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Conceito de Obrigação Jurídica

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Civil II
Aula 1 Obrigação (conceituação) 
Conceito de obrigação 
  A palavra obrigação pode assumir vários significados, dependendo do contexto a que estiver se referindo. Dessa forma, em sentido amplo, obrigação é um dever, que pode estar ligada a uma acepção moral ou jurídica uma vez que exprime qualquer espécie de vínculo. Do ponto de vista moral, as pessoas têm obrigações diversas, fruto da cultura, dos costumes e da própria convivência social. Assim, são exemplos de obrigações morais, a obrigação de ir à missa, comparecer a eventos familiares, contribuir com campanhas sociais, pagar dízimo em Igreja, dentre outras. 
 Quando a obrigação está dentro da órbita jurídica, há um dever jurídico, que se relaciona à observância de uma lei específica, ou um contrato firmado entre as partes. Assim, exemplos de obrigações jurídicas seriam: a obrigação de pagar um tributo, de comparecer a uma audiência, de cumprir um contrato de prestação de serviços, dentre muitas outras. 
 Importante apontar que não há uma definição no Código Civil. Ensina Clovis Beviláqua (1977) que obrigação é relação transitória do Direito que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, em regra economicamente apreciável, em proveito de alguém que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude de lei, adquirir o direito de exigir de nós uma ação ou omissão?.
 Washington de Barros Monteiro (2008) critica a ausência da responsabilidade e define obrigação como relação jurídica de caráter transitório, estabelecida entre o devedor e o credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio. 
 Silvio Venosa (2003) afirma que obrigação é a relação jurídica transitória, de cunho pecuniário, unindo duas (ou mais) pessoas, devendo uma (o devedor) realizar uma prestação à outra. 
 1)   Obrigação e responsabilidade: a obrigação  se refere a um dever de realizar uma prestação (schuld/débito), sendo, portanto, dever originário. A responsabilidade (haftung) é a consequência jurídica patrimonial do credor ao descumprimento de uma obrigação (decorrente da lei ou da vontade das partes), portanto, trata-se de um dever secundário (derivado). A doutrina aponta que pode haver obrigação sem responsabilidade com seria o caso das obrigações naturais, bem como, pode haver responsabilidade sem obrigação, como seria o caso do fiador.
 
2)   Obrigação e estado de sujeição: Antunes Varela explica que na obrigação ter-se-á, ao lado do dever jurídico de prestar, um direito à prestação. No estado de sujeição haverá tão somente uma subordinação inelutável a uma modificação na esfera jurídica de alguém, por ato de outrem. Assim, no estado de sujeição uma pessoa não terá nenhum dever de conduta, devendo sujeitar-se, mesmo contra sua vontade, a que sua esfera jurídica seja constituída, modificada ou extinta pela simples vontade de outrem, ou melhor, do titular do direito potestativo, eventualmente coadjuvado pela autoridade pública.
3)    Obrigação e ônus jurídico. Ensina Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 26) que dever jurídico é a necessidade que corre a todo indivíduo de observar as ordens ou comandos do ordenamento jurídico, sob pena de incorrer numa sanção, como o dever universal de não perturbar o exercício do direito do proprietário. A sujeição, a necessidade de suportar as consequências jurídicas do exercício regular de um direito potestativo, tal como é o caso do empregado ao ser dispensado pelo empregador. São potestativos, dentre outros, o direito de resgate do foreiro, o do condômino de pedir a divisão da coisa comum e o do locador de despejar o locatário, o ônus jurídico, a necessidade de agir de certo modo para tutela de interesse próprio. Trata-se, pois, de noções que não se confundem com a de obrigação, embora se costume falar em obrigação negativa e universal (dever jurídico) de todo indivíduo abster-se de atos turbativos da propriedade alheia, de sujeitar-se (sujeição), sem poder impedir as consequências do exercício de um direito alheio, e de registrar a escritura para adquirir a propriedade (ônus jurídico). 
 
 Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2009) que o Direito das Obrigações consiste num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem pessoal e patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro. 
 Então, pode-se destacar como características deste ramo do Direito Civil: prevalência da autonomia privada; prevalência do favor debitoris; imutabilidade no tempo e no espaço (evolução lenta); prestabilidade à unificação do Direito Privado. O Direito das Obrigações, sem dúvida, possui cunho pecuniário; sem este aspecto econômico, pode ser obrigação jurídica, mas não se insere no mundo do Direito das Obrigações, como o caso da obrigação de servir às forças armadas e obrigações do proprietário de cumprir certos regulamentos administrativos sentido lato. Por tudo isso, é possível afirmar que o Direito das Obrigações exerce grande influência na vida econômica uma vez que se estende a todas as atividades de natureza patrimonial.
 
FIGURAS HÍBRIDAS
 Direitos Reais e Direitos Obrigacionais não se confundem. Ensina Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 22) que no Direito das Obrigações, as relações são pessoais (não ligadas especificamente a uma coisa determinada), e se dão entre duas ou mais pessoas determinadas. Já no Direito das coisas, a relação ocorre entre o titular do direito real e todas as demais pessoas que devem respeitar o direito daquele titular, aquilo que se chama de relação jurídica absoluta, expressão que por vezes sofre crítica da doutrina. Ademais, os direitos reais são perpétuos, ao passo que os direitos obrigacionais são transitórios, tendendo sempre à extinção. Com efeito, é característica marcante dos direitos pessoais a sua duração efêmera. Seja pelo cumprimento, que é o meio normal de extinção das obrigações, seja por meios indiretos, como a novação, a compensação, a remissão, a confusão, etc., seja até mesmo por outros meios como a prescrição ou a renúncia, fato é que, mais cedo, ou mais tarde, a obrigação irá se extinguir.
 Os direitos reais são poderes jurídicos, direitos e imediatos, do titular sobre a coisa e, por isso, tem como elementos essenciais: sujeito ativo, coisa e relação de poder. Os direitos obrigacionais são vínculos jurídicos pelos quais o credor pode exigir do devedor uma determinada prestação, então, possui como elementos essenciais: sujeito ativo; sujeito passivo; prestação. 
 Assim, em breve resumo pode-se apontar como diferenças que o direito real quanto ao objeto incide sobre uma coisa; quanto ao sujeito passivo é indeterminado; quanto à duração é perpétuo; quanto à formação é numerus clausus; quanto ao exercício incide diretamente sobre uma coisa, sem necessidade da existência de um sujeito passivo; quanto à ação pode ser exercida em face de qualquer um que detenha indevidamente a coisa. O direito obrigacional quanto ao objeto exige o cumprimento de uma obrigação; quanto ao sujeito passivo é determinado ou determinável; quanto à duração é transitório; quanto à formação é numerus apertus; quanto ao exercício exige um sujeito passivo; quanto à ação só pode ser exercida em face de quem figura na relação jurídica como sujeito passivo.
 Essas diferenças são importantes porque há figuras que não conseguem ser inseridas em uma ou em outra categoria, constituindo uma categoria intermediária entre o direito real e o pessoal. São figuras híbridas ou ambíguas, constituindo, na aparência, um misto de obrigação e de direito real. 
 Obrigações propter rem (ob rem, ambulatórias, in rem scriptae)
 As obrigações in rem, ob, ou propter rem, para Arnold Wald derivam da vinculação de alguém a certos bens, sobre os quais incidem deveres decorrentes da necessidade de manter-se a coisa. Assim, considera que as obrigações reais, ou propter rem, passam a pesar sobre quem se torne titular da coisa. Logo, sabendo-se quem é o titular,sabe-se quem é o devedor. Portanto, são obrigações que se constitui entre duas determinadas pessoas, mas em função de uma coisa. Então, o devedor está ligado ao vínculo não em razão da sua vontade, mas em decorrência de sua particular situação em relação a uma coisa.
 Essas obrigações só existem em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. Caracterizam-se pela origem e transmissibilidade automática. Consideradas em sua origem, verifica-se que provêm da existência de um direito real, impondo-se a seu titular. Se o direito de que se origina é transmitido, a obrigação segue, seja qual for o título translativo. A transmissão ocorre automaticamente, isto é, sem ser necessária a intenção específica do transmitente. 
 São obrigações propter rem: a do condomínio de contribuir para a conservação da coisa comum (CC, art. 624); a do proprietário de um imóvel no pagamento do IPTU; a maioria dos direitos de vizinhança. 
 Ônus Reais
São obrigações que limitam a fruição e a disposição da propriedade, mas que não se confundem com os direitos reais de garantia. Os ônus reais representam direitos sobre coisa alheia e se impõem erga omnes gerando créditos pessoais em favor do titular. São, portanto, gravames que incidem sobre determinados bens como, por exemplo, a constituição de renda (art. 804, CC), enfiteuse, servidão, usufruto...
 
Diferenciam-se das obrigações propter rem porque nestas o devedor responde apenas pelo débito atual (responde pela prestação constituída durante sua relação com a coisa), tendo por conteúdo uma prestação negativa; já nos ônus reais o devedor pode ser responsabilizado pessoalmente e seu conteúdo é uma prestação positiva. Enquanto naquelas as ações são de natureza pessoal; nestes as ações são de natureza real.
Obrigações com eficácia real
A obrigação tem eficácia real quando se transmite e é oponível a terceiro que adquira direito sobre determinado bem, como é o caso da locação que é oponível ao adquirente da coisa locada. São obrigações pessoais, transmissíveis e que podem se opostas contra terceiros, alcançando, assim, a dimensão de direito real.
FONTE DAS OBRIGAÇÕES
Diz-se fonte de obrigação o fato jurídico (fonte genérica) de onde nasce o vínculo obrigacional. Trata-se da realidade ?sub specie iuris? que dá vida à relação creditória: o contrato, o negócio unilateral, o fato ilícito, etc. Investiga-se, portanto, a origem de uma relação obrigacional.
 A fonte tem uma importância especial na vida da obrigação, por virtude da atipicidade da relação creditória. Chama-se fonte de uma obrigação o fato jurídico de que emerge essa obrigação, ao fato jurídico constitutivo da obrigação. 
Segundo Silvio Rodrigues, a fonte imediata é sempre a lei, sendo as demais fontes consideradas mediatas: 
a)     obrigações por fonte imediata da vontade humana: contratos e manifestações unilaterais de vontade (exemplo os títulos ao portador); 
b)     obrigações que tem por fonte o ato ilícito: constituem-se por meio de uma ação ou omissão, dolosa ou culposa do agente, causando dano à vítima. Estas obrigações emanam diretamente de um comportamento humano contrário a um dever legal ou social; 
c)     obrigações que tem por fonte direta e imediata a lei: neste rol encontram-se os deveres de estado (prestação alimentícia, guarda de filhos menores, etc.), bem como pelas condutas que a imputação pode ocorrer por responsabilidade objetiva, quer do particular ou da Administração Pública por risco administrativo, perante danos causados aos administrados (art. 37, §6o. da CF/88). 
 
Mesmo assim, o elenco de fontes parece não bastar para designar a sua amplitude. Desta forma as obrigações podem surgir, por fonte imediata, independente da vontade das partes, pela ocorrência de fato ilícito, ou por decorrência direta da lei. Pode decorrer da atividade judicial, como no caso das decisões judiciais constitutivas de direitos, nas quais a relação jurídica só gerará obrigações quando determinada por meio da jurisdição.
Há controvérsia quanto ao que é fonte imediata (causa eficiente das obrigações) e o que é fonte mediata (condições determinantes do nascimento da obrigação). Autores como Maria Helena Diniz, Silvio Rodrigues, Orlando Gomes e Caio Mário entendem que sempre será fonte imediata a lei; já autores como Inácio de Carvalho Neto, Paulo Luiz Netto Lôbo e Silvio Venosa, entendem que a lei será sempre a fonte mediata uma vez que a lei dá ao ato apenas suporte jurídico mediato (e parece ser esta a tendência da doutrina mais moderna.
Aula 2 Classificação e elementos constitutivos das obrigações
Orlando Gomes (1999, p. 10) define assim obrigação: vínculo jurídico entre duas partes, em virtude do qual uma delas fica adstrita a satisfazer uma prestação patrimonial de interesse da outra, que pode exigi-la, se não for cumprida espontaneamente, mediante agressão ao patrimônio do devedor.
 
Fica claro a partir desta definição que, diferentemente do que ocorria no Direito Romano, a ausência de prestação por parte do devedor gerará conseqüências no patrimônio deste, e não na sua pessoa. É possível, portanto, a alienação do crédito e a substituição de um devedor por outro. 
 
O importante é ressaltar que a obrigação é um dever jurídico resultante de lei, de negócio jurídico ou de sentença judicial, por força do qual se impõe ao devedor, sujeito passivo, o dever de cumprir ou satisfazer certa e determinada necessidade do credor, sujeito ativo, mediante o provimento de um direito, concretizado numa prestação de um bem jurídico ou uma abstenção. 
 
Do mesmo modo, deve ficar bem claro ao aluno que a obrigação pode existir pela vontade da pessoa ou contra a vontade da pessoa devedora, segundo a causa geradora em decorrência da qual se impõe um dever ao sujeito passivo.
  
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES
 Os elementos constitutivos das relações obrigacionais que se consubstanciam estruturalmente em elementos próprios das relações jurídicas em geral, a saber: - sujeitos, CREDOR e DEVEDOR; VÍNCULO entre eles (elemento abstrato ou espiritual) e a PRESTAÇÃO (objeto). Todos elementos interdependentes, cuja compreensão de um pressupõe o conhecimento dos demais (Paulo Nader)
 
O elemento subjetivo é composto por sujeito ativo (accipiens/credor/ titular subjetivo de crédito) e sujeito passivo (solvens/devedor). Em qualquer dos polos o sujeito pode ser pessoa natural (capaz, representada ou assistida) ou jurídica (de qualquer natureza), bem como, as sociedades de fato. Os sujeitos devem ser determinados ou determináveis (é a fonte da obrigação que fornecerá os elementos de identificação), não existindo obrigação cujos sujeitos sejam absolutamente indetermináveis. Os polos podem ser compostos por sujeitos individuais (singulares) ou coletivos (plurais), conforme a natureza da obrigação.
 
Destaque-se que: 1) as obrigações podem existir em favor de pessoas ou entidades futuras como o caso de nascituros e pessoas jurídicas em formação; 2) as obrigações admitem substituição dos sujeitos por cessão, sub-rogação, novação...; bem como, substituição do objeto por sub-rogação, dação, novação... ; 3) Há pessoas que intervém na relação jurídica, mas não têm condição de sujeitos: representantes; núncios ou mensageiros; auxiliares executivos... Todos são meramente auxiliares.
 
O elemento objetivo (ou material) compõe a prestação debitória que é sempre uma conduta humana positiva (dar e fazer) ou negativa (não fazer). A prestação é considerada o objeto imediato (próximo ou direto), que é a atividade do devedor destinada a satisfazer o credor (dar, fazer ou não fazer). Para identificar o objeto mediato (indireto ou distante) deve-se perguntar: dar, fazer ou não fazer o que? A resposta indicará o objeto mediato que deve ser possível, lícito, determinado ou determinável. 
Lembra Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 27) que na obrigação, não existe um poder imediato sobre a coisa. Preliminarmente, o interesse do credor é que o devedor, sujeito passivo, satisfaça, voluntáriaou coativamente a prestação. A sujeição do patrimônio do devedor só vai aparecer em uma segunda fase, na execução coativa, com a intervenção do poder do Estado.
 
O vínculo jurídico (elemento abstrato ou imaterial) é o liame que une sujeito ativo e passivo, conferindo ao primeiro o direito de exigir do segundo determinada prestação. Integram o vínculo obrigacional: o direito à prestação (obligatio); o dever correlato (solutio) e a responsabilidade e, por ter a chancela da lei, implica limitação à liberdade individual do devedor. O vínculo obrigacional é sempre de natureza transitória.
 
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
Assim como não há uma única classificação das fontes das obrigações, a classificação dessas relações jurídicas varia muito de autor para autor, cada um fixando categorias lógicas conforme seus próprios critérios. Apontam-se, a seguir, as principais classificações trazidas pela doutrina brasileira. 
OBRIGAÇÕES CONSIDERADAS EM SI MESMAS
i.      Quanto ao vínculo obrigacional:
Moral: são obrigações que decorrem apenas de deveres de consciência ou princípios morais.
Natural: são aquelas cuja execução o devedor não pode ser constrangido a realizar, uma vez que seu pagamento é voluntário. Constitui relação de fato sui generis, uma vez que em determinadas situações pode gerar efeitos jurídicos.
Civil: é o vínculo jurídico transitório que confere ao credor o direito de exigir do devedor uma determinada prestação.
 
                                               i.     Quanto ao objeto em relação à sua natureza:
Dar: tem por objeto a entrega de uma coisa móvel ou imóvel, certa ou incerta, pelo devedor ao credor.
Fazer: tem por objeto a realização de um ato ou a confecção de uma coisa pelo devedor no interesse do credor.
Não fazer: tem por objeto a abstenção lícita de um ato pelo devedor da qual resulta benefício patrimonial ao credor.
                                              ii.     Quanto à liquidez
Líquida: são certas quanto à existência e determinadas quanto ao objeto.
Ilíquida: são obrigações cujo objeto depende de apuração (prestação incerta). Deve converter-se em líquida para que seja possível o seu cumprimento.
 
                                             iii.     Quanto à estrutura
Simples: é aquela que possui um único devedor; um único credor e uma única prestação.
Complexa: é obrigação em que há mais de um devedor; mais de um credor ou mais de uma prestação.
                                            iv.     Quanto ao modo de execução
Simples: são obrigações cuja prestação recai somente sobre uma coisa ou ato, ficando o devedor liberado ao cumpri-la.
Cumulativa: são obrigações em que o devedor se compromete a várias prestações, só ficando liberado ao cumprir todas elas.
Alternativa: são obrigações que têm por objeto duas ou mais prestações, estando o devedor desobrigado a cumprir qualquer uma delas.
Facultativa: confere ao devedor a possibilidade de alterar o objeto da prestação.
 
                                              v.     Quanto ao tempo de adimplemento
Instantâneas ou momentâneas: se exaurem com um só ato ou fato. São cumpridas imediatamente após a sua constituição.
Periódicas, de execução continuada ou de trato sucessivo: se perfazem em atos reiterados num determinado espaço de tempo de forma ininterrupta ou sucessiva.
De execução diferida: são obrigações cujo cumprimento deve ser realizado em um só ato, mas em momento futuro.
 
                                            vi.     Quanto aos elementos acidentais
Pura e simples: não estão sujeitas a termo, condição ou encargo. Produzem efeitos imediatos.
Condicional:  estão subordinadas a eventos futuros e incertos, podendo a condição ser suspensiva ou resolutiva (estudadas em Direito Civil I).
A termo: são obrigações subordinadas a eventos futuros e certos, podendo o termo ser certo ou incerto (estudadas em Direito Civil I).
Com encargo ou modal: é obrigação que se encontra onerada por cláusula acessória que impõe ônus ao beneficiário (estudadas em Direito Civil I).
 
                                           vii.     Quanto à pluralidade de sujeitos
Fracionárias ou parciais: são obrigações em que há pluralidade de sujeitos, respondendo cada um por parte da dívida ou podendo cada um só exigir a sua respectiva quota. Pressupõe, portanto, obrigação divisível.
Conjuntas ou unitárias: são obrigações em que há pluralidades de sujeitos, respondendo todos os devedores por toda a dívida uma vez que não há divisão de responsabilidade.
Solidárias: são obrigações quem que há pluralidade de credores ou devedores, cada um com direito ou obrigado à dívida toda.
Disjuntivas: são obrigações em que há pluralidade de devedores que se obrigam alternativamente.
Conexas ? são obrigações que possuem uma causa comum, pela qual vários devedores devem satisfazer prestações distintas ao mesmo credor.
 
                                         viii.     Quanto ao conteúdo:
De meio: ocorrem quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de um determinado resultado, sem, no entanto, comprometer-se por este.
De resultado: ocorrem quando o devedor apenas se exonera da obrigação quando o resultado prometido é alcançado.
De garantia: é a que visa eliminar um risco que pesa sobre o credor ou as suas consequências (pode se apresentar como subespécie de obrigação de resultado). 
 
                                            ix.     Quanto ao objeto
Divisíveis: têm por objeto coisa ou fato passível de divisão
Indivisíveis: têm por objeto coisa ou fato que não pode ser fracionado por sua natureza, por motivo de ordem econômica ou por vontade das partes.
 
OBRIGAÇÕES RECIPROCAMENTE CONSIDERADAS
I. Principais: são obrigações que subsistem por si só, sem depender de qualquer outra.
II. Acessórias: são obrigações que têm sua existência condicionada a outra relação jurídica (considerada principal).
Aula 3 Obrigação de dar coisa certa
Ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2008, p. 122) que tanto na obrigação de dar coisa certa como nas obrigações de dar coisa incerta consistirá a prestação na entrega de um ou mais bens ao credor; é prestação de coisa, pois cumprirá ao devedor transferir a propriedade do objeto (compra e venda), ceder a sua posse ao credor (comodato, locação) ou meramente restituir a coisa (depósito).
 
São obrigações positivas em que o credor está interessado na tradição da coisa. Dessa forma, a expressão dar é empregada em um sentido geral, exprimindo a obrigação de transferir, seja para outorgar um novo direito (obrigação de entregar), seja para restituir uma coisa a seu dono (obrigação de restituir).
 
Não se confundem, portanto, com as obrigações de fazer (prestação de fato). Sobre a distinção, afirma Washington de Barros Monteiro que o substractum da diferenciação está em verificar se o dar ou entregar é ou não consequência do fazer. Se o devedor tem que dar ou entregar alguma coisa sem tê-la que fazer previamente a obrigação é de dar. Todavia, se previamente ele a tem que confeccionar para depois entregá-la tecnicamente é uma obrigação de fazer. Assim, nas obrigações de dar o interesse do credor se concentra na tradição, enquanto nas de fazer se concentra nas características pessoais ou qualidades do devedor. Além disso, as obrigações de dar comportam execução in natura ou cumprimento por terceiros, enquanto nas de fazer o inadimplemento culposo resolve-se em perdas e danos e, nas ditas personalíssimas, não há possibilidade de cumprimento por terceiros.
Feitas essas considerações preliminares, passa-se à análise das obrigações de dar coisa certa, que na definição de Carlos Roberto Gonçalves são uma modalidade de obrigação em que o devedor se compromete a entregar ou a restituir um objeto perfeitamente determinado, que se considera em sua individualidade. Trata-se, portanto, de obrigação perfeitamente individualizada.
 
A primeira regra a ser destacada é que na obrigação de dar coisa certa o credor não é obrigadoa aceitar coisa diversa da devida ainda que mais valiosa (art. 313, CC). 
A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios, mesmo que não mencionados, salvo se do contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso (art. 233, CC). A mesma regra, não se aplica às pertenças (art. 94, CC).
 
Obrigações de Entregar (obrigações de dar propriamente ditas ? arts. 233 a 237, CC)
 
São obrigações em que a coisa pertence ao devedor que, por meio da tradição, transferirá a propriedade ao credor (adquirente).
 
Sobre o inadimplemento das obrigações de entregar o legislador adotou a teoria do risco da qual destacam-se as seguintes:
1-     Se a coisa perecer (perda total) sem culpa do devedor, antes da tradição ou pendente condição suspensiva, resolve-se a obrigação (art. 234, CC). Aplicação da regra res perit domino, uma vez que a obrigação traduz, no Direito brasileiro, mero direito eventual. Valores eventualmente recebidos pelo devedor devem ser restituídos.
2-     Se a coisa perecer com culpa o devedor responderá pelo equivalente mais perdas e danos (art. 234, CC).
3-     Se a coisa se deteriorar (perda parcial) sem culpa do devedor poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que se perdeu (art. 235, CC).
4-     Se a coisa se deteriorar com culpa do devedor poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha (obrigação alternativa), mas em ambas as situações poderá pleitear indenização por perdas e danos (art. 236, CC).
 
Deve-se lembrar que todas essas regras são dispositivas, podendo os contratantes dispor em contrário. No entanto, é válido destacar, que essas disposições em contrário não poderão contrariar normas de ordem pública como, por exemplo, prever renúncia prévia a direitos decorrentes da relação jurídica.
 
Além disso, é bom lembrar, que em regra caso fortuito e força maior, salvo expressa disposição em contrário, não geram o direito à indenização pelo perecimento ou deterioração da coisa. No entanto, havendo mora do devedor, esta regra não será aplicável, respondendo ele por eventuais perdas e danos ainda que decorrentes de eventos extraordinários (arts. 393 e 399, CC).
 
Obrigações de Restituir (arts. 238 a 242, CC)
 
São obrigações em que a coisa pertence ao credor, sendo que a tradição apenas transmite temporariamente a sua posse. Impõem ao devedor o dever de devolver a coisa no prazo ajustado ou alcançada a finalidade para a qual foi destinada e, por isso, exigem do devedor o dever de conservação e zelo pela coisa.
 
Sobre o inadimplemento das obrigações de restituir destacam-se as seguintes regras:
1-     Se a coisa perecer sem culpa do devedor, antes da tradição, resolve-se a obrigação ressalvados os direitos do credor até o dia da perda (art. 238, CC). Exceções: contrato estimatório - art. 535, CC; locação - art. 575, CC; comodato - art. 583, .
2-     Se a coisa perecer com culpa o devedor responderá pelo equivalente mais perdas e danos (art. 239, CC).
3-     Se a coisa se deteriorar sem culpa do devedor o credor recebê-la-á no estado em que se encontra sem direito à indenização (art. 240, CC).
4-     Se a coisa se deteriorar com culpa do devedor responderá pelo equivalente mais perdas e danos (art. 240 c/c 239, CC)
 
Obrigações pecuniárias
As obrigações pecuniárias são obrigações de dar coisa certa, porque envolvem obrigação de entregar dinheiro. Diferenciam-se das dívidas de valor porque nestas o dinheiro apenas representa o valor da obrigação; enquanto naquelas o objeto da prestação é o próprio dinheiro.
 
Define Inácio de Carvalho Neto (2009, p. 175) dívida de dinheiro é aquela cujo objeto da prestação é a própria moeda.  Aplicam-se às obrigações pecuniárias as seguintes regras: As dívidas em dinheiro devem ser pagas no vencimento, sem moeda corrente e pelo valor nominal (princípio do nominalismo) (art. 315, CC).

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