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“... os princípios podem ser conceituados como regramentos básicos aplicáveis a um determinado instituto jurídico, no caso em questão, aos contratos.” (TARTUCE, 2020:53) • A evolução dos princípios contratuais se deu de uma concepção individualista em que imperavam os princípios da Autonomia da Vontade e Força obrigatória para uma concepção social em que mencionados princípios deveram ser interpretados levando em conta a Boa-Fé Objetiva e a Função Social dos Contratos. • o solidarismo constitucional adicionou à autonomia privada a companhia de outros três princípios: a boa-fé objetiva, a função social do contrato e a justiça (ou equilíbrio) contratual, mas sem restringir a autonomia da vontade; Princípio da autonomia da vontade/privada O ordenamento jurídico não quer mais que o contrato seja apenas “abstrato” e que sirva apenas às partes, mas que ele seja “casual”, cumpridor de uma função social; Força obrigatória dos contratos (PACTA SUNT SERVANDA) “O princípio da força vinculante das convenções consagra a ideia de que o contrato, uma vez obedecido os requisitos legais, se torna obrigatório entre as partes, que dele não se podem desligar senão por outra avenca em tal sentido. Isto é, o contrato vai constituir um a espécie de lei privada entre as partes, adquirindo força vinculante igual à do preceito legislativo, pois vem munido de uma sanção que decorre da norma legal, representada pelo possibilidade de execução patrimonial do devedor. Pacta sunt servanda! (RODRIGUES, 2002:17-18) Alguns autores consideram que o pacta sunt servanda, atualmente, não surte mais tantos efeitos; Princípio da relatividade dos contratos “A regra geral é que o contrato só ata aqueles que dele participam. Seu efeitos não podem nem prejudicar, nem aproveitar a terceiros. Daí dizemos que, com relação a terceiros, o contrato é res inter alios acta, aliis neque nocet neque potest”. (VENOSA, 2002:377) Princípio da função social dos contratos Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. A função social apresenta-se em dois níveis: • Intrínseco (efeitos internos): repercute no trato ético e leal que deve ser observado pelos contratantes, em respeito à clausula de boa-fé objetiva; - (...)a eficácia interna da função social dos contratos pode ser percebida: a) pela mitigação da força obrigatória do contrato; b) pela proteção da parte vulnerável da relação contratual, caso dos consumidores e aderentes; c) pela vedação da onerosidade excessiva; d) pela tendência de conservação contratual, mantendo a autonomia privada; e) pela proteção de direitos individuais relativos à dignidade humana; f) pela nulidade de cláusulas contratuais abusivas por violadoras da função social”.(TARTUCE, 2019:76); • Extrínseco (efeitos externos): há interesse de que o contrato seja socialmente benéfico, ou, pelo menos, que não traga prejuízos à sociedade; Boa-fé objetiva • Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. • “O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato”. (GONÇALVES, 2019:53); • É aferida com base na conduta do indivíduo e não na sua intenção, não importando se o contratante queria agir de forma desleal ou desonesta. • O juiz verificará no caso concreto se a conduta da parte, objetivamente considerada, viola os padrões médios de ética, probidade e lealdade na relações contratuais. – Momento da aplicação do Princípio • A despeito da redação do art. 422, que estabelece observância do princípio somente “na conclusão do contrato” e “em sua execução”, a e jurisprudência tem reconhecido que mencionado princípio deve ser aplicado em todas as fases contratuais, inclusive nas negociações preliminares. Boa-fé subjetiva • Sua aferição baseia-se no entendimento do indivíduo acerca dos fatos, na sua intenção; • Assim para determinar se o Sujeito está de má-fé, é necessário determinar se ele tinha a intenção de agir de forma desleal, desonesta; Boa-fé – Funções “Efetivamente, o princípio da boa-fé objetiva na formação e na execução das obrigações possui muitas funções na nova teoria contratual: 1) como fonte de novos deveres especiais de conduta durante o vínculo contratual, os chamados deveres anexos, 2) como causa limitadora do exercício antes ilícito, hoje abusivo, dos direitos subjetivos e 3) na concreção e interpretação dos contratos”.(MARQUES, 2002: 180) • Função Interpretativa: - Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa--fé e os usos do lugar de sua celebração. - “O aplicador do direito tem, na boa-fé objetiva, um referencial hermenêutico dos mais seguros, para que possa extrair da norma, objeto de sua investigação, o sentido moralmente mais recomendável e socialmente mais útil”. (GAGLIANO, 2019:103) • Fonte de Deveres Anexos: - O dever de agir de forma leal e honesta tem como consequência o surgimento de obrigações jurídicas além daquelas expressamente convencionadas. - Dessa forma, sabe-se que esses deveres estão anexos aos contratos, mesmo que de forma implícita; - Alguns deveres, mais conhecidos, apontados pela doutrina são: a) lealdade e confiança recíprocas; “A ideia de lealdade infere o estabelecimento de relações calcadas na transparência e enunciação da verdade, com a correspondência entre a vontade manifestada e a conduta praticada, bem como sem omissões dolosas – o que se relaciona também com o dever anexo de informação – para que seja firmado um elo de segurança jurídica calcada na confiança das partes que pretendem contratar, com a explicitação, a mais clara possível, dos direitos e deveres de cada um”. (GAGLIANO, 2019:105) b) assistência: “se refere à concepção de que, se o contrato é feito para ser cumprido, aos contratantes cabe colaborar para o correto adimplemento da sua prestação principal, em toda a sua extensão” c) informação: “Trata-se de uma imposição moral e jurídica a obrigação de comunicar à outra parte todas as características e circunstâncias do negócio e, bem assim, do bem jurídico, que é seu objeto, por ser imperativo de lealdade entre os contraentes.” d) sigilo ou confidencialidade: É imperativo lógico da lealdade que deve ser observada entre as contratantes, resguardando direito da personalidade, devendo as partes manter a confidencialidade; • Limitação das Condutas abusivas: por meio da boa-fé objetiva, visa-se a evitar o exercício abusivo dos direitos subjetivos. Institutos correlatos a boa-fé • Venire contra factum proprium: Os contratantes não poderão adotar condutas contraditórias; • Supressio: significa a supressão, por renúncia tácita, de um direito ou de uma posição jurídica, pelo seu não exercício com o passar dos tempos; • Surrectio: “é a outra face da suppressio, pois consiste no nascimento de um direito, sendo nova fonte de direito subjetivo, consequente à continuada prática de certos atos”; • Tu quoque: aquele que descumpriu norma legal ou contratual, atingindo com isso determinada posição jurídica, não pode exigir do outro o cumprimento do preceito que ele próprio já descumprira;
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