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INTA Módulo de Bases Moleculares Prof. Doutor Luís Antônio de Oliveira, Ph.D 1 2 3 4 5 Habilidade de reproduzir É a característica que melhor distingue os seres vivos da matéria não viva Rudolf Virchow em 1855 Onde existe uma célula, deve ter havido uma célula preexistente, assim como animais e plantas surgem de um organismo pré- existente. “Omnis cellula e cellula”(todo, inteiro, de todo tipo) Continuidade da Vida Baseia-se na reprodução das células ou divisão celular. Divisão celular Desempenha papéis importantes na vida de um organismo. Reproduzindo procariotos e renovando/reparando eucariotos. Ciclo Celular tempo de vida de uma célula desde a formação até a divisão 2 3 As funções da divisão celular Fig. 1: As funções da divisão celular. (CAMPBELL, 2015) 4 Câncer Falha na regulação ou falta de regulação no ciclo celular, Cel. ”filhas ou irmãs” Não implica em parentesco Termos importantes 5 Organização celular do material genético Toda espécie eucariótica tem um número característico de cromossomos em cada núcleo celular (23P + 23M = 46). Outros exemplos: 18 nas plantas de repolho, 48 nos chimpanzés, 56 nos elefantes, 90 nos porcos-espinhos e 148 em uma espécie de alga. 5 As proteínas associadas mantém a estrutura dos cromossomos e auxiliam no controle da atividade dos genes.4 A molécula de DNA contém algumas centenas a poucos milhares de genes que especificam as características herdáveis. 3 A replicação e distribuição do DNA são controladas porque as moléculas de DNA estão empacotadas nos cromossomos (do grego, chroma, cor, e soma, corpo) . 2 GENOMA: A presença do DNA na célula e sua informação genética.1 6 Distribuição dos cromossomos durante a divisão da célula eucariótica Cada cromossomo, duplicado, possui duas cromátides ligadas por complexos proteicos chamados de coesinas As partes superiores e inferiores do centrômero são chamados de braços As cromátides-irmãs se separam formando cromossomos individuais para posterior mitose (núcleo) e citocinese (citoplasma). 7 Duplicação dos cromossomos Fig. 2: Duplicação dos cromossomos e distribuição durante a divisão celular (CAMPBELL, 2015) 8 Fases do Ciclo Celular A mitose é a parte mais curta Interfase: G1, S, e G2 A mitose é convencionalmente dividida em cinco estágios: prófase, prometáfase, metáfase, anáfase e telófase. Essas células passam grande parte do tempo em G1 (ou em uma fase relacionada denominada G0), realizando suas funções no organismo. A célula cresce (G1), continua crescendo enquanto copia seus cromossomos (S), cresce mais enquanto completa as preparações para a divisão celular (G2) e se divide (M). Alterna-se com a interfase Mais longa: 90% do ciclo 9 Fases do Ciclo Celular Fig. 3: O ciclo celular. Em uma célula em divisão, a fase mitótica (M) alterna-se com a interfase, o período de crescimento. A primeira parte da interfase (G1) é seguida pela fase S, quando os cromossomos replicam; G2 é a última parte da interfase. Na fase M, a mitose divide o núcleo e distribui os cromossomos para os núcleos- filhos, e a citocinese divide o citoplasma, gerando duas células-filhas. (CAMPBELL, 2015) 10 Divisão Mitótica O envelope nuclear circunda o núcleo Dois centrossomos, que organizam os microtúbulos, são formados pela replicação de um único centrossomo. Cromossomos, duplicados durante a fase S, não podem ser visualizados individualmente, pois ainda não estão condensados. G2 da Interfase 11 As fibras de cromatina se tornam mais enroladas, condensando-se em cromossomos separados, visíveis ao microscópio ótico. Os centrossomos se afastam uns dos outros, impulsionados pelo aumento do comprimento dos microtúbulos entre eles. Cada cromossomo aparece com duas cromátides- irmãs unidas pelos seus centrômeros e coesinas, ao longo de seus braços. O fuso mitótico inicia sua formação com o aparecimento de microtúbulos e ásteres Divisão Mitótica Prófase 12 Divisão Mitótica Prómetafase O envelope nuclear se fragmenta e os microtúbulos invadem a área nuclear. Os cromossomos se tornam ainda mais condensados, com cinetocoro bem evidente Os microtúbulos se ligam aos cinetocoros empurrando-os em movimentos para frente e para trás. Os microtúbulos não pertencentes aos cinetocoros interagem com aqueles do polo oposto do fuso. 13 Divisão Mitótica Metáfase Os centrossomos estão agora em polos opostos da célula. Os cromossomos se reúnem na placa- metafásica e se alinham, Para cada cromossomo, os cinetocoros das cromátides-irmãs são ligados aos microtúbulos vindos de polos opostos. 14 Divisão Mitótica Anáfase A anáfase é o estagio mais curto da mitose: frequentemente demora apenas poucos minutos. Inicia quando as proteínas coesinas são clivadas. Isso permite que as duas cromátides-irmãs de cada par se separem repentinamente. Os cromossomos-filhos liberados se movem em direção às extremidades opostas da célula à medida que os microtúbulos do cinetocoro encurtam. No final da anáfase, as duas extremidades da célula possuem coleções equivalentes de cromossomos. 15 01 02 03 Dois núcleos-filhos se formam na célula O nucléolo reaparece e os cromossomos se tornam menos condensados. Os microtúbulos remanescentes desaparecem e a mitose, está completa. Divisão Mitótica Telófase e Citocinese 04 Há uma divisão do citoplasma, de modo que surgem duas células-filhas (microfilamentos de actina e miosina). 16 • Inicia sua formação durante a prófase. Estrutura de fibras compostas de microtúbulos e proteínas associadas.1 • A montagem dos microtúbulos do fuso inicia no centrossomo.2 • Um par de centríolos está localizado no centro do centrossomo, mas não são essenciais para a divisão celular. 3 • O fuso inclui os centrossomos, os microtúbulos do fuso e os ásteres.4 • Cada uma das duas cromátides-irmãs de um cromossomo replicado tem um cinetocoro,5 Fuso Mitótico 17 Fuso Mitótico Encurtamento dos microtúbulos Proteínas motoras dos cinetocoros “conduzem” os cromossomos ao longo dos microtúbulos, despolimerizando as extremidades. Á medida que as proteínas motoras ligadas aos microtúbulos caminham de um para outro, há gasto de ATP e liberação de subunidades de tubulina. Fonte: G. J. Gorbsky, P. J. Sammak e G. G. Borisy, Chromosomes move poleward in anaphase along stationary microtubules that coordinately disassemble from their kinetochore ends, Journal of Cell Biology 104 9-18 (1987) 18 Mitose em célula ao microscópio óptico Fig. 4: Mitose (CAMPBELL, 2015) 19 20 Ciclo celular eucarioto e regulação molecular 01 02 03 04 Os mecanismos dessa regulação são de intenso interesse, principalmente, paraentender como as células cancerígenas conseguem escapar dos controles usuais do ciclo celular. Algumas das células mais especializadas, como as células nervosas e as células musculares, não se dividem em hipótese alguma em um ser humano maduro células epiteliais se dividem durante toda a vida, ao passo que células hepáticas permanecem em reserva até surgir uma necessidade apropriada. A frequência da divisão celular varia de acordo com o tipo de célula. 21 Controle do ciclo celular Fig. 5: Moléculas presentes no citoplasma durante a fase S ou M controlam a progressão para essas fases. (CAMPBELL, 2015) Fonte: R. T. Johnson e P. N. Rao, Mammalian cell fusion: induction of premature chromosome condensation in interphase nuclei, Nature 226:717-722 (1970). 22 O relógio do ciclo celular Os eventos sequenciais do ciclo celular são marcados por flutuações ritmicas As proteínas quinases (cinases) são enzimas que ativam ou inativam outras proteínas, fosforilando-as. As quinases estão em concentração constante na célula, na maior parte do tempo, inativas. Para se tornar ativa, as quinases devem estar ligadas as ciclinas por isso são chamadas de Cdk ( quinases dependentes de ciclinas). O complexo quinase + ciclina é chamado de MPF. 23 Os mecanismos utilizados pelos seres vivos para auto-regulação e sobrevivência são diversos A fosforilação apresenta-se como um mecanismo ímpar no controle da sinalização Alterando a estrutura nativa da proteína ativando e inativando O relógio do ciclo celular 24 Serina Treonina (KRAUSS, 2003) O relógio do ciclo celular Alteração na carga de proteínas através da reação de fosforilação 25 ATP ADP Proteína Quinase (KRAUSS, 2003) O relógio do ciclo celular Função de ativação e inativação por quinases 26 27 O relógio do ciclo celular Fig. 6 Flutuação das concentrações de ciclina e complexos MPF durante o ciclo celular. (CAMPBELL, 2015). 28 O relógio do ciclo celular O MPF controla seu desligamento e são importantes no controle dos diferentes estágios do ciclo celular. Existem também evidências de que o MPF contribui para os eventos moleculares necessários para a condensação dos cromossomos e formação do fuso durante a prófase. Ciclinas se acumulam durante G2 se associam com as moléculas Cdk o complexo MPF resultante que fosforila uma variedade de proteínas, iniciando a mitose. As iniciais MPF significam “fator promotor de maturação” (do inglês, maturation-promoting factor) Os picos da atividade do MPF correspondem aos picos da concentração de ciclina, aumentam durante as fases S e G2 e, então, diminuem abruptamente durante a fase M. 29 O relógio do ciclo celular Fig. 7 : Controle molecular do ciclo celular no ponto de verificação G2. (CAMPBELL, 2015). 30 Sinais de parada do ciclo celular Sinais internos e externos nos pontos de verificação As células animais têm sinais internos de parada que interrompem o ciclo celular nos pontos de controle até serem ultrapassados por sinais de continuidade. Esses sinais informam se processos celulares cruciais que deveriam ter ocorrido naquele ponto foram completados corretamente e, portanto, se o ciclo celular deve avançar ou não. Os três principais pontos de controle estão nas fases G1, G2 e M. O ponto G1 – chamado de “ponto de restrição” parece ser o mais importante. Muitas das células do corpo humano estão em fase G0, como as, células nervosas maduras e células musculares que nunca se dividem. 4 3 2 1 31 Sinais de parada do ciclo celular Fig. 8 : Dois importantes pontos de verificação. (CAMPBELL, 2015). 32 Fatores externos e internos 01 02 03 05 04 Falta de um nutriente essencial no meio de cultura (fator de crescimento) por exemplo, o fator de crescimento derivado de plaquetas - PDGF, “platelet-derived growth factor” FIBROBLASTOS. Quando ocorre um ferimento, as plaquetas liberam PDGF na volta da ferida. A proliferação resultante dos fibroblastos auxilia a cicatrizar o ferimento. Inibição dependente da densidade, fenômeno em que células aglomeradas param de se dividir Se algumas células são removidas, aquelas que fazem fronteira, sinalizam através de proteínas de superfície a dividir-se até que o espaço vazio seja preenchido. dependência de ancoragem: Sistema de controle do ciclo celular via rotas envolvendo proteínas da membrana plasmática e elementos do citoesqueleto ligados a elas 33 Fatores externos e internos Fig. 9: O efeito do fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) na divisão celular. Fig. 10: Divisão celular dependente de aderência e inibição dependente da densidade (CAMPBELL, 2015). 34 Perda dos controles do ciclo celular nas células cancerígenas Os tumores benignos são formados por células anormais que possuem poucas alterações e que as impedem de sobreviver em outro local. Já os malignos prejudicam as funções de um ou mais órgãos permitindo sua migração. 5 As células defeituosas possuem proteínas alteradas que sinalizam o sistema imune. Na falha do SI a célula de prolifera e forma tumor.4 As células cancerígenas quando param de se dividir, o fazem em pontos aleatórios do ciclo celular.3 Elas podem produzir seus próprios fatores de crescimento, ou podem ter anormalidades nas rotas de sinalização2 As células cancerígenas não atendem aos sinais normais que regulam o ciclo celular e não param de se dividir.1 35 Perda dos controles do ciclo celular nas células cancerígenas 36 • Mudanças anormais na superfície da célula (perdem sua ligação com as células vizinhas) permitindo que elas se espalhem nos tecidos próximos.1 • Induzem o crescimento de vasos sanguíneos em direção ao tumor.2 • As células podem se separar do tumor e entrar nos vasos linfáticos migrando para locais distantes (Metástase).3 • Tumores localizados podem ser tratados com radiação de alta energia que danifica o DNA cancerígeno.4 • A quimioterapia é tóxica para células em ativa divisão. O fármaco TAXOL, congela o fuso mitótico impedindo a despolimerização dos microtúbulos.5 Perda do controle do ciclo celular nas células cancerígenas 37 Tipos de genes associados ao câncer Oncogene Surge a partir de alterações genéticas que modificam o aumento da produção de proteínas e atividade celular. Proto-oncogenes Genes com função essencial nas celulas normais codificando proteínas que atuam no ciclo celular. Vírus Onde foram encontrados os primeiros oncogenes que posteriormente foram encontragos em genomas humanos Mutações Que alteram genes relacionados ao ciclo, crescimento e receptores celulares podem levar ao câncer. Ambiente É responsável por várias mutações que resultam em câncer (Químicos, raios X, vírus etc. A pesquisa levou à descoberta dos genes causadores de câncer, chamados de oncogenes . 38 Tipos de genes associados ao câncer 39 Genes supressores de tumor Genes Proteínas Ajudam a prevenir o crescimento celular descontrolado. Supressoras Normalmente reparam o DNA danificado, função que previne a célula de acumular mutações. Controlam adesão Já que o ancoramento apropriado da célula é crucial em tecidos normais. Rotas de sinalização Compomentes de rotas importantes que inibem o ciclo celular. 40 Interferência com rotas normais de sinalização celular (p53 e ras) Mutações em ras ocorrem em cerca de 30% dos canceres humanos, mutações em p53 em mais de 50% Certas mutações no gene ras podem levar à produção de uma proteína Ras hiperativa que mesmo na ausência do fator de crescimento, resulta em divisão celular aumentada. O gene p53, chamado assim pela massa de 53kD, é um gene supressor de tumor, que codifica proteínas inibidoras do ciclo celular. É chamado de ”anjo da guarda do genoma”. Funciona como ativador para vários genes, dentre eles o p21, cujo produto interrompe o ciclo celular por meio da ligação a CDK’s, dando tempo à célula para reparar o DNA . 41 Interferência com rotas normais de sinalização celular (p53 e ras) 42 Interferência com rotas normais de sinalização celular (p53 e ras) 43 Predisposição herdada e fatores ambientais Cerca de 15% Dos canceres colorretais, por exemplo, envolvem mutações herdadas. . Câncer de mama Existe evidencia de forte predisposição herdável em 5 a 10% dos pacientes.. BCRA1 e BCRA2 São genes supressores de tumor. Seus alelos selvagens protegem contra o câncer de mama e seus alelos mutantes são recessivos e causam câncer. . Herdeiro do gene BRCA1 mutante Tem 60% de possibilidade de desenvolver câncer de mama antes dos 50 anos, . Mary Claire em 1970 Demonstrou de forma convincente que mutações em um gene – BRCA1 – estavam associadas com a susceptibilidade aumentada ao câncer (BRCA, breast cancer, câncer de mama) Um individuo que herda um oncogene ou um alelo mutante de um gene supressor está a um passo mais próximo de acumular as mutações necessárias para desenvolver câncer. 44 45 46 Bibliografia Recomendada