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Psicologia infantil

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OSÉ FAUST1NO DE ALBUQUEQUE F
PSICOLOGIA
INFANTIL
R e f l e t id a n a V id a A d u l t a
APRENDA A FORMAR UM 
CARÁTER SAUDÁVEL NA 
CRIANÇA PARA QUE ELA 
SEJA UM ADULTO FELIZ!
Psicologia
Infantil
Refletida na 
Vida Adulta
Professor 
José Faustino 
de Albuquerque 
Filho
Psicologia In fantil
índice
Agradecimentos.........................................................................7
Sum ário....................................................................................8
Dedicatória as crianças..........................................................10
R eflexão...................................................................................12
Introdução............................................................................... 14
O desenvolvimento da consciência da criança.................. 17
Por que é preciso dizer não? Na geração passada tudo era
permitido..................................................................................22
Os pais devem orientar e proteger........................................ 30
Testes.......................................................................................33
Entrevista: crescer através do brincar.................................35
É brincando que se aprende.................................................... 37
Brincar evita comportamentos agressivos na adolescência 39 
Tarefas mais importantes; como os pais podem ajudar? ... 41
Pais tempo para os filhos é necessário.................................46
Por que as crianças pedem para os adultos que repita sempre
a mesma história.....................................................................48
Eu e João por Dr.a Beatriz Botelho...................................... 52
Como surge o ciúme entre irm ãos?....................................55
Agressividade, infantil o que fazer? ...................................57
As doenças da alma................................................................ 58
A sexualidade infantil. A descoberta de novas sensações.. 60
O bebê acostumou dormir com os pais. E agora?.............62
Estimule a independência do seu filho.................................63
José Faustino A lbuquerque Filho 5
A vila das crianças........................................... .........................64
Viagem com o bebê...................................................................66
Além de presentear, os pais devem interagir.........................68
Animais de estimação estimulam a responsabilidade......... 70
Mediação familiar auxilia o casal a entender melhor a
separação..................................................................................... 71
A separação dos pais: a sinceridade ajuda a criança............. 72
Pais separados: como falar sobre outro relacionamento com
a criança...................................................................................... 73
A mãe solteira deve falar sobre o pai para a criança?......... 75
Mãe solteira: como se preparar para enfrentar este
desafio?....................................................................................... 76
Como a criança imagina ser a m orte?................................... 77
Como contar a uma criança que um parente próximo
faleceu?...................................................................................... 79
Crianças agressivas................................................................... 80
Picos de agressividade...............................................................82
Lidando com a crise...................................................................84
Solução em família....................................................................86
Sinais de alerta........................................................................... 87
Concepção psicanalítica da crença e do brincar.................. 88
A criança das teorias X a criança real.....................................89
A criança interpretada pelos adultos........................................93
A criança na concepção psicanalítica Freudiana....................97
A criança na concepção psicanalítica Lacaniana....................102
Delinqüência juvenil................................................................ 107
P sicologia In fan til
A Família como agência do desenvolvimento infantil...... 132
Função da mãe...................................................................... 134
Função do pai.........................................................................135
A integração conjugal............................................................ 136
A palavra como elemento educativo.................................. 138
A Família como agência sociabilizadora............................. 140
Autoridade dos pais............................................................... 143
Lidando com os limites.............................................................145
Psicologia infantil: conclusão............................................... 151
Bibliografia............................................................................ 154
A utor...................................................................................... 156
Outras obras do autor........................................................... 158
José Faustino A lbuquerque Filho 7
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom inefável da existência e nela a 
oportunidade de organizar esse livro; como uma pequena 
contribuição à educação e ao desenvolvimento da criança!
AAndréia Abbud, que pacientemente digitou meus rascunhos, 
que às vezes exigiam uma “tradução”. E também pela elaboração 
da capa que Deus a recompense por sua grande contribuição.
A Simone Mendes Cordeiro secretária dedicada, que finalizou 
a digitação e auxiliou-me na correção dos originais, o que veio a 
viabilizar a publicação desse texto.
A José Faustino Albuquerque Neto, filho querido, que trouxe 
muitas contribuições práticas acrescentado sentido e vida às 
minhas pesquisas.As linhas mestras desse livro, que são frutos 
de uma vida de observações como professor, Pastor, Terapeuta c 
simplesmente ser humano.
A Sandra Domingues Faustino de Albuquerque, minha esposa, 
que como mãe, tem me ensinando muitas coisas da psicologia 
infantil, no seu esmero e cuidado em atender às necessidades do 
José, que depende especialmente dela como mãe!
Que Deus a ilumine sempre, como mãe dedicadíssima!
8 Psicologia Infantil
Sumário 
A vida é marcada desde a infância
Quando sentires desapontado (a) desamparado (a) e uma 
sensação im ensurável agonia e dor, busques conforto e a 
segurança, que precisas, pois essas reações são reflexos da infância 
, quando contou com o apoio certo e compreensão de que precisava 
ou mesmo da saudade das pessoas amadas e das coisas bonitas e 
maravilhosas , que somos hoje a continuação do nosso ontem, 
mesmo que mudemos o nosso caráter ou conjunto de virtudes ou 
valores interiores, que forma o nosso ser último, que de forma 
consciente ou inconsciente influenciam as nossas escolhas, 
atitudes e sentimentos.
Quando criança temos esperança e um desejo forte de nos 
tomarmos adultos, e às vezes quando adultos temos um desejo 
ou saudade de ser crianças ou das coisas de crianças.Armazenamos 
na consciência, subconsciente e no inconsciente todas as mudanças 
de faixa etária, que determinam o registro vivido , através da 
química do cérebro , razão e emoção que despertam no nosso 
hum or e reações na vida adulta. Na form ação e no 
desenvolvimento da nossa personalidade levamos a infancia para 
a adolescência, a adolescência para a m aturidade para a 
maturidade a maturidade para a meia idade e a meia idade para a 
velhice. Assim acumulamos experiências lindas e balsâmicas ou 
amargas e traumáticas na vida toda.
Assim sendo há momento em que agimos como criança e nos 
sentimos tão bem e hámomentos em que sofremos como adultos 
e nos sentimos como crianças e nos sentimos tão bem e há 
momentos que sofremos como adultos e nos sentimos como 
crianças agredidas, rejeitadas, abandonadas e recalcadas. Reprimir
José Faustino A lbuquerque Filho 9
esses sentimentos é como cometer suicídio emocional, visto que 
a vida adulta não apaga as experiências da infância e da 
adolescência. Essa dor, que não passa, esse grito que não sai, e 
essa noite que não termina. São os traumas e conflitos infantis 
refletidos na vida adulta!Não anule, não mate a criança, que esta 
dentro de você, deixe que ela brinque que riam que pule que chore 
que seja inocente e seja simplesmente criança! “Jesus disse, que 
quem não receber o Reino de Deus como criança de maneira 
nenhuma poderá entrar nele”.
As realizações, que são sonhos primaveris, que tornar-se-ão 
realidade na maturidade , quando se descortina o crepúsculo da 
existência .
A beleza de tudo isso; é que da velhice para a maturidade, da 
maturidade para adolescência são etapas vividas sem interrupção 
real. As mudanças decorrentes no ser humano vão gerando 
experiências, registrando traumas e virtudes sem que haja de fato 
interrupção no curso normal da vida, de forma que é sábio 
chegarmos a terceira idade e olhar para noite, que se aproxima 
sem perdemos de vista os dias lindos da aurora prateada, do 
entardecer colorido pelos raios solares e dourados, que antecedem 
as sublimes manhãs do amanhecer infantil.
10 Psicologia Infantil
DEDICATÓRIA ÁS CRIANÇAS 
Em plena Primavera:
Crianças, flores, que desabrocham na aurora prateada do 
amanhecer infantil...
Crianças, jardins coloridos, que enfeitam a existência, 
tornando-a suportável com a pureza do seu sorriso e que nos 
preenchem de felicidade...
Crianças, raios divinos, que tornam dourados os nossos 
horizontes e iluminam as nossas noites de solidão...
Crianças, amigas no verão, no inverno, na plenitude da 
primavera e companheiras do nosso futuro...
Crianças, tão frágeis, tão inocentes, tão pequeninas, mas que 
tendes forças de comoverdes os “brutos”, amenizardes a tristeza 
e a dor dos adultos.
Crianças, todas crianças quão belas, que olhais a janela do 
alvorecer; crianças tão lindas, meninos e meninas sois rosas, sois 
flores, quão lindas sois vós...
Crianças, crescidas, crianças maiores, beleza da vida em flor. 
Sois rosas, sois pétalas, sementes maduras ainda na vida um tanto 
imatura, sois jovens, sois lindos e belos de afável doçura...
Crianças, crianças de todas as raças, de todas as cores, de 
todas as idades, de todos os países; tendes em comum o traço 
maior, o traço divino de serdes simplesmente crianças...
Crianças, resto de guerras, sobras da fome, resquícios 
dasepidemias e partes da brutalidade e insensatez dos adultos...
Crianças saudáveis! Crianças doentes!
Crianças robustas! Crianças raquíticas!
C rianças esqueléticas, subnutridas, m altrap ilhas, mal 
cheirosas, lindas, puras e até perfumadas.
José Faustino A lbuquerque Filho 11
Que neste dia, bilhões de olhos amigos inclinem-se para vós, 
que bilhões de mãos amigas estendam-se para vos socorrer. Que 
os pais, os educadores, as autoridades e enfim todos os adultos 
contribuam para que tenhais a liberdade de serdes crianças e, assim 
vivais livres para a vida na sua plenitude.
Parabéns a todas as crianças, que neste dia tenhais a benção e 
a proteção de Deus, para que continueis ser a alegria que elimina 
a nossa tristeza, o bálsamo que torna menos aguda a nossa dor e 
que encham de harmonia e de risos o nosso lar.
Um milhão de beijos no vosso coração puro e repleto dc 
esperança!
12 Psicologia Infantil
Reflexão 
A beleza da alma
A beleza da alma acalma a alma, que vive e canta.
Nas pétalas aveludadas da alva, que causa uma calma na alma 
e chora...
A alma acalma a brisa, brisa tão suave, que agora cora, mas 
calmo é bálsamo, que acalma a alma, que grita em silêncio, a dor 
inexistente, de gente, que não tem calma na alma, que branda não 
é, e afasta a calma que a alma não tem.
Na alma, a calma da brisa suave do prado e no brado silencioso 
da alva, marcado nas páginas de uma história, que não foi escrita.
Na calma, a alma alva, uma lembrança esquecida e um círculo 
no quadrado ou quadrante, uma reta na curva, um início no fim, 
como um fim no começo e o ponto no infinito...
Tudo, que é relativo é o que não é, e a mais perfeita forma é 
informe e nula qualquer coisa positiva, que não seja última!
Na ida, a volta, na morte a vida? Ou na vida a morte? Mas é e 
não é ao mesmo tempo, tudo que é mutável!
José Faustino A lbuquerque Filho 13
O fim de qualquer coisa está no início dela, pois o começo do 
fim está no início, visto que, o que não tem início, pode nem 
mesmo existir, mas nunca terá fim se não começou!
Na série de acontecimentos, só um milagre faz a diferença, 
pois ser e não ser, não é a mesma coisa, que a alma diz calma 
sobre o ser e o não ser, que milagrosamente quebra a série de 
acontecimentos, pois são dois seres, não seres, visto que, só um 
não é o ser, que é o não ser, enquanto um ser é o único ser, que é 
a quem chamamos de “O SER!”.
No jogo de tudo, que não é jogo, só podemos jogar com o 
tempo, que descortina no túmulo revolto, que envolve e cobre o 
corpo, que é o corpo de Jesus!
Ouvi ainda de manhã cedo, uma brisa suave, que calma, tão 
terapêutica e pura, que cura e embeleza a alma , que calma e 
bela agradece dizendo que:
A brisa, serena, que passa, mas fica marcada na essência da 
alma, que calma, já canta a canção verdadeira, na alva prateada 
de luz, que aclama feliz, na esfera tingida de sangue, o manto
marcado de dor.
O amor demonstrado na cruz e as lágrimas enxugadas no lenço!
A beleza da alma reluz na cruz enfeitada do sangue expiatório 
que é o sangue de Jesus!!!
14 Psicologia In fan til
INTRODUÇÃO
Em termos pedagogia e moral a criança nos é dada mais ou 
menos como uma folha de papel em branco'.Compete a nos avulto 
escrevermos nela o que formos nela o que formos capazes de 
escrever.
É verdade que independentemente da influencia dos pais, da 
escola e do meio em que a criança vive. Ela tem faculdades inatas 
que serão desenvolvidas, mas ao nascer só trás 30% de 
informações psicológicas herdadas dos pais, os outros 70% vai 
adquirir no meio em que vive! E é ai que entra toda a complexidade 
do ato educativo. Falo educativo no sentido pleno da palavra; 
isto é, de desenvolver as faculdades: racional, emocional, física e 
espiritual. Quando falamos desenvolver, imagino como a criança 
é moldada de algum modo de acordo coma cultura, religião, 
condições sociais e da educação dos pais e do ambiente em que 
vive!
A psicanálise nos m ostra que a m aioria dos traum as 
emocionais e conflitos de personalidade; tiveram suas origens da 
infância até a adolescência. Segundo as descobertas mais recentes 
no campo da psicologia, a criança, após os quatro anos de idade, 
já é capaz de perceber o comportamento dos pais para nortear o 
seu próprio comportamento!
È importante alertar os pais, principalmente os evangélicos e 
religiosos que é difícil, verbalizar ou comunicar para a criança 
conceitos abstratos, como fé, amor, bondade, anjos, demônios, e 
Deus! E bem assim a noção de bem e mal. A criança vai 
assimilando o bem como o fato de não está com fome, sede, de 
xixi, de cocô, ou dodói, pois expressa esses sentimentos através 
do choro! Isto é o mal é sentir esses desconfortos e o bem é estar 
livre do problema causado pelo desconforto. No que tange a
José Faustino A lbuquerque F ilho 15
valores abstratos, que só podem ser aprendidos pela percepção, 
ela não tem nenhuma noção, pois além de não ter desenvolvimento 
mental suficiente, se orienta quase sempre por impulsos, e reflexos 
visto que, seus reflexos ainda não estão bem desenvolvidos.Então 
a melhor forma de falar do bem, do mal, do amor de fé e de Deus 
é viver a tal ponto, que quando ela com três anos ou, um pouco 
mais se preocupar e perguntar como Deus é e quem é Deus. Se 
ela quer saber quem é Deus e pergunta: mamãe ou papai como é 
Deus; a mãe e o pai possam responder filha (o) Deus é como a 
mamãe e como o papai, que vivem para amar você e querer bem 
um ao outro. E o céu é como nosso lar.
E lógico, que não quero dizer que não tenhamos falhas, mas 
que devemos ter o melhor tipo de comportamento, convivência, 
e harmonia no lar. E o mal é o contrário disto; de forma que a 
melhor educação está não naquilo que falamos c fazemos, mas 
naquilo que somos e vivemos.
Se a criança nos é dada por Deus como uma folha de papel 
em branco , vam os agir com m uita responsab ilidade 
principalmente ao falarmos de Deus, pois pelo contrário em vez 
de formá-la para a igreja, a sociedade, para Deus; faremos dela 
uma Deformidade! Como uma criança das “FEBNS da vida” ou 
os jovens dos cadeiões.
Alerta! Pais, educadores, pastores, governantes e a quem 
interessar possa que antes de crianças e adolescentes ser 
agressores, eles são cruelmente agredidos!
Leiam atentamente a dedicatória que faço ás crianças neste 
livro!
Na arte de educar todos somos devedores de exemplos, que 
estimulem a pratica do bem do desenvolvimento dos valores, 
divinos, éticos, morais e familiares. Só assim chegaremos ao plano 
desenvolvimento da cidadania.
A família é a primeira estância, educativa, na qual a criança 
terá oportunidade de aprender conceitos, normas e mecanismos,
16 P sicologia In fantil
que a levem ao crescimento como pessoa e a busca da auto 
identidade para a plena estruturação da sua personalidade!
Há, porém uma série de obstáculos para uma correta 
orientação familiar, visto que os valores estão sendo pervertidos! 
Os papeis dos pais não estão claros na formação familiar atual!
Basta dizer que 30% das famílias brasileiras são chefiadas 
por um dos pais e como é a mãe, que normalmente fica com a 
guarda dos filhos, a maioria dos chefes dessas famílias são 
mulheres, que além de fazerem o papel mãe e de pai, têm dupla 
jornada de trabalho, visto que trabalham fora e em casa.
Além de todos os problemas decorrentes pela ausência de 
um dos cônjuges, o fato se agrava quando ao fator limites! A figura 
do pai, que representa segurança, educação e provisão é quase 
sempre um referencial de grande significado para a criança!
È muito notório que os conflitos de crianças de pais separados 
vão refletirem na vida adulta!
Em nível de comportamento; aos quatro anos de idade a 
criança já é capaz de perceber o comportamento dos pais para 
trançar a busca e a construção do seu próprio comportamento! 
Quando os pais não têm uma conduta coerente com os valores 
preconizados ou são separados e as crianças podem ficar confusas 
e até perderem os pais, como referenciais. Os milhares de 
adolescentes nas FÉBENS e jovens nas cadeias não seriam 
resultados desses fatores?
José Faustino A lbuquerque Filho 17
O DESENVOLVIMENTO DA 
CONSCIÊNCIA DA CRIANÇA
A Psicanálise deu uma grande contribuição, através da 
associação livre para o descobrimento dos processos mentais, 
subjacentes ao desenvolvimento da consciência no indivíduo. Em 
seu trabalho de trazer à luz tendências instintivas inconscientes, 
Freud reconheceu também a existência daquelas forças, que 
servem como defesa contra elas. De acordo com as suas 
constatações, que a prática psicanalítica tem confirmado em cada 
caso. A consciência da pessoa é um sedimento ou um representante 
de suas primeiras relações com os pais. De certo modo, ela 
internalizou seus pais - colocou-os dentro de si mesma. Aí eles 
se tornam uma parte diferenciada de seu ego seu superego um 
setor, que apresenta, junto à parte restante do ego, certas 
exigências, reprim endas e admoestações, colocando-se em 
oposição a seus impulsos instintivos.
Freud demonstrou que o funcionamento desse superego não 
se limita ao psiquismo consciente, não é somente o que se entende 
por consciência, mas o que também exerce uma influência 
inconsciente e amiúde muito opressiva, que constitui importante 
fator tanto na doença mental como no desenvolvimento da 
personalidade normal. Este novo descobrimento fez com que a 
investigação psicanalítica se concentrasse cada vez mais no estudo 
do superego e de suas origens.
No decorrer de minha análise de crianças pequenas, à medida 
que começa obter um conhecimento direto dos fundamentos, 
sobre os quais seu superego foi estruturado, depararam-se certos 
fatos, que pareciam permitir uma ampliação, em certas direções, 
da teoria de Freud sobre esse assunto. Não poderia haver dúvida 
de que um superego estivera em pleno funcionamento, por algum
18 Psicologia Infantil
tempo, em meus pequenos pacientes entre dois anos e nove meses 
e quatro anos de idade; ao passo que, de acordo com o ponto de 
vista aceito o superego não começaria a ser ativo, até que houvesse 
desaparecido o complexo edipiano isto é, aproximadamente, no 
quinto ano de vida. Além disso, meus dados demonstravam que 
este superego inicial era desmedidamente mais rigoroso e cruel 
que o da criança maior ou o do adulto, e que, literalmente, 
esmagava o ego débil da criança pequena. (1)
É verdade que no adulto encontramos em ação um superego 
mais severo do que o tinham sido na realidade os pais do paciente 
e que não é absolutamente igual a eles, em outros aspectos. Não 
obstante, aproxima-se deles mais ou menos. Mas na criança 
pequena deparasse-nos um superego de tipo o mais incrível e 
fantástico. E quanto mais nova for a criança, ou mais profundo o 
nível mental em que penetramos, tanto mais isso acontece. 
Chegamos a considerar o temor da criança de ser devorada, ou 
cortada, ou despedaçada, ou seu terror de ser cercada e perseguida 
por figuras ameaçadoras, como um componente regular de sua 
vida mental; e sabemos que o lobo comedor de homens, o dragão, 
que vomita fogo e todos os monstros malignos dos mitos e dos 
contos de fadas florescem e exercem sua influência inconsciente 
na fantasia de cada criança, e que ela se sente perseguida e 
ameaçada por essas figuras maldosas. Mas penso que sabemos 
mais do que isso. Não me resta dúvida, graças a minhas 
observações analíticas, de que as identidades que se ocultam detrás 
dessas figuras imaginárias, aterradoras, sejam as dos pais da 
própria criança; nem de que, de um ou de outro modo, essas formas 
aterradoras reflitam as características do pai e da mãe da criança, 
por mais deformada e fantástica que a semelhança possa parecer.
Se aceitarmos esses fatos de observações analíticas; em 
crianças pequenas e reconhecemos as coisas, que a criança teme, 
são esses monstros e feras, que intemalizou e que iguala a seus 
pais, seremos levados às seguintes conclusões: 1) O superego da
José Faustino A lbuquerque Filho 19
criança não coincide com o quadro apresentado por seus 
verdadeiros pais, mas é criado de quadros imaginários, ou imagens 
deles, que incorporou a si; 2) Seu temor dos objetos reais - sua 
ansiedade fóbica - baseia-se em seu temor tanto de seu superego 
não realista de objetos, que são reais, em si mesmos, mas que ela 
vê sob uma luz fantástica sob a influência de seu superego.
Isto nos leva ao problema, que se me afigura o centro em 
toda questão da formação do superego. Como é que a criança cria 
uma imagem tão fantástica de seus pais - uma imagem dc tal 
forma afastada da realidade? A resposta se encontrará nos fatos 
descobertos nas análises infantis. Ao penetrarmos nas camadas 
mais profundas da mente da criança e ao descobrirmos essas 
enorm es cargas de ansiedade - esses tem ores dc objetos 
imaginários e esses terrores de ser atacadas de todas as fonnas 
possíveis - tam bém trazem os à luz um a quantidade 
correspondentede impulsos agressivos reprimidos e podemos 
observar a conexão causai entre os temores da criança e suas 
tendências agressivas.
Em seu livro, Beyond the Pleasure-Principle (Além do 
Princípio do Prazer), Freud formulou uma teoria de acordo com a 
qual, no início da vida do organismo hum ano, o instinto 
agressivo,ou instinto de morte, enfrenta oposição e é contido pela 
libído ou instinto de vida - o Eros. Em seguida produz uma fusão 
dos dois instintos, que dá origem ao sadismo. A fím de evitar ser 
destruído por seu próprio instinto de morte, o organismo emprega 
sua libido narcísica, ou de autoconsideração, para expulsar aquele 
e dirigi-lo contra seus objetos. Freud considera este processo como 
o fundamento das relações sádicas da pessoa, com seus objetos. 
E eu acrescentaria ainda que, paralelamente a esse desvio do 
instinto de morte para fora, contra os objetos, se produz uma 
reação intrapsíquica de defesa contra a parte desse instinto que 
não pode ser assim exteriorizada. Porque o perigo de ser destruído 
por esse instinto agressivo, provoca uma excessiva tensão no ego,
20 P sicologia Infantil
que é sentida por este como uma ansiedade, de tal modo, que se 
defronta, logo no início de seu desenvolvimento, com a tarefa de 
mobilizar a libido contra seu instinto de morte. Todavia, essa tarefa 
só pode ser desempenhada de forma imperfeita, visto que, devido 
à fusão dos dois instintos, não é possível, como sabemos, efetuar 
uma separação entre eles. Produz-se uma divisão no ID, ou nos 
planos instintivos da psique, nessa divisão uma parte dos impulsos 
instintivos é dirigida contra a outra.
Esta medida de defesa por parte do ego, aparentemente a mais 
p rim itiva , constitu i, assim , a pedra fundam ental do 
desenvolvimento do superego, cuja excessiva violência, nessa 
primeira etapa, ficaria assim explicada pelo fato de ser um produto 
de instintos destrutivos muito intensos e de encerrar, juntamente 
com certa proporção de impulsos libidinosos, quantidades muito 
grandes de impulsos agressivos. (2)
Este ponto de vista faz com que se tome menos difícil entender 
por que a criança forma imagens monstruosas e fantásticas de 
seus pais. Pois ela percebe sua ansiedade, proveniente de seus 
instintos agressivos, como temor de um objeto externo, tanto 
porque fez do aludido objeto sua meta exterior como porque 
projetou aqueles instintos sobre essa meta, de tal forma que eles 
parecem ter origem nesse setor e dele partir contra a própria 
criança.
Dessa maneira, desloca para o exterior a fonte de sua 
ansiedade e transforma seus objetos em objetos perigosos; porém, 
na verdade, esse perigo pertence a seus próprios instintos 
agressivos. Por esse motivo, seu temor e relação aos objetos será 
sempre proporcional ao grau de seus próprios impulsos sádicos.
Contudo, não se trata simplesmente de uma questão de 
transformar certa dose de sadismo numa dose correspondente de 
ansiedade. A relação é também uma relação de conteúdo. O temor 
da criança a seu objeto e a seus ataques imaginários que dele 
sofrerá se prendem em todos os pormenores, a cada um dos
José Faustino A lbuquerque F ilho 21
impulsos e fantasias agressivos que ela abriga contra seu ambiente. 
Dessa maneira, cada criança cria imagens de seus pais que lhe 
são peculiares, embora em cada caso essas imagos sejam de caráter 
irreal e terrífico. (3)
Segundo minhas observações, a formação do superego começa 
ao mesmo tempo em que a criança efetua a primeira introjeção 
oral de seus objetos. Visto que as primeiras imagens que ela assim 
forma estão dotadas de todos os atributos do intenso sadismo que 
pertence a essa fase de seu desenvolvimento, e visto que elas 
serão projetadas, mais uma vez, e objetos do mundo exterior, a 
criança pequena se toma dominada pelo temor de sofrer ataques 
cruéis e imagináveis, tanto de seus objetos reais como de seu 
superego. Sua ansiedade servirá para aumentar seus próprios 
impulsos sádicos, instigando-a a destruir aqueles objetos hostis a 
fim de escapar às suas investidas.
22 Psicologia Infantil
PORQUE É PRECISO DIZER NÃO? NA GERAÇÃO 
PASSADA TUDO ERA PERMITIDO.
Você, pai e mãe da virada do milênio, sabem quanto está difícil 
educar filhos. Na hora do banho, o pequeno chora e esperneia. Só 
come na frente da televisão. No shopping, quando vê um brinquedo 
novo na vitrine, faz birra até que mamãe decida comprá-lo.
Para os pais de hoje, nascidos ou educados nos anos 60 e 70, 
lidar com essas situações é mais complicado do que se imagina. 
Dar uma palmada ou impor um castigo, nem pensar. Afinal, essa 
geração de pais cresceu ouvindo dizer que nada é mais saudável 
do que deixar as crianças exercitarem suas próprias emoções, 
limites e potencialidades. As idéias em voga na época em que 
esses pais estavam na universidade sustentavam que é assim que 
se formam adultos criativos, curiosos e críticos, mais habilitados 
a tomar decisões e mais tolerantes com idéias alheias. E agora? 
O que fazer com o adolescente que passa a madrugada na frente 
do computador, dorme até tarde e deixa as roupas espalhadas pelo 
quarto? E se a filha queridinha do papai aparece em casa de 
piercing no nariz?
Dizer não é um desafio que está além das forças e convicções 
de muitos pais e mães. Veja o caso da comerciante Gleisy Pires, 
do Recife. Genuíno produto dos anos 60, Gleisy nasceu em 1963, 
numa família conservadora. “Eu não tinha liberdade para nada”, 
conta ela. “Nunca pude discutir meus problemas com minha mãe. 
Meu pai não me deixava sair de casa, nem para ir s festinhas na 
casa dos amigos. E, se errasse ou desobedecesse, apanhava”.Hoje, 
aos 36 anos, Gleisy é mãe de três filhos, uma adolescente, de 13 
anos, e um casal de gêmeos, de 8. As crianças brigam, tiram os 
móveis do lugar, perseguem o cachorro em cima dos sofás, 
espalham roupas e brinquedos pela casa.
José Faustino A lbuquerque Filho 23
“Eu vivo num etemo dilema”, conta Gleisy. “Sei que é preciso 
colocar limites, mas não quero repetir com meus filhos o que os 
meus pais fizeram comigo. Tenho medo de que, no futuro, eles 
me vejam como uma pessoa que vivia gritando e cerceava tudo o 
que tentavam fazer”.
Esse tipo de insegurança é mais do que natural. Milhões de 
pais e mães no mundo se sentem assim. Muitos chegam a ter 
medo de entrar em confronto com os filhos. Não sabem o que 
pode resultar de um empate. No passado, os pais acreditavam 
que os filhos lhes deviam obediência cega. Justificavam-se perante 
si próprios com a crença de que estavam impondo uma linha de 
comportamento rígida para o bem das crianças. Os jovens pais da 
geração que agora está vendo os filhos crescer não acreditam mais 
nisso. Aprenderam que, pelo velho modelo, os adultos corriam o 
risco de ser tiranos com as crianças, ser injustos e até mesmo 
usar os filhos como saco de pancada apenas para dar vazão às 
próprias frustrações. Acontece que muitos pais modernos se 
tomaram modernos em excesso. Não sabem dizer não para nada. 
Com isso, prejudicam os filhos. A liberdade excessiva ensina agora 
um número crescente de psicólogos e pedagogos, produz adultos 
sem noção de limites e responsabilidades.
Esse é o assunto do momento entre especialistas em educação 
no mundo inteiro. No catálogo daAmazon.com, a maior livraria 
da internet, existem nada menos que dezesseis títulos dc livros 
sobre dizer não aos filhos. Eles tratam de tudo, do sono dos recém- 
nascidos à prevenção ao uso das drogas. Na Inglaterra, um dos 
maiores sucessos editoriais nos últimos meses é um livro chamado 
Saying No - Why It’s Important for You and Your Child (Dizer 
Não - Por que Isso É Importante para Você e Seu Filho).
A autora, a psicoterapeuta Asha Phillips, afirma que desde os 
primeiros meses de vida dos bebês os pais devem estabelecer 
claramente certos limites. “Pais que se recusam a dizer não nos 
momentos apropriadosestão roubando de seus filhqs a capacidade
24 Psicologia Infantil
de exercitar suas emoções”, escreve a terapeuta.
Asha Phillips também diz que cabe aos pais escolher a hora e 
a forma adequada de dizer não. Espancar ou impor castigos físicos 
é, evidentemente, um comportamento absurdo e inaceitável nos 
dias de hoje. “Mas um tapinha simbólico, bem de leve, num 
momento de birra pode ser uma atitude saudável dos pais”, afirma 
a terapeuta. Segundo ela, é errado permitir que uma criança faça 
escândalo nos supermercado ou no meio da rua porque se cansou 
de acom panhar os pais nas compras. Da mesma forma, os 
adolescentes precisam ter horários para chegar em casa e saber 
respeitar os demais membros da família.
“Quem diz sim o tempo todo, para não passar a imagem de 
autoritário, está criando uma situação fantasiosa e perigosamente 
distante da vida real”, explica Asha Phillips. “Frustração, raiva, 
ódio, disputa e privações fazem parte do aprendizado de uma 
criança tanto quanto o amor, o carinho e o afeto que ela deve 
receber dos pais”.
E curioso observar como as idéias a respeito da educação dos 
filhos vão mudando. Até a metade deste século, a criança era 
encarada como um selvagem a ser civilizado. Essa noção serve 
de roteiro ao filme Karakter, atualmente nas locadoras. É uma 
produção holandesa, ganhadora do Oscar de m elhor filme 
estrangeiro no ano passado, na qual um pai tenta m oldar a 
personalidade do filho e transformá-lo num adulto bem-sucedido 
usando uma receita que mistura desafios, castigos e a mais 
completa ausência de afeto. Essa idéia, pôr incrível que pareça, 
prevaleceu até bem poucas décadas atrás. O pai era o senhor 
absoluto da casa, ao quais os filhos deviam prestar respeito e 
obediência. Dele não se esperava nenhuma demonstração de 
carinho ou emoção, especialmente em relação aos filhos homens.
De repente, tudo mudou. Nos revolucionários anos 60 e 70, 
ficou-se sabendo que amor, e só amor, era a fórmula infalível 
para que uma criança crescesse feliz e emocionalmente estável.
José Faustino A lbuquerque Filho 25
Ali you need is love (tudo o que você precisa é amor), anunciava 
uma célebre canção dos Beatles. Em casa e na escola, as surras 
de palm atória, cintos e vara imediatam ente deram lugar à 
liberdade quase absoluta. Alguns pais chegaram a ponto de não 
incutir seus princípios religiosos nos filhos, sob o argumento de 
que a escolha de uma religião ou nenhuma deveria ser tomada 
pelo próprio filho quando ele tivesse a idade adequada para isso. 
Nas chamadas escolas alternativas, surgidas nessa época, os alunos 
não precisavam fazer provas nem tinham notas ou regras de 
conduta. Com isso, a geração que cresceu sob o domínio dos pais 
autoritários fazia um esforço sincero de dar mais liberdade aos 
filhos, para que a espontaneidade das crianças florescesse sem 
ser abafada pela opressão dos mais velhos. Em muitos casos, o 
resultado foi desastroso. Está aí uma geração de adolescentes e 
jovens entre os quais muitos se sentem despreparados para 
enfrentar um mundo que cobra eficiência, respeito e disciplina.
Os pais dos anos 90 estão empenhados em buscar um ponto 
de equilíbrio entre aquela autoridade opressiva do pai-patrão e a 
noção de liberdade sem fronteiras que a sucedeu. O psicoterapeuta 
José Ernesto Bologna, consultor dos colégios Bandeirantes e Santa 
Cruz, em São Paulo, costumam contar a história de ícaro, um 
mito grego de mais de 3000 anos, nas suas palestras sobre a 
importância dos limites na educação dos filhos. Nessa história, 
ícaro é um garoto que, na adolescência recebe do pai, Dédalo, um 
par de asas feitas de penas de aves coladas com cera. Com elas, 
ícaro poderia voar desde que observasse determinadas regras, 
como não se aproximar demais do sol. Pois foi exatamente isso 
que aconteceu. ícaro voou tão alto que o calor solar derreteu a 
cera de suas asas e ele caiu e morreu.
“No mito há uma lição simples: os pais devem estimular seus 
filhos a fazer coisas novas, como voar no caso de ícaro, mas antes 
é necessário ter certeza de que o filho é capaz de respeitar limites”, 
observa Bologna. “E preciso ser sempre muito elaro e até
26 Psicologia In fantil
intransigente quanto às regras e condutas a ser seguidas”.
Filha de uma geração mais repressora, a fotógrafa Loris 
Machado, de 48 anos, tornou-se hippie na adolescência. Era 
m ilitan te da onda f lo w e r power, ala fundam entalista do 
movimento.
“Cheguei a morar com índios embaixo de uma jatobá à beira 
do Rio Araguaia”, conta. Sua forma de vestir-se e comporta-se 
em público renderam-lhe muitas críticas dos filhos, que agiam 
como se fossem seus pais. “Eu me lembro que vivia pedindo para 
ela se comportar”, diz a atriz Maria Valentim, de 21 anos, filha 
de Loris que mora no Rio de Janeiro. “Dava bronca mesmo: suas 
roupas pareciam uma fantasia. Eu sou mais certinha”. Maria é 
hoje mãe de Luana, de 1 ano e meio, e quer encontrar um meio- 
termo entre educação liberal que teve dos pais e a autoritária que 
sua mãe recebeu dos avós.
“Quero mostrar tudo o que pode, mas também o que não 
pode”.
Como tudo na vida, impor limites é também uma questão de 
bom senso. Castigos e reprimendas não têm utilidade alguma se 
na relação entre pais e filhos também não houver diálogo, 
compreensão, amor e carinho, Quando se diz não, é preciso 
explicar claramente pôr quê. “Não adianta nada os pais castigarem 
uma criança proibindo-a de fa2er algo que não tem nada a ver 
com o erro cometido”, afirma o professor Nilson José Machado, 
da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, USP. 
Nesse caso, o não pode ser entendido como arbitrariedade ou 
vingança. E isso não tem utilidale pedagógica alguma. “As vezes 
um choro, ou uma bagunça exigerada, é apenas um pedido de 
ajuda do filho”, explica a psicóloga infantil Anair Mello, do 
Recife.
“Nessas situações, as criaiças pedem limites. Se os pais 
cedem, elas ficam sem parâmefos para a vida”.
Aos 32 anos, mãe de uma menina de 1 ano e 9 meses e grávida
José Faustino A lbuquerque F ilho 27
de sete meses, a psicóloga paulista Christiana Cunha Freire 
imaginou que seria mais fácil educar sua filha. “Estabelecer 
limites é difícil”, reconhece. “Nem sempre consigo manter o não 
até o fim, mas agora estou tentando ser mais firme. Isso é 
importante para o futuro da minha filha”. Outro exemplo é o da 
professora de inglês para as crianças Ana Luisa Carneiro de 
Mendonça. Mãe de Leo, de 1 ano e 10 meses, ela prefere ser 
parcimoniosa nas repreensões e negociar de maneira mais 
cuidadosa os limites com o filho.
“Proibir tudo sem motivo pode frustrar a criança”, raciocina 
ela. “Só uso o não quando realmente necessário.”
São raros os pais que conseguem dosar direito essa fórmula. 
Geralmente, começam a ceder quando o filho ainda é recém- 
nascido. Basta que chore no berço antes de dormir - e eles 
prontamente acendem a luz, pegam-no colo e o levam para dormir 
na cama do casal. Mais tarde cedem novamente quando ele, mais 
crescidinho, se recusa a comer o que os pais lhe oferecem e 
transforma a hora de desligar a televisão num pesadelo doméstico. 
Aos poucos, perdem o pé da situação, criando em casa um pequeno 
déspota. Muitas vezes o resultado dessa ausência de limites dentro 
de casa só vai aparecer na escola, ocasião em que a criança ou o 
adolescente começam a dar sinais de problemas emocionais.
Hoje, é enorme a quantidade de instituições que dispõem de 
serviços especiais para atendimento de alunos com problemas de 
disciplina e falta de parâmetros de comportamento. E a procura 
costuma ser grande. “Em muitas famílias, liberdade é confundida 
com abandono”, adverte a psicóloga Andréa Capelato, do Instituto 
Paulista de Adolescência. “Infelizmente, muitos pais nunca se 
preocupam com seus filhos, nem para ajudá-los nos problemas 
nem para corrigi-los nos erros” .Nessecaso, como o Dédalo do 
mito grego, acabam superestimando o poder de avaliação dos 
próprios filhos. “Só definir os limites não basta”, afirma Andréa. 
“E preciso observar como os filhos administram a própria
28 Psicologia In fantil
autonomia”.
“É muito comum os pais não terem a menor idéia do que se 
passa com os filhos”, diz a pedagoga Angela de Azevedo Antunes, 
coordenadora do departamento de orientação educacional do
Colégio Bandeirantes, escola tradicional de São Paulo. 
“Muitas vezes das crianças e os jovens têm sérios problemas para 
encarar as mais básicas regras do convívio social”, constata. Desde 
fevereiro, o serviço que ela coordena já realizou aproximadamente 
700 atendimentos, de cerca de 2800 alunos matriculados na escola. 
Os casos incluem desde dificuldades de concentração e atenção 
na sala de aula até o uso de drogas e indisciplina. “A maioria dos 
pais trabalha dez, doze horas por dia e mal consegue ver o filho, 
que passa a maior pare do tempo na escola”, explica Angela. 
“Tivemos de assumir, pelo menos parcialm ente, o papel da 
fam ília , sob pena vemos nosso trabalho educacional 
comprometido”.
A ausência dos pais na educação dos filhos é também 
responsável pelo aumento da c lien te la nos consu ltó rios 
psico lóg icos. É cadi vez m aior o núm ero de crianças e 
adolescentes que precisam desse tipo de ajuda.
O psicoterapeuta Eugênio Chipkevitch fez uma pesquisa 
informal sobre o assunto em escolas particulares de São Paulo. 
Constatou que, em algimas turmas, um terço dos alunos já tinha 
passado pôr algum tpo de terapia. “Estamos vivendo uma 
excessiva medicalização e psicologização das dificuldades das 
crianças”, afirma ele. ‘Os pais preferem pagar para que seus filhos 
resolvam essas questces em consultórios psicológicos, em vez 
de assumir eles próprios a tarefa de ajudar”. Chipkevitch acredita 
que o problem a de lutoridade e imposição de lim ites está 
particularm ente ligado à figura paterna. Tradicionalm ente 
investido da última pilavra quando o assunto diz respeito aos 
filhos, o pai moderno (Stá muito mais preocupado com o trabalho, 
com as formas de amjliar os rendimentos e com a realização
José Faustino A lbuquerque Filho 29
pessoal do que com a educação dos filhos. “Os adolescentes que 
flerta com o perigo e com a violência está em busca da figura do 
pai, investida de au toridade” , diz ele. “As vezes, acaba 
encontrando-a num delegado de polícia”. Pôr essa razão, segundo 
ele, pais e filhos precisa ter um relacionamento de respeito e amor 
mútuos. Outro aspecto crucial é a integridade. O filho deve 
identificar coerência nos conselhos e orientações que recebe. “Os 
pais não podem ensinar uma coisa e fazer outra muito diferente”, 
ensina Nilson Machado, professor da Universidade São Paulo. É 
preciso também haver alguma afinidade entre as orientações dadas 
pelo pai e pela mãe. Mesmo casais separados devem fazer um 
esforço para estar de acordo nesse aspecto. “É muito ruim para 
os filhos quando recebem dos pais orientações muito diferentes e 
contraditórias”, afirma Machado.
Educar sempre envolveu erros e acertos. Nenhum pai ou mãe 
tem a receita infalível para transformar os filhos em pessoas 
felizes e bem-sucedidas. Essa é uma experiência que vem sendo 
testada e aperfeiçoada desde a humanidade existe. Tão errado 
quanto abandonar os filhos é achar que eles devem seguir à risca 
as fórmulas idealizadas pelos pais. “Os pais não se devem julgar 
onipotentes”, diz Machado. “Nem tudo depende deles. Pôr melhor 
que sejam as intenções, não pode obrigar os filhos a ser exatamente 
o que eles querem”. A única receita segura, que jamais deu errado, 
é fazer tudo com amor e carinho. A pior coisa que pode acontecer 
com uma criança é ser deixada à própria sorte. Nenhuma pessoa, 
pôr mais inteligente e genial que seja, tem a capacidade de educar 
a si mesma e preparar-se sozinha para desafios da vida adulta. 
Essa é uma tarefa dos pais - com o natural apoio da escola, dos 
parentes, dos amigos e de quem mais puder ajudar nesse fascinante 
desafio que e preparar uma nova geração.
30 Psicologia In fantil
PAIS DEVEM ORIENTAR E PROTEGER
Há quatro anos, a psicoterapeuta Asha Phillips, de 45 anos, 
começou a estudar a falta de limites na educação de crianças e 
adolescentes. Professora na Clínica Tavistock, de Londres, ela 
constatou que um número alarmante de pais não consegue dizer 
não aos filhos. Decidiu então escrever Dizer Não - Pôr que Isso E 
Importante para Você e Seu Filho, um livro em que ela diz ser 
possível conciliar disciplina e liberdade. Alguns trechos de sua 
entrevista ao repórter Eduardo Salgado, para VEJA, em Londres:
Veja - Por que muitos pais não conseguem impor limites aos 
filhos?
Asha - Somos de uma geração que cresceu defendendo a 
liberdade. Tudo que era disciplinador passou a ter um ar militar, 
autoritário. Não queríamos isso para nós nem para nossos filhos. 
-Só que na educação esse ponto de vista foi nefasto. Já ouvi 
professores dizerem que não é preciso ensinar os alunos, pois 
eles aprenderiam naturalmente. Isso é um absurdo. Passamos de 
um extremo de rigidez para outro, completamente sem limites.
Veja - E ruim permitir que os filhos tomem decisões?
Asha - Depende da idade da criança e da situação. Em alguns 
casos, ela pode tomar certas decisões e aprender com os acertos e 
os erros. O que não está certo é passar-lhe a responsabilidade de 
todas as decisões. Cabe aos pais protegê-la e orientá-la.
Veja - Por que pais têm tanto medo de dizer não?
Asha - Porque os filhos reagem como se os pais fossem 
terrivelmente cruéis. Gritam e choram tanto que muitos pais ficam 
desesperados, acham que realmente estão fazendo algo errado.
Veja - A ausência de pais que trabalham muito prejudica o 
desenvolvimento dos filhos?
Asha - Mais importante do que a quantidade é a qualidade do
José Faustino A lbuquerque Filho 31
tempo que a família passa junta. Pais cansados e sem paciência 
não ajudam em nada. Pais com sentim ento de culpa não 
conseguem impor limites nem dizer não.
Veja - Um pai vê a filha chegar em casa com o cabelo pintado 
de azul e um brinco no nariz. Isso quer dizer que ela precisa de 
ajuda?
Asha - Caso ela esteja descontrolada, em situação de perigo 
ou em crise, sim. Mas se for só uma loucura de adolescente, não. 
E muito pior ter uma filha que nunca sai de casa e está sempre 
deprimida.
Veja - Quando os pais devem dizer não a si mesmos?
Asha - Eles não podem dominar a vida de seus filhos. Há pais 
que querem estar junto em todas as atividades, conhecer todos os 
amigos. Nessas horas, é necessário se controlar.
TESTE
QUE TIPO DE PAI OU MÃE É VOCÊ
32 Psicologia In fan til
De 0 a 5 anos
1) É hora de dormir e o bebê, apesar de saudável, não aceita 
ficar no berço sem chorar.
a) Você atende ao choro prontamente
b) Espera e só levanta-se se o choro for muito insistente
c) Deixa-o chorar até que se acalme
2) Seu filho não aceita ficar na cadeira para bebês no banco 
traseiro do carro e começa chorar.
a) Você desiste do passeio
b) Tenta acalmá-lo
c) Dá uma bronca e ignora seu choro
3) No restaurante, a criança insiste em correr entre as mesas 
incomodando os outros clientes.
a) Você acha natural e não toma providência alguma
b) Procura distraí-la com outra coisa
c) Obriga a criança a ficar quieta
De 5 a 10 anos
4) A criança se recusa a comer nos horários regulares e quer 
atacar doce e salgadinhos.
a) Você acha que o importante é que ela se alimente, seja 
com o que for;
b) Explica a importância da alimentação e permite doce e
José Faustino A lbuquerque F ilho 33
salgadinhos só complemento
c) Proíbem terminantemente que ela coma doce e salgadinhos
5) A professora comunica que seu filho tem tido atritos 
freqüentes como colegas na escola.
a) Você acha que a professora está exagerandoe que seu filho 
está correto
b) Ouve os dois lados da história e repreende a criança
c) Deixa seu filho de castigo sem permitir que ele explique o 
ocorrido
6) A criança assiste à televisão por horas a fio e se recusa a 
sair da frente do aparelho.
a) Você não interfere
b)Tenta convencê-la a fazer outras atividades e limita o tempo 
da TV
c) Determina o horário em que seu filho pode assistir à TV
De 10 a 15 anos
7) Seu filho não tem o menor senso de organização e não 
colabora com as tarefas da casa.
a) Você acha natural que um adolescente seja assim
b) Conversa com ele, fazendo-o guardar seus pertences.
c) Você o faz manter o quarto em ordem, não aceitando a 
bagunça em hipótese alguma.
8) Você flagra uma mentira de seu filho,
a) Acha natural, afinal todo mundo mente.
34 Psicologia In fantil
b) Mostra que ele errou e destaca o valor da confiança
c) Você o pune com rigor
9) Seu filho tem uma festa e avisa que vai voltar de 
madrugada, mesmo tendo aula no dia seguinte.
a) Você não vê problemas
b) Conversa com ele sobre a im portância de respeitar 
compromissos e pede para que volte mais cedo
c) Você o proíbe de ir à festa
GABARITO
Se a maioria das respostas for a, você é um pai permissivo. 
Seu filho perde com isso.
Se a maioria das respostas for b, você é um pai poderoso e 
flexível. A negociação é mesmo um bom caminho na educação 
dos filhos.
Se a maioria das respostas for c, você é um pai muito rigoroso. 
Alerta o excesso de rigor nem sempre é a melhor forma de colocar 
limites.
José Faustino A lbuquerque Filho 35
ENTREVISTA 
O CRESCER ATRAVÉS DO BRINCAR
A chegada do dia das crianças, 12 de outubro, traz á tona um 
assunto extremamente importante para o desenvolvimento infantil
- o brincar, ação esta de caráter essencialmente lúdico. Para contar 
um pouco, mas sobre a importância do brincar para as crianças 
de todas as idades, a equipe de jornalistas do site Bebê 2000 
entrevistou com exclusividade a professora titular da Faculdade 
de Educação da Puc, SP, Maria Ângela Barbato Carneiro, também 
coordenadora do Departamento de Fundamentação da Educação 
da Pontifícia Universidade Católica (Puc).
REVISTA BEBÊ 2000-Q UAIS AS CARACTERÍSTICAS 
DAS CRIANÇAS ENTRE 0 E 2 ANOS DE IDADE?
Professora Maria Ângela Barbato Carneiro - as crianças entre 
0 e 2 anos de idade caracterizam-se pela sua ação. Pode-se até 
mesmo dizer que elas são ações. Conhecem o mundo através da 
boca, chupando ou mordendo, começam a movimentar-se até 
ficarem em pé, entendem gestos e palavras, chcgando a repeti- 
las.
REVISTA BEBÊ 2000 - QUAIS OS BRINQUEDOS MAIS 
INDICADOS PARA ESTA FASE?
Professora Maria Ângela Barbato Carneiro - Nesta idade são 
aconselháveis brinquedos que favorecem o exercício. Inicialmente 
são indicados os mobiles, brinquedos sonoros, caixinhas de 
música, mordedores. Enfim, tudo aquilo que possa favorecer a 
estimulação sensorial, visual, olfativa e tátil da criança.
REVISTA BEBÊ 2000 - QUANDO A CRIANÇA COMEÇA 
A ENGATINHAR, EXISTE ALGUM TIPO ESPECIFICO DE 
BRINQUEDO RECOMENDADO PARA ESTE PROCESSO 
DE TRANSAÇÃO?
36 P sicologia In fantil
Professora Maria Ângela Barbato Carneiro - Quando ela 
começa a engatinhar até ficam de pé são mais adequados dos 
brinquedos de arrastar, empurrar, puxarem, rolar, objetos para 
encher e esvaziar, bolas de 8 a 10 cm, objetos de borracha, bonecas 
e animais de pelúcia não muito grandes. São importantes também 
brinquedos para areia e água.
REVISTA BEBÊ 2000 - QUAIS OS TIPOS DE JOGOS 
PREFERIDOS PELAS CRIANÇAS ENTRE 2 E 4 ANOS ?
Professora Maria Ângela Barbato Carneiro - As crianças desta 
fase são mais conversadoras e imaginativas, além de terem 
adquirido uma maior coordenação e equilíbrio nas atividades. 
Gostam de jogos de representação. São indicados para elas 
tric ic lo s , bonecas e acessórios objetos que perm item a 
representação de papeis, brinquedos de empilhar, lápis de cor, 
massas, jogos de encaixe, carrinhos (sem pilha), brinquedos para 
água e areia, fantoches e jogos de construção.
REVISTA BEBÊ 2000 - AS CRIANÇAS ENTRE 4 E 5 
ANOS COSTUM AM NATURALM ENTE AM PLIAR O 
CIRCULO DE RELAÇÕES, ALÉM DE DESENVOLVER 
AINDA M AIS A IM AG INAÇÃO . QUE TIPO DE 
BRINQUEDOS OS PAIS DEVEM COMPRAR PARA AS 
CRIANÇAS DESTA FAIXA ETÁRIA?
Professora Maria Ângela Barbato Carneiro - Os mais 
adequados são os que favorecem a representação de papéis, além 
daqueles que permitem atividades grupais, como bolinhas, 
dominós, quebram cabeças (com o número de peças variado), 
materiais de modelagem, triciclo e jogos de percurso.
José Faustino A lbuquerque Filho 37
È BRINCANDO QUE SE APRENDE - IVANI SOARES
A infância é o momento, por excelência, destinado ao brincar. 
E é brincando que a criança resolve os problemas, busca soluções, 
realiza seus desejos, representa papeis e conhece o mundo que a 
cerca. Daí a importância dos pais que incentivarem e mais 
participarem deste momento lúdico da criança, visando construir 
para o seu desenvolvimento da sua identidade.
Muitos pais se questionam se é recomendável presentear 
crianças com brinquedos na ocasião do dia das crianças, por 
exem plo, ou se seria mais coerente investir em produtos 
considerados mais ‘úteis’ como roupas, livros, etc.
No entanto, ao contrário do que muitos pais pensam, o 
brinquedo e o ato de brincar têm um papel extrem am ente 
importante na vida da criança. Segundo professora titular da 
Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica (Puc/ 
SP) e Coordenadora do Departamento de Fundamentação da 
Educação da Puc, Maria Ângela Barbato Carneiro, a criança 
impedida de brincar pode vir a ter mais dificuldades para enfrentar 
a realidade futura e toma-se uma pessoa agressiva e mal resolvida. 
“Do ponto de vista social, em geral, será egoísta porque não teve 
oportunidades de observar regras e limites impostos pelas 
brincadeiras, além de experiências de ganhar ou perder. Não será 
capaz de repartir ou colaborar. Do ponto de vista físico poderá ter 
dificuldades de coordenação, será um eterno desastrado”, afirmou 
a professora, que também é presidente da Associação Brasileira 
de brinquedotecas (ABB).
Segundo a professora, é importante que os pais estejam atento 
ás fases de desenvolvimento da criança, pois em cada uma delas 
o brincar assume características diferentes, passando do exercício 
para o faz - de - conta para a regra e a construção “Deve - se 
lembrar que cada criança é única e diferente, portanto, o que pode
38 Psicologia In fantil
ser interessante para uma nem sempre é para as outras” destaca.
A ludicidade auxilia da mesma forma as crianças com 
necessidade especiais, uma vez que co labora no seu 
desenvolvimento e integração, auxiliando - as a se relacionar com 
o mundo, especialm ente, se tiverem pais, professores ou 
responsáveis que brinquem com elas. “Dependendo da dificuldade 
que a crianças tenham, brinquedos que favoreçam a estimulação 
sensorial são os mais indicados. Não são apropriados brinquedos 
que exigem movimentação violenta, especialmente para aqueles 
que apresentam dificuldades mentais ou motoras, informa. Se a 
opção de presente no Dia das crianças recaírem para brinquedos, 
as especialistas recomendam que os pais procurem lojas que 
trabalhem com brinquedos educativos e artesanais”.
José Faustino A lbuquerque Filho 39
BRINCA R EVITA COMPORTAMENTOS 
AGRESSIVOS NAADOLESCÊNCIA
“O brincar pode ser um instrumento de prazer para qualquer 
criança”. Este simples ato possui efeitos terapêuticos e até mesmo, 
pedagógicos, afirma a psicóloga Carla Maia, idealizadora de um 
curso que ensina a adultos a importância do brincar. Segundo a 
especialista, a primeira infância é a fase preparatória para a 
adolescência.
“Por isso, Carla defende a importância dos pais darem suporte 
em ocional á criança nesteperíodo” Quando os pais têm 
consciência do quando isso é vital, estão na verdade prevenindo 
futuros adolescentes agressivos ou deprimidos, “enfatiza”
O efeito positivo do brincar também é verificado em crianças 
portadoras de deficiências físicas e m entais. B rinquedos 
especialmente desenvolvidos para estas crianças transformam o 
brincar numa oportunidade preciosa de ensinar.
A DESCOBERTA DO BRINCAR
A riqueza do mundo infantil enche o universo adulto dc 
perplexidade diante de cada nova descoberta da criança. O brincar 
é um desses portais, no qual os pais podem e devem romper as 
barreiras da fala para participar ativamente das descobertas 
infantis. O que parece simples - o brincar - é, na verdade, uma 
oportunidade única de ensinar e compartilhar como o bebê à 
exploração de um novo e maravilhoso mundo. Sem dúvida alguma, 
de todas as tarefas humanas, introduzir um pequeno ser ao mundo, 
é o mais desafiante e gratifícante trabalho.
A American Academy of Chil na Adolescent Psychiatry, 
concentuada instituição norte americana com experiência de cinco 
anos de trabalhos e estudos do desenvolvimento infantil, realizou
40 Psicologia In fantil
uma pesquisa na área educacional e codificou quatro tópicos 
básicos do desenvolvimento infantil (de 0 a 18 meses), através 
da brincadeira: movendo e explorando, interagindo e sentindo, 
pensando e aprendendo, e comunicando e conversando. O estudo 
tem a finalidade de auxiliar os pais, tios e avós a transformar a 
brincadeira num exercício lúdico de aprendizado constante.
POR QUE BRINCAR É TÃO IMPORTANTE?
A criança passa a entender o mundo que o cerca através das 
brincadeiras. Para o bebê, a exploração dos objetos com a boca, 
os olhos e as mãos são fonte inesgotável de prazer. A cada idade, 
as aptidões motoras da criança vão se desenvolvendo e tomam 
possível a comunicação do adulto com este pequeno universo. As 
informações que os pais podem transmitir como segurança, amor 
e alegria são mais compreensíveis aos pequenos quando passadas 
durante ou por uma brincadeira. Portanto, brincar é também 
educar, mimar, proteger...
MOVENDO E EXPLORANDO
Incentivar o bebê a realizar pequenas atividades é vital para 
que ele chegue aos dos anos dotados de pequenas aptidões 
musculares, alcançarem, segurar, mover objetos de uma mão para 
outra, pegar objetos utilizando as duas mãos juntas, pegar coisas 
isoladas e junta lãs... Enfim, desenvolver a capacidade motora.
Dicas de brincadeiras e brinquedos: é importante que os pais 
motivem a criança a formas e cores diferentes são indicadas.
José Faustino A lbuquerque Filho 41
TAREFAS MAIS IMPORTANTES 
COMO OS PAIS PODEM AJUDAR
0 a 3 meses Desenvolvimento continuo da cabeça e do 
pescoço.Segue objetos com os olhos.Vira para verificar fonte 
de som.
- Prover suporte confortável para o desenvolvimento do bebê.
3 a 6 meses: Suporta o peso do antebraço quando está de 
bruços.Alcançar e segura objetos.
-Incentive o bebê a brincar nesta posição para que ele 
desenvolva os músculos do pescoço e fortaleça os ombros.
-Incentive - o a alcançar os brinquedos.
6 a 9 meses. Senta sem suporte. Move o tronco em volta da 
barriga e alcança os joelhos. Pega a manipula objetos. Coloca 
coisas na boca.
-Sorria e gargalhe com o bebê.
-Curta cada descobrimento da criança e demonstre claramente 
isso.
-Converse com o bebê enquanto aponta a imagem dele no 
espelho ou fotografias.
9 a 12 meses. Engatinha, levanta sozinho e caminha 
segurando nos moveis. Devolve objetos, mostrando precisão 
nas mãos.
-Incentive o bebê a andar pela casa, segurado nos moveis.
-Procure cobrir moveis e objetos pontiagudos para que o bebê 
não se machuque.
-Dê brinquedos coloridos para a criança explorar.
12 a 18 meses. Levanta, senta e rasteja escada acima. 
Empurra brinquedo sozinho. Empilha brinquedos.
-Incentive o bebê a tentar andar.
-Ofereça brinquedos de vários tamanhos para que ele empurre.
-Brinque no chão com o bebê, oferecendo brinquedos 
coloridos com anéis e blocos de plástico coloridos. Quebra-
42 Psicologia In fan til
cabeças plásticos também são bem vindos.
INTERAGINDO OS SENTIDOS
As primeiras relações sociais da criança-sejam com os pais 
com familiares mais próximos, são vitais para desenvolver o 
sentido de confiança, segurança e conforto. A partir daí, o bebê 
passa a explorar emocionalmente o mundo que o cerca.
Essa interação ocorre devagar e alcançar seu ápide quando o 
pequeno chega ao décimo oitavo mês. Nesta fase ele está 
compreendendo plenamente o sentido social e é capaz de expressar 
e se comunicar através das emoções, choros, sorriso, irritação.
TAREFAS MAIS IMPORTANTES COMO OS PAIS 
PODEM AJUDAR
0 a 3 meses. Responde a sorrisos espontaneamente. Mostra 
suas necessidades pelo choro.
-Mime e segure o bebê.
-Responda ao choro da criança.
3 a 6 meses. Sorrisos sociais espontâneos. Chora para atrair 
atenção. Responde a palavras e sons em geral.
-Mostre ao bebê que você sente alegria em trocar suas fraldas/ 
roupas.
-Deixe-o tocar o rosto da mãe/pai e olhe nos olhos.
-Converse, conte histórias e coloque música para o bebê.
6 a 9 meses.Interessa-se por objetos e pessoas.Toca no 
espelho quando vê a própria imagem refletida.Demonstra 
medo quando vê estranho.
-Sorria e gargalhe com o bebê.
-Curto cada descobrimento da criança e demonstre claramente 
isso.
-Converse com o bebê enquanto aponta a imagem dele no
José Faustino A lbuquerque Filho 43
espelho ou fotografia.
9 a 12 meses. Curte a interação social, mostra ansiedade 
frente a estranhos.
-Brinque e se divirta com o bebê.
-Tente não se afastar por longos períodos.
-Deixe-o abraçar o cobertor ou travesseiro.
12 a 18 meses. Mostra afeição a pessoas e coisas. Chora 
quando não está na brincadeira. Sente quando separado dos 
pais por longo período.
-Abrace e beije o bebê, dizendo que o ama.
Antes de sair avise aonde vai e quanto tempo levará.
-Deixe o bebê em companhia de familiares.
COMUNICANDO E CONVERSANDO
O choro, gestos e sorrisos são, na verdade, primeiras tentativas 
de comunicação do bebê com os pais. Desde o primeiro momento 
de vida ele usa essa linguagem para comunicar e pedir o que lhe 
falta. Essas tentativas os levam ás primeiras frases completas 
por volta dos dois anos.
Dicas de brinquedos e brincadeiras: use brinquedos simples 
que perm itam á criança mastigar. Telefones de brinquedo, 
pequenos bonecos, objetos que emitem sons, bolas, urso de pelúcia 
e objetos que mostrem repetições de ritmo e sons são alguns dos 
brinquedos indicados pelos especialistas.
TAREFAS MAIS IMPORTANTES COMO
OS PAIS PODEM AJUDAR
0 A 3 MESES. Comunica necessidades através do choro. 
Ouve, sente e vê.Associa vozes de parentes ao conforto e 
segurança.
-Responda ao choro da criança
44 Psicologia In fantil
-Emita sons e converse com o bebê, mostrando objetos.
-Cante para o bebê.
3 a 6 meses.Responde ao próprio nome.Emite sons e imita 
gestos dos adultos.Ouve seletivamente.
-Chame o bebê pelo nome.
-Converse e repita sons.
-Cante rimas e declare poesias infantis.
9 a 12 meses. Copia sons. Reconhece e começa apontar 
objetos que deseja. Repete sons de animais e fala papai e 
mamãe.
-Brinque com jogos gestuais.
-Aponte e dê nomes a objetos e pessoas.
Identifique animais e papai/mamãe.
12 a 18 meses. Segue direções e obedece a ordens. Aponta 
objetos e pessoas da família. Fala palavras simples.
-Converse com o bebê, usando frases curtas.
-Jogue bola no sentido do bebê e peça que ele devolva.
-Peça para que ele chame as pessoas pelo nome.
PENSANDO E APRENDENDO
O olhar do bebê é desbravador. Quando ele fixa os olhos nas 
bocas dos adultos busca compreender melhor este novo mundo 
que se descortina diante do seu pequeno ser. Ao olhar a criança 
também interage com os pais e essa comunicação silenciosa é 
carregadade simbologias e sentido. Na medida em que cresce, o 
bebê passa a elaborar pensamentos e correlações com o que vê. 
Aos dois anos ela já é capaz de compreender os elementos básicos 
do mundo e sabe de certa forma como as coisas funcionam.
Dicas de brinquedos e brincadeiras: os bebês com dois meses 
sentem-se atraídos por cores, desenhos e modelos diferentes. 
Providencie brinquedos com texturas, tam anhos e formas 
diferentes.
José Faustino A lbuquerque Filho 45
TAREFA MAIS IMPORTANTE COMO PAIS PODEM 
AJUDAR
0 a 3 meses.Reflexos sensoriais e motores: suga, vê e 
ouve.Move com regularidade durante a alimentação, o sonho 
e quando faz xixi ou coco.
-Estimule os sentidos do bebê com texturas variadas, sons 
suaves e objetos coloridos.
-Adapte o bebê a comidas e ao sonho em horários prefixados.
3 a 6 meses. Morde e toca tudo, colocando objetos na boca. 
Demonstra interesse. Olha para o lugar onde objetos são 
movidos.
-Introduza brinquedos coloridos e de diferentes texturas.
-Brinque com jogos.
-Brinque de esconder brinquedos e incentive o bebê a procurá-
los.
6 a 9 meses.Transfere os brinquedos de uma mão para 
outra.Puxa, bate e mexe enquanto brinca. Explora e investiga.
-Brinque no chão.
-Incentive o bebê a imitar gestos que você faz com brinquedos.
-Elogie o bebê pelos feitos.
9 a 12 meses. Começa a demonstrar interesse Manipula 
objetos para obter diferentes efeitos.
Incentive-o a faze imitações.
Brinque de apontar e dar nomes aos brinquedos.
12 a 18 meses. Procura novas experiências de sons com os 
brinquedos. D em onstra novos com portam entos durante á 
brincadeira. Tenta relações de causa e efeito. Usa cajados/bengalas 
como instrumento. Amontoa brinquedos.
Incentive o bebê á exploração do espaço físico.
Mostre as causas e efeitos dos brinquedos (ao apertar um 
botão o brinquedo emite um determinado som).
Brinque de amontoar brinquedos ( j o g o s de4 plástico).
46 P sicologia Infantil
PAIS: TEMPO PARA OS FILHOS É NECESSÁRIO
Desde o nascimento e, até antes, dentro da barriga da mãe, o 
bebê já é capaz de captar sentimentos e sensações externas. Desta 
forma, o carinho da mãe toma-se um fator positivo para a criança, 
desde a fase uterina. Nos primeiros dias de vida, o bebê sente-se 
tranqüilo e feliz nos braços da mãe e o ato de amamentar toma 
essa ligação ainda mais forte. No entanto, ao termino da licença- 
matemidade normalmente a mãe tem que voltar ao trabalho e em 
muitos casos, o ritmo frenético de trabalho dos pais, impede que 
estes permaneçam mais tempo com os filhos. Nesse caso, é 
aconselhável deixa-lo com alguém que tenha algum vínculo de 
afetividade com ele. Se na maior parte do dia os pais não têm 
tempo para ficar com a criança, deve-se ter um ambiente de 
pessoas substitutas tais como avós, tios e pajens. Hoje essa é uma 
grande dificuldade da família moderna que não tem aquela 
dimensão de antigamente? Declara o Psicanalista, Dr. Roberto 
Azevedo, membro do Comitê de Psicanálise de Campinas. O Dr. 
Azevedo ressalta que, anteriormente, se a mãe não estava presente, 
freqüentemente a avó estava e o número de filhos do casal era 
bem maior que hoje, o que contribuía para que a criança tivesse 
sempre uma companhia. ”Se não podem estar presentes a semana 
toda com a criança, á avó, no caso de for afetiva e carinhosa, vai 
suprir em parte esta ausência. Quanto mais pessoas a criança tiver 
por perto, mais crianças para brincar será melhor” , detalha o 
Psicanalista.
Felipe corre, pede para a perua esperar. -Bianca vamos logo, 
pega chupeta, vamos nos atrasar? Repete Márcia Camargo Costa, 
57 anos, para seus netos de cinco e dois anos, respectivamente, 
ao desce as escadas do prédio onde mora. A rotina se repete todos 
os dias e entre uma correria e outra comenta: ”Espero viver o 
bastante para vê-los crescer!” Márcia viúva, mãe de duas filhas e
José Faustino A lbuquerque Filho 47
avó de quatro netos. Dois deles manda para a escolinha logo cedo 
e os outros dois, Thiago, um ano e nove meses e Eduardo, 6 meses, 
ficam em casa. Uma de suas filhas, Ana Eliza, 18 anos, mãe de 
Thiago e Bianca está em tratamento por dependência química. A 
outra, Ana Cláudia, 35 anos, separada do marido há pouca tempo, 
deixou por conta da avó a educação dos pequenos, alegando falta 
de condições para tal tarefa.
Apesar da rotina estressante, Márcia não reclama do seu dia- 
a-dia. Ela sabe que é uma das inúmeras avós que chamaram para 
si a responsabilidade de educar os filhos de seus filhos, e para 
isso, é como se tivesse a chance de me dedicar mais, dar mais 
carinho e atenção, com vantagem de ter muito mais experiência 
no assunta”, destaca. Segundo ela os pais ela, os pais estão cada 
vez mais atarefados, a tal ponto de esquecerem , ou simplesmente, 
imporem a educação dos filhos aos avós. “No meu caso, por 
exemplo, com uma filha dependente de droga e outra que está 
saindo de uma casamento extremamente conturbado, acho que é 
o mínimo que eu posso fazer “, justifica, acrescentando que sua 
maior recompensa é o sorriso dos netos.Para Márcia ser avó é 
muito mais do que bajular os netos espontaneam ente com 
presentinhos e beijos carinhosos.Ser avó é vivenciar a maternidade 
plenamente,cada detalhas, enfim é ser a segunda mãe.
48 Psicologia Infantil
POR QUE AS CRIANÇAS PEDEM QUE ADULTO 
REPITA SEMPRE A MESMA HISTÓRIA?
Você já contou milhares de vezes a história do Chapeuzinho 
Vermelho para seu filho ou filha? O que parece incompreensível 
para os pais é para a criança uma fonte de compreensão renovada. 
Por trás deste repetido pedido da criança está à necessidade de 
compreender melhor as emoções passadas por determinadas 
histórias. “Os adultos perceberão que a criança geralmente pede 
lhe seja contada a mesmas histórias muitas vezes seguidas, e que, 
se mudamos alguma coisa no texto, logo é percebido pela criança, 
que corrige ou se irrita”, afirma a psicóloga carioca Fernanda 
Roche.
De acordo com Fernanda, este fato ocorre porque as crianças 
adoram a repetição, já que a ajuda de compreender melhor os 
sentimentos que aquela história despertou nela. Por exemplo, em 
João e Maria, a criança é levada a lembrar do medo de ser 
abandonada pelos pais todas as crianças sentem este medo, e que 
lhes causa grande ansiedade. Através da repetição do conta, 
aquelas em oções vão sendo experim entadas,m elhor 
compreendidas e elaboradas através do final feliz?, Salienta.
COMO E QUAIS HISTÓRIAS CONTAR PARA AS 
CRIANÇAS?
Magia dos contos, lendas e fábulas infantis, povoam não 
apenas a imaginação de crianças, mas também de adultas. Na 
verdade, ao abrir um livro para contar história aos pequenos o 
adulto também desfruta de momentos de pura diversão. Mas, até 
que ponto este prazer conjunto - criança e adulto-, influencia na 
construção da in telectualidade da criança e da p rópria 
personalidade? Quais as histórias, mais indicadas e como contá- 
las?
José Faustino A lbuquerque Filho 49
Segundo a psicóloga carioca Fernanda Roche, não existe uma 
técnica certa para ler livros para s crianças. O adulto apenas precisa 
ter disposição para dar mais esta atenção a elas.
Cada um descobre sua própria maneira de explorar melhor à 
hora da leitura. È muito importante o adulto escolha livros que 
encantem a criança, salienta.
As fábulas. A cigana e a formiga. A tartaruga e a lebre. A 
cegonha e a raposa, por exemplo, são importantes para a formação 
do caráter da criança. È fundamental que o leitor comente com a 
criança, ao final, ajudando a firmar as lições que as histórias 
trazem. Detalha a psicóloga.
C ontos c lássicos como O soldadinho dc Chum bo, 
Chapeuzinho Vermelho, Os três porquinhos, ser comentados, 
procurando sempre observar qual a compreensão que a criança 
tem da história. Ao fazer este exercício, o adulto está, na verdade, 
estimulando o raciocínio e capacidade de observaçãoda criança. 
Finaliza.
CUIDADO: O LIVRO OFERECIDO AO BEBÊ PODE 
CAUSAR RISCO Á SAÚDE.
Na ânsia de estim ular o hábito da leitura, rmiitos pais 
presenteiam o bebê com livros que, muitas vezes, oferecem riscos 
á criança. È preciso ter cuidado com o tipo de material do livro 
que será dado á criança pequena. Existem livros apropriados para 
cada faixa de idade, que não oferecem risco de machucar o bebê 
ou de ser estragado? Alerta a psicóloga Fernanda Roche. Segundo 
especialista, as crianças até aproximadamente três anos-, não 
devem m anusear livros de papel sozinha, pois não têm 
coordenação motora fina necessária? Dependendo do material do 
livro, pode ferir os olhos, além de rasgar com facilidade, afirma.
Os livros mais indicados para os pequenos são os de tecido, 
os de plástico para o banho e, ainda livros de folhas durarem e
50 Psicologia In fantil
grossas, mais resistentes. As crianças maiores podem receber 
materiais mais elaborados, livros-brinquedos que exercitam sua 
criatividade.
PERGUNTAS “COMPLICADAS” PODEM SER 
RESPONDIDAS COM LIVROS
Os livros podem ser aliados importantes para os pais. Eles 
podem ajudar na hora em que a criança faz perguntas 
“complicadas” sobre assuntos como o nascimento dos irmãos, a 
perda de dentes, a entrada na escola, educação sexual e, até mesmo, 
sobre situações difíceis como hospitalização e morte. O que 
acontece é que as crianças costumam se identificar com os 
personagens principais e sentem-se aliviadas com os finais felizes 
e percebem que não são únicas a enfrentar situações mais 
complicadas. Livros que tragam história com assuntos similares 
ao assunto que os pais querem abordar ajudam e muito neste 
processo.
Segundo a psicóloga Fernanda Roche, é importante estimular 
a criança a criar suas próprias histórias, usando a imaginação. A 
criança só conseguirá inventar sua própria história após ter 
aprendido o bom hábito de ouvir as histórias contadas por um 
adulto? Salienta.
Segundo a psicóloga, a criança aprende ao ouvir as histórias, 
e então passa a conseguir dar seu próprio conteúdo. Desta forma, 
falará de seus sentimentos e das coisas que são importantes para 
ela naquele momento, dando pistas do que lhe vai à mente? 
Detalha a psicóloga.
José Faustino A lbuquerque Filho 51
AFETO DO PAI É FUNDAMENTAL
A dificuldade que alguns pais têm em demonstrar afeto aos 
filhos, pode prejudicar a criança e constantemente tais atitudes 
deixa a mãe bastante preocupada, podendo gerar até sentimentos 
de raiva e vingança com relação ao marido.
Neste caso, a mãe deve controlar tais sentimentos e se 
concentrar em auxiliar o marido a superar esta dificuldade, 
estimulando-o a demonstrar a efetividade. Ajuda muito lembrar 
ao marido que ele não é o único homem a ter esse tipo de problema 
e que a questão tem solução. A mãe deve dizer que a criança vai 
gostar muito de receber um agrado, de brincar com ele c que cia 
irá sofrer se isso não ocorrer?Afírma o psicanalista Dr. Roberto 
Azevedo, membro do Comitê de psicanálise de Campinas.
Normalmente alguns homens agem desta forma porque foram 
criados num ambiente desprovido de afeto. ”Eles tentem a repetir 
isso.É a transgeracionalidade passa de geração em geração uma 
herança, uma herança social” , detalha Dr. Azevedo. E necessário 
que a mãe saiba trabalhar esta característica do pai e estimule-o a 
procurar um profissional que o ajude a lidar com esta situação, 
uma vez que a criança corre o risco de se identificar com os pais, 
pois que não deu carinho e crescer com esta carência.
52 P sicologia In fantil
Eu e João 
Por Dra. Beatriz Botelho
No carnaval estive na casa de um amigo muito especial. Ele 
mora num lugar gostoso na Serra da Cantareira e, durante aqueles 
dias, o programa foi conversar muito e, por exemplo, ouvi-lo de 
manhã na cozinha pegar o violão:
Seis da manhã 
Toda manhã 
Levo João para escola 
Descendo a serra 
O cêu amarelo 
...E o dia do chão.
O meu menino 
E um rapazola
Se preparando pra vida logo decola 
Por isso é que eu gosto 
De levar João pra escola?
Nesta manhã, depois de cantar enquanto tomava café com 
bolo de broa nos falou sobre uma conversa sua com alguém 
entendido em adolescentes e que, pasmem, referia-se a eles como, 
monstros, horríveis, como ele é um artista, ficaram especialmente 
indignadas com esta visão do especialista, e pensou que nós 
adultos é que precisamos entender cada fase na vida de nossos 
filhos, aqueles seres humanos que, dependendo do nosso 
referencial, podem a cada instante nos parecer... Gente ou monstro. 
Ainda mais sério
Falando grosso gosta de estar nessa história 
Brincar comigo,
Meu grande amigo 
As vezes nem me dá bola...
Fala o idiota
José Faustino A lbuquerque F ilho 53
Dos intemautas 
Tá encarano o futuro 
Tem sentimentos puros 
E toca baixo na banda da escola
Estes versos fazem parte da linda canção que foi motivada 
por duas coisas: as conversas sobre o tema e sua atenção para 
com o filho, vendo as transformações pelas quais ele vem 
passando, o mundo que ele vai ganhando desde que nasceu.
Olha pra ele
Adolescente
Como é bonito ser gente
Às vezes me irrita
As vezes me enrola
...As vezes me consola.
Uma obra (uma crônica?) como esta fala de sentimentos 
com uns e co rriqueiros que quase sem pre nos passam 
despercebidos, embora neste caso, a grandeza e sensibilidade de 
seu autor fiquem claras e singelamente declaradas.ele captou tudo, 
as mudanças de seu filho a beleza desta fase de sua vida, e também, 
o quanto os adultos (principalmente os pais) podem a aprender se 
forem sábios e humildes para também se deixarem cuidar por 
eles.
Ele me ensina 
A olhar por cima 
Da minha própria história 
Durmo mais cedo 
E acordo mais cedo 
Pra levar João pra escola 
E a Responsabilidade?
Os filhos podem remeter os pais a uma nova condição, que 
muitas vezes, era vista como incômoda enquanto não tinham 
filhos. Mas quando eles existem, estas mesmas condições de vida
54 P sicologia In fantil
passara a ter uma nova dimensão. Acordar todo dia ás seis da 
manhã não é fácil, mas, de repente, na troca que vai existindo 
entre pais e filhos no caminho para a escola, o passeio passa a ser 
prazeroso.
Você deve estar se perguntando: por que esta psicanálise vem 
nos falar de adolescentes num site de bebê? Acho que você mesmo 
já tem a resposta: tudo que se fala aqui vale também para os bebês. 
Quantas vezes não ouvimos isto?Ele (ou ela) anda terrível, um 
monstrinho...?
Então encare assim o seu bebê, esta “novidade” que todo dia 
pode mudar sua vida. Afinal, já foi dito que ser mãe, ou pai, é 
padecer no paraíso.
Este meu amigo especial, o Renato Teixeira um grande 
compositor e músico, á parte da conversa com a entendida em 
adolescentes, refletiu e. Compôs a canção que monstro aqui em 
primeira mão para seu filho João, um menino-grande e carinhoso. 
Um novo ser que, aos poucos, vai surgindo diante de seus olhos. 
Ele, e nós ganhamos um grande presente: saber que seis da manhã 
também pode ser uma hora linda, como esta de ganhar um bebê, 
se estivermos abertos para ver nossos filhos nascendo como um 
novo dia que todo “dia que sai do chão” ... Aparece para 
nosiluminar.
Seis da manhã
Toda manhã
Levo João para escola
Descendo a serra
O céu amarelo
...e o dia sai do chão?
Dra. Beatriz Helena Falcão Botelho, mestre em Saúde mental 
pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São 
Paulo (Unifesp) e professora de psicologia no Departamento de 
Pediatria da UNIFESP.
José Faustino A lbuquerque Filho 55
COMO SURGE O CIÚME ENTRE IRMÃO?
A rivalidade entre irmãos está ligada A duas emoções 
extremamente importantes, existentes desde a infância até a vida 
adulta, a inveja e o ciúme. A inveja surge como antecedência aos 
ciúmes, que por sua vez pode tomar-se patológico quando ganha 
intensidade.

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