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Universidade Luterana do Brasil ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA JURÍDICA Sociologia TERRAS DE QUILOMBOS SONIA MARA ROCHA BRASIL FRANCIELE FERRAZ Guaíba, 12 de agosto de 20019 Terras de Quilombos Ilka Boaventura Leite Quilombo-conceito jurídico-político A palavra quilombo foi popularizado primeiramente pela administração colonial em referências às unidades de ajuda mútua criadas pelos rebeldes que lutavam pelo fim da escravidão. O caso exemplar é o quilombo de Palmares que resistiu à quase dois sec. de administração pública. Desde a abolição, os quilombos têm sido associados à luta contra o racismo é as políticas de reconhecimento da população afro´brasileiras proposto pelos movimentos negros. Desde a constituição de 1988 e mediante forte pressão de movimentos sociais vários dispositivos constitucionais foram criados para a proteção das terras quilombolas. O quilombo-pesquisas históricas, antropológicas e a interlocução com o campo jurídico. A expressão “comunidade Remanescente de quilombos” passou a ser veiculada no brasil para se referir a áreas onde passaram a viver os africanos e seus descendentes pós período da abolição. As chamadas terras de quilombos foram considerados parte do ´patrimônio cultural desses grupos negros e como tal, alvo de proteção por parte do estado. Masa aplicação dos respectivos legais passou a depender da compreensão de quem eram os sujeitos de direitos. Os debates levaram a revisão de velhos estigmas. A ideologia nacional focada na miscigenação como fator de embranquecimento impediu um tratamento compatível com os problemas herdados do período colonial entre os quais a própria discriminação com base em teoria racionalistas, gerando desigualdade de tratamento nos sistemas jurídicos e administrativos. A principal contribuição da antropologia se deu por intermédio do reexame dessas questões em pesquisas e análises de processos pelos quais emergiram os grupos negros identificados como determinadas áreas das terras brasileiras. O quilombo histórico e traduzido como uma “dívida” da nação brasileira com os afro-brasileiros em consequência da escravidão. Muitos dos problemas decorrentes dos primeiros processos de regularização fundiária já em curso advém da dificuldade de identificar os sujeitos que têm direito às terras em questão. Uma das estratégia encontrada pelos descendentes africanos, registra-se a própria miscigenação como forma de inclusão num mundo social altamente hierarquizado, preconceitos e excludentes. Situação decorrentes do art. 68 revelam diversas estratégias individuais e coletivas para a constituição de territórios quilombola nas diferentes regiões do brasil. As pesquisas antropológicas desenvolvidas até o momento têm contribuído, de maneira sistemática, para a elucidação dos aspectos que compõem a memória oral dos grupos, noções e usos construídos das terras, regras de parentescos e usufrutos dos espaços sociais, o patrimônio cultural e noções de direito em jogo, todos esses aspectos não suficiente conhecidos ou incorporados pelos legisladores . As contradições entre a legislação e a sua efetiva aplicação, contudo, constituem hoje o maior desafio, uma vez que a incorporação do quilombo na ordem jurídica não tem sido suficiente para alterar as práticas de expropriação e controle da terra, e com elas a situação de precariedade em que vivem os grupos negros na atualidade. A ação estatal de proteção às chamadas proteção, às chamadas “comunidades quilombolas” tem se ampliado e pode até ser considerado uma prática inovadora hoje, mas se demonstra ainda muito insuficiente, requerendo uma ação redobrada de participação política por parte dos movimentos sociais negros no Brasil.
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