Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE EDUCACIONAL ARAUCÁRIA BACACHERI ENGENHARIA CIVIL ANTONIO EDUARDO SANTI DE BARROS JOÃO PEDRO SANTI DE BARROS JÚLIA DANIELE TERRA ADIÇÃO DE MICROCRISTAIS DE CELULOSE EM CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND: MEDIDA DE CONSISTÊNCIA, PROPRIEDADES MECÂNICAS E RETRAÇÃO HIDRÁULICA CURITIBA 2019 ANTONIO EDUARDO SANTI DE BARROS JOÃO PEDRO SANTI DE BARROS JÚLIA DANIELE TERRA ADIÇÃO DE MICROCRISTAIS DE CELULOSE EM CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND: MEDIDA DE CONSISTÊNCIA, PROPRIEDADES MECÂNICAS E RETRAÇÃO HIDRÁULICA Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à conclusão do Curso de Bacharelado em Engenharia Civil da Faculdade Educacional Araucária – FACEAR. Orientador: Prof. M.Sc. Vitor Lorival Kudlanvec Junior CURITIBA 2019 “As nossas famílias que com muito apoio e carinho, não mediram esforços para que chegassemos até aqui, a Deus por ser essencial em nossa vida e, aos colegas e amigos que convivêmos nessa incrível jornada acadêmica.” AGRADECIMENTOS Aos nossos pais, Antonio Eduardo Martinez de Barros e Celia Regina Santi de Barros e, Ademar Terra e Sandra Marilei Assmann Terra, que são exemplos de dedicação e amor, que nos apoiaram constantemente e permaneceram ao nosso lado, nos dando força e incentivos para chegarmos até esse momento. Ao professor Mestre Vitor Lorival Kundlanvec Junior, nosso professor e orientador. Pelo apoio, orientação e compreensão recebidos durante o período do desenvolvimento desse trabalho e por sempre estar presente nos guiando para atingirmos o objetivo. Ao laboratorista Denilson Jose de Araujo, pelo auxílio na confecção do concreto, moldagens e rompimento dos corpos de prova e, pelos conhecimentos transmitidos durante nosso experimento. À empresa Basefort Argamassas e Concretos, pela doação do aditivo e fornecimento de dados para a realização deste trabalho. À empresa Materiais de Construção Barrosan, pela doação dos cimentos e fornecimento de dados para a realização deste trabalho. À FACEAR Bacacheri, por ceder as instalações, materiais e equipamentos utilizados na realização desta pesquisa. A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho. Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; Eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa. (Isaías 41:10) RESUMO O presente projeto tem como objetivo demonstrar a aplicabilidade de micromateriais em concreto. Sendo o concreto o material mais utilizado na construção civil, os esforços para buscas de novas tecnologias, para implementação da pasta de concreto, visando aumento de hidratação, resistência e propriedades mecânicas, se fazem evidentes atualmente. Focando exclusivamente na investigação dos efeitos da adição de microcristais de celulose na massa de concreto de cimento Portland, serão realizados experimentos laboratoriais de ensaios de medida da consistência pelo tronco de cone (Slump Teste), de resistência mecânica e de retração por secagem. A obtenção da pasta do concreto será feita com dois cimentos distintos, sendo eles, CPII F 32 e CPV ARI e, se dará de três maneiras, sendo elas, a dispersão dos microcristais de celulose em dois diferentes meios e a composição da pasta sem adição nos microcristais (natural) para fins de análise comparativa. Palavras-chave: Concreto. Microcristais de Celulose. Cimento Portland. ABSTRACT The present project aims to demonstrate the applicability of micromaterials in concrete. Since concrete is the material most used in construction, the efforts to search for new technologies for the implementation of concrete slurry, aiming at increased hydration, strength and mechanical properties, are now evident. Focusing exclusively on the investigation of the effects of the addition of cellulose microcrystals on the concrete mass of Portland cement, laboratory experiments will be carried out on tests of consistency measurement by cone trunk (Slump Test), mechanical strength and drying retraction. The concrete paste will be made with two different cements, CPII F 32 and CPV ARI, and it will be done in three ways, being the dispersion of the cellulose microcrystals in two different media and the composition of the paste without addition microcrystals (natural) for the purpose of comparative analysis. Key-words: Concrete. Cellulose Microcrystals. Portland cement. LISTA DE FIGURAS E QUADROS Figura 01: Hidratação da pasta do concreto. A) Fase Inicial. B) Semanas após o início .......................................................................................................................31 Figura 02: Trincas no concreto por retração hidráulica .........................................32 Figura 03: Estrutura da celulose e as interações das ligações de hidrogênio intramolecular e intermolecular ..............................................................................34 Figura 04: Fluxograma da metodologia da pesquisa ............................................37 Figura 05: Pesagem da areia ................................................................................40 Figura 06: Conjunto de peneiras no agitador mecânica ........................................41 Figura 07: Pesagem da brita .................................................................................42 Figura 08: A) Preparação dos frascos com água. B) Pesagem dos materiais. C) Adição dos materiais nos frascos. D) Frascos preparados com as misturas e identificados............................................................................................................45 Figura 09: Vibração das amostras..........................................................................45 Figura 10: Análise de turbidez das amostras.........................................................46 Figura 11: Análise de decantação das amostras....................................................47 Figura 12: Separação dos materiais para início dos traços com cimento .............50 Figura 13: Ensaio de abatimento de cone .............................................................51 Figura 14: Moldagem dos corpos de prova............................................................52 Figura 15: Prensa manual para rompimento de corpos de prova..........................53 Figura 16: Prensa manual adaptada para rompimento de corpos de prova..........53 Figura 17: Curva granumolétrica da areia..............................................................56 Figura 18: Curva granumolétrica da brita...............................................................58 Figura 19: Consistência pelo abatimento de tronco de cone dos traços com cimento CPII F 32.................................................................................................................59 Figura 20: Consistência pelo abatimento de tronco de cone dos traços com cimento CPV ARI..................................................................................................................59 Figura 21: Corpos de prova dos traços do cimento CPII F 32 antes da realização dos ensaios....................................................................................................................60 Figura 22: Corpos de prova dos traços do cimento CPII F 32 após rompimento do ensaio de resisitência à compressão......................................................................61 Figura 23: Resistência à compressão nos traços de cimento CPII F 32 (MPa)... .62 Figura 24: Resistência à compressão nos traços de cimento CPV ARI (MPa).....63 Figura 25: Corpos de prova dos traços do cimentoCPII F 32 após rompimento do ensaio de resisitência à tração...............................................................................65 Figura 26: Resistência à tração nos traços de cimento CPII F 32 (MPa)..............66 Figura 27: Resistência à tração nos traços de cimento CPV ARI (MPa)...............67 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Levantamento de publicações referentes ao uso de fibras no concreto ................................................................................................................................ 14 Tabela 02: Variação de taxa de crescimento da Construção Civil no Brasil .........17 Tabela 03: Tipos de cimento Portland ....................................................................22 Tabela 04: Módulo de finura agregado miúdo .......................................................23 Tabela 05: Módulo de finura agregado graúdo .....................................................24 Tabela 06: olerâncias admissíveis no abatimento definidas pela NBR NM 67 .....27 Tabela 07: Normas ABNT ......................................................................................36 Tabela 08: Traços e proporcionamento utilizados na confecção do concreto....... 43 Tabela 09: Visão geral do experimento .................................................................44 Tabela 10: Parâmetros e classificação para análise da turbidez ..........................48 Tabela 11: Parâmetros de decantação e turbidez das amostras ..........................55 Tabela 12: Resultados do ensaio de granulometria ..............................................56 Tabela 13: Resultado do Cálculo de umidade da areia .........................................57 Tabela 14: Resultados do ensaio de granulometria do agregado graúdo ............57 Tabela 15: Resultado do Cálculo de umidade da areia .........................................58 Tabela 16: Resultados de Resistência à compressão nas traços de cimento CPII F32 ................................................................................................................................61 Tabela 17: Resultados de Resistência à compressão nas traços de cimento CPV ARI ................................................................................................................................62 Tabela 18: Custo do concreto com cimento CPII F 32 por m³ ...............................64 Tabela 19: Custo do concreto com cimento CPV ARI por m³ ................................64 Tabela 20: Resultados de Resistência à tração nas traços de cimento CPII F32 66 Tabela 21: Resultados de Resistência à tração nas traços de cimento CPV ARI 66 Tabela 22: Medição dos corpos de prova dos traços de cimento CPII F 32 .........68 Tabela 23: Medição dos corpos de prova dos traços de cimento CPV ARI ..........68 Tabela 24: Visão geral dos resultados dos traços com cimento CPII F 32 ...........69 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas CR – Concreto com traço de referência CC – Concreto com traço com adição de MCCs por mistura no cimento CA – Concreto com traço com adição de MCC por mistura aquosa MCC – Microcristais de celulose NBR - Norma brasileira NM - Normalização no Mercosul TUM - Traço unitário em massa SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................14 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................15 1.2 OBJETIVO GERAL...........................................................................................16 1.3 OBJETIVOS ESPECIFÍCOS ...........................................................................16 1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................17 2. CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND ..........................................................20 2.1 COMPOSIÇÃO DO CONCRETO ....................................................................20 2.1.1 Cimento Portland ..........................................................................................20 2.1.2 Agregados miúdos ........................................................................................23 2.1.3 Agregados graúdos .......................................................................................24 2.2 PRINCÍPIOS PARA ESPECIFÍCAÇÃO E PROPORCIONAMENTO DO CONCRETO ...........................................................................................................25 2.3 CONSISTÊNCIA DO CONCRETO FRESCO ..................................................26 2.4 CONSISTÊNCIA DO CONCRETO ENDURECIDO .........................................27 2.5 RETRAÇÃO HIDRÁULICA ..............................................................................28 2.6 HIDRATAÇÃO E POROSIDADE DO CONCRETO .........................................30 2.7 PATOLOGIAS DO CONCRETO ......................................................................31 3. MICROCRISTAIS DE CELULOSE ....................................................................34 3.1 FIBRAS NATURAIS .........................................................................................34 4. PROGRAMA EXPERIMENTAL .........................................................................36 4.1 NORMALIZAÇÃO ............................................................................................36 4.2 METODOLOGIA ..............................................................................................36 4.3 DELIMITAÇÃO DE PESQUISA .......................................................................38 4.3.1 Parâmetros fixados .......................................................................................38 4.3.2 Variáveis independentes ...............................................................................39 4.3.3 Variáveis dependentes ..................................................................................39 4.4 MATERIAIS EMPREGADOS ...........................................................................39 4.4.1 Cimento .........................................................................................................39 4.4.2 Agregados miúdos ........................................................................................40 4.4.2.1 Ensaio de granulometria e umidade do agregado miúdo .........................40 4.4.3 Agregados graúdos .......................................................................................41 4.4.3.1 Ensaio de granulometria e umidade do agregado graúdo ........................41 4.4.4 Microcristal de celulose ................................................................................42 4.4.5 Aditivo superplastificante ..............................................................................42 4.5 MOLDAGEM, PROPORCIONAMENTO DE MATERIAIS E FORMA DE MISTURA ................................................................................................................................43 4.5.1 Ensaio de dispersão de MCC .......................................................................44 4.5.1.1 Preparo da solução para traço com adição de MCC ................................44 4.5.2 Preparo de concretos ...................................................................................48 4.6 MÉTODOS DE ENSAIO NO ESTADO FRESCO ............................................50 4.6.1 Consistência do concreto .............................................................................50 4.7 MÉTODOS DE ENSAIO NO ESTADO ENDURECIDO ...................................51 4.7.1 Moldagem dos corpos de prova ...................................................................52 4.7.2 Ensaio de resistência à compressão ............................................................534.7.3 Ensaio de resistência à tração ......................................................................53 4.7.4 Ensaio de retração ........................................................................................54 5. RESULTADOS ...................................................................................................55 5.1 ESTUDOS QUANTO À DISPERSÃO DE MCCs ............................................55 5.2 GRANULOMETRIA ..........................................................................................56 5.2.1 Ensaio de granulometria e umidade do agregado miúdo ............................56 5.2.2 Ensaio de granulometria e umidade do agregado graúdo ...........................57 5.3 INFLUÊNCIA NA CONSISTÊNCIA ..................................................................60 5.4 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ...................................................................60 5.5 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO ..............................................................................65 5.6 RETRAÇÃO HIDRÁULICA ..............................................................................67 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................69 6.1 CONCLUSÃO ..................................................................................................69 6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...............................................70 REFERÊNCIAS .....................................................................................................72 APÊNDICE A - ENSAIO DE RETRAÇÃO CPII....................................................75 APÊNDICE B - ENSAIO DE PROPRIEDADES MECÂNICAS CPII ....................76 APÊNDICE C - ENSAIO DE RETRAÇÃO CPV.....................................................77 APÊNDICE D - ENSAIO DE PROPRIEDADES MECÂNICAS CPV ....................78 14 1. INTRODUÇÃO O concreto de cimento Portland é amplamente utilizado na construção, sendo considerado o material estrutural mais utilizado no mundo. Entretanto, um problema atribuido ao concreto é quanto sua fragilidade e propensão para rachaduras e fissuras, devido a baixa capacidade de deformação quando tracionado, pela retração da pasta e pelo aumento do calor de hidratação do cimento (FIGUEIREDO, 2005). A implementação de materiais no concreto para alteração de suas características, como o aumento de sua resistência e ductilidade, estão em enfâse atualmente. Pesquisas recentes (Tabela 01) demonstram que, o uso de fibras de bases biológicas, carbono, aço, entre outros, em escala micro e nanométrica, permitem modificações importantes na microestrutura do concreto, proporcionando concretos mais resistentes, menos porosos e mais duráveis (MARCONDES, 2012). Tabela 01: Levantamento de publicações referentes ao uso de fibras no concreto. Fonte: Os autores, 2019. Titulo Autores Ano Material testado MARCONDES, C. 2012 Nanotubos de carbono 2016 Nanocristal de celulose AMARAL JR, J. 2016 Fibras poliméricas 2017 Nanocristal de celulose 2017 Microcristal de celulose PEREIRA, E. 2017 Fibras de aço Adição de nanotubos de carbono em concretos de cimento portland – absorção, permeabilidade, penetração de cloretos e propriedades mecânicas The influence of cellulose nanocrystal on the microstructure of cement past CAO, Y.; TIAN, N.;BAHR, D.;ZAVATTIERI, P.;YOUNGBLOOD, J.; MOON, R.; WEISS, J. Avaliação da influência da adição de fibras poliméricas nas propriedades térmicas e mecânicas do concreto The influence of cellulose nanocrystal on the hydration and flexural strength of Portland cement pastes FU, T.; MONTES, F.; SURANEMI, P.; YOUNGBLOOD, J.; WEISS, J. A novel approach of developing micro crystalline cellulose reinforced cementitious composites with enhanced microstructure and mechanical performance PARVEEN, S.; RANA, S.; FANGUEIRO, R.; PAIVA, M. C. Influência de Fibras de Aço no Comportamento Mecânico e nos Mecanismos de Fissuração de Concretos Autoadensáveis 15 A partir da hidrólise ácida da celulose de diversas fontes, pode ser obtida a celulose microcristalina (MCC), uma celulose parcialmente despolimerizada com excelentes propriedades e variadas aplicações. Comumente, a celulose microcristalina é amplamente utilizada nas indústrias nutracêuticas e farmacêuticas, devido suas propriedades de controle de viscosidade, modificador de textura, estabilizador de suspensão, desengordurante, inibidor na formação de cristais de gelo, estabilizador de formas, absorvente de água, agente não adesivo, emulsificador, entre outros (FERREIRA; GURGEL; FREITAS, 2017). Devido às inúmeras aplicações e biocompatibilidade da MCC em diversos áreas, estudos recentes concentram interesses na obtenção de derivados carboxilados de celulose, material esse, utilizado como estabilizador de emulsões ou modificador de viscosidade em diversas áreas de pesquisa (FERREIRA; GURGEL; FREITAS, 2017). 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA O crescente interesse em reforço de matrizes cimentícias usando fibras de base bio biológica, tais como, juta, sisal, celulose, entre outras, são resultados da preocupação ambiental e sustentável. O microcristal de celulose possui excelente propriedades mecânicas e grande aplicação em alimentos, cosméticos, fármacos e produtos de higiênie, senod usado como reforço de matrizes poliméricas. Estudos recentes, com a adiçao de celulose em escala nanométrica em matrizes cimentícias, demonstraram aumento na resistência mecãnica de 30% (PARVEEN et al, 2017). Cao et al (2016), afirma que a adição de fibras de celulose, em escala nanompetrica em matrizes de cimento, podem aumentar potencialmente as propriedades mecânicas, através da remoção de aglomerados concetrados no cimento. E nas matrizes que tiveram a adição de celulose, demonstram uma melhoria na resistência de 20% à 30%, sendo o aumento da resisitência ligada ao grau de hidratação do das pastas de cimento. Com base no contexto da aplicabildade do microcristal de celulose e, na premissa da melhoria do grau de hidratação do concreto, o presente trabalho propõe 16 a seguinte problemátca: Com adição de microcristais de celulose em concreto de cimento Portland, é possível aumentar a resistência mecânica e diminuir a retração hidráulica, causada pela exsudação? 1.2 OBJETIVO GERAL O objetivo geral desta pesquisa é investigar o efeito da adição de microcristais de celulose na pasta de concreto em seu estado fresco, nas propriedades mecânicas de resistência à compressão e à tração por compressão diametral e, os efeitos da retração hidráulica. 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Para chegar ao objetivo geral foi necessário traçar alguns objetivos específicos que serviram para ajudar a planejar a forma de ação nos trabalhos de dosagem. São eles: Estudar a disperção do MCCs em quatro meios, para análise e escolha do melhor teor a ser adicionado ao concreto; Escolher o traço padrão para confecção dos concretos de referência e com a adição de MCCs; Relizar ensaio de abatimento de cone do concreto no estado fresco; Realizar ensaio de resistência à compressçao, através da moldagem dos corpos de prova e rompimento em prensa manual após 28 dias; Realizar ensaio de tração por compressão diametral, através da moldagem dos corpos de prova e rompimento em prensa manual após 28 dias; Realizar ensaio de retração, através da medida dos corpos de prova, após a moldagem e após 28 dias; Mensurar os resultados obtidos e realizar a comparação com as amostras que não recebera, a adição de MCC. 17 1.4JUSTIFICATIVA O setor da construção civil, teve uma grande expansão até o ano de 2012, sendo influenciado pelos programas governamentais como, Minha Casa, Minha Vida e Aceleração do Crescimento (PAC) e, a possibilidade de financiamento com taxas de juros atrativas. Após esse período, ocorreu uma queda no nível de atividade do setor, registrando uma retração de 20,1% nas atividades de 2014 a 2017 (SEBRAE, 2018). De acordo com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor da construção civil teve um crescimento de 2,5% no ano de 2018 em relação aos anos anteriores, conforme demonstrado na Tabela 02. A expressiva redução das atividades no setor da construção civil são atribuídas a falta de investimentos, ao aumento do desemprego, a elevação da taxa de juros e da inflação, além das turbulências políticas, devido um cenário macroeconômico instável, gerando a queda do Produto Interno Bruto (SEBRAE, 2018). Tabela 02: Variação de taxa de crescimento da Construção Civil no Brasil Fonte: SEBRAE, 2018. No atual cenário do setor, onde os custos da construção civil apresentam alta, com crescimento de 3,96% no ano 2018, e a baixa demanda de atividade no setor, o uso de novas tecnologias desempenham papel significativo. Visando maior eficiência, gestão, aumento de produtividade e redução de custos, a adoção de novas tecnologias, permitem aplicação de novas técnicas construtivas ou o aprimoramento dos materiais aplicados na construção civil (SEBRAE, 2018). Para que estrutura de concreto armado atendo os requisitos de segurança, a resistência à compressão deve ser atingida pelo concreto da estrutura, devendo ser avaliada, demonstrada e registrada ao longo do processo de produção. O concreto é um material em evolução, sendo sensíveis as modificações das condições Construção Civil Ano Taxa de variação (%) 2015 9,00 2016 10,00 2017 7,50 2018 2,50 18 ambientais, físicas, químicas e mecânicas. O conhecimento das propriedades do concreto, das possibilidades e limitações e dos fatores que condicionam é o elemento que permite a escolha do material adequado para obra ser realizada (BAUER, 2000). Entretanto, de acordo com Oliveira et al. (2007), mesmo com aplicação de novas tecnologias, a falta de conhecimento ou mão-de-obra eficaz, geram problemas nas estruturas, que diminuem o nível de serviço e até mesmo, causam o encurtamento de sua vida útil, onde os custos de manutenção das estruturas são bastante significativos, podendo chegar a ultrapassar o patamar de 40% em relação ao custo de execução de uma obra. A degradação das edificações e a redução de seu desempenho são atribuídas à agressividade do ambiente de exposição e ao surgimento de manifestações patológicas, tais como, trincas, fissuras e corrosão (DAL MOLIN et al, 2016). As patologias são resultantes da atuação de agentes intrínsecos e extrínsecos da deterioração das estruturas de concreto, sendo formadas dentro dos compósitos cimentícios durante sua fabricação ou tempo de serviço, podendo levar ao encurtamento da vida útil da estrutura. Suas causas podem ser pertinentes às deficiências de projeto, materiais de baixa qualidade, contração plástica, assentamento do concreto, perda de aderência, retração e condições do ambiente (PARVEEN et al, 2017). A retração do concreto é um movimento natural da massa, ou seja, diminuição de seu volume, provocado por restrições das barras de armadura e vinculação a outras peças estruturais e/ou pela ocorrência do fenômeno de exsudação. Quando não considerado a retração, no projeto ou execução, pode ocorrer fissuração no concreto e, posteriormente, o aparecimento de trincas.A ocorrência de fissuras de retração numa viga de concreto armado, poderá depender da dosagem do concreto, da relação água/cimento, das condições de adensamento e das condições de cura. Um dos tipos mais comuns de retração é a retração hidráulica ou por secagem, caracterizada pela diminuição do seu volume, resultante da perda de água do material quando ele já se apresenta em estado sólido (DE SOUZA e RIPPER, 1998). 19 A pesquisa proposta neste documento objetiva a melhoria do concreto, onde se investigará a ação dos microcristais de celulose quando dispersos em concreto de matriz de cimento Portland. Devido sua biodegradabilidade, baixo custo e abundância as MCCs se comprovado que seu uso é benéfico para o concreto, acarretará em grande passo no avanço tecnológico na área da engenharia e construção civil. 20 2. CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND Conforme Helene e Andrade (2010), a mistura de concreto é composta por cimento Portland, água e agregados com diversas dimensões. A pasta nas primeiras horas apresenta um estado fluido, capaz de ser moldado em variadas formas, com o tempo, a mistura endurece através da reação irreversível da água com o cimento, adquirindo resistência mecânica capaz de torná-lo um material de excelente em desempenho estrutural. O concreto de cimento Portland é o mais importante material estrutural e da construção civil da atualidade, sendo uma das descobertas mais interessantes da história do desenvolvimento da humanidade e qualidade de vida. Além dos materiais bases, cimento, água e agregados, o concreto pode conter aditivos, pigmentos, fibras agregados especiais e adições minerais para melhorar o seu desempenho. As proporções entre os diversos materiais devem atender simultaneamente as propriedades mecânicas, físicas e de durabilidade requeridas para o concreto, além das características de trabalhabilidade necessárias para o transporte, lançamento e adensamento. A fluidez da pasta dependerá da distribuição granulométrica dos agregados e da relação água/cimento, e quanto maior for à relação, mais fluída será pasta e menos resistente, devido a diminuição do concreto (HELENE; ANDRADE, 2010). Nos concretos em contato com a água e com a terra pode ocorrer fenômenos de agressividade, onde esses materiais podem possuir agentes agressivos. A reação álcali agregado identifica-se como uma reação de formação de produtos de gelatinóides, acompanhada de grande expansão de volume pela contribuição dos álcalis do cimento com a sílica ativa presente nos agregados (BAUER, 2000). 2.1 COMPOSIÇÃO DO CONCRETO 2.1.1 Cimento Portland 21 O cimento é um material de propriedade adesiva e coesiva, que atua como aglomerante e, é capaz de unir fragmentos minerais em uma forma compacta. Na construção civil, o cimento mais utilizado é o hidráulico à base de calcário, que endurece após reação com a água. Os cimentos hidráulicos, são compostos por silicatos e aluminatos de cálcio e são classificados como, cimentos naturais, cimentos Portland e cimentos aluminosos (NEVILLE, 2015). Conforme Bauer (2000), o Cimento Portland é obtido através da pulverização de clinquer (produto de natureza granulosa que resulta da calcinação de mistura de materiais conduzidos até uma temperatura de fusão incipiente), constituído de silicatos, hidráulicos de cálcio com proporção de sulfato de cálcio natural, contendo adições de certas substâncias que modificam suas propriedades ou facilitam sem emprego. Cal, sílica, alumina e óxido de ferro são os componentes essenciais do cimento Portland, as misturas das matérias-primas e os constituintes, quando pulverizados e homogeneizados, são submetidos à ação do calor no forno produtor de cimento até a temperatura de fusão incipiente resultandoassim na obtenção do clinquer. Bauer (2000), afirma que existem três aspectos distintos sobre as propriedades físicas do cimento Portland, sendo eles, o produto em condição natural, ou seja, em pó, da mistura do cimento com a água e a mistura da pasta com agregado padronizado. As propriedades físicas analisadas no cimento Portland são: • Densidade: A densidade na pasta de cimento é um valor variável com tempo que aumenta à medida que progride o processo de hidratação da pasta este fenômeno é conhecido pelo nome de retração que acontece na pastas argamassas e concretos; • Finura: a finura do cimento possui uma relação com o tamanho dos grãos do produto sendo usualmente definida de duas maneiras pelo tamanho máximo do grão (proporção em peso do material retido na peneira em malha de abertura definida) e pelo valor da superfície específica (soma da superfície dos grãos contidos em um grama de cimento); • Tempo de pega: o tempo de pega do cimento compreende a evolução das propriedades mecânicas da pasta no início do processo de endurecimento; 22 • Resistência: a resistência mecânica do cimento é determinada pela ruptura a compressão de corpos de provas, realizada com argamassa ou concreto e, exsudação, um fenômeno de segregação que ocorre na pasta de cimento onde os grãos mais pesados que a água são forçados pela gravidade a uma sedimentação. As propriedades químicas do cimento Portland estão diretamente ligadas ao processo de endurecimento por hidratação onde, uma quantidade de calor se desenvolve nas reações de hidratação. Essa energia térmica produzida é de grande importância, devido à elevação da temperatura que pode originar o aparecimento de trincas de contração ao fim do resfriamento da massa, o desenvolvimento de calor varia com a composição do cimento (BAUER, 2000). De acordo com a a NBR 16.697 (ABNT, 2018), a variação e classificação do cimento Portland é: Tabela 03: Tipos de cimento Portland Fonte: Adaptado da NBR 16.697 (ABNT, 2018). Tipo Classe de resistência Adições CP I 25. 32 e 40 MPa - CP I S 25. 32 e 40 MPa Pozolana CPII E 25. 32 e 40 MPa Escória de alto forno CPII F 25. 32 e 40 MPa Fíler calcário CPII Z 25. 32 e 40 MPa Pozolana CPIII 25. 32 e 40 MPa Escória de alto forno CPIV 25 e 32 MPa Pozolana CPV ARI Fíler calcário CPV RS Resistente a sulfatos Fíler calcário 23 2.1.2 Agregados miúdos De acordo com a norma NBR 7.211, o agregado miúdo é definido como areia de origem natural ou resultalte de britamento de rochas estáveis, cujos grãos passam pela peneira de aberura 4,8 mm e ficam retidos na peneira de abertura de 0,075 mm (ABNT, 2009). Para uso do agregado miúdo no concreto, deve-se identificar a granulometria do mesmo, ou seja, verificar a dimensão dos grãos do agregado e classifica-los, de acordo com os requisitos de finura definidos na norma, conforme Tabela 04. A granulometria possui influência direta nas propreidades do concreto, por isso, o agregado miúdo deve possuir uma boa distribuição granulométrica. Tabela 04: Módulo de finura agregado miúdo. Fonte: Adaptado da NBR 7.211 (ABNT, 2009). A granulometria é identificada através do ensaio de agitação das peneiras, feito com uma amostra do agregado. Além de uma boa granulometria, deve-se conhecer a umidade presente no agregado miúdo, para que não influêncie negativamente a pasta de concreto, que deve conter a quantidade de água correta para que atinja as propriedades corretas. A umidade da areia pode ser calculada conforme a Equação 01. d= A V−(c−b) (Equação 01) Peneira (mm) Porcentagem retida (%) Muito fina Fina Média Grossa 9,5 0 0 0 0 6,3 0 a 3 0 a 7 0 a 7 0 a 7 4,8 0 a 5 0 a 10 0 a 11 0 a 12 2,4 0 a 5 0 a 15 0 a 25 5 a 40 1,2 0 a 10 0 a 20 10 a 45 30 a 70 0,6 0 a 20 21 a 40 41 a 65 66 a 85 0,3 50 a 85 60 a 88 70 a 92 80 a 95 0,15 85 a 100 90 a 100 90 a 100 90 a 100 24 onde: d: umidade; A: Peso seco da areia; V: Volume do frasco; c: Peso obtido do frasco após 1 hora; b: Peso da areia mais o frasco 2.1.3 Agregados graúdos O agregado graúdo é definido como, pedregulho ou a brita proveniente de rochas estáveis, ou mistura de ambos, cujos grãos passam por uma peneira de malha quadrada com abertura nominal de 152 mm e ficam retidos na peneira 4,8 mm (ABNT, 2009). Para a determinação da granulometria do agregado graúdo, realiza-se o ensaio de agitação das peneiras com uma amostra do agregado, para se determinar o módulo de finura. Os requisitos da graduação do agregado devem seguir os requisitos da norma NBR 7.211, conforme Tabela 05. Tabela 05: Módulo de finura agregado graúdo. Fonte: Adaptado da NBR 7.211 (ABNT, 2009). A determinação da umidade do agregado graúdo é necessário para se determinar o traço do concreto. A umidade é obtidade através de ensaio e laboratório e calculado pela Equação 02. d= m ma−m (Equação 02) Graduação Porcentagem retida (%)152 76 64 50 38 32 25 19 12,5 9,5 6,3 4,8 2,4 0 - - - - - - - - 0 0-10 - 80-100 95-100 1 - - - - - - 0 0-10 - 80-100 92-100 95-100 - 2 - - - - - 0 0-25 75-100 90-100 95-100 - - - 3 - - - 0 0-30 75-100 87-100 95-100 - - - - - 4 - 0 0-30 75-100 90-100 95-100 - - - - - - - 5 - - - - - - - - - - - - - 25 onde: m: Peso da brita seca; ma: Peso da brita umida. 2.2 PRINCÍPIOS PARA ESPECIFICAÇÃO E PROPORCIONAMENTO DO CONCRETO Helene e Andrade (2010), afirmam que, os engenheiros devem ter conhecimento de que os parâmetros de durabilidade, de resistência compressão, da relação água/cimento, o consumo de cimento e o abatimento do concreto possuem interdependência entre si. Para que o profissional de engenharia possa intervir tecnicamente no processo de produção do concreto, é imprescindível que conheça os princípios básicos que norteiam a especificação do concreto e o proporcionamento dos diversos constituintes, a partir da necessidade de desempenho mecânico, da durabilidade e das condições de aplicação do material (HELENE; ANDRADE, 2010, p. 926). Para se determinar o processo da proporção dos diversos constituintes do concreto, denominado de dosagem experimental do concreto, Helene e Andrade (2010), tomam por base o método IBRACON de dosagem. O método de dosagem define o Traço Unitário Em Massa (TUM), através da seguinte proporção: 1: adição :a :b : a c :adt1 (Equação 1) onde: • 1: unidade de cimento, em massa, por exemplo 1kg; • adição: quantidade em massa de adição de materiais. • a: quantidade em massa de agregado miúdo (areia) em relação à massa de cimento; 26 • b: quantidade em massa de agregado graúdo (brita) em relação à massa de cimento; • a/c: relação entre água e cimento, ou entre água e aglomerantes, em massa; • adt1%: relação entre massa de aditivo e a massa de cimento, em percentual. Com a definição do TUM, é possível se obter os principais parâmetros de dosagem, tais como, o consumo de cimento, a relação água/materiais secos e o teor de argamassa seca, Além de que, se manter as proporções relativas entre os constituintes do concreto, é possível obter qualquer quantidade do material sem se alterar as propriedades (HELENE; ANDRADE, 2010). 2.3 CONSISTÊNCIA DO CONCRETO FRESCO O concreto fresco é constituído dos agregados miúdos e graúdos envoltos por pasta de cimento e espaços cheio de ar, esta pasta é composta de uma solução aquosa e o cimento,onde o conjunto de pasta e espaços cheios de ar é chamado de matriz (Bauer, 2000). De acordo com Helene e Andrade (2010), a primeira fase do concreto é denominada de concreto fresco que compreende um período de tempo muito curto, geralmente 1h a 5h. Sendo essa fase, o tempo necessário para que o concreto possa ser misturado, transportado, lançado e adensado. A trabalhabilidade do concreto fresco é influenciada por fatores intrínsecos, como a sua relação água/materiais secos, tipo e consumo de cimento, traço, teor de argamassa, tamanho, textura e forma dos agregados e, por fatores externos de influência, como as condições de transporte, lançamento, características da fôrma, esbelteza dos elementos estruturais, densidade e distribuição das armaduras. Uma das principais características do concreto que determina a sua aptidão para ser manuseado é a sua consistência, que, na tecnologia do concreto, pode ser definida como a maior ou menor capacidade do concreto de se deformar sob a ação da sua própria massa (HELENE; ANDRADE, 2010). Para se determinar a consistência do concreto fresco, conforme Helene e Andrade (2010), deve se realizar o ensaio de abatimento do tronco de cone (Slump 27 Teste), método definido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da NBR NM 67. O ensaio de abatimento do tronco de cone consiste em preencher um cone com o concreto no seu estado fresco e realizar o adensamento, e após realizar a medição do abatimento. A NBR NM 67, determina as tolerâncias admissíveis no abatimento, conforme Tabela 06. Tabela 06: Tolerâncias admissíveis no abatimento definidas pela NBR NM 67 ABATIMENTO (mm) TOLERÂNCIA (mm) de 10 a 90 ± 10 de 100 a 150 ± 20 acima de 160 ± 30 Fonte: NBR NM 67 (1998). Outro ensaio para se medir a consistência do concreto fresco, descrito por Helene e Andrade (2010), é o ensaio de espalhamento na mesa de Graff, o ensaio mede o valor da consistência do concreto através do diâmetro obtido da amostra, após a retirada do molde metálico. Esse ensaio é utilizado para medir concretos fluidos. 2.4 CONSISTÊNCIA DO CONCRETO ENDURECIDO A norma NBR NM 33, redigida pela ABNT, determina os procedimentos para a coleta das amostras, definindo volumes de concreto a serem coletados para a realização das moldagens dos corpos-de-prova. A moldagem e cura dos corpos-de- prova são determinadas pela norma NBR 5738, que podem ser realizados por imersão em água ou em câmara úmida, com condição de temperatura e umidade relativa do ar controlada, sendo os corpos-de-prova cilíndricos com as medidas: 10cm de diâmetro por 20cm de altura e os de 15cm de diâmetro por 30cm de altura. Os tratamentos que podem ser empregados no topo dos corpos-de-prova, a 28 velocidade de carregamento a umidade são definidos pelos procedimentos da norma NBR 5739 (HELENE; ANDRADE, 2010). Os principais parâmetros que regem a absorção capilar da água, de permeabilidade por gradiente de pressão de água ou de gases, de difusividade da água ou dos gases, de migração elétrica de íons, assim como, todas as propriedades mecânicas, depende da relação água/cimento e do grau de hidratação do concreto. A qualidade efetiva do concreto deve ser assegurada por procedimentos corretos de mistura, transporte, lançamento, adensamento, cura e desmoldagem (HELENE; ANDRADE, 2010) A resistência à compressão é uma das principais propriedades mecânicas para avaliar concretos de cimento Portland, valores abaixo do esperado podem indicar problemas causados pela dosagem, confecção, utilização de materiais (MARCONDES, 2002). A resisitência a tração por compressão diametral objetiva a avaliação da resisitência à tração dos concretos mediante a aplicação de carga de compressão diametral ao corpo de prova. Para cálculo da tração por compressão diametral utilizou-se a Equação 03: ft , d= 2x P π x d x L (Equação 3) onde: • P: carga máxima aplicada (kN); • d: diâmetro do corpo de prova (mm); • L: altura do corpo de prova (mm). 2.5 RETRAÇÃO HIDRÁULICA A perda de água do concreto fresco ocorre por exsudação, evaporação, percolação por juntas dos moldes, absorção de água pelos agregados, absorção de água pelas fôrmas ou por alguma superfície em contato com a peça concretada, a perda de água dá origem ao fenômeno chamado de retração plástica e pode ser controlada pela adequação dos procedimentos de concretagem, adensamento e 29 cura. “A retração do concreto é uma redução do volume do concreto ao longo do tempo, sem a ação de forças externas. Essa redução é devida à perda de água da pasta de cimento e a alterações físico-químicas internas” (HELENE; ANDRADE, 2010). A retração plástica é dividida em três mecanismos principais: retração por secagem ou hidráulica, devida à evaporação da água livre ou capilar que gera tensões capilares importantes nos poros remanescentes do concreto que ainda possuem água; retração por hidratação do cimento ou retração química ou retração autógena, o volume total dos produtos hidratados é inferior à soma dos volumes de cimento anidro e de água; e, retração por carbonatação, decorrente da reação do CO2 presente na atmosfera com compostos hidratados do cimento (HELENE; ANDRADE, 2010). Com a retração do concreto, as restrições induzem tensões de tração no material que podem gerar fissuração no concreto, que prejudicam a aparência da peça, aumentam as deformações e podem reduzir a durabilidade. Os principais fatores que afetam a retração por secagem são: • Agregados: o teor e o módulo de deformação do agregado são os principais fatores que influenciam a retração; • Relação água/cimento: para um dado consumo de cimento, um aumento na relação a/c implica na diminuição na resistência do concreto e no seu módulo de elasticidade; • Água por m3: é recomendável que os concretos contenham, no máximo, 175 litros de água por m3 de concreto fresco com o objetivo de reduzir os riscos de evaporação; • Adições e aditivos: adições como escória granulada e pozolanas, e aditivos redutores de água e retardadores de pega tendem a aumentar o volume de poros finos no produto da hidratação do cimento; tempo e umidade, a retração é uma deformação que acontece ao longo do tempo, a taxa relativa do fluxo de umidade do interior para as superfícies externas do concreto se torna mais lenta com o aumento da umidade atmosférica; • Geometria do elemento de concreto: quanto maior é o caminho que a água interna ao concreto tem que percorrer para atingir a superfície do 30 elemento, menor é a taxa de perda de água (HELENE; ANDRADE, 2010). 2.6 HIDRATAÇÃO E POROSIDADE DO CONCRETO A pasta cimentícia de concreto é composta de partículas, microcristais e elementos sólidos (agregados), ligados por uma massa porosa, havendo espaços e vazios no meio. Durante a hidratação do cimento, ocorre a formação de poros, sendo esses, classificados por sua origem e tamanho (MARCONDES, 2012). Conforme Marcondes (2012), os poros são subdivididos em: Macroporos, decorrentes de problemas de adensamento ou uso de incorporadores de ar; Poros capilares, são os principais responsáveis pela permeabilidade da pasta endurecida, pela vulnerabilidade à percolação de águas agressivas e carbonatação. São poros onde o excesso da água de amassamento fica aprisionado. Somente cerca de 20% do peso de cimento em água fica combinada quimicamente na pasta (água estequiométrica); Poros de gel, dependemdo grau de cristalização dos produtos de hidratação (MARCONDES, 2012). Quando a pasta de cimento ou concreto é bem hidratada e, possui uma baixa relação água/cimento, os vazios capilares podem variar entre 10 e 50 nm e, quando a pasta possuem alta relação água/cimento, nas primeiras idades de hidratação, os vazios capilares podem ser maiores, entre 3 e 5 µm. Quando maior que 50 nm (macroporos), os vazios capilares, tem relação direta com a determinação de resistência e impermeabilidade, quando menor que 50 nm (microporos), influenciam diretamente a retração por secagem e a fluência (MARCONDES, 2012). Nos primeiros minutos e nas primeiras horas, as mudanças são muito rápidas; após a primeira semana, tornam-se mais lentas. No entanto, o processo de hidratação continua durante meses e até anos (PAULON apud MARCONDES, 2012). A Figura 01 demonstra a evolução da hidratação da pasta de cimento. 31 Figura 01: Hidratação da pasta de cimento (a) Fase inicial. (b) Semanas após o início. Fonte: PAULON apud MARCONDES, 2012 2.7 PATOLOGIAS DO CONCRETO Com o avanço tecnológico da sociedade em geral, a área da construção civil tornou-se cada vez mais solicitada, tanto na parte de produtividade como de qualidade. Antigamente acreditava-se que o concreto seria algo indestrutível, justamente pelo tempo de duração. Porém, com o decorrer do tempo, notou-se que o material começou apresentar sinais de fraqueza. Tais problemas apresentados, começaram a ser tratados como uma “doença” que necessitava de tratamento. Originando deste fato o termo patologia do concreto (HELENE, 1988). Helene (2003), entende patologia como parte da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens dos defeitos das construções civis e à terapia cabe estudar a correção e a solução desses problemas patológicos, inclusive aqueles devidos ao envelhecimento natural. Enquanto, Azevedo (2011), conceitua patologia de forma precisa, mostrando que o termo tem maior empregabilidade na medicina e pode ser interpretada como a ciência que estuda e faz diagnósticos das doenças, investigando suas origens, seus sintomas, seus agentes causadores e seu mecanismo de ocorrência. Estas patologias podem ser causadas por diversos fatores, desde a utilização de um material de má qualidade, ou até mesmo de um material de boa qualidade, porém utilizado de forma errada. Há também o fator da mão de obra desqualificada, diretamente ligada ao aparecimento das patologia (HELENE, 1988). 32 Segundo Helene e Palermo (1993), em levantamentos feitos em edificações brasileiras que apresentavam algum tipo de patologia, o grau de incidência de anomalias encontradas, ocorre: • 52% devido à má execução; • 24% devido à má utilização; • 18% devido à deficiência de projeto; • 6% devido à deficiência das propriedades dos materiais. A retração é o processo de redução de volume que ocorre na massa de concreto, ocasionada pela saída de água por exsudação, o surgimento de fissuras, rachaduras e trincas ocorre quando existe alguma falha durante este processo de secagem do concreto. As mais comuns são a retração hidráulica, térmica e química (FRANÇA et al, 2011). As fissuras são diferenciadas devido ao carregamento, que são causadas por ações diretas de tração, flexão ou cisalhamento e que ocorrem nas regiões tracionadas, e as fissuras que são causadas por deformações impostas, tais como variação de temperatura, retração e recalques diferenciais (CUNHA, 2011). Segundo Marcelli (2007) as trincas devido a retração hidráulica são provenientes de uma cura mal feita do concreto, em que a perda de agua da argamassa provoca tensões internas na peça, gerando uma retração que provoca esforços de tração no concreto, ao qual não possui boa resistência a tração e surgem então as trincas, conforme Figura 02. Figura 02: Trincas no concreto por retração hidráulica. Fonte: MARCELLI, 2007. As trincas e fissuras decorrentes da retração causam enormes transtornos, além de causar um prejuízo à qualidade da estrutura, podem acarretar também em prejuízos financeiros. Porém caso a retração apareça necessita de tratamento. Existem algumas técnicas para minimizar o problema, porém a principal ação para 33 obter sucesso é atuar preventivamente. Podendo ser adotada uma cura com uma quantidade de água reduzida, além disso pode ser utilizado alguns expansores que atuam na compensação, aumentando o volume da massa, evitando trincas (ESPING, 2006). 34 3. MICROCRISTAIS DE CELULOSE A celulose é do processo natural de fotossíntese das plantas e representa cerca de 23 a 50% da biomassa lignocelulósica. Sua estrutura é linear e chega a conter até 15.000 unidades de β-D-glicose unidas por ligações glicosídicas na posição β-1,4 carbono-carbono e por ligações de hidrogênio intramoleculares e intermoleculares, conforme representação da Figura 03 (NUNES, 2016). Figura 03: Estrutura da celulose e as interações das ligações de hidrogênio intramolecular e intermolecular. Fonte: NUNES, 2016. Nas regiões cristalinas, as fibras possuem resistência a tração, ao alongamento e à absorção de solventes do que na região amorfa, que confere a maior flexibilidade a fibra (VÁSQUEZ et al. apud NUNES, 2016). Os microcristais de celulose (MCC), são preparados a partir da polpa de madeira, altamente purificada, por hidrólise ácida, sob condições controladas. As MCC's são parcialmente despolimerizada com excelentes propriedades e aplicações. Devido sua inércia química, ausência de toxidade, alta absorção, hidro retenção e compressibilidade à baixas pressões, as MCC's são largamente utilizados na indústria farmacêutica, alimentícia e cosmética. Na área de materiais, são usadas como agentes de reforço em compósitos, devido sua biodegrabilidade e alta área superficial para ligações com polímeros e resinas (FERREIRA et al, 2017). 35 Com uma estrutura de escala perto do micrometro 1 µm, os microcristais de celulose possuem excelentes propriedades mecânicas tais como, módulo de elasticidade entre 120 e 200 GPa e resistência à tração de 7,5 GPa. Sua aplicação é altamente utilizada como reforço de matrizes poliméricas, entretanto, estudos analisando e testando os MCC's como reforço de compósitos cimentícios para aplicação na construção são raros (PARVEEN et al, 2017). 3.1 FIBRAS NATURAIS Conforme Taipina 2012), a celulose é o polímero mais abundante no planeta, sua estrutura é predominante em planta e em alguns animais marinhos, podendo ser sintetizadas por alguns fungos e bactérias. Nas plantas, as cadeias de celulose encontram-se na forma de micro fibrilas ou componente celulósico, sendo fios finos de celulose, são essenciais nas propriedades químicas, físicas mecânicas da fibra e possuem dimensões nanométricas. Além do componente celulósico, as plantas são constituídas também de lignina e hemicelulose, o componente celulósico é o mais abundante, sendo o responsável pela estruturação, a hemicelulose funciona como matriz que o componente celulósico se organiza e a lignina é responsável pela solidificação da parede celular, se comparados a um concreto armado, celulose seria a armadura, lignina o concreto e a hemicelulose a um amortecedor que aprimoraria a relação entre concreto e aço (TAIPINA, 2012) Para se extrair o material celulósico segue-se duas etapas. A primeira envolve os processos de extração de cera, branqueamento e tratamento alcalino,para se obter a fibra purificada, com proposito de isolar ummaterial com maior resistência à tração. Na segunda etapa ocorre o isolamento domaterial celulósico na sua forma microfibrilada e/ou cristalina realizado através dostratamentos mecânicos, hidrólise acida e hidrólise enzimática, comumente, utiliza-se tratamentos mecânicos como cisalhamento e pressão, para obter a microfibra de celulose (TAIPINA, 2012). 36 4. PROGRAMA EXPERIMENTAL 4.1 NORMALIZAÇÃO A finalidade da normalização é de elaborar normas com objetivo de regulamentar a qualidade, a classificação, a produção e emprego dos diversos materiais. No Brasil a normalização cabe a ABNT - Associação Brasileira De Normas Técnicas, sociedade civil com intuito não lucrativo, com sede no Rio de Janeiro. Além da ABNT, outras entidades, particulares e/ou oficiais, se dedicam a elaboração de normas técnicas, sua difusão e incentivo, como exemplo, Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), ou Instituto Brasileiro de Concreto (IBC) e o Instituto Brasileiro do Pinho (IBP) (BAUER, 2000). As normas exigidas pela ABNT para obter a qualidade e resistência do concreto são: Tabela 07: Normas da ABNT NBR ANO DESCRIÇÃO 7.215 2019 7.214 2015 9.479 2006 5.738 2015 5.739 2018 7.222 2011 12.655 2015 Cimento Porland - Determinação da resistência à compressão Especifica o método de determinação da resistência à compressão de cimento Portland. Areia normal para ensaio de cimento Fixa as condições exigíveis da areia à execução do ensaio da resistência à compressão de cimento Portland Argamassa e concreto – Câmaras úmidas e tanques para cura de corpos-de-prova Fixa as condições exigíveis para câmaras úmidas e tanques para cura utilizados nos ensaios de cimento e concreto Concreto - Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova Prescreve o procedimento para moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos e prismáticos de concreto Concreto - Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos Especifica o método de ensaio para a determinação da resistência à compressão de corpos de prova cilíndricos de concreto moldados Concreto e argamassa — Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos Prescreve o método para determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova e testemunhos cilíndricos de concreto e argamassa Concreto de cimento Portland - Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento Estabelece especificações para o concreto que está exposto a ambientes sulfatados, e percentuais máximos de contaminação com cloretos, a partir da contaminação individual dos seus componentes e em função do tipo de concreto, bem como da agressividade do meio. 37 Fonte: Os Autores, 2019. 4.2 METODOLOGIA A metodologia aplicada nesse estudo é o quantitativo, com a finalidade de correlacionar os resultados de fluidez, resistência mecânica e retração do concreto CPII F 32 e CPV ARI, rompido aos 28 dias de idade. Com cárater exploratório, foram realizados ensaios em laboratório, a fim de comparar as propriedades supracitadas, realizados ao longo do semestre no laboratório de Engenharia Civil do Campi Bacacheri da Unifacear. Para obtenção dos resultados, definiu-se ensaios no laboratório para teste Continuação Tabela 07 15.900 2010 Água para amassamento do concreto NM 67 1998 NM 52 2009 NM 33 1998 NM 248 2003 14.725 – 2 2009 7.211 2009 Agregados para concreto – Especificação 16.697 2018 Cimento Portland – Requisitos 10.908 2008 Estabelece as características da água de amassamento para serem adequadas ao uso nos concretos estruturais Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone Especifica um método para determinar a consistência do concreto fresco através da medida de seu assentamento, em laboratório e obra. Agregado miúdo - Determinação de massa específica e massa específica aparente Estabelece o método de determinação da massa específica e da massa específica aparente dos agregados miúdos destinados a serem usados em concreto. Concreto - Amostragem de concreto fresco. Estabelecer o procedimento a seguir para a coleta e a preparação de amostras de concreto fresco sobre as quais serão realizados ensaios que permitam determinar suas propriedades. Agregados, Determinação da composição granulométrica Prescreve o método para a determinação da composição granulométrica de agregados miúdos e graúdos para concreto. Produtos químicos — Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente - Parte 2: Sistema de classificação de perigo Especifica informações sobre produtos químicos perigosos relativas à segurança, à saúde e ao meio ambiente Especifica os requisitos exigíveis para recepção e produção dos agregados miúdos e graúdos destinados à produção de concretos de cimento Portland. Especifica os requisitos para o recebimento dos cimentos Portland. Aditivos para argamassa e concreto - Ensaios de caracterização Presecreve os métodos de ensaios de referência pra determinação de pH, teor de sólidos, massa específica, teor de cloretos e análise por infravermelho. 38 de dispersão do MCC, granulometria dos agregados, consistência do concreto fluído, resist ncia mecânica (compressão e tração) e, retração. A Figura 04ẽ ilustra a metodologia da pesquisa. Figura 04: Fluxograma da metodologia da pesquisa. Fonte: Os autores, 2019. 4.3 DELIMITAÇÃO DE PESQUISA 4.3.1 Parâmetros fixados Teor de microcristais de celulose: A porcentagem de de MCC adicionada foi de 0,4 % em relação à massa do concreto. Relação a/c: Os concretos foram confeccionados com a relação a/c de 0,55. Teor de aditivo: Para a confecção do dos concretos, utilizou-se a porcentagem de 0,7% de aditivo. 39 4.3.2 Variáveis independentes Através da dispersão dos MCC’s, as variáveis independentes de pesquisa foram: Concreto de referência (CR) confeccionado sem adição de MCC com cimento CP II F 32 e CPV ARI; Concreto com dispersão de MCC na água e aditivo por vibração (CA) com cimento CP II F 32 e CPV ARI; Concreto com adição de MCC misturado ao cimento através de agitador mecânico (CC) com cimento CP II F 32 e CPV ARI. 4.3.3 Variáveis dependentes As variáveis dependentes neste foram: Consistência do concreto do cimento CP II F 32 e CPV ARI; Resistência à compressão do cimento CP II F 32 e CPV ARI; Resistência à tração do cimento CP II F 32 e CPV ARI; Retração hidráulica do cimento CP II F 32 e CPV ARI. 4.4 MATERIAIS EMPREGADOS Para a elaboração dessa pesquisa, utilizou-se materiais disponíveis em Curitiba/PR e Região Metropolitana, com exceção do MCC que foi obtido em São Paulo/SP . 4.4.1 Cimento Os cimentos utilizado para os ensaio foram o cimento CPII F 32 Composto e CPV ARI da empresa Supremo Secil Cimentos, localizada na cidade de Adrianópolis, região metropolitana de Curitiba/PR. O cimento CPII F 32 Composto com Fíler tem fácil disponibilidade e elevado uso em obras em Curitiba e região. Esse cimento tem adição de fíler calcário, possui 40 mais resistência e secagem mais rápida, contém, elevado teor de clínquer altamente reativo e grau de finura adequado. O cimento CPV ARI contém maior teor de clínquer e alto grau de finura (Blaine) que os demais cimentos disponíveis, o que permite atingir alta resistência incial e o tempo de pega mais rápido. A escolha desses dois cimentos se deu, pois, ambos não possuem cinzas pozolânicas em suas composições, onde, conforme descrito por Marcondes (2002), taismateriais pozolânicos podem interagir com os MCCs e interferir nos resultados. 4.4.2 Agregados miúdos A areia empregada como agregado miúdo é uma areia natural, disponibilizada pela própria faculdade. A escolha por este tipo de agregado se deu em função da disponibilidade, sendo amplamente comercializada por lojas de materiais em Curitiba e região. 4.4.2.1 Ensaio de granulometria e umidade do agregado miúdo Para o ensaio de granulometria, pesou-se 500g de areia, conforme Figura 05 e iniciou-se o processo de peneiramento. Foram utilizadas as peneiras na ordem decrescente a partir de 4,75 mm, tendo a seguinte sequência: 4,75 mm, 2,36 mm, 1,18 mm, 0,6 mm, 0,3 mm e 0,15 mm. Utilizou-se o agitador mecânico Solotest com frequência de 50Hz e 60Hz, por 5 minutos para maior eficiência, conforme Figura 06. Após, pesou-se o conteúdo de cada peneira, inclusive o fundo e anotou-se os resultados. Figura 05: Pesagem da areia Fonte: Os autores, 2019 41 Figura 06: Conjunto de peneiras no agitador mecânico Fonte: Os autores, 2019 O ensaio de umidade foi realizado, pesando-se 500g de areia, onde se adicionou a areia em um frasco com 200 ml de água. Agitou-se por 5 minutos e preencheu-se o restante do frasco com água. Aguardou-se 1 hora para estabilização da temperatura do expêrimento. Após a estabilização, pesou-se o frasco com o material. 4.4.3 Agregados graúdos A brita empregada como agregado graúdo é a de número 1, disponibilizada pela própria faculdade. A escolha por este tipo de agregado se deu em função da disponibilidade, sendo amplamente comercializada por lojas de materiais em Curitiba e região. 4.4.3.1 Ensaio de granulometria e umidade do agregado graúdo Para o ensaio de granulometria, pesou-se 1.500g de brita, conforme Figura 07 e iniciou-se o processo de peneiramento. Foram utilizadass as peneiras na ordem decrescente a partir de 4,75 mm, tendo a seguinte sequência: 25 mm, 19 mm, 12,5 mm, 9,5 mm, 6,3 mm, 4,75 mm e 2,36 mm. Utilizou-se o agitador mecânico Solotest com frequência de 50Hz e 60Hz, por 5 minutos para maior eficiência. Após, pesou- se o conteúdo de cada peneira, inclusive o fundo e anotou-se os resultados. 42 Figura 07: Pesagem da brita Fonte: Os autores, 2019 O ensaio de umidade foi realizado, pesando-se 2.000g de brita, onde se umideceu o material e pesou-se novamente. 4.4.4 Microcristal de celulose Os MCCs utilizados nesta pesquisa foram adquiridos da empresa Orso di Constanzo, localizado na cidade de São Paulo/SP. O MCC adquirido possui granulometria tipo 101, com tamanho da partícula de 50 micrômetro (50x10-6 m), com densidade de 0,26 g/cm³, possuindo alto nível de pureza. O MCC é um produto químico classificado como não perigoso pela NBR 14.725-2. Conforme as informações do fabricante, o MCC é um material multifuncional, que estabiliza, emulsifica, melhora fluidez, é agente de compressão, confere viscosidade e melhora a textura quando adicionado a outros materiais. 4.4.5 Aditivo superplastificante Para a realização do experimento foi utilizado um aditivo superplastificante polifuncional, com alto poder de redução de água. O adtivido utilizado foi o MasterPolyheed 38, também conhecido como, MasterMix BF 38 da empresa Basf. Conforme informações do fabricante, o pH varia de 8 à 10, massa específica de 43 1.150 à 1.190 g/cm³ e, dosagem recomenda de 0,3% à 2%, conforme parâmetros estabelecidos pela norma NBR 10.908. A escolha de tal aditivo se deu, pois, o adtivio MasterMix BF 38 é específico para cimentos e concretos com adições em sua composição, promovendo, acréscimo de resistências finais. 4.5 MOLDAGEM, PROPORCIONAMENTODE MATERIAIS E FORMA DE MISTURA Para a dosagem do concreto, foi definido um traço de referência e, empregado em todos os concretos confeccionados, para permitir uma melhor análise dos resultados, conforme Tabela 08. Tal traço foi baseado no estudo de adição de nanotubo de carbono em cimento Portland, realizado por Marcondes (2002) que se baseou no metódo IBRACON. Tabela 08: Traços e proporcionamento utilizados na confecção do concreto. Fonte: Os autores, 2019 A nomenclatura empregada nas amostras, refere-se a: CR: concreto de referência, sem adição de MCC; CA: concreto com dispersão de MCC em água; CC: concreto com MCC misturado no pó de cimento; A relação água/cimento adotada foi de 0,55. Parâmetro dentro dos limites estabelecido pela Norma NBR 12.655, para classe de agressividade II (ambientes urbanos). TRAÇO CIMENTO AREIA BRITA A/C α C kg g kg kg - % kg/m3 g 1,00 0,40% 2,25 2,75 0,55 - - 0,70% CR 4,70 - 10,60 12,90 0,55 0,47 99,80 32,90 CA 4,70 18,80 10,60 12,90 0,55 0,47 99,80 32,90 CC 4,70 18,80 10,60 12,90 0,55 0,47 99,80 32,90 MCC (em relação à massa do cimento) ADITIVO (em relação à massa do cimento) TRAÇO UNITÁRIO 44 A fixação do parâmetro de adição de aditivo, foi estabelecido em 0,7% em relação a massa do cimento, baseando no experimento de Marcondes (2012). O teor de MCC utilizado nos concretos, foi obtido através do experimento de dispersão descrito no Tópico 6.1 deste estudo. Para realização do ensaio, foram feitos 6 misturas na betoneira, sendo uma para cada traço. Cada betonada foi sufuciente para moldar 06 corpos de prova de cada traço, totalizando 36 cilindros de 10x20 cm, para ensaios de resistência à compressão e à tração. 4.5.1 Ensaio de dispersão de MCC Com a finalidade de determinar o melhor teor de MCC a ser adicionado ao concreto, foram estudados quatro amostras com teores diferentes e, aplicado a técnica de análise hierárquica, para auxílio na tomada de decisão. As amostras foram preparadas em frascos erlenmeyers, utilizando-se uma balança eletrônica da marca Bel Engineering Classe II, disponibilizada no laboratório da faculdade, mostrada na Figura 08. Para a realização do experimento, escolheu- se a porcentagem de 0,2%, 0,3%, 0,4% e 0,5% em relação ao total da água para obtenção dos dados dos teores. A Tabela 09 mostra a visão geral do expêrimento, com a numeração das amostras e as dosagens utilizadas. Tabela 09: Visão geral do experimento Fonte: Os autores, 2019. Após a definição das referências das amostras, fez-se a preparação das mesmas, iniciando com a pesagem dos materiais e adição de água, MCC e aditivo nos frascos, conforme detalhado na Figura 15. AMOSTRA REFERÊNCIA DOSAGEM ÁGUA ADITIVO MCC AM 01 ÁGUA + ADITIVO + MCC 0,2% 100 g 0,7 g 0,2 g AM 02 ÁGUA + ADITIVO + MCC 0,3% 100 g 0,7 g 0,3 g AM 03 ÁGUA + ADITIVO + MCC 0,4% 100 g 0,7 g 0,4 g AM 04 ÁGUA + ADITIVO + MCC 0,5% 100 g 0,7 g 0,5 g 45 Figura 08: A) Preparação dos frascos com água. B) Pesagem dos materiais. C) Adição dos materiais nos frascos. D) Frascos preparados com as misturas e identificados. Fonte: Os autores, 2019. Após a preparação das amostras, posicionou-se os frascos no agitador mecânico Solotest para mistura e vibração das amostras, conforme detalhes da Figura 09. Iniciou-se a vibração das amostras na frequência de 20 Hz pelo tempo de 30 minutos. Figura 09: Vibração das amostras. Fonte: Os autores, 2019. 46 As amostras permaneceram em vibração por 30 minutos, em análise visual, percebeu-se que as amostras AM 03 e AM 04 apresentaram maior viscosidade em relação as demais. Após a vibração, as amostras foram retiradas do agitador mecânico e dispostas na bancada para análise visual, quanto a turbidez e decantação das amostras. O período de observação foi de 30 minutos, divididos em três análises a cada 10 minutos. Para a verificaçãoda turbidez, utilizou-se a incidência de iluminação de baixo para cima, conforme Figura 10. Dentro do período de observação, verificou-se que todas as amostras tiveram decantação dos MCCs, conforme demonstrado na Figura 11. Figura 10: Análise de turbidez das amostras Fonte: Os Autores, 2019. 47 Figura 11: Análise de decantação das amostras Fonte: Os Autores, 2019. Para a análise da eficiência da dispersão foi utilizado o método da análise visual para cada amostra. Para proceder com a análise foram estabelecidos os seguintes critérios a fim de comparar as amostras e assim proceder com a escolha da melhor forma de dispersão: 48 • Turbidez: é uma propriedade física dos fluídos que se traduz na resução da sua transparência devido à presença de materiais em suspensão que interferem na passagem de luz através deste (Marcondes, 2002). A análise deste critério foi feita de forma qualitativa com a visualização ou não da turbidez e sua classificação se deu por três parâmetros, detalhados na Tabela 10. Tabela 10: Parâmetros e classificação para análise da turbidez Fonte: Os Autores, 2019. • Decantação: é o processo de separação das fases de uma mistura ou solução, se houver considerável parcela de partículas em suspensão na amostra, significa que não houve decantação (Marcondes, 2002). 4.5.1.1 Preparo da solução para o traço com adição de MCC Para o preparo das soluções com dispersão de MCC em meio aquaso, fez-se a adição dos MCC em 500 ml de água e 0,7% de aditivo em relação a massa de cimento e, segui-se para a mistura manual por 5 minutos. Para homogeneização do cimento com MCC, fez-se a mistura manual por 5 minutos. 4.5.2 Preparo dos concretos Os concretos foram confeccionados em betoneira de eixo horizontal com 150 litros de capacidade e sua confecção se deu da seguinte maneira: Parâmetros Classificação Sem incidência de luminosidade Turva Ótima dispersão Com pouca incidência de luminosidade Translucida Boa dispersão Com muita incidência de luminosidade Transparência Dispersão ruim Incidência de luminosidade que passa pela amostra 49 Traço CR: Pesou-se os materiais; Imprimou-se a betoneira; Inseriu a brita e metade da água de amassamento e misturar por 10 segundos; Adicionou-se o cimento e misturar por 30 segundos; Adicionou-se o restante da água de amassamento e misturar por 1 minuto; Adicionou-se a areia e misturar por 2 minutos; Parou-se e raspou-se a betoneira com colher de pedreiro, para retirar argamassa acumulada nas paredes e misturar por mais 3 minutos. Traço CA: Preparou-se a solução de água, aditivo e MCC e misturar por 5 minutos ; Pesou-se os materiais; Imprimou-se a betoneira; Inseriu a brita e metade da água de amassamento e misturar por 10 segundos; Adicionou-se o cimento e misturar por 30 segundos; Adicionou-se a solução de MCC disperso em água e o restante da água de amassamento e misturar por 1 minuto; Adicionou-se a areia e misturar por 2 minutos; Parou-se e raspou-se a betoneira com colher de pedreiro, para retirar argamassa acumulada nas paredes e misturar por mais 3 minutos. Traço CC: Pesou-se os materiais; Em um recepiente, adicionou-se o cimento e o MCC em pó. Efetuar a mistura dos materiais por 5 minutos; Imprimou-se a betoneira; Inseriu a brita e metade da água de amassamento e misturar por 10 segundos; 50 Adicionou-se o cimento com MCC e misturar por 30 segundos; Adicionou-se o restante da água de amassamento e misturar por 1 minuto; Adicionou-se a areia e misturar por 2 minutos; Parou-se e raspou-se a betoneira com colher de pedreiro, para retirar argamassa acumulada nas paredes e misturar por mais 3 minutos. A Figura 12 demonstra a separação dos materiais para inicio dos traços. Figura 12: Separação dos materiais para início dos traços com cimento CPII F 32. Fonte: Os Autores, 2019 4.6 MÉTODOS DE ENSAIO NO ESTADO FRESCO 4.6.1 Consistência do concreto O ensaio de abatimento de tronco de cone ou slump test, foi realizado para obter a consistência e a fluídez de todos os concretos em estado fresco após o preparo das misturas, com base na norma NBR NM 67 e deu-se da seguinte forma: Realizou-se limpeza e umedecimento do molde com as dimensões: altura de 30 cm, diâmetro superior de 10 cm e diâmetro inferior de 20 cm; Colocou-se o molde sobre placa metálica base (50x50x0,3 cm), limpa e umedecida; Com o molde fixado pelas aletas preencheu-se 1/3 do molde com concreto recém confeccionado, não ultrapassando 5 minutos de após a coleta; Adensou-se o concreto no molde com 25 golpes da haste de socamento de 16 mm; 51 Preencheu-se mais 1/3 de molde com concreto e adensar com mais 25 golpes; Preencheu-se o restante do molde com concreto e adensar com mais 25 golpes; Após o adensamento, retirou-se o complemento tronco cônico e remove-se o excesso de concreto com auxílio da própria haste de socamento; Imediatamente após, fez-se a limpeza da placa metálica de base em torno do molde; A desmoldagem foi efetuada, elevando-se o molde pelas alças cuidadosamente na direção vertical, com velocidade constante e uniforme, num tempo de (10±2)s; Mediu-se distância entre o plano correspondente à base superior do molde e o centro da base superior da amostra abatida, medida com régua metálica. A realização do ensaio pode ser verificado na Figura 13. Figura 13: Ensaio de consistência do concreto (abatimento de cone). Fonte: Os Autores, 2019 Após a realização do ensaio de consistência, retornou-se o concreto para a betoneira para efetuar a mistura por mais 2 minutos a fim de prepará-lo para a moldagem dos corpos de prova. 4.7 MÉTODOS DE ENSAIO NO ESTADO ENDURECIDO 52 4.7.1 Moldagem dos corpos de prova Para a moldagem dos corpos de prova para os ensaios de resistência à compressão e à tração, utilizou-se moldes de diâmetros de 10x20 cm. Foram moldados 06 corpos de prova para cada traço confeccionado. Seguindo a norma NBR 5768, a moldagem ocorreu da seguinte maneira: Lubrificou-se os moldes com óleo mineral; Preencheu-se a metade do cilindro com concreto fresco; Adensou-se o concreto com 12 golpes; Preencheu-se o restante do cilindro com concreto fresco; Adensou-se com mais 12 golpes; Identificou-se a amostra; Deixou-se a mistura descansar por 24 horas; Armazenou-se o corpo de prova na câmara úmida (cura submersa), com temperatura controlada próximo a 23⁰ C. A Figura 14 demonstra os corpos de prova moldados, onde foram identificados com as seguintes cores: • Traço CR: verde; • Traço CC: vermelho; • Traço CA: azul. Figura 14: Moldagem dos corpos de prova. Fonte: Os Autores, 2019 53 4.7.2 Ensaio de resistência à compressão Seguindo a norma NBR 5739, o ensaio de compressão foi realizado em 03 corpos de prova de cada traço com a idade de 28 dias. Foram utilizados moldes cilíndricos com dimensão de 10 x 20 cm e o adensamento foi realizado manualmente. A prensa utilizada no ensaio de resistência à compressão é uma prensa manual com indicador digital, da marca Fortest, modelo FT02 com capacidade de carga de 100 tf. Esta máquina encontra-se no laboratório de materiais do campi Bacacheri e pode ser observada na Figura 15. Figura 15: Prensa manual para rompimento de corpos de prova. Fonte: Os Autores, 2019 4.7.3 Ensaio de resistência à tração A
Compartilhar