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Elementos do Estado e do Direito Administrativo_2

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
ElEmEntos do Estado E 
do dirEito administrativo
Prof. ª Maria Teresa Fernandes Corrêa
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. ª Maria Teresa Fernandes Corrêa
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
 C824e
 Corrêa, Maria Teresa Fernandes
 Elementos do estado e do direito administrativo. / Maria Teresa 
Fernandes Corrêa. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 202 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0432-1
1. Estado. - Brasil. II. 2. Direito. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da 
Vinci.
CDD 650
III
aprEsEntação
Olá, acadêmico! Viver em sociedade significa estar sob o manto do Esta-
do, por vezes “invisível” e que adquire a visibilidade através dos agentes e ser-
viços públicos; esse ente regula nosso agir e influencia nosso pensar, na busca de 
meios para que ele possa melhor atender nossas necessidades e objetivos: tarefa 
nada fácil, como veremos.
Na Unidade 1, apresentamos o pensamento político em uma perspectiva 
histórica, pois nos leva à compreensão do amadurecimento das relações existen-
tes entre a sociedade, o poder, o Estado e o Direito. Perceberemos que o Estado 
e o Direito são construções sócio-históricas, iniciando com as concepções greco-
-romanas e chegando aos dias de hoje; nesse longo caminho apresenta configu-
rações diferentes, na tentativa de atender aos anseios da sociedade ou de parte 
dela.
A seguir, na Unidade 2, você entenderá o significado de governo e de 
administração pública que, para nós, muitas vezes, são sinônimos pois retratam 
e revelam o agir do Estado. A presença indispensável da Constituição, como a 
Lei Maior definidora de direitos e deveres do povo, da estruturação organizacio-
nal, dos princípios e poderes da administração pública.
Por último, com a Unidade 3, veremos os temas específicos aplicáveis à 
administração pública: as licitações, os contratos, os bens pertencentes ao domí-
nio público e os mecanismos criados para controlar e fiscalizar as atividades das 
personalidades estatais, na tentativa de torná-las transparentes e compreensíveis 
ao cidadão, protagonista do fazer histórico.
Pode parecer, em um primeiro momento, uma jornada árida cheia de 
eventos históricos, conceitos filosóficos, jurídicos, artigos de lei etc., mas lhe ga-
ranto que o exercício, de qualquer profissão, perpassa pelo saber e conhecer seus 
direitos e deveres, pela consciência de que cada um de nós é, sem dúvida, a ra-
zão última da existência do Estado.
Prof. ª Maria Teresa Fernandes Corrêa
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento.
Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 – TEORIA GERAL DO ESTADO ....................................................................................1
TÓPICO 1 – A SOCIEDADE É PODER, É DIREITO, É ESTADO ...................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 O SER SOCIAL E POLÍTICO ...............................................................................................................3
3 ESTADO E DIREITO: CRIAÇÕES DO SER SOCIAL E POLÍTICO ............................................7
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................10
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................11
TÓPICO 2 – A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO NA ANTIGUIDADE E NO MEDIEVO ...13
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................13
2 A PÓLIS GREGA E A CIVITAS ROMANA NA ANTIGUIDADE .............................................14
2.1 GRÉCIA .............................................................................................................................................14
2.2 ROMA ................................................................................................................................................17
2.3 OS PENSADORES GREGOS E ROMANOS ................................................................................21
3 O MEDIEVO: DOS FEUDOS ÀS PRIMEIRAS MONARQUIAS ...............................................24
3.1 O PODER DA TERRA E DA FÉ .....................................................................................................24
3.2 OS FEUDOS VÃO SE TRANSFORMANDO EM MONARQUIAS NACIONAIS..................27
3.3 O PENSAMENTO INFLUENCIADOR DO MEDIEVO .............................................................31
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................33
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................35
TÓPICO 3 – A IDEIA DE ESTADO SE CONCRETIZA: .................................................................37
DO ABSOLUTO AO DEMOCRÁTICO ..............................................................................................37
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................37
2 TODO O PODER É DO REI, ATÉ CHEGAR UMA REVOLUÇÃO ............................................37
2.1 O ESTADO ABSOLUTISTA E OS PENSADORES POLÍTICOS MODERNOS .......................39
2.2 AS REVOLUÇÕES LIBERAIS E O ESTADO LIBERAL ..............................................................42
2.3 O ESTADO DO BEM-ESTAR SOCIAL .........................................................................................47
3 O ESTADO CONTEMPORÂNEO .....................................................................................................493.1 FUNÇÕES DO ESTADO E A FUNÇÃO SOCIAL DO ESTADO CONTEMPORÂNEO .......49
3.2 SOBERANIA, TERRITÓRIO E POVO ..........................................................................................51
3.3 AS FORMAS DE ESTADO ..............................................................................................................52
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................54
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................60
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................63
UNIDADE 2 – O GOVERNO E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................65
TÓPICO 1 – O GOVERNO ....................................................................................................................67
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................67
2 FORMAS E SISTEMAS DE GOVERNO ..........................................................................................67
2.1 A CONSTITUIÇÃO: A CARTA DOS PODERES .........................................................................68
2.2 MONARQUIA E REPÚBLICA ......................................................................................................70
sumário
VIII
2.3 PARLAMENTARISMO E PRESIDENCIALISMO .......................................................................72
3 A DEMOCRACIA E SUA REPRESENTAÇÃO ...............................................................................75
3.1 DEMOCRACIA DIRETA, INDIRETA E SEMIDIRETA ..............................................................76
3.2 MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO ...........................................................................................77
3.3 PARTIDOS POLÍTICOS ..................................................................................................................79
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................83
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................86
TÓPICO 2 – CONCEITOS E REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...........89
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................89
2 CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...............89
3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS OU EXPLÍCITOS ................................................................90
4 PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS OU IMPLICÍTOS...................................................93
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................99
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................101
TÓPICO 3 – A ORGANIZAÇÃO PÚBLICA .....................................................................................103
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103
2 CONCENTRAÇÃO, DESCONCENTRAÇÃO, CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO 103
3 A PERSONALIDADE ESTATAL E SUAS ENTIDADES ............................................................109
4 PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.............................................................................118
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................125
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................128
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................132
UNIDADE 3 – A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM AÇÃO .......................................................133
TÓPICO 1 – A EXTERIORIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..................................135
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................135
2 AGENTES PÚBLICOS .......................................................................................................................135
3 SERVIÇOS PÚBLICOS ......................................................................................................................142
4 ATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................................................145
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................152
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................154
TÓPICO 2 – AS REGRAS PARA O ESTADO CONTRATAR .......................................................155
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................155
2 LICITAÇÕES........................................................................................................................................155
3 CONTRATOS PÚBLICOS ................................................................................................................163
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................168
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................170
TÓPICO 3 – OS BENS, O PROCESSO E O CONTROLE DO ESTADO.....................................171
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................171
2 BENS PÚBLICOS E DOMÍNIO PÚBLICO ....................................................................................171
3 PROCESSO E PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO ............................................................177
4 CONTROLE INTERNO E EXTERNO .............................................................................................180
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................187
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................191
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................195
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................196
1
UNIDADE 1
TEORIA GERAL DO ESTADO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• resgatar o conceito de sociedade;
• aprender o conceito de Estado e de Direito;
• compreender a relação entre Estado e Direito;
• conhecer a evolução histórica do Estado e a evolução do pensamento político;
• compreender as peculiaridades sociais, políticas, econômicas e culturais;
• compreender os elementos que formam o Estado;
• identificar as diferentes formas de Estado.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – A SOCIEDADE É PODER, É DIREITO, É ESTADO
TÓPICO 2 – A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO NA 
 ANTIGUIDADEE NO MEDIEVO
TÓPICO 3 – A IDEIA DE ESTADO SE CONCRETIZA: DO ABSOLUTO 
 AO DEMOCRÁTICO
Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em 
frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A SOCIEDADE É PODER, É DIREITO, É ESTADO
1 INTRODUÇÃO
Certamente, você sabe o que é sociedade, afinal, cada um de nós estamos 
inseridos nela, fazendo parte dela. Aprendemos na escola que a família é o 
primeiro grupo social a que pertencemos. Todavia, qual a origem e a finalidade 
da sociedade? 
Nesse tópico, você resgatará conceitos já conhecidos, como sociedade e sua 
importância para que os homens atinjam sua principal finalidade: o bem comum. 
Para tanto, você irá rever as teorias que explicam seu surgimento e os elementos 
necessários para a caracterização de uma sociedade e o poder que possui.
O poder social e o poder político são vistos como a exteriorização da von-
tade dessa sociedade, para que ela possa exercer e criar limitações aos governan-
tes e governados. Esses limites são dados através do Direito, que é a materializa-
ção das normas de convivência social.
Você, ainda, compreenderá o Estado como fruto de criação da sociedade 
organizada politicamente e as teorias que buscam explicar a relação entre o Estado 
e o Direito.
2 O SER SOCIAL E POLÍTICO
A palavra “sociedade” abrange muitos significados, conforme o viés do es-
tudo (antropológico, sociológico, psicológico, jurídico, religioso, tecnológico etc.), 
para somar a essa dificuldade inicial, há os que sustentam que o conceito de socie-
dade é inacabado e em permanente mutação, no ventre da teoria social.
Para falarmos em sociedade, temos de começar com Aristóteles, filósofo 
grego, pois foi o primeiro a caracterizar o homem como um ser social e político, em 
sua obra A Política, assim descreve: “[...] nenhum pode bastar-se a si mesmo. Aque-
le que não precisa dos outros homens, ou não pode resolver-se a ficar com eles, ou é 
um deus, ou um bruto” (ARISTÓTELES, 2006, p. 12), em outras palavras, para ele, 
o homem possui uma vocação natural para a vida em sociedade.
Certo é que a sociedade passou a existir quando os homens perceberam 
o quanto era prejudicial viver nos estágios de selvageria e barbárie (MORGAN, 
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
4
2005), pois colocava em risco sua sobrevivência física e material e dependiam das 
habilidades e conhecimentos de outros.
As teorias que explicam o surgimento da sociedade, são duas: os natura-
listas (sustentam que a sociedade surgiu de um ato natural) e os contratualistas (o 
homem vive em sociedade, por um ato racional).
A Teoria Naturalista sustenta que a sociedade é inerente ao homem, indis-
pensável para sua existência e seu aperfeiçoamento como ser humano. Seus defen-
sores são:
• Aristóteles, como já falamos, foi o primeiro a dizer que o homem por instinto 
natural se associa a outros, primeiro vem a família, os clãs e depois a organização 
da sociedade em uma cidade (daí a expressão “ser social e político”).
• Cícero, político e filósofo romano, para ele a vida em sociedade é inerente ao 
homem, pois “[...] a espécie humana não nasceu para o isolamento e a vida errante, 
mas com uma disposição que, mesmo em abundância de todos os bens, a leva a 
procurar o apoio comum” (CÍCERO, 1967, p. 40).
• São Tomás de Aquino, filósofo e teólogo católico, sustentava na obra Suma 
Teológica (escrita entre 1265 e 1273), que a vida solitária era uma exceção que 
poderia acontecer em três situações: a) por ser ele um santo e estar em comunhão 
plena com Deus (excellentia naturae); b) em razão de loucura, ou alienação mental 
(corruptio naturae) e c) o isolamento seria decorrente de um infortúnio ou acidente (mala 
fortuna), resumindo que “[...] o homem é, por sua natureza, animal social e político, 
vivendo em multidão, ainda mais que todos os outros animais, o que se evidencia 
pela natural necessidade” (VILAS-BÔAS, 2005, p. 35).
• Para Ranelletti, jurista italiano, o homem sempre buscou viver em sociedade por 
uma necessidade natural, o apoio, a cooperação, o conhecimento, as experiências 
são essenciais para sua vida.
A Teoria Contratualista contesta ao afirmar que o homem, ao se organi-
zar em sociedade, o fez por um acordo de vontades, ou seja, para atingir seus in-
teresses pessoais associou-se a outros homens, criando regras para que pudessem 
conviver, harmoniosamente, para que todos pudessem atingir seus objetivos e o 
próprio objetivo da sociedade: um objetivo comum.
No grupo dos contratualistas temos: Hobbes, Locke, Montesquieu e Rou-
sseau.
• Thomas Hobbes, filósofo e teórico político inglês, em sua obra Leviatã (1651), 
defendia que a sociedade surgiu de um contrato entre os homens, para fugir 
do estado de desordem (“estado natural”), em que a violência garante sua 
subsistência e, a partir dessa aliança encontraria paz e harmonia.
• John Locke, filósofo liberal inglês, na obra o Segundo Tratado sobre o Governo 
(1690) afirmava que o homem surgiu antes da sociedade e vivia em um “estágio 
pré-social e pré-político”, mas em paz (aqui, contraria Hobbes). O homem se 
submeteu ao “contrato social” para proteção de seus direitos, principalmente o 
direito de propriedade.
TÓPICO 1 | A SOCIEDADE É PODER, É DIREITO, É ESTADO
5
• Montesquieu, filósofo francês, na sua obra O Espírito das Leis (1748) defendeu 
que o homem deseja se organizar em sociedade para busca da paz, mas também 
para se fortalecer e se proteger diante das guerras, pois, nenhuma sociedade 
sobreviveria sem um governo e esse deveria criar leis igualitárias.
• Rousseau, filósofo e teórico político francês, em: O Contrato Social (1762), 
sustentava que a origem da sociedade estava na consciência de que os interesses 
individuais são diferentes dos coletivos, que levou os homens a abrirem mão 
de parte de seus direitos em favor da coletividade, mas também dizia que: 
uma sociedade embasada na propriedade, conduziria os homens a uma vida 
de desigualdades.
Diante das teorias e das várias definições que a sociedade possui, optamos 
por buscar sua conceituação junto aos sociólogos juristas e nos teóricos do Estado.
Bastos (1995, p. 1) diz que sociedade: “[...] vem a ser toda forma de coorde-
nação das atividades objetivando um determinado fim e regulada por um conjunto 
de norma”. Já Dallari (1998, p. 11) afirma que “[...] a sociedade é resultante de uma 
necessidade natural do homem, sem excluir a participação da consciência e da von-
tade humanas”. Para Spagnol (2013, p. 15), “[...] a sociedade, de maneira geral, pode 
ser definida como um grupo de indivíduos que mantém relações políticas, culturais 
e econômicas”.
Embora os homens, ao longo da sua existência, pertençam a um ou mais 
grupos, não significa que ele está vivendo em sociedade, pois um grupo social 
(mesmo que tenham os mesmos interesses e objetivos), para ser considerado como 
sociedade, tem que apresentar três características: finalidade, manifestação de con-
junto ordenadas e o poder.
• Finalidade: ou valor social, sem entrar em discussões filosóficas e sociológicas, 
é o que a sociedade deseja alcançar ou perseguir, sendo assim, está intimamente 
ligada a liberdade de escolher os objetivos que entende ter valor social, ou seja, 
valor para todos.
Duas correntes surgiram acerca da finalidade: os deterministas, para os quais 
o livre arbítrio inexiste, em razão dos próprios eventos (geografia, economia, religião) 
que são alheios a sua vontade, a sociedade não consegue traçar seus objetivos.
E os finalistas (contratualistas) que defendem a premissa de que a vontade 
conjugada com a liberdade faz com que a sociedade trace o seu destino ao escolher 
quais valores são imprescindíveis para o atingimento de seus objetivos.
Dallari (1998, p. 12), explica a finalidade social:
[...] a finalidade social é o bem comum [...]. Um conceito extremamente feliz de 
bem comum, verdadeiramente universal, que indica um valor reconhecível 
como tal por todosos homens, sejam quais forem as preferências pessoais, 
foi assim formulado pelo Papa João XXIII: “O bem comum consiste no 
conjunto de todas as condições de vida social que consintam e favoreçam o 
desenvolvimento integral da personalidade humana”.
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
6
• Manifestações de conjunto ordenadas: para que a sociedade consiga atingir 
sua finalidade, seus atos devem estar revestidos de reiteração (ação conjunta e 
contínua), ordem (de acordo com as normas morais ou jurídicas e as conven-
ções sociais) e adequação (consciência da finalidade social, para que as ações 
não se desviem do propósito).
• Poder social: ainda que seja difícil, a tipologia do poder, em uma definição 
simplificada, poder significa impor ou submeter sua vontade ao outro, de onde 
se extrai duas características: a bilateralidade há necessariamente duas vonta-
des, em que uma prevalece; e a sociabilidade, o seu exercício produz efeitos no 
campo social.
“Fazer parte de um grupo implica em submissão a um poder, e todos perten-
cemos a um grupo, ou por adesão (sindicato, clube) ou por situação (família, nação, 
classe social)” (LAPIÈRRE apud SOARES, 2004, p. 18).
Os anarquistas defendem que a sociedade não necessita do poder social, pois 
dele decorre o desejo de adquirir bens e propriedades e, naturalmente, esse desejo 
levaria os homens a lutarem pelo poder e subjugar os outros. Entretanto, é do poder 
social que surgem o poder político, o econômico e o ideológico (religioso, político-
-partidário etc.), pois são frutos da sociedade. 
Nos interessa o poder político que deve ser revestido de legitimidade (o so-
berano/governo possui e respeita as regras de sucessão, nomeação ou eleição); de 
garantia da paz (com a criação de órgãos para essa finalidade) e, de um ordenamento 
jurídico que defina os limites do exercício desse poder (Constituição e leis).
A consciência de perseguir o bem comum faz nascer a sociedade política, 
os homens se agrupam para atingir esse objetivo e, para tanto, criam as instituições 
sociais: o Estado, o Direito, a família, a igreja etc. que vão possuir configurações de 
acordo com a evolução da própria sociedade.
Um grupo de indivíduos pode ser caracterizado como sociedade se estiverem 
presentes: a finalidade, a manifestação de conjunto ordenadas e o poder social.
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 | A SOCIEDADE É PODER, É DIREITO, É ESTADO
7
3 ESTADO E DIREITO: CRIAÇÕES DO SER SOCIAL E POLÍTICO
O impulso associativo dos homens para se constituírem como sociedade, 
leva, necessariamente à adaptação social, através do ordenamento jurídico que 
estabelece as bases de convivência.
Nos primórdios da civilização, o Direito era confundido com a moral 
e a religião, mas já existia a obediência aos costumes, o que originou o direito 
consuetudinário; na Roma Antiga é que há a separação e o surgimento de estudiosos 
das leis: os jurisconsultos. 
Segundo Nader (2014, p. 49): “[...] a sociedade cria o Direito no propósito 
de formular as bases da justiça e da segurança”. Spagnol (2013, p. 18) explica: “[...] 
o direito fundamenta-se nas normas que regulam nossas relações sociais. Ele atua 
no sentido de manutenção da ordem social. Para tanto, lança mão da coerção que é 
exercida pelas leis — que surgem com o objetivo limitador nas relações”.
O Direito existe na sociedade e por causa dela, por isso, deve cumprir uma 
função social que se traduz em evitar conflitos. Ao organizar as relações sociais, o 
Direito possui características próprias, são elas:
• Bilateralidade: gera obrigação para um e direito para outro (ex.: credor e devedor).
• Generalidade: aplicável a todos e a cada um, que se encontram no mesmo Estado.
• Objetividade: sua existência independe da vontade individual.
• Coercibilidade: previsão de uma sanção, caso não observada a lei.
Para não deixar de conceituar Direito, embora haja várias acepções da 
palavra: “[...] Direito é uma ordem normativa da conduta humana, ou seja, um 
sistema de normas que regulam o comportamento humano” (KELSEN, 1998, p. 
110). Todavia, qual a relação do Direito com o Estado? As teorias a seguir explicam: 
• A Teoria Monística afirma que Estado e Direito são um só, o Estado é o criador do 
Direito, pois só o Estado tem o poder de coação que a Lei necessita para se fazer 
cumprir. Podemos sintetizar dizendo que o Estado é a única fonte produtora do 
Direito.
• A Teoria Dualística coloca o Estado e o Direito em situações opostas e distintas, o 
Direito é criação da sociedade e cabe ao Estado tornar as leis escritas e fazer com 
que sejam respeitadas.
• A Teoria do Paralelismo os coloca em relação de interdependência, tanto o Estado 
como a sociedade são fontes criadoras do Direito. A vontade social majoritária é 
transformada em leis pelo Estado e este pode criar leis que sejam necessárias para 
sua melhor atuação.
Então, o Direito e o Estado são frutos da sociedade, mas o que vem a ser 
Estado? Assim como a sociedade e o Direito não possuem uma definição exata, 
também o Estado está sujeito às diversas correntes doutrinárias.
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
8
• “[...] o Estado é obra da inteligência e da vontade dos membros do grupo social, ou 
dos que nele exercem o governo e influência” (AZAMBUJA, 2008, p. 3).
• “O Estado é uma realidade cultural, isto é, uma realidade constituída historicamente 
em virtude da própria natureza social do homem [...]” (REALE, 2000, p. 9).
• “[...] o Estado é uma ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de 
um povo situado em determinado território” (DALLARI, 1998, p. 44).
• “O Estado é o órgão executor da soberania nacional” (MALUF, 2018, p. 32).
• “[...] Estado é um poder político que se exerce sobre um território e um conjunto 
demográfico (isto é, uma população, ou um povo); e o Estado é a maior organização 
política que a humanidade conhece” (GRUPPI, 2001, p. 7).
[...] é a organização política sob a qual vive o homem moderno. Ela 
caracteriza-se por ser a resultante de um povo vivendo sobre um 
território delimitado e governado por leis que se fundam num poder não 
sobrepujado por nenhum outro externamente e supremo internamente 
(BASTOS, 1995, p. 10).
[...] uma instituição organizada política, social e juridicamente que ocupa 
um território definido e, na maioria das vezes, sua lei maior é uma 
Constituição escrita. É dirigido por um governo soberano reconhecido 
interna e externamente, sendo responsável pela organização e controle 
social, pois detém o monopólio legítimo do uso da força e da coerção 
(CICCO; GONZAGA, 2016, p. 17).
Então, nos atrevemos a dizer que, Estado é a sociedade que se organiza 
politicamente, em um território, sob um governo soberano, na busca primordial do 
bem comum.
Veremos as teorias que explicam o surgimento do Estado, de modo resumido, 
pois ao longo dessa unidade falaremos mais sobre elas, a partir da evolução do pensamento 
político.
ESTUDOS FU
TUROS
• A Teoria da Origem Familiar: o Estado surgiu a partir do agrupamento de várias 
famílias, que esteve sob a autoridade do direito patriarcal e depois do matriarcal. 
Recebeu críticas, pois não seria possível a origem simultânea da sociedade e do 
Estado, por ser esse uma organização política criada pela sociedade política.
• A Teoria da Origem Patrimonial: o Estado surgiu da união dos diversos segmentos 
profissionais da sociedade, que se uniram para produzir sua subsistência e 
acabaram por criar uma cidade; para defender a propriedade (Locke), viver em 
paz e harmonia (Montesquieu) e desenvolver a coletividade (Rousseau).
• A Teoria da Força ou da Origem Violenta do Estado: tem em Hobbes seu 
grande articulador, o homem em seu “estado natural” vivia em constante 
TÓPICO 1 | A SOCIEDADE É PODER, É DIREITO, É ESTADO
9
medo pois não havia regras, tudo era de todos e não havia respeito pelo que 
pertencia ao outro, o que propiciava que o mais forte dominasse o mais fraco. 
Os homens se vincularam a um “contrato” por medo.
Max Weber, sociólogo alemão, aperfeiçoa a tese de Hobbes:desse embate 
dos homens que viviam em “estado natural”, o mais forte (vencedor) criou o Esta-
do para dominar os demais (mais fracos) e, fazer uso da força de forma legítima. O 
monopólio do uso da força passa a ser do Estado (pois é o mais forte).
As teorias do surgimento do Estado estão intimamente ligadas à maturida-
de política da humanidade, à evolução do pensamento político, que veremos nos 
próximos tópicos.
10
Neste tópico, você aprendeu que:
• O homem nasceu para a vida em sociedade.
• A Teoria Naturalista afirma que a sociedade surgiu de um ato natural.
• A Teoria Contratualista sustenta que foi por ato racional, o homem consciente-
mente fez um “contrato ou pacto” com outros homens.
 
• Os elementos caracterizadores da existência da sociedade são: finalidade, 
manifestações de conjunto ordenadas e poder.
 
• O poder social é gênero do qual existem as espécies: poder político, econômico, 
ideológico (religioso, político-partidário etc.).
 
• O poder político deve ser legítimo, assegurar a paz (interna e externa) e ter 
limites e regras de atuação.
 
• O Direito, entendido como leis, existe para estabelecer a convivência social e 
evitar conflitos.
 
• O Direito é bilateral, geral, objetivo e coercível.
 
• Os Monistas dizem que o Direito é criação do Estado.
 
• Os Dualistas defendem a separação do Estado e do Direito, a sociedade cria o 
Direito e o Estado faz cumprir.
 
• Os defensores do Paralelismo sustentam que o Direito é criado tanto pela 
sociedade quanto pelo Estado.
 
• O Estado é a sociedade, que se organiza politicamente em um determinado 
território, sob um governo soberano, na busca primordial do bem comum.
• A Teoria da Origem Familiar defende que o Estado surgiu a partir do agrupa-
mento de famílias.
• A Teoria da Origem Patrimonial diz que o Estado é resultado da união de 
diversos profissionais para proteção de suas propriedades.
• Para a Teoria da Força, o Estado é fruto de um contrato, por medo da domina-
ção do mais forte, sem regras que proíbam a exacerbação do poder.
RESUMO DO TÓPICO 1
11
1 Sobre a Teoria Naturalista, a qual explica o surgimento da sociedade, está 
CORRETO afirmar que:
a) ( ) O homem vive isolado, pois é condição inerente, dada sua agressividade.
b) ( ) O homem passou a viver em sociedade, por ser um ato racional.
c) ( ) É um ato natural, o homem buscar a vida em sociedade para seu aperfeiçoa-
mento.
d) ( ) A vida em sociedade decorre de um pacto entre os homens.
e) ( ) O agrupamento dos homens, em sociedade, é para garantir o direito de pro-
priedade.
2 Aristóteles foi o primeiro a caracterizar o homem como ser social e político. 
Sobre Aristóteles, está correto afirmar que:
a) ( ) Ele afirmava que somente os santos poderiam viver em isolamento.
b) ( ) Para ele, a vida em sociedade era condição inerente ao homem.
c) ( ) Ele defendia que os interesses individuais são iguais aos coletivos.
d) ( ) Segundo ele, o homem buscou a vida em sociedade, para se fortalecer dian-
te das guerras.
e) ( ) Para ele, o instinto natural levou os homens a pactuarem com a criação da 
sociedade.
3 Com base na conjugação de Direito e Sociedade, assinale a sentença INCOR-
RETA:
a) ( ) O Direito tem a função de formular as bases de justiça e segurança. 
b) ( ) O Direito é bilateral, geral, objetivo e coercível.
c) ( ) O Direito é um sistema de normas que regulam o comportamento huma-
no, segundo Kelsen.
d) ( ) A Teoria do Paralelismo defende que a sociedade e o Estado são fontes 
criadoras do Direito.
e) ( ) Para os teóricos Dualistas, o Direito é formulado pelo Estado.
4 Sobre o Estado, está CORRETO afirmar:
a) ( ) A Teoria da Origem Patrimonial tem em Hobbes seu grande defensor, ao 
afirmar que o homem busca o direito de propriedade e o desenvolvimento eco-
nômico da coletividade.
b) ( ) Embora as diversas correntes doutrinárias acerca da definição de Estado, é 
certo dizer que ele surgiu, antes da sociedade.
c) ( ) É a sociedade que se organiza politicamente em um determinado território, 
sob um governo soberano, na busca primordial do bem comum.
AUTOATIVIDADE
12
Acadêmico, ao finalizar as autoatividades, indicamos o documentário A origem 
do homem, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=Nwt4WZN6ydk.
DICAS
d) ( ) Estado e Direito são incompatíveis entre si, pois são organismos que não se 
comunicam.
e) ( ) A Teoria da Força sustenta que o Estado esteve sob a autoridade patriarcal e 
matriarcal, a fim de que pudessem legitimar o domínio dos mais fortes.
13
TÓPICO 2
A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO 
NA ANTIGUIDADE E NO MEDIEVO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A perspectiva histórica ajudará você a entender a evolução do pensamento 
político, os tipos de sociedade, os direitos e o próprio Estado; relações indissociáveis, 
pois caminham juntos a aquisição de direitos, com os movimentos sociais e as 
mudanças no Estado e, por ser o Estado criação da sociedade, veremos, não raras 
vezes, que os teóricos não conseguem dissociá-los.
Nesse tópico, veremos a influência do pensamento grego e romano, para a 
paulatina construção do conceito de Estado: a pólis grega (cidade-estado) autônoma 
e da civitas romana, com suas instituições e cargos que ajudavam na administração 
pública, embora vivessem em uma sociedade de castas, com pouca mobilidade e 
sendo a participação política restrita aos chamados cidadãos (descendentes dos 
fundadores da pólis e da civitas).
Os pensadores da Antiguidade conceituam formas de governo como: a mo-
narquia, a oligarquia, a democracia e a tirania. Sendo mais importante a construção 
do conceito da democracia ateniense, como governo do povo.
Já na Idade Média, a fragmentação do poder pela presença dos feudos 
(grandes extensões de terra e autossuficientes para subsistência) é a grande ca-
racterística, bem como o poder da Igreja Católica; em uma sociedade dividida em 
estamentos, na qual o servo era ligado à terra.
O surgimento da burguesia, classe social, ligada às atividades comerciais 
e seu desejo, em poder participar das decisões políticas, principalmente no que 
tange às relações negociais, vão resultar em uma aliança com nobres falidos ou 
empobrecidos e a figura de um rei, para fazer surgir uma monarquia nacional.
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
14
2 A PÓLIS GREGA E A CIVITAS ROMANA NA ANTIGUIDADE
Grécia e Roma são civilizações importantes para a construção do pensa-
mento ocidental, suas contribuições atravessaram os séculos, com os ensinamentos 
de seus filósofos, matemáticos, físicos, juristas, arquitetos, escultores, médicos etc.
A noção incipiente de Estado e da sua influência na vida das pessoas é 
para a Ciência Política, a maior das contribuições dos greco-romanos, embora 
tenham sido sociedades escravocratas, é de se destacar a noção de cidadania e 
democracia, de república, da importância das leis, enfim, é a partir desses pensa-
res que a humanidade tem se dedicado a buscar um aperfeiçoamento no campo 
jurídico, político e social.
2.1 GRÉCIA
Os povos que ocuparam o sul da Península Balcânica (séculos VIII a.C. a 
600 d.C.), se organizaram em grupos familiares (génos) com uma agricultura de 
subsistência e, diante dos excedentes agrícolas e das necessidades naturais que o 
desenvolvimento exigia, as relações familiares já não bastavam, com isso, surge o 
comércio de trocas e, com ele, a cidade-estado (pólis) e novas relações interpessoais. 
Os gregos vão constituir centenas de cidades-estados autônomas, com sistemas e 
pensares diferentes, mas Esparta e Atenas se tornarão hegemônicas e polarizadas.
O filósofo Aristóteles descreveu o surgimento da pólis como a associação de 
várias famílias em aldeias para obtenção de algum bem e, quando essas aldeias se 
tornassem autossuficientes, nascia a pólis: uma cidade completa em que haveria um 
governo, que estabeleceria regras de convivência social, em que o homem saberia 
distinguir o bom do mau, o justo do injusto, o certo do errado.
A importância da pólis: “[...] vemos que toda cidade é uma espécie de co-
munidade,e toda comunidade se forma com vistas a algum bem; se todas as comu-
nidades visam a algum bem [...], ela se chama cidade e é a comunidade política” 
(ARISTÓTELES, 2006, p. 27).
A participação e o exercício do poder no governo de uma cidade-estado 
dependeriam da classe social a que pertencessem, a sociedade grega era elitista e 
dividida em castas.
Atenas, ocupada pelos povos helênicos (jônios), atingiu um desenvolvi-
mento sem precedentes para a época, em relação às demais cidades-estados; sua 
sociedade estava baseada em uma hierarquia estabelecida pelo nascimento e pela 
renda. 
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO 
15
No topo, estavam os eupátridas (o cidadão, na visão aristotélica que vamos 
explorar a seguir), aristocracia agrária, com direitos políticos (deveriam ser filhos 
de pais e mães descendentes dos fundadores da pólis), para eles, todas as outras ati-
vidades laborais eram consideradas inferiores; os demiurgos, grandes comercian-
tes (critério da renda), sem direitos políticos; os metecos, estrangeiros, proibidos 
de adquirir terras, mas podiam exercer o comércio e o artesanato; e os escravos, 
prisioneiros de guerra, filhos de escravos, ou, ainda, por dívidas. 
Os atenienses vivenciaram diversas formas diversas formas de governo, a 
Monarquia (séc. X a VIII a.C.): o rei (chamado de Basileu) tinha plenos poderes, 
sendo auxiliado por um conselho de anciãos nobres (Areópago); a Oligarquia (me-
ados do séc. VIII a.C.): o rei foi substituído por um grupo de arcontes, que perten-
ciam à aristocracia, com a presença da Eclésia ou Assembléia Popular de poderes 
reduzidos; a Tirania (séc. VI a.C.): o tirano governava com poder autocrático. Por 
fim, a Democracia (palavra de origem grega = demos: povo + kracia: governo), que 
será mais detalhada adiante, devido a sua importância para o mundo ocidental, 
embora seu nascedouro seja de segregação. Os arcontes Sólon (594 a.C.), Clístenes 
(510 a.C.) e Péricles (461 a.C.) são os três grandes idealizadores da democracia ate-
niense, criaram e sedimentaram a participação popular nos assuntos afetos a pólis.
O papel do cidadão, na democracia ateniense, é explicado por Aristóteles:
Um cidadão integral pode ser definido por nada mais nem nada menos 
que pelo direito de administrar justiça e exercer funções públicas [...] 
é aquele que tem o direito de participar da função deliberativa ou da 
judicial da comunidade na qual ele tem este direito (ARISTÓTELES, 
2006, p. 75).
Há, entre os atenienses, uma clara fusão das dimensões do social e do po-
lítico: entendiam o poder como uma função que deveria estar sujeita ao interesse 
público (dimensão social) e seu exercício pertencia ao próprio cidadão (dimensão 
política) e, nesse caminhar, criaram regras para garantir as relações da pólis com 
seus cidadãos.
As Leis de Drácon, criadas em 621 a.C., transferem para a pólis o direito de 
vingança (a aristocracia fazia a justiça “com as próprias mãos”); as Reformas de 
Sólon, Clístenes e Péricles trazem o conceito de igualdade perante a lei; extinção 
da escravidão por dívidas; são criados os tribunais populares com direito de de-
fesa (surge a figura do acusador e defensor) ao acusado, penas capitais passam a 
ser exceção (os juízes são sorteados para garantir a imparcialidade); a pena de os-
tracismo (aplicável a quem atentasse contra a democracia); a soberania popular; a 
extensão de direitos políticos e de propriedade a todos que habitavam em Atenas; 
instituição de remuneração para o exercício de atividades públicas; as ações dos 
governantes passam a ser controladas pelo povo.
Fruto de uma construção permeada de lutas, as estruturas políticas para o 
exercício da democracia ateniense (independente dos critérios de nascimento ou 
renda), em seu período áureo, eram: a Assembleia do Povo ou Eclésia (deveriam 
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
16
ter mais de 18 anos, se reuniam ao ar livre e todos gozavam do direito de discursar); 
o Conselho dos Quinhentos (composta por 500 cidadãos que elaboravam as leis) 
e os Arcontes (presidiam os tribunais e o culto aos deuses, verificavam as leis 
aprovadas pela Eclésia, escolhidos por sorteio, com mandato de um ano).
Assim, a democracia ateniense teve como grande característica a participa-
ção de todos os que viviam na pólis, zelando, ajudando e participando do espaço 
público; eram nas ruas e praças que se argumentavam e defendiam interesses e 
pontos de vista divergentes. Esse exercício dialógico caracterizou a chamada “de-
mocracia ateniense” e fez surgir grandes filósofos (veremos adiante).
FIGURA 1 – A DEMOCRACIA NAS RUAS DE ATENAS
FONTE: <http://bit.ly/36HasE5>. Acesso em: 11 out. 2019.
Diante da conhecida guerra entre Atenas e Esparta (431 a 404 a.C.), que 
resultou na decadência de Atenas, a democracia passou a sofrer severas críticas, 
principalmente por Platão e Aristóteles.
A partir de 146 a.C., a península grega passará ao domínio de Roma e, em-
bora tenham lutado para manter a sua pólis e tudo o que ela significava, em 88 a.C. 
são definitivamente incorporados ao Império Romano.
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO 
17
Acadêmico, assista ao documentário A história da democracia, que 
descreve seu nascimento em Atenas, disponível no link: https://www.youtube.com/
watch?v=P3yVRkvP-w4.
DICAS
2.2 ROMA
Na verdade, não houve, na história, um império tão grande e influente 
quanto o de Roma. A dominação, a conquista, a imposição de sua cultura aos povos 
conquistados, assim como a noção do que é direito, que foi criação do homem, mas 
aplicado pelo Estado; a divisão do direito em público e privado, a jurisprudência, 
os conceitos de erro, culpa, dolo, imputabilidade, atenuantes, agravantes, sistema 
tributário, as instituições e cargos públicos, são alguns legados da Roma Antiga. 
Roma surgiu como uma pequena vila da península itálica pelos latinos, tinha 
como base econômica a agricultura. O comércio era reduzido e aumentou quando 
os etruscos (povo que vivia ao norte) se instalaram na cidade e assumiram o poder. 
Os reis etruscos são responsáveis pela drenagem de pântanos que permitiram a 
expansão agrícola e pastoril, assim, um aglomerado de vilas se transformou em 
cidade (civitas).
Roma passa por três grandes períodos: Realeza (753 - 509 a.C.), República 
(509 - 27 a.C.) e Império (27 a.C. - 476 d.C.), com uma sociedade dividida em castas, 
baseada na família e na descendência.
Os patrícios (descendentes dos fundadores de Roma) tinham na família a 
base central de toda a sociedade, a figura do elemento masculino mais velho (o 
paterfamilias) detinha todos poderes, inclusive de vida ou morte sobre todos que 
fizessem parte de seu clã; eram grandes proprietários de terras. 
Os clientes eram protegidos das famílias patrícias (estrangeiros ou escravos 
libertos), em um relacionamento baseado na fidelidade e regulado pelos costumes 
e religião; o patrono (paterfamilias) protegia o cliente (judicial e financeiramente), 
em troca de prestação de serviços e apoio nas guerras; quanto mais clientes o 
paterfamilias tivesse, mais poder e prestígio.
Os plebeus eram estrangeiros livres, pequenos proprietários de comércio, 
artesãos, lavradores, geralmente trabalhavam para os patrícios, mas não possuíam 
privilégios e eram em grande número, adquiriram alguns direitos na base de re-
voltas.
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
18
Os escravos eram prisioneiros de guerra ou devedores (assim, alguns 
plebeus se tornaram escravos dos patrícios em razão de dívida), usados como 
força de trabalho. Eles se tornarão a base da pirâmide social romana, no período 
republicano, quando acontece a expansão territorial, através das guerras.
Os nobilitas ou notáveis existiram como grupo social na República, a partir 
da edição da Lei Canuléia (445 a.C.), que permitiu o casamento entre patrícios e 
plebeus (por óbvio, que eram plebeus ricos). O casamento era uma instituição im-
portante para os romanos, principalmente para alianças políticas.
Não vamos nos ater em cada um dos períodosvivenciados por Roma, mas 
destacaremos a criação de instituições e cargos que influenciaram o pensamento 
político e apontaremos o período em que foi criado, para melhor compreensão da 
evolução. 
Todo o sistema político de Roma está sedimentado na vida urbana, na cida-
de (civitas), acumulando as estruturas públicas e privadas, de onde decorre o termo 
civil (civilis), se traduzindo na qualidade de cidadão romano (direitos políticos) e o 
vocábulo população (populus), que significava cidadania com a acepção de perten-
cer a mesma família ou descendência comum.
O Senado, instituição presente em todos os períodos de Roma era formado 
por chefes de famílias patrícias, com mais de 55 anos e com mandato vitalício. 
A partir de 318 a.C., na República, os plebeus foram admitidos no Senado, sua 
função muda conforme os períodos. Na Monarquia, podia propor leis e vetar as 
decisões do rei. Na República, tem a competência de referendar as leis advindas 
das Assembleias. No Império, se limita à nomeação de governadores para as 
províncias, com a anuência do imperador e, a promover discussões acerca das leis 
propostas pelo próprio Imperador.
As Assembleias funcionavam como o braço legislativo do governo, ao longo 
dos períodos terão nomes, composições e poderes diferentes. Na Monarquia, era 
a Assembleia das Cúrias (divisão pelo critério dos paterfamilias), e era responsável 
pela eleição dos reis. Na República, passam a ser três, a Assembleia dos Cidadãos 
(votavam as leis, nomeavam pretores, questores e edis), a Assembleia das Cúrias 
(passa a tratar de assuntos religiosos) e a Assembleia da Plebe, com existência a 
partir de 471 a.C., presidida por um Tribuno da Plebe e era responsável pela eleição 
dos magistrados plebeus e pela aprovação de leis válidas apenas para os plebeus 
(plebiscita). No Império, embora existissem suas funções, estas foram esvaziadas.
O Prefeito urbano (praefectus urbi) também esteve presente em todos os 
períodos, era responsável pela administração de Roma, quando o governante se 
ausentava. A República (respublica), significando sociedade ou interesse público, 
revela um objetivo de compartilhar os bens públicos (abastecimento de água, 
praças, banhos, funções, cargos públicos etc.). 
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO 
19
São funções públicas, criadas na República: o Pretor (presidia casos civis e 
criminais); o Questor (responsável pela cobrança de impostos); o Censor (preza-
vam pela manutenção da moral pública e deveriam manter atualizadas as listas de 
cidadãos e suas propriedades); o Edil (encarregados de preservar a cidade e suas 
estruturas; os Governadores (restrito a Senadores que eram nomeados para admi-
nistrarem os territórios conquistados pelos romanos, a eles cabiam a administração 
civil, militar e da justiça e a cobrança de impostos, auxiliados por pretores, questo-
res, censores e edis). 
A influência da Roma Antiga, na construção da ciência do Direito, é imensa, 
veja, a seguir, algumas contribuições.
IMPORTANT
E
O poder de império (imperium) surgiu na Monarquia como o poder que o 
rei possuía para suas decisões, mas na República passou a ser aplicado às institui-
ções que davam suporte à administração de Roma e suas províncias, para que não 
houvesse a paralisação dos serviços, independente de quem governasse (influência 
em nosso Direito Administrativo).
O poder de jurisdição (iurisdictio) vem da República, aplicável aos casos 
que estavam sob a administração da justiça, de acordo com o domicílio, assim, era 
vinculado aos limites geográficos (influência em todo o nosso Direito).
O princípio da equidade (aequitas), para os romanos, era aplicar decisão 
igual para casos iguais, com o objetivo de evitar a injustiça; na República, basea-
do nesse princípio, se proibia o enriquecimento ilícito (ninguém poderia se tornar 
rico, com o prejuízo de alguém), argumento principal para o fim da escravidão por 
dívidas.
A Jurisprudência, em Roma, significava o conhecimento das leis e sua apli-
cação prática que resultava na interpretação dada pelos jurisconsultos.
O Direito Privado ou Direito Civil (Jus Civile) regulava a vida dos cidadãos 
na cidade, as relações negociais, o casamento, as doações etc.
O Direito Público (Jus Publicum) se referia à organização de Roma e suas 
províncias, o direito de Roma cobrar impostos de seus cidadãos para utilização de 
bens públicos, regras de nomeação para as funções/cargos públicos (influência nos 
Direitos Administrativo e Tributário).
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
20
O Direito das Gentes (Jus Gentium) tratava dos negócios de compra e venda, 
sociedades e contratos, propriedade privada e escravidão e era aplicado aos estran-
geiros (gênese do Direito Internacional).
FIGURA 2 – MAPA DO IMPÉRIO ROMANO: O DOMÍNIO DO MAR MEDITERRÂNEO
FONTE: <http://bit.ly/2rpRl1i>. Acesso em: 11 out. 2019. 
O Império Romano se tornou tão grande, que, devido à dificuldade de go-
vernar e fazer aplicar o Direito e costumes romanos, Teodósio o divide em: Impé-
rio Romano do Ocidente (sede em Roma) e Império Romano do Oriente (sede em 
Bizâncio, depois denominada Constantinopla), que ficou conhecido como Império 
Bizantino, com existência até 1453.
Entretanto, mesmo com a divisão, governar e proteger as fronteiras do 
imenso império, somados ao esgotamento do modelo escravista, à influência do 
cristianismo, às constantes revoltas, às invasões bárbaras acabam por fazer que o 
sistema político entre em colapso.
Com a desestruturação do aparelho estatal do Império Romano do Ociden-
te, as importações de gêneros alimentícios foram diminuindo, as cidades foram 
esvaziando, os grandes proprietários de terras se fixaram em suas vilas rurais para 
serem autossuficientes, a relação com os escravos e os homens livres empobrecidos 
sofreram alterações significativas, fazendo surgir o colonato.
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO 
21
O colonato consistiu em uma espécie de arrendamento, os colonos dedicavam 
alguns dias trabalhando nas terras do latifundiário, em troca recebiam pequenos lotes de 
terra para sua própria plantação e, ainda, podiam caçar nos bosques e florestas da grande 
propriedade.
NOTA
Os povos bárbaros (francos, anglo-saxões, germânicos, eslavos etc.) ocu-
pam as terras férteis do antigo Império Romano do Ocidente e ali instalam seus 
próprios reinos. Dentre esses reinos se destacaram o Reino dos Vândalos (localiza-
do na Península Ibérica), o Reino dos Ostrogodos (na Península Itálica), o Reino dos 
Anglos e dos Saxões (na ilha da Grã-Bretanha) e o Reino dos Francos (localizado na 
região das atuais França e Alemanha), essa fragmentação dos reinos caracterizou a 
Idade Média.
Os romanos chamavam de bárbaros todos os que não falavam latim ou 
grego, conforme Vicentino e Dorigo (2013). 
NOTA
Assista a série Roma: o grande império, especialmente o capítulo sobre a 
República, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=i-jos87Fcmw.
DICAS
2.3 OS PENSADORES GREGOS E ROMANOS
Até a ocupação da Grécia por Roma e a posterior queda do Império Ro-
mano do Ocidente pelos reinos bárbaros, essas duas civilizações produziram os 
“primeiros cientistas” de que a humanidade tem registros, cujas obras até hoje são 
pesquisadas e analisadas, para que possamos entender a produção e a evolução do 
conhecimento.
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
22
Na Ciência Política, eles são os primeiros a promover discussões sobre 
Estado, governo, democracia, república, moral, ética, direito, justiça etc.
Sócrates é considerado o precursor do pensamento político ocidental, não 
por explicar ou conceituar a pólis, mas por defender a constante investigação do 
agir humano (sobretudo a ética e a moral) e a necessidade de criticar as leis e os 
costumes, através de um pensar racional e rigoroso. Contrário à aristocracia, defen-
dia uma república governada por filósofos, uma vez que esses tinham a capacidade 
de perseguir a virtude que torna o homem bom e perfeito, pois usa a razão e o co-
nhecimento para a tomadade decisões justas e solidárias. Embora sua grande ca-
pacidade intelectual não deixou nenhuma obra escrita e seus ensinamentos foram 
transmitidos às gerações através de seu maior discípulo, Platão.
Platão sistematiza e explica a evolução do exercício do poder político, con-
forme abordam Wagner et al. (2010, p. 7), segundo eles, Platão “[...] descreve e ava-
lia os modos de organização política então existentes, mas, acima de tudo, constrói, 
à luz da razão, um projeto político”, analisando as cidades-estados, ele define a 
timocracia ou timarquia, Esparta era o exemplo, por ser uma sociedade em que a 
glória militar justificava a acumulação de riquezas e a corrupção para atingir vi-
tórias e conquistas, que acabaria por se tornar uma oligarquia (o poder é exercido 
pelos ricos para os ricos), assentada na desigualdade, na exploração e com leis que 
protegiam os interesses de uma minoria rica incapaz de perceber que o saber (vir-
tude que advém do conhecimento) é o único caminho para o exercício do poder po-
lítico; para Platão, esse desrespeito aos pobres explorados suscitaria uma rebelião e 
propiciaria o surgimento da democracia.
Todavia, Platão também critica a democracia de Atenas que, mesmo funda-
da na criação de leis pela maioria dos cidadãos, nem sempre era justa e adequada, 
pois nem todos tinham acesso às mesmas escolas, às mesmas técnicas de discurso 
e, assim, poderia haver manipulação da assembleia e aprovação de leis que não 
seriam as melhores para a cidade-estado. 
Sustentava que a democracia também poderia se corromper, diante de uma 
completa desordem social, resultante do desprezo pela obediência, desrespeito à 
lei, à hierarquia, e a democracia daria lugar a pior e mais imperfeita forma de go-
verno, a tirania, caracterizada por um indivíduo que se coloca como um protetor do 
povo, mas os explorará economicamente e eliminará todos os que a ele se opõem, 
para Platão, esse indivíduo era um demagogo.
Aristóteles, em sua obra Política, analisa a pólis com suas relações sociais, 
políticas e como os cidadãos deveriam exercer suas funções a que ele chamou 
de poderes e vemos um ensaio (ainda que rudimentar) dos poderes legislativo, 
executivo e judiciário:
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO 
23
Em todo governo, existem três poderes essenciais, cada um dos quais 
o legislador prudente deve acomodar da maneira mais conveniente. 
Quando estas três partes estão bem acomodadas, necessariamente o 
governo vai bem, e é das diferenças entre estas partes que provêm as 
suas. O primeiro destes três poderes é o que delibera sobre os negócios 
do Estado. O segundo compreende todas as magistraturas ou poderes 
constituídos, isto é, aqueles de que o Estado precisa para agir, suas 
atribuições e a maneira de satisfazê-las. O terceiro abrange os cargos de 
jurisdição (ARISTÓTELES, 2006, p. 76).
Também estabeleceu formas de governo (a exemplo de Platão) e classificou-
-as como justas ou injustas, usando como critério o interesse geral.
A realeza, para Aristóteles, é um governo justo, uma vez que defende o 
interesse geral e se contrapõe a tirania de Platão, pois nessa o governante oprime e 
não leva em consideração o desejo de seu povo, sendo um governo injusto.
A aristocracia também é um governo justo, o governo de uma minoria do-
tada de sabedoria e responsabilidade, levaria a cidade-estado a promover o bem, 
aqui Aristóteles também traça um paralelo com as formas de governo de Platão, ao 
afirmar que quando essa minoria aristocrática defende só os seus interesses, ela se 
corrompe e transforma o governo em uma oligarquia.
A república é outra forma justa de governo, pois todos os cidadãos (lem-
brem de que esse status dependia da classe social) poderiam participar das decisões 
para que existisse o bem comum; mas quando a república se tornasse um governo 
que defendesse os interesses só dos pobres, ela se transformaria em demagogia.
Reafirmamos a influência de Roma para a civilização ocidental, com a cria-
ção de órgãos, instituições, funções, cargos e conceitos que serão adotadas poste-
riormente, e poderíamos discorrer sobre cada um dos governantes e jurisconsultos 
que construíram o pensar da civitas romana e dos direitos, mas elegemos Políbio e 
Cícero que bem descrevem a República oligárquica.
Políbio, historiador grego que viveu em Roma, influenciado pelas teorias 
de Platão, descreve as instituições romanas e as relações de poder e, ao mesmo 
tempo, apresenta a república romana como modelo de equilíbrio entre a monar-
quia (para ele era a forma mais elementar de governo), oligarquia e democracia, 
ao utilizar o melhor de cada um deles.
Para ele, o senado (da oligarquia) dominava toda a vida pública, controlava 
as despesas públicas e os questores, que não podiam contrair dívidas para fins par-
ticulares e, assim, se evitava a corrupção; os negócios estrangeiros (tratados de co-
mércio), a lei e a ordem. Da monarquia, o rei (no caso romano: o cônsul) que estava 
sujeito ao poder do povo (democracia). Notadamente, temos um arcaico sistema de 
controle dos poderes. Óbvio que aqui cabe a expressão de que Políbio empreendeu 
uma: “visão romântica e idealizada”, ao descrever a República Romana.
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
24
Cícero, político romano, foi questor, edil, pretor e cônsul em 63 a.C., sua gran-
de contribuição está na formulação de dois conceitos utilizados até hoje: res publica 
(coisa pública é coisa do povo) e bona fides (boa-fé, significando cumprir as promes-
sas, honrar contratos e negócios); em sua visão, a república era um contrato de boa-fé 
entre os cidadãos; os governantes deveriam se submeter as mesmas leis que o povo; 
não interessava qual o órgão governaria, mas que esse deveria governar visando o 
interesse público, ou seja, para o povo.
Cícero defendia a existência de três fatores para que a República obtivesse 
sucesso: 1) ela deveria ser governada por pessoas sensatas e sábias (claramente os 
senadores); 2) para ocupar os cargos de magistrados, estes deveriam ter instrução 
formal (certo que sua experiência como questor, edil e pretor influenciou) e 3) que 
as leis deveriam ser bem estruturadas, para evitar conflitos (“a lei é o laço de toda a 
sociedade”).
O período da Antiguidade se encerra sem uma noção exata de Estado, mas 
contribuindo com a importância da pólis e sua democracia, da civitas, da respublica 
e, ainda, alguns embriões de conceitos e instituições que serão aperfeiçoados com o 
amadurecer do pensamento sociopolítico.
3 O MEDIEVO: DOS FEUDOS ÀS PRIMEIRAS MONARQUIAS
O fato é que com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, chega-
mos à Idade Média ou Medieval que se estende até 1453, com a tomada de Cons-
tantinopla, pelos turcos-otomanos. Alguns historiadores alcunharam a Idade Mé-
dia de a “Idade das Trevas”, pois sustentavam que houve pouco desenvolvimento 
científico-cultural, hoje é considerado preconceituoso e incorreto, uma vez que as 
universidades medievais foram férteis na construção do saber.
Os historiadores costumam dividir a Idade Média em: Alta Idade Média (sé-
culos V a IX), com a formação dos reinos e a sedimentação de uma organização social 
agrária e a Baixa Idade Média (séculos X a XV), período em que o comércio e o surgi-
mento das cidades vão florescer e influenciar diretamente, a sociedade.
3.1 O PODER DA TERRA E DA FÉ
O período medievo se caracteriza pela influência do feudalismo, um 
sistema social, econômico, político e cultural, com base na posse de terras. A 
ruralização e a figura do colonato que surgem no final da Antiguidade, com a 
queda de Roma, vão contribuir para esse sistema econômico acrescidos de alguns 
costumes dos povos germânicos, como a vassalagem e a fidelidade.
Sua estrutura inicial é caracterizada pela fragmentação do poder, os gran-
des proprietários de terra exerciam em seus feudos o papel de Estado, pois taxa-
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO 
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vam impostos, julgavam os crimes cometidos em seus domínios e convocavam 
seus vassalos ecamponeses, para suas guerras; na sociedade, não havia mobili-
dade e a posição social era determinada pelo nascimento.
Sendo a posse da terra o centro de poder, era estabelecido um tipo de con-
trato de obrigações recíprocas, entre os nobres: o senhor feudal que doava uma 
parcela de sua propriedade a um nobre se tornava o suserano e o nobre que recebia 
era o vassalo, em troca era exigido lealdade e fidelidade, por parte dos vassalos; 
importante salientar que os vassalos poderiam se tornar suseranos de outros, for-
mando uma teia de cooperação. Essa relação de cooperação representou importan-
te sistema socioeconômico, sobretudo para alianças em tempos de guerra e trocas 
de produtos, além do respeito aos direitos hereditários, entre suseranos e vassalos 
(o herdeiro era sempre o filho homem, por ordem de nascimento).
A figura, a seguir, demonstra a divisão da sociedade feudal:
FIGURA 3 – DIVISÃO DA SOCIEDADE FEUDAL
FONTE: <http://bit.ly/2oY1Urq>. Acesso em: 16 out. 2019. 
O cristianismo, através da Igreja Católica, exerce papel fundamental e tão 
grande que abalou os alicerces do Império Romano e vai se transformar em uma 
organização complexa e bem estruturada, ao longo da Idade Média. Aliás, o ápice 
de seu desenvolvimento está na primazia do Bispo de Roma, ou seja, o Papa e na 
disseminação dos mosteiros. Os monges mantinham e copiavam os manuscritos 
antigos detendo todo o conhecimento; eram responsáveis pelas escolas e universi-
dades, hospitais e bibliotecas.
Enquanto existia essa fragmentação política dos territórios entre os vários 
senhores feudais, a Igreja se espalhava pela Europa, difundindo o ideário de que 
todos os cristãos deveriam estar unidos sob um mesmo Estado, surgindo os de-
fensores do chamado “Estado Universal”: em que os homens teriam os mesmos 
princípios e mesmas normas comportamentais. 
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
26
É nesse cenário que a Igreja se coloca como encarregada de organizar e con-
trolar a sociedade feudal; mas as cidades começam a ressurgir ao longo de estradas 
ou rios, por iniciativa de camponeses que rompiam a relação de servidão, com os 
senhores feudais e, até mesmo, por iniciativa desses, para poder cobrar taxas. 
Certo é que toda evolução econômica acaba por desencadear um rever nos 
valores e no surgimento de outras classes sociais (como a burguesia, origem nos 
burgus = cidade) e, assim, por volta de 1160, os excedentes agrícolas propiciaram o 
fortalecimento do comércio e os mais rentáveis eram realizados pela via marítima 
(pois era mais rápido e podiam carregar grandes quantidades), bem como surgi-
ram pontos de encontro, o primeiro de que se tem notícia era na região de Cham-
panhe (centro-norte da França), no qual ocorriam as feiras anuais.
As construções desenvolvem um papel importante com as igrejas, mostei-
ros e castelos no deslocamento das pessoas. As oficinas têxteis, com a confecção de 
panos de lã, fizeram surgir os grandes centros em Flandres (França), na Itália e na 
Inglaterra. A pequena indústria nascente era encargo de profissionais (chamados 
de mestres) que se associaram, nas chamadas corporações de ofício, como garantia 
do monopólio da atividade. 
A moeda adquire importância no início do século XII, esta é corrente en-
tre os historiadores, que as moedas de ouro reapareceram, primeiro, nas cidades 
comerciais italianas; diante da diversidade de moedas e para facilitar os negócios, 
alguns mercadores se dedicaram a fazer a troca (hoje, conhecido como câmbio) e, 
por essa atividade, ficaram conhecidos como banqueiros.
A História do Direito (PALMA, 2011) aponta Gênova (Itália) como a primei-
ra a promover atividades bancárias: empréstimos, transferência de valores de uma 
cidade a outra e aceitavam depósitos para atrair capital, pelos depósitos pagavam 
juros. O surgimento da nota promissória e da letra de câmbio (títulos de crédito, até 
hoje existentes) facilitava os comerciantes, pois não precisavam transportar moedas 
em espécie. 
A usura, para os medievais, era o empréstimo mediante o pagamento de ju-
ros (hoje, se entende a usura como juros extorsivos), a Igreja condenava essa prática 
(desde o século IV), pois entendia que ao cobrar juros, por conta do tempo em que 
o homem demorava para pagar o valor principal, era como se estivesse vendendo 
esse tempo, e, para a Igreja, o tempo a Deus pertence. 
Todas essas transformações socioeconômicas, somado ao movimento re-
ligioso-militar das Cruzadas, propiciou o contato com a cultura e o comércio do 
Oriente e vão contribuir para o surgimento das Monarquias Nacionais.
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO 
27
Cruzadas são guerras de cunho religioso, de 1096 a 1270, liderada pela Igreja 
Católica para a retomada de Jerusalém, que estava sob o domínio dos turcos.
NOTA
3.2 OS FEUDOS VÃO SE TRANSFORMANDO EM 
MONARQUIAS NACIONAIS
A nobreza, empobrecida pela participação nas Cruzadas e outras guerras, 
enfrentava revoltas em seus feudos, por causa dos aumentos dos impostos que os 
camponeses tinham de pagar; assim, a centralização do poder significava, para 
ela, conter os movimentos dos camponeses e a ascensão da burguesia, que era 
crescente (HESPANHA, 2003).
A burguesia tinha interesses políticos e acreditava que a centralização do 
poder favoreceria suas atividades comerciais, imaginava que a unificação de moe-
das, o término dos pedágios que tinham de pagar para “cruzar”, com suas merca-
dorias, pelos feudos, levariam a diminuição do poder da Igreja que os atacava, pela 
prática da usura (lembrem de que a usura era pecado).
 
Diante desses fatores, as Monarquias Nacionais surgem da conjugação 
de três ambições: a dos reis (política); da nobreza (funções administrativas reais); 
e da burguesia (econômica), objetivando os limites de fronteiras, moeda e exérci-
tos próprios. A utilização da força, da tributação e da justiça resultou em vanta-
gens para as classes sociais dominantes (VICENTINO; DORIGO, 2013).
As primeiras monarquias nacionais que surgiram foram: França, Inglater-
ra, Espanha e Portugal, todos estavam sob influência direta da Igreja; destacare-
mos alguns pontos importantes que contribuíram para o surgimento das formas 
e sistemas de governo, bem como para a definição de Estado, que temos hoje.
A França, em 486, expulsa os bárbaros e o que restava do exército romano, 
na Gália. O responsável por essa expulsão foi Clóvis, neto de Meroveu, chefe do 
povo franco, aclamado “rei dos francos”, dividindo seu território em condados. 
Os condes eram nomeados pelo Rei, sendo responsáveis pela publicação e execu-
ção das leis, estabelecimento de impostos e comandavam o exército. Os condes 
possuíam vassalos (que não eram obrigados a prestar fidelidade ao rei).
No ano de 751, assume Pepino III como Rei dos Francos, e sua legitimidade 
ao poder é contestada, a solução encontrada foi a unção régia, rito em que o Papa 
coroava o monarca, dando-lhe legitimidade ao poder, pois se tornava um eleito 
de Deus. Em troca pelo apoio recebido, Pepino entra em guerra com o Reino dos 
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
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Lombardos (em 754) e devolve as terras que foram tomadas da Igreja (centro da 
península itálica, que tinha como sede Roma), quando é criado o Estado Pontifício 
(Vaticano). A unção régia passa a se tornar a fonte de legitimidade do poder. 
“Legitimidade do poder depende de sua legalidade, ou seja, do fato de que o 
poder se apresenta como derivado de um ordenamento constituído e aceito e se exerce 
segundo normas estabelecidas” (BOBBIO et al., 1998, p. 350). 
NOTA
FIGURA 4 – COROAÇÃO DE CARLOS MAGNO, DINASTIA CAROLÍNGIA
FONTE: Vicente e Dorigo (2013, p. 202)
A dinastia dos Capetos, com o Rei Hugo (987-996) criou o chamado domí-
nio real para aumentar os territórios que governava como senhor direto: os feudos 
eram retomados dos vassalos que desrespeitassem quaisquer dos costumes locais; 
também foi criado o Parlamento de Paris, órgão em que os suseranos arbitravam as 
disputas entre senhores e vassalos. Assim, os monarcasfranceses foram unificando 
e criando leis que privilegiasse mais o poder real do que os dos suseranos.
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO 
29
Apenas para fins cronológicos, reinaram na França na Idade Média: Dinastia 
Merovíngia (486 a 751); Dinastia Carolíngia (751 a 987); Dinastia Capetíngia (987 a 1328); 
Casa de Valois (1328 a 1589) e a Casa de Bourbon (1589 a 1795).
NOTA
O surgimento da Monarquia Inglesa acontece com a expulsão dos vikings, 
em 927. A liderança, no território inglês, é exercida pelo Reino de Wessex até 1066, 
quando morre Eduardo (sem filhos) e é coroado rei o seu cunhado Haroldo.
Guilherme, duque da Normandia (território no noroeste da França), era 
primo de Eduardo, por isso, reivindica o trono e nas batalhas que travam é vence-
dor. É coroado rei da Inglaterra, em 1066, na Abadia de Westminster (em Londres), 
como Guilherme I. Acontece uma situação inusitada: Guilherme I, agora Rei da 
Inglaterra, era vassalo do Rei francês (Felipe I) e essa quebra do juramento de fideli-
dade foi a justificativa para os diversos embates travados entre França e Inglaterra, 
pela retomada de territórios.
Guilherme I, ao implantar o sistema feudal na Inglaterra, promove algu-
mas alterações que foram significativas: as terras foram distribuídas entre os ho-
mens que o acompanharam na invasão e que podiam ter vassalos (os vassalos 
dos vassalos eram obrigados a prestar juramento ao Rei, o que não acontecia na 
França); o Rei possuía mais terras em relação ao seu maior vassalo; assim, se tem 
um poder altamente centralizado nas mãos do Rei, o que não agradava a Igreja.
Rei Henrique II, bisneto de Guilherme I, inaugurou um novo sistema de 
coleta de impostos (inclusive para propriedades da Igreja, que até então eram 
isentas), estabeleceu registros públicos para propriedades de terras, a aplicação 
da justiça passou para magistrados nomeados pela coroa (não mais dos feudos), 
institui o julgamento por júri, determinou que religiosos acusados de crimes co-
muns fossem julgados por tribunais civis e não mais pelos eclesiásticos. O Papa 
ameaça a excomunhão (que colocaria em risco sua legitimidade ao poder), a co-
roa inglesa faz imensas doações aos cavaleiros templários e incentiva a participa-
ção dos ingleses nas cruzadas à Terra Santa.
Rei João, filho de Henrique II (chamado de João Sem-Terra pelos ingleses, 
em razão das perdas de territórios para os franceses), passou grande parte de seu 
reinado tentando reconquistar os territórios perdidos e, assim, gastando fortunas 
com mercenários para o exército, aumentando os impostos, confiscando cavalos e 
terras e, como consequência, desagradando seus vassalos. 
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
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Revoltados com os fracassos do Rei João e com o aumento de impostos, os 
barões ingleses tomam Londres e forçam a assinatura de um documento formal, a 
Carta Magna que foi enviada a todos os bispos e xerifes dos territórios sob o domí-
nio inglês.
A Carta Magna (1215), considerada a primeira Constituição e a gênese da 
estrutura político-organizacional inglesa; nela está presente alguns dos direitos es-
senciais para o desenvolvimento da democracia moderna. Limitou os poderes do 
Rei ao estabelecer o Grande Conselho (semente do Parlamento inglês), que, dife-
rente do francês, fiscalizava e controlava e podia reformar as decisões; a separa-
ção entre a Igreja e Estado; direito de todos os cidadãos de herdarem e possuírem 
propriedades; proteção a impostos excessivos; devido processo legal e igualdade 
perante a lei (ninguém seria julgado sem que pudesse se defender das acusações); 
proibia e criminalizava o suborno e a má conduta de funcionários reais.
O Grande Conselho era formado por membros do clero, condes e barões, 
em 1265 passa a se chamar Parlamento e a admitir representantes da burguesia e, 
em 1350, se dividiu em Câmara dos Lordes (representantes da nobreza) e Câmara 
dos Comuns (representantes do povo), sistema bicameral presente, até hoje, na 
Inglaterra.
Apenas para fins cronológicos, reinaram na Inglaterra: Dinastia de Wessex 
(927 a 1066); Dinastia da Normandia (1066 a 1154); Dinastia Plantageneta (1154 a 1399); 
Dinastia de Lencastre (1399 a 1471); Dinastia de York (1471 a 1485); Dinastia dos Tudor (1485 
a 1603); Dinastia de Stuart (1603 a 1714); Dinastia de Hanôver (1714 a 1917) e Dinastia de 
Windsor (1917 aos dias de hoje).
NOTA
A Monarquia Espanhola surge do movimento cruzadista chamado de Re-
conquista, pois os territórios da península ibérica tinham sido tomados pelos mu-
çulmanos após a queda de Roma. Com a expulsão e retomada dos territórios, sur-
giram os reinos católicos de Leão, Castela, Navarra e Aragão. Em 1492, expulsaram 
de vez os muçulmanos da península.
Portugal surge a partir do Condado de Portucalense, território doado ao 
nobre Henrique de Borgonha (francês), pela sua ajuda, no Movimento de Recon-
quista. Em 1139, D. Afonso Henriques (filho de Henrique de Borgonha) promove a 
separação da Espanha.
TÓPICO 2 | A CONSTRUÇÃO DA IDEIA DE ESTADO 
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Portugal e Espanha são os exemplos clássicos da submissão ao poder da 
Igreja, pois embora tivesse um Conselho como órgão consultivo, era sempre um 
bispo o principal assessor; também são essas duas Monarquias que lideraram as 
Grandes Navegações e o movimento do expansionismo europeu, com a coloniza-
ção e cristianização das Américas Central e do Sul.
O nascimento das Monarquias Nacionais, o excesso populacional e os limi-
tes da produção agrícola (causando a fome e aumentando as taxas de mortalidade 
e tensões sociais); as guerras prolongadas (os reis criavam impostos sobre o comér-
cio, confiscavam alimentos e armas ou buscavam empréstimos nas casas bancárias 
e essas acabavam por falir, pois não eram pagos); o anseio desenfreado por ouro e 
prata; a disseminação de doenças (a peste negra); o surgimento do capitalismo; o 
renascimento comercial, urbano e cultural; a contestação ao Direito Canônico que 
regulava a vida e os negócios, vão marcar o fim da Idade Média.
3.3 O PENSAMENTO INFLUENCIADOR DO MEDIEVO
O surgimento das Monarquias Nacionais não afasta a influência sócio-po-
lítica da Igreja Católica, tanto que toda a “teoria política” produzida, na época, 
estava centrada na defesa ou combate dessa influência.
Santo Agostinho, considerado um dos grandes doutores da Igreja, influen-
ciou todo o pensamento medieval, com sua obra Cidade de Deus (escrita entre 412 e 
427) defendia a teoria de que somente a Igreja era capaz de fazer a conjugação das 
leis divinas com as leis humanas, a autoridade exercida por um homem que não 
está a serviço de Deus é injusta e não possui valor. Assim, a Igreja Católica tinha 
toda legitimidade para ditar regras à sociedade política.
São Tomás de Aquino apresentou em sua obra Suma Teológica, escrita entre 
1265 e 1273, que o melhor era um governo monárquico e que o poder dos reis de-
veria estar submetido ao poder divino e só assim criariam as leis justas. Reiterava a 
condenação à usura ao defender que preço justo era o preço de mercado e, por isso, 
as corporações de ofício (associações de burgueses) são duramente criticadas, uma 
vez que controlavam a oferta das mercadorias que produziam e, assim, podiam 
cobrar o preço que quisessem, pela notória falta de concorrência.
Guilherme de Ockham, frade e teólogo inglês, foi o primeiro a defender a 
separação do Estado da Igreja (o que hoje entendemos como Estado laico), critica-
va a preocupação da Igreja com o poder e a riqueza, suas obras foram censuradas e 
foi condenado a viver em um convento.
Marsílio de Pádua, filósofo e pensador político italiano, em sua obra O de-
fensor da paz, escrita em 1324, também defendia o Estado laico ao afirmar que o 
poder é exclusivo dos homens e não de Deus; trouxe o conceito de nação com o 
significado político e geográfico, em uma clara alusão às Monarquias Nacionais; 
UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DO ESTADO
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caracterizava a soberania como o poder do Estado para regular a convivência hu-
mana, dentro de seus limites

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