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Estruturas SCHOLA DIGITAL 2018 Material Didático de Leitura Obrigatória utilizado na Disciplina de Estruturas – Revisão 00 de Janeiro de 2018 ÍNDICE UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS Aula 1: Introdução e Observações..............................................................................................1 Aula 2: Aços Estruturais............................................................................................................15 Aula 3: Características Geométricas.........................................................................................25 Aula 4: Sistemas Estruturais.....................................................................................................37 Aula 5: Flexão Simples e Cisalhamento....................................................................................52 Aula 6: Tração e Compressão...................................................................................................69 UNIDADE 2 – ESTRUTURAS DE MADEIRA Aula 7: Introdução às Madeiras................................................................................................81 Aula 8: Propriedades da Madeira.............................................................................................86 Aula 9: Solicitações Normais...................................................................................................101 Aula 10: Flexão e Cisalhamento..............................................................................................115 Aula 11: Ligações....................................................................................................................123 Aula 12: Cobertura..................................................................................................................133 E stru tu ra s Aula 1 – Introdução e Observações UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 1 Unidade 1 – Estruturas Metálicas Aula 1: Introdução e Observações Utilizadas tanto em edificações urbanas tacanhas quanto nas de grande porte, as estruturas metálicas imprimem maior produtividade e velocidade construtiva aos projetos. Em comparação com processos convencionais, como a alvenaria, podem reduzir em até 40% o tempo de execução da obra. Por dialogar com outros materiais, o aço — material das estruturas metálicas — não deve ser visto como antagônico ao concreto, mas, em muito dos casos, complementares. 1. Introdução Desde a mais remota antiguidade, tem-se notícia do homem a utilizar-se de artefatos de ferro. Iniciando-se pela descoberta do cobre, que se mostrava demasiadamente dúctil (capaz de deformar-se sob a ação de cargas), o homem aprimorando as suas próprias realizações, através do empreendimento de sua capacidade de pensar e de realizar, estabeleceu os princípios da metalurgia, que na definição de alguns autores, é uma síntese; pressupõe o uso coerente de um conjunto de processos, e não a prática de um instrumento único. E esses processos foram-se somando ao longo das necessidades humanas, pois para a síntese da metalurgia ou da forja, juntam-se as percussões (martelo), o fogo (fornalha), a água (têmpera), o ar (fole) e os princípios da alavanca. Imagina-se que, provavelmente, o cobre foi descoberto por acaso, quando alguma fogueira de acampamento tenha sido feita sobre pedras que continham minério cúprico. É presumível que algum observador mais arguto tenha notado algo “derretido” pelo calor do fogo, reproduzindo, mais tarde, o processo propositadamente. Mas, como já se observou, o cobre é por demais mole para que com ele se fabriquem instrumentos úteis, em especial nos primórdios das descobertas humanas, bastante caracterizadas pelas necessidades de coisas brutas. As técnicas de modelagem e de fusão vão se sofisticando quando surge a primeira liga, o cobre arsênico, composto tão venenoso que logo teria que ser substituído. Aula 1 – Introdução e Observações ESTRUTURAS 2 O passo seguinte foi a descoberta de que a adição ao cobre de apenas pequena proporção de estanho, formava uma liga muito mais dura e muito mais útil do que o cobre puro. Era a descoberta do bronze, que possibilitou ao homem modelar uma multidão de novos e melhores utensílios: vasos, serras, escudos, machados, trombetas, sinos e outros. Mais ou menos pelo mesmo período, o homem teria aprendido a fundir o ouro, a prata e o chumbo. Como estabelecem alguns historiadores, uma brilhante descoberta conduz a outra e, dessa maneira, logo depois da descoberta do cobre e do bronze, também o ferro passou a ser utilizado. Esse novo metal já era conhecido há dois mil anos antes da era cristã, mas por longo tempo permaneceu raro e dispendioso, e seu uso somente foi amplamente estabelecido na Europa, por volta do ano 500 a.C. Todo o ferro primitivo seria hoje em dia classificado como ferro forjado. O método para obtê-lo consistia em abrir um buraco em uma encosta, forrá-lo com pedras, enchê-lo com minério de ferro e madeira ou carvão vegetal e atear fogo ao combustível. Uma vez queimado todo o combustível, era encontrada uma massa porosa, pedregosa e brilhante entre as cinzas. Essa massa era colhida e batida a martelo, o que tornava o ferro compacto e expulsava as impurezas em uma chuva de fagulhas. O tarugo acabado, chamado ‘lupa’, tinha aproximadamente o tamanho de uma batata doce, das grandes. Com o tempo, o homem aprendeu como tornar o fogo mais quente soprando-o com um fole e a construir fornos permanente de tijolos, em vez de meramente escavar um buraco no chão. Dessa maneira, o aço daí resultante, era feito pela fusão do minério de ferro com um grande excesso de carvão vegetal ou juntando ferro maleável com carvão vegetal e cozinhando o conjunto durante vários dias, até que o ferro absorvesse carvão suficiente para se transformar em aço. Como esse processo era dispendioso e incerto e os fundidores nada sabiam da química do metal com que trabalhavam, o aço permaneceu por muitos anos um metal escasso e dispendioso, e somente tinha emprego em coisas de importância vital, como as lâminas das espadas. Do ponto de vista histórico, narram alguns especialistas, que, por volta do século IV d.C., os fundidores hindus foram capazes de fundir alguns pilares de ferro que se tornaram famosos. Um deles, ainda existente em Dheli, tem uma altura de mais de sete metros, com outro meio metro abaixo do solo e um diâmetro que varia de quarenta centímetros na base a pouco mais de trinta centímetros no topo. Pesa mais de seis toneladas, é feito de ferro forjado e sua fundição teria sido impossível, naquele tamanho, na Europa, até época relativamente recente. Mas, a coisa mais notável nesse e em outros pilares de sua espécie, é a ausência de deterioração ou de qualquer sinal de ferrugem. Aula 1 – Introdução e Observações UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 3 Após a queda do império romano, desenvolveu-se na Espanha a Forja Catalã, que veio a dominar todo o processo de obtenção de ferro e aço durante a Idade Média, espalhando- se notadamente pela Alemanha, Inglaterra e França. Nesse período, o ferro era obtido como uma massa pastosa que podia ser moldada pelo uso do martelo e não como um líquido que corresse para um molde, como ocorre atualmente. O fim da Idade Média que prepara a Europa moderna pela extensão do maquinismo, é também testemunha das primeiras intervenções do capitalismo no esforço para a produção industrial. Essa evolução é acompanhada por grandes progressos técnicos, especialmente no que se refere aos transportes marítimos e, um impulso semelhante se observa no progresso da metalurgia. A força hidráulica foi aplicada aos folesdas forjas, assim obtendo uma temperatura mais elevada e regular, e com a carburação mais ativa deu-se a fundição, correndo na base do forno o ferro fundido susceptível de fornecer peças moldadas. O forno, que a partir de então se pôde ampliar, transformou-se em forno de fole e, em seguida, em alto-forno. O alto-forno a carvão vegetal, segundo os historiadores, apareceu por volta de 1630; o primeiro laminador remonta aproximadamente ao ano de 1700. Entretanto, o grande impulso ao desenvolvimento da siderurgia ocorreu com o advento da tração a vapor e o surgimento das ferrovias, a primeira das quais inaugurada em 1827. Até o fim do século XVIII, a maior parte das máquinas industriais eram feitas de madeira. O rápido desenvolvimento dos métodos de refinação e de trabalho do ferro abriu caminho a novas utilizações do metal e à construção de máquinas industriais e, por consequência, à produção, em quantidade, de objetos metálicos de uso geral. Entre as descobertas científicas, que gradativamente iam melhorando o processo de produção industrial, merece destaque a utilização do carvão de pedra para a redução do minério de ferro, que resultou na localização dos complexos siderúrgicos e que veio determinar, por privilégios geológicos, o pioneirismo de uma nação na siderurgia. A Grã- Bretanha foi, realmente, a maior beneficiária dessa conquista científica, em razão de possuir, em territórios economicamente próximos, jazidas de minério de ferro e de carvão de pedra. Junta-se a isto toda uma estrutura comercial voltada para o exterior e já se pode vislumbrar o perfil de um país que, praticamente sozinho, foi capaz de deter o privilégio de domínio do mercado internacional de ferro, a ponto de ter sido considerada a oficina mecânica do mundo. Apesar de não ser o único país a produzir ferro, foi o primeiro a produzi-lo em escala comercial. Aula 1 – Introdução e Observações ESTRUTURAS 4 A expansão da Revolução Industrial modificou totalmente a metalurgia e o mundo. O uso de máquinas a vapor para injeção de ar no alto-forno, laminares, tornos mecânicos e o aumento da produção, transformaram o ferro e o aço no mais importante material de construção. Em 1779, construiu-se a primeira ponte de ferro, em Coalbrookdale, na Inglaterra; em 1787, o primeiro barco de chapas de ferro e outras inovações. As ferrovias, como já mencionado anteriormente, certamente foram o maior contributo à expansão das atividades da metalurgia e, no ano de 1830, entra em operação a ferrovia Liverpool-Manchester. No auge da atividade da construção ferroviária, por volta de 1847, estava em andamento a execução de cerca de dez mil quilômetros de ferrovias. Quando a rede ferroviária britânica tinha sido completada, a indústria siderúrgica ampliada foi capaz de suprir matéria-prima para a construção de ferrovias em outros países, onde se destacam os Estados Unidos que, na década de 1870, construiu cinquenta e uma mil milhas de estradas de ferro, o que representava, na época, tanto quanto se havia construído no restante do mundo. Na década de 1880-1890 a produção dos altos-fornos nos Estados Unidos tornou-se a maior do mundo e, antes de 1900, a produção de aço norte-americana ultrapassou a todas as demais no mundo. Para que se tenha uma idéia do nível de crescimento da produção de aço, pode se perceber nela, um aumento vertiginoso, tanto que por volta de 1876, essa produção era de um milhão de toneladas/ano, passando em 1926, cinquenta anos depois, para a ordem de cem milhões de toneladas ano, atingindo, atualmente, algo em torno de setecentos milhões de toneladas de aços das mais diversas qualidades e propriedades mecânicas, sob a forma de perfis, chapas, barras, tubos, trilhos, etc. Algumas obras notáveis em estruturas metálicas e que merecem ser citadas, demonstram, de maneira insofismável, essa grande conquista do homem moderno. Partindo-se da já mencionada ponte inglesa de Coalbrookdale em 1779, em ferro fundido com vão de 31 metros, passamos, logo depois ainda na Inglaterra, à Britannia Brigde, com dois vãos centrais de 140 metros cada; também pela Brooklyn Bridge em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a primeira das grandes pontes pênseis, com 486 metros de vão livre e construída em 1883; a Torre Eiffel, em Paris, datada de 1889, com 312 metros de altura; o Empire State Building, também em Nova Iorque, com seus 380 metros de altura e datado de 1933; a Golden Gate Bridge, na cidade de São Francisco, com 1280 metros de vão livre, construída em 1937 até o World Trade Center, em Nova Iorque, com seus 410 metros de altura e seus 110 andares, construído em 1972, e isso para citarmos algumas. No Brasil, a atividade metalúrgica, no início da colonização era exercida pelos artífices ferreiros, caldeireiros, funileiros, sempre presentes nos grupos de portugueses que Aula 1 – Introdução e Observações UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 5 desembarcavam nas recém-fundadas capitanias. A matéria-prima sempre foi importada e cara. As primeiras obras em estruturas metálicas no Brasil, têm sua origem, assim como nos demais países do mundo, a partir das estradas de ferro. Narra-se que em outubro de 1888, chegou a Bananal, no Estado do Rio de Janeiro, a estação ferroviária que ali seria montada. A mais sensacional estação ferroviária é a Estação da Luz, no centro da cidade de São Paulo, pois com algumas modificações, feitas após um incêndio, a estação é, fundamentalmente, a mesma que se terminou de construir em 1901 e que, imponentemente, marcava e marca até hoje, a paisagem da capital paulista. De data anterior, provavelmente de 1875, encontra-se o Mercado de São José, no Recife; mas, também, o Mercado do Peixe, em Belém, por muito tempo conhecido como o Mercado de Ferro, que foi inaugurado em 1901. Acredita-se que a primeira obra a se utilizar de ferro pudlado – processo de refinação do ferro datado de 1781, na Inglaterra, patenteado por Henry Cort, descrita como a mais pesada forma de trabalho jamais empreendida pelo homem – fabricado no Brasil, deu-se por volta de 1857, que foi a Ponte de Paraíba do Sul, no Estado do Rio de Janeiro, com cinco vãos de trinta metros, estando em uso até a atualidade. Mas, como marco de construção, não se poderia deixar de citar, em São Paulo, o Viaduto Santa Efigênia, que de acordo com o Eng.º Paulo Alcides Andrade, constituiu-se num marco de São Paulo. A história desse viaduto, segundo o engenheiro, se inicia por volta do ano de 1890, quando se obteve a licença do Conselho de Intendentes para a sua construção. A obra, porém, não foi iniciada e o contrato para sua construção foi cancelado. Para se resumir a história de uma obra repleta de vai-e-vem, de ordem burocrática, ela somente teve início no ano de 1911 e terminou em 1913. A estrutura, totalmente fabricada na Bélgica, foi apenas montada no local, pela união por rebitagem das peças numeradas – processo de ligações estruturais adota na época – e com as furações prontas, sendo inaugurada em 26 de setembro de 1913. As características estruturais da obra nos chamam a atenção, em especial, por determinadas peculiaridades. A ponte é formada por um tabuleiro superior com 255 metros de extensão, apoiado sobre cinco tramos, sendo três centrais com 53,50 metros cada e mais dois vãos com 30,00 metros de vão nas extremidades. Os três vãos centrais, por sua vez, são formados por arcos com flecha de 7,50 metros, o que equivale a uma relação flecha/vão de 7 a 8, valores esses, até hoje utilizados em dimensionamento de estruturas em arco. Aula 1 – Introdução e Observações ESTRUTURAS 6 A primeira corrida de aço em uma usina siderúrgica integrada de grande porte, no Brasil, deu-se em 22 de junho de 1946, na Usina PresidenteVargas, da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, no Estado do Rio de Janeiro. O país importava praticamente todo o aço de que necessitava, tanto que as instalações industriais da própria CSN foram construídas por empresas estrangeiras. Por aquele período, à exceção dos produtos planos (chapas) que tinham a demanda garantida, os demais produtos, tais como trilhos e perfis laminados, encontravam dificuldades na sua comercialização, quando foi proposta pela USX – United States Steeel, empresa norte- americana fabricante de aço e fornecedora de estruturas metálicas, após pesquisa de mercado, que a CSN instalasse uma fábrica de estruturas com o objetivo de consumir a produção de laminados e de incentivar o seu uso4. Nascia, dessa maneira, a partir de 1953, a FEM – Fábrica de Estruturas Metálicas, criando uma tecnologia brasileira da construção metálica. 4Roosevelt de Carvalho, na ocasião funcionário da CSN, foi uma pessoa de fundamental importância neste processo. Após breve estágio nos EUA voltou para organizar na fábrica recém-criada, um curso para detalhamento de estruturas metálicas. O trabalho desenvolvido possibilitou a formação de uma equipe de primeira linha e transformou-se em verdadeira escola. Com Paulo Fragoso a construção metálica conheceu um de seus momentos mais estimulantes. Com a implantação da CSN, ele começou a se preparar para colaborar no desenvolvimento da nova tecnologia que, acreditava, haveria de ganhar grande impulso no país. O vanguardismo do escritório Paulo Fragoso não se limitou apenas ao arrojo, que propiciou a construção das primeiras grandes edificações de aço no Brasil. Introduziu e aperfeiçoou nos seus projetos os conceitos de vigas mistas, trazido da Alemanha, um dos fatores mais importantes para a viabilização econômica da solução metálica para edifícios altos. Estava deflagrado o processo que daria início às edificações de aço no Brasil. Dignos de nota, muito embora sejam muitas as edificações, mencionaremos apenas algumas dessas obras: Aula 1 – Introdução e Observações UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 7 2. Vantagens e Desvantagens na utilização do Aço Estrutural Como todo material de utilização em construção, o aço estrutural é possuidor de características que trazem benefícios de toda ordem o que, certamente, proporciona vantagens em sua utilização. Muito embora não seja causador de malefícios quando utilizado em construções, é também necessário estabelecer algumas desvantagens com relação à sua utilização. 2.1. Vantagens Como principais vantagens da utilização do aço estrutural, podemos citar: • Alta resistência do material nos diversos estados de solicitação: tração, compressão, flexão, etc., o que permite aos elementos estruturais suportarem grandes esforços apesar das dimensões relativamente pequenas dos perfis que os compõem; • Apesar da alta massa específica do aço, na ordem de 78,50 KN/m³, as estruturas metálicas são mais leves do que, por exemplo, as estruturas de concreto armado, proporcionado, assim, fundações menos onerosas; • As propriedades dos materiais oferecem grande margem de segurança, em vista do seu processo de fabricação que proporciona material único e homogêneo, com limites de escoamento, ruptura e módulo de elasticidade bem definidos; • As dimensões dos elementos estruturais oferecem grande margem de segurança, pois por terem sido fabricados em oficinas, são seriados e sua Aula 1 – Introdução e Observações ESTRUTURAS 8 montagem é mecanizada, permitindo prazos mais curtos de execução de obras; • Apresenta possibilidade de desmontagem da estrutura e seu posterior reaproveitamento em outro local; • Apresenta possibilidade de substituição de perfis componentes da estrutura com facilidade, o que permite a realização de eventuais reforços de ordem estrutural, caso se necessite estruturas com maior capacidade de suporte de cargas; • Apresenta possibilidade de maior reaproveitamento de material em estoque, ou mesmo, sobras de obra, permitindo emendas devidamente dimensionadas, que diminuem as perdas de materiais, em geral corrente em obras. 2.2. Desvantagens Como principais desvantagens da utilização do aço estrutural, podemos citar: • Limitação de fabricação em função do transporte até o local da montagem final, assim como custo desse mesmo transporte, em geral bastante oneroso; • Necessidade de tratamento superficial das peças estruturais contra oxidação devido ao contato com o ar, sendo que esse ponto tem sido minorado através da utilização de perfis de alta resistência à corrosão atmosférica, cuja capacidade está na ordem de quatro vezes superior aos perfis de aço carbono convencionais; • Necessidade de mão-de-obra e equipamentos especializados para a fabricação e montagem; • Limitação, em algumas ocasiões, na disponibilidade de perfis estruturais, sendo sempre aconselhável antes do início de projetos estruturais, verificar junto ao mercado fornecedor, os perfis que possam estar em falta nesse mercado. 3. Fatores que Influenciam o Custo de Estruturas Metálicas Tradicionalmente o aço tem sido vendido por tonelada e, consequentemente, discutindo-se o custo de uma estrutura de aço impõe-se que se formulem seus custos por tonelada de estrutura acabada. Na realidade, existe uma gama considerável de outros fatores que se somam na constituição desses valores e que têm influência no custo final dessa estrutura, que não somente o seu peso. Aula 1 – Introdução e Observações UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 9 Como principais fatores que influenciam o custo de Estruturas Metálicas, podemos citar: • Seleção do sistema estrutural: ao se considerar qual o sistema estrutural que se propõe dimensionar, é necessário levar em conta os fatores de fabricação e posterior montagem, bem como sua utilização futura, no que diz respeito, por exemplo, à iluminação, ventilação e mesmo outros fatores que venham a ser causadores de problemas futuros e que possam demandar arranjos posteriores; • Projeto dos elementos estruturais: é sempre necessário um cuidado especial nesse requisito, em vista a imensa repetitividade dos elementos dimensionados. Uma vez que se dimensiona um componente estrutural, ele se repete por um número grande de vezes, e caso esse elemento tenha sido dimensionado aquém de suas necessidades, os reflexos de ordem estrutural se farão notar em toda a obra; assim como, em caso contrário, de dimensionamento dos elementos estruturais além de suas necessidades reais, acarreta custo adicional, sem dúvida nenhuma, desnecessário; • Projeto e Detalhe das conexões: da mesma maneira que nos itens anteriores, as conexões, ou as ligações estruturais deverão levar em conta aspectos de fabricação. Por exemplo, as ligações de fábrica poderão ser soldadas, pois esse tipo de trabalho ao ser realizado em fábrica é feito de maneira relativamente simples, ao passo que, quando essas ligações são realizadas na obra, as condições locais já não são tão favoráveis a um bom processo de montagem, em vista de que, na fábrica, trabalha-se ao nível do chão ou mesmo em bancadas apropriadas, enquanto que no local da obra, as condições de trabalho são, em geral, executadas sobre andaimes ou outros elementos; o que nos leva a considerarmos para as ligações de obra a utilização de parafusos; • Processo de fabricação, especificações para fabricação e montagem: estão dentre os fatores que mais influenciam os custos da obra, pois processos de especificações mal delineadas causam atrasos ou mesmo necessidade de retrabalho de certas etapas de execução, assim como a montagem da estrutura deverá ser levada em conta mesmo antes de sua contratação, para que se verifiquemelementos limitadores dessa etapa da construção, tais como proximidade de vizinhos, linhas de energia, tubulações enterradas, movimentação dos equipamentos de montagem, etc.; • Sistemas de proteção contra corrosão e incêndio: no primeiro caso, da corrosão, já se citou a existência, no mercado, de determinados produtos que Aula 1 – Introdução e Observações ESTRUTURAS 10 minoram essa dificuldade, mas que se deve levar em conta, também, se as ofertas destes produtos podem ou não onerar a obra, avaliando e comparando o custo de pinturas especiais em relação ao material aço. De uma maneira geral, principalmente em zonas litorâneas, de grande agressividade, a utilização desses perfis especiais é menos onerosa do que pinturas especiais. No caso de combate a incêndio, esse aspecto deve levar em consideração normas específicas delineadas pelo Corpo de Bombeiros, mas que de uma maneira geral, acrescentam, de forma significativa, ônus sobre o custo da obra. 4. Fases de Obras As obras de construção, de maneira geral, estabelecem determinadas premissas para sua boa execução e que podem ser definidas assim: a) Projeto Arquitetônico: nessa etapa são delineadas a finalidades da obra, o seu estudo, a sua composição, assim como os materiais que serão utilizados, características de ventilação, iluminação. Bem se vê tratar-se de etapa das mais importantes, em vista de que todos os demais projetos complementares (fundações, estrutura, instalações, etc.) serão desenvolvidos a partir das premissas definidas nessa etapa, necessitando, portanto, de tempo adequado para sua boa confecção. b) Projeto Estrutural: na sequência natural dos projetos, surge a etapa onde se dá vestimenta ao corpo da obra, ou seja, a estrutura, quando todos os componentes desse corpo devem ser devidamente trabalhados, de forma a estabelecer consonância com o projeto arquitetônico. É não menos importante do que o anterior, pois se o primeiro delineia as linhas básicas de uma obra, a estrutura vem dar conformação àquelas linhas. “Um bom projetista estrutural pensa de fato em sua estrutura tanto ou mais do que pensa no modelo matemático que usa para verificar os esforços internos, baseado nos quais ele deverá determinar o material necessário, tipo, dimensão e localização dos membros que conduzem as cargas. A ‘mentalidade da engenharia estrutural’ é aquela capaz de visualizar a estrutura real, as cargas sobre ela, enfim ‘sentir’ como estas cargas são transmitidas através dos vários elementos até as fundações. Os grandes projetistas são dotados daquilo que às vezes se tem chamado ‘intuição estrutural’. Para desenvolver a ‘intuição e sentir’, o engenheiro torna-se um observador arguto de outras estruturas. Pode até mesmo deter-se para contemplar o comportamento de uma árvore projetada pela natureza para suportar as tempestades violentas; sua flexibilidade é frágil nas folhas e nos galhos diminuídos, mas crescente em resiet6encia e nunca abandonando a continuidade, na medida em que os galhos se confundem com o tronco, que por sua vez se espalha sob sua base no sistema de raízes, que prevê sua fundação e conexão com o solo”. (Johnstom) Aula 1 – Introdução e Observações UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 11 c) Sondagens do Solo: é de fundamental importância para o bom delineamento, em especial, do sistema estrutural a ser adotado que, como já vimos, é um dos fatores preponderantes na análise de custos de uma obra em estrutura metálica. A partir da boa ou má qualidade do solo, o sistema estrutural proposto irá considerar as condições mais propícias para o apoio dessa estrutura sobre os elementos estruturais que compõe as fundações, podendo ou não, por exemplo, serem engastados nesses elementos. d) Detalhamento, Fabricação, Transporte e Montagem: nessas etapas os fatores que compõem a boa execução da obra devem ser bem delineados, a começar pelo detalhamento dos elementos estruturais, peça por peça, visando atender necessidades de cronogramas tanto de fabricação quanto de montagem. No caso da fabricação, devem ser observadas as premissas de projeto e detalhamento, assim como prever para as etapas de transporte e montagem, a confecção de estruturas que não exijam, em demasia, a contratação de equipamentos ainda mais especiais, tais como veículos especiais ou guindastes também especiais. 5. Produtos Siderúrgicos e Produtos Metalúrgicos Os produtos siderúrgicos, via de regra, podem ser classificados de forma geral em perfis; chapas e barras. As indústrias siderúrgicas produzem cantoneiras de abas iguais ou desiguais, perfis H, I ou Tê, perfis tipo U, barras redondas, barras chatas, tubos circulares, quadrados ou retangulares, chapas em bobinas, finas ou grossas; enquanto os produtos metalúrgicos são os compostos por chapas dobradas tais como perfis tipo U enrijecido ou não, cantoneiras em geral de abas iguais, perfil cartola, perfil Z ou trapezoidais, ou ainda, compostos por chapas soldadas para perfis tipo Tê soldado ou I soldado. 5.1. Designação dos Perfis 5.1.1. Perfis Laminados ou Conformados a Quente A designação de perfis metálicos laminados segue determinada ordem: Código, altura (mm), peso (Kg/m) Como exemplo de códigos tem-se: • L – Cantoneiras de abas iguais ou desiguais; • I – Perfil de seção transversal na forma da letra ‘ I ‘; • H – Perfil de seção transversal na forma da letra ‘H’; Aula 1 – Introdução e Observações ESTRUTURAS 12 • U – Perfil de seção transversal na forma da letra ‘U’; • T – Perfil de seção transversal na forma da letra ‘Tê’; Como exemplo de designação de perfis tem-se: • L 50 x 2,46 – Perfil L de abas iguais de 50 mm e peso de 2,46 kg/m; • L 100 x 75 x 10,71 – Perfil L de abas desiguais de 100 mm de altura por 75 mm de largura e peso de 10,71 kg/m; • I 200 x 27 – Perfil ‘ I ‘ com altura de 200 mm e peso de 27 Kg/m; • H 200 x 27 – Perfil ‘ H ‘ com altura de 200 mm e peso de 27 Kg/m; • U 200 x 27 – Perfil ‘ U ‘ com altura de 200 mm com peso de 27 Kg/m. 5.1.2. Perfis de Chapa Dobrada ou Perfis Formados a Frio (PFF) A designação de perfis metálicos de chapa dobrada segue determinada ordem: Tipo, Altura, Aba, Dobra, Espessura (todas as medidas em mm) Sendo: • L – Cantoneiras de abas iguais ou desiguais; • U – Perfil de seção transversal na forma da letra ‘ U ‘ enrijecidos ou não. Como exemplo de designação de perfis tem-se: • L 50 x 3 – Perfil L de abas iguais de 50 mm e espessura de 3 mm; • L 50 x 30 x 3 – Perfil L de abas desiguais de 50 mm por 30 mm e espessura de 3 mm; • U 150 x 60 x 3 – Perfil U não enrijecido com altura de 150 mm, aba de 60 mm e espessura de 3 mm; • U 150 x 60 x 20 x 3 – Perfil U enrijecido com altura de 150 mm, aba de 60 mm, dobra de 20 mm e espessura de 3 mm. A designação de perfis soldados seguem especificações dos fabricantes sempre na forma de perfil tipo ‘ I ‘: • CS – Perfil coluna soldada (altura e abas com a mesma dimensão); • VS – Perfil viga soldada; • CVS – Perfil coluna-viga soldada. Aula 1 – Introdução e Observações UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 13 Como exemplo de designação de perfis tem-se: • CS 250 x 52 – Perfil CS com altura de 250 mm e peso de 52 Kg/m; • VS 600 x 95 – Perfil VS com altura de 600 mm e peso de 95 kg/m; • CVS 450 x 116 – Perfil CVS com altura de 450 mm e peso de 116 Kg/m. 5.1.3. Outros Produtos 5.1.3.1. CHAPAS FINAS A FRIO Possuem espessuras padrão de 0,30 mm a 2,65 mm e fornecidas em larguras padronizadas de 1.000 mm, 1.200 mm e 1.500 mm e nos comprimentos de 2.000 mm e 3.000mm, e também sob a forma de bobinas. 5.1.3.2. CHAPAS FINAS A QUENTE Possuem espessuras padrão de 1,20 mm a 5,00 mm e fornecidas em larguras padronizadasde 1.000 mm, 1.100 mm, 1.200mm, 1.500 mm e 1.800 mm e nos comprimentos de 2.000mm, 3.000mm e 6.000mm, e também sob a forma de bobinas. 5.1.3.3. CHAPAS GROSSAS Possuem espessuras padrão de 6,3 mm a 102 mm e fornecidas em diversas larguras padronizadas de 1.000mm a 3.800mm e em comprimentos de 6.000 mm e 12.000 mm. 5.1.3.4. BARRAS REDONDAS Apresentadas em amplo número de bitolas que são utilizadas em chumbadores, parafusos e tirantes. 5.1.3.5. BARRAS CHATAS Apresentadas nas dimensões de 38 x 4,8 a 304 x 50 (mm). 5.1.3.6. BARRAS QUADRADAS Apresentadas nas dimensões de 50 mm a 152 mm. 5.1.3.7. TUBOS ESTRUTURAIS Apresentados em amplo número de dimensões e fornecidos em comprimento padrão de 6.000 mm. Aula 1 – Introdução e Observações ESTRUTURAS 14 5.1.4. Nomenclatura SAE Para os aços utilizados na indústria mecânica e por vezes também em construções civis, emprega-se com frequência a nomenclatura S.A.E. Exemplo: SAE 1020 – aço-carbono com 0,20 % de carbono. Baseado e adaptado de AUGUSTO CANTUSIO NETO. Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 2 – Aços Estruturais UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 15 Aula 2: Aços Estruturais O aço é a mais versátil e a mais importante das ligas metálicas. O aço é produzido em uma grande variedade de tipos e formas, cada qual atendendo eficientemente a uma ou mais aplicações. Esta variedade decorre da necessidade de contínua adequação do produto às exigências de aplicações específicas que vão surgindo no mercado, seja pelo controle da composição química, seja pela garantia de propriedades específicas ou, ainda, na forma final (chapas, perfis, tubos, barras, etc.). 1. Processo de Fabricação Os processos de obtenção do aço passaram ao longo dos tempos por algumas diversificações, desde os primeiros fornos “cavados” nas encostas, pelos primeiros fornos de alvenaria até alcançarem mediante profundas conquistas tecnológicas os denominados altos-fornos. Na atualidade, os metais ferrosos são obtidos por redução dos minérios de ferro nos altos-fornos. O método de fabricação consiste em se carregar, pela parte superior dos altos-fornos, o minério, o calcário e o carvão coque, materiais necessários no processo de fabricação. Pela parte inferior desses mesmos altos-fornos, insufla-se ar quente; o carvão coque queima produzindo calor e monóxido de carbono, que reduzem o óxido de ferro a ferro liquefeito, com excesso de carbono. O calcário converte o pó de coque e a ganga – minerais ferrosos do minério – em escória fundida. Na sequência, pela parte inferior do forno, são drenados periodicamente a liga ferro- carbono e a escória. O forno funciona continuamente e o produto do alto-forno chama-se ferro gusa, uma liga de ferro ainda com alto teor de carbono e com diversas impurezas, cuja maior parte é transformada em aço. O refinamento do ferro fundido em aço consiste em reduzir-se a quantidade de impurezas a limites prefixados, quando, por exemplo, o excesso de carbono é eliminado com a aplicação de gás carbônico; os óxidos e outras impurezas se transformam em gases ou em escória que sobrenada o aço liquefeito. Até há alguns anos atrás, basicamente existiam três processos de fabricação do aço: Conversor Besemer, Forno Siemens-Martin e Forno Elétrico. No primeiro caso, o processo Aula 2 – Aços Estruturais ESTRUTURAS 16 era mais rápido, quando se coloca no Conversor – um recipiente forrado com tijolos com perfurações no fundo – o gusa derretido e injeta-se ar pelas perfurações ao fundo; o ar injetado queima o carbono e algumas impurezas, produzindo calor necessário para a operação que dura de dez a quinze minutos. O metal assim purificado pela injeção de ar é lançado em uma panela e em seguida transferido para os moldes de lingotes, as denominadas lingoteiras e, em seguida, enviado para a laminação. No segundo caso, do Forno Siemens-Martin, o processo é mais demorado, demandando cerca de dez horas. No forno se coloca gusa e sucata de ferro, que são fundidos por chamas provocadas por injeções laterais de ar quente e óleo combustível. Adiciona-se minério de ferro e calcário, processando-se uma série de reações entre o óxido de ferro e as impurezas do metal e estas são queimadas ou se transformam em escória. O aço líquido é analisado, podendo modificar-se a mistura até se obter a composição desejadas e quando as reações estão encerradas, o produto é lançado em uma panela, onde a escória transborda, quando o aço fundido é lançado em lingoteiras e encaminhado para a laminação. No caso do Forno Elétrico, ainda hoje utilizado, a energia térmica é fornecida por arcos voltaicos entre eletrodos e o aço fundido e esse processo é utilizado para refinar aços provenientes do Conversor Bessemer ou do Forno Siemens-Martin. O aço líquido superaquecido absorve gases da atmosfera e oxigênio da escória. O gás é expelido lentamente pelo resfriamento da massa líquida, porém, ao se aproximar a temperatura de solidificação, o aço ferve e os gases escapam rapidamente, que tem como consequência a Aula 2 – Aços Estruturais UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 17 formação de diversos vazios no aço, que deve ser solucionada através da adição de ferro- manganês na panela. Na atualidade, nas fabricações mais modernas, é utilizado em larga escala o Conversor de Oxigênio, denominado Conversor BOF (Sopro de Oxigênio), que como o próprio nome indica, baseia-se na injeção de oxigênio dentro da massa liquida do ferro fundido (gusa). O ar injetado queima o carbono, em um processo de 15 a 20 minutos, ou seja, de alta eficiência. O aço líquido, como percebemos, absorve e perde gases no processo de fabricação. Devido a essa desgaseificação, os aços são classificados em: efervescentes, capeados, semi- acalmados e acalmados. Os aços efervescentes, assim chamados por provocarem certa efervescência nas lingoteiras, são utilizados em chapas finas; os aços capeados, por sua vez, são análogos aos efervescentes. Os aços semi-acalmados, parcialmente desoxidados, são os mais utilizados nos produtos siderúrgicos correntes – perfis, barras, chapas grossas; enquanto que os aços acalmados, que têm todos os gases eliminados, apresentam melhor uniformidade de estrutura e destinados aos aços-ligas, aos aços de alto-carbono, ou mesmo de baixo- carbono destinados à estampagem. A laminação, como processo seguinte, promove o aquecimento dos lingotes obtidos nos processos descritos acima, e são sucessivamente prensados em rolos – laminadores – até adquirirem as formas desejadas: barras, perfis, trilhos, chapas, etc. Importante, também, é se conhecer os tratamentos térmicos, cuja finalidade é a de melhorar as propriedades dos aços e que se dividem em dois tipos principais: • Tratamentos destinados a reduzir tensões internas provocadas por laminação, solda, etc.; • Tratamentos destinados a modificar a estrutura cristalina com alterações da resistência e outras propriedades. As principais metodologias adotadas são: • Normalização: o aço é aquecido a uma temperatura da ordem de 800 oC e mantido nessa temperatura por quinze minutos e depois deixado resfriar lentamente no ar e através desse processo refina-se a granulometria, removendo-se as tensões internas de laminação, fundição ou forja; Aula 2 – Aços Estruturais ESTRUTURAS 18 • Recozimento: o aço é aquecido a uma temperatura apropriada, dependendo do efeito desejado, mantido nessa temperatura por algumas horas ou dias e depois, deixado para resfriar lentamente, em geral no forno e, através desse processo, se obtém a remoção das tensões internas e redução da dureza; • Têmpera: o aço éaquecido a uma temperatura de cerca de 900 oC e resfriado rapidamente em óleo ou água para cerca de 200 oC, cuja finalidade é aumentar a dureza e a resistência diminuindo a ductibilidade e a tenacidade. 2. Classificação Após processo de fabricação e segundo sua composição química, os aços sofrem determinadas classificações a partir dessas composições, pois percebemos que 1 o aço é um composto que consiste quase totalmente de ferro (98 %), com pequenas quantidades de carbono, silício, enxofre, fósforo, manganês, etc., sendo que o carbono é o material que exerce o maior efeito nas propriedades do aço, resultando, daí, as classificações mencionadas. Os aços utilizados em estruturas metálicas são divididos em dois grupos: aço- carbono e aço de baixa-liga. 2.1. Aço-Carbono O aço-carbono é o tipo mais usual, quando o acréscimo de resistência em relação ao ferro é produzido pelo carbono. Em estruturas correntes, os aços utilizados possuem um teor de carbono que não deve ultrapassar determinados valores, pois caso esses valores sejam superiores aos limites estabelecidos, haverá um decréscimo na soldabilidade – capacidade de se utilizar processo de soldas – criando algumas dificuldades de fabricação e montagem das estruturas, mesmo embora o resultado dessa maior adição de carbono resulte em um aço de maior resistência e de maior dureza. Nesse tipo de aço as máximas porcentagens de elementos adicionais são: Carbono (1,7%) – Manganês (1,65%) – Silício (0,60%) e Cobre (0,60%) A recomendação básica é que não se ultrapasse o percentual de 0,40 a 0,45 %, pois até esses valores, existe um patamar definido de escoamento. Dentre os perfis mais usuais de aço-carbono podemos citar: Aula 2 – Aços Estruturais UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 19 • ASTM A-36: É considerado o tipo mais comum de aço-carbono e que contém de 0,25 a 0,29% de carbono, sendo utilizado em perfis, barras e chapas para os mais diversos tipos de construção, desde pontes, edifícios, etc.; • ASTM A570: É empregado principalmente para perfis de chapas dobradas, devido à sua maleabilidade; • ASTM A307: Aço de baixo carbono utilizado em parafusos comuns; • ASTM A325: Aço de médio carbono utilizado em parafusos de alta resistência. 2.2. Aço de Baixa-Liga Esse tipo de aço é obtido pelo mesmo aço-carbono acrescido de elementos de liga em proporções diminutas – cobre, manganês, silício, etc. A adição desses elementos promovem alterações na microestrutura original, ampliando a resistência desse tipo de aço. Na pequena variação de ordem química somada à adição de outros componentes, também pode ser aumentada a resistência à oxidação, fator que como vimos anteriormente, impõe acréscimo de custos nas estruturas. Dessa maneira, os aços de baixa-liga podem ser subdivididos em: • Aços de Alta Resistência Mecânica: ✓ ASTM A441: Utilizado em estruturas que necessitem de alta resistência mecânica; ✓ ASTM A572: Utilizado em estruturas que necessitem de alta resistência mecânica têm, atualmente, aumentado consideravelmente seu uso no mercado de perfis, em especial, vigas tipo ‘ I ‘ ou ‘ U ’. • Aços de Alta Resistência Mecânica e Corrosão Atmosférica: ✓ ASTM A242: Possuem o dobro da resistência à corrosão do aço- carbono, o que permite sua utilização plena em situações de exposições às intempéries, cujos produtos mais conhecidos respondem pelos nomes comerciais de: ▪ NIOCOR, produzido pela CSN; SAC, produzido pela Usiminas e COS-AR-COR, produzido pela Cosipa. 2.3. Elementos de Composição Química do Aço Uma vez verificada a classificação dos aços estruturais, é relevante se conhecer um pouco mais sobre a influência da composição química nas propriedades do aço. A Aula 2 – Aços Estruturais ESTRUTURAS 20 composição química determina muitas das características dos aços, sendo que alguns elementos químicos presentes nos aços comerciais são consequência dos métodos de obtenção, outros são adicionados a fim de se atingir determinados objetivos. A influência de alguns desses elementos, como visto na disciplina Materiais de Construção II, pode ser descrita resumidamente: • Carbono: é o principal elemento para aumento da resistência; • Cobre: aumenta de forma muito eficaz a resistência à corrosão atmosférica e a resistência à fadiga; • Cromo: aumenta a resistência mecânica à abrasão e à corrosão atmosférica reduzindo, porém, a soldabilidade; • Enxofre: entra no processo de obtenção, mas pode causar retração à quente ou mesmo ruptura frágil, assim como, teores elevados podem causar porosidade e fissuração na soldagem; • Silício: aumenta a resistência e a tenacidade e reduz a soldabilidade; • Titânio: aumenta o limite de resistência, a resistência à abrasão e a resistência à deformação lenta, sendo muito importante a fim de se evitar o envelhecimento; • Vanádio: aumenta o limite da resistência, a resistência à abrasão e a resistência à deformação lenta sem prejudicar a soldabilidade e a tenacidade. 3. Propriedades dos Aços Estruturais Para melhor se compreender o comportamento das estruturas de aço, se faz necessário conhecer, de forma satisfatória, as principais propriedades dos aços estruturais. Alguns destes conceitos são abordados mais detalhadamente na disciplina de Estabilidade, porém, serão revistos novamente de forma sucinta. O primeiro ponto a ser analisado deve ser o diagrama de tensão-deformação, para se analisar e entender o comportamento estrutural. Quando solicitamos um corpo de prova ao esforço normal de tração, podemos obter valores importantes para a determinação das propriedades mecânicas dos aços. As primeiras propriedades mecânicas que devem ser salientadas são: • Fy: Tensão limite de resistência à tração (variável para os tipos de aço); • Fu: Tensão última de resistência à tração (variável para os tipos de aço); • E: Módulo de Elasticidade = 205 GPa. 3.1. Elasticidade Aula 2 – Aços Estruturais UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 21 Vem a ser a capacidade que certos elementos estruturais têm de voltar à sua forma original após sucessivos ciclos de carregamento e descarregamento. Se recorrermos à Resistência dos Materiais – o ramo da Mecânica Aplicada que, utilizando os conhecimentos da Teoria Matemática da Elasticidade, bem como da Mecânica Racional, estabelece fórmulas onde são considerados os efeitos internos nos corpos, produzidos pela ação de forças externas – é necessário recordar-se da Lei de Hook. Essa lei muito antiga, segundo alguns autores, data de 1676 e enunciada por Hook, estabelece que através de numerosas observações do comportamento dos sólidos, demonstra-se que, na imensa maioria dos casos, os deslocamentos, dentro de certos limites, são proporcionais às cargas que atuam, ou seja, segundo seja a força, assim será a deformação. Partindo da condição de que as tensões são produzidas pelos esforços atuantes, elas aumentarão com o aumento das forças aplicadas. Daí, os aumentos das tensões serão acompanhados por aumentos das deformações, passando por uma série de estados em que sejam de efeito desde desprezível até a condição de desagregação das moléculas no ponto de ruptura. Para a avaliação desses estados se realizam provas do material (ensaios), por meio de “corpos de prova”, devidamente proporcionados, submetidos à experiência de laboratório com máquinas especiais. No caso dos aços estruturais, os ensaios de laboratório são realizados para esforços de tração. Como vimos acima, a elasticidade é a propriedade que certos corpos têm de retornarem, depois de deformados – sujeitos à ação de uma carga – à sua forma inicial, quando desaparecem as causas que motivaram a deformação. Assim, no ensaio de tração simples, sob a ação de uma carga P, o corpo decomprimento L, é aumentado da grandeza δ. À medida que se aumenta P, δ também aumenta, e se não for ultrapassado o “limite de elasticidade” do material, quando se retira a carga P, o corpo volta às condições primitivas. Por isso, devido à elasticidade, a energia potencial interna, armazenada durante o desenvolvimento da deformação δ, é capaz de devolver ao corpo, em forma de trabalho mecânico, o necessário para restaurar as condições primitivas. 3.2. Coeficiente de Poisson Coeficiente de Poisson (ν = 0,30 para o aço) é o coeficiente de proporcionalidade entre as deformações longitudinal e transversal de uma peça. Quando se realiza estudos das deformações ao longo do eixo longitudinal de uma peça, observa-se uma propriedade em todos os sólidos relativas às deformações consequentes transversais. Por exemplo, uma tração, que conduz ao aumento do comprimento, corresponderá a uma contração Aula 2 – Aços Estruturais ESTRUTURAS 22 transversal; enquanto que uma compressão, que conduz à redução do comprimento, corresponderá a uma expansão transversal. Portanto, o coeficiente de Poisson equivale o mesmo que coeficiente de deformação transversal. 3.3. Coeficiente de Dilatação Térmica De valor β = 12 x 10-6 C para o aço. Quando se eleva ou se abaixa a temperatura de um corpo, o material se dilata ou se contrai, a não ser que seja impedido por circunstâncias locais e, havendo a mudança de temperatura de uma barra livre, o Coeficiente de Dilatação Térmica do material é a variação por unidade de comprimento e por grau de temperatura. 3.4. Módulo de Elasticidade Transversal Módulo de Elasticidade Transversal (G = = 0,385 E para o aço) ou simplesmente Módulo de Elasticidade de Cisalhamento, é utilizado quando ocorre a extensão ou encurtamento motivada por cisalhamento, ou seja, por corte no plano perpendicular. Essas deformações por corte, ocorrem com as de tração-compressão na flexão e torção. 3.5. Peso Específico Para o aço, seu valor é γ = 78,50 KN/m³. Uma vez conhecidas as principais propriedades mecânicas dos aços estruturais, já se pode analisar o Diagrama de Tensão-Deformação, representado a seguir. Aula 2 – Aços Estruturais UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 23 Em O-A há proporcionalidade entre a tensão e a deformação, cujo ponto A define o Limite de Proporcionalidade (Lei de Hook – Força e Deformação). Além do ponto A, a linha descreve um raio curto até o ponto B. Se até esse ponto a carga atuante fosse retirada lentamente, haveria o desaparecimento da deformação. Nesse período chamado Período Elástico, o material se comportou elasticamente e o ponto B será o Limite de Elasticidade do Material. Esse ponto B separa duas condições importantes do material, pois após esse limite, o material, como que cansado, perde bruscamente grande poder de resistência. Chegado ao ponto B, ocorre um fenômeno interessante no material, pois o corpo apresenta uma deformação apreciável, sem ter aumento apreciável de tensão e sem que se note qualquer lesão no material, mas se verifica uma queda brusca no caminho do ponto B ao ponto C, onde se observa um desarranjo molecular do material e, por isso mesmo, esse ponto denomina-se Limite de Escoamento (Fy). Prosseguindo-se com a análise do diagrama prossegue-se pelo caminho do ponto C ao ponto D, onde as deformações são cada vez maiores, onde no último ponto (D) ocorre o Limite de Tensão Máxima (Fu), também chamado tensão de ruptura. Esse período onde as deformações são permanentes, denomina-se Período Plástico, pois ao ser retirada a carga lentamente, o material não mais retorna ao estado primitivo e permanece em estado de deformação permanente. Ao atingir o ponto D, a seção do material começa a se estrangular, significando uma alteração molecular e, neste período denominado de estricção, a área da seção transversal do material vai diminuindo e começam a aparecer fissuras, de fora para dentro, até que a ruptura se complete. Para efeito de classificação, diz-se que o material está no Regime Elástico quando obedece ao período entre os pontos O e B e no Regime Plástico quando ultrapassa o ponto B. Outras propriedades que devem ser estudadas são: • Dureza: É a resistência ao risco ou abrasão e pode ser medida pela resistência com que a superfície do material se opõe à introdução de uma peça de maior Aula 2 – Aços Estruturais ESTRUTURAS 24 dureza. Os ensaios de dureza são bastante utilizados para verificar a homogeneidade do material; • Ductilidade: É a capacidade do material de se deformar sob a ação de cargas e as estruturas dotadas de maior ductilidade sofrem grandes deformações antes de se romperem, o que na prática constitui um aviso da existência de tensões elevadas, ou seja, o aço vai além do seu limite elástico; • Tenacidade: É a energia mecânica total que o material pode absorver em deformações elásticas e plásticas até a sua ruptura; • Resiliência: É a energia mecânica total que o material pode absorver em deformações elásticas até sua ruptura; • Efeito de Alta e Baixa Temperaturas: As altas temperaturas modificam as propriedades mecânicas dos aços estruturais, pois acima de 100ºC, a uma tendência a se eliminar a definição linear do limite de escoamento, surgindo reduções acentuadas das resistências de escoamento bem como do módulo de elasticidade. As baixas temperaturas, por sua vez, estabelecem a perda de ductibilidade e de tenacidade, o que constitui um fato indesejável, podendo conduzir à ruptura frágil; • Ruptura Frágil: São muito perigosas, pois são bruscas e não apresentam avisos pelas deformações exageradas das peças estruturais. O comportamento da fragilidade pode ser abordado sob dois aspectos: iniciação da fratura e propagação. A iniciação ocorre quando uma tensão ou deformação elevada se desenvolve num ponto onde o material perdeu ductibilidade e uma vez iniciada a ruptura, ela se propaga pelo material mesmo sob tensões moderadas; • Fadiga: É a ruptura de uma peça sob esforços repetidos em geral determinantes em peças de máquinas e estruturas sob efeito de cargas móveis. Baseado e adaptado de AUGUSTO CANTUSIO NETO. Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 3 – Características Geométricas UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 25 Aula 3: Características Geométricas Para o dimensionamento de peças estruturais, é imprescindível a determinação das “características geométricas” das seções transversais das mesmas. Sem esse mecanismo determinante da capacidade portante das estruturas, não se consegue dimensionar os componentes da estrutura, tão pouco se verificar a estabilidade individual e global das estruturas analisadas. 1. Figuras Planas Tem-se como “características geométricas” principais os seguintes tópicos: • Área; • Centro de Gravidade; • Momento de Inércia; • Raio de Giração; • Momento Resistente Elástico; • Momento Resistente Plástico. Alguns destes conceitos podem ser revisitados na disciplina de Estabilidade, na aula de Introdução à Resistência dos Materiais. Aqui, serão abordados de forma resumida para que sejam apenas rememorados pelo aluno. Convencionalmente, a primeira etapa para determinação das características geométricas de Figuras Planas, é a cálculo do Momento Estático ou Momento de 1ª Ordem – sempre a análise da seção transversal de um determinado componente estrutural será efetuado através da figura plana equivalente a essa seção, seja um perfil tipo ‘I’, ‘U’, ‘L’, etc. A definição da Resistência dos Materiais para esse Momento Estático de uma figura em relação a um eixo de seu plano, é uma grandeza definida como a somatória dos produtos de cada elemento de área da figura pela respectivadistância ao eixo. A utilidade do Momento Estático é determinar o Centro de Gravidade das figuras planas e, se a figura for constituída de várias outras, o Momento Estático total é a soma dos Momentos Estáticos das várias figuras. Aula 3 – Características Geométricas ESTRUTURAS 26 Entretanto, para chegar-se ao cálculo desse Momento Estático, é necessário antes, determinar-se outras características geométricas, pois a equação matemática desse Momento é: Msx = A . Yg ou Msy = A . Xg Onde: A é a Área da Seção Transversal; Yg é a distância do Centro de Gravidade da seção em relação ao eixo X e Xg é a distância do Centro de Gravidade da seção em relação ao eixo Y. 1.1. Área As equações determinantes para o cálculo de áreas pertencem à Resistência dos Materiais, cabendo na disciplina, apenas as suas deduções principais. Assim, para facilitar o cálculo de área de figuras planas, o melhor meio é o de se desmembrar a figura plana em estudo em figuras geométricas cujas áreas são conhecidas. Como exemplo, tem-se o Cálculo de Área de um perfil ‘ I ‘ Soldado (medidas em mm): Área Total = AI + AII + AIII AT = (18 . 150) + (270 . 5) + (12 . 150) AT = 5,850 mm² ou 58,50 cm² 1.2. Centro de Gravidade Uma vez determinada a área de uma certa seção transversal, tal qual a que vimos acima, a próxima etapa deverá ser a determinação do Centro de Gravidade dessa seção ou figura plana. Considerando que todo corpo é atraído pela “gravidade” para o centro da Terra, e que o peso de um corpo é uma força cuja intensidade é a medida do produto da massa pela aceleração provocada pela gravidade, os pesos de todas as moléculas de um corpo formam um sistema de foças verticais, cuja resultante é o peso do corpo e cujo centro de forças é o centro de gravidade. No caso de figuras planas, para se determinar o centro de gravidade da seção, assim como se trabalhou com o cálculo de área, divide-se a mesma figura em outras tantas figuras conhecidas para que se possa determinar o centro de gravidade de cada figura inicialmente e, posteriormente, o cálculo do centro de gravidade da figura integral. Aula 3 – Características Geométricas UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 27 Se tomarmos a figura acima, um trapézio ABCD, a fim de se obter, pelo método mais simples o centro de gravidade da seção, prolonga-se na direção da base menor (AB) o comprimento maior (CD) até E, e na direção da base maior (CB) o comprimento menor (AB) até F. Unindo-se EF, esta intercepta a linha mediana traçada entre AB e CD exatamente no ponto do C.G. (Centro de Gravidade). A medida Yg, equivale à formulação matemática: Yg = d 3 . (2b + B) (b + B) Quando, por exemplo, nos detivermos diante de uma figura plana de forma quadrada, supondo seus lados iguais com medida de 90 cm, ao aplicarmos a equação acima, obteremos o resultado de: Yg = 90 3 . (2 . 90 + 90) (90 + 90) = 45 cm O que equivale exatamente ao ponto desejado do Centro de Gravidade. Entretanto, quando se trata de figura plana composta, como no caso do exemplo do cálculo de área, a determinação do Centro de Gravidade torna-se um pouco mais complexa, sem com isso tornar-se difícil. Uma vez compreendido o caminhamento lógico do cálculo, podemos determinar o C.G. da figura em questão, em relação aos seus dois eixos de figura plana, ou seja, nas direções X e Y. Vamos voltar à figura original, agora em desenho de maiores proporções, e com o traçado dos eixos de referência ou eixos de auxilio (Xa e Ya) e, com isso, as medidas auxiliares iniciais, y1 a y3 e x1 a x3. Devemos, quando possível, tomarmos o canto inferior esquerdo das peças compostas como referencial 0,0. Aula 3 – Características Geométricas ESTRUTURAS 28 Onde Ygi e Xgi, são as distâncias entre os centros de gravidade das figuras individuais conhecidas (1 a 3) até os eixos auxiliares Ya e Xa. Uma vez calculados os valores auxiliares, já nos é possível determinarmos os valores finais relativos ao centro de gravidade da seção transversal, a partir das equações determinadas anteriormente, onde: Yg = ∑ Msxi ∑ A e Xg = ∑ Msyi ∑ A Portanto: Yg = 994,95 58,5 = 17,00 cm e Xg = 438,75 58,5 = 7,50 cm O que equivale, em nossa figura, ao seguinte resultado: Aula 3 – Características Geométricas UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 29 1.3. Momento de Inércia Momento de Inércia ou de 2ª Ordem de uma figura plana em relação a um eixo do seu plano, é a somatória dos produtos da área de cada elemento da superfície, pelo quadrado de sua distância, somado ao momento de inércia da peça isolada (Teorema de Steiner). O momento de inércia tem sempre valores positivos, pelo fato de termos o efeito, na equação, do valor da distância elevado ao quadrado, e sua representação pode ser feita através de duas letras, sem que se altere seu significado: J ou I. (Atentar que na aula de Estática III, da disciplina de Estabilidade, o Momento de Inércia apresentado é o de massa, o que tecnicamente é diferente apenas pelo fato do centro geométrico da figura não ser obrigatoriamente o centro de massa/gravidade, porém, o conceito é análogo). De acordo com o enunciado acima, os valores de J ou I serão: Jx ou Ix = Ixi + A . Yg2 e Jy ou Iy = Iyi + A . Yg2 Onde: I é o Momento de Inércia da figura; Ii é o Momento de Inércia em relação ao um eixo i, que passa pelo C.G.; Yi é a Distância entre o centro de gravidade da figura em relação ao eixo i; i = eixos X ou Y. Retomando figura tradicional, determina-se os valores do Momento de Inércia ou de 2ª Ordem, agora com os eixos X e Y posicionados em sua situação real, ou seja, passando pelo C.G. da peça. Aula 3 – Características Geométricas ESTRUTURAS 30 Mantendo a proposta inicial de se desmembrar a figura plana em figuras geométricas conhecidas, teremos os mesmos retângulos 1, 2 e 3. Dessa maneira podemos, nos utilizando de tabelas auxiliares (Iretângulo = bh³/12 → ver Estabilidade, Aula 08), calcularmos inicialmente os momentos de inércia de cada um desses retângulos, em relação aos eixos X e Y, agora os eixos tradicionais, traçados a partir do C.G. da seção transversal. Onde Ygi e Xgi, são as distancias entre os centros de gravidade das seções individuais (1 a 3) em relação aos eixos reais Y e X. A partir dos valores enumerados na tabela acima, já podemos definir os valores dos Momentos de Inércia. Ix = (7,29 + 27 . 12,102) + (820,12 + 13,5 . 2,302) + (2,16 + 18 . 16,402) = 9695 cm4 Iy = (506,3 + 27 . 02) + (0,28 + 13,5 . 02) + (337,5 + 18 . 02) = 844 cm4 Aula 3 – Características Geométricas UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 31 1.4. Raio de Giração Uma vez determinados os Momentos de Inércia, a próxima etapa é a determinação dos raios de giração, também em relação aos eixos X e Y. Essa característica geométrica das figuras planas é definida por operações matemáticas bastante simples, pois o raio de giração, denominado pela letra r adicionada do seu eixo de direção X ou Y, ou seja rx = raio de giração no sentido X e ry = raio de giração no sentido Y, será igual à raiz quadrada do momento de inércia do eixo correspondente, dividido pela área da seção transversal. Assim sendo: ri = √ Ii A Onde: Ii é o Momento de Inércia; A é a Área da figura plana. Portanto, na figura de estudos, tem-se como resultados: rx = √ 9695 58,5 = 12,87 cm e ry = √ 844 58,5 = 3,80 cm 1.5. Momento Resistente Finalizando o cálculo das características geométricas de figurasplanas, resta o Momento Resistente, uma característica geométrica importante nos elementos estruturais. Para efeito de nossos estudos, somente consideraremos o Momento Resistente Elástico, muito embora como vimos no enunciado, existe, também, o Momento Resistente Plástico. Para o cálculo desse Momento Resistente, basta aplicarmos, assim como para o cálculo do raio de giração, simples equação matemática, pois: Wxs = Ix ygs e Wxi = Ix ygi e Wye = Iy yge e Wyd = Iy ygd Onde: Wxs = Momento Resistente Superior em torno do eixo x; Wxi = Momento Resistente Inferior em torno do eixo x; Aula 3 – Características Geométricas ESTRUTURAS 32 Wye = Momento Resistente Esquerdo em torno do eixo y; Wyd = Momento Resistente Direito em torno do eixo y. Para o caso em questão: Wxs = 9695 13 = 745,76 cm3 Wxi = 9695 17 = 570,29 cm3 Wye = 844 7,50 = 112,53 cm3 Wyd = 844 7,50 = 112,53 cm³ 1.6. Características Geométricas de Seções Conhecidas 2. Exercício Resolvido Exemplo: Determinar as características geométricas da figura plana abaixo (medidas em cm): Aula 3 – Características Geométricas UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 33 Resolução: Resolveremos o exercício pelo ponto O (origem). Considerando-se o retângulo (1) à esquerda com medidas h = 40, b = 12, y1 = 20 e x1 = 6, e o retângulo (2) o da direita inferior com medidas h = 12, b = 28, y2 = 6 e x2 = 26, tem-se: 1º Passo: Cálculo do Momento Estático Para encontrar o Momento Estático Total, deve-se somar os Momentos Estáticos das seções. As fórmulas são Msx = A . Yg ou Msy = A . Xg (o “ou” está utilizado aí pois a figura é simétrica e o ponto referência é a origem, o que implica do Centro de Massa em X ficar equidistante ao Centro de Massa em Y, portanto, será calculado apenas em um eixo e duplicado). Utilizaremos a primeira, em função do eixo X. Para as seções 1 e 2: Msx1 = A1 . Yg1 → Msx1 = (40 . 12) . 20 → Msx1 = 9600 cm³ Msx2 = A2 . Yg2 → Msx2 = (12 . 28) . 6 → Msx2 = 2016 cm³ Portanto: Aula 3 – Características Geométricas ESTRUTURAS 34 Msx = Msx1 + Msx2 → Msx = 9600 + 2016 → Msx = 11616 cm³ 2º Passo: Cálculo da Área É o somatório das áreas das seções, portanto: AT = A1 + A2 → AT = (40 . 12) + (12 . 28) → A = 816 cm² 3º Passo: Encontrar o Centro de Gravidade da Figura: Yg = ∑ Msxi ∑ A = 11616 816 = 14,23 cm Como a figura é simétrica, sabe-se que Yg é igual a Xg, portanto Xg = 14,23 cm. OBS: Esta simetria não se dá em todos os perfis, atente-se. Para o futuro cálculo do Momento de Inércia, ainda necessitamos as parcelas Ygi e Xgi, que são as distâncias entre o centro de gravidade da figura em relação ao eixo i (que são x e y). Portanto: Yg1 = Y1 – Yg → Yg1 = 20 – 14,23 → Yg1 = 5,77 cm Yg2 = Yg – Y2 → Yg1 = 14,23 – 6 → Yg1 = 8,23 cm Não será calculado em relação a Xgi pois conforme dito acima, a figura é simétrica em relação à origem determinada. Entenda melhor o que foi feito: Aula 3 – Características Geométricas UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 35 4º Passo: Cálculo do Momento de Inércia: Ix = Ixi + A . Yg2 Sabemos que em relação a “X”, o Momento de Inércia em do eixo de retângulos é dado por Ixi = bh³/12 e Iportanto, aplicando-se o teorema dos eixos paralelos para encontrar o momento de Inércia no Centro de Massa: Ix1 = Ixi1 + A . Yg12 Ix1 = bh³/12 + A . Yg12 Ix1 = (12 . 40³)/12 + (40 . 12) . 5,77² Ix1 = 80147,20 cm4 Analogamente, para a peça 2: Ix2 = Ixi2 + A . Yg22 Ix2 = bh³/12 + A . Yg22 Ix2 = (28 . 12³)/12 + (28 . 12) . 8,23² Ix2 = 26790,25 cm4 Portanto: Ix = Ix1 + Ix2 Ix = 80147,20 + 26790,25 Ix = 106937,45 cm4 Como a peça é simétrica, temos também que Iy = 106937,45 cm4. 5º Passo: Cálculo do Raio de Giração: rx = ry = √ Ii A → rx = ry = √ 106937,45 816 → rx = ry = 11,44 cm 6º Passo: Cálculo dos Momentos Resistentes: Façamos a seguinte análise: Sob o ponto de vista do Centro de Massa (CM), a parcela que fica à sua direita em relação a Y, é simétrica a que fica acima, em relação a X. Portanto, pode-se dizer que Wxs = Wyd Compreenda pela figura: Aula 3 – Características Geométricas ESTRUTURAS 36 O mesmo acontece quando tomamos a parte da esquerda do CM em relação a Y, que é análoga à parte inferior, em relação a X, portanto, Wxi = Wye. Portanto: Wxs = Wyd = Ix ygd = 106772 (40 − 14,23) = 4143 cm³ Wxi = Wye = Iy yge = 106772 14,23 = 7503,30 cm³ E o exercício está finalizado. Baseado e adaptado de AUGUSTO CANTUSIO NETO. Edições sem prejuízo de conteúdo. Aula 4 – Sistemas Estruturais UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 37 Aula 4: Sistemas Estruturais Uma vez especificados os tipos de aço comumente utilizados em estruturas metálicas e determinadas as características geométricas de figuras planas que correspondem às seções transversais das peças estruturais, é preciso estudar-se os efeitos das forças atuantes nessas peças estruturais que compõem um sistema estrutural. Nesta aula será apresentado um resumo do que foi visto em outros momentos deste curso e um aprofundamento específico no assunto inerente às estruturas metálicas. 1. Elementos Estruturais De uma maneira geral, essas peças estruturais têm classificação (como visto em outras disciplinas) de: • Hastes ou Barras são peças cujas dimensões transversais são pequenas em relação ao seu comprimento. Dependendo da solicitação predominante, essas hastes ou barras podem ser denominadas: ✓ Tirantes - sujeitos à tração axial; ✓ Colunas ou Pilares – sujeitos à compressão axial; ✓ Vigas – sujeitas às cargas transversais que produzem momentos fletores e esforços cortantes; ✓ Componentes de Treliças ou Tesouras –sujeitas à tração e compressão axiais. • Placas ou Chapas são peças cujas dimensões de superfície são grandes em relação à sua espessura. As peças estruturais denominadas hastes ou barras quando sujeitas às solicitações de tração ou compressão aplicadas segundo o eixo de si mesma apresentam tensões internas de tração ou compressão uniformes na seção transversal (σt e σc) enquanto que nas hastes ou barras sujeitas às solicitações de cargas transversais os esforços predominantes são de momentos fletores e cisalhamento. Aula 4 – Sistemas Estruturais ESTRUTURAS 38 1.1. Sistemas Lineares Os sistemas lineares são formados por combinações dos principais elementos lineares constituindo estruturas portantes em geral. Na treliça, por exemplo, as barras trabalham predominantemente à tração ou compressão simples; as grelhas planas são formadas por feixes de barras que trabalham predominantemente à flexão; enquanto pórticos são sistemas formados por associações de barras retilíneas ou curvilíneas com ligações rígidas entre si que trabalham à tração e compressão simples ou mesmo à flexão. 2. Classificação dos Esforços São divididos em: • Cargas são as forças externas que atuam sobre um determinado sistema estrutural; • Esforços são as forças desenvolvidas internamente no corpo e que tendem a resistir às cargas; • Deformações são as mudanças das dimensões geométricas e da forma do corpo solicitado pelos esforços. 2.1. Cargas Atuantes Os sistemas lineares são formados por combinações dos principais elementos que compõem a estrutura. A estrutura, por sua vez, para que possa ser analisada e dimensionada, necessita da determinação das cargas ou ações atuantes sobre essa mesma estrutura, para que uma vez determinadas essascargas ou ações, se possa verificar os esforços resultantes das aplicações das cargas, assim como as deformações provocadas por Aula 4 – Sistemas Estruturais UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 39 elas. A estrutura deverá ter resistência suficiente para suportar essas cargas e suas combinações e manter as deformações plásticas dentro de padrões determinados. Essas cargas ou ações atuantes sobre as estruturas, definidas por Normas específicas e, de maneira geral, são classificadas como apresentado a seguir. 2.1.1. Cargas Permanentes (CP ou G) São, basicamente: • Peso próprio dos elementos constituintes da estrutura; • Peso próprio de todos os elementos de construção permanentemente suportados pela estrutura – pisos, paredes fixas, coberturas, forros, revestimentos e acabamentos; • Peso próprio de instalações, acessórios e equipamentos permanentes. Para determinação das cargas permanentes apresentadas no último tópico, estas dependem de informações fornecidas por fabricantes. Entretanto, nos dois primeiros tópicos, as cargas permanentes podem ser determinadas a partir dos pesos reais dos materiais mais usuais e indicados abaixo: 2.1.2. Cargas Acidentais ou Variáveis (CA ou Q) São segmentadas em: • Sobrecargas de utilização devidas ao peso das pessoas; • Sobrecargas de utilização devidas ao peso de objetos e materiais estocados. Aula 4 – Sistemas Estruturais ESTRUTURAS 40 • Sobrecargas provenientes de cargas de equipamentos específicos – ar condicionado, elevadores; • Sobrecargas provenientes de empuxos de terra e de água e de variação de temperatura. As cargas acidentais são definidas em função de valores estatísticos estabelecidos pelas normas pertinentes, seus valores são geralmente considerados como uniformemente distribuídos, e podem ser adotadas conforme se segue, nos casos especificados: 2.1.3. Cargas do Vento (CV) As cargas provenientes da ação dos ventos nas estruturas são das mais importantes e, suas considerações e aplicações, estão contidas em norma específica – NBR 6123 - Forças Devidas ao Vento em Edificações. Para se determinar as componentes das cargas de vento, é necessário o conhecimento de três parâmetros iniciais. Em primeiro lugar, determina-se a denominada pressão dinâmica, que depende da velocidade do vento, estipulada através de gráfico especifico, chamado isopletas, que determina a velocidade básica do vento medida sob condições analisadas. Outros fatores determinantes no cálculo da pressão dinâmica são os fatores topográficos, que considera como o próprio nome define, a rugosidade do terreno, assim Aula 4 – Sistemas Estruturais UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 41 como a variação da velocidade do vento com a altura do terreno e das dimensões da edificação e fator estatístico – leva em conta o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação. O segundo parâmetro a ser considerado é o dos coeficientes de pressão (Cpe) e de forma (Ce) externos, para edificações das mais variadas formas e como terceiro parâmetro, considera-se o coeficiente de pressão interna (Cpi), que considera as condições de atuação do vento nas partes internas de uma edificação, sob as mais variadas condições. 2.1.4. Outras Cargas ou Excepcionais (CE) As edificações costumam sofrer, além das cargas já delineadas, outras tantas cargas ou ações, provenientes de outros tantos fatores. Dentre essas, poderíamos considerar as cargas provenientes de pontes rolantes, que além das cargas verticais provenientes dos pesos que transportam, também provocam cargas horizontais, decorrentes de frenagens ou acelerações da ponte ou mesmo choque com os anteparos (para-choque) ou ainda esforços provenientes de impacto vertical. Não menos importantes são as considerações sobre as vibrações, em especial, nos pisos. A resposta humana a vibrações é um fenômeno muito complexo e envolve a magnitude do movimento, as características do ambiente e da sensibilidade do próprio ser humano. Os principais tipos de vibrações são: ressonância ou vibração senoidal contínua e transientes ou vibração passageira. O parâmetro mais importante para prevenir vibrações em pisos é o amortecimento e o seu cálculo dependente de fatores dos mais interessantes, que não serão abordados na aula. 2.2. Esforços Atuantes Esforços, como já definidos e aprofundados na disciplina Estabilidade e outras, são as forças desenvolvidas internamente no corpo e que tendem a resistir às cargas. Entretanto, cargas também são forças, porém, desenvolvidas externamente. Assim sendo, os esforços estruturais podem ser caracterizados como esforços externos atuantes ativos e reativos – ativos são produzidos por forças atuantes, ou seja, cargas aplicadas à estrutura, enquanto que reativo são produzidos pelas reações, ou seja, são as equilibrantes do sistema de cargas; ou esforços internos solicitantes e resistentes – solicitantes são os esforços normais de tração ou compressão, cortantes, flexão e torção, enquanto que os resistentes são as tensões normais e tensões de cisalhamento. Aula 4 – Sistemas Estruturais ESTRUTURAS 42 Os esforços solicitantes internos (serão superficialmente rememorados aqui) podem, portanto, ser classificados da seguinte forma: • Força Normal (N): é a componente perpendicular à seção transversal das peças, que podem ser de tração (+) se é dirigida para fora da peça ou de compressão (-) se é dirigida para dentro da peça. Essa força será equilibrada por esforços internos (esforços resistentes) e se manifestam sob a forma de tensões normais, que serão de tração ou compressão segundo a força N seja de tração ou de compressão; • Força Cortante (Q): é a componente que tende a fazer deslizar uma porção da peça em relação à outra e por isso mesmo provocar corte. Essa força será equilibrada por esforços internos e é denominada tensão de cisalhamento; • Momento Fletor (Mf ou M): é a componente que tende a curvar o eixo longitudinal da peça e será equilibrada por esforços internos que são tensões normais; • Momento Torsor (Mt): é a componente que tende a fazer girar a seção da peça em torno do seu eixo longitudinal e será equilibrada por esforços internos denominadas tensões de cisalhamento. Na clássica figura abaixo, ficam representados: 2.3. Deslocamentos (Deformações) Uma vez sujeita às cargas atuantes, as peças estruturais respondem, como vimos, através de esforços resistentes. Mas, também sobre o influxo das cargas ou esforços atuantes, surge deslocamentos em torno dos eixos transversais da seção da peça. Como Aula 4 – Sistemas Estruturais UNIDADE 1 – ESTRUTURAS METÁLICAS 43 também já se estabeleceu, as peças estruturais devem ter capacidade de se manter em condições estáveis plásticas em relação a estas deformações e, por conseguinte, existem valores pré-determinados que estipulam limitações para essas deformações. De uma maneira geral, os valores máximos recomendados para as deformações ou deslocamentos das estruturas são: Peças sujeitas a cargas uniformemente distribuídas ou mesmo pontuais sofrem como consequência dessas cargas, deformações em torno do eixo solicitado. Dessa maneira, é sempre necessário verificar-se as deformações ocasionadas nessas peças estruturais, de forma que elas não ultrapassem valores anteriormente anotados (ver tabela de deformações permissíveis). Nas peças tradicionais sujeitas a esses tipos de carregamentos, podemos adotar os modelos abaixo (já estudados em Estabilidade as cargas, esforços e flechas): Aula 4 – Sistemas Estruturais ESTRUTURAS 44
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