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Técnico em Segurança do Trabalho Maria Luísa Corrêa Muniz 2015 Ergonomia e Saúde Ocupacional Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Vice-presidente da República Michel Temer Ministro da Educação Renato Janine Ribeiro Secretário de Educação Profissional e Tecnológica Marcelo Machado Feres Coordenação Geral de Fortalecimento Carlos Artur de Carvalho Arêas Coordenador Rede e-Tec Brasil Cleanto César Gonçalves Governador do Estado de Pernambuco Paulo Henrique Saraiva Câmara Vice-Governador do Estado de Pernambuco Raul Jean Louis Henry Junior Secretário de Educação e Esportes de Pernambuco Frederico da Costa Amâncio Secretário Executivo de Educação Profissional Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra Gerente Geral de Educação Profissional Maria do Socorro Rodrigues dos Santos Gestor de Educação à Distância George Bento Catunda Coordenação do Curso Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação de Design Instrucional Renata Marques de Otero Revisão de Língua Portuguesa Eliane Azevêdo Diagramação Klébia Carvalho INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3 1. COMPETÊNCIA 01 | COMPREENDER E IDENTIFICAR OS SERVIÇOS DE SAÚDE OCUPACIONAL NECESSÁRIOS À ORGANIZAÇÃO, ASSESSORANDO-A NO CUMPRIMENTO DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO (SST) ...................................................... 6 1.1 Histórico da Saúde Ocupacional ............................................................................. 6 1.2 Norma Regulamentadora 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). ...................................................... 11 1.3 Norma regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). ......................................................................................................................... 18 2. COMPETÊNCIA 02 |ESTABELECER AÇÕES PREVENTIVAS E CORRETIVAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE OCUPACIONAL NO AMBIENTE DE TRABALHO. ................................ 25 2.1 Ricos Ambientais .................................................................................................. 25 2.2 Mapa de Risco ...................................................................................................... 32 2.3 Medidas de Prevenção dos Riscos ....................................................................... 38 3. COMPETÊNCIA 03 | ESTRUTURAR E DESENVOLVER AVALIAÇÃO ERGONÔMICA NOS AMBIENTES DE TRABALHO ..................................................................................................... 50 3.1 Surgimento da Ergonomia .................................................................................... 50 3.2 Classificação da Ergonomia .................................................................................. 55 3.3 Risco Ergonômico ................................................................................................. 56 3.4 Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia .......................................................... 61 3.4.1 Levantamento, Transporte e Descarga Individual de Materiais ....................... 62 3.4.2 Mobiliário dos Postos de Trabalho .................................................................... 64 3.4.3 Equipamentos dos Postos de Trabalho ............................................................. 66 3.4.4 Condições Ambientais de Trabalho ................................................................... 67 3.4.5 Organização do Trabalho .................................................................................. 68 3.5 Análise Ergonômica de Trabalho (AET) ................................................................ 69 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 74 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 75 CURRÍCULO DO PROFESSOR ................................................................................................... 77 Sumário 3 Ergonomia e Saúde Ocupacional INTRODUÇÃO Caro cursista, Seja bem vindo à disciplina Ergonomia e Saúde do Trabalho do curso de Técnico de Segurança do Trabalho! Vamos seguir juntos nesta jornada e aproveitar este momento de interação para aprendermos um pouco sobre Saúde Ocupacional e Ergonomia. Entenderemos qual a importância dessa disciplina na prática diária do técnico de segurança do trabalho e como os conhecimentos dela irão dar consistência e facilitar as ações a serem realizadas por este profissional. Podemos destacar vários questionamentos que ao longo da disciplina vamos responder, como por exemplo: Quando e por que surgiu a preocupação com as condições laborais dentro das indústrias? Quais são os serviços que atuam na Saúde Ocupacional dos trabalhadores e como eles se estruturam e atuam nas empresas? Quais são os fatores de risco ambientais e por que a necessidade de identificá-los? O que é um mapa de risco, qual a sua importância e como é feita a sua elaboração? Quais os cuidados que se deve tomar ao elaborar medidas de prevenção em um local de trabalho? Quando surgiu a ergonomia e como ela se classifica? Como é realizada a análise ergonômica do trabalho? Pretendemos esclarecer e discutir todas as perguntas acima e acreditamos que ao fim da disciplina você, prezado cursista, estará apto a respondê-las. Mas não apenas isso, ao final, você, além de obter o conhecimento teórico, será capaz de identificar os riscos ambientais existentes em locais de trabalhos diversos e saberá elaborar um mapa de risco, além de ter as informações necessárias para colocar em prática uma análise ergonômica do trabalho. 4 Técnico em Segurança do Trabalho A definição de saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a de um completo bem estar físico, psíquico, social e espiritual, além disso, ela é vista como um processo, uma construção do ser humano. A saúde e o trabalho, atualmente, já carregam uma relação de causa e efeito bem definida. Sendo assim, o trabalho termina por ser um dos determinantes dessa construção, ou seja, um dos determinantes da saúde dos cidadãos. Caro cursista, as ideias apresentadas anteriormente, levam-nos a concluir que o ambiente do trabalho, os equipamentos utilizados e a organização das atividades são fatores decisivos para a saúde dos trabalhadores. Por isso, a grande importância de estudar a saúde ocupacional, os fatores de risco para doenças e acidentes existentes no ambiente laboral e as medidas de prevenção de agravos. Para conseguirmos resultados positivos é necessário um esforço conjunto dos empregadores, dos trabalhadores, do Estado e da sociedade civil para melhorarmos a segurança, a saúde e o bem-estar no trabalho. Dessa forma, vamos começar a 1ª competência fazendo um apanhado histórico geral da saúde ocupacional e comentando como e quando surgiram os primeiros serviços voltados à prevenção de agravos em funcionários. Além disso, serão abordados através de Normas Regulamentadoras (NRs) alguns serviços que atualmente prestam atendimento de prevenção de doenças e acidentes no local de trabalho. Na 2ª competência, iremos conhecer os riscos ambientais detalhadamente e, posteriormente, aprenderemos o que é o mapa de risco, a suaimportância e o passo a passo na sua elaboração. Mas não vamos parar por aqui, após aprendermos a identificar os riscos começaremos a pensar em medidas para preveni-los e deixar o local de trabalho o mais saudável possível. Encerraremos esta disciplina na 3ª competência em que será abordada uma ciência denominada Ergonomia. Vamos aprender onde ela surgiu, qual a sua importância, classificação e campo de aplicação. Por fim, iremos compreender 5 Ergonomia e Saúde Ocupacional como realizar uma análise ergonômica do trabalho e qual a sua importância e utilidade. Bons estudos! 6 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 01 1. COMPETÊNCIA 01 | COMPREENDER E IDENTIFICAR OS SERVIÇOS DE SAÚDE OCUPACIONAL NECESSÁRIOS À ORGANIZAÇÃO, ASSESSORANDO-A NO CUMPRIMENTO DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO (SST) Caro aluno, iniciaremos a 1ª competência desta disciplina fazendo uma abordagem geral do histórico da saúde ocupacional. Vamos compreender quando surgiu a preocupação com a saúde dos trabalhadores e quais foram as medidas tomadas inicialmente na época da Revolução Industrial visando à redução dos acidentes e à prevenção dos riscos existentes no ambiente laboral. Compreenderemos também como esse contexto levou à criação dos primeiros serviços de saúde ocupacional e, também, quais são eles atualmente e como funcionam dentro das empresas. 1.1 Histórico da Saúde Ocupacional O homem foi percebendo que algumas substâncias de origem animal, vegetal ou mineral, quando manipuladas ou ingeridas são capazes de produzir doenças e até mesmo de causar a morte. Há cerca de 400 anos, Paracelso discorreu: “Todas as substâncias são tóxicas. Não há uma que não seja veneno. A dose correta é que diferencia um veneno de um remédio.” Através dessa reflexão e com os conhecimentos mais atuais, podemos concluir que qualquer substância presente no ambiente do trabalho pode vir a produzir algum efeito adverso quando em contato com o organismo humano. 7 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 01 Figura 01 – Mineradores (Painel do Museu do Ouro – MG) Fonte: http://guayaberamineira.blogspot.com.br/2008_11_01_archive.html (2012) É importante resaltar que diversos fatores em conjunto vão interferir no desenvolvimento de alguma doença ocupacional, como por exemplo: o tempo de exposição ao agente, a concentração das substâncias, a quantidade do agente no ambiente laboral, a intensidade da exposição e a suscetibilidade individual do trabalhador. Sendo assim, quanto maior for o tempo e a intensidade de exposição ao agente, à concentração das substâncias, à quantidade do agente no ambiente laboral, mais vulneráveis ao adoecimento estarão os trabalhadores. Entretanto, o aparecimento ou agravamento das doenças ocupacionais serão determinados pela suscetibilidade individual, ou seja, características particulares de cada pessoa. Algumas pessoas são mais altas, outras são magras, umas possuem a pele escura, outras, a imunidade mais baixa e determinados grupos têm uma facilidade maior a adquirir determinadas doenças quando comparados a outros. Um grande marco para o surgimento da Saúde Ocupacional foi a Revolução Industrial que se iniciou na Europa (Inglaterra, França e Alemanha) e ocorreu entre 1760 e 1850. Nessa época, as condições de trabalho eram precárias, não havia limites nas jornadas de serviço, o ambiente era fechado e as máquinas sem nenhuma proteção. Consequentemente, as doenças, os acidentes com mutilações e óbitos eram numerosos e as doenças infectocontagiosas se disseminavam. 8 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 01 Figura 02 – Ilustração de Fábricas Fonte: http://www.fisica-interessante.com/aula-historia-e-epistemologia-da- ciencia-11-crise-da-fisica-1.html (2012) Nesse momento, em que a força de trabalho era explorada de forma desumana visando apenas à produtividade das grandes indústrias, tornou-se necessária uma intervenção, sob a pena de inviabilidade de sobrevivência dos trabalhadores. Foi nesse contexto que surgiu, na Inglaterra, a medicina do trabalho. O interesse inicial pela medicina do trabalho brotou de um proprietário de uma fábrica têxtil chamado Robert Dernham que estava preocupado com a saúde dos seus trabalhadores que não dispunham de nenhum cuidado médico, além dos prestados por instituições filantrópicas. Figura 03 - Crianças Trabalhando em Fábrica Têxtil Fonte: http://profvalquiriahistoria.blogspot.com.br/2009/05/as-muitas-faces-da- revolucao-industrial.html (2012) 9 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 01 Dernham procurou o seu médico particular, Robert Baker, e lhe questionou qual seria a melhor maneira para ele resolver esta situação. A resposta de Baker foi: "Coloque no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a fábrica, sala por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas. E se ele verificar que qualquer dos trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele competirá fazer tal prevenção. Dessa forma você poderá dizer: meu médico é a minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade no que diz respeito à proteção da saúde e das condições físicas dos meus operários; se algum deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o médico unicamente é que deve ser responsabilizado". Surgiu, assim, em 1830, quando Robert Dernham contratou Baker para trabalhar em sua fábrica, o primeiro serviço de medicina do trabalho. Vamos agora reler atentamente a resposta dada por Baker. Se prestarmos atenção, poderemos observar que em suas palavras despontam os elementos básicos das expectativas do capital quanto às finalidades de um serviço de medicina do trabalho: Serviços dirigidos por pessoas de inteira confiança do empresário e que estivessem dispostas a defendê-lo; Serviços que fossem centrados na figura do médico; Seria uma tarefa eminentemente médica a prevenção dos danos à saúde resultantes dos riscos do trabalho; Ao médico cabia a responsabilidade pela ocorrência de problemas de saúde. 10 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 01 Devido à inexistência ou precariedade dos serviços de saúde e por contemplar as expectativas dos empregadores, o modelo acima descrito se difundiu rapidamente entre vários países. Os serviços de medicina do trabalho passaram a criar e manter a dependência do trabalhador e de seus familiares ao mesmo tempo em que controlava diretamente a força de trabalho. Algumas indústrias, em especial nos Estados Unidos, mantiveram-se muito resistentes em prestar uma atenção especial aos problemas de saúde de seus trabalhadores. As primeiras iniciativas em relação a serviços médicos apenas surgiram a partir do aparecimento da legislação sobre indenizações em casos de acidentes de trabalho. Nestes casos, o interesse principal dos empregadores era reduzir o custo das indenizações. Como se deu a evolução da Saúde Ocupacional aqui no Brasil? A América Latina, incluindo o Brasil, passou pelo processo da Revolução Industrial por volta de 1930, bem mais tarde que os países norte-americanos e europeus. Apesar da experiência já vivida pelos demais países, passamos pelas mesmas fases. Em 1970, o Brasil já era consideradoo campeão de acidentes de trabalho. Aqui no Brasil os serviços médicos dentro das empresas foram criados por iniciativa dos empregadores e são razoavelmente recentes. Inicialmente consistia em assistência médica gratuita para os trabalhadores, provenientes, de forma geral, do campo. Apesar da Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomendar serviços com caráter essencialmente preventivos, os brasileiros eram eminentemente curativos e assistenciais. Apenas em 1972 o governo brasileiro baixou a portaria nº 3237 e tornou obrigatória a existência dos serviços médicos, de higiene e segurança em todas as empresas com mais de 100 trabalhadores. 11 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 01 1.2 Norma Regulamentadora 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). O SESMT tem como finalidade promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no seu local de trabalho. É obrigatório que as empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT mantenham os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. Mais à frente veremos que, embora todas as empresas estejam obrigadas a cumprir o contido nas Normas Regulamentadoras (NR), nem todas estão obrigadas a constituir o SESMT. Figura 04 - Objetivos do SESMT Fonte: http://segprevi.blogspot.com.br/2011/03/profissionais-que-compoem-o- sesmt.html (2013) Para realizar o dimensionamento do SESMT, ou seja, definir quantos funcionários de cada categoria será necessário na sua composição, é preciso duas informações: a gradação do risco da atividade principal da empresa e o número total de empregados do estabelecimento. Essas informações podem ser obtidas nos quadros I e II da NR-4. O quadro I contém, para cada Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, o grau de risco correspondente que varia de 1 a 4, em escala crescente de risco. Já o quadro II contém a composição mínima 12 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 01 obrigatória do SESMT, em função do grau de risco estabelecido no quadro I, e da quantidade de empregados do estabelecimento. Figura 05 - Dimensionamento do SESMT Fonte: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/trabalhista/nr/nr4_5.htm (2013) Ao observarmos o quadro II, podemos constatar que quando o número de empregados no estabelecimento alcança o patamar entre 2.001 e 3.500, para todos os graus de risco, o auxiliar de enfermagem do trabalho começa a ser obrigatório e o enfermeiro do trabalho ainda não. Esse trecho da NR – 4 vai de encontro ao disposto na lei do exercício profissional da equipe de enfermagem, que deixa bastante claro que o auxiliar de enfermagem só pode Confira a NR-4 na íntegra com todos os seus quadros no link abaixo: http://portal. mte.gov.br/data /files/8A7C812D 308E21660130D 26E7A5C0B97/ nr_04.pdf 13 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 01 exercer suas funções quando supervisionado por um enfermeiro. Sendo assim, para que os auxiliares de enfermagem não estejam praticando o exercício ilegal da sua profissão, torna-se obrigatória a contratação de enfermeiros já no patamar entre 2.001 e 3.500 empregados. Os canteiros de obras e as frentes de trabalho que tenham menos de mil empregados e que estejam situados no mesmo Estado, Território ou Distrito Federal não serão considerados como estabelecimentos, mas como integrantes da empresa de engenharia principal responsável. Sendo assim, fica a cargo desta os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. Em situações como a referida anteriormente, os engenheiros de segurança do trabalho, os médicos do trabalho e os enfermeiros do trabalho (funcionários de nível superior) poderão ficar centralizados. Já para os técnicos de segurança do trabalho e auxiliares de enfermagem do trabalho (funcionários de nível técnico), o dimensionamento será feito por canteiro de obra ou frente de trabalho. Ainda segundo a NR 4, no caso das empresas que possuam mais de 50% de seus empregados em estabelecimentos ou setor com atividade cuja gradação de risco seja de grau superior ao da atividade principal o dimensionamento SESMT deverá ser realizado em função do maior grau de risco. Caro aluno, imagine uma empresa que execute várias atividades em um mesmo estabelecimento. Podemos exemplificar fazendo referência a uma empresa que seja revendedora de veículos e tenha setores de venda e uma oficina mecânica. Esta empresa pode até ter como atividade principal a venda de veículos, entretanto, se o maior número de funcionários se encontrar em atividade na oficina mecânica, o grau de risco considerado será o da oficina. O dimensiona - mento do SESMT é previsto em função da quantidade de empregados do estabelecimento , e não de toda a empresa. 14 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 01 Quando uma empresa poderá centralizar o seu SESMT? Sempre que a empresa desejar atender a um conjunto de estabelecimentos pertencentes a ela, desde que a distância a ser percorrida entre aquele estabelecimento que se encontra o serviço e cada um dos demais não ultrapasse a 5000 mil metros. Outra situação são empresas onde seus estabelecimentos isoladamente não se enquadrem no quadro II. Entretanto, elas ainda ficam obrigadas a cumprir a NR 4 quando o somatório dos empregados de todos os estabelecimentos do estado ou território alcance os limites previstos no quadro II. Nos casos em que alguns estabelecimentos se enquadrem no quadro II e outros não, a assistência aos não enquadrados será feita pelo serviço especializado dos que se enquadram. Quando a empresa contratante tiver obrigatoriedade de constituir um SESMT, por se enquadrar no quadro II, e a empresa contratada não, mesmo considerando o total de empregados nos seus estabelecimentos, a empresa contratante deverá estender os seus Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho aos funcionários da empresa contratada, sejam estes centralizados ou por estabelecimento. Ou seja, caso a empresa contratada não seja obrigada a constituir um SESMT, a empresa contratante fará esse atendimento utilizando o seu SESMT próprio. Outro caso é: nas situações em que a empresa contratante e as outras por ela contratadas, sozinhas, não se enquadrem no quadro II, mas após o somatório dos seus empregados, no estabelecimento, atingirem os limites dispostos no referido quadro. Para as empresas que operem em regime sazonal, ou seja, apenas em algumas épocas do ano, o SESMT deverá ser dimensionado através da média aritmética do número de trabalhadores do ano anterior. 15 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 01 Aos funcionários que trabalham no SESMT, fica proibida a realização de outras atividades na empresa durante o seu período de atuação no SESMT. Para os trabalhadores de nível médio (técnicos de enfermagem e de segurança do trabalho), este período é de 8 horas diárias, já para os de nível superior (Engenheiro de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Médico do Trabalho), este período é de no mínimo 3 horas (tempo parcial) ou 6 horas (tempo integral) diárias. As atividadesdos profissionais integrantes dos SESMT devem ser executadas visando principalmente à prevenção, o reconhecimento do risco ocupacional, e as medidas necessárias de proteção ao trabalhador. Sendo assim, compete aos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho: Aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador; Determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do risco e este persistir, mesmo reduzido, a utilização, pelo trabalhador, de Equipamentos de Proteção Individual - EPI, de acordo com o que determina a NR 6, desde que a concentração, a intensidade ou característica do agente assim o exija; Colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e tecnológicas da empresa; Manter permanente relacionamento com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), valendo-se ao máximo de suas observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la; Promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, tanto através de campanhas quanto de programas de duração permanente, como pode ser conferido na imagem abaixo; Todos os custos decorrentes da instalação e manutenção do SESMT ficarão exclusivamente a cargo do empregador. 16 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 01 Figura 06 - Educação Continuada Fonte: http://www.retsus.fiocruz.br/index.php?Area=Destaque&Num=2737 (2013) Esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção; Analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes ocorridos na empresa ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos de doença ocupacional, descrevendo a história e as características do acidente e/ou da doença ocupacional, os fatores ambientais, as características do agente e as condições do(s) indivíduo(s) portador(es) de doença ocupacional ou acidentado(s); Registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e agentes de insalubridade, preenchendo, no mínimo, os quesitos descritos nos modelos de mapas constantes nos Quadros III, IV, V e VI (ver os quadros no link acima que indica a NR-4 e seus anexos na íntegra), devendo a empresa encaminhar um mapa contendo avaliação anual dos mesmos dados à Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho até o dia 31 de janeiro, através do órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). As empresas, cujos estabelecimentos não se enquadrem no quadro II poderão, com a ajuda do sindicato ou associação da categoria econômica correspondente ou por iniciativa própria, juntar-se e organizar um SESMT comum. Esses serviços serão mantidos pelas empresas usuárias e as despesas serão estipuladas de acordo com a proporção do número de empregados de O SESMT deve manter uma estreita relação com a CIPA, estudando suas observações e solicitações, propondo soluções corretivas e preventivas, ou seja, precisa utilizá-la como um agente multiplicador. 17 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 01 cada uma. Nesses casos, o dimensionamento será em função do somatório dos empregados das empresas participantes. Quem também pode constituir um SESMT comum são as empresas de mesma atividade econômica, localizadas em um mesmo município, ou em municípios limítrofes, mesmo que seus estabelecimentos se enquadrem no quadro II. O serviço será organizado pelo sindicato patronal correspondente ou pelas próprias empresas, desde que previsto em convenção ou acordo coletivo de trabalho. O dimensionamento considerará o somatório dos trabalhadores assistidos As empresas que desenvolvem suas atividades em um mesmo polo industrial ou comercial se enquadram em mais um caso com possibilidade de criação de um SESMT comum. Este serviço será organizado pelas próprias empresas interessadas, desde que previsto nas convenções ou acordos coletivos de trabalho das categorias envolvidas. O dimensionamento considerará o somatório dos trabalhadores assistidos e a atividade econômica que empregue o maior número entre os trabalhadores assistidos. Figura 07 - Polo comercial de Caruaru Fonte: http://www.virtuosissima.com/2011/10/guia-de-compras-caruaru-pe.html (2013) Os SESMT deverão ser registrados no órgão regional do MTE. 18 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 01 1.3 Norma regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). O objetivo da CIPA é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Figura 08 - CIPA- Segurança Fonte: http://www.blognasajon.com.br/index.php/2013/01/10/o-que-e-cipa-e-como-atender- ao-disposto-na-nr-5/logo-cipa/ (2013) Caro cursista, quando nos referimos à segurança do trabalho a primeira palavra que deve vir a nossa cabeça é prevenção, e o principal objetivo da CIPA é justamente o de apoiar as empresas na adoção de medidas que eliminem, neutralizem, ou, pelo menos, reduzam os riscos ocupacionais nos ambientes de trabalho. A CIPA deve ser constituída por estabelecimento e deve ser mantida em regular funcionamento pelas empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados. Essas obrigações se aplicam aos trabalhadores avulsos e às entidades que lhe tomem serviço. O trabalhador avulso é aquele, sindicalizado ou não, que presta serviço de natureza rural ou urbana, sem vínculo empregatício, a diversas empresas, com intermediação do sindicato da categoria ou do órgão gestor de mão de obra. Como exemplo, podemos citar trabalhadores rurais que lidam na plantação e colheita e empregados do porto que movimentam as mercadorias fazendo carga e descarga. 19 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 01 Com o objetivo de harmonizar as políticas de segurança e saúde no trabalho, a empresa que possuir em um mesmo município dois ou mais estabelecimentos, deverá garantir a integração das CIPA e dos designados. Já as empresas que estejam situadas em um mesmo centro comercial ou industrial, deverão estabelecer, através dos membros da CIPA ou designados, mecanismos de integração com objetivo de promover o desenvolvimento de ações de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do ambiente e instalações de uso coletivo. A composição da CIPA se dará com representantes, titulares e suplentes, dos empregados eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados e com representantes, titulares e suplentes, dos empregadores que serão por eles selecionados. Ou seja, escolhidos pelo empregador, não participando do processo eleitoral. O dimensionamento será de acordo como previsto no quadro I da NR 5. Existem dois quadros na NR 5. O quadro II divide as atividades desenvolvidas pelas empresas em grupos de CNAE, e o quadro I estabelece para cada grupo definido no quadro II, e no número de empregados no estabelecimento, o dimensionamento da CIPA. Nos casos em que o estabelecimento não se enquadrar no quadro I, a empresa designará um responsável pelo cumprimento dos objetivos da NR 5 (funcionário este denominado de designado), podendo ser adotados mecanismos de participação dos empregados, através de negociação coletiva. Os membros eleitos da CIPA terão um mandato com a duração de um ano, sendo permitida uma reeleição. A dispensa arbitrária ou sem justa causa de um trabalhador eleito para cargo de direção da CIPA fica proibida, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. Aos mesmos fica vetada a possibilidade de transferência para outro estabelecimento sem a sua concordância. Confira a NR-5 na íntegra com todos os seus quadros no link abaixo. http://www.cp ac.embrapa.br/ publico/usuari os/uploads/ cipa/nr_05.pdf 20 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 01 Figura 09 - Trabalho Conjunto Fonte: http://mensagens.culturamix.com/frases/mensagens-de-trabalho-em- equipe (2013) O empregador irá escolher entre os seus representantes o presidente da CIPA. Já o vice-presidente será escolhido, entre os titulares, pelos representantes dos empregados. Os membros da CIPA deverão entrar em acordo e eleger um secretário e o seu substituto. Estes podem fazer parte ou não da comissão, sendo neste último caso necessária a concordância do empregador. A CIPA, após ser obrigatoriamente protocolizada no Ministério do Trabalho, não poderá ter seu número de representantes diminuído, nem poderá ser desativada antes do término do mandato de seus membros, mesmo que haja redução do número de empregados da empresa, exceto no caso de encerramento das atividades do estabelecimento. Vamos conhecer um pouco mais do papel da CIPA enumerando e comentando as suas atribuições: Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver. Mais adiante, veremos como elaborar um mapa de risco. Inicialmente, é importante termos em mente que o reconhecimento dos riscos ocupacionais é a primeira medida a ser adotada para que seja possível fazer o seu controle; 21 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 01 Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho. É importante que a empresa eleja prioridades e elabore um cronograma de implementação das medidas a adotar, visto que nem todas poderão ser adotadas ao mesmo tempo; Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando à identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores. O ambiente de trabalho deve ser verificado periodicamente, visto que ele é dinâmico e é alterado constantemente; Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas. É importante checar se as medidas adotadas estão surtindo o efeito desejado ou se precisam ser ajustadas; Divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho. Os trabalhadores devem ser informados sobre segurança e saúde no ambiente de trabalho de forma clara e precisa para se conscientizarem da importância das medidas de prevenção; Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho, relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores; Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; Colaborar com o desenvolvimento e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho; 22 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 01 Divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho; Participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados; Requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores; Requisitar à empresa as cópias da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) emitidas; Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT); Participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS. Figura 10 - Trabalho em Equipe Fonte: http://inmind.com.br/blog/?tag=trabalho-em-equipe (2013) Os membros da CIPA devem ter garantidos, pelo empregador, os meios necessários e tempo suficiente para a realização de suas atribuições constantes do plano de trabalho. A CIPA contará com reuniões mensais realizadas no horário do expediente normal da empresa. Poderão ser solicitadas reuniões extraordinárias quando houver denúncia de situação de risco grave e iminente que determine 23 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 01 aplicação de medidas corretivas de emergência, ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal ou houver solicitação expressa de uma das representações. As decisões da CIPA serão tomadas, prioritariamente, por consenso. No caso de ele não ser possível será realizada uma votação. Esta deverá ser registrada na ata de reunião. Um membro titular da CIPA poderá perder o mandato caso falte a mais de quatro reuniões sem justificativa. Este membro será substituído por um suplente de acordo com a sua ordem de colocação na eleição. No caso de afastamento do presidente o empregador é quem indicará um substituto e no caso de afastamento do vice-presidente os membros titulares da representação dos empregados vão escolher um substituto entre os titulares. O empregador deverá promover treinamento aos membros da CIPA com uma carga horária de 20 horas, sendo estas ministradas em no máximo 8 horas por dia. As empresas que não tenham a obrigatoriedade de manter a CIPA deverão realizar treinamento anual com o designado responsável pelo cumprimento dos objetivos da NR 5. No prazo de 60 dias antes do término do mandato em curso o empregador deve convocar as eleições para escolha dos representantes dos empregados. Os membros atuais constituirão a comissão eleitoral, que ficará responsável pela organização e acompanhamento do processo eleitoral. Onde a CIPA ainda não existir a comissão eleitora será constituída pela empresa. A realização da eleição e a apuração de votos serão realizadas em horário normal de trabalho, possibilitando a participação da maioria dos trabalhadores e o voto será secreto através de meios eletrônicos.Em situações onde a participação na votação seja os casos de empate, o funcionário que tiver mais anos de serviço no estabelecimento assumirá. 24 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 01 Quando mais de uma empresa atua no mesmo estabelecimento a CIPA ou o designado da contratante e da contratada deverão definir mecanismos de integração e adotar de forma integrada ações de prevenção de acidentes e doenças do trabalho. Desta forma, garante o mesmo nível de proteção em matéria de segurança e saúde a todos os trabalhadores do estabelecimento. É de responsabilidade da empresa contratante, prestar informações sobre os riscos presentes no ambiente de trabalho e medidas de proteção adequadas a empresa contatada. Encerramos os conteúdos desta primeira competência. Por isso, gostaria que você, agora, assistisse à videoaula e mantivesse bastante atenção à atividade semanal e à aula-atividade. . Após assistir à videoaula, sugiro o link abaixo para que você tenha acesso ao Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - NR 7, na íntegra. http://www01 0.dataprev.gov. br/sislex/pagin as/05/mtb/7. htm Recomendo também o filme “Tempos Modernos” com Charlie Chaplin que de uma forma bastante divertida retrada um pouco da realidade dos trabalhadores na época da Revolução Industrial. 25 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 2. COMPETÊNCIA 02 |ESTABELECER AÇÕES PREVENTIVAS E CORRETIVAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE OCUPACIONAL NO AMBIENTE DE TRABALHO. As doenças ocupacionais são adquiridas pelo trabalhador através da exposição a agentes químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos (ou de acidentes). Algumas vezes, elas só ocorrem após vários anos de exposição ou depois que o trabalhador se afasta do agente causador. Nesta competência, vamos conversar um pouco sobre os tipos de risco ambientais, as doenças ocupacionais causadas por eles e as medidas de prevenção e correção para evitar tais agravos. 2.1 Ricos Ambientais Consideram-se riscos ocupacionais, os agentes existentes nos ambientes de trabalho, capazes de causar danos à saúde do empregado. Os ambientes de trabalho pela natureza das atividades desenvolvidas e/ou pelas características de organização podem comprometer a saúde do trabalhador em curto, médio e longo prazo, gerando lesões imediatas, doenças ou a morte, além de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa. No intuito de minimizar esses danos, torna-se necessária a investigação dos riscos no local de trabalho para conhecer a que fatores os funcionários estão expostos e que possíveis medidas de proteção são passíveis de serem aplicadas. Ressalte-se que não apenas a presença de um agente nocivo no ambiente laboral é suficiente para causar transtornos. O que será prejudicial é a presença do fator de risco somada a sua alta concentração, forma de apresentação (líquido, sólido, gasoso), ao seu nível de toxidade e ao tempo de exposição do trabalhador. Veja como um ambiente está ilustrado na figura abaixo: O Ministério da Saúde elaborou um manual de procedimentos para os serviços de saúde onde consta lista das doenças relacionadas ao trabalho. Confira no link abaixo este material na íntegra. http://www. medtrab.ufpr.br/ arquivos%20para %20dowload%20 2011/Disciplina% 20Doencas%20d o%20Trabalho/ Manual%20DO% 20Min%20Saude . pdf 26 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 Figura 11 – Ambiente de Trabalho Fonte: http://www.sgap.al.gov.br/saladeimprensa/noticias/servidores-da-sgap- participam-de-capacitacao-em-servicos-de-alimentacao (2012) A portaria nº 3214, de junho de 1978, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTe), foi responsável pela criação das Normas Regulamentadoras (NR) que se referem à Segurança e Medicina do Trabalho. Estas normas foram criadas com o objetivo de obrigar as empresas a observarem os aspectos relacionados à saúde de seus trabalhadores. Uma dessas normas traz o entendimento de que o desencadeamento das doenças ocupacionais também está diretamente relacionado ao Limite de Tolerância (LT) dos agentes ambientais a que o trabalhador fica exposto. A NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) define limite de tolerância como “a concentração ou intensidade máxima ou mínima relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente que não causará dano à saúde do trabalhador durante sua vida laboral.”. Podemos avaliar os riscos ambientais existentes em um ambiente de trabalho de duas formas: Avaliação Qualitativa - é a forma mais simples e também conhecida como forma preliminar. É utilizada apenas a sensibilidade do trabalhador que identifica a presença do risco. Ex: percepção do cheiro de vazamento de gás. 27 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Avaliação Quantitativa - é utilizada para medir, comparar e estabelecer. É necessário o uso de um método científico e a utilização de instrumentos e equipamentos destinados à quantificação do risco. Ex: Medir através de aparelho específico (dosímetro) o nível de ruído do ambiente. Já a NR-9, Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho. Os riscos físicos são as diversas formas de energia, às quais os trabalhadores podem estar expostos. Os agentes geradores deste risco possuem a capacidade de alterar as características físicas do meio ambiente, exigem um meio de transmissão para propagar sua nocividade e agem até mesmo sobre indivíduos que não têm contato direto com a fonte de risco. São representados por fatores ou agentes existentes no ambiente de trabalho que podem afetar a saúde dos trabalhadores, como: ruídos, vibrações, radiações, frio, calor, pressões anormais e umidade. Figura 12 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Umidade Fonte: http://supershe.zip.net/arch2009-05-24_2009-05-30.html (2012) Os riscos químicos são identificados pelo grande número de substâncias que podem contaminar o ambiente de trabalho e provocar danos à integridade física e mental dos trabalhadores, a exemplo de poeiras, fumos, névoas, Ficou curioso para saber as outras informações da NR-9? Acesse o link abaixo: http://www81. dataprev.gov.br/ sislex/paginas/ 05/mtb/9.ht 28 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 neblinas, gases, vapores, substâncias, compostos ou outros produtos químicos. São substâncias compostas ou produtos que podem penetrar no organismo pela via respiratória, pela via cutânea (através do contato com a pele) ou através do trato gastrointestinal (digestão). Podem ter ação localizada, quando atua somente na região de contato, e ação sistêmica, quando são absorvidos e distribuídos dentro do organismo, afetando diferentes órgãos e tecidos. Figura 13 - Trabalhador Exposto ao Risco Químico Fonte: http://www.nrfacil.com.br/blog/?p=3543 (2012) Os riscos biológicos são microrganismos, como as bactérias, os vírus e os fungos, incluindo os geneticamente modificados ou não, as culturas de células, os parasitas, as toxinas e os príons, capazes de provocarem infecções, alergias ou toxidades em seres humanos. Ainda podemos incluir mordidas e ataques por animais peçonhentos,domésticos e selvagens. Figura 14 - Trabalhador Exposto ao Risco BiológicoFonte: Fonte: http://profjabiorritmo.blogspot.com.br/2010/08/niveis-de- biosseguranca.html (2012) 29 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Outros agentes existentes nos ambientes laborais e que são passíveis de causar danos aos colaboradores são os riscos ergonômicos e de acidente ou mecânicos. Estes dois outros riscos são trazidos pela Norma Regulamentadora 9, que serviu para ampliar o conceito de risco ambiental. Os riscos ergonômicos estão ligados à execução de tarefas, à organização e às relações de trabalho, ao esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, mobiliário inadequado, posturas incorretas, controle rígido de tempo para produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno diurno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetição. Engloba também os fatores psicossociais e entre eles podemos citar as situações causadoras de estresse e o relacionamento interpessoal entre o trabalhador e seus colegas de trabalho ou a chefia. Figura 15 – Trabalhador Exposto ao Risco Ergonômico Fonte: http://luizsms.blogspot.com.br/2011/08/simples-questao-de- ergonomia.html (2012) Os riscos de acidente ou mecânicos são muito diversificados e estão presentes no arranjo físico inadequado, pisos pouco resistentes ou irregulares, material ou matéria-prima fora de especificação, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas impróprias ou defeituosas, iluminação excessiva ou insuficiente, instalações elétricas defeituosas, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos e outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes. 30 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 Figura 16 - Trabalhadores Expostos ao Risco de Acidente Fonte:http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=acidentes-de- trabalho-causam-3-mil-mortes-por-ano-no-brasil (2012) Abaixo, poderemos visualizar uma tabela que define o mapa de riscos ambientais, estabelecido pela norma regulamentadora 5. Esta NR trata da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), composta por trabalhadores, e que deve participar ativamente de todos os programas de prevenção de riscos ambientais. 31 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Figura 17 - Classificação dos Fatores de Risco Fonte: http://blogsegurancatotal.blogspot.com.br/2012/03/o-mapa-de-risco-foi-criado- atraves-da.html (2012) Cada fator de risco é identificado por uma cor diferente! Sendo assim, quando formos representar um risco ambiental, podemos simplesmente colocar a sua cor correspondente. Figura 18 - Cores dos Fatores de Risco Fonte: http://valoreseatitudes.blogspot.com.br/2011/07/mapa-de-riscos_11.html (2012) Caro cursista, caso você tenha interesse em conhecer a NR-5 por inteiro, acesse o link abaixo: http://www81.d ataprev.gov.br/si slex/paginas/05/ mtb/9.htm 32 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 2.2 Mapa de Risco O mapa de risco é a representação gráfica (em uma planta baixa) dos fatores de risco existentes em um setor de trabalho ou em toda a empresa. Esta representação é feita através de círculos de diferentes cores e tamanhos, permitindo fácil visualização de todos os riscos de uma empresa. Como visto em alguns parágrafos acima, cada risco tem uma cor que o representa, e o tamanho dos círculos vai ser de acordo com a graduação do risco que pode ser classificado em pequeno (leve), médio e grande (elevado). Essa graduação vai ser mensurada em conformidade com as sensibilidades dos trabalhadores. Figura 19 - Simbologia das Cores Fonte: SESI-SEBRAI. Saúde e segurança no trabalho. Dicas de prevenção de acidentes e doenças no trabalho. (2005) O mapa é considerado um instrumento participativo que vai ser elaborado com a colaboração dos trabalhadores que serão organizados e acompanhados pela CIPA e terão a supervisão e colaboração do SESMT. Este momento de elaboração possibilita a troca e divulgação de informações entre os trabalhadores, bem como estimula a sua participação nas atividades de prevenção. 33 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Podemos atribuir ao mapa de risco a capacidade de fazer um levantamento preliminar de riscos no ambiente da empresa e de informar o quantitativo de funcionários expostos a esses riscos. Dessa forma, torna-se possível gerar informação para todos os empregados da empresa e visitantes, e criar um planejamento para as ações preventivas que serão adotadas pela empresa. Benefícios da Adoção do Mapa de Risco: 1. Identificação prévia dos riscos existentes nos locais de trabalho aos quais os trabalhadores poderão estar expostos; 2. Conscientização quanto ao uso adequado das medidas e dos equipamentos de proteção coletiva e individual; 3. Redução de gastos com acidentes e doenças, medicação, indenização, substituição de trabalhadores e danos patrimoniais; 4. Facilitação da gestão de saúde e segurança no trabalho com aumento da segurança interna e externa; 5. Melhoria do clima organizacional, maior produtividade, competitividade e lucratividade. Elaboração do Mapa de Risco 1. Conhecer o processo de trabalho do local analisado: Os trabalhadores: número, sexo, idade, queixas de saúde, jornada e treinamentos recebidos; Os equipamentos, instrumentos e materiais de trabalho; As atividades exercidas; O ambiente. 2. Identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a classificação específica dos riscos ambientais. 3. Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia referente à: 34 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 Proteção coletiva; Organização do trabalho Proteção individual; Higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório, área de lazer. 4. Identificar os indicadores de saúde: Queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos; Acidentes de trabalho ocorridos; Doenças profissionais diagnosticadas; Causas mais frequentes de ausência ao trabalho. 5. Elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da empresa, indicando através de círculos: O grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada; O número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro ou abaixo do círculo; A intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes de círculos. Observe atentamente o ambiente de trabalho... 35 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Figura 20 - Elaboração do Mapa de Risco – parte Fonte: SESI-SEBRAI. Saúde e Segurança no Trabalho. Dicas de Prevenção de Acidentes e Doenças no Trabalho. (2005) Imagine que está vendo tudo de cima... 36 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 Figura 21 - Elaboração do Mapade Risco – parte 2 Fonte: SESI-SEBRAI. Saúde e segurança no trabalho. Dicas de prevenção de acidentes e doenças no trabalho. (2005) Agora, represente tudo com círculos e cores referentes aos riscos identificados. 37 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Figura 22 - Elaboração do Mapa de Risco – parte 3 Fonte: SESI-SEBRAI. Saúde e segurança no trabalho. Dicas de prevenção de acidentes e doenças no trabalho. (2005) Depois de discutido e aprovado pela CIPA, o mapa de riscos, completo ou setorial, deverá ser afixado em cada local analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os trabalhadores. O ideal é que logo na entrada da empresa tenha um mapa de riscos de todos os setores da mesma informando, assim, a todos os trabalhadores e funcionários dos riscos que podem ser encontrados em cada ambiente. 38 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 2.3 Medidas de Prevenção dos Riscos Agentes Físicos São as diversas formas de energia às quais os trabalhadores podem estar expostos. Os agentes geradores desse risco possuem a capacidade de alterar as características físicas do meio ambiente, exigem um meio de transmissão para propagar sua nocividade e agem até mesmo sobre indivíduos que não têm contato direto com a fonte de risco. Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico calor: Insuflação de ar fresco no ambiente (ventiladores e ar condicionado); Arejar o ambiente através da abertura de portas e janelas; Exaustão de vapores de água (ventiladores ou encanação); Uso de barreiras refletoras (alumínio polido, aço inoxidável), colocadas entre o trabalhador e a fonte geradora de calor; Automatização do processo (uso de máquinas no lugar de homens); Aclimatação, ou seja, inicialmente expor o trabalhador de forma gradual ao risco para que o organismo através da sua capacidade fisiológica se adapte ao ambiente; Exames periódicos; Reposição hídrica e salina (instalar bebedores em locais estratégicos no local de trabalho); Limitar o tempo de exposição do trabalhador; Equipamentos de proteção individual, vestimentas de tecido leve, cor clara, que absorva o calor do organismo do funcionário e com sistema de ventilação acoplado. 39 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Figura 23 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Calor Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2311200901.htm (2013) Vamos agora enumerar as medidas de controle do frio, outro agente físico: Exames médicos periódicos; Aclimatação do trabalhador; Alimentação balanceada devido à perda grande de energia; Hidratação adequada; Evitar trabalhos solitários; Evitar trabalhos exaustivos que levem ao suor e consequente umedecimento das roupas; Troca das vestimentas úmidas por secas sempre que necessário; Períodos de descanso em locais aquecidos; Educação continuada através de treinamentos; Reduzir o tempo de exposição; Não conter assentos metálicos nem sistema de ventilação; Sistema que permita a abertura das portas internamente; As roupas devem estar sempre limpas e secas e serem compostas de camadas múltiplas (calça, capote e luvas) e as botas de couro com forro. 40 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 Figura 24 - Trabalhador Exposto ao Frio (Risco Físico) Fonte:http://roqueisquem.blogspot.com.br/2009/08/10072007camarafrigorificamunicip al.html (2012) Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico radiação ionizante: Áreas controladas delimitadas com sinalização e barreiras físicas com blindagem feita de concreto, aço ou chumbo; Utilização de avental plumbífero, protetor de gônadas e tireoide e óculos de vidro plumbífero com proteção lateral; Guarda adequada dos EPIs para evitar fissuras ou rompimentos no lençol de chumbo; Monitoração individual do agente; Monitoramento biológico através de exames de sangue. 41 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Figura 25 – Trabalhador Exposto ao Risco Físico Radiação Ionizante Fonte: http://maringa.odiario.com/empregos/noticia/305952/raio-x-auxilia-no- diagnostico-de-doencas/ (2013) Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico radiação não ionizante: Diminuir o tempo de exposição; Proporcionar descanso em ambiente coberto; Realizar exames periódicos; Utilizar blusas de manga, calças compridas, chapéu árabe, óculos de sol e protetor solar. Figura 26 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico radiação Não Ionizante Fonte: http://laerciojsilva.blogspot.com.br/2010/08/sol-escaldante-prejudica- cortador-de.html (2013) 42 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico pressões anormais: Capacitar o trabalhador quanto aos riscos e os cuidados que ele deve ter para evitar traumas e doenças descompressivas; Os exames de rotina devem estar rigorosamente em dia e a saúde do trabalhador perfeita. Figura 27 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Pressões Extremas Fonte: http://blue2lip.blogspot.com.br/2012/01/o-mergulho-e-os- dentes.html#!/2012/01/o-mergulho-e-os-dentes.html (2013) Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico ruído: Substituição de equipamento por um mais silencioso; Manutenção das máquinas (balanceamento e equilíbrio das partes móveis, lubrificação dos rolamentos e regulação dos motores); Programação das operações de forma que fique o menor número de máquinas funcionando simultaneamente; Substituição de engrenagens metálicas por outras de plástico; Isolar a fonte através de barreira isolante e adsorvente de som; Monitoramento periódico no agente no ambiente de trabalho; Realização dos exames de rotina; EPIs – protetor auricular. 43 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Figura 28 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Ruído Fonte: http://irc_hsst.blogs.sapo.pt/ (2013) Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico vibração: Substituição de equipamentos que produzam vibração; Instalar amortecedores de vibração em assentos; Calibrar o pneu de veículos; Utilizar ferramentas com características antivibratórias; Colocar pedais de borracha nas máquinas; Realizar manutenção periódica dos equipamentos; Limitar o tempo de exposição do funcionário; Implantar rodízios e pausas na jornada de trabalho; Capacitação sobre a forma de utilização correta das ferramentas e equipamentos para minimizar a vibração; Realizar controle médico dos trabalhadores; EPIs – luvas antivibração e botas de borracha. 44 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 Figura 29 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Vibração Fonte: http://porto100riscos.blogspot.com.br/2013/04/riscos-fisicos.html (2013) Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico umidade: Construção de caneletas para permitir o escoamento da água utilizada; Rodízio de funcionários; Horários destinados ao descanso em ambientes secos; Exames periódicos; Utilização de EPIs impermeáveis (luvas, macacões e botas). Figura 30 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Umidade Fonte:http://mulheresmil.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=articl e&id=1584&catid=1584&Itemid=228&lang=br (2013) 45 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Agentes Biológicos São microrganismos, incluindo os geneticamente modificados ou não, as culturas de células, os parasitas, as toxinas e os príons, capazes de provocar infecções, alergias ou toxidades em seres humanos. Ainda podemos incluir as bactérias, os vírus, os fungos e mordidas e ataques por animais peçonhentos, domésticos e selvagens. Figura 31 Trabalhador Exposto ao Risco Biológico Fonte: http://www.respectautravail.be/pt/sector/healthcare/index_html (2013) Vamos agora enumerar as medidas de controle dos agentes biológicos: Selecionar os equipamentos de trabalho; Substituir micro-organismos; Modificar o processo de trabalho, ou seja, o passo a passo, de como o trabalho é realizado; Minimizar a proliferação de contaminantes no ambiente através de limpeza, desinfecção, ventilação e controle de vetores; Utilizar sinalização para indicar a presença do risco; Todo local onde exista possibilidade de exposição ao agente biológico deve ter lavatório exclusivo para higiene das mãos provido de água corrente, sabonete líquido, toalha descartável e lixeira provida de sistema de abertura sem contato manual; Informar sobre os riscos de exposição ao agente biológico; Capacitar o trabalhador quanto às normas e procedimentos padronizados; 46 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 Diminuir o número de trabalhadores expostos; Fazer uso das precauções padrão ou precauções universais. Inclui realizar os procedimentos com segurança, utilizar adequadamente os EPIs, evitar manipulação desnecessária de material biológico, manipular cuidadosamente instrumentos perfuro cortantes potencialmente contaminados, utilizar coletor resistente para descarte destes materiais e evitar o reencape de agulha ou a desconexão da agulha da seringa; Uso de equipamentos de proteção individual adequados a cada tipo de exposição (avental jaleco, gorro, máscara, luva, avental cirúrgico, protetor ocular, protetor facial, sapatos fechados, botas, pró-pé...); Fazer uso de dispositivos de segurança como conectores e sistemas de infusão sem agulhas, agulhas e seringas com travas de segurança e seringas com sistema retrátil da agulha; Lavar as mãos antes e depois de cada procedimento; Higienizar vestimentas utilizadas nos centros cirúrgicos e obstétricos, serviços de tratamento intensivo, unidades de pacientes com doenças infectocontagiosas e, quando houver contato direto da vestimenta com material orgânico, deve ser de responsabilidade do empregador; Acompanhamento médico dos funcionários; Programa de imunização; Protocolos de atendimentos pós-exposição a material orgânico; Não deve ser permitida a utilização de pias de trabalho para fins diversos dos previstos, o ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de contato nos postos de trabalho, o consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho, a guarda de alimentos em locais não destinados para este fim, o uso de calçados abertos e deixar o local de trabalho com os equipamentos de proteção individual e as vestimentas utilizadas em suas atividades laborais. 47 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Agentes Químicos São substâncias compostas ou produtos que podem penetrar no organismo pela via respiratória, pela via cutânea (através do contato com a pele) ou através do trato gastrointestinal (digestão). Pode ter ação localizada, quando atua somente na região de contato, e ação sistêmica, quando são absorvidos e distribuídos dentro do organismo, afetando diferentes órgãos e tecidos. Figura 32 - Trabalhador Exposto ao Risco Químico Fonte: http://higieneemnoticias.blogspot.com.br/p/provas.html (2013) Vamos, agora, enumerar as medidas de controle dos agentes químicos: Substituição do agente, substância, ferramenta ou tecnologia de trabalho por outro mais seguro, menos tóxico ou lesivo; Mudanças ou alteração do processo produtivo por automatização. Ou seja, a máquina fazendo o papel do homem e consequentemente o afastando do risco; Enclausuramento da operação. Impede a dispersão do contaminante para o ambiente de trabalho; Isolamento ou segregação da operação. Pode ser feito o isolamento no tempo, que consiste em realizar as operações fora do horário normal, reduzindo assim o quantitativo de trabalhadores expostos, e o isolamento do espaço, que consiste em realizar o processo à distância da maioria dos funcionários; 48 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 02 Umidificação do processo para controlar as poeiras; Implantação e manutenção de sistema de ventilação local exaustora adequada e eficiente. Consiste em esgotar os poluentes (poeiras, gases, vapores, fumos) na fonte antes de sua dispersão para o ambiente de trabalho; Medidas de higiene. O ambiente deve ser sempre limpo com água ou aspirador, ou umedecer a poeira a ser removida; Manutenção preventiva e corretiva de máquinas e equipamentos. Evitando a poluição dos gases e vapores pela eliminação de folgas e frestas e pela lubrificação eficiente; Monitoramento sistemático dos agentes agressores; Classificação e rotulagem das substâncias químicas; Equipamentos de proteção ambiental (respiradores, cremes protetores, luvas, botas...); Treinamento. Educação continuada dos funcionários sobre segurança, saúde, uso adequado dos EPIs e desenvolvimento de suas atividades; Monitoramento individual, por meio de exames médicos; Medidas de higiene pessoal. Cuidados como lavar as mãos, o rosto e os cabelos no fim da jornada de trabalho e nas pausas para refeições. Agentes Ergonômicos São condições de trabalho que interferem nas características psicofisiológicas dos trabalhadores. Ou seja, aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho. As medidas de controle deste agente já foram detalhadas na primeira competência. 49 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 02 Riscos de Acidente Os acidentes em um ambiente de trabalho são muito variados e vão depender da atividade que está sendo realizada. Sendo assim vamos enumerar algumas medidas gerais de controle dos riscos de acidente: Promover um ambiente de trabalho confortável; Manter o local de trabalho organizado com todos os objetos nos seus lugares e bem arrumados; Informar quanto aos riscos existentes na empresa e as formas de preveni-los Orientar a importância de seguir todas as normas de segurança; Utilizar de forma correta os dispositivos de prevenção de acidentes. Figura 33 - Trabalhador Exposto ao Risco de Acidente Fonte: http://www.cut.org.br/destaques/21412/para-evitar-acidentes-trabalho-de- manutencao-na-rede-eletrica-deve-ser-feito-a-dois-exigem-sindicatos-do-setor (2013) Finalizamos a segunda competência. Neste momento, é importante que você assista à videoaula para aprofundar parte do conteúdo visto e, posteriormente, realize a aula-atividade e atividade semanal com muita atenção.Além disso, após assistir à videoaula, sugiro a leitura do artigo científico no link abaixo para que você aprofunde ainda mais os conhecimentos acerca da temática “risco biológico”. http://www.scielo .br/scielo.php?pid =S0102- 311X2005000300 007&script=sci_ar ttext 50 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 03 3. COMPETÊNCIA 03 | ESTRUTURAR E DESENVOLVER AVALIAÇÃO ERGONÔMICA NOS AMBIENTES DE TRABALHO Nesta competência, vamos entender os detalhes do risco ergonômico, imergindo mais um pouco nesta ciência que é denominada Ergonomia. Para isso, vamos saber como ela surgiu, qual o seu campo de atuação e a sua importância para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e minimização de acidentes e doenças relacionados ao trabalho. 3.1 Surgimento da Ergonomia Na época da Revolução Industrial, o avanço da tecnologia e a necessidade de mão de obra foram muito acelerados e como consequência os trabalhadores se encontravam em péssimas condições para exercerem seus ofícios. Os empresários eram alheios aos problemas dos homens, estavam apenas preocupados com o aumento da produção e dos lucros. Entretanto, chegou uma fase em que os índices de acidentes, adoecimentos e morte dos trabalhadores eram alarmantes. Muitos funcionários haviam ficado inválidos ou até morrido. Por causa disso, a escassez de mão de obra começou a ser sentida e a se tornar preocupante. Somaram-se a essa realidade os conhecimentos científicos e tecnológicos que foram aplicados na Segunda Guerra Mundial como o desenvolvimento de aviões, submarinos, tanques, radares e armas. Os soldados precisavam de muita habilidade para operá-los e as condições ambientais eram bastante desfavoráveis o que gerou na época diversos erros e acidentes fatais. 51 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 03 Figura 34 – Figura 34 - Segunda Guerra Mundial Fonte: http://vladimirexplica.blogspot.com.br/ (2014) Logo após a guerra, já havia muitos profissionais envolvidos em projetos que visavam adaptar os instrumentos às características e capacidade dos soldados que operavam as máquinas. Em 12 de julho de 1949, na Inglaterra, essas pessoas se reuniram e foi lá onde oficialmente nasceu a ergonomia. Na mesma época, nos Estados Unidos, a marinha e a força aérea, juntas, montaram um laboratório de pesquisa ergonômica com o objetivo de aperfeiçoar aeronaves e submarinos. Por fim, a ergonomia ganhou impressionante avanço e enorme desenvolvimento tecnológico, disseminando-se rapidamente pela América e Europa, após a Corrida Espacial e a Guerra Fria. Caro cursista, você saberia dizer o significado da palavra ergonomia? Ela vem do grego, ergon, e significa “trabalho”; normos significa normas, regras, leis. Sendo assim, a Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho às características dos indivíduos, de modo a proporcionar-lhes um máximo de conforto, segurança e bom desempenho de suas atividades no trabalho. Segundo a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), esta ciência seria o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas. Alguns estudiosos creditam o surgimento da ergonomia ao homem primitivo que, diante da necessidade de se proteger e sobreviver, sem querer, começou a aplicar os princípios da ergonomia, buscando meios de tornar seus trabalhos mais fáceis e menos penosos. 52 Técnico em Segurança do Trabalho Competência 03 A Ergonomia surge como uma nova ciência, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas como antropométrica, biomecânica ocupacional, anatomia, fisiologia do trabalho, psicologia do trabalho, desenho industrial, toxicologia e informática, que visam humanizar o trabalho e tornar mais produtivos os seus resultados. Vários aspectos são estudados na ergonomia como, por exemplo, postura e movimentos corporais (trabalho sentado, trabalho em pé, movimentação de cargas e levantamento de peso), informações captadas pela visão e audição, controle (relação de mostradores e controles) e cargos e tarefas. Figura 35 - Jornada de Trabalho em Pé Fonte: : http://americaservis.com.br/portal/portfolio-item/conservacao-e- limpeza/ (2014) O homem se torna o centro das atenções e cuidados, ele agora é a peça fundamental do sistema de produção. Os conceitos foram invertidos: se antes o homem tinha que se adaptar ao meio laboral, agora, o trabalho, os equipamentos e o meio é que têm de se moldar ao homem. A constituição, o potencial e as limitações humanas são analisados e não será exigido além da capacidade individual de cada pessoa. Mas o que significa adequar os equipamentos à natureza do trabalho? Significa que os equipamentos devem facilitar a execução da atividade. Por exemplo, uma cadeira pode ser confortável para assistir televisão, mas ser inconveniente a uma secretária que precisa ter acessos alternativos ao Antropometria É o espaço onde o trabalho é desenvolvido (equipamentos, máquinas), devendo considerar os movimentos e dimensões do corpo humano. São feitos estudos das medidas das várias características do corpo como dimensões lineares, diâmetros e pesos e também pesquisas para o homem parado e em movimento (antropometria estática e dinâmica). Biomecânica Refere-se a aspectos mecânicos do movimento humano, incluindo considerações de alcance, força e velocidade dos movimentos do corpo. 53 Ergonomia e Saúde Ocupacional Competência 03 arquivo, ao microcomputador e ao telefone para realizar as suas tarefas. A cadeira que pode atender à natureza da atividade da secretária deve ter: rodízios, encosto, estofamento, regulagem de altura e dos braços, etc. Concluímos então que não há uma cadeira ergonômica de uso geral a todo tipo de atividade! Além disso, o trabalho deve ser motivador e permitir a satisfação física e mental do funcionário e não ser encarado apenas como um meio de sobrevivência. Existe uma preocupação com as consequências sanitárias e psicológicas do ambiente, procurando torná-lo agradável e são. Acredito que já tenha ficado claro que os principais objetivos da ergonomia são o conforto, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores! Vamos imaginar um ambiente de trabalho onde o trabalhador passe o dia em pé, tenha uma equipe que não colabore, o clima de trabalho seja estressante, o ambiente sujo e ele não seja valorizado pelos seus superiores. A tendência é esse funcionário não gostar do seu emprego e não se sentir bem nesse ambiente. As consequências serão doenças, faltas, atrasos, insatisfação e diminuição da produtividade. O aumento da produtividade não é um objetivo da ergonomia, mas em geral acaba sendo uma consequência. Temos que entender que trabalhadores saudáveis e satisfeitos acabam produzindo mais. Você sabia que a Ergonomia se divide em três fases distintas? São elas: Primeira Fase ou Ergonomia Tradicional - Nesta fase, os cientistas tinham como objetivo redimensionar os postos de trabalho e, dessa forma, possibilitar um melhor alcance motor e visual dos funcionários. A ergonomia está em todos os lugares: *No lazer; *Na escola; *No lar; *No transporte;
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