Buscar

O DIREITO E A ASCENSÃO DO CAPITALISMO

Prévia do material em texto

O DIREITO E A ASCENSÃO DO CAPITALISMO
Objeto histórico: investigação do papel exercido pelo Direito e pelos homens de Leis na conquista do poder pela burguesia.
Período histórico analisado: século XI (primórdios da vida mercantil) ao século XVIII (triunfo da jurisprudência burguesa).
Análise histórica: modo como o direito e as instituições jurídicas refletem os interesses da classe dominante e como eles são modificados à medida que uma nova classe social gradualmente substitui a anterior.
Efeitos: ordem mais coletiva que é fruto de uma nova consciência e que incluirá um sistema de liberdade individual (autores acreditam ser a nova ordem socialista marxista – posterior a estrutura das instituições tradicionais capitalistas).
Origem das soluções: desenvolvida a partir do próprio momentum (fato social – mudança de fase factual gera contradição que precisa de uma solução). Normas ora vigentes tiveram origem nas lutas sociais revolucionárias de uma classe a cujos interesses elas servem. 
Definição de Jurisprudência para o período em questão: consiste no objeto que explica o mecanismo de mudança fundamental das normas jurídicas que, apoiadas pelo Estado, governam nossas vidas.
Jurisprudência da insurreição – tese dos autores apresentada na quinta parte do material. (o estudo das revoluções burguesas na Europa Ocidental demonstra as regras sob as quais vivemos e que elas podem ter origens atribuídas a lutas sociais específicas na ascensão da burguesia ao poder).
 
PARTE I – UMA VISÃO GERAL
O MERCADOR COMP REBELDE
Revolução histórica: protesto contra impostos, extorsões e restrições a liberdade de trabalhar e comerciar. (1184 d. C.)
Protagonistas revolucionários: “os chamados burgueses” (Papa da época) – Burguês medieval como revolucionário.
Último ano do séc. X (ano 1000 d. C.)
Mercador = “pés sujos”; nas grandes mansões dos senhores feudais era objeto do ridículo, desprezo e ódio. Mercador comprava de um preço e vendia de outro para lucrar e seu lucro era considerado uma usura, julgando-se causar sério risco a alma do mercador. 
Nobreza, mais tarde, necessita de dinheiro e toma de ódio pois percebe que os mercadores possuem o que eles precisam.
A proteção dos bens dos mercadores foi proporcionada a partir da criação de condições favoráveis a negociação. O produto da manufatura era colocado à venda o que gerava comércio.
MANUFATURA – exigia um sistema socialmente protegido. 
COMÉRCIO – organizado e contínuo. 
VENDA – cruzamento da Europa com pequenos artigos fáceis de transportar e vender.
Três aspectos da relação BURGUESIA NASCENTE x DIREITO
O mercador era um pária (mantido a margem da sociedade, excluído), que considerava a ordem jurídica como estranha. Os ideólogos jurídicos da classe fizeram um esforço para justificar a importância do comércio na vida feudal.
Com o crescimento gradativo do comércio, ampliacva-se as instituições de comércio entrando em conflito com os interesses econômicos e políticos dos seunhores feudais. Havia a proibição de associações burguesas tanto políticas quanto econômicas. 
Por último, as leis que os próprios mercadores elaboraram, a ordem jurídica que conceberam para servir a seus próprios interesses. Criação de tribunais para julgar litígios entre si, zonas francas e, por fim, assumir o poder das nações.
Ocasionou a queda do sistema feudal (meados do séc. XV): processo gradual assinalado por inesperadas e violentas revoluções. 
Século XII – 
Philippe de Beaumanior (historiador jurídico e culto) disse que “entre os mais graves crimes que devem ser punidos e vingados, destaca-se o de se formarem associações contra o bem comum.”
“eram proibidas novidades não autorizadas pelo soberano” (contrariou a criação de leis pelos mercadores).
DIREITO (atualmente direito é tudo isso e um pouco mais...)
Preceitos elaborados por poderosos
Preceitos de alguns grupos ou classes
Costumes e hábitos
Manifesto de um determinado grupo
Regras formuladas 
OS ANTECEDENTES DAS NOVAS INSTITUIÇÕES JURÍDICAS
Ordens jurídicas do séc. XVIII (pós queda do sistema feudal), elaboradas pela burguesia e para a burguesia, são baseadas em 6 diferentes corpos de pensamento legal:
DIREITO ROMANO – criação de formas de relações legais destinadas a conciliar e promover o comércio com todos os recantos do império.
O império Romano possuía um conhecido modelo de organização
Roma como fonte de uma grande herança literária jurídica.
Doze Tábuas – princípios jurídicos importantes; lei pré-clássica que garantia certos direitos sobretudo, aos membros dos clãs que haviam fundado a República; temas novos – dívidas, contratos e danos civis.
Figura do nexum (obrigação entre credor e devedor para que aquele trabalhasse para este até que a dívida fosse saldada).
Não romanos não possuíam garantias previstas nas 12 tábuas, portanto com a grande expansão comercial (séc. III e II a. C.) foi necessário um sistema que assegurasse e atendesse a um comércio com não romanos.
A magistratura da pretoria foi criada para os mercadores com o poder de emitir um edito anual, enunciando as alegações que os tribunais acolheriam em processos entre romanos. Permite-se que não romanos submetam seus casos ao praetor alegando que eram romanos
Contrato executório – base para todas as transações comerciais. Um passo em direção a liberdade de comércio.
Obra jurídica mais importante para a Burguesia medieval – Corpus Juris Civilis, compilado sob orientação de Justiniano.
DIREITO FEUDAL – normas de definição e caracterização entre senhor e vassalo.
Código de Napoleão: “numerosos vestígios do regime feudal ainda cobrem a superfície da França.”
O trabalho escravo solapava o trabalho livre, lançando no desemprego artesãos e pequenos agricultores, que passavam a vaguear pelas cidades e criar focos de inquietação. 
Ato de Vassalagem – submissão ao senhor. Essência da relação feudal.
Igreja era grande senhor feudal
Direito a lei pessoal, ou seja, nos tribunais feudais a lei era de aplicação pessoal e o direito era costumeiro vigente sobre um dado território. Ou seja, não era raro que cinco pessoas reunidas ao acaso cada uma delas reivindicasse o direito de ser julgada segundo lei diferente. 
O comércio consistia em artigos destinados a classe dominante.
Codificação dos costumes em meados do séc. XIII o que assinalou a ascensão de um extrato social de advogados destinado a descobrir, estudar e interpretar a lei.
DIREITO CANÔNICO – regras da Igreja que regia o controle sobre os negócios e bem seculares do comércio.
Papado como fantasma extinto do Império Romano. 
A organização piramidal da sociedade feudal se assemelhava a organização piramidal da Igreja – era um senhor feudal: as cortes seculares podiam sentenciar à morte, mas o tribunal eclesiástico podia excomungar e, portanto, condenar almas.
As reivindicações conflitantes de tribunais seculares e canônicos constituíram casos repetitivos entre os séculos XI e XIV.
As bibliotecas e mosteiros da Igreja eram centros de cultura jurídica.
Papa Gregório VII, o papa mercador. Ele que fundou, com o apoio de mercadores, uma escola de Direito em Bolonha. Canalizou os excedentes para advogados e pesquisadores jurídicos. 
Problema da Igreja em sancionar uma ordem jurídica construída sobre o ideal de direito. A Igreja que prega a caridade, não prega a justiça, recomenda o recurso a resolução de um pastor ou amigos como sendo preferível a litígios. São Tomás de Aquino quebra o entendimento ao afirmar que obras pré-cristãs baseavam-se na razão.
A Igreja traduziu a razão natural como direito natural e colocou Deus como arbítrio desse direito. 
Exigência de boa fé e equidade nas transações.
Igreja tolera preço justo e salário justo, mas isso não significa aquilo que o mercador tolera.
DIREITO REAL – a influência consolidadora dos criadores dos primeiros Estados modernos.
Rei como espécie de fonte, segundo Thomas More (pensamento típico reinante no fim da Idade média – séc. 16)
Os reis possuíam controle de importantescentros do comércio na zona oriental do Mediterrâneo. 
Séc. XIII – jurisconsultos começaram a chamar os reis de soberanos e atribuir-lhes a autoridade que outrora fora desfrutada pelos imperadores, de acordo com o Direito Romano. 
Máxima de Ulpiano – o que agrada ao rei deve ser aceito como lei.
Séc. XVIII – cidade era considerada a soma dos habitantes de igual status, muito embora mais tarde a centralização da riqueza e do poder na mão de uns poucos mercadores e empregadores desse origem a separação do sentido de entidade legal a totalidade de seus residentes. Município, segundo Ultipano, é uma pessoa jurídica, ou seja, uma entidade legal com determinados poderes.
DIREITO COMERCIAL – normas derivadas do Direito Romano, mas concebidas pelos mercadores. Aplicáveis em cidades grandes e pequenas movimentando o comércio.
Inicialmente constituía uma forma de Direito Internacional e, a posteriori, transformou-se também em Direito Nacional 
Era aplicável a transações entre homens de negócios de todas as nações.
Mercadores dispunham lei própria.
DIREITO NATURAL – aquela desenvolvida no SÉC. XVII e que era de acordo com o plano divido, axiomaticamente sábia.
Sanção divina
Fusão do direito natural com os princípios do direito comercial romano.
O direito romano, como reinterpretado pela França, possuía direito natural e ração escrita que atendia as necessidades de uma próspera e poderosa classe mercantil.

Continue navegando

Outros materiais