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Letícia Souza – 70A P1 Bioquímica II – Proteínas Plasmáticas 1 PROTEÍNAS PLASMÁTICAS VISÃO GERAL DAS PROTEÍNAS Síntese Etapa 01: Transcrição DNA -> RNA (núcleo) Etapa 02: Tradução RNA -> polipeptídio (citoplasma) Estrutura Organizacional Estrutura primária: sequencia dos aminoácidos na cadeia polipeptídica (ligações peptídicas) Estrutura secundária: enovelamento de partes da cadeia, formada somente por ligações de hidrogênio. (Ex.: alfa-hélices e folhas beta). Estrutura terciária: Enovelamento da cadeia peptídica como um todo, formada a partir de ligações entre os radicais R dos aminoácidos. Estrutura quaternária: Associação de mais de uma cadeia polimérica, como a hemoglobina, que é a associação de quatro cadeias. CARACTERÍSTICAS DAS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS TOTAIS (PPT) A maioria das proteínas plasmáticas é sintetizada pelo fígado e podem se deslocar para o espaço intersticial por difusão passiva ou por transporte ativo. Quantitativamente, a mais importante é a Albumina; as demais são classificadas como globulinas. As PPT’s que são avaliadas rotineiramente são aquelas presentes no sangue, na urina, no líquido cefalorraquidiano, nos líquidos amniótico, peritoneal, pleural ou sinovial, e nas fezes. As alterações das concentrações laboratoriais das PPT’s nos oferecem informações úteis ao diagnóstico, como alterações nas suas taxas de síntese, de remoção e alteração no volume de distribuição pelo corpo. Métodos de determinação de proteínas totais O soro deve ser de um paciente de jejum de 8 horas, não lipemico e sem hemólise, pois tanto a parte lipemica quanto a parte hemolizada pode causar alterações na coloração dos testes. Estabilidade das amostras: uma semana ou mais a temperatura ambiente // um mês a 2 a 4ºC. Intervalos de Referencia Concentração da proteína total Adulto saudável em movimento: 6,0 a 8,8 g/dL Adulto em descanso: 6,8 a 7,8 g/dL (Intervalos para neonatos, crianças pequenas e adultos com mais de 60 anos são ligeiramente menores). Letícia Souza – 70A P1 Bioquímica II – Proteínas Plasmáticas 2 Método de Biureto Utiliza-se o íon cúprico como reagente de uma solução que interage com as ligações peptídicas em meio alcalino, e de acordo com os níveis de interação, a solução fica mais azulada. Assim, quanto mais azul a solução, mais proteína está presente na amostra. No entanto, este método detecta a quantidade de proteínas totais, não sendo possível identificar uma proteína específica. Leitura no espectrofotômetro. Interferentes: substancias podem reagir com o íon cúprico, como a bilirrubina aumentada. Método de Lowry Também há interação de íon cúprico com as ligações peptídicas. Utilizado para pequenas quantidades de proteína. Redução do reagente de Folin-Ciocalteu pelo complexo cobre-ligação peptídica, causando mudança de coloração da solução para amarelo. Leitura de absorbância. Método de Bradford Mais abrangente que o método de Lowry – Reagente Comassie Azul G250 se liga aos aa aromáticos, resultando em coloração azul. Leitura de absorbância. Método de Smith Possui maior sensibilidade. A dosagem de proteínas totais apenas infere casos de hiperproteinemia (desidratação, cirrose hepática, hepatite, lúpus, endocardite) ou hipoproteinemia (hemodiluição, síndrome nefrótica, queimaduras severas, desnutrição, hipertireoidismo, hemorragia), não sendo possível realizar um diagnóstico patológico. OBS.: cirrose hepática e hiperproteinemia -> a maior parte das proteínas é sintetizada pelo fígado, e no caso de cirrose, o sistema imune é ativado na produção de imunoglobulinas para compensar a perda das proteínas hepáticas. Ensaios quantitativos de Proteínas Individuais Baseia-se na interação antígeno-anticorpo, que culmina na formação de complexos que alteram a turbidez da amostra -> turbimetria e nefelometria. Eletroforese Exame utilizado na investigação de dosagens séricas. Há separação das proteínas em cinco bandas: fração de albumina, fração alfa-1, fração alfa-2, fração beta-1 e fração gama. Há fabricação de um gel de poliecrilamina, que é submetido a uma ddp, deixando todas as proteínas carregadas negativamente, que vão em direção ao polo positivo. As proteínas maiores (maior peso) ficam retidas em cima, e as menores (menor peso) migram com maior facilidade, uma vez que atravessam os poros do gel. Logo, ocorre uma separação de proteínas de acordo com seu peso molecular. Letícia Souza – 70A P1 Bioquímica II – Proteínas Plasmáticas 3 TIPOS DE PROTEÍNAS PLASMÁTICAS Albumina Representa de 40% a 60% das proteínas plasmáticas, e possui meia vida de 15-19 dias. Sua regulação se dá por feedback negativo, e é produzida de maneira proporcional à ingestão proteica, pois sua constituição depende de aminoácidos essenciais. Síntese: fígado -> pro-albumina. A sua síntese é diminuída na presença de citocinas inflamatórias. Degradação: ocorre em todos os tecidos, por mecanismo desconhecido e aleatório, isto é, não segue o padrão de meia-vida. Ocorre em casos em que o organismo precisa de aminoácidos, que são abundantes na estrutura dessa proteína. Funções: Regulação osmótica (mantém a pressão oncótica) entre o espaço intravascular e o líquido intersticial, altamente ligada ao edema. Transporte de ácidos graxos, hormônios esteroidais, bilirrubina e alguns fármacos. Hiperalbuminemia: condição rara em que há aumento na concentração de albumina no plasma. Desidratação Câncer. Hipoalbuminemia: condição em que há redução na concentração de albumina no plasma. Redução na síntese de albumina: cirrose, ingestão inadequada de proteínas Perda proteica extravascular: queimaduras (pele é reservatório); síndrome nefrótica (proteinúria) e enteropatia perdedora de proteínas. Aumento do catabolismo proteico: infecção Hemodiluição (aumento do volume do plasma com perda de concentração de glóbulos vermelhos no sangue): Ascites (acúmulo anormal de líquido no abdome) Insuficiência cardíaca congestiva Letícia Souza – 70A P1 Bioquímica II – Proteínas Plasmáticas 4 Banda 1 – Globinas: Região α-1 Alfa1- antitripsina (AAT) Diagnóstico majoritariamente clínico e genético – importante na verificação de predisposição genética. As anomalias genéticas nos níveis de AAT podem ser detectadas por exame de sangue fetal antes do nascimento, por PCR e por focalização isoelétrica. Síntese: Fígado Função: proteção contra a destruição da parede alveolar a partir da inibição de proteases, como a elastase neutrofílica, impedindo, assim, a ocorrência de dano tecidual. Também inibe a tripsina e a quimiotripsina. Valores elevados: gravidez, inflamação, uso de contraceptivos. Valores reduzidos: deficiência hereditária – hepatite neonatal (pode evoluir a cirrose), enfisema pulmonar, tabagismo, desnutrição. Obs.: a elastase é uma proteína que combate os microorganismos inalados durante a respiração; no entanto, ela também degrada a elastina, que é um importante componente da parede pulmonar que oferece elasticidade. Dessa forma, a AAT inibe a elastase para que esta não iniba a elastina, o que poderia resultar em um dano tecidual. Alfa1- fetoproteína (AFP) Detectada no soro materno até 7 e 8 meses de gravidez; análise feita pelo líquido amniótico. Atinge o seu pico em torno de 30 semanas de gestação, logo, ao errar a idade gestacional podem ser inferidos diagnósticos inadequados. Síntese: fígado fetal e saco vitelínico fetal Letícia Souza – 70A P1 Bioquímica II – Proteínas Plasmáticas 5 Função: protege o feto do ataque imunológico materno. Valores elevadosindicam: Alterações no tubo neural – espinha bífida; sofrimento fetal; doença hemolítica do recém-nascido; hepatocarcinoma (em adultos). Valores reduzidos indicam: risco de trissomia do 21 (Síndrome de Down). Também pode ser indício de trissomia do 18. Alfa1- lipoproteína (HDL) Transporte de lipídios. Alfa1- glicoproteína ácida (AAG) Não possui muita coloração nos métodos devido ao alto nível de carboidratos em sua estrutura. Está presente na membrana das plaquetas. Síntese: fígado. Função: metabolismo e transporte de hormônios esteroides; papel na coagulação e na formação de colágeno. Também possui papel de inibição da progesterona e interação com drogas e fármacos. Valores elevados: Inflamação; gravidez; câncer; pneumonia; artrite reumatoide, lúpus, queimadura, infarto. Valores reduzidos: problema hepático grave. Banda 2 – Globinas: Região α-2 Haptoglobulina (HAP) Constituída de uma cadeia alfa e uma cadeia beta. A cadeia beta possui sítio de ligação à hemoglobina. Síntese: hepatócitos e células do sistema reticuloendotelial. Função: transporta a Hb para o retículo endotelial para ser degradada (apoptose) – ao se ligar irreversivelmente a Hb no momento da apoptose, não há perda de aminoácidos e ferro pela urina, uma vez que o complexo haptoglobulina-hemoglobina não consegue passar pelos rins, logo, não é eliminado pelo organismo, e esse complexo é degradado apenas no retículo endotelial. A hemoblobina é degradada em globina + Heme (quebra em íons de Fe) Valores elevados: inflamação (demanda de Fe = mais HAP para degradação da Hb); doenças reumáticas; queimaduras; síndrome nefrótica. Valores reduzidos: doença hemolítica do recém-nascido e após transfusões. Ceruloplasmina (CER) Possui valores mais elevados em mulheres. Contem 90% do Cu sérico total. Síntese: Fígado. Funções: fixação de cobre (6 a 8 átomos de Cu); oxirredutora, participando do metabolismo do ferro; possui atividade enzimática (histaminase, cobre e ferro oxidase). Letícia Souza – 70A P1 Bioquímica II – Proteínas Plasmáticas 6 Valores elevados: gravidez; inflamação; uso de contraceptivos; doenças malignas. Valores reduzidos: Doença de Wilson; síndrome de má absorção; dieta pobre em Cu; síndrome nefrótica. Obs.: A Doença de Wilson é uma condição genética, autossômica recessiva, em que há uma deficiência na proteína transportadora de Cu, que impede a associação entre o metal e a CER. Logo, ocorre deposição de Cu nos tecidos, e o primeiro a ser afetado é o tecido hepático. Alfa2- macroglobulina (AMG) Síntese: fígado Função: Transporte de IL-2; IL-6; insulina e fator de crescimento; além de ser inibidora da protease. Valores Elevados: Uso de contraceptivo; lesão hepática; diabetes. Valores reduzidos: pacientes com pancreatite aguda grave. Obs.: Valores elevados da AMG associados à baixa de albumina podem caracterizar síndrome nefrótica, uma vez que essa proteína fica retida no organismo ao passo que ela não passa pelos rins, e ainda é fabricada em grande quantidade no organismo para compensar a hipoalbuminemia, aumentando ainda mais a sua concentração plasmática. Região beta-Globina Transferrina (TRF) Possui dois íons Fe; meia-vida no organismo de 07 dias. Diagnóstico de anemia. Praticamente todas as células possuem receptores de superfície de TRF. Síntese: fígado e sistema endotelial. Função: Transporte de Fe para as células para incorporação nos citocromos, Hb e mioglobina e para os locais de reserva, como o fígado. Impede a perda de Fe pelos rins, e também a deposição do metal nos tecidos. Valores elevados: anemia por deficiência de ferro – níveis aumentam na tentativa de captação de maior quantidade de ferro, sendo um aumento compensatório. Valores reduzidos: inflamação; doença maligna; hepatopatias crônicas. Proteínas do Complemento Conjunto de proteínas que participam da resposta imunológica a medida que interagem com o complexo antígeno-anticorpo, entre si e com as membranas celulares para destruição de vírus e bactérias exógenos. Circulam na forma de precursores funcionais. Faz parte da imunidade inata (inerente ao indivíduo – nasce com ela) Valores elevados: processos inflamatórios Letícia Souza – 70A P1 Bioquímica II – Proteínas Plasmáticas 7 Valores reduzidos: má nutrição; lúpus eritrematoso; coagulopatias vasculares disseminadas. C4: via clássica – se junta ao anticorpo, aumentando a eficiência da ação (opsonização) = sinalização do antígeno a ser fagocitado. Redução dessa proteína significa uma depressão do sistema imune. C3: via alternativa + via clássica – consegue agir por si própria, não depende de associação ao anticorpo. Hemopexina (HX) Transporte do grupamento Heme ao fígado. Beta-lipoproteína (LDL) Transportadora de lipídios. Valores elevados: hipotireoidismo, cirrose biliar, nefroses e alguns casos de diabetes mellitus. Região Gama – Globina Proteína-C-Reativa (PCR) Não é detectada em indivíduos saudáveis. É uma proteína de fase aguda, marcadora não específica de lesão tecidual, infecção, necrose celular associada a infarto ou malignidade. É a proteína plasmática que sofre maior elevação na inflamação e é uma das primeiras a aparecer – pedido de exame frequente quando há suspeita de inflamação. Síntese: fígado. Função: pode iniciar opsonização, fagocitose; lise celular nas respostas inflamatórias. Valores elevados: infecções bacterianas; febre reumática; necrose/lesão tecidual. Imunoglobulinas (Ig) São sintetizadas pelo sistema imune em resposta a uma partícula estranha (antígeno), e possuem como função reagir e neutralizar vírus, bactérias e outros microorganismos. São constituídas por quatro cadeias polipeptídicas, sendo duas cadeias pesadas e duas cadeias leves, idênticas entre si. IgG: anticorpo de memória – maior quantidade na resposta imune secundária; o IgG passa pela barreira transplacentária e protege o feto. IgA: secretado como um dímero; existe em maior quantidade nas secreções mucosa, como a saliva; e passa através do leite para o bebe. IgM: secretado como um pentâmero; existe em maior quantidade na resposta imune primária (linha de defesa) – primeira globulina a ser produzida em casos de infecção. IgD: presente na superfície dos linfócitos. IgE: presente na superfície de mastócitos e basófilos; papel na imunidade contra helmintos e processos alérgicos – hipersensibilidade imediata. Letícia Souza – 70A P1 Bioquímica II – Proteínas Plasmáticas 8 Hipogamaglobulinemia - causas fisiológicas: ao nascer, a concentração de IgA e IgM é baixa, e a IgG diminui (IgG maternos) - causas patológicas: deficiências congênitas (doença de Bruton); deficiências adquiridas (doenças hematológicas, como leucemia linfática cronica ou estado de perda de proteína, como a síndrome nefrótica, ou a AIDS). Hipergamaglobulinemia - causas fisiológicas: infecção aguda ou cronica - causas patológicas: doenças autoimunes (doença reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico) e doenças hepáticas graves. Paraproteínas É uma imunoglobulina produzida por um único clone de células da série dos linfócitos (normalmente plasmócitos). São moléculas idênticas. PROTEÍNAS DE FASE AGUDA Classe de proteínas cuja fração aumenta ou diminui em casos de inflamação. Proteínas de Fase Aguda Positiva Proteínas de Fase Aguda Negativa Alfa1-glicoproteína Pré-Albumina Alfa1-antitripsina Albumina Haptoglobulina Transferrina Ceruloplasmina Alfa1-fetoproteína Proteína C Reativa Fator de Crescimento Insulina-Like (IGF1) Fibrinogenio Fator XII de Coagulação
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