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INSTITUTO EDUCACIONAL DO NORTE DE MATO GROSSO (IENOMAT) 
FACULDADE DE DIREITO DE ALTA FLORESTA (FADAF) 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
JOÃO PEDRO DA SILVA MACHADO 
 
 
 
 
 
 
OS PRECEDENTES E SEGURANÇA JURIDICA NO ORDENAMENTO 
JÚRIDICO BRASILEIRO PÓS CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alta Floresta-MT 
2018 
 
JOÃO PEDRO DA SILVA MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS PRECEDENTES E SEGURANÇA JURIDICA NO ORDENAMENTO 
JÚRIDICO BRASILEIRO PÓS CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Graduação 
em Direito, da Faculdade de Direito de Alta 
Floresta (FADAF), como requisito a obtenção do 
título de Bacharel em Direito, sob orientação do 
Professora Drª Edileuza Valeriana de Farias 
Venturin 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alta Floresta – MT 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Daniela Fernanda de Oliveira Matos – CRB 1/ 3075 
Machado, João Pedro da Silva. 
M149p Os Precedentes e Segurança Jurídica no Ordenamento 
Jurídico Brasileiro Pós Constituição Federal de 1988 / João 
Pedro da Silva Machado – Alta Floresta, 2018. 
58 f. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Direito) 
– Faculdade de Direito de Alta Floresta, FADAF, 2018. 
Orientadora: Edileuza Valeriana de Farias Venturim. 
 
1. Precedentes. 2. Modulação Temporal. 3. Supremo 
Tribunal Federal. 4. Segurança Jurídica. I. Título. 
 
CDD 341.205 
 
 
 
 
 
OS PRECEDENTES E SEGURANÇA JURIDICA NO ORDENAMENTO JÚRIDICO 
BRASILEIRO PÓS CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
Monografia apresentada ao Curso de Graduação 
em Direito, da Faculdade de Direito de Alta 
Floresta (FADAF), como requisito a obtenção do 
título de Bacharel em Direito, aprovado com 9,5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alta Floresta – MT, 06 de Novembro de 2018. 
 
 
 
 
 
Professora Orientadora: Ma. Edileuza Valeriana de Farias Venturin 
 
 
 
 
 
Coordenadora do Curso de Direito: Ma. Edileuza Valeriana de Farias Venturin 
 
 
 
 
OS PRECEDENTES E SEGURANÇA JURIDICA NO ORDENAMENTO JÚRIDICO 
BRASILEIRO PÓS CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
Esta monografia foi julgada para obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovada, 
em sua forma final, pela Coordenação do Núcleo de Pesquisa e Extensão (NUPE), da 
Faculdade de Direito de Alta Floresta (FADAF). 
 
Banca Examinadora: 
 
 
Presidente: Professora Orientadora Ma. Edileuza Valeriana de Farias Venturin 
 
 
Dra Luciana Fernandes de Freitas 
 
Dra Janaina Bezerra Barbosa 
 
 
Coordenadora do Curso de Direito: Ma. Dakari Fernandes Tessman 
 
Alta Floresta – MT, 06 de Novembro de 2018. 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
 
Declaro, para os fins de direito e que se fazem necessário, que isento completamente 
a Faculdade de Direito de Alta Floresta (FADAF) e os professores indicados para compor o 
ato de defesa presencial, de toda e qualquer responsabilidade pelo conteúdo e ideia 
expressa na presente monografia. 
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso 
de plagio comprovado. 
 
 
 
Alta Floresta – MT, 06 de Novembro de 2018. 
 
 
 
 
JOÃO PEDRO DA SILVA MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico a professores, familia e 
amigos. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Primeiramente, a minha familia, minha mãe, Elisabete Ferreira dos Santos, meu pai, 
Antonio Evangelista de Assis, minha tia e primeira professora Ana Paula dos Santos 
Machado, meu irmão, que me ensinou que para tudo há uma maneira de resolver Rafael 
dos Santos Silva, e que estiveram do meu lado mesmo que não merecesse, aos meus 
professores, em especial a professora Edileuza, minha orientadora, ao professor Dakari que 
sempre esteve à disposição para me ajudar nos momentos dificeis, ao professor Wilton por 
ser um exemplo de profissional, pois sem eles não estaria aqui, aos meus amigos, Jonatha 
Licaon da Silva Duarte, Natalia K. Alves Saito, Bruna Dal Puppo que sempre me 
acompanharam nos poucos momentos de felicidade e as pessoas que acreditaram no meu 
potencial intelectual e sempre me deram a chance de crescer, o Gestor Geral do Fórum da 
Comarca de Alta Floresta, Rivelino Vicenti, bem como a técnica judiciária Geane Rossa 
Morello, a gestora da 5º Vara Criminal de Alta Floresta, Lucilene Tizo Petri, que me 
recebeu com carinho em sua secretaria e me ensinou tudo o que foi possível, a gestora da 
6º Vara Cível da Comarca de Alta Floresta, Marise Ivete Wottrich Bocardi e a técnica 
judiciária Márcia Cristina Murawski, as assessoras de gabinete da 6º Vara Cível da 
Comarca de Alta Floresta Joana Reis e Bruna Valéria Polizer, sem essas pessoas na minha 
vida profissional eu não teria alcançado todo o conhecimento técnico e prático que hoje 
possuo, e por fim o Dr. Wesley Rodrigues Arantes, excelente advogado que abriu as portas 
do seu escritório para a minha pessoa, e que, nos últimos anos vêm me proporcionando um 
incrivel crescimento profissional e pessoal, sendo mais que um colega de trabalho, um 
grande amigo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Nos olhos de um azul profundo, revela sua alma, no mar do meu mundo”. 
 
Tales de Polli. 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
 
Art. Artigo 
CF Constituição Federal 
CP Código Penal 
CPP Código de Processo Penal 
MP Ministério Público 
ONG Organizações não-governamentais 
PJ Poder Judiciário 
STF Supremo Tribunal Federal 
STJ Superior Tribunal de Justiça 
 
RESUMO 
 
Os precedentes tratam-se basicamente de decisões efetuadas pelos tribunais que podem ser 
utilizados em casos análogos, entretanto só podem ser utilizados na forma de precedentes a 
partir do momento em que ocorra uma repetição do entendimento. Os precedentes possuem 
mais força nos paises de sistema juridico common law, onde o costume é a regra, e a lei, 
quando existente é a exceção e/ou um parâmetro para o julgamento dos processos. No Brasil 
os precedentes são aplicados, tendo ganhado mais força após a Constituição Federal de 1988 e 
com a previsibilidade da Súmula Vinculante. No ordenamento juridico Brasileiro os 
precedentes possuem três modalidades, sendo as jurisprudências, súmumas e súmulas 
vinculantes, tais são subdivididos entre precedentes criativos, persuasivos, obrigatórios e 
declarativos. Diante da força dos precedentes após a Constituição Federal de 1988, a 
segurança juridica passou a ser observada com mais rigor, de modo que as decisões judiciais 
poderiam se pautar nos anseios sociais e nas necessidades que o poder judiciário possuia para 
efetivar a prestação jurisdicional. Desta forma, a ferramenta da modulação temporal tornou-se 
a maior ferramenta do STF para a busca da efetivação da segurança juridica, eis que a 
modulalçao temporal permite, por meio de um precedente, dar efeito ex nunc, ex tunc e/ou 
imediato à uma declaração de inconstitucionalidade. 
 
Palavras chaves: Precedentes. Modulação Temporal. Supremo Tribunal Federal. Segurança 
Juridica.
 
ABSTRACT 
 
The foregoing are basically decisions by courts that can be used in similar cases, but can only 
be used in precedent form as soon as a repeat of the understandingoccurs. The precedents are 
stronger in countries of the common law legal system, where custom is the rule, and the law, 
when existing, is the exception and / or a parameter for the judgment of the lawsuits. In Brazil 
the precedents are applied, having gained more force after the Federal Constitution of 1988 
and with the predictability of the Binding Summary. In the Brazilian juridical order 
precedents have three modalities, being jurisprudences, cumulative and cumulative precedents 
are subdivided into creative, persuasive, obligatory and declarative precedents. Faced with the 
strength of precedents after the Federal Constitution of 1988, legal security was more strictly 
observed, so that judicial decisions could be based on the social anxieties and needs that the 
judiciary had to carry out the jurisdictional rendering. In this way, the temporal modulation 
tool has become the STF's greatest tool for the search of legal security, since temporal 
modulation allows, by means of a precedent, to give ex nunc, ex tunc and / or immediate 
effect to the a declaration of unconstitutionality. 
 
Key words: Precedents. Temporal Modulation. Federal Court of Justice. Legal Security. 
 
 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14 
1 PRECEDENTES JUDICIAIS ......................................................................................... 16 
1.1 História dos Precedentes ............................................................................................... 16 
1.2 Comon Low e Civil Low ................................................................................................ 19 
1.3 Precedentes no Brasil Pós CF/88 .................................................................................. 24 
2 PRECEDENTES E SUAS CLASSIFICAÇÕES ............................................................ 28 
2.1 Precedentes Declarativos e Precedententes Criativos ................................................ 28 
2.2 Precedentes Persuasivos e Precedentes Obrigatórios ................................................. 29 
2.3 Decisões dos Tribunais .................................................................................................. 34 
2.3.1 Jurisprudência ............................................................................................................. 32 
2.3.2 Súmula ......................................................................................................................... 34 
2.3.3 Súmula Vinculante ...................................................................................................... 36 
2.4 Segurança Jurídica ........................................................................................................ 38 
 3. MODULAÇÃO TEMPORAL ........................................................................................ 41 
3.1 Da Modulação Temporal .............................................................................................. 43 
3.2 Os Efeitos da Modulação Temporal ............................................................................ 49 
3.3 Os Efeitos na Segurança Júridica Dos Precedentes e da Modulação Temporal ..... 54 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 56
 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 57 
14 
INTRODUÇÃO 
 
O ordenamento jurídico brasileiro é composto por duplo grau de jurisdição, sendo que 
os mesmos podem, e devem, a fim de buscar uniformização de duas decisões, criar 
jurisprudências e súmulas para que haja maior organização e garantia de segurança jurídica à 
aplicação dos entendimentos de cada tribunal, além, é claro de prestar celeridade processual. 
Entretanto, existe a previsibilidade da criação de julgados que vinculam demais decisões 
do poder judiciário em todas as instâncias, tal ocorrência é efetuada pela súmula vinculante, a 
qual é competência única do Supremo Tribunal Federal a sua criação e edição. 
Concomitantemente, cabe ao Supremo Tribunal Federal a guarda da integridade da 
Constituição Federal, sendo que o controle de constitucionalidade é efetuado pelo mesmo, 
inclusive quando ocorre o conflito entre a norma Constitucional e as decisões proferidas nos 
tribunais, até mesmo quando se trata de conflito da norma constitucional e súmula vinculante. 
Com a ocorrência de tal conflito, o Supremo Tribunal Federal deve observar o tipo de 
conflito entre a súmula vinculante, a decisão que está sob recurso e a norma legal 
infraconstitucional sobre o assunto, é onde nasce a modulação da norma constitucional de 
acordo com a decisão do Supremo Tribunal Federal, que deve obedecer os critérios de 
Controle de Constitucionalidade, o que será brevemente discutido. 
Como já mencionado, em nosso ordenamento jurídico, as jurisprudências e súmulas são 
de muita utilidade, sendo as mesmas objetivando a atualização da norma e adequação da 
mesma à época atual, sendo assim ferramentas indispensáveis ao poder judiciário. Entretanto, 
os efeitos produzidos pela forma de atualização são os mais diversos, até mesmo, se 
necessário a declaração de inconstitucionalidade de uma referida norma. 
Logo a questão levantada na presente monografia. A constante oscilação de 
entendimentos dos tribunais, pode gerar insegurança jurídica? 
Atualmente, a discussão acadêmica sobre o assunto é constante, sendo apresentadas 
diversas opiniões sobre o assunto, como será visto nesta pesquisa. A presente pesquisa 
pretende contribuir no mundo acadêmico, pois o assunto, apesar de ser constante nas 
discussões jurídicas, não é um tema tratando dentro das salas de aula no Brasil, sendo assim, 
está a contribuição acadêmica da presente pesquisa. 
De um ponto de vista geral, o tema é relevante para a sociedade em sua problemática, 
pois a segurança jurídica é o foco da legislação e é objetivo do poder judiciário, afinal, é o 
mesmo que aplica as leis do Estado para a sociedade que necessita de leis para que mantenha- 
se a segurança e a ordem. 
15 
Em particular, o tema interessa aos estudantes de direito, bem como aqueles cuja a 
especialidade é o direito constitucional, e sua aplicabilidade de forma benéfica à sociedade. O 
presente estudo também justifica-se no escopo de que a pesquisa aqui apresentada, pode 
contribuir para um tema de relevância, tanto social quanto acadêmica, atendendo à ambos de 
forma especifica às suas necessidades. 
 
16 
 
1 PRECEDENTES JUDICIAIS 
 
Os precedentes judiciais de acordo com MARINONI (2010, p.74) tratam-se das 
decisões judiciais cujo o núcleo essencial irá servir como diretriz para julgamentos posteriores 
à casos análogos, vez que possuem potencialidade de se firmarem como paradigmas para 
orientação dos jurisdicionados e dos magistrados, ou seja, produzir uma norma jurídica com 
potencial de aplicação à uma infinidade de casos análogos futuros, para assegurar 
previsibilidade na efetivação do direito e tratamento isonômico aos jurisdicionados. 
De forma geral, a composição de uma determinada decisão, devidamente baseada na lei 
em que a mesma se amapara e, de acordo com a análise do caso concreto em que se é 
discutido, é que suege a criação do precedente. 
É sabido que a decisão judicial não é amparada somente apenas a dimensão interna do 
processo em que a mesma está sendo discutida, sendo assim, não se pode dizer que há o 
julgamento interno da lide, restrito apenas à sentença prolatada naquele caso específico. De 
forma generalizada, uma decisão judicial jamais será interpretada apenas para um caso, visto 
que,quaisquer caso similar, atentará à decisão já existente, sendo assim, os precedentes se 
formam não tão somente com um estudo detalhado e fixação do entendimento de maneira 
uniforme, mas sim, de um estudo de caso específico, que será aplicado a outro, caso oportuno 
e assim sucessivamente, como será visto no decorrer da presente pesquisa monográfica. 
 
1.1 História dos Precedentes 
 
O sistema jurídico brasileiro é baseado no sistema de leis Civil Law, ou seja, possui 
códigos positivados, textos de lei que devem ser seguidos para a organização do estado e para 
exercício da tutela jurisdicional. 
Ante tais afirmações, naturalmente percebe-se que existem deficiências em tal sistema, 
como por exemplo a possibilidade de falta de tutela sobre um assunto novo, ou até mesmo a 
ação do tempo sobre a letra da lei, que pode tornar-se ultrapassada com a evolução dos 
comportamentos do corpo social. 
Para suprir tais necessidades, a legislação brasileira prevê no artigo 4° do Decreto Lei 
Nº 4.657/42 (Lei de introdução às normas do direito brasileiro) que quando a lei for omissa 
quanto à matéria discutida, o juiz decidirá de acordo com a analogia, os costumes e os 
princípios gerais do direito, sendo esta previsão complementada posteriormente pela 
17 
 
Constituição Federal de 1988 em seu artigo 5° inciso XXXV “a lei não excluirá da apreciação 
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;”. 
Sendo assim, é notável que, para a prestação da tutela jurisdicional, o magistrado possui 
diversas ferramentas quando inexistir regulamentação legal para proferir decisões. Situação 
em que possibilita a utilização dos precedentes em geral. 
Com a novel redação do Código de Processo Civil, os precedentes judiciais ganharam 
mais atenção. 
Para LARENZ (2011, p.387) os precedentes são: “resoluções em que a mesma questão 
jurídica, sobre a qual há que decidir novamente, foi já resolvida por um tribunal noutro caso” 
Originária do sistema Common Law, os precedentes, como dito acima, são 
caracterizados por serem resoluções de uma mesma questão jurídica, onde o magistrado se 
depara repetidamente. A discussão inicial, era no sentido de se saber se decisões judiciais 
apenas declaravam o direito, sem a análise caso a caso, aplicando não tão somente a letra da 
lei, mas associar tal prestação jurisdicional com a analogia do caso. Blackstone (1979, p.69) 
foi um grande defensor desta tese. 
Para Blackstone existiam dois tipos de direito, sendo o direito Lex Non Scripta (direito 
não escrito) conhecido como Common Law, e o direito Statute Law (direito escrito) onde a 
Common Law seria o espelhamento dos costumes gerais, ao passo que o Statute Law seria os 
costumes particulares de algumas artes do reino, assim como em cortes específicas onde 
aplicava-se outra jurisdição. 
De acordo com MARINONI, (2008, p.84) os estudos sobre os precedentes foram de 
grande valia para o direito, eis que passaram a dar noções jurídicas sobre a aplicação dos 
precedentes: 
Estes trabalhos foram úteis à formulação das noções jurídico-fundamentais 
referentes a este campo de estudos; a elaboração desses conceitos utilizou-se, em 
grande medida, do repertório do sistema jurídico inglês, cuja metodologia de 
aplicação dos precedentes judiciais foi destilada empiricamente em anos de case 
law. Conceitos como ratio decidendi, obiter dictum, distinguishing e overruling são 
provenientes da experiência jurídica inglesa, mas reconhecidos como pertencentes à 
teoria geral dos precedentes judiciais. 
 
Diante destes estudos nota-se que os precedentes nasceram da ideia de aplicar o direito 
de acordo com sua peculiaridade, ou seja, se cada parte do reino possuía um costume diferente 
para uma norma Statute Law geral, porque não aplicar tal norma de acordo com as 
peculiaridades de cada parte do reino, preservando assim a cultura e os costumes daquele 
local? Assim, diante das repetidas decisões que fossem divergentes às leis gerais, nascem os 
precedentes. 
18 
 
Como já comentado anteriormente, embora o sistema jurídico brasileiro seja baseado no 
sistema Civil Law, os precedentes possuem o seu espaço e importância. De forma geral, os 
precedentes surgiram de forma efetiva no direito brasileiro, com a publicação da EC 45/2004, 
a qual trouxe para o ordenamento jurídico a figura da Súmula Vinculante, que são editadas 
apelas pelo Supremo Tribunal Federal, assunto que será tratado mais adiante. 
Com a publicação da EC 45/2004, os precedentes judiciais passaram a ter mais força, 
não quer dizer que já não existissem. É possível vislumbrar a existência dos precedentes há 
mais de 20 anos, basta observar o disposto na EC 03/1993, que alterou o artigo 102 §2º da 
Constituição Federal, para acrescentar efeito vinculante nas decisões do Supremo Tribunal 
Federal quanto às decisões relativas a Ações Declaratórias de Inconstitucionalidade, sendo 
assim, nota-se a aplicação dos precedentes. 
Ademais a este exemplo, não podemos ignorar o fato de que o marco das 
jurisprudências no Brasil, se deu com a EC 45 de 2004 com a previsibilidade da Súmula 
Vinculante, o que será visto posteriormente. 
Em continuidade à história dos precedentes, a teoria de Blackstone era de que os 
precedentes eram meramente declaratórios, pois, de acordo com o conceito de Comon Law a 
lei deveria ser aplicada de acordo com os costumes, ou seja, o juiz iria apenas declarar os 
costumes de determinado local, embora possuíssem efeitos reais nas decisões efetuadas pelos 
tribunais. 
Com o passar dos tempos, a teoria declaratória de Blackstone foi contestada por dois 
doutrinadores, Bentham e Austin. Austin afirmava que a Comon Low sempre existiu, sem a 
necessidade de um juiz declara-lá, pois trata-se de um costume de uma determinada 
região/povo que sempre e naturalmente seguiu aquelas normas de conduta moral. Ao passo 
que Bentham dizia que a teoria declaratória era o mesmo que o adestramento de cães, pois 
apenas repetia o que já era de costume. A Teoria de Bentham e Austin era conhecida como 
teoria constitutiva. 
A questão entre as teorias era a limitação do aplicador da lei, ou seja, para Bentham e 
Austin, que se tratavam de doutrinadores positivistas, não havia a necessidade da declaração 
do costume pelo juiz, pois tratava-se de algo que sempre existiu, sem a necessidade de uma 
pessoa declarar a mesma, sendo assim, entendiam que o Juiz poderia criar e até mesmo aplicar 
o seu próprio entendimento. 
Como a Inglaterra foi o precursor da Comon Law, é necessário entender que não 
importa a teoria que era predominante, pois de qualqer fora a Common Law é a representação 
do costume de um determinado povo, ou seja, para que haja alterações nas decisões judiciais 
19 
 
que seguem a Common Law é necessário que seja totalmente ignorado o passado e as 
decisões anteriores, o que de fato seria uma desavença ao conceito geral de Common Law. 
No Brasil, os precedentes vieram trazidos de forma fragmentada por meio de Portugal, 
logicamente por conta da colonização da nova terra. Mesmo que o Brasil, inicialmente era 
visto como uma terra meramente comercial, não obstava o Luso estado de instalar aqui, seus 
órgãos de regulação e de burocracia, apenas para controle da colonização. 
Com o decorrer dos tempos e a independencia do Brasil, os resquicios trazidos pelos 
Portugueses não foram totalmente disseminados, e, os estudos e aperfeiçoamentos dos 
precedentes seguem até os dias atuais, entretanto com a predominancia do direito positivado. 
 
1.2 Common Law e Civil Law 
 
Common Law e Civil Low, os modelos de sistema juridico que são predominantes do 
mundo atual, sendo cada qual na sua caracteristica específica, como será visto adiante. Antes 
de adentrar ao tema central,é pertinente esclarecer do que se trata o sistema juridico. De 
acordo com NETO: “Trata-sde do conjunto de princiíos, fontes, institutos, procedimentos, 
instituições e regras que disciplinam as relaçoes juridicas em um dado contexto, tempo e 
território” (NETO, 2015, p.58) 
Em meados do século X e XI o território Ingês tratava-se de uma união de distritos que 
unidos formavam o atual território Inglês, em tais distritos existiam cortes judiciais, as quais 
aplicavam as leis de acordo com os costumes da região e a “sugestão” do reino. 
O principal marco da Common Law na Inglaterra foi a conquista do povo Normando 
(um povo com a organização social baseada em vilas, descendentes de vickins) no ano de 
1066. Diante disso, com a chegada do povo Normando à Inglaterra, vislumbrou-se a 
necessidade de uma organização social. 
Sendo assim, o povo Inglês deixou de ser organizado em pequenas vilas e passou a se 
organizar em feudos com capacidade produtiva, logo o direito deixou de ser fragmentado e 
passou a ser mais organizado, tanto no sentido social quanto o judicial. Neste momento surge 
a primeira manifestação do termo Common Law. (PORTO, 2006, p. 762) 
A Common Law trata-se basicamente de um sistema que surgiu no ordenamento Ingês e 
é baseado nos costumes de onde a mesma é aplicada. De acordo com SOARES (2000, p.32) a 
Common Law trata-se de: 
[...] “direito comum”, ou seja, aquele nascido das sentenças judiciais dos Tribunais 
de Westminster, cortes essas constituídas pelo Rei e a ele subordinadas diretamente, 
e que acabaria por suplantar os direitos costumeiros e particulares de cada tribo dos 
20 
 
primitivos povos da Inglaterra (este, portanto, antes da conquista normanda em 
1066, denominado direito anglo-saxônico), enquanto a Equity, direito aplicado pelos 
Tribunais do Chanceler do Rei, originado de uma necessidade de temperar o rigor 
daquele sistema e de atender a questões de equidade. 
 
De acordo com o autor, trata-se do Direito Comum, onde as sentenças prolatadas pelo 
soberano eram diretamente o que iria se praticar na rotina, de forma costumeira, dai o nome 
“Common”. 
Cabe ressltar o entendimento de STREK (2015, p. 176) sobre a aplicação do sistema 
common law, de acordo com o autor: 
Por isso mesmo é que devemos tirar lições do sistema de precedentes do common 
law para melhor compreensão do ‘sistema de vinculação jurisprudencial (e não de 
precedentes) criado pelo CPC no Brasil. A principal é a impossibilidade de se 
aplicar de forma mecânica os provimentos vinculantes (...), isto é, nenhum texto 
jurídico, seja lei, enunciado jurisprudencial ou súmula vinculante ou não, pode ser 
aplicada de forma dedutivasubsuntiva-mecânica. 
 
Ainda existe uma segunda acepção quanto ao conceito de Common Law, onde DAVID 
(2002, p. 67) afirma que “a comune ley ou common law é, por oposição aos costumes locais, 
o direito comum a toda a Inglaterra.” 
Ademais aos conceitos já demonstrados, ainda é existente na doutrina as classificações 
dos precedentes, os quais, de acordo com MARTIN (1968, p.48) são divididas da seguinte 
forma: Flexibilidade das fontes; Espirito realista e prático dos seus métodos jurídicos; 
Comcepção empirica do mundo, frente à concepção racionalista européia; Pensamento 
concreto em aposição as ideias gerais; Marcante caráter judicial; Caso real e prático; Direito 
eminentemente jurisprudencial. 
Já para o entendimento de SEROUSSI (2001, 14/15), as caracteristicas podem ser 
elencadas da seguinte maneira: Individualismo; Liberalismo; Separação dos poderes e 
independencia marcada pela justiça; Controle de constitucionalidade das leis; Direito 
essencialmente jurisprudencial; Existencia de poucas regras juridicas gerais. 
Ante a tais entendimentos o que segue predominante é o de METZGER (1936, p.179), o 
mesmo entende que a Common Law tem como caracteristicas: 
O sitema de common law tem como caracteristica baslilar, a atribuição de força 
normativa aos precedentes, os quais, de acordo com a evolução histórica, passaram a 
estruturar a lei. Os precedentes não são imutáveis, mas a sua sistemática obriga que 
as decisões ejam oara com eles deferentes e com eles dialiguem. Para julgar o caso 
concreto, exige-se que o magistrado exponha as suas razões quanto à aplicação do 
precedente ou à necessidade de sua revisão. Em grande medida do sistema common 
law se desenvolve em torna da dinamica de precedentes, dinamica essa forma da por 
três eixos de orientação: Doctrine of stare decisis, segundo a qual os juizes devem 
necessariamente considerar os precedentes; doctrine of jurisprudence constat, pela 
qual as decisões judiciais não podem se tornar materialmente “lei” enquanto não 
forem amadurecidas em uma sucessão de decisões na mesma linha de entendimento 
e judcial law marking em que se reconhece o valor normativo às decisões judiciais. 
21 
 
 
Diante deste entendimento, tem-se que a common law possui sim caracteristicas gerais, 
entretanto, de forma predominante, seguem as premissas de que os juizes devem sempre 
considerar os precedentes, que os precedentes não podem se tornar leis materiais até que haja 
o entendimento definitivamente conslidado e somado a isso, devem sempre possuir valor 
normativo, para cumprir o primeiro requisito. Tais caracteristicas são de extrema importancia 
na sua individualidade. 
Como comentado acima, no sistema Common Law, os precedentes fazem parte de sua 
caracteristica, de forma que as decisões, inicialmente tem de ser baseada nos mesmos. “Os 
precedentes são decisões anteriores dos prórpiros tribunais, com base na qual o juiz julga um 
caso concreto, sendo dotado de força vinculativa” (PELICANI, 2010, p. 122/123) 
Concomitantemente á isto, PERRONE (2008, p.13) entende que os precedentes 
possuem três classificaçoes, sendo eles os precedentes com efeitos normativos, com eficácia 
impositiva intermediária e com eficácia meramente persuasiva. 
Os precedentes com efeitos normativos são aqueles que possuem força de lei, entretanto 
não possuem as caracteristicas formais para tal. Esses precedentes com efeitos normativos 
podem ser equiparados às súmulas vinculantes previstas no ordenamento Brasileiro, de forma 
que tem as mesmas caracteristicas para aplicação. 
Já os precedentes com eficácia impositiva intermediaria, tratam-se dos precedentes que 
não possuem força normativa mas são revstidos de efeitos normativos mais brandos, podendo 
ser equiparados às súmulas dos tribunais Brasileiros. Embora as súmulas pacificadas nos 
tribunais devem ser observada pelo julgador, não possuem, todavia, obrigatoriedade de 
aplicação. 
Por fim, os precedentes com eficácia meramente presuasiva tratam-se dos precedentes 
para fins de argumentação, como por exemplo a sua fundamentação de motivos e afins. 
Podem ser observados no direito brasileiro por meio das jurisprudencias. 
Entretanto, é importante ressaltar o entendimento de JÚNIOR (2001, p.50) , em que 
nem tudo o que consta como julgamento é um precedente: 
É preciso atentar que nem tudo quanto consta do julgado configura precedente, cuja 
observância é imposta nos litígios posteriores. Duas ponderações são indispensáveis: 
a) apenas as questões de direito se dirigem aos casos futuros; b) entre as proposições 
de direito afirmadas no julgamento, somente deve ser respeitado aquilo que foi 
considerado necessário para a decisão, denominado ratio decidendi, em 
contraposição ao obter dicta, o qual não merece ser levado em consideração. Nobre 
Júnior (2001, p. 50). 
 
A regra geral na Common Law é de que apenas os precedentes com efeitos normativos 
são preponderantes, sendo os demais apenas uma classificação criada para os paises de Civil 
22 
 
Law que atem aplicação subsidiária de precedentes,como o Brasil. 
No Brasil, a Common Law não é aplicada como sistema padrão, visto que se trata de um 
país de direito Romanístico, entretanto, o código de processo Civil prevê a necessidade da 
usabilidade dos precedentes judiciais, sendo os mesmos originários do sistema Common Law. 
É importante ressaltar que nos paises onde prepondera o sistema Common Law, quando 
é apresentado à corte um tema inédito, cabe ao bom senso e o entendimento do magistrado 
para o julgamento do caso. 
Por fim, é importante ressaltar que os paises onde o sistema Common Law é aplicado, 
não existe somente os precedentes para regulação do estado e dos administrados. Normas 
positivadas existem, entretanto, cada estado da determinada federação possui suas devidas 
normas reguladoras amplas, pois as especificidades são tratadas nos tribunais por meio dos 
precedentes. 
Já o sistema Civil Law, aplicado ao direito Brasileiro, é conhecido como o Direito 
Romanistico. Tal sistema é adotado em grande parte do mundo, trata-se basicamente de um 
sistema de leis Federais, Estaduais e Municipais, uma subsidiária da outra a partir das leis 
federais, onde as decisões são baseadas diretamente nas leis e não nos costumes. GROSSI 
(GROSSI, 2006, p. 51).efetua uma crítica a tal sistema: 
Todo direito, a começar pelo mais indomado, o direito civil, foi aprisionado em 
milhares de artigos organicamente sistematizados e contidos em alguns livros 
chamados “códigos”. Foi obra grandiosa e por tanto lados admirável; foi, porém, 
também um supremo ato de presunção e, ao mesmo tempo, a colocação em 
funcionamento de um controle aperfeiçoadíssimo. 
 
Diante da visão do autor supra citado, temos que a Civil Law trata-se de um sistema de 
lais devidamente positivadas, organizadas de forma a regular todas as áreas do direito e levar 
homogeneidade as decisões judicais e organização dos estados e da união. (LIMA, 2013, p. 
82). 
O sistema Civil Law surgiu por meados do século XIII na Europa ocidental diante do 
estudo do direito em Roma, pois já era notada a necessidade de dar garantia à ordem e 
segurança do estado, bem como regular as transações comerciais. 
A doutrina reconece a Civil Law como sendo sistema de Direito (romano-germânico) 
em que se estabeleceu a hegemonia da lei escrita como instrumento de criação e evolução do 
direito. (GROSSI, 2006, p. 51). 
Assim como a Common Law, a Civil Law possui caracteristicas que a definem. 
SÈROUSSI (2001. p. 14/15.) entende que: 
1) a Constituição e as leis protegem o indivíduo; 2) Separação dos poderes, mas 
independência da justiça menos acentuada que no Common Law; 3) controle de 
23 
 
constitucionalidade das leis exercido por um órgão independente e respeitado; 
4) legislação superabundante (direito escrito proveniente das leis e 
regulamentos); 5) não há preponderância dos precedentes judiciários; 6) noções 
de direito abstratas; 7) freqüente formulações de regras jurídicas gerais; 8) 
acentuada separação das regras de fundamento e de processo. 
 
Já a doutrina de TAVARES (2007, p. 1/2), entende que são apenas 04 caracteristicas 
essenciais da Civil Law, de acordo com o autor as principais caracteristicas da Civil Law são: 
“1) partir de um pensamento abstrato para a solução do caso concreto; 2) adotar um sistema 
dedutivo, no qual são estabelecidas premissas e obtidas conclusões por processos lógicos; 3) 
primazia da lei como fonte do direito e 4) modelo codificado” 
Entretanto, o entendimento preponderante é de FAIS (2016, p. 33.), a mesma entende 
que há apenas uma caracteristica, que se trata do direito positivado em normas escritas. 
Fato importante para a predominancia da Civil Law foi a Revolução Francesa. Diante de 
tal acontecimento no século XIX com a queda da monarquia e a burguesia no poder com a 
criação de um parlamento, observou-se a necessidade da criação de leis para que não 
ocorresse mais a vontade do magistrado/monarquia sobre a regulação do estado. MARONI 
(2009, p. 46) comenta que: 
Para a revolução francesa, a lei seria indispensável para a realização da liberdade e 
da igualdade. Por este motivo, entendeu-se que a certeza jurídica seria indispensável 
diante das decisões judiciais, uma vez que, caso os juízes pudessem produzir 
decisões destoantes da lei, os propósitos revolucionários estariam perdidos ou seriam 
inalcançáveis. A certeza do direito estaria na impossibilidade de o juiz interpretar a 
lei, ou, melhor dizendo, na própria Lei. Lembre-se que, com a Revolução Francesa, 
o poder foi transferido ao Parlamento, que não podia confiar no judiciário. 
 
No mesmo sentido comenta WAMBIER (2009, p. 56)., de acordo com o mesmo havia 
uma grande conexão entre a lei e a igualdade, pois a lei serviria para todos. 
Havia forte conexão entre a lei escrita e a igualdade, pois passou a entender-se que 
quando a lei impera a igualdade é garantida. Ao contrário, quando o que impera é a 
vontade do homem, a arbitrariedade é favorecida. Com o passar do tempo, essas 
condições passaram a sofrer alterações. 
 
Sendo assim, a lei passou a ser elemento fundamental para a busca da igualdade e a 
vontade do povo, visto que, no modelo antigo, as decisões eram dadas de acordo com o 
costume e pela “sugestão” da corte. 
Entretanto, problemas passaram a existir, pois, diante do novo sistema, eram necessárias 
leis para regular o estado, logo os responsáveis passaram a não dar mais tanta atenção e 
importancia para os anseios sociais, trantando o direito como um emaranhado de códigos que 
iriam regular o estado e seus administrados. 
Desta forma com o nascimento do positivismo legislativo o direito, em sua essencia 
tornou-se uma grande utopia. GROSSI (2006, p. 51) comenta que: 
24 
 
Todo direito, a começar pelo mais indomado, o direito civil, foi aprisionado em 
milhares de artigos organicamente sistematizados e contidos em alguns livros 
chamados “códigos”. Foi obra grandiosa e por tantos lados admirável; foi, porém, 
também um supremo ato de presunção e, ao mesmo tempo, a colocação em 
funcionamento de um controle aperfeiçoadíssimo. 
 
Neste momento pode-se efetuar um paralelo entre os dois sistemas aqui apresentados. 
Ao passo que a Common Law na sua essencia de aplicação levava em conta todo o anseio 
social por meio dos costumes e normas naturais apresentadas pela sociedade a Civil Law 
passou a ser a aplicação da letra fria da lei, sem a verificação de caso a caso e o que seria, na 
concepção da época o justo. 
A doutrina de GROSSI (2006) ainda comenta que, apesar de a Civil Law ter sido um 
desastre em primeiro momento, a Common Law também não era um campo florido. Mesmo 
que as decisões eram efetuadas de acordo com o costume do local e atendia aos anseios 
sociais, o aplicador da norma possuia liberdade de dar uma nova decisão que seria acatada, 
com o passar do tempo tal decisão seria levada em consideração, criando assim um novo 
precedente, estaria o magistrado legislado conforme a sua vontade? Esta foi uma das 
justificativas para a criação de códigos positivados para que fosse alcançada a ordem do 
estado. (GROSSI, 2006, p.50) 
 
1.3 Precedentes No Brasil Pós Constituição Federal De 1988. 
 
De acordo com o exposto anteriormente, os precedentes surgiram na Inglaterra por volta 
do século XII, sendo originária do sistema Common Law, preponderante aquela época. Com o 
passar dos tempos e a Revolução Francesa no século XIX, surge a Civil Law, onde os 
precedentes não são vistos como um sistema eficiente, sendo que neste o que impera são os 
códigis de lei positivados. 
No Brasil, um pais colonizado por Portugal, signatario da Civil Law não poderia ser 
diferente. Desde a época da colonização as leis do império regiam o novo estado, até então deluso domínio. 
Com o decorrer dos tempos e a independencia do país em 1822, a origem legislativa 
continuou sendo aplicada, no Brasil. RAMIRES (2010, p.61) defende que: 
O sistema adotado pelo Brasil define que a lei por si só é suficiente e plenamente 
aplicável, limitando qualquer interpretação do juiz no seu processo de aplicação aos 
casos concretos. Este caráter “legicêntrico” foi positivado no ordenamento jurídico 
pela Constituição Federal, artigo 5º, II, ao estabelecer que “ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Conclui-se, desta 
forma, que o modelo brasileiro, inserido na tradição do civil law, tem seu direito 
vinculado à produção legislativa 
 
25 
 
De acordo com o doutrinador, a principal caracteristica do Brasil como um país de 
sistema Civil Law, é a intensa produção legislativa. 
Diante da independencia do novo estado e da autonomia da época, o Brasil promulgou 
sete cartas Constitucionais, sendo ela as de 1824 , 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. 
De acordo com o ministro Celso de Melo, a primeira constituição do Brasil, chamada de 
Carta Politica do Império do Brasil, foi uma das cartas mais importantes da história do país: 
Foi o documento constitucional de maior longevidade na história constitucional do 
País, vigeu durante 65 anos, entre 25 de março de 1824 e 15 de novembro de 1889. 
Foi, portanto, o documento constitucional mais estável. E foi um documento 
constitucional muito importante, especialmente porque exprimiu, naquele particular 
momento histórico, um instante de afirmação soberana do Estado brasileiro. 
 
A carta de 1824 possuia com caracteristica especial o marco histórico da independencia 
do País, totalmente refletida no momento sociologico da época. Já a carta de 1891 ficou 
marcada pelo momento politico em que o país passava. Com a proclamação da república a 
referida carta se tornou o primeiro instrumento republicano que trouxe profundas mudanças 
no regime político. 
Já em 1934 a novidade era o voto feminino, tal carta ficou marcada pela inclusão da 
mulher no processo eleitoral. Também em 1934 foi reconhecido o voto secreto, momento este 
que o estado vislumbrava a necessidade de dar segurança aos atos eleitorais. A carta 
constitucional de 1934 também foi um grande marco pela criação do Ministério Público e do 
Tribunal de Contas, bem como a possibilidade do recurso extraordinário para o Supremo 
Tribunal Federal. 
Posteriormente, com o surgimento da carta de 1937, com o domínio de Getulio Vargas a 
preocupação nítida era quanto a autonomia do poder executivo, dando menos importancia ao 
poder judiciário e ao legislativo. Entretanto não vigorou em sua totalidade, pois alguns 
preceitos visualisados eram considerados ultrapassados e letra morta. 
Já a Constituição de 1946 é conhecida como a marca da redemocratização. Promulgada 
no fim da segunda guerra, trouxe o voto direto para presidente da república, governadores de 
estado e de parlamento e assembléias legislativas. 
Continuadamenteo com o golpe militar de 1964 a preocupação central era de defesa do 
estado, dando mais poderes ao presidente e restriugiu direitos sociais dos cidadãos. 
Com a Constituição de 1988, o anseio social por direitos e garantias fundamentais foram 
atendidos, principalmente por meio do artigo 5º da referida carta. Após a escapatória de um 
regime militar, a sociedade clamava por liberdade e igualdade, de forma que a Constituição de 
1988 é conhecida como a Constituição Cidadã, possuindo vigência até os dias atuais. 
26 
 
Entretanto, não foi a Constituição de 1988 o grande marco dos precedentes no Brasil. 
Diante da nova carta Constitucional, mesmo sendo ela a fonte primária e imediata de direito. 
O marco regulador dos precedentes no Brasil, ocorreu com a emenda Constitucional nº 45 de 
2004 e a inserção da súmula vinculante no ordenamento juridico Brasileiro por meio do artigo 
103-A: 
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, 
mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre 
matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa 
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à 
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, 
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. 
 
A partir do caput do artigo, entende-se que a Súmula Vinculante trata-se de uma decisão 
já pacificada, que, após o voto favorável de 2/3 dos membros do Supremo Tribunal Federal, 
passará a ter força vinculatória nas decisões dos tribunais inferiores e esferas da administração 
pública. Nos parágrafos 1 e 2 são expostos as suas caracteristicas: 
 
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas 
determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou 
entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e 
relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do 
que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula 
poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de 
inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a 
súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo 
Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará 
a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a 
aplicação da súmula, conforme o caso. 
 
Diante de tal inovação Constitucional, o Supremo Tribunal Federal passou a ter poder 
para a criação de precedentes com efeitos normativos, como visto anteriormente. 
Desta forma, pode-se notar uma aproximação entre os sistemas Civil Law e Common 
Law, entretanto os mesmos não se correlacionam, pois a aproximação não fere as 
caracteristicas específicas de cada um. MORAES (2014, p.55) comenta que a EC-45/2004 não 
trouxe ao ordenamento brasileiro o stare decisis, uma caracteristica marcante do sistema 
Common Law: 
A EC nº 45/04 não adotou o clássico stare decisis, nem tampouco transformou nosso 
sistema de civillaw em commonlaw, porém permitiu ao Supremo Tribunal Federal 
de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, 
após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir 
de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais 
órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas 
federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na 
forma estabelecida em lei. 
 
Apesar de ser um grande marco regulatório no direito Brasileiro, a Emenda 
Constitucional nº 45 não era a primeira fonte de precedentes existente no ordenamento 
27 
 
Brasileiro. Vale ressaltar que no ano de 1992, por meio de PEC, o Deputado Roberto Campos 
abordou o tema, defendnedo que as decisões referentes à declaração de inconstitucionalidade 
deveriam possuir efeito erga omnes, ou seja, efeito para todos, logo vinculador. 
Entretanto, apenas no ano de 1993 fora publicada a Emenda Constitucional nº 3/93 que 
passou a vigorar no artigo 102 §2º da Constituição Federal com o seguinte texto: 
Artigo 102, §2 (Segundo EC 3/93) - § 2º As decisões definitivas de mérito, 
proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações declaratórias de 
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, produzirão eficácia contra todos 
e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder 
Executivo 
 
É importanteressaltar que a proposta inicial da emenda constitucional efetuava a 
vinculação das decisões 
Sendo assim, vislumbra-se a aplicação de precedentes desde o ano de 1993, onde as 
decisões do Supremo Tribunal Federal relacionadas à declaração de inconstitucionalidade. 
A doutrina de LENZA (2014, p.114), defende que “a valorização de precedentes no 
âmbito constitucional decorreu do efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário 
e à Administração Pública” e que o legislador da EC-45/2004 fez, foi apenas ampliar os 
efeitos da EC-3/93. 
Com o passar dos tempos e a devida adequação dos juristas à EC-45/2004, ficou 
definitivamente ressaltada a necessidade de dar mais importancia aos precedentes judiciais. 
CÂMARA (2016, p.144) enfatiza o assunto de importancia ao dar definição de precedente 
declarando que: 
Precedente é um pronunciamento judicial, proferido em um processo anterior, que é 
empregado como base da formação de outra decisão judicial, prolatada em processo 
posterior. Dito de outro modo, sempre que um órgão jurisdicional, ao proferir uma 
decisão, parte de outra decisão, proferida em outro processo, empregando-a como 
base, a decisão anteriormente prolatada terá sido um precedente 
 
Sendo assim, os precedentes no Brasil surgiram inicialmente com a EC 3/93, 
posteriormente, após a Constituição Federal de 1988 por meio da EC-45/2004. 
 
28 
 
2. PRECEDENTES E SUAS CLASSIFICAÇÕES 
 
Como já visto anteriormente, os precedentes são decisões reiteradas que, baseadas nos 
costumes dão um seguimento às decisões juridicas. Concomitantemente à isso, os precedentes 
possuem classificações e diferenciações em suas aplicações. 
Tais classificações podem ser vislumbradas a partir das teorias vistas anteriormente, 
sendo elas as teorias declarativas e as teorias constitutivas. Destarte nascem as classificações 
dos precedentes que são: a) precedentes declarativos ou criativos; b) precedentes persuasivos 
e precedentes obrigatórios. 
Em suma, a teoria dos precedentes e suas classificações, tratam-se de estudos sobre o 
assunto decorrentes dos ensinamentos de common law, pois o precedente tem grande vies de 
ligação com tal sistema juridico. 
 
2.1 Precedentes declarativos e precedentes criativos 
 
Diante do já mencionado anteriormente, os estudos dos precedentes decorreram 
basicamente dos estudos derivados do sistema common law. Diante disso, as primeiras teorias 
sobre os precedentes foram as teorias constitutivas e declaratórias, como já vistos na presente 
pesquisa. 
Sendo assim, tem-se que os precedentes declarativos eram apenas a declaração do 
tribunal sobre um costume já praticado pela população de acordo com o seu entendimento, 
logo, as decisões aplicada eram com base neste costume, entretanto, já possuem certa força de 
lei. 
Já os precedentes criativos são os mesmos entendidos na teoria constitutiva, onde 
entende-se que os precedentes necessitam de uma historiciedade social e costumeira para a 
sua consolidação. A teoria também explica que os precedentes sempre existiram, desde que a 
sociedade exista, então não há a necessidade da declaração do mesmo. HART (1993, p. 139) 
comenta os precedentes criativos: 
Haverá sempre certos casos juridicamente não regulados em que, relativamente a 
determinado ponto, nenhuma decisão em qualquer dos sentidos é ditada pelo direito 
e, nessa conformidade, o direito apresenta-se como parcialmente indeterminado ou 
incompleto. Se, em tais casos, o juiz tiver de proferir uma decisão, em vez de, como 
Bentham chegou a advogar em tempos, se declarar privado de jurisdição, ou remeter 
os pontos não regulados pelo direito existente para a decisão do órgão legislativo, 
então deve exercer o seu poder discricionário e criar direito para o caso, em vez de 
aplicar meramente o direito estabelecido anteriormente. 
29 
 
Diante dessas duas teorias, vislumbra-se que na primeira, o direito já passa a ser 
entendido como uma norma emanada do costume e não o costume emanando uma norma, 
como era de se esperar em um sistema de common law. Era como se já existisse um direito e 
apenas seria necessário declará-lo. 
O caráter declarativo encontra-se no fato de que as novas decisões são baseadas em 
decisões já efetuadas anteriormente, o que dá as novas decisões, apenas um caráter 
declarativo. 
Já para a teoria constitutiva, os precedentes sempre existiram desde o inicio da 
sociedade, pois já era presente um costume de um povo, o qual deveria ser aplicado nas 
questões levados à corte. 
Diante disso, entende-se que quando a sociedade muda, os precedentes mudam 
automaticamente por obrigação, diferentemente do que era entendido na teoria declarativa 
onde era necessário que o entendimento da corte mudasse após a mudança social, e não no 
mesmo momento. 
Outro fato que chama atenção para os precedentes critavos, são que os mesmos tem a 
capacidade de decidir em questões novas, sem a necessidade de um conselho e/ou um caso 
pouco análogo para a formalização de uma decisão nova. 
Os precedentes de acordo com a teoria dos precedentes criativos, derivada da teoria dos 
precedentes constitutivos é o mais comum em países com o sistema jurido civil law 
desenvolvido, eis que os mesmos partem da premissa legislativa e posteriormente para a seara 
judicial e sua devida aplicação. 
Ocorre que, nesses países de sistema juridico de civil law onde os precedentes são 
aplicados, na maioria das vezes os precedentes são utilizados para a atualização da letra da lei 
e até mesmo para suprir laculas legislativas. 
O ponto negativo desta teoria, é a ocorrência da criação de novas fontes de direito, 
sendo que com a omissão legislativa ou a letra morta da lei e a criação de um novo 
precedente, dão origem à uma coisa nova no direito, o que é cosntante objeto de discussão. 
 
2.2 Precedentes persuasivos e precedentes obrigatórios 
 
Já os precedentes persuasivos e os precedentes obrigatórios, tratam-se da classificação 
mais próxima do direito brasileiro, pois trata-se da classificação de autoridade dos mesmos, 
diferenciando-se os precedentes vinculantes e os precedentes não vinculantes, assunto que 
30 
 
será tratado mais profundamente nos tópicos 2.4.2 e 2.4.3. Por hora, será visto apenas a 
classificação doutrinária. 
O precedente judicial torna-se persuasivo quando, o magistrado, ao se deparar com a 
necessidade de julgamento de uma determinada causa. Via de regra, no direito brasileiro, o 
magistrado só está obrigado a decidir de acordo com um precedente se o mesmo tratar-se de 
uma súmula vinculante, pois esta, possui força de lei, sendo assim, trata-se de um precedente 
obrigatório. 
Destarte, o precedente persuasivo é aquele em que o magistrado não está obrigado a 
decidir da forma como está consolidado, mas sim, poderá, se entender necessário, aplicar o 
entendimento de um caso pretérito ao caso atual, com a devida fundamentação. 
Sendo assim, o grau de credibilidade de um precedente persuasivo deriva de vários 
fatores, sendo eles: a) O tribunal e/ou juizo singular que decidiu; b) Posição hierárquica do 
precedente; c) Unanimidade da decisão, quando for por órgão colegiado ou turma recursal; d) 
repercussão social do precedente. Neste sentido, vale observar o entendimento de 
MITIDIERO (2013, p. 12): 
A interpretação é o fim das cortes de vértice [...] e a formação do precedente tem um 
papel central, de modo que a violação à interpretação ofertada pela corte de vértice 
pelos juízes que compõem a própria corte e por aqueles que se encontram nas 
instâncias ordinárias é vista como uma grave falta institucional que não pode ser 
tolerada dentro do sistema jurídico. 
 
Já o precedente obrigatório é aquele que o magistradonão pode se esquivar de decidir 
no mesmo sentido. No direito brasileiro, temos como referência a súmula vinculante. 
O precedente obrigatório é a imposição da força de um tribunal acerca de um 
determinado caso em uma determinada decisão. 
A classificação dos precedentes é de suma importancia para o estudo dos mesmos, visto 
que, diante da classificação dos mesmos, é mais fácil vislumbrar a aplicação e o cabimento de 
cada um deles nos casos concretos independentemente do sistema juridico em que é aplicado. 
Os precedentes obrigatórios são mais aplicados, via de regra, nos países de common 
law, como por exemplo a Inglaterra e os Estados Unidos da América. 
Na doutrina moderna brasileira de DIDIER, BRAGA e OLIVEIRA (2016, p.24), os 
precedentes podem produzir 03 (três) efeitos juridicos. Inicialmente vale ressaltar os 
precedentes com força vinculante: 
Precedente vinculante/obrigatório. Como o próprio nome sugere, diz-se que o 
precedente e vinculante/obrigatório (binding precedent), ou dotado de binding 
autority (autoridade vinculante), quando tiver eficácia vinculativa em relação aos 
julgados que, em situações análogas, lhe forem supervenientes. Essa é a regra nos 
países que adotam o sistema do "common law”; são relativamente obrigatórios 
quando, por fundadas razões, puderem ser afastados (não aplicados); são 
31 
 
absolutamente obrigatórios quando, ainda que incorretos, tiverem que ser seguidos 
em casos futuros.(...). 
 
Diante disso, a doutrina brasileira segue o entendimento majoritário internacional sobre 
a teoria geral dos precedentes quanto à classificação, entretanto aplicada como efeito juridico, 
eis que todas as caracteristicas demonostradas no entendimento acima citado, são 
vislumbradas nos países de sistema juridico common law. 
Posteriormente, a doutrina brasileira traz outro efeito jurídico dos precedentes, chamado 
de precedentes obstativo de revisão de decisões, vejamos: 
Precedente obstativo da revisão de decisões. Há precedentes que tem o condão de 
obstar a apreciação de recursos ou de obstar a remessa necessária. O efeito obstativo 
não deixa de ser, em última análise, um desdobramento do efeito vinculante de 
certos precedentes. Com efeito, em algumas situações, o legislador autoriza que o 
magistrado negue seguimento a determinados recursos ou que dispense a remessa 
necessária quando estiverem eles em confronto com precedentes judiciais, sobretudo 
com aqueles emanados das cortes superiores. Exemplo disso são os arts. 475, §3º, 
518, §1º, 544, §§3° e 4º e 557, todos do CPC. Há, nesses casos, uma espécie de 
vinculação do órgão competente para apreciar a admissibilidade recursal às 
diretrizes já lançadas em precedentes anteriores, de modo que este órgão fica 
autorizado a negar seguimento a tais recursos ou dispensar a remessa necessária. 
 
O último efeito jurídico vislumbrado pela doutrina, trata-se justamente do já 
mencionado caráter persausivo do precedente. A doutrina classifica o mesmo como um 
indicio de uma solução racional e socialmente adequada: 
Por fim, o precedente persuasivo (persuasive precedent) não tem eficácia vinculante; 
possui apenas força persuasiva (persuasive autority), na medida em que constitui 
“indício de uma solução racional e socialmente adequada”. Nenhum magistrado está 
obrigado a segui-lo; “se o segue, é por estar convencido de sua correção”. Há 
situações em que o próprio legislador reconhece a autoridade do precedente 
persuasivo e isso tem o condão de repercutir em processos posteriores. Isso ocorre, 
por exemplo, quando: (i) confere ao magistrado a possibilidade de julgar 
liminarmente improcedentes as causas repetitivas, nos casos em que a matéria 
controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença 
de total improcedência em outros casos idênticos (art. 285-A, CPC); (ii) admite a 
instauração do incidente de uniformização de jurisprudência nos casos em que 
houver divergência interna corporis entre precedentes do próprio tribunal, entre um 
precedente do tribunal e um julgamento em curso no próprio tribunal ou entre um 
precedente do tribunal e uma decisão proferida por órgão jurisdicional singular ou 
colegiado vinculado àquele tribunal (arts. 476 a 479, CPC); (iii) admite a 
interposição de recursos que tem por objetivo uniformizar a jurisprudência com base 
em precedentes judiciais, tais como os embargos de divergência (art. 546, CPC) e o 
recurso especial fundado em divergência (art. 105, III, “c’, CF).34 
 
Diante do apresentado, os precedentes possuem duas classificações específicas no 
ordenamento brasileiro, de forma que tais classificações enquadram os precedentes em 
prática, por meio das decisões dos tribunais. 
Até o presente momento já foi entendido que os precedentes tratam-se basicamente de 
decisões reiteradas de tribunais, que podem ou não ser utilizadas para o julgamento de casos 
32 
 
pretéritos à eles, salvo o caso da súmula vinculante, que possui obrigatoriedade imediata e 
erga omnes. 
No Brasil, a teoria aplicada é a dos precedentes persuasivos e os precedentes 
obrigatórios, os quais estão presentes no ordenamento juridico por meio das jurisprudencias, 
súmulas e súmulas vinculantes. 
2.3 Decisões dos Tribunais 
 
As decisões dos tribunais são o momento de nascimento dos precedentes. Até o presente 
momento, já sabe-se que os precedentes são decisões reiteradas, que os precedentes possuem 
classificaões, sendo os precedentes persuasivos e os precedentes declaratórios as teorias 
aplicadas no ordenamento brasileiro. De acordo com DIDER JR (2016, p.385): 
A obediência aos precedentes e a uniformização da jurisprudência prestam-se a 
concretizar, ainda, a segurança jurídica, garantindo previsibilidade e evitando a 
existência de decisões divergentes para situações semelhantes, sendo certo que 
decisões divergentes não atingem a finalidade de aplacar os conflitos de que se 
originaram as demandas. Casos iguais devem ter, necessariamente, decisões iguais, 
sob pena de se instaurar um estado de incerteza. O respeito aos precedentes assegura 
a segurança jurídica, conferindo credibilidade ao Poder judiciário e permitindo que 
os jurisdicionados pautem suas condutas levando em conta as orientações 
jurisprudenciais já firmadas. Em outras palavras, o respeito aos precedentes 
estratifica a confiança legítima: os jurisdicionados passam a confiar nas decisões 
proferidas pelo judiciário, acreditando que os casos similares terão o mesmo 
tratamento e as soluções serão idênticas para situações iguais. 
 
Entretanto, as teorias apresentadas de nada explicam como os precedentes são 
aplicados. A aplicação dos precedentes nos tribunais podem ocorrer de três formas. 
2.3.1 Jurisprudência 
 
Jurisprudência, palavra que deriva do Latim Juris, que significa justo e prudentia que 
significa prudência. No ordenamento jurídico Brasileiro, a jurisprudência trata-se de uma das 
fontes do direito, sendo também utilizada para cobrir lacunas da lei, basicamente é definida 
como um conjunto de decisões e interpretações das leis, feitas pelos tribunais superiores, 
adaptando as normas às situações de fato. Entretanto, a definição acadêmica de Jurisprudência 
se mostra mais flexível, sendo definida como a decisão reiterada de tribunais que podem ser 
utilizadas por outros tribunais em casos similares, buscando um entendimento uniforme entre 
os tribunais. (MAXIMILIANO, 2011, p. 146) 
A jurisprudencia é o meio mais comum de aplicação de precedentes. De acordo com a 
classificação dos precedentes, a jurisprudencia trata-se de um precedente meramente 
persuasivo. Sendo assim, de acordo com LIMA (2002, p. 171): “a solução de um caso não é 
33 
 
obrigatória para outro, pois seassim fora se estaria elevando a decisão de caráter individual à 
norma de caráter geral” 
Para que fique claro o conceito de jurisprudencia, e, até mesmo para esclarecimento 
breve dos demais tópicos, faze-se necessária uma analise das fontes do direito e do dever do 
poder judiciário em analisar todas as demanadas que lhe são propostas. 
As fontes do direito são de onde nascem, originalmente as normas juridicas e seu 
enquadramento no direito. São três as principais fontes: a) Lei; b) Principios; c) Costumes; 
Jurisprudencia. As fontes podem ser formais ou materiais, mediatas ou imediatas. De forma 
simples e rápida, a forma é o que dá aplicabilidade, a matéria é a norma em seu texto seco, 
quanto a mediatas e imediatas são a temporalidade da aplicação. (SIQUEIRA, 2008, p. 136). 
Diante das fontes do direito, a única que nos interessa são os costumes. Os costumes 
podem ser fontes do direito (por serem fatores sociais), entretanto só possuem status juridico a 
partir do momento em que o legislador der a mesma tal status. 
Os costumes servem em suma, para que, quando o magistrado se deparar com uma 
situação onde há uma lacuna na lei, o mesmo possa aplicar os costumes por meio de analogia 
para solucionar a lide, diante do que é preconizado no artigo 4º da Lei de Introdução às 
Normas do Direito: “Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” 
Ainda existam correntes que reconhecem que a doutrina é fonte do direito assim como a 
jurisprudencia, visto que ambas não possuem caráter legal imediato. Entretanto vale ressaltar 
que a doutrina está em um seguimento diferente, pois, assim como os religiosos passam parte 
da vida estudando os textos sagrados buscando uma interpretação e uma explicação mais 
simples para o que é exposto, os doutrinadores buscam estudar os textos de lei para interpreta-
lôs e auxiliar a aplicação da lei, já a jurisprudencia busca atualizar a norma e adequa-lá as 
necessidades atuais. 
Outra caracteristica da jurisprudencia é que a mesma integra a norma legal e abstrata a 
sua aplicação prática, ou seja, apesar de não ser o dever do PJ criar normas, o que ocorre é 
que por muitas vezes um entendimento consolidado pode ir ao desencontro de uma norma 
legal, apenas para a solução de um embaraço juridico, de acordo com SILVA, (2004, p. 54): 
A diferença entre o juiz e o legislador é que, para este, tudo pode ser objeto de lei, 
sendo livre para intervir na vida social, selecionar a conduta desejada e colocá-la 
como objeto de norma cogente. Esta prerrogativa não tem os magistrados. Porém, 
uma vez posta a lei, o juiz com a aplicação, remodela-a, adaptando-a as necessidades 
sociais. Não cria, mas recria comandos jurídicos. 
 
34 
 
O que é claro é que cabe ao judiciário analisar e decidir em toda a demanda que lhe é 
proposta, a fim de cumprir o preceito constitucional previsto no artigo 5º Inciso XXXI: 
“XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;”. 
Corolario a isso, cabe ao judiciário "fixar pautas mínimas de expectativas que garantam 
certa estabilidade e segurança nas relações sociais, criando parâmetros ou espaços de 
normalidade" (BOTTINI, 2007, p. 21). Os precedentes são necessários para que tal pretensão 
seja alcançada, eis que, nas ocasiões de lacunas na lei e até mesmo casos excentricos, os 
precedentes são essenciais para a prestação jurisdicional. 
2.3.2 Súmula 
 
Similar às jurisprudencias, a natureza juridica da súmula também se encontra nas 
decisisões judiciais, entretanto o que difere a súmula das jurisprudencias é a força impositiva 
da mesma. Não que a súmula por si só tenha condão de obrigatoriedade, mas possuem mais 
status juridico do que as jurisprudências. 
As súmulas, de acordo com a classificação geral dos precedentes, tratam-se de decisões 
judiciais persuasivos/argumentativos e declaratórios, já que necessitam de um determinado 
processo para sua edição e publicação. 
As súmulas, em suma, tratam-se de enunciados dos tribunais, podendo ser 
editadas/criadas pelos tribuanais de segunda instância e superiores a fim de orientar a 
prestação jurisdicional do estado sobre os administrados. De acordo com ROCHA (1997, p. 
32): 
(...) no primeiro, tem-se a súmula como sendo o resumo de um julgado, enunciado 
formalmente pelo órgão julgador; no segundo, constitui-se ela o resumo de uma 
tendência jurisprudencial adotada, predominantemente, por determinado tribunal 
sobre materia específica, sendo enunciada em forma legalmente definida e publicada 
em número de ordem. (ROCHA, 1997, p. 52) 
 
Os tribunais superiores utilizam-se das súmulas principalmente para orientar os 
tribunaus inferiores quanto a aplicação de demandas repetitivas ou casos em que há a lacuna 
na lei ou até mesmo a falta de regulamentação. De acordo com PLÁCIDO e SILVA (2009, p. 
784): 
No âmbito da uniformização da jurisprudência, indica a condensação de série de 
acórdãos, do mesmo tribunal, que adotem idêntica interpretação de preceito jurídico 
em tese, sem caráter obrigatório, mas, persuasivo, e que, devidamente numerados, se 
estampem em repertórios. 
 
 Com o advento do Código de Processo Civil de 2015, as súmulas ganharam mais 
espaço no ordenamento juridico, sendo que no código anterior, não possuiam assim, tanta 
35 
 
atenção. Pode-se vislumbrar na novel legislação, diversas menções à súmulas, como por 
exemplo o artigo 489, que dispõe sobre os elementos da sentença: 
Art. 489 São elementos essenciais da sentença: 
(...) 
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus 
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta 
àqueles fundamentos; 
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado 
pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a 
superação do entendimento 
 
Desta forma, o magistrado fica permanemtemente obrigado, ao aplicar a súmula, a dar a 
explicação dos motivos e toda a fundamentação necessária para a mesma. 
Ainda sobre o Código de Processo Civil, ainda vale ressaltar o disposto no artigo 926, 
onde: 
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, 
íntegra e coerente. 
§ 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, 
os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência 
dominante. 
 
Neste sentido, vale ressaltar o entendimento de JÚNIOR (2015, p. 248): 
O equívoco não se resume ao uso dos julgados como se lei fossem, com a utilização 
de uma “metodologia” tradicional que os presume (ementas e enunciados de súmula) 
como enunciados normativos abstratos (dos casos julgados), mas na sua construção 
desde o início como esgotamentos interpretativos quando produzidos por técnicas de 
causa-piloto (como as da repercussão geral do recurso extraordinário no STF ou do 
recurso especial do STJ) que induzem o erro de que, uma vez sendo proferida a 
decisão por estes órgãos de cúpula do Judiciário pátrio, teríamos chegado a um 
padrão decisório preciso, abrangente e que poderia ser aplicado mecanicamente 
mediante uma simples subsunção. 
 
O autor ainda complementa: 
Por fim, com a promulgação do Código de Processo Civil brasileiro de 2015 
(CPC2015) instalou-se um sistema de precedentes judiciais que obriga os tribunais a 
uniformizarem a sua jurisprudência e a mantê-la estável, íntegra e coerente (art. 
926); disciplina a superação dos precedentes e sua eficácia temporal; estabelecedistintas possibilidades eficaciais para os precedentes - inclusive a eficácia 
vinculante de precedentes dos tribunais superiores. Tudo isso sem revogar o 
tradicional regime sumular (herdeiro dos assentos luso-brasileiros). 
 
Logo, o ordenamento juridico possui uma ordem, onde os tribunais são obrigados a 
uniformizar as suas jurisprudencias e mante-las estáveis, de forma que não atinjam a 
contrariedade do padrão decisório existente, gerando assim, segurança juridica, o que será 
abordado mais adinate. 
Ainda quanto às súmulas, apenas para fins de esclarecimento e por parte, de 
complementação ao tópico 2.3 que trata da segurança juridica, é inevitável a lembrança de 
36 
 
que a súmula impeditiva de recurso foi extinguida com o código de processo civil de 2015, o 
que, na visão de vários juristas era o que trazia segurança juridica para os enunciados dos 
tribunais. Atualmente o Código de Processo Civil traz a mesma segurança por meio do artigo 
926 retromencioado. 
2.3.3 Súmula Vinculante 
 
A súmula vinculante trata-se de uma súmula com status de obrigatoriedade, que só pode 
ser editada pelo Supremo Tribunal Federal, ou seja, a mesma possui força de lei, obrigando a 
sua aplicação em casos análogos às hipoteses existentes em forma de súmula vinculante. 
A súmula vinculante torna mais ágil a justiça, sobre o mesmo tema, com o 
impedimento da multiplicação de demandas, ou encerramento das múltiplas 
demandas, no percurso de vários graus de justiça. Não é possível a desigualdade de 
tratamento de casos iguais, que devem ter soluções idênticas. A proliferação leva a 
situações dispares. Um defere, outro indefere. Uma câmara confere, a outra não, 
sobre o mesmo fundo de direito, partes em idênticas condições. (Rcl 3.979-AgR, 
Rel. Min. Gilmar Mendes, Plenário, julgamento em 3-5-06, Plenário, DJ de 2-6-06 
 
De acordo com LEAL (1891, p. 2) “trata-se de um conjunto de enunciados que 
sintetizam o entendimento consolidado do STF em determinado assunto de demanda 
repetititva”. 
Diante disso, é imperioso destacar a explicação de BUENO (2015, p.596): 
[..] Não emprega a palavra “vinculante” no sentido que aqui interessa. Ela parece ser 
insinuada com o uso de afirmativos imperativos toda vez que a temática dos 
“precedentes” e dos “julgamentos repetitivos” vem à tona, prevê-se, até mesmo – e 
expressamente – o uso da reclamação para afirmar e reafirmar a “observância” dos 
precedentes (art. 988, IV), mas, do ponto de vista textual, aquela palavra é evitada. 
Ela só é empregada pelo novo CPC para indicar as Súmulas Vinculantes do STF – 
mas, para estas, há expressa previsão constitucional – e, no § 3º do art. 947, a 
propósito do Incidente de Assunção de Competência, lê-se que o acórdão proferido 
vinculará rodos os juízes é órgãos fracionários, exceto de houver revisão de tese. 
 
É até lógico imaginar que a súmula vinculante possui um processo para a sua edição e 
publicação, da mesma forma que a súmula comum. O que interessa saber na súmula 
vinculante é o seu poder impositivo, existindo aqueles que declaram que o poder impostivo da 
súmula vinculante pode ser entendindo como o poder de legislar do STF em relação os outros 
tribunais. Bocamino Rodrigues afirma: “(...) a súmula nada mais é do que a construção 
legislativa feita pelo Poder Judiciário. Temos a invasão de um poder pelo outro, ao arrepio do 
estatuído no artigo 2º da Constituição Federal.” 
Diante disto, podemos nos remeter ao inicio da presente pesquisa, mais 
especificadamente à teoria cosntitutiva, tão criticada por Blackstone, onde o mesmo possuia o 
receio de o julgador, por livre e espontanea vontade dar uma decisão de acordo com o seu 
entendimento intimo, e não de acordo com a sociedade e assim criar um novo precedente. É 
37 
 
claro que trata-se aqui, apenas de uma analogia, afinal, para que seja editada uma súmula 
vinculante é necessário que dois terços do STF em sessão plenária. 
Entretanto, diante do foco do presente trabalho, já sabe-se que a súmula vinculante 
possui força de obrigatoriedade e somente pode ser editada/criada pelo STF, entretanto, resta 
eslcarecer a funcionalidade prática da súmula vinculante e a sua participação no sistema 
juridico brasileiro. 
É importante ressaltar o suporte jurisprudencial e precedente das súmulas vinculantes, 
eis que as mesmas possuem caráter de obrigatoriedade, sendo textos difundidos das decisões 
repetitivas de uma deternianda causa que possui grande repetição em todo o ordenamento. 
As súmulas vinculantes possuem diversas funções, sendo além de precedentes com 
força de obrigatoriedade, a ferramente utilizada pelo STF para a declaração de 
inconstitucionalidade, arguição de descumprimento de preceito fundamental, resolução de 
demandas repetitivas e por fim e não menos importante, gerar a segurança juridica diante de 
novos entendimentos que encontram-se atualizados diante da letra da lei, dando assim, de 
certa forma um caráter legislativo à corte. De acordo com GRAU (1996, p. 37): 
Note-se bem que essas “decisões” do Supremo Tribunal Federal são resultado de sua 
produção normativa, atividade que envolve interpretação/aplicação e, pois, é 
desempenhada não apenas a partir dos elementos que se depreendem do texto 
(mundo do dever-ser), mas também a partir de elementos do caso ao qual será ela 
aplicada, isto é, a partir de elementos da realidade (mundo do ser). Essas decisões 
são normas. Mas essas normas são transformadas em textos no momento em que 
assumem eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos demais órgãos do 
Poder Judiciário e da Administração direta e indireta da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e Municípios. (...) Em outros termos: a atribuição de eficácia contra 
todos e efeitos vinculantes às decisões de que se trata importa em atribuir-se ao 
Supremo Tribunal Federal função legislativa. 
 
Mesmo com tal caráter legislativo, ambas atividades não se confundem, sendo cada qual 
possuidora de caracteristicas unas que lhes mantém distantes umas das outras. As súmulas 
vinculantes apenas materilizam o conteúdo sintético de várias decisões judiciais repetidas em 
diversas ações similares, trazendo uniformidade para as decisções até que se tenha um 
entendimento majoritariamente contrário ao que já foi decidido anteriormente, partindo 
sempre da premissa legislativa: 
Dita submissão exclusiva (à lei) cumpre ademais a finalidade de constituir a lei 
como marco de referência primário – necessariamente delimitado pela exigida 
conformação do mesmo com os preceitos constitucionais e com a interpretação da 
Constituição que se deriva da doutrina do tribunal constitucional – ao redor do qual 
deve girar em todo caso a atuação do juiz no exercício de sua função tutelar do 
ordenamento. A lei constitucionalmente interpretada é, pois, a base argumentativa 
que deve presidir sempre o exercício da função jurisdicional, por ser a lei assim 
interpretada o setor do sistema em que se contêm os materiais sistêmicos que o juiz 
deve projetar sobre a realidade social que o ordenamento pretende organizar. 
(PAGÉS, 1989, p. 148) 
 
38 
 
A súmula vinculante jamais pode ser comparada de forma direta como um poder 
legislativo do STF, por uma simples dicotomia de fatores, sendo que, a obrigatoriedade e 
vinculação da súmula trata-se de uma consolidação de demandas repetitivas, uma 
jurisprudência consolidada de forma única e a força de decisão que traz segurança juridica 
para a definição de casos onde há a necessidade de pacificação de decisões. Nesta seara, o 
entendimento de CARVALHO, (2008, p. 526) fica clarevidente a finalidade das súmulas 
vinculantes e sua diferença da função legislativa para a função judiciária: 
A súmula de efeito vinculante serviria,

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