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Resenha_Nike_Reebok

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Pós-graduação em Direito Público: Constitucional, Administrativo e Tributário
Resenha do Caso Harvard “Prospecção Internacional em Calçado Esportivo: Nike e Reebok”
Nome do aluno: Alberto Eduardo Cavalcante Fragoso
Trabalho da Disciplina Direitos e Garantias Fundamentais
Tutor: Prof(a). Daniela de Oliveira Duque Estrada
Maceió/AL
2019
TÍTULO
Resenha do Caso Harvard “Prospecção Internacional em Calçado Esportivo: Nike e Reebok”
REFERÊNCIA: Rosenzweig, Philip M. PROSPECÇÃO EM CALÇADO ESPORTIVO: NIKE E REEBOK. Escola de negócios de Harvard. Rev. 14 de Julho de 1994. 
Introdução
O artigo em questão estuda as circunstâncias ocorridas durante o desenvolvimento industrial do ramo de calçados esportivos de duas empresas norte-americanas, Nike e Reebok, nas décadas de 80 e 90 do século XX, as quais despontavam, como líderes de mercado, pelas práticas empresariais consubstanciadas pela estratégia consistente na redução dos custos de produção pela alocação da produção de seus produtos em países asiáticos fornecedores de mão de obra abundante e barata. O propósito corporativo era aumentar os índices de lucro e oferta de produtos com preços competitivos, alcançando um maior número de consumidores.
Ocorre que o processo de implantação dessa descentralização produtiva priorizou, no primeiro momento, alavancar as margens de lucro, através da contratação de empresas locais interpostas e do forte apelo propagandístico, às custas da preocupação com as condições de trabalho e com a violação a direitos fundamentais e sociais dos colaboradores. Nesta perspectiva, as multinacionais Nike e Reebok contratavam empresas locais as quais, por sua vez, ficavam integralmente responsáveis pelas obrigações trabalhistas, propiciando, noutra banda, que as corporações norte-americanas dirigissem a atenção nas táticas comerciais	.
Sucede que, ao concentrarem os esforços unicamente dentro de uma perspectiva capitalista de obtenção de lucros, acabaram as empresas sendo alvo de investidas de órgãos de proteção ao trabalho e da comunidade internacional, acusando-as de lenientes aos casos de abuso e exploração dos empregados por força da submissão a condições insalubres, jornadas de trabalho extensivas, perseguições, agressões físicas e até mesmo exploração de trabalho infantil.
Crítica
O caso retratado no artigo representa um dilema historicamente estabelecido entre o capital e a mão de obra. Dada à pretensão na redução de custos operacionais diretamente proporcional ao aumento dos lucros, as empresas Nike e Reebok buscaram locais onde a força de trabalho tivesse ampla disponibilidade e fosse barata, sobretudo. Daí, a partir dos anos 70, instalaram-se em países asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, China, Filipinas e Indonésia), crescendo vertiginosamente a quantidade de contratações de empresas locais. Exigiram-se destas, de início, apenas o atendimento aos padrões e especificações técnicas dos bens a ser produzidos. Ocorre que o aumento da concorrência criou a necessidade do reforço no nível de competição e isto gerou maior cobrança dos empregados por produtividade, aumentando as ocorrências de exploração e assédio psicológicos aos empregados em nítida afronta aos seus direitos trabalhistas e à dignidade da pessoa humana. Tal contexto de dicotomia também recebeu reflexo pela política de valorização financeira relativamente aos salários por alguns países, o que criou uma tendência por outros locais onde mais flexíveis as regras de proteção ao trabalho.
Em resposta à violação aos direitos fundamentais desses trabalhadores, a imprensa internacional lançou uma forte campanha de conscientização pública, forçando essas multinacionais, embora não vinculadas diretamente ao enlaço contratual de trabalho, a instituírem normas internas de modo a enquadrar as práticas realizadas nas empresas locais contratadas segundo os preceitos mínimos de dignidade do trabalho, baseados inclusive nas diretrizes orientadoras constante da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
Assim, a empresa Nike apresentou um documento formal onde previa a obrigação das empresas contratadas em observar as leis trabalhistas locais, criando mecanismos eficazes de eliminação de condições adversas de trabalho, valorização dos empregados através de políticas de vedação a práticas discriminatórias e do trabalho infantil. Além disso, o mesmo documento estipulou a vinculação da atividade produtiva das empresas às regras de proteção ao meio ambiente. 
A Reebok, de maneira semelhante, proibiu o uso de força e a violação a direitos humanos no âmbito de suas empresas parceiras locais, estipulando diretrizes e preceitos padronizados para as linhas de produção, com base na dignidade de pessoa humana.
Como se vê, as citadas multinacionais toleraram o abuso a direitos sociais dos empregados, fazendo-se, após pressionadas pela comunidade internacional, criar vetores que buscaram impedir comportamentos discriminatórios aos empregados, especialmente pela característica clara de vulnerabilidade dos povos daqueles países asiáticos à época, potencializada pela falta de posto de trabalho suficiente e pela fraca economia local.
Desta forma, ficou evidente a exploração do trabalho pelo capital com violação a direitos humanos dos empregados em detrimento da pretensão pela aquisição única de lucro.

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