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ILUMINAÇÃO CÊNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR DOS ESPETÁCULOS: SEUS EFEITOS SOBRE OS OBJETOS DE CENA 2 INTRODUÇÃO A luz é um elemento capaz de realçar as formas arquitetônicas, valorizando obras e otimizando as funções. No espaço cênico, é capaz de modificar um objeto estático e nele criar infinitos efeitos e diferentes atmosferas e, de gerar emoções nos espectadores. O objeto de estudo e pesquisa é a luz cênica como elemento modificador dos espetáculos, seus efeitos sobre os objetos de cena e sua utilização nos teatros. até o Teatro Elisabetano e a utilização da iluminação cênica natural nos dias de hoje. A seguir no segundo capítulo, a inclusão da iluminação cênica artificial nos primeiros espetáculos, iniciando pela a utilização das tochas e velas, acompanhando a evolução do espaço cênico. Ainda nesse capítulo são explicados os conceitos da iluminação cênica e, a utilização desta nos dias de hoje, nas mais modernas casas de espetáculo. 3 F F F F 1. A ILUMINAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM OS ESPAÇOS “O homem como um ser predominantemente visual é mais fortemente afetado pela luz do que por qualquer outra sensação (...) Forma e cor determinam a percepção do entorno físico através dos olhos, e nos dão uma clara e vívida impressão do espaço do que os sensos táctil, auditivo e olfativo.” Walter Kholer1 De acordo com Nelson Solano Vianna2, cerca de 70 % da percepção humana é visual. Ela faz parte de sua vida e de seu dia-a-dia, do seu modo de habitar. Desde que nasce, o homem está sendo submetido ao ritmo da natureza, da existência da noite e do dia, elementos que são condições necessárias para que ele se sinta pertencente ao próprio tempo. A iluminação sempre esteve presente em todos os momentos da história da arquitetura, embora muitas vezes desapercebida por ser considerada algo natural, parte da natureza em que vivemos. A luz está presente em qualquer obra da arquitetura, em algumas menos e em outras mais, mesmo que não nos preocupemos com ela. Desempenha um papel muito importante nos dias de hoje, embora nem sempre compreenda-se o seu significado. A presença da luz diferenciada nos espaços, através de sua distribuição, quantidade e intensidade, discretamente sugere as funções dos ambientes distintamente iluminados e, ajuda a definir a utilização destes espaços; de descanso, trabalho, diversão e atividades específicas. 4 A iluminação artificial e sua evolução Com a necessidade de iluminar o que não podia ser visto desde o momento em que o Sol se punha até o momento em que ele nascesse, percebeu-se que era preciso criar soluções para que o homem pudesse exercer tarefas das mais simples às mais específicas, sem depender da chegada do Sol, já que a luz natural não tinha acesso a todos os ambientes. Com a invenção e a evolução das fontes de luz artificiais, possibilitou-se a execução de atividades durante as vinte e quatro horas do dia. A primeira chama Fazer fogo e utilizá-lo de maneira produtiva foi fundamental para o homem iniciar seu caminho rumo à civilização. Há evidências de que o fogo já era utilizado pelo homem na Europa e na Ásia, no período paleolítico posterior. Os primeiros encontros do homem primitivo com o fogo devem ter ocorrido naturalmente ao serem observadas as árvores atingidas por raios e assistindo o fogo surgir na superfície de jazidas de petróleo, ou proveniente das atividades vulcânicas. Destes encontros casuais o homem aprendeu quais são as propriedades inerentes ao fogo: calor e luz, e a capacidade de alguns materiais secos pegarem fogo, como a madeira, por exemplo. Figura 1.1 - Chama incandescente 5 A partir deste momento, o primeiro passo foi dado para que o homem levasse o fogo até sua habitação. Por meio de uma tocha com uma haste de madeira e alguns gravetos a chama incandescente era levada de seu lugar natural até a caverna ou acampamento, onde o fogo poderia ser mantido indefinidamente, como uma fonte constante de calor, luz e proteção (fig.1.2). Figura 1.2- Homem primitivo utilizando o fogo Nestes primórdios da história, à medida que os homens se espalhavam pelo mundo, mudando-se para áreas de clima frio, o fogo tornou-se vital para o aquecimento e como fonte de luz. Foi igualmente útil para cozinhar. Nos primeiros lugares onde o homem se estabeleceu, a falta de provas da existência de fogo sugere que estes povos se alimentavam de carne crua. Foi a partir do uso do fogo para cozinhar que aumentou o número e a variedade de alimentos disponíveis para os homens primitivos. 6 F F F F H H H H H H H H H O fogo teve ainda uma outra utilidade, menos óbvia hoje em dia, mas talvez a mais importante de todas, quando foi descoberto pela primeira vez. O fogo oferecia proteção contra os animais selvagens que atacavam os homens primitivos. Uma fogueira ardendo constantemente em um acampamento mantinha os predadores afastados. Por isso que a descoberta do fogo permitiu uma maior mobilidade. Contando com o fogo como meio de proteção, pequenos grupos de homens que anteriormente tinham que viajar em grandes bandos para se defenderem podiam se aventurar para lugares mais distantes em busca de alimentos ou de moradia. Acender e transportar o fogo Somente muito tempo depois que o homem verificou as faíscas saindo de “dois galhos que eram esfregados pela ação do vento” é que surgiu a idéia de tentar se obter fogo através do atrito de dois pedaços de pau. Provavelmente a produção do fogo pelo Homo erectus, o ancestral imediato do homem moderno, só aconteceu no período neolítico, cerca de 7 mil anos AC. O Homo erectus descobriu uma forma de produzir as primeiras faíscas, através do atrito de pedras ou pedaços de madeira. Para reproduzir o fenômeno, tentou diferentes tipos de pedras, até se decidir pelas melhores, como o sílex3 e as piritas4. Utensílios foram criados, sendo que, um dos primeiros, foi uma pequena vareta de madeira, que era girado rapidamente entre a palma das mãos, enquanto era pressionado em uma lasca plana de madeira. Mais tarde, as puas de arco e corda foram usadas para fazer girar mais rapidamente a vareta, fazendo com que o fogo pegasse mais depressa. Somente tempos depois se descobriu que uma faísca poderia ser criada esfregando-se piritas de ferro com uma pedra. 3 Sílex é uma rocha biogênica do grupo dos acaustobiólitos (rochas de origem biológica não combustíveis), formada de carapaças HsilicosasH de organismos marinhos 4 O mineral pirita, ou pirita de ferro, é o nome comum do disulfeto de ferro 7 Nas cavernas, após a descoberta do fogo, tochas passaram a iluminar os homens primitivos. Neste tempo pré-histórico, ao descobrir que também podia fazer fogo, o homem logo compreendeu as vantagens de utilizar a luz, passando a valer-se de fachos e archotes. Com o passar do tempo, uma mecha de fibras retorcidas no interior de um bambu, e gordura animal em fusão, deu origem à primeira vela, que haveria de guiar e iluminar o caminho do homem por milhares de anos. Fogo e a civilização Assim como o controle inicial do fogo foi essencial para o desenvolvimento de seres humanos na Idade da Pedra, para os primeiros agricultores do período Neolítico foi um fator preponderante para o desenvolvimento de toda civilização humana até nossos dias. No decorrer da história, o homem encontrou formas diferentes de utilizar o fogo: luz e calor resultantes da rápida combinação de oxigênio, ou em alguns casos de cloro gasoso,com outros materiais. Também foi utilizado para cozinhar, para clarear a terra onde o homem ia plantar, para aplicação em recipientes de barro a fim de se fazer cerâmica e também a aplicação em pedaços de minério para se obter cobre e estanho, combinando-os em seguida para fazer o bronze (c. 3000 AC), e mais tarde obter o ferro (c. 1000 AC). Nos dias de hoje pode-se dizer, que a evolução da tecnologia moderna pode ser caracterizada por um aumento e um controle cada vez maior sobre a energia. O fogo foi a primeira fonte de energia descoberta e conscientemente controlada e utilizada pelo homem. 8 F F 1.1.2. Da vela à lâmpada incandescente Na Idade da Pedra, a necessidade de produzir uma chama constante que pudesse ser mantida acesa por longos períodos fez com que se criassem cuias providas de pavio que queimavam com óleos vegetais ou animais. A geração subseqüente de luz artificial, viria com as velas, invenção dos fenícios. A mais antiga do que as velas, as tochas eram usadas desde a época pré- histórica. Quanto à utilização das tochas, havia um domínio sobre o tempo de durabilidade da chama e luminosidade das mesmas. Conheciam-se os tipos de madeira que tinham grande quantidade de resina combustível, que não se consumiam com rapidez. A luminosidade era muito pequena se comparada com as lâmpadas a óleo que sucederam as tochas. A iluminação a óleo utilizava lâmpadas de barro, bronze, chumbo e até de ouro, cujas chamas tremeluzentes permitiam uma luminosidade tênue nas casas e palácios. Todas as lâmpadas eram muito parecidas no seu formato, tinham a forma de bacia com bordas onduladas e ressaltos formando os bicos onde ficavam as mechas combustíveis. Orifícios feitos na "bacia" permitiam a passagem do ar para manter a pressão e, correntes reunidas num anel serviam para sustentar a lâmpada no teto ou parede. Usavam-se também lâmpadas em forma de ânfora, enfeitadas na parte larga onde saíam as mechas. Na Roma Antiga os cristãos ornamentavam as peças com figuras de peixe ou pombos. Na Idade Média, o povo utilizava lâmpadas a óleo e para clarear as moradias e os ambientes públicos, que vieram se juntar às velas de ceras, sebo ou estearina5 (fig. 1.3). Estes tipos de iluminação duraram até o século XVIII. As luminárias a querosene, gás e eletricidade, são conquistas dos séculos XIX e XX, na busca da luz para a vida do homem. 5 Estearina - Vela de gordura, retirando-se a glicerina dela diminui o odor e a fumaça. 9 Figura 1.3- Lâmpada à óleo para uso doméstico e público A iluminação artificial também vinha sendo utilizada nos espetáculos teatrais e, estes evoluíram desde a utilização das velas e candelabros, passando pelas luminárias a óleo (fig.1.4), mas, com a invenção das luminárias a gás, a iluminação artificial mostrou-se mais eficiente. Figura 1.4 - Lâmpada à óleo para uso doméstico e público 10 F F Somente há cerca de dois séculos, no final do século XVIII, o físico Amié Argand6 conseguiu aumentar o potencial de luz da chama e, em 1784 introduz sua lâmpada utilizando o gás (fig. 1.5) Figura 1.5 - Luminária a gás criada por Argand No final do século XVIII a introdução da lâmpada de Argand trouxe melhorias a iluminação artificial e, passa a ser um grande diferencial. Nas ruas de Londres o gás começa a ser utilizado a partir de 1807 e, Paris em 1819. Na iluminação doméstica, o gás passa a ser utilizado em 1840. Há pouco mais de um século, a idéia de chama como fonte de luz foi trocada pelo conceito de um corpo incandescente sólido. As duas maiores invenções do período foram à lâmpada a gás e a lâmpada elétrica incandescente em 1879. 6 Amie Argand, inventor suíço, empregou seus conhecimentos científicos e criou a luminária a gás. 11 Na segunda década do século XX, passou a ser possível produzir luz sem desperdício de energia com seu subproduto final, o calor. Nessa época foram criadas as lâmpadas de descarga elétrica em várias formas e em escala comercial. Elas vêm sendo aperfeiçoadas até os dias de hoje. A Iluminação natural e sua relação com os espaços cênicos A iluminação cênica natural, inicia-se na luz solar usada desde os gregos até os elisabetanos, chegando às diferentes fontes de luz empregadas a partir de meados do séc. XVI, quando o teatro recolheu-se pela primeira vez em salas fechadas. O teatro originou-se nas primeiras sociedades primitivas, em que se acreditava no uso de danças imitativas como propiciadores de poderes sobrenaturais, que controlavam todos os fatos necessários à sobrevivência (fertilidade da terra, casa, sucesso nas batalhas etc), ainda possuindo também caráter de exorcização dos maus espíritos. Portanto, o teatro em suas origens possuía um caráter ritualístico. Com o desenvolvimento, conhecimento do homem e, conseqüente domínio em relação aos fenômenos naturais, o teatro vai deixando suas características ritualistas, dando lugar às características mais educacionais. Em um estágio mais desenvolvido, o teatro passou a ser o lugar de representação de lendas relacionadas aos deuses e heróis. Na Grécia antiga, os festivais anuais em honra ao deus Dionísio (Baco, para os latinos) compreendiam, entre seus eventos, a representação de tragédias e comédias. As primeiras formas dramáticas na Grécia surgiram neste contexto, 12 F F F F H H F F F F inicialmente com as canções dionisíacas (ditirambos7). A tragédia, em seu estágio seguinte, se realizou com a representação da primeira tragédia, com Téspis8. Todos os papéis eram representados por homens, pois não era permitida a participação de mulheres. Os escritores participavam, muitas vezes, tanto das atuações como dos ensaios e da idealização das coreografias. O espaço utilizado para as encenações, em Atenas, era apenas um grande círculo. Com o passar do tempo, grandes inovações foram sendo adicionadas ao teatro grego, como a profissionalização, a estrutura dos espaços cênicos (surgimento do palco elevado) etc. Os escritores dos textos dramáticos cuidavam de praticamente todos os estágios das produções. Nesse mesmo período, os romanos já possuíam seu teatro, grandemente influenciado pelo teatro grego, do qual tirou todos os modelos. Nomes importantes do teatro romano foram Plauto9 e Terêncio10. Roma não possuiu um teatro permanente até o ano de 55 a.C., mas de acordo com os dados históricos, enormes tendas eram erguidas, com capacidade para abrigarem cerca de 40.000 espectadores. Apesar de ter sido totalmente baseado nos moldes gregos, o teatro romano criou suas próprias inovações, com a pantomima, em que apenas um ator representava todos os papéis, com a utilização de máscara para cada personagem interpretado, sendo o ator acompanhado por músicos e por coro. 7 Diritambo era o nome dado ao ritual oferecido ao deus grego Dionísio. Era uma 'dança de saltos' ou dança de abandono, acompanhada por movimentos dramáticos e dotada de hinos apropriados. 8 Poeta trágico grego. Segundo a tradição ateniense, foi o criador da tragédia a introduzir nos espetáculos dionisíacos da primavera de 535 a.J.C. um poema que narra as aventuras de um herói. 9 Plauto-Titus Maccius Plautus, dramaturgo da República Romana, viveu por volta dos anos de 230 a.C. e 180 a.C., pois suas 21 HpeçasH que se preservaram até os dias atuais datam entre os anos de H205 a.C. H e H184 a.C. H. 10 Terêncio-produtor teatral da Roma antiga que em suas peças imitava o teatro grego, escreveu numerosas comédias, algumas vezes valendo-se das mesmas fontes gregas aque Plauto recorrera, mas dando a essas fontes um tratamento diverso, com fortes contribuições pessoais. 13 F F F F No século XVII, o teatro italiano experimentou grandes evoluções cênicas, muitas das quais já o teatro como atualmente é estruturado. Muitos mecanismos foram adicionados à infra-estrutura interna do palco, permitindo a mobilidade de cenários e, portanto, uma maior versatilidade nas representações. Nesta mesma época no Brasil, o teatro tem sua origem com as representações de catequização dos índios. As peças eram escritas com intenções didáticas, procurando sempre encontrar meios de traduzir a crença cristã para a cultura indígena. Uma origem do teatro no Brasil deveu-se à Companhia de Jesus, ordem que se encarregou da expansão da crença pelos países colonizados. Os autores do teatro nesse período foram o Padre José de Anchieta11 e o Padre Antônio Vieira12. As representações eram realizadas com grande carga dramática e com alguns efeitos cênicos, para a maior efetividade da lição de religiosidade que as representações cênicas procuravam inculcar nas mentes aborígines. O teatro grego e o romano: a relação entre os espaços de apresentação e a luz Durante séculos o teatro foi realizado à luz do sol, sem necessidade de iluminação artificial. O espetáculo começava de manhã, e só terminava quando o sol ia embora, era como se a luz natural dirigisse todo o espetáculo lá do alto. Quando chegava o final da tarde, essa luz se recolhia e o espetáculo cessava. Em pouco tempo a luz regressava às vezes pálida, nevoenta, translúcida, outras vezes clara e absoluta, essa luz superior projetava raios em toda as direções e refletia, nas superfícies, volumes e cores, assim o palco e a platéia podiam se reencontrar e, o espetáculo poderia continuar. Na Grécia, as apresentações eram feitas em amplos teatros, construídos de forma semicircular e planejados para que não apresentassem problemas de acústica ou de visibilidade. As arquibancadas eram 11 Jesuíta, gramático e poeta lírico espanhol nascido em La Laguna de Tenerife, Ilhas Canárias, conhecido como o Apóstolo do Brasil, de admirável trabalho de catequização dos indígenas brasileiros 12 Padre, orador sacro, missionário, diplomata e escritor português nascido na Freguesia da Sé, em Lisboa, cuja extraordinária obra e religiosidade sempre estiveram ligadas a fatos econômicos e políticos. Filho de um 14 escavadas nas encostas das colinas e tanto o público quanto os atores, ficavam expostos à luz do sol, aos ventos e a brisa do mar. Já de manhã milhares de pessoas tomavam seus lugares nas arquibancadas e ali permaneciam o dia inteiro. Por mais que fosse o mesmo espetáculo a ser apresentado, eles eram únicos, já que a iluminação assim como brilho e sombra dependiam das condições atmosféricas; movimento das nuvens e das diferenças de intensidade e luminosidade da luz solar (fig.1.6). Figura 1.6 - Teatro Grego No momento em que o teatro se recolheu dentro de uma “casa”, foi necessário reinventar a luz para a continuação dos espetáculos, no entanto seria muito difícil substituir a original. Ao mesmo tempo era o momento para criação e descoberta de técnicas que trouxessem de volta a fantasia e a imaginação e, aos poucos substituiu-se a luz natural, em fonte incandescente. Até hoje, os espetáculos realizados em ambientes externos, quando apresentados durante o dia, guardam as características das encenações primitivas, o que os olhos vêem é o real sem filtros e sem artifícios. servidor do governo colonial, de origem modesta e com ascendência africana, destacado como funcionário, para trabalhar na Bahia, no Brasil. 15 Figura 1.7 - Teatro atual - Teatro Romano de Orange O Teatro Romano em Orange é um dos mais bonitos monumentos na França e, é testemunha da Era Romana. Suas arquibancadas garantem uma acústica excepcional. Com a queda do Império Romano, este teatro deixou de ser usado e em 1562 ele se transformou em um espaço para refúgio da população. Próximo ao ano de 1800 o teatro foi restaurado. (fig. 1.7 a 1.10). Figura 1.8 - Teatro Romano de Orange Figura 1.9 - Teatro Romano de Orange 16 F F Figura 1.10 - Teatro Romano de Orange - Festival Corais de Orange Os corais de Orange acontecem todos os verões desde 1860, o mais antigo Festival da França.Sua capacidade é de 9000 pessoas. O Teatro Elisabetano “Frequentemente, diz-se que o Teatro Elisabetano era a imagem do mundo. A plataforma era um buliçoso, seu alçapão levava ao inferno, o interior acortinado do palco expunha as confidências da vida privada, o balcão era aquele nível superior do qual alguns poderiam olhar para baixo para que outros olhassem para cima...” Peter Brook 13 (fonte: Revista Luz e Cena n 71, pág 40) A Inglaterra dos fins do século XVI era uma sociedade orgulhosa: acabava de se converter na grande potência marítima da Europa, derrotando a Invencível Armada espanhola; os marinheiros e os militares britânicos puseram-se a conquistar e colonizar o mundo conhecido, e o comércio e a indústria começaram a florescer. A rainha Elizabeth I (1558-1603) encarregou-se de promover esse patriotismo entre seus súditos e o teatro foi um bom instrumento para consegui-lo. 13 Encenador inglês redistribui o conhecimento que extrai da prática teatral. O trabalho de Brook inclui o compromisso de difundir idéias e métodos úteis a outros núcleos de produção teatral. 17 F F F F F H H H H H H H H H H H H Os autores mais notáveis deste período são Christopher Marlowe14, Ben Jonson15 e William Shakespeare16, considerado o maior poeta dramático de todos os tempos. Suas peças, tradicionalmente divididas em obras históricas, comédias e tragédias fazem não só a crônica de seu país como também descrevem com rara compreensão da condição humana as relações entre indivíduos e estes com a sociedade. Os dramaturgos nos tempos de Shakespeare eram conhecidos como poetas, e os atores como jogadores. Shakespeare era uma entre várias personalidades extremamente talentosas do seu cotidiano. Eles transformaram o teatro de entretenimento itinerante onde se agrupavam os atores em rudes palcos de hospedaria ou feiras em uma atividade completamente profissional em teatros construídos em Londres. Os atores foram proibidos através de lei de viajar ao redor da Inglaterra como artistas sem vínculo; tiveram que formar companhias debaixo da proteção de um nobre. Os teatros da época tinham dois tipos básicos de arquitetura: circular ou poligonal. Eram construídos de madeira e sem teto. O palco podia ter até três níveis para que várias cenas fossem representadas simultaneamente. Ele avançava até o meio do edifício, de modo que o público o cercasse por três lados e teria boa visibilidade. Ao fundo, uma cortina modificava o ambiente. Aos espectadores mais abastados e aos representantes da nobreza eram destinadas as galerias (fig.1.11). 14 Christopher Marlowe (batizado a 26 de fevereiro de 1564 – morto em 30 de maio de 1593) foi um HdramaturgoH, poeta e tradutor inglês que viveu no HPeríodo Elisabetano H. Foi o maior renovador formal do teatro do período com a introdução dos versos brancos, e uma influência forte sobre as primeiras obras de HShakespeareH. 15 Benjamin Jonson, dramaturgo inglês mais conhecido como Ben Jonson ( Westminster, 11 de Junho de H1572H - HLondresH, H6 de AgostoH de H1637H), Começou a afirmar sua reputação graças à versão inicial de Cada homem com seu humor, de H1589H e que foirepresentada no HGlobe TheatreH pela Companhia de HShakespeareH. 16 Shakespeare Dramaturgo e poeta inglês (23 de Maio de 1564, 23 de Maio de 1616). Destaca-se entre os mais importantes da história do teatro. Nasce em Stratford-upon-Avon, onde faz os primeiros estudos. Entre 1590 e 1594 redige a primeira peça, A Comédia dos Erros. Ainda nessa época escreve 154 sonetos, considerados até hoje os mais belos e mais importantes da língua inglesa. F 18 Figura 1.11 - Planta Baixa – Teatro Elisabetano No início, eram utilizados locais improvisados, como os pátios das hospedarias, ou mesmo áreas abertas. Depois as companhias teatrais foram-se estabilizando e, começaram a ser construídos os primeiros teatros. Os cenários ficavam no centro de uma grande nave circular ou hexagonal. Ao redor dispunham-se os balcões e as galerias; praticamente não havia decoração (fig.1.12). Os atores eram profissionais e não havia atrizes: seus papéis eram interpretados por jovens atores que assumiam um tom de voz feminino. Figura 1.12– Globe Theatre - vista interna 19 Existem traços comuns entre o teatro elisabetano (ou isabelino, como é conhecido na Espanha) e o Hteatro castelhano H do Século de Ouro: a representação de comédias em locais abertos, público pertencente às mais diversas classes sociais, a combinação de tragédia e comédia na mesma obra, e a utilização de argumentos históricos. Além disso, tratava-se de um teatro em versos, mas com grande liberdade e vivacidade nos diálogos. Figura 1.13- Globe Theatre (reprodução) Essa fase se encerra com o fechamento dos teatros por ordem do Parlamento em 1642. 20 Sua utilização nos dias de hoje Considerado o teatro mais antigo da América do Sul (1770), a Casa da Ópera de Vila Rica, sua antiga denominação, foi construída em Ouro Preto, Minas Gerais, pelo coronel João de Souza Lisboa, dentro da tradição arquitetônica luso- brasileira. Utilizado até os dias atuais para apresentação de espetáculos, é localizado, no Largo do Carmo, não lhe dá nenhum destaque entre o casario vizinho (fig.1.14). Figura 1.14 - Fachada Fonte: Arquitetura do Brasil III Edifício de fachada singela que remete a austeridade da arquitetura civil da época. Apresenta empena frontal, de vaga inspiração neoclássica, em contraste com aberturas em arco abatido, de tradição barroca, e elementos medievais, óculo quadrilobado e arcaturas acompanhando a cornija da empena. Provavelmente o estilo eclético foi adquirido durante a remodelação interna ocorrida em 1882. Seu interior, também acanhado, segundo as palavras do viajante francês Saint- Hilaire, constituía-se de quatro ordens de camarotes, encerrados por balaustradas de madeira recortada. A sala de espetáculos, originalmente, era iluminada por velas entre os camarotes. 21 Figura 1.15 - Teatro Municipal de Ouro Preto - Vista da platéia A boca de cena é emoldurada com pedra, vista da platéia. A conformação quase retangular da sala interfere na boa visibilidade dos camarotes e frisas laterais, em direção ao palco (fig. 1.15). Figura 1.16 - Facho de luz natural visto do Palco 22 F F As colunas de apoio dos pisos inferiores foram substituídas pelas de ferro, de seção menor, privilegiando a visibilidade dos camarotes. Ao se ver a partir da boca de cena em direção ao fundo da sala de espetáculos, observa-se ao alto o óculo da fachada por onde invade um feixe de luz natural, que ilumina a cena, possibilitando espetáculos bem iluminados, uma solução dos tempos sem energia elétrica (fig.1.16 e 1.17). Figura 1.17 - Vista da galeria superior Ao longo de sua história, sofreu inúmeras reformas, sendo a mais significativa em 1882, quando a estrutura das quatro ordens de camarotes também alterada, adquirindo a forma de ferradura e recebendo piso em declive. Todas essas modificações visaram adaptá-lo ás exigências de conforto do século XIX. Foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1995, porém usando o nome Teatro Municipal de Ouro Preto. Contratador dos reais quintos17 e das entradas, 17 O rei de Portugal era, por lei, o dono do subsolo, razão pela qual cobrava o "quinto" do metal extraído. Em 1716, depois de experimentar diversas formas de cobrança desse tributo, as Câmaras Municipais de Minas Gerais propuseram substituí-lo por taxas fixas impostas sobre as mercadorias "entradas" na região de mineração. Apesar da proposta não ter sido aceita pela Coroa, em 1º de outubro de 1718, os postos 23 F F Souza Lisboa, fascinado pela arte teatral, recebeu desde o início apoio do Conde de Valadares, governador da Capitania, e de seu secretário, o poeta Cláudio Manoel Costa. Enquanto viveu, Souza Lisboa esteve à frente da Casa da Ópera de Vila Rica, contratando atores em Sabará e no Tijuco, relacionando nomes de personalidades influentes - intelectuais, militares, políticos - capazes de prestigiá-lo em momentos decisivos, preocupando-se com a pintura e a decoração do prédio. Inevitável, portanto, que a casa da Ópera de Vila Rica morresse um pouco com seu criador, em 1778. Ressurgiu oito anos depois, triunfalmente, nas festas dos desposórios18 do infante D. João, com três noites de ópera. A partir daí, sob diferentes administradores, a Casa da Ópera viveu períodos de altos e baixos, sem, no entanto, deixar de funcionar. O teatro quase desaparece em 1885, quando o governo provincial chega a planejar a construção de um novo teatro em Vila Rica que como capital merecia, já que, segundo alguns engenheiros, este ameaçaria desabar. Nem o Teatro desabou, nem outro foi construído. E a reforma, concluída após sete anos, foi executada com perfeição e economia. No final do século XIX, em todo o país ocorrem mudanças com a chegada do fonógrafo e do cinema. Os teatros viram a freqüência reduzida, e o de Ouro Preto não fugiu à regra. No entanto, aos poucos a convivência entre o antigo e o novo foi-se estruturando, cada qual ocupando o próprio espaço. arrecadadores denominados "registros" nas estradas que levavam à região mineira. A arrecadação do tributo era, comumente, cedida a um "contratador", que pagava ao fisco, em parcelas, uma quantia fixa, em troca do direito de cobrar o imposto em seu próprio proveito. 18 Desposórios - casamentos 24 Revisão histórica da iluminação artificial nos espaços cênicos No século XVI, quando o teatro iniciou suas atividades em espaços fechados, notou-se que era preciso substituir a luz natural por artifícios que clareassem o palco e, que permitissem que os atores e objetos de cena pudessem ser vistos. Fez-se necessária a utilização de fontes de iluminação artificial, a partir daí, a busca por soluções e técnicas que suprissem as necessidades visuais tanto para os artistas quantos para a platéia (fig. 1.18 e 1.19). Figura 1.18 - Candelabro da época da Renascença Figura 1.19 - Lâmpada a óleo 25 Em muitos destes novos espaços fechados que passaram a abrigar os espetáculos, existiam janelas permitindo a captação de luz externa em parte do dia; durante a noite eram utilizadas velas para garantir a visibilidade, sendo por muito tempo a única fonte de luz do teatro, produzindo no entanto; uma luz instável, oscilante e, difícil de ser controlada. Durante os séc. XVII e XVIII foram utilizados candelabros nos teatros, espalhados pelo espaço cênico e platéia (fig.1.20 a 1.24). Chegou-se a experimentar sebo na confecção de velas com o objetivo de aumentar o seu tempo de vida, mas, devido ao mau cheiro estas velasforam pouco utilizadas. Mais tarde vieram os lampiões a óleo criados por Argand, sua luminosidade era maior que das velas. No entanto a queima de óleo trazia alguns inconvenientes como a sujeira que produzia nos tetos, paredes, cortinas além do risco de pingar em alguém (fig.1.25). Figura 1.20 e Figura 1.21 - Candelabro com vários tipos de velas tornou-se comum no final do sec.XVI 26 Figura 1.22 - Luminária utilizada para aplicação de vela - luz de ribalta Figura 1.23 - Modelo do século XVII Teatro Francês abrange candelabros e luz de ribalta 27 Figura 1. 24 - Iluminação do Palácio Richelieu Cardeal Richelieu, rei Luis VIII e sua rainha no teatro privado do Cardeal em 1641.Iluminação feita através de candelabros. Figura 1.25 - Lighting in Convent Garden Theatre, 1674 28 F F Novos combustíveis foram utilizados, como óleo de baleia e querosene. Por mais que os artesãos, técnicos de luz e os diretores teatrais tentassem resolver as condições de visibilidade, as fontes de energia que se dispunha ainda eram muito precárias. Sua luminosidade era instável, difícil de controlar, sem direcionamento, bastante diferente e pouco eficiente comparando-se à iluminação hoje utilizada nas casas de espetáculos. Algumas idéias continuaram surgindo, assim como a utilização de vidros côncavos preenchidos com vinho ou líquidos coloridos e objetos com superfícies refletoras a fim de criar novos efeitos (fig. 1.26). A preocupação em reduzir a iluminação da platéia, com a finalidade de intensificar a luminosidade do palco, trouxe contrastes e valorizava o espaço cênico conseqüentemente, os espetáculos. Figura 1. 26 - Garrafa de vidro côncava e vela A utilização de novas técnicas como a controle de luminosidade das lâmpadas, criada por Nicola Sabbatini19(fig.1.27), trazem progressos à iluminação cênica, mas, é a iluminação a gás que vem resolver de forma satisfatória a questão da visibilidade nos teatros. 19 Nicola Sabbatini nasceu em 1574, em Pesaro, na Italia. Morreu em 25 de dezembro de 1654. Arquiteto e engenheiro, abriu caminho para novas técnicas de iluminação teatral. 29 Figura 1.27 - Lâmpada à óleo criada por Sabbatini A nova lâmpada trazia mais claridade do que as mais avançadas lâmpadas a óleo da época. As lâmpadas de Argand foram primariamente introduzidas no teatro francês em 1784. A partir de 1850 o gás é utilizado de forma genérica nos teatros. As vantagens conseguidas a partir da utilização do gás nas luminárias e candelabros eram muitas; um candelabro a gás equivalia a 12 velas, a luz produzida era mais intensa, mais estável e o controle desta operação passou a ser centralizado (fig. 1.28). Mesmo com todas as vantagens em relação aos sistemas de iluminação artificial anteriores, sua utilização trazia altos custos com manutenção e problemas de segurança, havia grande preocupação com incêndios que eram comuns. 32 Figura 1.28 - Luminária a gás criada por Argand Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.com Em 1879 é criada a lâmpada incandescente por Thomas Edison com um filamento de carbono. As primeiras instalações elétricas nos teatros foram feitas através da luz de ribalta, gambiarras e laterais. Foram muitas as possibilidades de criação a partir desta nova descoberta (fig.1.29). Figura 1.29 - Lâmpada Incandescente Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.com 33 F F 2. A iluminação cênica artificial Diferente dos demais sistemas sígnicos1 teatrais, a iluminação é um artifício bastante recente. Sua introdução no espetáculo teatral, deu-se apenas no séc XVII, aperfeiçoando-se com a descoberta da eletricidade. Uma das principais funções da iluminação é delimitar o espaço cênico. Quando um facho de luz incide sobre um determinado ponto do palco, significa que é ali que a ação se desenrolará naquele momento. Além de delimitar o lugar da cena, a iluminação se encarrega de estabelecer relações entre o ator e os objetos, o ator e os personagens em geral. A iluminação "modela" através da luz o rosto, o corpo do ator ou um fragmento do cenário. (fig. 2.1 a 2.7) Figura 2.1 - Foto do espetáculo Telhado de Vidro - Tanzhaus Fonte: Mauro Kury 1 Relativo a signos; unidade principal constitutiva da linguagem humana, representada pela associação entre um significado e um significante, ou seja, entre um conceito e uma imagem acústica. 34 Figura 2.2 - Foto do espetáculo Matulao – Trupe do Passo Fonte: Mauro Kury Figura 2.3 - Espetáculo da Universidade da Califórnia – Santa Barbara Fonte: Lighting the Stage, Art and Practice 35 Figura 2.4 – Foto – Espetáculo Teatral Figura 2.5 – Foto – Espetáculo de Dança Fonte: www.luxious.com/portifolio Fonte: Hwww.blainekimball.com/images/theater_lighting.jpg Figura 2.6 – Espetáculo de Dança Fonte: www.luxious.com/portifolio Figura 2.7 – Foto de espetáculo Musical Fonte: www.luxious.com/portifolio 36 F F A inclusão da iluminação cênica nos primeiros espetáculos Por dois mil anos, 500 A.C e 1500 D.C., o teatro não necessitou de outra luz que não fosse o sol, apenas raras exceções como nas Igrejas na Idade Média, Europa no século IX, onde se fazia teatro na própria Igreja. À vela, invenção dos fenícios, foi durante muito tempo à única iluminação que os teatros possuíam. Não havia necessidade de iluminação artificial para o teatro, pois a arte cênica acontecia durante o dia e era desenvolvida em locais abertos. Entretanto quando o espetáculo se prolongava, era preciso recorrer ao fogo para iluminá-lo no meio para o final, através de tochas ou fogueiras. Os espetáculos feitos nas Igrejas eram iluminados com velas ou círios2. Representações como comédias satíricas, apresentações circenses, que eram executadas em tavernas e castelos, eram iluminadas com tochas e archotes. No inverno em que os dias eram menores, a iluminação artificial também era usada no final dos espetáculos; tocha amarrada à gaiola de ferro que segurava o material flamejante. Os dramas litúrgicos desenvolviam-se nas igrejas e a iluminação era favorecida pelos vitrais. Dramas Medievais feitos ao ar livre, performances em locais fechados faziam uso da lâmpada a óleo, tochas e vela. A iluminação do palco ao longo de todo caminho desde a toda flamejante do teatro elisabetano até a lâmpada de óleo italiana, começou na renascença com equipamento de fazer alusão ao grego. 2 Círios, velas compridas. Antigamente feitas de sebo de boi. 37 F F F F F F A produção do teatro renascentista ficava na mão do arquiteto do teatro, responsável pelo cenário e iluminação e, algumas idéias importantes como: o humor específico como uma tragédia, iluminação indireta com a utilização de espelhos, escurecimento do auditório, passo muito importante. Lâmpadas a óleo foram largamente usadas para iluminação doméstica e pública, incluindo o teatro da idade média até o fim do século XVIII. O pavio quando imerso em pequena quantidade de óleo, produzia não só luz mas também fumaça e um cheiro desagradável. Óleos vegetais de alta qualidade, como óleo de oliva, produziam mais luz com menos fumaça, assim como melhor odor. A lâmpada a gás, que foi introduzida em 1784 pelo inventor suíço Argand, foi um grande progresso comparado às tradicionais lâmpadas a óleo de chama aberta. Argand empregou conhecimento científico no papel do recentemente descoberto oxigênio em combustão. As lâmpadas de Argand foramprimariamente introduzidas no teatro francês. Nos teatros, o gás é empregado de forma generalizada a partir de 1850. A primeira adaptação bem sucedida em 1803 no Lyceum Theatre de Londres (fig. 2.8 e 2.9), foi realizada por um alemão chamado Frederick Winsor3. Em 1876, pela primeira vez, durante a representação de suas óperas em Bayreuth4, Richard Wagner5, mergulha a sala no escuro. Essa medida é pouco a pouco adotada na Inglaterra, na França e no restante dos teatros europeus. Com um destaque maior ao espetáculo e diminuiu-se a luz na platéia, com isso o espectador perdeu a consciência da realidade e entrou em estado parcial de hipnotismo. 3 Frederick Winsor, R.L. 1888, Fundador da Middlesex School , professor de teatro. 4 Bayreuth cidade situada na Alemanha 5 Wilhelm Richard Wagner (22 de maio de 1813 - Leipzig, 13 de fevereiro de 1833 - Veneza) compositor clássico alemão. 38 Figura 2.8 - Lyceum Theatre de Londres – Vista Palco Fonte: Hwww.unlikelymoose.com Figura 2.9- Lyceum Theatre de Londres - Vista Platéia Fonte: Hwww.unlikelymoose.com 39 No século XIX as inovações cênicas e infra-estruturais do teatro tiveram prosseguimento. O teatro de Booth de Nova York (fig. 2.10) já utilizava os recursos do elevador hidráulico. Os recursos de iluminação também passaram por muitas inovações e experimentações, com o advento da luz a gás. Figura 2.10 - Teatro de Booth NY Fonte: Hwww.ckbphoto.net/family/washingtondc/crw_2756.htm Em 1879 quando Edson fabrica a primeira lâmpada de incandescência com filamento de carbono, permite a generalização do uso da eletricidade nos teatros. Até o final do séc XIX a luz elétrica já havia se tornado comum nos grandes teatros. As primeiras instalações elétricas em palco italiano utilizavam luzes de ribalta, gambiarras e laterais. Em 1881, o Savoy Theatre (fig.2.11) de Londres foi o primeiro a utilizar iluminação elétrica. A Iluminação elétrica passa a ser um dos principais instrumentos de estruturação e animação do espaço cênico. A luz elétrica fez com que toda a estrutura teatral mudasse radicalmente. As primeiras mesas de controle apareceram em Londres e no Boston Theatre nos EUA. 40 Figura 2.11 - Savoy Teatre Fonte: Hwww.hotelsoftheworld.com 2.1.1. A importância da iluminação cênica artificial no teatro Somente nos últimos quatro ou cinco séculos que o teatro tem geralmente sido realizado em ambiente fechado e, a luz tem sido usada para iluminar o palco e os atores. Velas, tochas, lâmpadas a óleo e a gás, cada uma por sua vez, contribuiu com meios de produzir esta luz e, permitiu algum grau de efeito. A eletricidade chegou, e com ela novas idéias. Sem a iluminação nada pode ser visto; é o primeiro dos estímulos da mente humana e, o homem é sensível a todas as suas nuances. Por séculos, são escritas nos espetáculos a luz que o homem tem conhecido em suas vidas; agora esta luz pode ser “manipulada“ no palco. Seu efeito visual e emocional pode ser usado para acompanhar e influenciar a atuação, como a evolução da técnica mostra, é sem limite. 41 F F A iluminação cênica artificial nos dias de hoje A luz elétrica veio proporcionar melhores condições para visibilidade e abrir novos caminhos não só para a iluminação como para o teatro em geral. Ela provocou mudanças no conceito de cenografia, figurinos, alterando completamente o aspecto visual do espetáculo. Com o objetivo de otimizar ainda mais a iluminação cênica, novos aparelhos dotados de lentes e lâmpadas especiais foram surgindo, em conseqüência disto muitas vantagens como; a focagem, lentes de abertura do foco, direcionamento preciso, regulagem de posição fixa ou móvel e em todas as direções que facilitava cobrir o objeto de cena e artistas de qualquer ângulo e suporte para filtros coloridos. Seus Elementos Hoje em dia são utilizados vários equipamentos como o spotlight, que permitiu isolar e precisar as zonas de ação, pôs o artista em evidência, detalhou cenários e objetos e, iluminando as cenas de vários ângulos valorizou as três dimensões. Em sua maior parte, as lâmpadas usadas são as lâmpadas incandescentes halógenas de alta potência que são utilizadas nos refletores para lâmpadas par, palito, lâmpadas de descarga.. Hoje são muito utilizados os projetores plano-convexos para fachos difusos assim como o Projetor Fresnel6. Em longas distâncias surgiram os canhões seguidores formados por lâmpadas de descarga ou halógenas. Permitindo a reprodução de formas geométricas e efeitos, os projetores elipsoidais estão entre os mais especificados pelos criadores de iluminação cênica nos espetáculos. 6 Refletor com um tipo de lente dotada de sulcos prismáticos concêntricos, dele se obtem uma luz muito constante, seus fachos se misturam sem deixar marcas ou contornos acentuados. 42 Outros refletores bastante usados são as carcaças usadas com lâmpadas Par (fig. 2.12), a utilização de cores tornou-se cada vez mais presente nos espetáculos e, estes refletores permitem a utilização de gelatinas coloridas de forma bastante satisfatória. Figura 2.12 - Refletor para lâmpada Par 64 Fonte: www.iar.unicamp.br/lab/luz/equipamentos/par.htm Paralelo a todo este avanço para atingirmos as condições de visibilidade em teatros fechados, foram surgindo mesas de controle. A iluminação cênica tem expressão própria. A intenção é dotar o conjunto da maior possibilidade de uso, considerando um rigor técnico nas angulações e uma disponibilidade de equipamentos, recursos técnicos e recursos operacionais. A excelência do material instalado fica ao dispor do processo criativo que será, então, o agente estimulador da resposta emocional do espectador. 43 3. A Iluminação Cênica como Elemento Modificador A luz tem a capacidade de mudar a aparência das coisas. Uma paisagem vista num dia ensolarado pode parecer brilhante, cheia de contrastes fortes e tonalidades diferentes, no entanto esta mesma paisagem vista em um dia nublado apresenta características completamente diferentes. O mesmo acontece com a iluminação artificial em ambientes internos, onde lâmpadas utilizadas apresentam índice de reprodução de cor e temperaturas diferentes, assim como a posição de luminárias e quantidade de luz aplicada no palco, podendo torná-lo quente, frio, aconchegante ou impessoal. Além de modificar a aparência física dos objetos e dos ambientes que ilumina, a luz tem também o poder de agir sobre as pessoas, alterando seu estado de espírito, seu humor, através das impressões psicológicas que causa. As pessoas, os objetos e principalmente os lugares são vistos de modo diferente, dependendo do tipo de luz que recebem (fig. 3.1 a 3.7). Se na vida real observamos esse duplo papel da luz, agindo sobre a aparência física dos elementos por ela iluminados e, causando as mais variadas reações psicológicas nas pessoas, no teatro, a importância da luz é ainda maior. Figura 3.1 – Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada 44 Figura 3.2 – Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada Figura 3.3 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada Figura 3.4 – Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada 45 Figura 3.5 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada Figura 3.6 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada Figura 3.7 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada 46 A iluminação cênica é planejada com a finalidade de causar envolvimentoe provocar impressão psicológica aos espectadores. A começar pelo tipo de lâmpada empregada. Um espetáculo a luz de velas causa uma impressão completamente diferente de espetáculo iluminado com lâmpadas halógenas, em conseqüência do tipo de luz emitida. A mesma cena é vista então sob claridades diferentes despertando as mais diversas reações. Quando se ilumina um objeto com uma luz incidente, mas que não ilumina por igual todos os lados do seu corpo, estabelece-se diferenças entre os lados mais iluminados e os que recebem menos quantidade de luz, essa diferença denomina- se contraste de iluminação. Através deste contraste modificam-se os objetos iluminados, dá-se a estes formas aparentemente diferentes e possibilitando também a criação de cenas diferenciadas. Iluminando o mesmo objeto estático de diferentes ângulos e de forma seqüenciada, pode-se dar a este a aparência de estar em movimento. Lembrando ainda da utilização de cores, que auxiliam a iluminação cênica e criam diversas atmosferas, cenas iluminadas com cores diferentes, podem retratar aparentemente situações térmicas distintas (fig. 3.8 e 3.9). Figura 3.8 - Cena de espetáculo iluminada – The Poor Sailor 47 Figura 3.9. - Cena do espetáculo Áse – Ana Vitória Companhia de Dança Objetos de Cena e Suas Características A luz reinventa o objeto, como ele estivesse sendo visto pela primeira vez. Revela sua configuração, materialidade, textura; realça os contornos, as dobras, as, curvas, as ondulações, o arredondamento, largura, espessura, profundidade, cor, peso, brilho e transparência. O espectador, mesmo sem sair do lugar, pode ter uma impressão visual completa dos objetos, como se os estivesse vendo sob todos os ângulos. Uma simples mesa, sem a menor importância perceptiva, pode transformar-se num objeto interessante e admirável. A luz possui uma participação fundamental na visualidade dos elementos cênicos, porém se o artista da luz não levar em consideração os demais elementos expressivos que compõe esse todo, corre risco de desarmonizar o encontro estético entre eles. 48 A cenografia, os objetos, os atores, os figurinos, o palco, na sua tonalidade visual, possuem uma claridade local inerente a ele próprio. Uma luz ambiente, aparentemente uniforme, revela que alguns objetos são mais claros e outros mais escuros, tornando evidente as características destes objetos (fig. 3.10 e 3.11). Figura 3.10 - Intrépida Trupe Figura 3.11 – Foto - Espetáculo de Dança A iluminação rege os elementos visuais do palco, determinando a importância de cada um destes e revelando sua plasticidade. A cenografia, os figurinos e os objetos de cena e principalmente os atores com seus gestos e expressões que adquirem destaque e importância ao receberem luz. Aplicação de Cores A cor faz parte da simbologia e do imaginário do ser humano, mas, sem luz é impossível compreendê-la, no escuro as cores não podem ser observadas. A qualidade e a quantidade da luz utilizada, responsável por projetar uma determinada luz colorida, influi diretamente no reconhecimento e resultado da cor sobre os objetos. A utilização das cores na iluminação cênica, além de mostrar diferença nos objetos iluminados, traz também diferentes emoções. A aplicação de outras cores 49 F F às mesmas cenas apresentadas, aos olhos de seus espectadores, é capaz de trazer sensações de diferentes temperaturas (fig. 3.12). O estudo das cores é extremamente importante na composição plástica dos espetáculos, a luz influência o restante dos elementos cênicos, alterando sua composição. Figura 3.12- Esfera branca exposta a cores quentes e frias; Lavander 57, Fire 19 e Médium Âmbar 20 Para obter o resultado da “luz colorida” como na figura acima, podem ser utilizadas lâmpadas que apresentam seu bulbo já colorido, filtros de vidro, cristal e material plástico de diferentes cores, mas, na iluminação cênica principalmente em ambientes fechados, são utilizadas folhas de gelatinas1, que apresentam uma infinidade de cores e que podem ser aplicadas a muitos modelos de refletores e projetores, apresentando resultados eficientes e diferenciados. Hamilton Saraiva, em tese, comenta: “As cores na iluminação, interferem na leitura emocional de cenas apresentadas. As cores podem criar uma linguagem própria e, ainda, ajudar ou prejudicar o resultado final de uma cena ou peça teatral, consoante o uso apropriado ou impróprio dos matizes, com relação ao sentimento almejado, pelo criador, por parte da platéia.” 1 Folha de material transparente, geralmente de poliester ou policarbonato, posicionada em frente aos refletores para colorir ou filtrar luzes. Encontram-se disponíveis no mercado gelatinas de inúmeras cores, em diversos tons. Fundamental quando se deseja utilizar cor para desenhar a cenografia. 51 F F F F Hamilton Saraiva2, em sua obra cita: “Quando Leone de Sommi, em 1565 ou 1566 em seu livro Quatro Dialoghi in Materia di Representazioni Sceniche, sugere que “estaria melhor a comédia com a iluminação colorida e o drama com a luz branca”, já havia uma relação entre a cor e os gêneros dramáticos pretendidos. Estas relações primárias entre as cores da natureza e o nosso sistema sensorial são alguns princípios que nos interessam para um estudo com as cores nas luzes”. Ricardo Kosovski3 3.2.1. Criação de atmosferas As pessoas, os objetos e principalmente os lugares são vistos de modo diferente dependendo do tipo de luz que recebem, no caso deste estudo; os espetáculos teatrais e seus objetos de cena (fig. 3.13). Figura 3.13 – Espetáculo da Lumini Cia de Dança 2 Hamilton Figueredo Saraiva, Interações Físicas e Psíquicas geradas pelas cores na iluminação teatral . Tese de Doutorado, Escola de Com. e Artes, 1999 São Paulo. 3 Teatro e Comunicação: Aspectos de cena”, 1995, UFRJ 52 Em muitos casos selecionamos ambientes que iremos freqüentar de acordo com a iluminação deste, às vezes sem percebermos. Uma iluminação aconchegante torna um ambiente mais agradável. Os estudos de iluminação ambiental mostram a importância e o poder da luz na divisão dos espaços, na criação de compartimentos, na sugestão de profundidade, altura, extensão, no destaque dos objetos, no contraste de tons, na valorização dos detalhes, texturas, volume, transparência e brilho (fig. 3.14). Figura 3.14- Intrépida Trupe - Sonhos de Einstein A noção de proximidade e distância também está relacionada com a luz. Focos fechados são concentradores e aproximativos; cores frias e tonalidades escuras atuam como distanciadores; luz frontal produz achatamento; luz vertical dá sombra no rosto; luz balanceada produz naturalidade; enfim, a luz tem a capacidade de mudar as aparências. Se sem ela não há espetáculo, podemos dizer que com ela, o espetáculo muda muito, condicionando os olhos a enxergarem apenas aquilo que está sendo iluminado e de maneira “como” está sendo iluminado. 53 F F A importância da sombra na iluminação As sombras trazem profundidade aos objetos iluminados e textura, dependendo da iluminação elas podem ter cor. No momento em que os iluminadores fazem seu trabalho de iluminação, eles são responsáveis por resultados opostos luzes e sombras. Ao escolher as áreas que devem iluminar, devem preocupar-se também com as áreas que não querem que sejam iluminadas. Então, escolhido o tipo de luz, deve-se escolher também o tipo de sombra que será criada, pois ao se projetar à luz a um objeto, se produzirá um outro efeito que deve ser bastanteobservado; a sombra (fig. 3.15). Figura 3.15 – Foto de Espetáculo Musical Quando a luz, encontra obstáculos na superfície, criam-se locais com queda de luminância que são percebidos pela nossa retina; as sombras, sem elas não perceberíamos o volume dos objetos. Existem tipos de sombras diferentes. Leonardo da Vinci já no século XVI, havia diferenciado os três tipos de sombra, que o americano Michael Baxandall4 classificou como: sombra projetada, auto- 4 Michael Baxandall - Professor de arte renascentista italiana, nasceu em 1933 na cidade de Cardiff, Inglaterra. 54 sombra, e sombreamento. Todos os objetos ganham volume ao combinar em graus diferentes essas formas de sombras. A sombra projetada é causada por um obstáculo entre uma superfície e uma fonte de luz. Por exemplo, quando se afina um foco em determinado ator, tem-se a sombra dele no palco. Aqui, o ator seria o obstáculo que causaria a sombra no piso do palco (fig. 3.16 a 3.19). Figura 3.16 – Luz de Frente Figura 3.17 – Luz a Pino Figura 3.18 – Luz de chão Figura 3.19 – Luz Chapada 55 A auto-sombra é aquela de uma superfície que fica fora do alcance do facho de luz. Em um contra-luz (fig. 3.20), iluminação posicionada por detrás do objeto a ser iluminado, o rosto do ator está em situação de auto-sombra. A sombra projetada é mais escura que a auto-sombra, pois, a contraluz haverá sempre um pouco de reflexo da luz rebatida do chão, no rosto do ator. Já o sombreamento se dá pelo ângulo que a luz forma com a superfície a ser iluminada. Figura 3.20 – Contra-luz O teatro de sombras Esta é uma técnica utilizada com as sombras projetadas por algum foco de luz através de uma cortina. Nos palcos a "sombra chinesa" é a utilização desse efeito como linguagem plástica e de cena. Efeitos de sombras "chinesas" devem ser bem estudados para que o resultado final seja satisfatório, tanto plasticamente quanto em termos de linguagem cênica. Alguns conhecimentos básicos de comportamento da luz e de materiais são necessários para a realização desse efeito. 56 Figura 3.21 - Visão interna da sombra projetada Figura 3.22 - Visão externa da sombra projetada Alguns materiais permitem a passagem de determinadas partes da luz incidente sobre eles, tais como tecidos, plásticos, vidros leitosos, filtros de difusão etc. São esses materiais os mais utilizados nesse efeito exatamente porque seus graus de opacidade e textura determinarão comportamentos diferentes da luz no anteparo. Quando se emite um foco de luz frontalmente a esses materiais, seus versos apresentarão as sombras dos objetos dispostos entre eles e a luz. Conhecendo e testando materiais e luzes diferentes os lighting designers podem obter efeitos satisfatórios no palco. Figura 3.23 -Visão int. sombra proj. sobre projeção Figura 3.24-Visão ext. sombra proj. sobre projeção 57 A quantidade, direção e ângulo de iluminação, determinarão as sombras criadas. Pode-se observar que a dimensão da sombra criada é inversamente proporcional à distância entre a fonte de luz e o anteparo material, assim como dos objetos utilizados. É importante saber que a quantidade de sombras de um objeto projetada no anteparo dependerá exclusivamente da quantidade de fontes luminosas e as distâncias e dimensões entre as sombras dependerão das distâncias entre essas fontes. Figura 3.25 -Visão int. sombra proj. 02 focos Figura 3.26 -Visão ext. sombra proj. 02 focos 67 ANEXO 1 – LÂMPADAS, REFLETORES E EQUIPAMENTOS AUXILIARES 1. Refletor PAR Figura 1 – Refletores para lâmpada PAR Esse refletor é assim chamado, por ser utilizado com lâmpadas com um espelho parabólico (Parabolic Alumized Reflector). O feixe de luz gerado por este refletor depende do tipo da lâmpada usada. Já que a lâmpada utilizada pode ser substituída, com a mesma luminária poderemos ter dispersões de feixe de luz que vão desde iluminar uma grande área, até criar o efeito da luz do sol ou da lua em um pequeno espaço, efeito do “Dedo de Deus”. O modelo das lâmpadas é determinado pelo diâmetro do bulbo (fig. 2). O modo de dispersão é função do tipo da lâmpada que é definida pelo seu diâmetro externo. Figura 2 – Lâmpadas PAR – diferentes tamanhos 68 0 BRefletor PAR can 1000w com lâmpada PAR 64 Lamp Feixe Área iluminada a 6m FFN VNSP:Very Narrow Spot 3 1/2' x 8 1/2' FFP NSP: Narrow Spot 5' x 9' FFR MFL: Medium Flood 7 1/2' x 16' FFS WFL: Wide Flood 12' x 18' De acordo com o quadro acima, a lâmpada Narrow Spot bulbo tem um feixe mais pronunciado devido à alta concentração de energia e permite ver com riqueza de detalhes as cores de fundo do cenário. Wide Flood Bulbs são usadas para iluminar uma área grande ou onde houver poucas luminárias para cobrir uma grande área. Em pequenos teatros recomenda-se o tipo MFL (medium flood) e a NSP (Narrow spot) que resolvem a maior parte das situações. Os tipos mais comuns de lâmpadas usadas em teatros são; PAR38:150 watt PAR56: 300 watt PAR56(Q) e PAR64 lâmpadas halógenas: 500 watt PAR64(Q): 1000 watt 69 F F 2. Elipsoidal Figura 2 – Refletor Elipsoidal O refletor Elipsoidal está entre os mais complexos não automáticos refletores encontrados em iluminação teatral, são usados por sua forte e bem definida luz e sua versatilidade. Equipamento cujo foco é bem definido proporcionando luz dura. Utilizado geralmente para projeção e recortes de imagens no fundo de estúdios e para efeitos no teatro, é também utilizado para gerais de frente. Para abertura focal o equipamento possui uma íris mecânica; para os recortes, jogos de facas e, para projeções; porta-gobos. Projeções são feitas através de gobos1 de aço, duralumínio ou gobos de vidro coloridos. Alguns modelos podem suportar porta-gobos rotatórios com encaixes para duas lâminas. Existem também máquinas de efeitos para acoplagem na parte frontal do canhão. O Elipsoidal tem uma eficiência maior do que o Fresnel devido o bulbo ser rodeado por um reflector elipsoidal diferente do esférico do fresnel. Isto resulta num maior controle do feixe de luz. Outra grande vantagem é o baixo consumo de energia onde lâmpadas de 750-575W iluminam igual a de 1000W de outras luminárias. 1 Gobo- mascara com desenhos em metal ou outro material para projeção de imagens 70 3. Projetor Plano-Convexo (PC) Figura 3 – Projetor Plano-Convexo O PC um refletor bastante utilizado em teatro, leva esse nome por que utiliza uma lente plano-convexa para fazer com que os raios luminosos tenham uma incidência focalizada em determinado campo e produza uma fonte luminosa bastante definida. Ele possui um espelho esférico e um sistema de deslocação da lâmpada no interior de sua carcaça. O espelho aumenta o desempenho da luminosidade; a deslocação da lâmpada em relação à lente aumenta o grau do facho de luz. Afastando-se a lâmpada da lente, o facho diminui. Dependendo do modelo, a variação do facho fica entre 5º a 50º. Sua utilização é bastante variada, pois esse equipamento possui grande versatilidade. Gerais, banhos, focos com definição (luz dura), focos indefinidos (luz soft), back lights (contra-luzes), podem ser criados com esse "pincel". Para criação de luz soft, adicionam-se filtros difusores ou silk, assim como, para desenhos retangulares, utilizam-se bandoors. Outros efeitos podem ser conseguidos com prática e experiência, tais como:sombras projetadas, vitrais projetados, máscaras, etc. Os plano- convexos podem ter diferentes potências, os mais comuns são os de 500 W, 1000W, 2000W. 71 F F 4. Fresnel Figura 4 – Refletores Fresnel Como o plano-convexo, o fresnel é um equipamento cuja luz pode ser considerada "dura", porém, devido às características difusoras de sua lente, o equipamento fornece um detalhamento focal menos acentuado, diluindo a iluminação do centro à periferia. Sendo sua luz mais suave, suas sombras são menos definidas. Encontramos esse tipo de equipamento em utilização nos teatros, estúdios de vídeo, tv e no cinema. Suas potências variam muito e no cinema criam uma iluminação muito apropriada para efeitos de luz do dia com utilização de lâmpadas hmi2 de alta potência. Muito útil na construção de gerais, contra-luzes, banhos e walls. Figura 5 - Lâmpada HMIl 2 HMI - São lâmpadas de tipo descarga contendo mercúrio, metais raros e iodo. 72 A lente Fresnel tem a espessura de lente reduzida devido ela ser dividida em diversos círculos concêntricos, preservando a curvatura da face convexa de um teórico anel total. Figura 6 – Lente Fresnel A imagem projetada pela lente fica distorcida, devido aos cortes existentes em cada anel concêntrico. Geralmente estes refletores possuem ajustes internos, que permitem movimentar a lâmpada através de um pequeno trilho e assim obter tanto um facho luminoso bem aberto como um facho bem fechado e intenso. 5. Canhão Seguidor Figura 7 – Canhão seguidor 73 Refletor de grande potência utilizado para projeção de focos definidos em atores e cenários. Pouco utilizado em estúdios, a não ser em programas de televisão e cinema (efeitos específicos). Geralmente manuseado manualmente sobre um tripé de apoio. Possui sistema de troca e mistura de cores. 6. Scoop Figura 8 – Refletores Scoop O Scoop é um dos mais simples equipamentos usados no teatro. Consiste de uma lâmpada (em geral incandescente para baixa potência ou halógena) colocada dentro de um refletor parabólico. O principal uso é prover uma inundação difusa de luz em uma grande área através de uma única fonte. 74 Na pratica é uma luz de preenchimento onde o foco não é o mais importante. As luminárias PAR permitem um foco melhor. Scoops de grande potência (1000w e 16”) são geralmente usados para iluminar o ciclorama ou iluminar o cenário. 1 B7. Ciclorama Figura 9 – Refletores ciclorama de chão Figura 10 – Refletores ciclorama aéreo O Ciclorama é constituído de luminárias retangulares cuja função é de “inundar” de luz uma superfície vertical Podemos fazer a iluminação por baixo ou por cima de acordo com o modelo. 75 8. Border Lights Figura 11 – Refletores borderlight O borderlight é um conjunto de lâmpadas compartimentadas em luminárias para o uso de banho de luz. Em geral tem vários circuitos, em cada um podemos então colocar lâmpadas diferentes. Assim cada conjunto do borderlight pode preencher uma área com uma cor e outro com outra cor. 9. Moving Light Figura 32 – Moving light 76 F F Equipamento com controle digital que tanto pode transferir uma iluminação soft (wash) como focos definidos, projeções de gobos (lâminas vazadas de duralumínio para projeção de imagens) e luzes estroboscópicas. Seu controle é feito através de mesas com protocolos de comunicação DMX (protocolo de transferência de dados de mesas digitais para equipamentos). Utilizados geralmente em shows e programas de televisão ao vivo para efeitos de banho no palco e em alguns casos específicos também em estúdios. Os Moving Lights são divididos em Moving Heads e Scanners. Scanners são os Moving Lights com espelho que possuem um movimento de PAN e TILT muito mais rápidos do que os Moving Heads. Através de slides metálicos ou dicróicos (gobos) podemos projetar logotipos ou até fotos em qualquer superfície. 10. Mesas e Dimmers Figura 13 - Dimmer com 12 canais A diferença que a iluminação cênica proporciona, é bastante expressiva tanto para os equipamentos quanto a forma de instalação, operação e utilização. O sistema de iluminação cênica pode ser dividido em 2 grupos ou categorias: sistema digital onde todo o processamento é feito com a utilização de softwares e linguagem de comunicação própria entre dimmer3 e mesa e, o sistema analógico que engloba sistemas de pequeno porte. 3 Recurso elétrico que controla a quantidade de eletricidade, podendo diminuir ou aumentar a intensidade da lâmpada do refletor. 77 Rack é a parte destinada ao controle da potência, podendo atuar sobre qualquer equipamento resistivo ou indutivo, (pois atua sobre a tensão média do sinal elétrico.) Geralmente este equipamento é passivo e seus únicos ajustes são as chaves disjuntoras para proteção dos canais de entrada e saída. Os dimmers analógicos possuem ajustes de intensidade mínimo e máximo e para os equipamentos digitais, a chave para endereçamento, sendo os ajustes de mínimo e máximo realizados através da mesa mixer. Mesa Mixer Local onde toda a programação é processada. Análoga ao sistema de dimmer, a mesa também pode variar quanto ao sistema, podendo ser analógica ou digital. Suas principais características são o número de canais e cenas que se pode programar (fig.14 e 15). Figura 14 - Mesa analógica Hoje em dia a sofisticação de hardware e software nos permite ter como exemplo o conjunto abaixo: Figura 15 - Mesa Computadorizada 78 As fotos abaixo apresentam exemplos de palcos iluminados por diferentes refletores e projetores; refletor para lâmpada Par, plano-convexo, elipisoidal, moving light entre outros. Alguns destes acrescidos de filtros de cores, outros apenas lâmpadas, sem filtros ou gobos. São muitas as possibilidades de criação de luz, utilizando equipamentos disponíveis hoje no mercado. Figura 16 - The Lakewood Church in Houston, Texas Figura 17 – Foto Palco – Iluminado Figura 18 – Foto Palco - Iluminado Figura 19 – Foto Palco – Iluminado Figura 20 – Foto Palco - Iluminado Figura 21 - Foto Palco – Iluminado Figura 22 - Foto Palco - Iluminado 79 ILUMINAÇÃO CÊNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR DOS ESPETÁCULOS: INTRODUÇÃO A iluminação artificial e sua evolução A primeira chama Acender e transportar o fogo Fogo e a civilização 1.1.2. Da vela à lâmpada incandescente A Iluminação natural e sua relação com os espaços cênicos O teatro grego e o romano: a relação entre os espaços de apresentação e a luz O Teatro Elisabetano Sua utilização nos dias de hoje Revisão histórica da iluminação artificial nos espaços cênicos A inclusão da iluminação cênica nos primeiros espetáculos 2.1.1. A importância da iluminação cênica artificial no teatro A iluminação cênica artificial nos dias de hoje Seus Elementos Objetos de Cena e Suas Características Aplicação de Cores 3.2.1. Criação de atmosferas A importância da sombra na iluminação O teatro de sombras ANEXO 1 – LÂMPADAS, REFLETORES E EQUIPAMENTOS AUXILIARES 0BRefletor PAR can 1000w com lâmpada PAR 64 2. Elipsoidal 3. Projetor Plano-Convexo (PC) 4. Fresnel 5. Canhão Seguidor 6. Scoop 1B7. Ciclorama 8. Border Lights 9. Moving Light 10. Mesas e Dimmers
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