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Impactos da pecuária para o meio ambiente - com nova tabela (1)

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IMPACTOS AMBIENTAIS DA PECUÁRIA BOVINA
AngelaZomerAlberton
Franciele Guollo Machado
Laise Vicente de Mello
Leandro Fernandes Daminelli
Profª. Gisele BaschirotoPrudencio
	
RESUMO
A pecuária bovina possui um importante papel na produção mundial de alimentos e na movimentação da economia. Toneladas de carnes são vendidas e consumidas todos os dias, atividade que gera renda às famílias envolvidas direta e indiretamente no processo de produção e distribuição de carnes. No entanto, tamanha demanda por alimento causa um impacto gigantesco na natureza. A emissão de gases, desmatamento desenfreado para criação de pastagens e processos de desertificação de regiões inteiras em função do desgaste do solo pelo uso inconsciente dos rebanhos geram prejuízos que levariam incontáveis anos para serem revertidos caso a humanidade resolvesse fazê-los. Em função disso, a presente pesquisa mostrará de forma clara e direta os principais impactos que a atividade pecuária de bovinos traz para o meio ambiente.
Palavras-chave: pecuária bovina, impacto ambiental, meio ambiente.
1. INTRODUÇÃO
A criação de gado bovino é comum no Brasil desde os primeiros anos da chegada dos portugueses. No passado, a atividade foi considerada fundamental para o transporte, na lavoura pela tração de implementos agrícolas como o arado e no entretenimento através das touradas e rodeios. Atualmente, de acordo com o censo agropecuário de 2006 desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as áreas de pastagem destinadas para criação de gado no Brasil ocupam aproximadamente 172 milhões de hectares, enquanto às destinadas à lavoura totalizam menos de 77 milhões de hectares. 
Também deve se levar em consideração que, conforme Schlesinger (2009), o maior rebanho comercial bovino do mundo é o brasileiro, pois apesar da índia liderar com a maior quantidade, não as utiliza por questões religiosas. “Entre 1990 e 2007, a produção de carne bovina mais que dobrou, passando de 4,1 para mais de 9milhões de toneladas, com ritmo de crescimento bem superior ao de sua população e de seu consumo”. (SCHLESINGER, 2009, p.1).
No entanto, é preciso ressaltar que a bovinocultura se desenvolve e gera lucratividade no Brasil, porque está ligada a dois segmentos: a cadeia produtiva de carne e a cadeia produtiva de leite. Atualmente, o Brasil é o sétimo no ranking mundial com um volume aproximado de 27 bilhões de litros/ano e se consolida como um dos grandes exportadores de produtos lácteos são lado de Nova Zelândia e países da União Europeia. 
Já a bovinocultura de corte também é crucial para a pecuária brasileira porque compõe a maior parte do rebanho nacional. O tratamento do Gado de Corte pode ser feito de forma extensiva ou a partir do confinamento. A Pecuária Extensiva é marcada pela criação solta a pasto e com apenas alguns sais minerais de complemento. Já o confinamento de Gado de Corte é mais criterioso e marcado pelo controle total da alimentação dos bovinos.
Dentro desse contexto, a presente pesquisa abordará os impactos resultantes dessa atividade para o meio ambiente.
2. CRIAÇÃO DE GADO DE LEITE
O Brasil é o sexto produtor mundial de leite com 1,3 milhões de produtores e produção de 27,5 bilhões de litros/ano movimentando R$ 64 bilhões/ano e emprega 4 milhões de pessoas. Rocha e Nogueira (2010, p. 13) apontam que os principais produtores são os Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo, Paraná e Santa Catarina que, em 2008, foram responsáveis por 81,7% do total produzido no País.
O leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes da agropecuária brasileira, ficando à frente de produtos tradicionalmente obtidos, como o café beneficiado e o arroz. O agronegócio do leite e seus derivados, onde o Brasil se posiciona como o sexto produtor mundial, desempenha um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população. (ROCHA, NOGUEIRA, 2010, P. 13). 
O Brasil pode ser considerado um dos grandes produtores mundiais de leite, mas sua pecuária não pode ser considerada de modo geral como especializada. Isto porque, conforme informações de Rocha e Nogueira (2010, p. 13) existem diferentes sistemas de produção, onde a pecuária leiteira altamente tecnificada convive coma pecuária extrativista que possui baixo nível tecnológico e baixa produtividade. A estimativa é que 2,3% das propriedades leiteiras são especializadas e atuam como empresa rural eficiente. Entretanto, 90% dos produtores são considerados pequenos, com baixo volume de produção diária, baixa produtividade por animal e pouco uso de tecnologias.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a produção média das vacas no Brasil é de 1.240 litros/vaca/ano e a lotação média está em apenas uma vaca/hectare. Embora existam, no País, 16 Bovinocultura de Leite - Parte 1 alguns grupos de produtores que podem ser classificados como eficientes, a maioria, ainda permanece com baixos índices de eficiência técnica, e por consequência, econômica. Enquanto em 2009, a produtividade média dos EUA e Canadá foi de 25,73 e 23,06 kg de leite/vaca/dia, respectivamente, no Brasil a média foi de apenas 4,88 kg de leite/vaca/dia. (ROCHA E NOGUEIRA, 2010, p. 13)
Contudo, pode-se destacar com base nos dados pesquisados na revista Desenvolvimento Sustentável, que mesmo entre os maiores produtores de leite do mundo, o Brasil ainda não desenvolveu tecnologias ou criou programas que possam beneficiar os produtores de forma igualitária. 
2.1 DESAFIOS DA PRODUÇÃO DE LEITE
Na bovinocultura do leite existem alguns fatores que limitam o desenvolvimento. A maioria está relacionada aos aspectos geopolíticos e sociais da região em que a atividade está inserida. Rocha e Nogueira (2010, p. 20) descrevem algumas características comuns como: 
Condução da atividade de forma pouco profissional. Processos de gerenciamento e planejamento pouco aplicados;
Unidade produtiva não é considerada uma empresa ou trabalhada com visão sistêmica;
Produtividade e rentabilidade baixa;
Pouca apropriação e uso de tecnologia;
Política governamental para o setor;
Abastecimento de insumos;
Canais de comercialização;
Genética do rebanho;
Organização da cadeia produtiva;
Preço de produto;
Assistência técnica;
Acesso a mercados;
Linhas de financiamento;
Capacitação e treinamento;
Incentivo fiscal;
Fiscalização dos órgãos competentes;
Geração de renda mensal insatisfatória
Além desses fatores destacados pelos autores Rocha e Nogueira (2012), é possível afirmar que o leite é uma das principais fontes de renda para famílias de pequenos produtores. Freitas (2014. p. 13) destaca que para esses trabalhadores, as principais dificuldades estão relacionadas aos fatores climáticos, devido ao leite ser um produto sazonal, a falta de capital para investimentos e melhoras na propriedade entre outros. “A produção leiteira é uma atividade milenar, muito tradicional e de baixa rentabilidade e ainda que tenham sido mecanizadas algumas etapas do processo, ainda é bastante dependente da força do trabalho humano, aliás, é uma das maiores empregadoras no meio rural”. (FREITAS, 2014. P.13).
2.2 CRIAÇÃO DE GADO DE CORTE
A pecuária de corte está entre as principais criações brasileira sendo grande responsável pelo fornecimento de proteína de origem animal para o ser humano em conjunto com aves, suínos e peixes. A atividade é encontrada em todo território nacional e a produção é baseada em vários níveis tecnológicos e, consequentemente, em diferentes níveis de produtividade. O ministério da agricultura estima que em 10 anos o consumo brasileiro de carne bovina será de 9,4 milhões de toneladas, o que representaria um aumento de aproximadamente 25% no período.
Lima, Escalante e Cesconetto (2010, p. 15) afirmam que o Brasil possui hoje o maior rebanho comercial do mundo; é o segundo maior produtor mundial de carne bovina, com cerca de oito milhões de toneladas, e a partir de 2003 passou a ser o primeiroexportador mundial, com destaque tanto no comércio de carnes frescas como no de industrializadas. Esses resultados foram obtidos após uma série de ações para melhorar a qualidade da carne produzida em território nacional:
Em primeiro lugar, podem-se destacar as ações desenvolvidas em prol da erradicação da febre aftosa que resultaram na melhoria da percepção de qualidade do produto pelos países importadores. Outra característica adicional de valorização foi a constatação da produção de alimento seguro, uma vez que a maior parte do rebanho brasileiro é alimentada em pasto. Outros fatores, como solo, clima e recursos humanos, passaram a constituir vantagens comparativas que, somadas à extensão territorial, têm permitido ao País oferecer, aos mercados nacional e externo, carne bovina de alta qualidade, em volumes crescentes e a preços competitivos. (LIMA, ESCALANTE E CESCONETTO, 2010. P. 15). 
Nas últimas quatro décadas, a pecuária de corte passou por uma fase de modernização sustentada por avanços no nível tecnológico dos sistemas de produção e na organização da cadeia com claro reflexo na qualidade da carne bovina. Em termos de rebanho, o seu efetivo mais que dobrou no período, enquanto que a área de pastagens pouco avançou ou até diminuiu em algumas regiões, o que por si comprova grande salto de produtividade.
O aumento em produtividade também se baseia em outros elementos importantes, como o aumento do ganho de peso dos animais, a diminuição na mortalidade, o aumento nas taxas de natalidade e na expressiva diminuição na idade ao abate, com forte melhora nos índices de desfrute do rebanho, que evoluiu de aproximadamente 15% para até 25%. Desfrute é o porcentual de animais, retirados anualmente para abate, sem redução no número de animais do rebanho.
2.2.1 Bovinocultura de corte no Estado de Santa Catarina
O estado de Santa Catarina não se destaca na produção de carne bovina, pois importa cerca de 50% da carne consumida, mas a essa atividade está presente na maioria dos municípios catarinenses. O rebanho é formado por aproximadamente por 5 milhões de cabeças, 72% fêmeas e 28% machos segundo dados da Companhia Integrada Desenvolvimento Agrícola (Cidasc) de novembro de 2018. 
No Estado são abatidos cerca de 610 mil animais anualmente. Como a produção é menor que a demanda, são exportadas cerca de 130 mil toneladas/ano. No entanto, Santa Catarina vem se destacando na criação e abatimento de novilho precoce com até 30 meses de idade, inclusive tendo uma lei que estimula a comercialização e um programa chamado ATeG (Assistência Técnica e Gerencial) em pecuária de corte. Esse programa é oferecido pela Cidasc e possui efeitos na produção e produtividade. Santa Catarina é o único Estado do Brasil livre de febre aftosa e isso cria as condições ideais para o produtor.
Com o intuito de aumentar esses números em favor de Santa Catarina, órgãos ligados a pecuária realizam programas de apoio ao desenvolvimento da cultura do gado de corte, realizando cursos sobre gestão, nutrição e melhor qualidade genética do rebanho, podendo assim, capacitar produtores em vários municípios catarinenses. Isso garante ao pecuarista maior produtividade e valor agregado na entrega do produto final.
É possível perceber que existe um trabalho considerado eficiente no campo com relação a melhores pastagens, salubridade, genética, melhoramento das instalações e manejos adequados. Técnicos agrícolas junto com produtores rurais buscam aperfeiçoar e facilitar o planejamento do trabalho com auxílio da tecnologia de informação e gestão de empresas visando sempre o bem-estar animal e maiores rendimentos. 
2.3 DESAFIOS DA BOVINOCULTURA DE CORTE
Para Nogueira (2019), a situação da bovinocultura de corte no mundo é devastadora. O autor acredita que o rebanho mundial não seja suficiente para atender a demanda por carne. “Tanto no Brasil, como na média mundial, o mercado pressionará por um aporte tecnológico num ritmo nunca vivido antes pela pecuária. Ou é assim, ou não teremos como ofertar a carne que o mundo quer”. (NOGUEIRA, 2019). Com essa afirmação, podemos perceber que um dos desafios atuais da bovinocultura do corte é suprir as demandas dos consumidores que pressionam cada vez mais o mercado. 
A solução do problema é investir em tecnologia, já que de acordo com o autor, na produção pecuária, é possível dividir a aplicação de tecnologia em dois grupos básicos: agronômico, relacionado ao suporte por área e zootécnico, relacionado ao desempenho animal. Ele também observa que a produção teria que aumentar gradualmente até atingir os quase 86 milhões de toneladas de carcaças em 2050. “Se houver acréscimo tecnológico da ordem de um ponto porcentual, por período, na taxa média de desfrute, até 2050, entre rebanho e animais para abate, o total de bovinos teria que aumentar 390,9 milhões de cabeças. Um acréscimo de 25% ao total de 2010”. (NOGUEIRA, 2019.)
Aumentar um ponto porcentual na taxa média mundial de desfrute, em 10 anos, é considerado um número elevado para os analistas da área. Seria uma revolução nas fazendas de gado do mundo, especialmente em países de grande destaque, como é o caso do Brasil.
3.CONSEQUÊNCIAS PARA O MEIO AMBIENTE
Apesar de toda a importância envolvendo a produção de carne e leite e seus derivados, a produção desses alimentos tem impactos nocivos e acentuados ao meio ambiente. Com o passar dos anos e o aumento da população, esse impacto tende a aumentar, visto que a necessidade no aumento da produção resultará proporcionalmente no avanço do desbaste de florestas inteiras que darão lugar a pastagens para os animas de corte e às plantações de grãos que suplementarão sua alimentação na engorda. 
De acordo com Miller Jr. (2014), mais da metade dos grãos que são produzidos no mundo tem como destino a alimentação de rebanhos e mais da metade da água retirada dos rios anualmente é utilizada para limpeza de resíduos animais e irrigação de plantações destinadas a alimentar o gado. O mesmo autor cita ainda que 16% de toda a carga de metano liberada na atmosfera são provenientes dos rebanhos. 
Além disso, só nos Estados Unidos, a produção de esterco dos rebanhos é 20 vezes maior que a produção de resíduos da população. Todo esse esterco ao escapar de seus postos de armazenagens (normalmente em lagoas artificiais construídas exclusivamente para armazenar esse tipo de resíduo), pode atingir rios e lagos e matar os indivíduos desses ecossistemas em função do esgotamento de oxigênio dissolvido da área afetada (Miller Jr. 2014).
Miller Jr. (2014), destaca também o problema ocasionado pelo sobrepastejo, que nada mais é do que um esgotamento da capacidade de reposição da área de pasto ocasionado pelo tempo excessivo de uso de uma mesma área pelo gado. Nesse processo, o solo perde a produtividade da vegetação, reduz a cobertura de grama e pode entrar em processo de desertificação quando combinado com períodos de seca. Outro impacto alarmante é ameaça às espécies selvagens, pois o avanço das terras destinadas aos rebanhos reduz o habitat de muitas outras espécies, colocando muitas delas na lista de ameaçadas de extinção.
3.1 PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS
De acordo com Pedreira e Primavesi (2006), a pecuária vem sendo um dos maiores vetores da degradação do meio ambiente em regiões tropicais ao gerar extensas áreas produtoras e refletoras de calor em função de essas áreas ficarem por muito tempo sem a proteção da vegetação que normalmente é queimada. Esse manejo equivocado do solo gera uma reação em cadeia que, em função do desmatamento e a erosão do solo desgastado pelo uso por rebanhos acaba por originar processos de desertificação e assoreamentos de corpos de água. Ainda segundo os mesmos autores, a destruição de florestas reduz a biodiversidade vegetal, afetando todo o ecossistema.
Além disso, as queimadas, comuns em processos de desmatamento, gera toneladas de gases de efeito estufa. Em média 2 kg de gás carbônico por quilo de matéria seca queimada são gerados. Deficiências na alimentação do gado tambémpodem aumentar a proporção de metano por quilograma de carne produzido (Pedreira e Primavesi, 2006).
Pedreira e Primavesi (2006) citam o uso de produtos tóxicos durante a produção de carne ou durante a produção dos grãos que servirão como alimento ao gado, como fatores de grande impacto ambiental, pois esses produtos facilmente contaminam o solo e águas próximas, seja durante a aplicação desses produtos ou mesmo no descarte de resíduos não utilizados após o uso. Na fase de confinamento, as fezes e urina do gado concentrados produzem uma quantidade considerável de gás metano, que tem potencial de retenção de calor até 25 vezes maior do que o gás carbônico. Pedreira e Primavesi (2006) complementam que o CO2 emitido pelas máquinas agrícolas durante a produção de grãos destinados à alimentação dos rebanhos também devem ser considerados impactos ambientais relacionados à pecuária.
O Metano (CH4) é o hidrocarboneto mais abundante na atmosfera terrestre e tem capacidade de reter calor 23 vezes mais que o gás carbônico (ALVALÁ, KIRCHHOFF E PAVÃO, 2007). O Gás Metano é um gás incolor e sem cheiro, e de pouca solubilidade em água e quando adicionado ao ar, pode ser altamente explosivo. 
As principais fontes de gás metano são:
Decomposição de resíduos orgânicos;
Fontes naturais (pântanos);
Extração de combustível mineral;
Bactérias encontradas em plantação de arroz;
Processo de digestão em animais herbívoros.
Lembrando que 60% da emissão de metano no mundo é produto da ação humana. O grande destaque vai para a criação de gado, tanto de leite como o de corte, onde no ano de 2016 o rebanho bovino brasileiro lançou na atmosfera 392 milhões de toneladas de gases efeito estufa na atmosfera.
Os bovinos são um dos maiores produtores de metano, sendo 28% das emissões produzidas pela pecuária mundial. 
Segundo a EMBRAPA (2003), a criação de bovinocultura contribui para emissões de metano por duas vias: dejetos de animais e fermentação entérica. Nos herbívoros ruminantes acontece através da fermentação entérica. A fermentação entérica é um processo digestivo pelo qual os carboidratos são decompostos por micro-organismos, em moléculas simples (ácido acético, ácido propiônico e burítico) a serem absorvidos no animal. Os principais problemas apontados pelos pesquisadores na pecuária extensiva são o metano emitido pela fermentação entérica nos ruminantes, o óxido nitroso emitido pelo dejeto de animais em pastejo e o dióxido de carbono trocado pelo solo e vegetação. Há muitos fatores que influenciam na produção de CH4 no entérico dos ruminantes, inclusive o tipo de carboidrato fermentado, o sistema digestivo do animal, a quantidade e o tipo de alimentos consumidos. As bactérias metanogênicas presentes no rúmen, obtêm energia para seu crescimento ao utilizar H2 para reduzir CO2e formar metano (CH4) onde é eructado e exalado para a atmosfera.
Pesquisadores têm desenvolvido técnicas para reduzir a emissão de metano, através da melhoria das práticas de manejo alimentar, manipulação ruminal, por meio de suplementação com monensina, lipídios, ácidos orgânicos e compostos de plantas.
Com algumas mudanças na alimentação, podem ser reduzidos cerca de 30% na emissão de gás metano. Uma das opções para a alimentação dos bovinos seria o aumento de milho nas rações. Se o percentual desse alimento subir de 25 a 75%, seria possível reduzir cerca de 6% da emissão de gases para cada litro de leite produzido. O capim rico em açúcar também proporciona uma redução de 20% das emissões para cada quilo que o gado de corte ganhar (REDAÇÃO CICLO VIVO, 2011).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica e de campo de campo para melhor entendimento do contexto pesquisado. 
Como saída de campo foi realizada uma visita a uma feira de agronegócios e entrevista com produtores, favorecendo um amplo conhecimento sobre o tema, possibilitando assim uma melhor abordagem sobre o assunto. 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa sobre os impactos da pecuária bovina no meio ambiente é, com toda certeza, um estudo de grande importância para que se possa entender os custos, bem como todos os procedimentos necessários para obter resultados de excelência. Cabe lembrar também, dos processos destrutivos ao qual o ambiente está exposto devido à produção em larga escala de carne bovina e o quanto isso degrada o meio ambiente
Nas entrevistas (vide anexo), realizadas com quatro criadores de gado presentes na feira de agronegócios na cidade de Braço do Norte, Santa Catarina, pôde-se analisar o quanto a preocupação e os cuidados com o meio ambiente estão ausentes de suas atividades. Ao serem questionados sobre o controle de emissões de metano, por exemplo, dos quatro participantes, dois se recusaram a falar sobre o assunto, e dois afirmaram utilizar de técnicas de redução de emissão. De forma unânime, todos apresentaram entendimento da importância de boa pastagem, infraestrutura e melhoramento genético dos rebanhos como pontos essenciais para uma boa produção de carne ou de leite. Como também, a evolução da tecnologia, a experiência acumulada aliada aos recursos e novas possibilidades que o mercado oferece. Porém ainda não demonstram preocupação com o meio ambiente, lembrando que a pecuária é um grande fornecedor de gás metano e muitos dos produtores se omitem em pensar na destruição do meio ambiente e suas consequências. Se recusam em falar deste assunto talvez por medo ou por falta de informações e até por resistência em se adaptar as mudanças tecnológicas que o mercado disponibiliza. Somente 2 produtores falaram das medidas que estão sendo tomadas para produzir menos gás metano e demostrou interesse em se aperfeiçoar e aderir as novas tecnologias de prevenção e de melhores condições ambientais.
Ficou evidente com a pesquisa que muito ainda precisa avançar, pois são cada vez mais frequentes os desastres ambientais e convém uma reflexão dessa realidade que ainda está carente de informações e adormecido por muitos envolvidos nessa atividade de produção.
 É fato que, atualmente, na visão dos pecuaristas preservação é sinônimo de prejuízo e não de investimento. Talvez não seja um investimento financeiro, mas um investimento no futuro. Afinal, é do ambiente que a pecuária ajuda a devastar que são extraídos os insumos que ela consome para produzir. 
Apesar de todo o impacto causado, é importante frisar a importância da atividade pecuária para a manutenção da vida humana como a conhecemos e que é necessária uma busca incessante por soluções e tecnologias que possam atender a demanda por produção de alimento e ao mesmo tempo reduzir os impactos ambientais atuais.
5. CONCLUSÃO
A pesquisa buscou elencar de forma simples e direta os principais impactos da atividade pecuária bovina, descrevendo de forma clara e objetiva o tema abordado, possibilitando ao leitor um melhor entendimento sobre o tema.
Com realização deste estudo, fica claro o grande desafio que a humanidade frente a novas formas mais sustentáveis de produzir alimento e reduzir os impactos ambientais de suas atividades e ainda assim atender à crescente demanda humana por alimento.
Preservação de florestas, animais perdendo seus lares, nascentes sendo extintas e diversos outros problemas envolvidos nessa cadeia de produção não recebem a devida atenção por grande parte dos produtores que ainda se preocupam apenas com os gráficos indicadores de lucros obtidos com a produtividade de seus rebanhos, mas em um futuro próximo, caso o ritmo de desmatamento, queimadas e mau uso do solo continue da forma desenfreada como acontece atualmente, os recursos hídricos e solos férteis para pastejo e plantio não estarão mais disponíveis e o sistema entrará em colapso.
No contexto geral, a pesquisa alcançou seu objetivo, pois permitiu apresentar a problemática em questão de forma clara e objetiva. E também apontar possíveis sugestões e reflexões sobre esses impactos que acredita-se ser urgente e necessária.
REFERÊNCIAS
ALVALÁ,P.C,KIRCHHOFF,V.W.J&PAVÃO,H.G.Metano na Atmosfera-Produção de metano emregiões de queimadas e áreas alagadas. Disponivel em: http://www.biotecnologia.com.br/revista/bio07/metano.pdf Acesso em 10 de junho de 2019.
CICLO VIVO, Mudanças na Alimentação de ruminantes podem reduzir emissões de gás metano. Disponível em: https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/mudancas_na_alimentacao_de_ruminantes_podem_reduzir_emissoes_de_gas_metano/ Acesso em 11 de junho de 2019.
FERREIRA, Renata Cristiane Senger, Emissão de GásMetano por bovinos de leite emexposições/feiras.Curitiba,2011.
FREITAS, Rodrigo. Dificuldades Enfrentadas pelos Produtores de Leite. Fundação Universidade Federal de Rondônia. 2014.
LIMA,Magda. Emissão de Metano pela Pecuária. Cuiabá, MT, 9 de setembro de 2008.
LIMA, Vera; ESCALANTE, Alfredo; CESCONETTO, Anderson. Boas Práticas Agropecuárias. 1ª ed. Mato Grosso do Sul: Embrapa Gado de Corte.
NOGUEIRA, Maurício.O desafio da Pecuária de Corte. Disponível em: http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=24169&secao=Sua%20Propriedade Acesso em 08 de junho de 2019.
PEDREIRA, Márcio dos Santos; PRIMAVESI, Odo. Impacto da Produção animal sobre o Ambiente. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/47469/impacto-da-producao-animal-sobre-o-ambiente. Acesso em 15 de junho de 2019.
PROCREARE. “O que é Bovinocultura”. 2017. Disponível em: https://procreare.com.br/bovinocultura/ Acesso em: 08 de junho de 2019.
Revista Brasileira de Saúde e produção animal, Vol. 13,(2012).
ROCHA, Robson; NOGUEIRA, Rodrigo. Desenvolvimento Regional Sustentável: Série cadernos de propostas para atuação em cadeias produtivas. Brasília, V.1, n. 1, p. 13 -33, 2010. 
SCHLESINGER, Sérgio. FUNDAÇÃO HEINRCH BOLL. 2009. Disponível em: https://br.boell.org/pt-br/2014/03/11/publicacoes Acesso em: 08 de junho de 2019.
SCHLESINGER, Sérgio. Onde Pastar: o gado bovino no Brasil. 1ª ed. Rio de Janeiro: Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional, 2010. 
Anexo A – entrevista com pecuaristas bovinos (transcrita de arquivo de áudio).
	PERGUNTAS
	RESPOSTAS DOS PRODUTORES DE GADO DE LEITE E DE CORTE
	O que é mais vantajoso na atividade de engorda: Comprar bezerro ou gado magro?
	PRODUTOR 1
Não trabalhamos com gado de engorda. Mas sim com melhoramento genético.
	PRODUTOR 2
Em minha propriedade tenho destinado para duas áreas: produção de terneiros para corte e a outra área com reprodutores de matrizes.
	PRODUTOR 3
A pergunta não foi feita para o produtor.
	PRODUTOR 4
Como o terreno tem muitos declives, não conseguimos aproveitar todo o terreno, como por exemplo, plantar. Por conta disso, o gado de leite é uma ótima opção.
	A Produção de gás metano pela pecuária tem efeito direto no aquecimento global. Qual a sua opinião sobre esse assunto que é tão comentado no mundo?
	Não soube responder.
	Uso serragem onde na cancha. Depois utilizamos como esterco na própria alimentação deles. Porém, existem outras maneiras como, por um exemplo, a estufa.
	Não quis falar sobre o assunto.
	Temos o cuidado de não deixar o esterco ter contato com córregos ou qualquer dejeto ao rio. Contamos com esterqueira para depois servir como adubo orgânico.
	Quais os tipos de investimentos são prioritários na criação de gado de corte ou de leite?
	O fundamental seria a genética. Tendo uma boa genética você irá alcançar um acabamento de carcaça em menor tempo. E, consequentemente, o gado irá comer menos e ir mais cedo para o abate. Um bom manejo e alimentação.
	Pasto e genéticas são as melhores opções. Se não tiver essas duas coisas você acaba não tendo resultado e o que todos querem é um ótimo resultado na criação de gado.
	Manejo e as características do terreno.
	Manejo, ter uma genética boa e uma alimentação adequada.
	Quais as vacinas de rotina que devem ser feitas na criação de gado de leite ou de corte?
	Uma boa desverminização, vacina contra febre aftosa e de carbúnculo.
	Vacinas de reprodução e controles normais de parasitas como o carrapato.
	Raiva, leptospirose, IBR/BVD
	IBR/BVB, Leptospirose, e ter a propriedade livre de tuberculose e brucelose.
	Para você produtor rural, qual seria os pontos negativos e positivos na criação de gado de corte ou de leite?
	Ponto negativo seria a falta de apoio do governo. O ponto positivo é fazer uma boa criação e ter uma visão de negócio.
	Ponto negativo na minha área de reprodução seria vender o boi reprodutor, pois hoje o acesso a sêmen de animais que é importado é bem grande. O ponto positivo seria trabalhar com genética.
	Um ponto negativo é que os produtores estão nas mãos da indústria, pois trabalhamos o mês inteiro e não colocamos o preço do nosso produto, mas sim a indústria. E um ponto positivo é trabalhar com o setor alimentício.
	Ponto negativo seria não ter a valorização do nosso produto, o litro de leite é vendido por um preço muito baixo. O ponto positivo é que várias famílias vivem da agricultura familiar
	 Fonte: elaborado pelos autores.
1 Angela Zomer Alberton, Franciele Guollo Machado, Laise V. Mello, Leandro F. Daminelli.
2 Gisele Baschiroto Prudencio.
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI–18/06/2019

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