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MÓDULO 3 - REVELIA E RECONHECIMENTO DA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO

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20/02/2019 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/4
 
Revelia e Reconhecimento do Pedido
A expressão “contumácia” apesar de não ser mencionada pela nova legislação
processual em vigor (nem mesmo pelo CPC revogado), significa a inércia das partes
na prática de atos processuais. Falamos então em contumácia do réu ou revelia.
Uma vez regularmente citado, o réu tem o prazo de 15 (quinze) dias para
apresentar contestação, nos termos do art. 335 do CPC:
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze)
dias, cujo termo inicial será a data:
Contudo, pode o réu se manter inerte, e não apresentar qualquer resposta no
processo. Quando isso ocorre estamos diante da revelia.
A revelia, então, é a ausência de qualquer resposta por parte do réu. Ressalta-se
que, ainda que o réu tenha advogado devidamente habilitado nos autos, caso não
seja elaborada a defesa, há revelia.
Importa ressaltar que o réu não tem o dever de responder ao processo, mas tem
um ônus de fazê-lo, pois em caso de inexistência de resposta, o mesmo será
tratado como ausente no processo, tendo algumas consequências jurídicas
particularizadas para esta situação.
Quando se fala em revelia, a principal consequência são os efeitos decorrentes, que
devem ser analisados.
São dois os principais efeitos da revelia. O primeiro deles é o previsto no art. 344
do CPC:
Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão
verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.
Este efeito deverá ser visto de forma relativizada, pois nesse caso a lei não quis
simplesmente punir o réu revel. O magistrado, caso não se sinta convencido,
poderá determinar ao autor que produza outras provas para caracterização de seu
direito.
O outro efeito da revelia é o previsto no art. 346 do CPC.
Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data
de publicação do ato decisório no órgão oficial. 
 
Ora, no caso de revelia, diferentemente do que previa a legislação anterior (art.
322 do CPC de 1973) em que os prazos processuais correriam independentemente
de intimação, no CPC vigente os prazos processuais fluirão da data de publicação
do ato decisório no órgão oficial.
Contudo, de acordo com o parágrafo único do art. 346 do CPC, mesmo que o réu
seja revel, este fato não o impedirá de comparecer ao processo em qualquer fase,
mas receberá o mesmo no estado que se encontrar.
20/02/2019 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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É que o revel, ao atuar no processo em trâmite, não poderá alegar matérias
preclusas, sobre as quais não há mais a possibilidade de deduzi-las por ter passado
o momento oportuno para falar nos autos. É o que se deduz do art. 346, parágrafo
único do CPC:
Art. 346. (...)
Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o
no estado em que se encontrar.
Há ainda um terceiro efeito que decorre das consequências da revelia, que é o
julgamento antecipado da lide, de acordo com o art. 355, II do CPC.
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com
resolução de mérito, quando: 
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento
de prova, na forma do art. 349.
Na revelia, como os fatos articulados pelo autor são considerados verdadeiros
diante da inércia do réu, e o juiz entender que não há controvérsia de fato a ser
comprovada pelo autor, poderá haver o julgamento antecipado da lide, com a
prolação de sentença de forma antecipada no tempo.
Contudo, importante a ressalva: o julgamento antecipado da lide não implica em
procedência do pedido do autor, pois ainda que o magistrado não tenha requerido
mais nenhuma providência de ordem probatória, a sua convicção sobre o direito
pleiteado pode não ser pelo ganho de causa ao autor.
Também importante frisar que a revelia não implica necessariamente na
procedência do pedido, pois caberá ao juiz inicialmente analisar se o processo está
formalmente em ordem (pressupostos processuais e condições da ação) e se as
alegações do autor ao menos estão minimamente demonstradas e dispensam a
produção de qualquer outra prova. Nesse sentido interessante decisão proferida
pelo Superior Tribunal de Justiça que foi divulgada no Informativo nº 0546, a saber:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APRESENTAÇÃO APENAS DE
RECONVENÇÃO SEM CONTESTAÇÃO EM PEÇA AUTÔNOMA E
POSSIBILIDADE DE SE AFASTAR OS EFEITOS DA REVELIA. Ainda que não
ofertada contestação em peça autônoma, a apresentação de reconvenção
na qual o réu efetivamente impugne o pedido do autor pode afastar a
presunção de veracidade decorrente da revelia (art. 302 do CPC). Com
efeito, a jurisprudência do STJ encontra-se consolidada no sentido de que
a revelia, decorrente da não apresentação de contestação, enseja apenas
presunção relativa de veracidade dos fatos narrados na inicial pelo autor
da ação, podendo ser infirmada pelos demais elementos dos autos,
motivo pelo qual não acarreta a procedência automática dos pedidos
iniciais. Ademais, o STJ já se posicionou no sentido de que constitui mera
irregularidade a apresentação de contestação e de reconvenção em peça
única. REsp 1.335.994-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 12/8/2014. Disponível em
https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/informativo/?
acao=pesquisar&livre=revelia&operador=e&b=INFJ&thesaurus=JURIDICO
acesso em 25/01/2016 às 17hs 13min
 
20/02/2019 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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Assim seguramente pode-se afirmar que a presunção de veracidade dos fatos
alegados pelo autor não ocorrerá se nos autos, de alguma forma, os fatos se
tornarem controvertidos.
Além disso, para o julgamento antecipado da lide nos termos do art. 355, II do CPC
é necessário que o réu revel não tenha feito nenhum requerimento de prova.
O art. 345 do CPC dispõe sobre as hipóteses em que, apesar de caracterizada a
revelia, não há a produção de seus efeitos. 
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere
indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem
em contradição com prova constante dos autos.
 
Para entender o disposto no inciso I do art. 345 do CPC, deve-se recordar o que é
litisconsórcio, ou seja, a pluralidade de partes num processo seja no polo ativo ou
passivo.
Quando ocorre litisconsórcio, normalmente, cada parte é considerada parte distinta
nos termos do art. 117 do CPC.
Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte
adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os
atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar.
Contudo, em alguns casos, os atos de um litisconsorte podem ser aproveitados
pelos outros. Um exemplo clássico é exatamente a hipótese do art. 345, I do CPC.
É que, havendo litisconsórcio passivo, caso um dos réus conteste a demanda, não
ocorrerá a revelia nem a consequente presunção de veracidade dos fatos alegados
pelo autor.
O inciso II do art. 345 do NCPC trata da hipótese dos direitos indisponíveis, como a
própria nomenclatura induz, são aqueles os quais as partes não podem dispor.
Neste caso, mesmo que a revelia se caracterize, é impossível que os seus efeitos
sejam aplicados, pois, de certa forma, estaria comparado à confissão, que segundoa legislação processual vigente não é válida quando se trata de direitos
indisponíveis, de acordo com o art. 392 do CPC:
Art. 392. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a
direitos indisponíveis.
O inciso III do art. 345 do CPC trata das hipóteses em que a petição inicial não
estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova de
um ato. Neste caso, não pode militar a favor do autor a presunção de veracidade
decorrente da revelia.
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Diante disso, o magistrado deverá determinar que o autor produza provas, nos
termos do art. 348 do CPC:
Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência do efeito
da revelia previsto no art. 344, ordenará que o autor especifique as provas que
pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado.
Além disso, ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às alegações
do autor, desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar os atos
processuais indispensáveis a essa produção, conforme determina o art. 349 do
CPC:
Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às alegações
do autor, desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar os atos
processuais indispensáveis a essa produção.
A última hipótese do art. 345, IV do CPC vigente é novidade trazida pela legislação
de 2015. Quando alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou
estiverem em contradição com prova constante dos autos também não incidirá os
efeitos da revelia.
Como conclusão, podemos afirmar que a lei processual vigente praticamente não
alterou o instituto da revelia, apenas e tão somente positivou o que já vinha sendo
adotado pelos juízes, ou seja, a situação em que não ocorrerão os efeitos da revelia
se as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em
contradição, e ainda que será facultado ao réu revel a possibilidade de produção de
prova se comparecer tempestivamente para tanto.
O novo CPC apenas e tão somente incluiu que pode ocorrer o reconhecimento da
procedência do pedido formulado tanto na ação quanto na reconvenção.

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