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Introdução ao estudo dos CONTRATOS

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DIREITO CIVIL III
CONTRATOS
Lara Maria de Almeida Paz
Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Maranhão
Conceito: negócio jurídico por meio da qual as partes declarantes, limitadas pelo princípio da função social e da boa-fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas próprias vontades.
Obs.: autonomia contratual X função social do contrato: a existência do último princípio reduz o alcance da autonomia das partes.
Natureza jurídica do contrato: negócio jurídico. Submete-se aos pressupostos de validade, existência e eficácia (título II, livro III CC)
Obs.: conversão substancial do contrato (princípio da conservação) – partes celebram negócio jurídico inválido, mas que pode ser convertido em outra categoria de negócio jurídico, desde que contenha os princípios de validade deste último (novação).
Principiologia dos contratos: princípios legitimam e atribuem validade aos contratos 
Princípio da dignidade da pessoa humana: princípio constitucional que guia todas as relações contratuais, tendo em vista a prevalência da pessoa humana sob os bens materiais;
Princípio da autonomia da vontade/consensualismo: a partir do encontro das vontades livres e contrapostas surge o consenso. 
Obs.: liberdade de contratar X liberdade contratual X liberdade de com quem contratar: a primeira diz respeito a faculdade de realizar um contrato, já a segunda sobre a autonomia de deliberar o conteúdo do contrato. No que tange à terceira, faz-se relação ao art. 170, IV CF (livre concorrência).
Restrições ao princípio da autonomia:
- Dirigismo contratual: leis civis interferem nas relações negociais a coibir os abusos e reequilibrando a balança contratual. 
Condicionamentos: legal (lei salvaguarda o bem geral), moral (limitação da ordem subjetiva) e ordem pública (observância de princípios superiores)
Princípio da força obrigatória do contrato (pacto sunt servanda): o contrato é lei entre as partes e deve ser executado como se suas cláusulas fossem preceitos legais imperativos. Esse princípio garante a segurança do comércio jurídico.
Obs.: teoria da imprevisão – acontecimentos supervenientes e imprevisíveis modificam os termos do contrato. Dessa forma, o princípio da força obrigatória do contrato só incide se as condições do cumprimento forem similares às do empo de contratação.
Princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato: os contratos só geram efeitos nas partes contratantes 
Exceções: estipulação em favor de terceiros – o credor convenciona com o devedor que este deverá realizar determinada prestação em benefício de outrem, alheio à prestação jurídica obrigacional original – e contrato com pessoa a contratar – promessa de prestação de fato a terceiro.
Princípio da função social do contrato: pressupõe evolução da ação intervencionista do Estado. Entendimento que o contrato deve observar seus impactos no bem social comum e que não se esgota na relação entre as partes.
 Manifesta-se em dois níveis: intrínseco (equivalência contratual dos contratantes) e extrínseco (impacto eficacial na sociedade do contrato). No primeiro plano, aborda-se o tratamento idôneo das partes, considera-se os deveres da informação, confidencialidade, lealdade, etc. No segundo quesito, leva-se em conta o contrato como instrumento de desenvolvimento social, que não pode ser entendido como uma mera relação individual.
“Função social é um princípio jurídico de conteúdo indeterminado, que se compreende [...] o precípuo efeito de impor limites à liberdade de contratar, em prol do bem comum. ” (GANGLIANO e PAMPLONA, p. 430)
Princípio da equivalência material: subproduto normativo do princípio da função social do contrato e da boa-fé objetiva. “[...] busca realizar e preservar o equilíbrio real de direitos e deveres no contrato, antes, durante e após sua execução, para harmonização dos interesses” (GANGLIANO e PAMPLONA, p. 435)
Considerado em dois aspectos: subjetivo, o qual leva em conta a identificação do poder contratual dominante das partes e a presunção legal de vulnerabilidade (empregado, consumidor, etc.), e objetivo, que considera o real desequilíbrio de direitos e deveres contratuais. 
Princípio da boa-fé objetiva: princípio vinculado a uma regra de comportamento ligada à eticidade que deve ser observada na ordem social. 
Funções da boa-fé objetiva: interpretativa (delineador do campo a ser preenchido pela interpretação integradora), criação de deveres jurídicos anexos (lealdade-relação calcada na transparência-, assistência- dever de cooperação-, informação- comunicação das características do negócio jurídico-, sigilo) e delimitação do exercício de dieitos subjetivos (evitar o exercício abusivo de direitos subjetivos).
Desdobramentos: venire contra factum proprium (vedação de comportamento contrário à expectativa gerada por seus comportamentos contratuais), supressio (um direito não exercido durante um determinado período, por conta da inatividade, perderia sua eficácia), surrectio (surgimento de um direito exigível, como decorrência lógica do comportamento de uma das partes), tu quoque (comportamento que surpreende uma das partes, colocando-a em situação de desvantagem), exceptio doli ( impor sanção em condutas dolosas com intuito de prejudicar a outra parte).

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