trabalho) ou não (sem trabalho, mas que procuram por trabalho).
Em 2001, segundo o IBGE, o Brasil tinha 81.175.749 pessoas economi-
camente ativas. Desse total, 90,3% estavam ocupadas e apenas 9,7% desocu-
padas. As transformações de uma economia alteram a distribuição da população 
economicamente ativa pelos setores de produção. Dentre os fatores que alteraram 
a estrutura da população, segundo os setores de produção, podemos destacar a in-
dustrialização, a urbanização e a modernização do setor primário e, pensando no 
Brasil, podemos incluir a estrutura fundiária injusta na contramão da democracia.
A cada ano, no Brasil, precisa ser criado aproximadamente 1 milhão de 
novos empregos para atender à necessidade. Em 2001, o setor primário absorveu 
20,6% da mão de obra, o setor secundário 22,9% e o setor terciário 56,5% do 
total da população economicamente ativa. Observe o gráfico que se segue (figura 
2.3) e analise o comportamento e a distribuição da população economicamente 
ativa por setores de produção por ano, desde 1940. 
0
20
40
60
80
1940 1950 1960 1970 1980 1990 2001
Anos
%
Primário Secundário Terciário
Figura 2.3: Distribuição percentual (%) da População Economicamente Ativa (PEA) por setores da 
economia no Brasil. Fonte: IBGE.
A partir do gráfico, podemos notar principalmente:
•	 o declínio do setor primário (70,2% em 1940; 20,6% em 2001): o 
Brasil deixa de ser predominantemente um país de economia rural, além da 
concentração fundiária, houve mecanização das atividades agrícolas;
•	 uma queda do setor secundário (25% em 1980; 22,9% em 2001): pode 
ser explicada pela crise no setor, pela racionalização no trabalho (automação), 
levando à dispensa de mão de obra, e pelo aumento da importação de produtos 
industrializados de outros países.
O elevado percentual de participação do setor terciário (serviços, comércio 
e administração pública) na população economicamente ativa está relacionado 
a vários fatores:
•	 uma parte das atividades deste setor não exige grande qualificação 
(porteiro, faxineiro, pedreiro etc.), facilitando a absorção da população rural (que 
saiu do setor primário) e das pessoas com baixa escolaridade;
•	 este setor absorveu mão de obra que veio do setor secundário, já que as 
atividades industriais foram, aos poucos, sendo automatizadas;
•	 crescimento da economia informal, onde os trabalhadores não têm carteira 
assinada e há várias atividades não legalizadas, como por exemplo transporte 
alternativo (em vans), comércio ambulante (camelôs), flanelinhas etc.
Capítulo 2 :: 25
RENDA MÉDIA MENSAL (em R$) – ANO BASE 2005
Brasil e 
regiões
40% mais pobres 10% mais ricos
Total Homem Mulher Total Homem Mulher
Brasil 226 255 196 3.579 4.067 2.769
Norte* 230 256 196 2.627 2.875 2.166
Nordeste 129 148 101 2.299 2.510 1.933
Sudeste 285 336 235 4.060 4.687 3.077
Sul 289 335 243 3.734 4.349 2.682
Centro-
Oeste
268 311 224 4.302 4.846 3.440
Tabela 2.6: Diferença da renda média mensal (em R$) entre as regiões brasileiras, entre os 40% 
da população brasileira mais pobres e os 10% mais ricos e entre homem e mulher. Fonte: IBGE, 
Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD), 2005. * Não inclui a população rural dos 
estados do Norte.
Atividade 2
Com base nos dados apresentados na tabela 2.6, analise as diferenças de 
salário entre as regiões brasileiras.
A distribuição e a mobilidade 
espacial da população
Quais são os fatores que comandam a distribuição espacial de uma popula-
ção? Lembrando que ao lado dos fatores naturais, os fatores de ordem histórica 
também pesam consideravelmente na distribuição da população pelo espaço 
geográfico, vamos pensar na ocupação do território brasileiro em seus primórdios. 
A história das imigrações para o Brasil, os movimentos migratórios internos e 
ainda a marcha do povoamento do território brasileiro podem ser bons exemplos 
de como os fatores históricos também podem influenciar na ocupação e na 
produção do espaço geográfico.
A distribuição espacial da população nos dias atuais obedece à mesma dinâmica 
da formação de áreas de atração e de repulsão da população, característica do 
povoamento do território brasileiro. O recurso que se utiliza na avaliação da 
distribuição da população pelo espaço geográfico é denominado de densidade 
demográfica. A densidade demográfica, também conhecida como população relativa 
(Pr), é a relação entre a população absoluta (Pa) e a área territorial ou a superfície 
por ela ocupada (S). Desse modo, temos: Pr = Pa/S.
No Brasil, em 2000, a densidade demográfica era de 19,94 habitantes por 
quilômetro quadrado, ou seja, Pr = 19,94 hab/km². Mas qual é o significado 
desse número? Comparando-se a outros países, pode-se dizer que é um país de 
baixa densidade demográfica, ou ainda, pouco povoado (apesar de populoso, não 
é mesmo?). Observe a tabela que se segue (tabela 2.7) e compare a densidade 
demográfica dos países com a classificação de mais populoso.
A economia informal que se instalou no Brasil está intimamente interligada 
à economia formal, pois os negócios informais fornecem produtos e serviços 
(a baixos preços) para as empresas legalizadas. Por outro lado, quando um 
trabalhador informal tem sua renda, pode se utilizar de serviços (hospitais, escolas 
etc.) e comércio (fazer crediário em grandes lojas etc.) formais. 
O grande crescimento da economia informal no Brasil também está 
relacionado ao desemprego, que pode ser conjuntural ou estrutural. O primeiro 
caso (desemprego conjuntural) está relacionado a recessão econômica e a 
situações específicas, como a abertura da economia às importações a partir da 
década de 1990, isenções fiscais que atraem indústrias e negócios de uma região 
para outra etc. Nestes momentos, algumas indústrias e/ou empresas podem 
ir à falência ou serem obrigadas a reduzir o quadro de empregados, podendo, 
posteriormente, reequilibrar as finanças e readmitir os

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