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Ciclo Celular A única maneira de formar uma nova célula é duplicando uma célula já existente (continuidade da vida). Uma célula se reproduz ao executar uma sequência organizada de eventos em que ela duplica seu conteúdo e, então, divide- se em duas. Esse ciclo de duplicação e divisão, conhecido como ciclo celular, é o mecanismo essencial pelo qual todos os seres vivos se reproduzem. • Em espécies unicelulares, como bactérias e leveduras, cada divisão celular produz um novo organismo completo. • Em espécies multicelulares, sequências longas e complexas de divisões celulares são necessárias à produção de um organismo funcional. • Mesmo no indivíduo adulto, a divisão celular normalmente é necessária à substituição das células que morrem. No mínimo, a célula deve executar sua tarefa fundamental: passar as informações genéticas para a próxima geração de células. Para produzir duas células-filhas geneticamente idênticas, o DNA de cada cromossomo deve primeiro ser fielmente replicado para produzir duas cópias completas. Os cromossomos replicados devem então ser acuradamente distribuídos (segregados) para as duas células- filhas, assim cada uma recebe uma cópia completa do genoma. Para manter seu tamanho, as células em divisão devem coordenar o crescimento (i.e., o aumento da massa celular) com a divisão. Visão Geral do Ciclo Celular O ciclo celular eucariótico geralmente é composto por quatro fases. Em uma célula humana típica se proliferando em cultura, a interfase pode ocupar 23 horas de um ciclo celular de 24 horas, com 1 hora de fase M. As duas fases de intervalo são mais do que um simples retardo de tempo que garante o crescimento celular. Elas também dão tempo para que a célula monitore o ambiente interno e externo a fim de se assegurar de que as condições são adequadas e os preparativos estejam completos, antes que a célula se comprometa com as principais transformações da fase S e da mitose. ► A duração de G1 pode variar imensamente, dependendo das condições externas e de sinais extracelulares de outras células. ► Nesse sentido, a fase G1 é especialmente importante. Sua duração pode variar imensamente, dependendo das condições externas e de sinais extracelulares de outras células. ► Se as condições extracelulares são favoráveis e os sinais para crescer e se dividir estão presentes, as células no início de G1 ou G0 avançam até um ponto de comprometimento próximo ao fim de G1 (ponto de restrição em células de mamíferos). ► Uma vez passado esse ponto, as células se comprometem com a replicação do DNA, mesmo que os sinais extracelulares que estimulam o crescimento e a divisão celular sejam removidos. ► Sistema de controle do Ciclo Celular • O sistema de controle do ciclo celular opera de forma muito semelhante a um cronômetro que aciona os eventos do ciclo celular em uma sequência determinada. • O sistema de controle do ciclo celular tem como base em uma série conectada de interruptores bioquímicos, cada um dos quais inicia um evento específico do ciclo celular. • Os interruptores geralmente são binários (ativo/inativo) e desencadeiam eventos de maneira completa e irreversível. • O sistema de controle do ciclo celular é notavelmente intenso e confiável, em parte devido a mecanismos de reserva e outras características que permitem que o sistema opere de maneira eficiente sob várias condições, mesmo que alguns componentes falhem. • O sistema de controle é altamente adaptável e pode ser modificado para se adequar a tipos celulares específicos e para responder a sinais intracelulares ou extracelulares específicos. Pontos de transição reguladora O sistema de controle do ciclo celular depende de proteínas-cinase dependentes de ciclinas (Cdks) ciclicamente ativadas. • As atividades dessas cinases aumentam e diminuem à medida que a célula avança no ciclo, levando a mudanças cíclicas na fosforilação de proteínas intracelulares que iniciam ou regulam os principais eventos do ciclo celular. • As ciclinas foram originalmente denominadas desse modo porque sofrem um ciclo de síntese e degradação a cada ciclo celular. Os níveis de proteínas Cdk, ao contrário, são constantes. • As modificações cíclicas nos níveis das proteínas ciclinas resultam no agrupamento e ativação cíclicos dos complexos ciclina-Cdk nos estágios específicos do ciclo celular. • Na maioria das células, uma quarta classe de ciclinas, as G1-ciclinas, ajuda a regular as atividades das G1/S-ciclinas, as quais controlam, no final de G1, a progressão ao Início. • Em células de vertebrados, existem quatro Cdks. Duas interagem com ciclinas G1, uma com ciclinas G1/S e S, e uma com ciclinas S e M. • Cada complexo de ciclina-Cdk fosforila um conjunto diferente de proteínas-substrato. • O mesmo complexo de ciclina-Cdk também pode induzir diferentes efeitos em diferentes tempos do ciclo. • Atividade de Cdk pode ser suprimida pela fosforilação inibitória e por proteínas inibidoras Cdk (CKIs) • A ativação total do complexo de ciclina-Cdk ocorre, então, quando uma outra cinase, a cinase ativadora de Cdk (CAK; do inglês, Cdk-activating kinase), fosforila um aminoácido próximo à entrada do sítio ativo da Cdk. • Proteólise regulada desencadeia a transição metáfase-anáfase • O principal regulador da transição entre metáfase e anáfase é o complexo promotor da anáfase, ou ciclossomo (APC/C), um membro da família enzimática de ubiquitinas-ligase. • O APC/C catalisa a ubiquitinação e a destruição de dois tipos principais de proteínas. • A primeira é a securina, que protege as ligações proteicas que mantêm os pares de cromátides-irmãs unidos no início da mitose. • As S-ciclinas e as M-ciclinas são os segundos principais alvos do APC/C. • Seguindo sua ativação na metade da mitose, APC/C permanece ativa em G1 para fornecer um período estável de Cdk inativa. • Quando G1/S-Cdk é ativada em G1 tardio, APC/C é inativado, permitindo, desse modo, um acúmulo da ciclina no próximo ciclo celular. • O sistema de controle do ciclo celular funciona como uma rede de interruptores bioquímicos Fazes do Ciclo Celular Os cromossomos lineares das células eucarióticas são estruturas imensas e dinâmicas de DNA e proteína, e sua duplicação é um complexo processo que ocupa uma fração importante do ciclo celular. A longa molécula de DNA de cada cromossomo deve não apenas ser precisamente duplicada – um feito notável por si só –, mas o empacotamento das proteínas que cercam cada região daquele DNA também deve ser reproduzido, assegurando que as células- filhas herdem todas as características da estrutura cromossômica. A duplicação cromossômica requer a duplicação da estrutura da cromatina A replicação deve ocorrer com extrema precisão, a fim de minimizar o risco de mutações na próxima geração de células. A S-Cdk inicia a replicação do DNA uma vez por ciclo . Ao mesmo tempo que S-Cdk inicia a replicação de DNA, muitos mecanismos previnem a ligação de novas pré-RCs. Fase S • Na mitose tardia e G1 precoce, APC/C desencadeia a degradação de um inibidor Cdt1 chamado geminina, permitindo, assim, que Cdt1 se torne ativa. . Fase S Mitose A mitose é tradicionalmente dividida em cinco etapas: 1. Prófase 2. Prometáfase 3. Metáfase 4. Anáfase 5. Telófase Uma vez concluída a mitose, o segundo principal evento da fase M – citocinese. Regulação • Primeiro, um aumento abrupto na atividade de M-Cdk na transição G2/M desencadeia eventos no início da mitose (prófase, prometáfase e metáfase). • A segunda parte principal da mitose começa na transição entre metáfase e anáfase, quando o APC/C provoca a degradação da securina, liberando uma protease que cliva a coesina e, com isso, inicia a separação das cromátides-irmãs. A ativação da M-Cdk começa com o acúmulo de M-ciclina. Na maioria dos tipos celulares, a síntese de M-ciclina aumenta durante G2 e M, devido principalmente ao aumento da transcrição do gene M-ciclina. • A M-Cdk deve, no mínimo, induzira formação do fuso mitótico e assegurar que cada cromátide-irmã de um par esteja ligada ao polo oposto do fuso. Ela também desencadeia a condensação dos cromossomos – a reorganização em grande escala das cromátides-irmãs entrelaçadas em estruturas compactas, similares a um bastão. • Em células animais, a M-Cdk também promove a desintegração do envelope nuclear e rearranjos do citoesqueleto de actina e do aparelho de Golgi. • Em todos os eucariotos, o evento central da mitose – a segregação dos cromossomos – depende de uma máquina complexa e bela denominada fuso mitótico. • O fuso é um arranjo bipolar de microtúbulos, que separa as cromátides-irmãs na anáfase, segregando, com isso, os dois conjuntos de cromossomos a extremidades opostas da célula, onde eles são empacotados em dois núcleos-filhos. • A duplicação dos centrossomos começa aproximadamente ao mesmo tempo em que a célula entra em fase S. • G1/S-Cdk que desencadeia o início do ciclo celular, também inicia a duplicação dos centrossomos. • O APC/C provoca a separação da cromátide-irmã e a conclusão da mitose • Além da securina, o APC/C também direciona as S-ciclinas e as M-ciclinas à destruição, levando à perda da maioria das atividades das Cdks na anáfase. • Entre as cinases que fosforilam e consequentemente ativam o APC/C está a M-Cdk. • Portanto, a M-Cdk não somente desencadeia os eventos mitóticos iniciais que levam à metáfase, mas também monta o palco para a progressão à anáfase. Cromossomos não ligados bloqueiam a separação das cromátides-irmãs: ponto de verificação da formação do fuso. As substâncias que desestabilizam os microtúbulos, como a colchicina ou a vimblastina, sequestram as células em mitose por horas ou mesmo por dias. • O primeiro, anáfase A, é o movimento inicial dos cromossomos em direção aos polos, que é acompanhado pelo encurtamento dos microtúbulos do cinetocoro. • O segundo, anáfase B, é a separação dos próprios polos do fuso, que começa após as cromátides-irmãs terem se separado e os cromossomos terem se distanciado. Os cromossomos segregados são empacotados em núcleos-filhos na telófase. O primeiro evento principal da telófase é a despolimerização do fuso mitótico, seguida pela formação do envelope nuclear. A desfosforilação das mesmas proteínas atingidas pelo M-cdk é necessária para despolimerização e à formação de núcleos-filhos na telófase. CITOCINESE A etapa final do ciclo celular é a citocinese, a divisão do citoplasma. A primeira mudança visível da citocinese em uma célula animal é o aparecimento repentino de uma reentrância, ou sulco de clivagem, na superfície celular. O sulco rapidamente se torna mais profundo e se espalha ao redor da célula, até dividir completamente a célula em duas. A estrutura subjacente a esse processo é o anel contrátil – um agrupamento dinâmico composto por filamentos de actina, filamentos de miosina II e muitas proteínas estruturais e reguladoras. • Quando a contração do anel é concluída, a inserção e a fusão da membrana selam a lacuna entre as células-filhas. • Organelas delimitadas por membrana devem ser distribuídas entre as células-filhas durante a citocinese. G1 A fase G1 é um estado estável de inatividade das Cdks. A degradação das ciclinas pela APC/C desencadeia os eventos do final da mitose, promove a citocinese e possibilita a síntese de complexos pré-replicativos nas origens de replicação do DNA. Na maioria das células, esse estado de inatividade das Cdks gera uma fase de intervalo G1, durante a qual a célula cresce e monitora seu ambiente antes de se comprometer com uma nova divisão. Em embriões jovens de animais, a inativação da M-Cdk no final da mitose se deve quase que inteiramente à ação do Cdc20- APC/C. • Essa inativação do APC/C imediatamente após a mitose é especialmente útil em ciclos celulares embrionários rápidos, uma vez que permite à célula rapidamente começar a acumular M-ciclina nova para o próximo ciclo. • Esse processo também pode ocorrer por ação de CKI como a p27. MEIOSE • A maioria dos organismos eucarióticos se reproduz de forma sexuada: os genomas de dois pais se misturam para gerar uma descendência geneticamente distinta de ambos os progenitores. • Em geral, as células desses organismos são diploides, isto é, contêm duas cópias ligeiramente diferentes, ou homólogas, de cada cromossomo, uma de cada progenitor. • A reprodução sexuada depende de um processo especializado de divisão nuclear chamado de meiose, que produz células haploides que portam somente uma única cópia de cada cromossomo. • Em muitos organismos, as células haploides se diferenciam em células reprodutivas especializadas chamadas de gametas – óvulos e espermatozoides na maioria das espécies. • Nessas espécies, o ciclo reprodutivo termina quando um espermatozoide e um óvulo se fundem para formar um zigoto diploide, que tem potencial de formar um novo indivíduo. • A meiose inclui dois ciclos de segregação cromossômica. • A meiose reduz o número de cromossomos pela metade usando muitas das mesmas maquinarias moleculares e controle dos sistemas que operam a mitose. • A primeira dessas divisões (meiose I) resolve o problema, exclusivo da meiose, de segregar os homólogos. • Na primeira anáfase meiótica, os homólogos duplicados em vez de cromátides-irmãs são separados e segregados em dois núcleos-filhos. • Apenas na segunda divisão (meiose II), que ocorre sem mais replicação do DNA, as cromátides-irmãs são separadas e segregadas (como na mitose) para produzir núcleos-filhos haploides. • Durante a meiose I é crucial que cada homólogo se reconheça e se associe fisicamente com o objetivo de que os homólogos maternais e paternais sejam biorientados no primeiro fuso meiótico. • A justaposição gradual de homólogos ocorre durante o período prolongado chamado de prófase meiótica (ou prófase I). • É durante a prófase I inicial que os homólogos começam a se associar ao longo de seu comprimento em um processo chamado pareamento, o qual, em alguns organismos ao menos, começa com interações entre sequências de DNA complementar (chamadas sítios de pareamento) nos dois homólogos. • Em muitas espécies, pares homólogos são, então, entrelaçadas por recombinação homóloga: quebras na fita dupla do DNA são formadas em várias partes em cada cromátide-irmã, resultando em um grande número de eventos de recombinação de DNA entre os homólogos. O pareamento dos homólogos culmina na formação de um complexo sinaptonêmico. Embora a recombinação inicie antes da formação do complexo sinaptonêmico, as etapas finais ocorrem enquanto o DNA é mantido no complexo. Uma diferença fundamental entre meiose I e mitose (e meiose II) é que, na meiose I, em vez das cromátides-irmãs, são os homólogos que se separam e são segregados. As coesinas perto dos centrômeros são protegidas das separases na meiose I por uma proteína associada ao cinetocoro, chamada shugoshin (do japonês, “espírito guardião”). • A recombinação por entrecruzamento tem duas funções distintas na meiose: ele ajuda a manter os homólogos juntos até que sejam segregados de forma adequada para as duas células-filhas produzidas pela meiose I e contribui para a diversidade genética dos gametas que, finalmente, são produzidos. • Essa recombinação é altamente regulada: o número e a localização das quebras na fita dupla ao longo de cada cromossomo são controlados, assim como a probabilidade que uma quebra seja convertida em um ponto de entrecruzamento. • Embora as quebras nas fitas duplas que ocorrem na meiose I possam ser localizadas em quase qualquer lugar ao longo do cromossomo, elas não estão uniformemente distribuídas: elas aglomeram-se em “locais de alta probabilidade”, onde o DNA é acessível, e ocorrem apenas de forma rara em “locais de baixa probabilidade”, como as regiões de heterocromatina ao redor dos centrômerose telômeros. A meiose frequentemente funciona mal • Os erros são especialmente comuns na meiose em mulheres, a qual é interrompida após o diploteno durante anos: a meiose I só é completada no momento da ovulação, e a meiose II somente após o oócito ser fecundado. • Na verdade, tais erros na segregação de cromossomos durante o desenvolvimento do oócito são as causas mais comuns tanto de aborto espontâneo quanto de retardo mental em humanos. • Quando homólogos falham em se separar de forma adequada – um fenômeno chamado não disjunção –, o resultado é que alguns gametas haploides resultantes não têm um cromossomo particular, enquanto outros tem mais de uma cópia deles. • Na fecundação, esses gametas formam embriões anormais, a maioria dos quais morre. • No entanto, alguns sobrevivem. Por exemplo, em humanos, a síndrome de Down, que é a principal causa de retardo mental, é causada por uma cópia extra do cromossomo 21, normalmente resultante da não disjunção durante a meiose I no ovário da fêmea. • Erros de segregação durante a meiose I aumentam muito à medida que a idade materna avança. CONTROLE DA DIVISÃO E DO CRESCIMENTO CELULAR As moléculas de sinalização extracelular que regulam o crescimento celular, a divisão e a sobrevivência são geralmente proteínas solúveis secretadas, proteínas ligadas à superfície celular ou componentes da matriz extracelular. Elas podem ser operacionalmente divididas em três classes principais: 1. Mitógenos 2. Fatores de crescimento 3. Fatores de sobrevivência Além dessas três classes de sinais estimuladores, existem moléculas de sinalização extracelular que suprimem a proliferação celular, o crescimento celular, ou ambos; em geral, sabe-se menos a respeito delas. Os mitógenos estimulam a divisão celular • As células de um organismo multicelular se dividem somente quando o organismo necessita de mais células. Assim, para que uma célula animal se prolifere, ela deve receber sinais extracelulares estimuladores, sob a forma de mitógenos, de outras células, geralmente suas vizinhas. • Os mitógenos superam os mecanismos intracelulares de freagem que bloqueiam a progressão ao ciclo celular. • Fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF; do inglês, platelet-derived growth factor). No organismo, a PDGF liberada dos coágulos sanguíneos ajuda a estimular a divisão celular durante a cicatrização de feridas. • A PDGF, por exemplo, pode estimular muitos tipos de células a se dividirem, incluindo fibroblastos, células musculares lisas e células da neuroglia. • Muitos mitógenos, incluindo PDGF, também têm ações além da estimulação da divisão celular: elas podem estimular crescimento celular, sobrevivência, diferenciação ou migração, dependendo das circunstâncias e do tipo celular. • Contudo, alguns mitógenos têm uma especificidade restrita; a eritropoietina, por exemplo, induz somente a proliferação de precursores dos eritrócitos. • Em alguns tecidos, proteínas de sinalização extracelular inibidoras se opõem aos reguladores positivos e, desse modo, inibem o crescimento de órgãos. • As proteínas-sinal inibidoras mais bem caracterizadas são os fatores b de crescimento transformador (TGFb) e proteínas relacionadas. • O TGFb inibe a proliferação de vários tipos celulares, principalmente bloqueando a progressão do ciclo celular em G1. As células podem entrar em um estado especializado de não divisão • Na ausência de um sinal mitogênico para a proliferação, a inibição das Cdks em G1 é mantida e a progressão a um novo ciclo celular é bloqueada. • Em alguns casos, as células parcialmente desmontam seu sistema de controle do ciclo celular e saem do ciclo para um estado especializado de não divisão, chamado G0. • A maioria de nossos neurônios e células musculares esqueléticas, por exemplo, está em um estado de G0 terminalmente diferenciado, no qual seu sistema de controle do ciclo celular está completamente ausente: a expressão dos genes que codificam várias Cdks e ciclinas está permanentemente inativada, e a divisão celular raramente ocorre. • A maioria das células hepáticas, por exemplo, está em G0, mas pode ser estimulada a se dividir se o fígado sofrer danos. Já outros tipos celulares, incluindo fibroblastos e linfócitos, retiram-se e entram em ciclo celular repetidamente ao longo de sua vida. Os mitógenos estimulam as atividades de G1- Cdk e G1/S-Cdk • Na grande maioria das células animais, os mitógenos controlam a taxa de divisão celular agindo na fase G1 do ciclo celular. • Como discutido anteriormente, múltiplos mecanismos agem durante G1 para suprimir a atividade Cdk. • Os mitógenos liberam esses inibidores na atividade Cdk, permitindo, assim, a entrada em um novo ciclo celular. • Os mitógenos interagem com receptores de superfície celular a fim de acionar múltiplas vias de sinalização intracelular. • Uma via principal age através de GTPase Ras monomérica, a qual leva à ativação de uma cascata da proteína-cinase mitógeno-ativada (MAP-cinase). • O membro central da família Rb, a própria proteína Rb, foi originalmente identificado por meio de estudos de uma forma hereditária de câncer de olho em crianças, conhecido como retinoblastoma. • A perda de ambas as cópias do gene Rb, leva à excessiva proliferação de algumas células no desenvolvimento da retina, sugerindo que a proteína Rb é particularmente importante para controlar a divisão celular nesse tecido. Danos no DNA impedem a divisão celular: a resposta a danos no DNA • Nesse sentido, um dos mais importantes fatores que influenciam são os danos ao DNA, que podem ocorrer em resposta a reações químicas espontâneas no DNA, erros na replicação do DNA ou, ainda, exposição à radiação e a certos produtos químicos. • É essencial que cromossomos com dano sejam reparados antes da duplicação ou segregção. • Um baixo nível de danos no DNA ocorre durante a vida normal de toda célula, e esses danos se acumulam na progênie da célula, se a resposta a danos ao DNA não estiver funcionando. • Em longo prazo, o acúmulo de lesões genéticas em células que não possuem a resposta a danos leva a um aumento da frequência de mutações que promovem o câncer. • Na verdade, as mutações no gene p53 ocorrem em pelo menos metade de todos os cânceres humanos. • Essa perda de função da p53 permite à célula cancerosa acumular mutações mais facilmente. • As células que se dividem com danos graves no DNA constituem uma ameaça à vida do organismo, uma vez que danos genéticos podem muitas vezes levar ao câncer e a outras doenças. • Assim, células animais com danos graves no DNA não tentam continuar a divisão e, em vez disso, cometem suicídio, sofrendo apoptose. • A apoptose induzida por danos no DNA depende, muitas vezes, da ativação da p53. Na verdade, é exatamente essa função promotora de apoptose da p53 que é aparentemente mais importante na nossa proteção contra o câncer. Muitas células humanas têm um limite intrínseco do número de vezes que podem se dividir • Esse fenômeno é chamado senescência celular replicativa. Em fibroblastos humanos, a senescência celular replicativa parece ser ocasionada por mudanças na estrutura dos telômeros, as sequências de DNA repetitivo e as proteínas associadas presentes nas extremidades dos cromossomos. • Quando uma célula se divide, as sequências de DNA telomérico não são replicadas da mesma maneira que o restante do genoma e, em vez disso, são sintetizadas pela enzima telomerase. • A telomerase também promove a formação de estruturas de capa de proteína que protegem as extremidades dos cromossomos. • Como os fibroblastos humanos, e muitas outras células somáticas humanas, não produzem telomerase, seus telômeros se tornam mais curtos a cada divisão celular, e suas capas de proteína protetoras se deterioram progressivamente. • As extremidades expostas do DNA são, por fim, percebidas com dano ao DNA, o que ativa uma interrupção de ciclo celulardependente de p53. • Infelizmente, a maioria das células cancerosas readquiriu a capacidade de produzir telomerase e, portanto, manter a função dos telômeros à medida que se proliferam; o resultado é que elas não sofrem o processo de senescência celular replicativa. Sinais de proliferação anormal ocasionam a interrupção do ciclo celular ou a apoptose, exceto em células cancerosas. • Muitos componentes das vias de sinalização mitogênicas são codificados por genes que foram originalmente identificados como genes promotores de câncer, pois mutações neles contribuem para o desenvolvimento do câncer. • A mutação de um único aminoácido na pequena GTPase Ras, por exemplo, torna a proteína permanentemente hiperativa, levando à constante estimulação das vias de sinalização dependentes de Ras, mesmo na ausência de estimulação mitogênica. • Similarmente, mutações que causam a superexpressão da proteína Myc estimulam o crescimento e a proliferação celular em excesso, promovendo, desse modo, o desenvolvimento do câncer. • A célula normal parece ser capaz de detectar a estimulação mitogênica anormal, e responde impedindo divisões adicionais. Tais respostas ajudam a impedir tanto a sobrevivência como a proliferação de células com várias mutações que promovem o câncer. • O sistema protetivo é frequentemente inativado em células de câncer por mutações nos genes que codificam componentes essenciais dos mecanismos de bloqueio, tais como Arf ou p53 ou proteínas que ajudam a ativá- las. A proliferação celular é acompanhada por crescimento celular • Na maioria das populações de células em proliferação, o crescimento celular acompanha a divisão celular. • Em animais, tanto o crescimento celular como a divisão celular dependem de moléculas de sinalização extracelular, produzidas por outras células, que denominamos fatores de crescimento e mitógenos respectivamente. • Como os mitógenos, os fatores de crescimento extracelulares que estimulam o crescimento das células animais se ligam a receptores na superfície celular e ativam vias de sinalização intracelular. • Essas vias estimulam o acúmulo de proteínas e outras macromoléculas, e o fazem tanto aumentando sua taxa de síntese como diminuindo sua taxa de degradação. • Elas também aumentam a absorção de nutrientes e a produção do ATP necessário para promover a síntese de proteínas. Referências Biologia Molecular - A CÉLULA - Albertos 6° ed
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