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LIVRO TEXTO CORPOREIDADE E MOTRICIDADE HUMANA - UNIDADE 2

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CORPOREIDADE E MOTRICIDADE HUMANA
Unidade II
Quando alguém é questionado ou algum indivíduo indaga: “você considera ter qualidade de vida?” 
“estou em busca de mais qualidade de vida?”, quais são os aspectos e as características que estão 
envolvidos na expressão qualidade de vida?
Ao se falar em “qualidade de vida”, essa expressão pode ter diferentes significados e conceitos, 
pois irá retratar diversos conhecimentos, experiências e valores individuais e coletivos, os quais irão 
refletir o momento histórico, a classe social e a cultura pertencentes aos indivíduos (DANTAS; SAWADA; 
MALERBO, 2003).
Como dito, a qualidade de vida exprime características pertencentes à corporeidade e à motricidade 
humana. Logo, a qualidade de vida e a corporeidade estão estreitamente ligadas entre si, pois são as 
formas, as condições e as possibilidades do ser humano se relacionar com o meio em que ele está inserido.
5 QUALIDADE DE VIDA E CORPOREIDADE
O universo relacionado à qualidade de vida se manifesta em diferentes áreas, ou seja, apresenta 
abordagem multidisciplinar de conhecimentos científicos e populares referentes à vida dos indivíduos. 
Com essa perspectiva, a avalição do cotidiano resulta em um número de elementos do dia a dia, 
elementos subjetivos sobre a vida e até sua forma de agir perante doenças e enfermidades (ALMEIDA; 
GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
O termo qualidade de vida tem sido utilizado desde os anos 1960, principalmente com força política. 
O primeiro a utilizar essa expressão foi o presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson, em seu discurso, 
ao relatar que “os objetivos não podem ser medidos através de balanços de bancos. Eles só podem ser 
medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas” (PIRES, 2007).
O conhecimento popular se apropriou dessa expressão como uma forma de simplificar a melhora ou 
um padrão elevado de bem-estar nas vidas dos indivíduos, seja de ordem social, emocional ou econômica 
(ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012). Todavia, a compreensão sobre a qualidade de vida remete a 
inúmeras variáveis do conhecimento humano, nos âmbitos biológico, médico, social, econômico, político 
entre outros, portanto, há inter-relações de inúmeras variáveis.
De acordo com Seidl e Zannon (2004), o termo qualidade de vida é utilizado em duas vertentes de 
pensamentos:
• Na linguagem cotidiana, representando a população de uma forma geral, jornalistas, políticos, 
profissionais de diversas áreas e gestores de políticas públicas.
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Unidade II
• Em pesquisas científicas, em diferentes áreas de conhecimento, como Economia, Sociologia, 
Educação, Medicina e demais áreas da saúde.
Qualidade de vida é um pressuposto totalmente humano e está relacionada ao grau de satisfação 
que é encontrado nos contextos da vida familiar, social, amorosa, estética e ao ambiente em que se está 
inserido. Com isso, a qualidade de vida irá refletir uma síntese da cultura, com os diversos elementos que 
a sociedade determina como padrão de conforto e bem-estar (MINAYO, 2000).
O grupo de estudos sobre qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL GROUP) definiu 
que a qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistemas 
de valores e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (WHOQOL GROUP, 1995). 
Há seis domínios considerados principais, quais sejam: saúde física, estado psicológico, níveis de dependência, 
relacionamento social, características ambientais e padrão espiritual (DANTAS; SAWADA; MALERBO, 2003).
Guiteras e Bayés (1993) delimitam que qualidade de vida está relacionada à saúde como uma valorização 
subjetiva que o paciente faz de diferentes aspectos de sua vida quanto ao seu estado de saúde.
Para Cleary, Wilson e Fowler (1995), o termo se refere a vários aspectos da vida de uma pessoa que 
são afetados por mudanças no seu estado de saúde e que são significativos para a sua qualidade de vida.
Já Patric e Erickson (1993) conceituam que qualidade de vida é o valor atribuído à duração da 
vida, modificado pelos prejuízos, estados funcionais e oportunidades sociais que são influenciados por 
doenças, danos, tratamentos ou políticas de saúde.
Com uma visão mais generalista, Martin e Stockler (1998) percebem que a noção de qualidade de 
vida pode ser mensurada pela distância das expectativas individuais e a realidade vivida, ou seja, quanto 
menor for essa distância, melhor será a qualidade de vida.
A distância ou noção de distância entre a expectativa e a realidade remete a um plano individual, 
não ao coletivo, sendo determinado por três referenciais (MINAYO, 2000):
• Histórico: ligado ao tempo de desenvolvimento econômico, social e tecnológico. Porém os 
parâmetros de qualidade de vida diferem de sociedades diferentes e também em uma mesma 
sociedade em tempos históricos diferentes.
• Cultural: refere-se aos valores e necessidades dos povos ou sociedades, revelando assim seus 
costumes e suas tradições.
• Classes sociais: em sociedades que apresentam uma grande desigualdade entre classes, o padrão 
de qualidade de vida se relaciona ao bem-estar das camadas superiores e ascensão de classes 
inferiores para superiores.
Além dessa percepção individual de qualidade de vida, esse conceito é intrínseco, isto é, próprio de 
cada indivíduo e sofre influências de propagandas da mídia, dos alimentos e das campanhas políticas. 
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CORPOREIDADE E MOTRICIDADE HUMANA
Assim, cria-se a ideia de que elevar a qualidade depende somente dos esforços do sujeito (ALMEIDA; 
GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Qualidade 
de vida
Relações 
sociais
Envolvimento 
emocional
Saúde Ambiente de qualidade
Trabalho Estabilidade financeira
Satisfação 
pessoal
Figura 29 – Diagrama das diversas variáveis que compõem a qualidade de vida
Pela diversidade de domínios que estão relacionados ao termo, não existe uma concordância para 
um conceito único e definitivo, já que alguns destacam a importância de um bem-estar econômico, 
outros o sucesso pessoal ou o desenvolvimento social (PIRES, 2007). Portanto, se faz necessário ter 
atenção a uma multiplicidade de fatores que envolvem o universo da qualidade de vida.
Conforme mencionado anteriormente, a qualidade de vida sempre esteve presente na vida humana, 
pois está relacionada ao interesse pela vida, tanto individual como socialmente.
Dessa forma, a abordagem da qualidade de vida está relacionada à percepção de como as pessoas 
vivem, sentem e compreendem seu cotidiano, envolvendo questões como educação, saúde, transporte, 
moradia e participações nas decisões que lhe dizem respeito (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Mas para alguns autores a qualidade de vida tem uma ligação estreita com o desenvolvimento 
do ser humano, que representa as diversas combinações que um indivíduo está apto a fazer, ou seja, 
as diversas funcionalidades que compõem e que representam o estado da pessoa, abrangendo os 
diversos componentes que permeiam o cotidiano do indivíduo ou o modo como age em sua história e 
desenvolvimento (HERCULANO, 2000).
Com essas definições, a qualidade de vida é avaliada de acordo com a capacidade para alcançar as 
funcionalidades, como as funções elementares, por exemplo, de se alimentar adequadamente, assim 
como de obter e manter a saúde, e ainda as funções que envolvem autorrespeito e integração social. Essa 
capacidade está vinculada a um conjunto de diversos valores, como a personalidade,e principalmente às 
características e às possibilidades sociais (HERCULANO, 2000).
Retornando a definição dada pela Organização Mundial da Saúde (1995) de que a qualidade de 
vida é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida do contexto da cultura e sistemas de valores 
nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”, é possível 
estabelecer alguns aspectos para se conceber os indicadores de esferas objetivas e subjetivas, sempre 
tendo como perspectiva a visão do indivíduo (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
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A análise sobre a perspectiva objetiva está relacionada aos elementos passíveis de serem quantificados 
e concretos, que podem sofrer transformações pelo ser humano. São considerados elementos objetivos 
fatores como alimentação, moradia, acesso à saúde, emprego, ou seja, necessidades que garantem a 
sobrevivência do indivíduo na sociedade.
Tomando por base esses aspectos objetivos são traçados índices de referência sobre características 
sociais e econômicas da população, e a partir desses índices criam-se políticas e ações voltadas para a 
melhoria da qualidade de vida da população (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Já na compreensão da qualidade de vida tendo como referência os elementos subjetivos, também 
são considerados aspectos concretos, no entanto, têm-se as variáveis históricas, sociais, culturais e de 
interpretação individual sobre as condições de bens materiais e de serviços do indivíduo. 
Nesse sentido, a caracterização da qualidade de vida não se dá somente por aspectos objetivos, 
mas também leva em consideração fatores subjetivos e emocionais, expectativas e possibilidades de 
um grupo social ou de um indivíduo quanto a suas realizações e percepção de sua vida, considerando 
inclusive questões referentes a prazer, felicidade e tristeza (ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012). 
Para a utilização dos elementos subjetivos, é necessário a caracterização sociocultural prévia do 
ambiente em que o grupo ou o sujeito vive.
Percepção 
objetiva
Percepção 
subjetiva
Qualidade 
de vida+
Figura 30 – Qualidade de vida é formada pelas percepções objetiva e subjetiva do indivíduo
Existe uma relação muito estreita entre os elementos objetivos e subjetivos, e nenhuma análise 
ou compreensão da qualidade de vida de um sujeito pode ser contextualizada sem antes estabelecer 
a qualidade de vida coletiva, observando o que é representado na definição da OMS, que contempla 
aspectos subjetivos e objetivos.
Um exemplo de tratamento de aspectos objetivos e subjetivos refere-se ao sistema de bem-estar da 
Escandinávia, baseado em três verbos básicos à vida humana: ter, amar e ser (HERCULANO, 2000).
O verbo ter está relacionado às condições necessárias para uma sobrevivência fora da situação de 
miséria, como habitação, emprego, condições físicas de trabalho, saúde e educação.
O verbo amar diz respeito a relacionar-se com outras pessoas e, assim, formar uma identidade social.
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E o último verbo, ser, refere-se às necessidades de integração da sociedade em harmonia com a 
natureza, tendo como princípios a participação das pessoas nas decisões coletivas e atividades que 
influenciam a vida, como atividades políticas, tempo de lazer, oportunidades profissionais, contato com 
a natureza, atividades lúdicas e contemplativas (HERCULANO, 2000).
Esses indicadores podem ser mensurados tanto em aspectos objetivos quanto subjetivos:
Quadro 3 
Indicadores objetivos Indicadores subjetivos
Ter (condições materiais) Medidas de níveis de condições ambientais e vida.
Sentimentos de satisfação/
insatisfação com as condições.
Amar (necessidades sociais) Medidas de relações interpessoais. Felicidade/infelicidade nas relações sociais.
Ser (necessidades de 
crescimento pessoal)
Medidas das relações das pessoas 
com a sociedade e a natureza.
Sentimentos de alienação ou 
crescimento pessoal.
Fonte: Herculano (2000, p. 8).
A divisão das esferas de percepção tem como objetivo minimizar a problemática da 
multidisciplinariedade da qualidade de vida, visto que é um tema com grande abrangência. Além disso, 
esses indicadores proporcionam uma linha metodológica para obter uma análise da percepção objetiva 
e subjetiva, porém não se pode observá-las de uma forma separada, pois elas apresentam relações.
5.1 A percepção objetiva da qualidade de vida
A esfera de percepção objetiva de qualidade de vida está relacionada à garantia e satisfação em ter 
acesso aos elementos essenciais e necessários para a sobrevivência do ser humano, como: água potável, 
alimentos, vestuário, serviço de saúde, trabalho digno, lazer, entre outros (MINAYO, 2000).
Pelo fato de serem bens de consumo (água, alimentos etc.) e atividades concretas (trabalho, serviços 
de saúde) não dependem, em princípio, de uma avaliação subjetiva ou interpretação do indivíduo 
(ALMEIDA; GUTIERREZ; MARQUES, 2012).
Figura 31 – A percepção objetiva não depende de uma avaliação subjetiva – Rio de Janeiro, Brasil
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Os indicadores de percepção objetiva incluem três características:
• Aquisição de bens materiais.
• Avanços educacionais.
• Condições de saúde.
Esses indicadores têm como objetivo refletirem as características gerais de uma população, e não 
levam em consideração características históricas e culturais, e sim apenas questões socioeconômicas em 
relação aos bens de consumo (GONÇALVES; VILARTA, 2004).
Nessa abordagem é possível realizar uma comparação objetiva de uma mesma população em 
diversas épocas históricas ou entre diferentes sociedades. É possível classificar os grupos por critérios 
mais quantitativos e excluir as “percepções individuais e especificidades culturais dos sujeitos e das 
coletividades”, sendo utilizado como índices gerais, com sentido político e mostrando hegemonia 
(ALMEIDA et al., 2012, p. 25).
A percepção objetiva tem pontos positivos pela facilidade de obtenção de dados, criando um índice 
geral das condições de qualidade de vida, pois esses dados estão ligados a elementos como saúde, 
moradia, educação, transporte, entre outros seguimentos, sendo esse enfoque quantitativo, ou seja, lida 
com a presença ou ausência de determinado elemento em uma população.
Um instrumento muito utilizado para a aferição da percepção objetiva é o Índice de Desenvolvimento 
Humano (IDH). Ele tem como objetivo apresentar uma perspectiva sobre o desenvolvimento humano, 
porém não compreende todas as vertentes pertencentes à complexidade do desenvolvimento do ser 
humano, principalmente a percepção subjetiva do indivíduo.
Segundo o PNUD (2016), o IDH é formado por três pilares: saúde, educação e renda, que são avaliados 
da seguinte forma:
• Uma vida longa e saudável (saúde) – mensurada pela expectativa de vida.
• Acesso ao conhecimento (educação) – medida por alguns fatores:
— Média de educação dos adultos, que é avaliada pela média de anos de estudos recebidos 
durante a vida após os 25 anos de idade.
— Expectativas de anos de escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar.
• Padrão de vida (renda) – avaliada pela renda nacional bruta per capita, que é expressa em poder 
de paridade de compra.
A classificação para determinar se um local tem um alto ou baixo desenvolvimento humano varia de 
0 a 1. Quanto mais próximo do 1, maior é o desenvolvimento humano (PNUD, 2015):
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• 0 a 550 – desenvolvimento humano baixo;
• 0,550 a 0,699 – desenvolvimento humano médio;
• 0,700 a 0,799 – desenvolvimento humano alto;
• 0,800 a 1 – desenvolvimento humano muito elevado.
Tabela 1 – nações com melhor e pior IDH (2014)
Posição País IDH
1º Noruega 0,944
2º Austrália 0,935
3º Suíça 0,930
4º Dinamarca 0,923
5º Países Baixos 0,922
6º Alemanha 0,916
7º Irlanda 0,916
8º Estados Unidos 0,915
9º Canadá 0,913
10º Nova Zelândia 0,913
75º Brasil 0,755
179º Mali 0,419
180º Moçambique 0,416
181º Serra Leoa 0,413
182º Guiné 0,411
183º Burquina Fasso 0,402
184º Burundi 0,400
185º Chade 0,392
186º Eritreia 0,391
187º República Centro-Africana 0,350
188º Níger 0,348
Fonte: PNUD (2015, p. 232-233).
Figura 32 – Oslo, capital da Noruega, país com maior IDH do mundo 
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Figura 33 – Niamey, capital do Níger, país com o menor indicador de IDH mundial 
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0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
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1990 2000 2010 2011 2012 2013 2014
ID
H
Ano
IDH Brasil IDH Noruega IDH RCA
Figura 34 – Comparativo da evolução do IDH, de 1990 – 2014, entre 
 Brasil, Noruega e República Centro-Africana (RCA)
Apesar de ser um instrumento muito utilizado e reconhecido internacionalmente, o IDH apresenta 
limitantes metodológicos, pois ele se aplica à população em nível nacional, porém as realidades de cada 
região dos países não são retratadas, e é possível não ser visualizada a realidade em menor proporção 
ou regional.
Um exemplo disso é a aplicação de IDH para a esfera municipal no Brasil, realizado com os dados do 
IBGE, segundo o qual a nação apresenta municípios com altíssimos escores de IDH, como São Caetano 
do Sul – SP (0,862), Brasília – DF (0,824) e Florianópolis – SC (0,847), e, em contrapartida, escores muito 
baixos, como Melgaço – PA (0,418), Fernando Falcão – MA (0,443) e Japorã – MS (0,526) (PNUD, 2013).
Conforme os dados apresentados identifica-se que o IDH nacional não reflete a verdadeira realidade 
ou as verdadeiras realidades que um país comporta, ou seja, a qualidade de vida de uma população, 
tendo como parâmetros somente a percepção objetiva de elementos concretos.
Por essa razão, a percepção da qualidade de vida somente por critérios objetivos, muitas vezes, é 
utilizada como propaganda política, dando uma visão generalista e homogênea de uma realidade que 
ainda apresenta muita desigualdade e é extremamente heterogênea principalmente no Brasil. Com isso, 
os dados que compõem essa percepção acabam englobando diferentes sujeitos em um mesmo contexto.
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Apesar de identificar os níveis de qualidade de vida como uma percepção do indivíduo, não 
apresentando o que ocorre em um contexto mais global, a análise objetiva é importante para determinar 
uma melhor intervenção em áreas que necessitam de um melhor desenvolvimento, como saúde e ações 
sociais, direcionando uma melhoria para um determinado grupo.
A esfera de percepção objetiva é importante em dois aspectos: como instrumento de avaliação 
das condições de vida de um grupo ou população, indicando principalmente as áreas de carência de 
serviços, e por fornecer uma base de grupos com relação às características socioeconômicas em que 
estão inseridos (ALMEIDA et al., 2012).
5.2 A percepção subjetiva da qualidade de vida
A esfera de percepção subjetiva em um primeiro momento trabalha com as ações individuais diante 
da vida do próprio sujeito, como a expectativa de seus próprios níveis de qualidade de vida (ALMEIDA 
et al., 2012).
Por percepção subjetiva se compreende o estilo de vida do sujeito, caracterizado pelos hábitos 
aprendidos e adotados durante a vida, que têm relação com a realidade social, ambiental e familiar. Desse 
modo, as ações que refletem na vida desse indivíduo, como os valores e as oportunidades, devem estar 
relacionados ao bem-estar do sujeito, como o controle do estresse, a nutrição, a prática de atividades 
físicas regulares, os cuidados com a saúde e o convívio social.
Essa percepção está relacionada a três questões: o bem-estar dentro das experiências individuais; a 
presença de aspectos positivos na vida do indivíduo (não apenas de aspectos negativos); uma medida 
global, não somente um único aspecto da vida (GIACOMONI, 2004).
Além disso, essa percepção relaciona-se com os valores não materiais como amor, felicidade, 
inserção social e realização social. Como é uma percepção subjetiva, é preciso levar em consideração 
as possibilidades de uma conceituação e valorização individual de muitas variáveis não possíveis de 
mensuração, e isso irá refletir no cotidiano do sujeito (MINAYO, 2000).
Ainda, essa percepção subjetiva, como a felicidade, a satisfação, o “estado de espírito”, entre outras, 
de uma forma geral vai criar a perspectiva de como os sujeitos avaliam suas vidas, ou seja, se as pessoas 
experimentam suas vidas positivamente (GIACOMONI, 2004). Assim, a esfera subjetiva está muitas vezes 
atrelada à ideia de felicidade.
Por conseguinte, a felicidade está ligada a questões externas, não como algo subjetivo, mas uma 
qualidade desejada. Um segundo ponto está relacionado à forma como as pessoas avaliam os termos 
positivos da vida e uma terceira categoria considera a percepção positiva se sobrepondo a uma percepção 
negativa de satisfação da vida (GIOCOMONI, 2004).
Com isso, o ambiente e a cultura que o sujeito incorpora e as condições de desenvolvimento possíveis 
do sujeito são muito importantes para a formação da esfera de percepção subjetiva, que envolve 
sentimentos e valores de juízo, direcionando as diversas possibilidades de ações na sociedade, dentre 
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elas, a percepção e o julgamento de sua vida que estão atrelados a expectativas e ao entendimento de 
bem-estar do grupo ou da sociedade em que ele está inserido.
Cada sociedade irá determinar, por meio de sua cultura, quais são seus padrões de vida e assim 
direcionar as expectativas e os níveis de satisfação dos indivíduos que a compõem, e isso refletirá sobre 
o que é ou não é uma boa qualidade de vida, como o grau de satisfação pelas realizações dos indivíduos 
ou acesso a bens de consumo. Isso pode variar de acordo com a sociedade e os valores pessoais.
Um exemplo de como a cultura interfere nas escolhas pessoais e repercutirá na percepção subjetiva 
de uma população são as medidas tomadas pela Suécia, que em 2014 recusou ser uma das candidatas 
a receber as Olímpiadas de 2022, pois seus representantes no governo tinham outras prioridades para 
investir os recursos provenientes dos impostos. “Não é possível conciliar um projeto de sediar os Jogos 
Olímpicos com as prioridades de Estocolmo em termos de habitação, desenvolvimento e providência 
social” (DEARO, 2014). 
Pelo fato de a percepção subjetiva ser mais complexa, as expectativas e os gostos dos indivíduos irão 
variar de acordo com a sua classe social; essa perspectiva influenciará de forma direta a sua percepção 
individual a respeito da vida. Além das divisões de classes sociais, questões como diferenças culturais, 
separadas pela história ou grupos étnicos, fazem com que o tipo de percepção também se altere 
(ALMEIDA et al., 2012).
Conseguir quantificar ou mensurar as variáveis da esfera de percepção subjetiva da qualidade de vida 
é complexo,pois ela é composta de uma multiculturalidade, e compreender essa realidade apresenta 
muita dificuldade. Os instrumentos da esfera de percepção objetiva apresentam uma maior facilidade 
para serem aplicados, porém excluem as diversas faces da cultura de uma sociedade, colocando em 
dúvida os resultados e os índices obtidos.
Para conseguir mensurar os fatores culturais que constroem a percepção sobre a qualidade de vida 
e com isso a esfera subjetiva, é necessário a análise da percepção do indivíduo a respeito da satisfação 
e das expectativas que irão considerar as diversas primícias culturais da sociedade contemporânea em 
que ele está inserido.
Os indicadores de natureza subjetiva respondem como pessoas sentem ou o que 
pensam das suas vidas, ou como percebem o valor dos componentes materiais 
reconhecidos como base social da qualidade de vida (MINAYO, 2000, p. 17).
Só é possível falar e compreender a qualidade de vida tendo como ponto inicial a percepção do 
indivíduo sobre a sua própria vida.
Mesmo que a variável seja constituída de uma percepção, isto é, uma visão subjetiva de um indivíduo, 
ela caracteriza a sua realidade histórica, econômica e de saúde, e isso é construído em relação à carga 
cultural, a qual é derivada das relações do homem com os bens materiais que exercem algum tipo de 
interferência em sua vida. Logo, a esfera subjetiva é válida e de extrema importância para as discussões 
e o entendimento a respeito da qualidade de vida.
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CORPOREIDADE E MOTRICIDADE HUMANA
Percepção do 
indivíduo
Características 
da sociedade
Contexto 
cultural
Figura 35 – As relações entre o indivíduo, a sociedade e a cultura são importantes para 
o desenvolvimento da percepção do indivíduo dentro de um contexto sociocultural
5.3 A relação entre as esferas das percepções objetiva e subjetiva
A qualidade de vida é um campo de conhecimento que envolve diversas áreas de conhecimento, 
denotando várias formas de ser abordada. Por isso é preciso compreender como as esferas objetiva e 
subjetiva relacionam-se entre si para a construção de uma percepção mais completa da qualidade de 
vida de um sujeito ou da população.
Há dois tipos de perspectivas – uma objetiva e outra subjetiva –, e ambas não podem ser mensuradas 
de maneira segregada, pois elas se complementam, formando assim o conhecimento da qualidade de 
vida. Contudo, se faz necessário saber quais são as diferenças entre essas duas esferas de percepção, pois 
essa divisão se apresenta de maneira muito sútil. A questão é que a qualidade de vida lida com inúmeros 
fatores que afetam a vida do sujeito, e esses fatores estão relacionados entre si.
Pelo fato de ocorrer essa interdependência entre os fatores que compõem as esferas objetiva e 
subjetiva, é difícil definir em qual esfera determinado fator se encaixa, ou seja, as relações são inevitáveis, 
por causa da influência entre as esferas de percepção (ALMEIDA et al., 2012).
A relação confusa entre essas esferas pode estar relacionada ao conceito de qualidade ambiental 
que, de acordo com Barbosa (1998), é constituído por um conjunto de juízo de valores relacionados 
ao estado ou às condições que o ambiente proporciona, ou seja, a forma como o ambiente influencia 
a qualidade de vida dos sujeitos. O ambiente, então, irá refletir o contexto social em que o sujeito 
está inserido, sendo um determinante para suas possibilidades de desejos, necessidades e realizações 
(ALMEIDA et al., 2004).
Perante essa reflexão, a posição que o sujeito ocupa na sociedade, seus hábitos e seu comportamento 
serão delimitados pela hierarquia social; o que os sujeitos de determinado grupo consomem e utilizam, 
além de seus bens, diferenciarão as estruturas sociais. E para assumir as características simbólicas 
de determinado grupo, o indivíduo precisa ter as condições que lhe permitam realizar esses desejos 
(ALMEIDA et al., 2012).
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Unidade II
Em reportagem do portal UOL economia, foram divulgadas as marcas consumidas pela camada 
mais elitizada da população e que começam a ser utilizadas pelas pessoas que compõem as camadas 
economicamente “inferiores” da população, excluindo o caráter exclusivo e elitista dos produtos em 
questão. Por outro lado, tais marcas não querem ser vistas com essa “parcela da sociedade”:
Boa parte das marcas tem vergonha de seus clientes mais pobres. São marcas 
que historicamente foram posicionadas para a elite, e o consumidor que 
compra exclusividade pode não estar muito feliz com essa democratização 
do consumo [...] Algumas empresas me procuram dizendo “minha marca 
está virando letra de música, febre na periferia e não quero estar associado 
a esse pessoal” (NEUMAN, 2014).
Essa diferenciação entre as classes ou estruturas sociais irá reproduzir diversas possibilidades e 
expectativas de realizações para a obtenção de bem-estar e conforto na sociedade. Isso se deve porque 
os indivíduos que integram cada camada social têm objetivos e necessidades diferentes, as quais são 
exteriorizadas no estilo de vida – construção histórico-social do sujeito que influencia seus hábitos 
(ALMEIDA et al., 2004).
O estilo de vida é representado por um conjunto de ações que repercutirá em atitudes, valores 
e oportunidades na vida de um indivíduo (NAHAS, 2003); essas ações mostrarão a carga cultural do 
sujeito, interferindo em seu cotidiano. Também estão ligadas às possibilidades de escolhas e adoções ou 
não de práticas em seu dia a dia (ALMEIDA et al., 2012).
Como as estruturas ou classes sociais apresentam diferentes padrões de forma de consumo e 
matérias, é possível determinar que nem todos têm as mesmas oportunidades de escolhas, dependendo 
de uma série de situações para se ter a chance de ações na vida, que estão atreladas a características 
socioeconômicas, de subsistência, saneamento, dentre outras.
As condições monetárias e de manutenção da subsistência de alguns indivíduos são melhores que 
as de outros, assim, os indivíduos com melhores condições monetárias e de subsistência terão uma 
possibilidade maior de escolhas em relação a suas ações para a adoção de um estilo de vida. Essas 
possibilidades são desenvolvidas de acordo com o modo de vida das pessoas, que irá permitir fazer 
escolhas que direcionem o estilo de vida (GONÇALVES; VILARTA, 2004).
Na sociedade contemporânea, a escolha por um estilo de vida saudável é um fator determinante para 
as situações de saúde e de vida do indivíduo, porém muitas vezes essa escolha não é possível por causa de 
problemas nas condições socioeconômicas. Alguns fatores, como nutrição adequada, horas de descanso, 
acesso ao sistema de saúde, práticas de atividade física, não são possíveis ou acessíveis a todas as pessoas, 
em decorrência das condições de vida que possam possibilitar tais ações (ALMEIDA et al., 2004).
Minayo (2000) discorre que em sociedade divididas em classes, os padrões de bem-estar vêm das 
classes superiores, que são as possuidoras de grande parcela da economia e têm acesso às inovações 
tecnológicas, estabelecendo uma percepção positiva sobre a vida ou o que seria um nível adequado de 
qualidade de vida.
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Pelo processo de transmissão cultural, a sociedade atual cria os padrões de qualidade e estilo de vida 
que devem ser seguidos, de uma forma consciente ou não, e isso é absorvido e incorporado pelo sujeito, 
construindo assim sua percepção e expectativas sobre sua própria vida. 
Mesmo se tratando de uma visão maisindividual ou da percepção individual, a qualidade 
de vida não é apenas uma questão individualista, mas tem influência na sociedade em sentido 
amplo, pois está ligada às condições de sobrevivência e confortos dos sujeitos. Desse modo, o 
fenômeno da qualidade de vida passa a exprimir a ideia de uma questão social, e isso remete 
a ações adotadas pelo Estado, as quais se estendem a adoções do sujeito, com a finalidade de 
realizar práticas saudáveis (ALMEIDA et al., 2004).
Não é possível entender ou conceber uma qualidade de vida não atrelada a uma política de Estado 
ou mesmo do mercado econômico, uma vez que seria uma visão mínima sobre o conceito. Muitas vezes, 
o emprego dessa temática remete a uma atenção a determinada demanda de mercado ou de produtos 
específicos e promessas políticas, principalmente em épocas eleitorais. Assim, tem-se a ideia de que a 
qualidade de vida está atrelada a determinado produto ou determinado acesso a uma ação política ou 
programa político.
O Estado, então, assume a ideia mínima de responsabilidade, em que somente ele tem de ofertar as 
condições ou a melhoria em determinados setores de serviços para a população, como saúde, transporte 
e educação, melhorando a qualidade de vida; essas ações, porém, têm de possibilitar que os indivíduos 
adquiram e incorporem estilos de vida mais saudáveis (ALMEIDA et al., 2012).
Ter uma boa perspectiva de qualidade de vida dependerá de quais possibilidades o sujeito tem para 
satisfazer as suas necessidades fundamentais, e isso está relacionado com a capacidade de realização do 
indivíduo, o qual depende das oportunidades reais para que as ações ocorram – em outras palavras, o 
sujeito deve ser o principal ator social, isto é, alguém que atua, que age na sociedade. Segundo Almeida 
et al. (2012), a construção de uma boa ou má percepção de qualidade de vida está ligada:
• À percepção relativa à qualidade do ambiente em que o indivíduo se encontra.
• Ao oferecimento de oportunidades e condições para realização de satisfação das necessidades 
básicas as quais a própria sociedade estipula como essenciais.
Essas supostas necessidades o sujeito incorpora ou não como uma verdade para sua própria vida.
Um sujeito, para considerar que está vivendo com qualidade de vida, provavelmente consegue realizar 
as expectativas criadas pela sociedade em que ele vive e pelas escolhas determinadas em consonância 
com as possiblidades que o sistema social lhe proporcionou.
Assim, a percepção de diferentes níveis de qualidade de vida irá se tornar ampla, o que não pode 
ser determinado por uma análise global e homogênea. Convém mencionar que os indicadores objetivos 
são determinantes para traçar o perfil de grupos sociais, e são muito utilizados com a finalidade de 
determinar ações necessárias em uma área deficiente. Todavia, indicadores objetivos não refletirão 
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a percepção dos indivíduos como os principais beneficiários para a incorporação dessa melhoria de 
qualidade de vida (ALMEIDA et al., 2004).
A percepção da qualidade de vida – boa ou ruim – vai depender da compreensão do sujeito em 
relação ao ambiente em que está inserido, juntamente com as ações que realiza para a manutenção de 
suas necessidades e expectativas.
6 INSTRUMENTO PARA MEDIÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
A qualidade de vida vem recebendo uma crescente atenção, principalmente dentro das áreas das 
ciências biológicas e humanas, com o objetivo de criar um amplo controle das variáveis de estudos 
dessas áreas.
Como dito anteriormente, a expressão qualidade de vida passou a ser usada cotidianamente como 
uma noção de satisfação geral com a vida, seja de maneira global, seja dividida em esferas, que, quando 
estão agrupadas, podem indicar uma aproximação ao conceito mais geral. Essas esferas são abordadas e 
estão ligadas aos interesses do que será mensurado ou por quem será mensurado, como uma abordagem 
jornalística, uma pesquisa de mercado ou avaliação e operacionalização de uma ação social (ALMEIDA 
et al., 2012).
A qualidade de vida abrange muitos fatores – de percepção objetiva e subjetiva – e a sua medição, 
muitas vezes, não contempla a realidade, principalmente a de cada indivíduo. A qualidade de vida é 
apresentada como um conceito de difícil compreensão e tem diversas delimitações que possibilitam a 
completa medição em qualquer tipo de trabalho.
Os estudos sobre essa temática, segundo Almeida et al. (2012), podem ser classificados de acordo 
com quatro abordagens:
• Econômica: tem como principais elementos os indicadores sociais, como renda, transporte, acesso 
aos serviços públicos, entre outros.
• Biomédica: refere-se às condições de se oferecer melhoria na vida dos enfermos, principalmente 
em relação à saúde e níveis de funcionamento social.
• Psicológica: busca indicadores que tratam das reações subjetivas do indivíduo com suas 
experiências sobre qualidade de vida, sendo avaliado por sua própria vida, felicidade e satisfação.
• Geral: abordagem multidimensional que apresenta uma organização mais complexa e dinâmica dos 
componentes. Valores, inteligência e interesses pessoais são fatores que devem ser considerados.
A representação social, que retrata a qualidade de vida, é criada tendo parâmetros objetivos e subjetivos 
referentes à satisfação das necessidades básicas e das necessidades criadas pelo desenvolvimento 
econômico e social de determinada cultura (ALMEIDA et al., 2012).
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Sendo assim, os parâmetros mais complexos estão relacionados às ideias de ser, pertencer e transformar. 
O ser se relaciona com as habilidades individuais, a inteligência, os valores e as experiências de vida; o 
pertencer se associa às ligações interpessoais, às escolhas, além da participação em grupos e da inclusão em 
programas sociais; o transformar trata das práticas, como trabalho, programas educacionais, oportunidades 
de desenvolvimento das habilidades em estudos formais e informais (ALMEIDA et al., 2012). 
Esses parâmetros apresentam uma organização de muito dinamismo entre si, que considera a pessoa 
e o ambiente, bem como as oportunidades e os obstáculos.
Transformar
Ser
Pertencer
Qualidade de vida
Figura 36 – Representação do dinamismo da organização da qualidade de vida
Gutierrez e Almeida (2006) ainda qualificam que a noção de qualidade de vida remete à relação 
entre o sujeito e a sociedade, tendo como parâmetros alguns referenciais:
• Desenvolvimento econômico, social e tecnológico da sociedade.
• Valores, necessidades e tradições.
• Separações sociais, pois as ideias de qualidade de vida se relacionam aos ideais de bem-estar das 
camadas superiores e à passagem para essas camadas.
Os instrumentos que são utilizados para a avaliação e a mensuração da qualidade de vida variarão 
de acordo com a abordagem e os objetivos dos estudos. O IDH e o WHOQOL são uma tentativa de 
padronização de medida, permitindo a comparação entre sociedades (ALMEIDA et al., 2012).
6.1 Índice de Desenvolvimento Humano – IDH
Uma das formas mais tradicionais e usadas como classificação em nível mundial para avaliar a 
qualidade de vida em grandes populações ou nos diversos países é o Índice de Desenvolvimento Humano.
O IDH é um instrumento que tenta obter uma visão da realidade global de um país, e tem como 
parâmetros os âmbitos de saúde, educação e renda, porém não abrange os componentes relacionados 
ao desenvolvimento do ser humano.
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Unidade IIO IDH não consegue quantificar os níveis de felicidade do indivíduo, os níveis de democracia, de 
participação da população na sociedade nem as desigualdades sociais presentes, ou quanto os sujeitos 
conseguem ter sua sustentação garantida (PNUB, 2016).
O próprio PNUB (2016) considera que o desenvolvimento humano não pode ser aferido somente 
pela perspectiva econômica, pois se relaciona com a renda ou os recursos que um indivíduo ou uma 
sociedade pode gerar. Essa renda é importante para a manutenção das condições básicas de sobrevivência 
e a aquisição de bens materiais, entretanto:
O conceito de Desenvolvimento Humano também parte do pressuposto de 
que [para] aferir o avanço na qualidade de vida de uma população é preciso 
ir além do viés puramente econômico e considerar outras características 
sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade de vida humana 
(PNUD, 2016).
Com isso, é reforçado que a qualidade de vida de um indivíduo ou população não pode ser medida 
somente de uma perspectiva objetiva, como a renda, por exemplo, mas também é necessária a perspectiva 
subjetiva da pessoa a respeito da forma como ela concebe e entende o contexto social.
Logo, essa qualidade é construída a partir da relação entre diversos fatores, como biológicos, sociais 
e psicológicos, além da integração entre o sujeito e a sociedade, considerando-se o período da vida e o 
meio sociocultural em que ele está inserido (REIS JUNIOR, 2008).
A avaliação da qualidade de vida envolverá aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais, e 
para se ter uma mensuração confiável é necessário incluir diversos domínios independentes e que são 
aspectos de extrema importância para obter uma concepção integral da qualidade de vida de um sujeito 
(FERRO, 2012).
 Lembrete
Nem todos os instrumentos de medição de qualidade de vida têm a 
capacidade de medir as esferas objetivas e subjetivas.
6.2 Os instrumentos WHOQOL - 100 e WHOQOL - bref
Durante os anos de 1990, ocorreu um crescimento muito grande de instrumentos, a fim de mensurar 
a qualidade de vida e seus componentes – com destaque para os Estados Unidos da América, com 
um interesse em traduzir esses instrumentos para outros países. Porém somente replicá-los em outras 
culturas dificilmente refletiria a realidade dessa cultura, pois se correria o risco de que os aspectos 
aferidos nos instrumentos não a retratassem adequadamente (FLECK, 1998).
Desta forma, o WHOQOL Group, um grupo de estudos e pesquisa em qualidade de vida da Organização 
Mundial de Saúde, em um trabalho colaborativo multicêntrico, ou seja, abordando diversas culturas, 
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desenvolveu o WHOQOL-100, que é um instrumento de qualidade de vida composto de 100 itens, 
divididos em seis domínios e 24 facetas.
Quadro 4 – Domínios do WHOQOL-100
Domínios e facetas do WHOQOL-100
Domínio I – Físico
 1. Dor e desconforto
 2. Energia e fadiga
 3. Sono e repouso
Domínio II – Psicológico
 4. Sentimento positivo
 5. Pensar, aprender, memória e concentração
 6. Autoestima
 7. Imagem corporal e aparência
 8. Sentimentos negativos
Domínio III – Nível de dependência
 9. Mobilidade
 10. Atividades da vida cotidiana
 11. Dependência de medicação ou tratamentos
 12. Capacidade 
Domínio IV – Relações sociais
 13. Relações pessoais
 14. Apoio social
 15. Atividade sexual
Domínio V – Ambiental
 16. Segurança física e proteção
 17. Ambiente no lar
 18. Recursos financeiros
 19. Cuidados sociais e de saúde: disponibilidade e qualidade
 20. Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades
 21. Participação em/e oportunidades de recreação/lazer
 22. Ambiente físico: poluição/ruído/trânsito/clima
 23. Transporte
Domínio VI – Aspectos espirituais/religião/crenças pessoais
 24. Espiritualidade/religião/crenças pessoais
Adaptado de: Fleck (1998).
A construção desse instrumento ocorreu em quatro estágios, que vão desde a tentativa da construção 
de um conceito ou um consenso para a qualidade de vida por experts (peritos) da área, passando pela 
confecção de um instrumento piloto e a testagem em campo.
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Mesmo não apresentando um conceito sobre qualidade de vida, três pilares referentes ao constructo 
desse termo foram definidos, por meio dos especialistas na temática de diversas culturas. Os três aspectos 
fundamentais são (FLECK, 1998):
• Subjetividade.
• Multidimensionalidade.
• Presença de dimensões positivas e negativas.
Quadro 5 – Estágios para o desenvolvimento do WHOQOL-100
Estágio Métodos Produto Objetivos
1. Clarificação dos 
conceitos
- Revisão por experts 
internacionais.
- Definição de qualidade 
de vida.
- Definição de um 
protocolo para o estudo.
- Estabelecimento de 
um consenso para a 
definição de qualidade 
de vida e para uma 
abordagem internacional 
da avaliação de qualidade 
de vida.
2. Estudo piloto 
qualitativo
- Revisão por experts. 
– Grupos focais.
- Painel escrito de 
experts e leigos.
- Definição de domínios e 
subdomínios.
- Elaboração de um 
conjunto de questões.
- Exploração do conceito 
de qualidade de vida 
através das culturas e 
geração de questões.
3. Desenvolvimento 
de um piloto
- Administração do 
WHOQOL piloto 
em 15 centros para 
250 pacientes e 50 
“normais”.
- Padronização de um 
questionário de 300 
questões.
- Refinamento da estrutura 
do WHOQOL.
- Redução do conjunto de 
questões.
4. Teste de campo
- Aplicação em grupos 
homogêneos de 
pacientes.
- Estrutura comum de 
domínios.
- Conjunto de 100 
questões.
- Escala de respostas 
equivalentes em 
diferentes idiomas.
- Estabelecimento de 
prioridades psicométricas 
do WHOQOL.
Adaptado de: WHOQOL Group (1995).
Com a observação do quadro a respeito dos estágios em que foi composto o trabalho de 
desenvolvimento do WHOQOL-100, fica evidente a preocupação em se criar um instrumento que 
contemplasse qualquer perspectiva cultural. 
A construção dos domínios e subdomínios (facetas) foi discutida com os grupos focais, em diferentes 
centros, tendo como parâmetros indivíduos normais, portadores de doenças e profissionais da saúde 
(FLECK, 1998).
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Os centros urbanos utilizados para a construção do instrumento foram (FLECK, 1998):
• Melbourne – Austrália – Oceania
• Zagreb – Croácia – Europa
• Paris – França – Europa
• Nova Delhi – Índia – Ásia
• Madras – Índia – Ásia
• Beer-Sheeve – Israel – Ásia
• Tóquio – Japão – Ásia
• Tilburg – Holanda – Europa
• Panamá – Panamá – América Central
• São Petersburgo – Rússia – Europa
• Barcelona – Espanha – Europa
• Bangkok – Tailândia – Ásia
• Bath – Reino Unido – Europa
• Seattle – Estados Unidos – América do Norte
• Harare – Zimbábue – África
A função dos grupos focais era questionar os participantes de como cada domínio e subdomínio 
interfere em sua qualidade de vida e qual seria a melhor forma de realizar a pergunta para 
obter um melhor entendimento. Com o encontro de 15 realidades culturais distintas, formularam 
as questões com uma linguagem natural e compreensível, não aos profissionais, mas sim aos 
indivíduos leigos.
A ideia de se utilizar uma diversidade cultural na construção desse instrumento mundial é, a partir 
dessas realidades diferentes, tentar ao máximo reduzir as interferências culturais, principalmentepertencentes à perspectiva subjetiva dos sujeitos – diferentes de um instrumento formado em uma 
única realidade, como a dos Estados Unidos.
O instrumento utiliza uma escala de respostas do tipo Likert, em três escalas: escala de 
intensidade (nada; muito pouco; mais ou menos; bastante; extremamente); escala de frequência 
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(nunca; raramente; às vezes; repetidamente; sempre); escala de avaliação (muito ruim; ruim; nem 
ruim/nem bom; bom; muito bom, e muito insatisfeito; insatisfeito nem satisfeito/nem satisfeito; 
satisfeito; muito satisfeito).
Em seguida, são apresentados exemplos de como as perguntas no WHOQOL-100 são formuladas, 
com suas respostas possíveis (FLECK, 1998):
• Escala de intensidade:
Tabela 2 
F1.2 Você se preocupa com sua dor ou desconforto (físico)?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
• Escala de frequência:
Tabela 3 
F1.1 Com que frequência você sente dor (física)?
Nunca Raramente Às vezes Repetidamente Sempre
1 2 3 4 5
• Escala de avaliação:
Tabela 4 
F2.3 Quão satisfeito(a) você está com o seu meio de transporte?
Muito 
insatisfeito Insatisfeito
Nem satisfeito, nem 
insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito
1 2 3 4 5
Tabela 5 
G1 Como você avaliaria sua qualidade de vida?
Muito ruim Ruim Nem ruim, nem boa Boa Muito boa
1 2 3 4 5
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 Observação
A escala tipo Likert é medida de 5 a 7 pontos, com intervalos iguais entre 
eles, com o objetivo de se avaliar o grau de concordância ou discordância 
das afirmações. É muito utilizada em inventários de atitudes.
A tradução desse instrumento para o português foi realizada pelo Departamento de Psiquiatria e 
Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, respeitando os parâmetros 
e a metodologia propostos pela OMS (FLECK et al., 1999).
O detalhamento da metodologia é (FERRO, 2012, p. 19):
I. Tradução por um tradutor com entendimento detalhado do 
instrumento.
II. Revisão da tradução por um grupo bilíngue composto de 
entrevistadores, médicos e antropólogos.
III. Revisão por um grupo monolíngue representativo da população na qual o 
instrumento vai ser aplicado.
IV. Revisão pelo grupo bilíngue para incorporação das sugestões do grupo 
monolíngue.
V. Retrotradução por tradutor independente.
VI. Avaliação da retrotradução pelo grupo bilíngue. Qualquer diferença 
significativa é revisada interativamente.
O instrumento WHOQOL-100 pode ser aplicado em diversas situação e realidades, com prática 
clínica, aprimoramento da relação médico-paciente, avaliação e comparação de respostas em diferentes 
tratamentos médicos e como parâmetros para avaliação de serviços e políticas públicas (FERRO, 2012).
No entanto, esse instrumento que apresenta 100 questões tem a característica de ser longo e sua 
aplicação exige um tempo maior por parte do entrevistado e do entrevistador. Portanto, diante dessa 
realidade e da necessidade de um questionário mais conciso, o grupo de Qualidade de Vida da OMS 
desenvolveu uma versão abreviada do WHOQOL-100, criando o WHOQOL-bref (FLECK, 1998).
O instrumento WHOQOL-bref é composto de 26 questões, sendo duas com aspectos gerais e 24 
representando as 24 facetas do instrumento original – todas as facetas foram contempladas e extraídas 
do teste de campo em 18 países (FLECK, 1998). O instrumento abreviado é composto de quatro domínios: 
físico; psicológico; relações sociais; meio ambiente (FLECK et al., 2000).
Com essa versão, preserva-se a abrangência da qualidade de vida e apresenta-se uma alternativa de 
grande utilidade para as situações em que a aplicação da versão original (WHOQOL-100) torna-se difícil, 
devido principalmente à restrição de tempo (FERRO, 2012).
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Quadro 6 
Domínios e facetas do WHOQOL-bref
Domínio 1 – Físico
 1. Dor e desconforto
 2. Energia e fadiga
 3. Sono e repouso
 9. Mobilidade
 10. Atividades da vida cotidiana
 11. Dependência de medicação ou de tratamentos
 12. Capacidade de trabalho
Domínio 2 – Psicológico
 4. Sentimentos positivos
 5. Pensar, aprender, memória, concentração
 6. Autoestima
 7. Imagem corporal e aparência
 8. Sentimentos negativos
 24. Espiritualidade/religião/crenças pessoais
Domínio 3 – Relações sociais
 13. Relações pessoais
 14. Suporte (apoio) social
 15. Atividade sexual
Domínio 4 – Meio ambiente
 16. Segurança física e proteção
 17. Ambiente do lar
 18. Recursos financeiros
 19. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade
 20. Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades
Adaptado de: Ferro (2012); Fleck (1998).
 Saiba mais
Para conhecer mais sobre o grupo de estudos em qualidade de vida da 
UFRGS, bem como os instrumentos WHOQOL-100 e WHOQOL-bref, acesse: 
Disponível em: <https://www.ufrgs.br/qualidep/qualidade-de-vida>. 
Acesso em: 23 nov. 2016.
Tanto o IDH como os WHOQOL-100 e WHOQOL-bref têm suas metodologias e validades comprovadas, 
permitindo comparações entre os estudos, porém ambos apresentam limitações, uma vez que cada um 
pretende avaliar uma esfera e especificações de uma sociedade e do indivíduo em cada contexto.
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CORPOREIDADE E MOTRICIDADE HUMANA
No Brasil, a produção de conhecimento é relativamente nova, e a cada ano tem aumentado não 
apenas em alguns grupos determinados, mas também em indivíduos com alguma patologia determinada, 
levando em consideração o conhecimento de como a enfermidade compromete a vida dos indivíduos, 
focalizando na qualidade de vida relacionada à saúde.
7 QUALIDADE DE VIDA E CORPOREIDADE
Qual a relação existente entre a qualidade de vida e a corporeidade? Em um primeiro momento é 
difícil relacioná-las, mas é preciso uma reflexão sobre os conceitos que compõem a qualidade de vida e 
a corporeidade, a fim de se realizar a associação entre eles.
Quando se reflete sobre a construção da corporeidade, principalmente na sociedade ocidental, temos 
a separação ou a dicotomia de corpo e mente, passando pelo cartesianismo (proposta de René Descartes), 
até chegar ao conhecimento mais aprofundado e contemporâneo de Foucault e Merleau-Ponty, que 
consideram a corporeidade como a dinâmica de um indivíduo dentro de um mundo, interagindo e 
modificando-o por intermédio e aprendizado do corpo integral:
O mundo não é aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo; eu estou aberto 
ao mundo, comunico-me indubitavelmente com ele, mas não o possuo, ele 
é inesgotável (MERLEAU-PONTY, 1994, p. 14).
Quanto à ideia de qualidade de vida, também tem um caráter abrangente, que pode ser 
abordado por diversas áreas de estudo e conhecimento; todavia, para obter um entendimento da 
qualidade de vida de uma maneira integral, não se pode ter uma compreensão apenas a partir de 
dados estatísticos, os quais podem propiciar uma interpretação reducionista da realidade de certa 
população ou de uma sociedade heterogênea, como é possível de acontecer mediante os índices 
produzidos pelo IDH.
 Lembrete
O indivíduo deve ser estudado e compreendido de uma maneira 
integral; não se pode subestimar qualquer esfera de sua vida, incluindo-se 
sua qualidade de vida.
Esses indicadores refletem uma percepção objetiva da realidade social, sem observar as característicasindividuais dos sujeitos que compõem o grupo. A percepção do sujeito ou a percepção subjetiva é 
caracterizada pela compreensão do indivíduo sobre sua realidade e as possibilidades de desenvolvimento 
por meio de suas ações, sendo um autor ativo nas alterações de sua qualidade de vida.
É interessante observar que a corporeidade e a qualidade de vida aludem ao indivíduo para que ele 
seja um ser de transformação, mediante o corpo e a cultura em que está inserido, e não apenas um mero 
reprodutor de uma cultura, de um poder ou de paradigmas sociais.
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Santin (2002) tem como convicção que a qualidade de vida e a corporeidade não são uma 
única ideia ou concepção abstrata, mas que cada indivíduo as constrói e que essas duas esferas 
do ser humano acontecem “aqui e agora”, sendo uma construção existencial, vivencial, e não mera 
representação científica.
Moreira et al. (2006) atribuem o conceito de um corpo ativo, sendo isso uma corporeidade vivida, 
de um ser que percebe e concebe o mundo, os outros corpos e a si mesmo, na tentativa de reaprender 
a viver no mundo ou na sociedade em que ele se insere:
O conceito de corpo ativo/corporeidade requer considerar a educação como 
uma experiência profundamente humana, a aprendizagem da cultura. O 
corpo do ser humano não é um simples corpo, mas o corpo humano, o qual 
só pode ser compreendido a partir de sua integração na estrutura global 
(MOREIRA et al., 2008, p. 140).
A qualidade de vida e, principalmente, os aspectos pertinentes à esfera de percepção subjetiva 
estão estreitamente relacionados às experiências do corpo humano no mundo em que ele vive. No 
entanto, para que essa experiência seja de fato uma transformação do ser humano e do mundo, é 
necessário que se tenha uma educação que se fundamente na noção de que o homem não é um 
ser composto apenas de sua inteligência, mas de seu corpo, sua sensibilidade e sua imaginação 
(MOREIRA et al., 2008).
Pela corporeidade, o homem tem de compreender de uma forma significativa os aspectos culturais, 
pois a qualidade de vida também está relacionada com uma caracterização, uma delimitação e com o 
reflexo cultural da sociedade. O corpo não é “nada mais” que um símbolo da sociedade em que ele vive; 
o corpo reproduz em escala menor os perigos e poderes que são atribuídos à estrutura social vigente 
(SANTIN, 2002).
Em face disso, a qualidade de vida é um processo que deve ser incorporado pelo sujeito, por meio 
da corporeidade, que tenta entender o ser humano em seu sentido mais amplo, relacionado com sua 
história e sua cultura. Entretanto, para que isso ocorra, não é possível reduzir o ser humano a uma única 
esfera de compreensão ou somente a uma visão/interpretação objetiva.
A questão da qualidade de vida começou a tomar importância para o homem principalmente 
no início da Era Industrial e, posteriormente, na Era Pós-Industrial, quando passa a ser usada com 
constructo e a ser indagada, com a finalidade de se compreender o ser humano, que é submetido 
a diversas condições que desfavorecem a manutenção mínima da vida. Convém considerar que a 
qualidade de vida não é um atributo para uma nova vida, e sim para obter a manutenção da vida 
(SANTIN, 2002).
Essa manutenção da vida acaba levando a uma sobrevivência forçada, em um ambiente com 
muita diversidade de padrões sociais, os quais são supostamente aceitos em uma sociedade 
globalizada. Nessa sociedade, o corpo está relacionado à estética e ao serviço de produtividade, 
traduzido em uma qualidade de vida aparente, negando, muitas vezes, as questões originárias 
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da vida, como a cultura social, as características familiares e a própria identidade corporal 
(MACHADO, 2011).
Na sociedade atual, os valores da pós-modernidade e a noção da qualidade de vida estão 
relacionados ao consumo de bens, ou melhor, aos sonhos de consumo, como o consumo estético e 
o consumo material, por exemplo, e isso acaba por afastar o sentido de que a qualidade de vida e a 
corporeidade estão intimamente ligadas, pois sem essa relação o processo para o desenvolvimento 
de ambas perde o sentido dos conjuntos e das marcas culturais que compõem o sujeito e a 
sociedade em que se relaciona.
A busca por uma qualidade de vida é ter como objetivo uma vida sem sofrimento, com felicidade, sem 
dor, um convívio social harmônico e com igualdade de oportunidades às pessoas, bem como condições 
que propiciem o desenvolvimento e uma participação ativa nas decisões sociais dos sujeitos.
Diante disso, a qualidade de vida está ligada – vem juntamente – com a corporeidade, o corpo vivo, 
o corpo vivido, pois uma pessoa só irá compreender e identificar a sua qualidade de vida sabendo como 
é a corporeidade (SANTIN, 2002).
Tal qualidade não é pertencente exclusivamente a uma esfera conceitual e objetiva, pois essa 
noção é percebida pelo sujeito por diversos processos, inclusive emocionais, não podendo ser regidos 
exclusivamente pelo conhecimento científico, mas por percepções subjetivas também. No entanto, 
tendo a consciência de que a busca da qualidade de vida percorre um caminho de desenvolvimento que 
tem como objetivo a transcendência, ou seja, superar seus limites, uma vez que é esse o sentido de se 
incorporar uma vida de qualidade.
O conceito de corpo ativo, segundo Moreira et al. (2006), é de uma corporeidade vivida, que concebe 
um entendimento do sujeito a respeito do mundo, dos outros e de si mesmo, em uma investida de 
interpretar as relações, de aprender novamente a observar a vida e o mundo. A vida, que representa o 
corpo ativo, tem a pretensão de ver o que os seres que integram o mundo tentam lhe mostrar, pois esses 
estão encobertos uns pelos outros e pelo próprio sujeito.
O corpo ativo, em busca de uma qualidade de vida, em sua essência, tenta compreender a sua 
realidade, necessitando de uma reflexão para incorporar suas características, aprender sobre as coisas 
em diversas perspectivas e, assim, promover um desenvolvimento de suas habilidades.
Para o desenvolvimento desse corpo ativo se faz necessário construir uma educação apropriada, 
pois esse desenvolvimento está relacionado com a experiência humana que esse próprio corpo 
carrega: a aprendizagem de uma cultura. Dessa forma, o corpo humano não pode ser concebido 
com um conjunto de órgãos e sistemas, mas deve ser compreendido como uma estrutura global 
em que ocorrem interações (MOREIRA et al., 2006).
Segundo Gonçalves (2012), a qualidade de vida se relaciona a uma aparente dicotomia de pensar e 
agir, em que o ambiente e o estilo de vida influenciam a vida, e que essa vida tem que estar centrada em 
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uma seguridade, para a sua manutenção, saúde e desenvolvimento, trazendo um conceito e a prática 
de protagonismo social.
Assim, a corporeidade parte de um processo de aprendizagem pelo corpo, que tem como objetivo 
compreender o ser humano, pois a relação com o corpo é com outro ser humano, dando sentido a 
sua existência, sua história e a sua cultura, trazendo este protagonismo social que a qualidade de 
vida proporciona.
E a corporeidade, juntamente com a incorporação de uma qualidade de vida significante, promove 
uma transcendência, que irá exigir um processo de entendimento e aprendizado significativo da 
cultura, pois com isso se constrói a história, a partir disso se perpetua a cultura que auxilia na 
construção do corpo.
Incorporar a dimensão de corpo ativo e qualidade de vida emum processo de educação requer 
pensamento e trabalho complexos, uma vez que não existe um caminho, uma receita como resposta, 
mas sim uma motivação e um desafio de reflexão, tendo como ideia de que é um conhecimento 
multidimensional que é preciso adquirir, sabendo que surgirão dificuldades e incertezas de que as 
respostas não serão claras (MOREIRA et al., 2006).
Esse trabalho não será realizado de uma maneira passiva, sem a oportunidade para que o 
indivíduo possa desenvolver sua forma de interagir com o mundo e com aqueles que o habitam; 
esse conhecimento multidimensional tem de se relacionar com um desenvolvimento em uma 
realidade do homem com a sociedade, pois essa realidade contém as dimensões individual, social 
e biológica (MOREIRA et al., 2006).
Para Morin (2000), o conhecimento tem de ser adequado e refletir o contexto global, multidimensional 
e complexo, bem como as informações e o saber devem ser completos, e não isolados. Quando o contexto 
é global, abordando as diversas esferas da construção do conhecimento, será revelado um conjunto de 
ideias e de contextos organizados, refletindo na sociedade (MOREIRA et al., 2006).
Um aprendizado por meio da corporeidade legitima todas as formas verdadeiras do desenvolvimento 
humano, como o desenvolvimento integrativo das autonomias individuais, das participações sociais e 
do sentimento de pertencer a uma sociedade completa e atuante. Para que isso ocorra, deve-se deixar 
uma concepção unidimensional que determina o homem como um ser racional, um ser técnico, por sua 
utilidade e necessidade obrigatórias (MOREIRA et al., 2008). 
A fim de se compreender o ser humano, é preciso ter a consciência da complexidade da interação 
entre os elementos, que são inseparáveis e interferentes entre si: indivíduo, sociedade e espécie.
Para se ter uma corporeidade plena, e que isso se reflita na qualidade de vida e vice-versa, é 
necessário inserir uma ética com o intuito de transformar a intencionalidade em ações de cidadania para 
uma sociedade democrática, com diversidades de interesses e ideias. Assim, se faz necessário conviver 
com uma diversidade de espécies dentro do próprio mundo em que o ser humano habita, dando uma 
proteção ao meio ambiente (MOREIRA et al., 2008).
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Espécie
Sociedade
Indivíduo
Figura 37 – Relação entre sociedade, indivíduo e espécie
Porém, nas últimas décadas, vem ocorrendo uma redução de corpos ativos, principalmente para 
a realização de tarefas cotidianas, aumentado as patologias ligadas ao sedentarismo (LAMBERTUCCI 
et al., 2006).
A prática de um exercício físico é um fator importante para a prevenção e o tratamento de doenças, 
bem como garantir melhorias nos estados físicos e emocionais do indivíduo. Entretanto, é necessário 
ter ciência de algumas variáveis a fim de garantir uma prática de acordo com idade, sexo, condições 
socioeconômicas, entre outras, para saber como orientar essa prática. 
Segundo Lambertucci et al. (2006, p. 110), a atividade física “representa parte da preparação do 
homem para a atividade profissional ou alguma outra atividade”. Perante isso, a atividade física pode 
ser caracterizada como um instrumento em que o indivíduo pode modificar e adaptar seu corpo para, 
assim, obter melhoria em sua qualidade de vida.
8 EDUCAÇÃO FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA
A Educação Física e a qualidade de vida sempre tiveram uma relação bem estreita, independentemente 
do conceito adotado, ambas conectam aspectos físicos, emocionais e de relacionamento, sempre 
associados ao bem-estar (ALMEIDA et al., 2004).
Nos últimos anos, tem aumentado o interesse pela adesão à prática regular de atividades físicas, com 
os mais diversos objetivos, sendo eles estéticos, de promoção ou manutenção da saúde. Perante esse 
panorama, a Educação Física estabeleceu relações entre a prática de atividade física e a promoção da 
saúde e do bem-estar (MODENEZE; VILARTA, 2010).
A cultura de uma sociedade em que o sujeito está inserido determinará como se dá a relação entre a 
atividade física e a qualidade de vida, e isso definirá suas ações pessoais e as possibilidades criadas pelo 
ambiente, como programas ligados à melhoria da condição de vida da população (ALMEIDA et al., 2004).
Vários fatores vão influenciar a percepção de qualidade de vida de um indivíduo, tanto os componentes 
ligados à esfera de percepção objetiva quanto à esfera de percepção subjetiva. O acréscimo em qualquer 
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componente deve considerar uma dinâmica que possibilite o acesso a bens de consumo e as escolhas 
disponíveis (MARQUES; GUTIERREZ; MONTAGNER, 2010).
Esses valores podem ser exemplificados, como a educação, o mercado, além das diversas possibilidades 
de consumo, e o componente que mais compreende ou se relaciona com a qualidade de vida na sociedade 
contemporânea é a saúde (MARQUES; GUTIERREZ; MONTAGNER, 2010).
A noção de saúde, segundo Minayo (2000), é determinada pela resultante social da construção 
coletiva dos padrões de conforto e tolerância que determinada sociedade estabelece, sendo que o estado 
de saúde de um indivíduo sofrerá interferência de numerosas variantes, como os domínios funcionais, 
até os elementos físicos, sociais, ecológicos e de hábitos pessoais (ALMEIDA et al., 2004).
Com isso, a saúde e a doença de uma pessoa não podem ser relacionadas somente a um único 
aspecto, pois se configuram por uma relação contínua, a qual dependerá de ações individuais do 
ambiente e das políticas públicas.
No tocante ao ambiente, a qualidade de vida está relacionada aos aspectos socioeconômicos 
da população, que determinarão as condições de vida dos indivíduos que as detêm; esses aspectos 
apresentam relação com as condições de saúde, que podem ser mensuradas em instrumentos e 
indicadores de percepção objetiva (GONÇALVES; VILARTA, 2004).
A mensuração das condições de saúde irá determinar as possibilidades de acesso aos bens e serviços 
relacionados à saúde, os quais são disponibilizados à população. A organização desse acesso pode ser 
dividida em duas abordagens: a prevenção em saúde e a promoção da saúde.
A prevenção em saúde está ligada ao encorajamento da associação direta e predominante da relação 
entre os hábitos do sujeito e sua condição de saúde. 
A promoção de saúde apareceu a primeira vez na 1a Conferência Internacional sobre 
Promoção da Saúde de Ottawa, em 1896 – quando foi apresentada uma responsabilidade 
múltipla –, e tem a união de interesses com foco na promoção da saúde do Estado, por meio de 
políticas públicas, da sociedade cível, dos indivíduos, do sistema de saúde e da parceria entre 
os setores (ALMEIDA et al., 2012).
Com essas duas abordagens, a saúde apresenta um sentido mais amplo e uma questão social mais 
extensa, que vai além da perspectiva individual. Logo, o estilo de vida positivo é determinante para a 
promoção da saúde, assim como a prática regular de atividades físicas e ou esportivas, fazendo parte de 
um processo que integra diversos fatores, não sendo eles, somente, a solução dos problemas de saúde 
(ALMEIDA et al., 2012).
Os hábitos saudáveis dos indivíduos e os estilos de vida, que compreendem principalmente a esfera 
de percepção subjetiva de cuidados à saúde, interferem nas atitudes cotidianas. Para Gonçalves e Vilarta 
(2004), os comportamentos saudáveis são:
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Adotar hábitos alimentares que respeitem as necessidades biológicas de 
regularidadede ingestão de nutrientes; respeitar as necessidades específicas 
de nutrientes para cada etapa da vida; praticar atividades apropriadas à 
própria condição fisiológica e com regularidade; controlar o estresse físico 
e emocional com técnicas específicas às expectativas e os objetivos de cada 
pessoa; envolver-se em ações comunitárias estabelecendo laços de apoio e 
convívio familiar e social; dedicar-se ao lazer não sedentário, baseado em 
ações que envolvam atividades esportivas, hobbies ou trabalhos voluntários 
(GONÇALVES; VILARTA, 2004, p. 47).
Percebe-se que os hábitos que interferem no cotidiano englobam ações, como alimentação, 
relacionamentos interpessoais e prática de atividade física. Em face disso, é inegável que a incorporação 
de hábitos saudáveis advém do comprometimento do indivíduo a uma rotina apropriada, desde que as 
suas condições de vida favoreçam essas escolhas.
Na sociedade atual, é atribuída uma colocação privilegiada para a atividade física, a fim de conquistar 
uma situação melhor de saúde, denotando uma função ampliada, embora advinda de um único conceito 
e, por consequência, resumindo as diversas dimensões que permeiam o ser humano.
Assim como a qualidade de vida, é necessário conceituar o que vem a ser a atividade física. Segundo 
Carvalho (2001, p. 69) a atividade:
carrega toda e qualquer ação humana que comporte a ideia de trabalho 
como conceito físico [...] quando existe gasto de energia [...] quando o 
indivíduo se movimenta. Tudo que é movimento humano.
Para Nahas, Barros e Francalacci (2001, p. 30):
é uma característica humana que representa qualquer movimento corporal 
produzido pela musculatura que resulte num gasto energético acima dos 
níveis de repouso.
Lovisolo (2002, p. 281) defende que a atividade física se refere:
a motivos e intenções ou considerações das capacidades físicas, e implica 
um plano de ações racionalizadas ou sistematizadas.
Com essas definições, é possível observar que a atividade física está relacionada ao movimento humano, 
realizado pelo próprio corpo e seus componentes, gerando um gasto energético, independentemente de 
ser uma atividade sistematizada ou até mesmo uma atividade da vida cotidiana.
Nesses conceitos explicitados pelos três autores mencionados existe a noção de que atividade física 
está associada à saúde e de que são interdependentes – preceito esse explorado principalmente pela 
mídia e diversos meios de comunicação. 
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 Saiba mais
A respeito de uma era de um corpo ativo, na qual a qualidade de vida 
está ligada à corporeidade do individuo, indica-se a seguinte leitura:
MOREIRA, W. W. (Org.). Século XXI: a era do corpo ativo. Campinas: 
Papirus, 2006.
Em razão disso, é “vendido” um paradigma de que a atividade física está sempre conectada com 
a saúde, gerando estereótipos de saúde e boa forma. Em diversos estudos já se comprovou que a 
prática de atividade física regular auxilia na manutenção da saúde, porém não se pode descartar 
que o processo para se adquirir saúde é complexo e sofre influência de diversos componentes 
(ALMEIDA et al., 2004).
A atividade física, assim como a saúde, apresenta um composto de variáveis e opções existentes, e 
cada uma dessas opções apresenta certa influência no bem-estar do indivíduo, para uma continuidade 
ou manutenção da saúde; contudo, é preciso ter as primícias de que a prática dessa atividade está de 
acordo com as características e as expectativas do indivíduo, assim como o local e as metodologias nela 
empregadas (ALMEIDA et al., 2004).
O predomínio por atividade “A” ou “B” muda com o passar dos anos. Na década de 1970 havia 
predominância pelas atividades da ginástica aeróbica, que conquistou grande parte da população na 
época, porém sofreu forte resistência da sociedade médica, em razão da alta incidência de lesões por 
desgastes e traumas de seus participantes, chegando ao ponto de a comunidade médica desaconselhar 
a prática dessa atividade (MODENEZE; VILARTA, 2010).
Já nos anos de 1980, a atividade predominante era o treinamento de força, principalmente pelo 
aumento no número de fabricantes de máquinas e equipamentos para academia. Essa ideia permanece 
até hoje, pois se uma academia não tiver os últimos equipamentos e recursos disponíveis no mercado 
ela será considerada defasada (MODENEZE; VILARTA, 2010).
Também nessa época, em decorrência desse tipo de atividade e do local onde ela era desenvolvida, 
surgia a indústria fitness, com o aparecimento de cursos para o desenvolvimento de técnicos com 
qualidade questionável e a venda de mercadorias, como roupas e suplementos alimentares (MODENEZE; 
VILARTA, 2010).
Na década de 1990, a Educação Física no Brasil se tornava uma profissão regulamentada, dando 
um maior investimento em qualificação, credibilidade e profissionalismo (MODENEZE; VILARTA, 2010). 
No entanto, o movimento fitness ainda conseguia angariar e sensibilizar a sociedade a respeito do 
combate ao sedentarismo, principalmente por ações vinculadas nas mídias, com discursos motivacionais 
redundantes e sem embasamento científico. Esse movimento também é responsável por instaurar 
alguns conceitos de que para se ter um grande ganho, ou seja, benefícios fisiológicos, é preciso “treinar 
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bastante” – enfatizando a ideia de “quanto mais, melhor”. Muitas vezes, essa abordagem é acompanhada 
por um número muito elevado de dias e horas de treinamento, assim como o uso indiscriminado de 
agentes anabolizantes.
Figura 38 – Mulher praticando pilates
Atualmente, em oposição ao estilo fitness, que ainda apresenta grande influência, foi desenvolvida a 
abordagem de wellness, a qual tem como fundamento filosófico o conceito de bem-estar, em oposição 
à ideia fitness. Assim, passa a ser atribuído um valor maior aos ideais de como o indivíduo se sente 
ao fazer uma atividade. A ioga, o tai chi chuan e o pilates, por exemplo, ganharam muito adeptos 
(MODENEZE; VILARTA, 2010).
Para a adesão de um estilo de vida saudável, a adoção de uma atividade física regular e sistematizada 
não deve acontecer baseada em modismo ou por imposição de algum sistema, mas considerar as 
características e as condições de vida do indivíduo. Entretanto, a realidade nem sempre reflete o que 
deveria ser o ideal, principalmente pela dificuldade de acesso a alguns tipos de atividades físicas e por 
condições socioeconômicas desfavoráveis (ALMEIDA et al., 2004).
Mesmo apresentando alto índice de sedentarismo, as camadas sociais com maior poder econômico 
nem sempre vão adotar um estilo de vida mais saudável (LOVISOLO, 2002).
Um dos motivos para o aumento do sedentarismo pode estar ligado às facilidades de acesso aos 
bens tecnológicos – que de certo modo também promovem um aumento da qualidade de vida por 
torná-la mais ágil e dinâmica. Contudo, convém notar que isso provoca a substituição da atividade 
motora humana pela atividade de máquinas (ALMEIDA et al., 2004).
Por outro lado, os avanços tecnológicos podem ser benéficos ao desenvolvimento e à adesão a 
uma prática de atividade física, uma vez que a tecnologia está incorporada ao cotidiano da sociedade 
contemporânea e o seu uso pode ser um aliado ao estilo de vida mais saudável, assim como à manutenção 
desse hábito.
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Unidade II
Figura 39 – Uso da tecnologia para uma melhor adesão na atividade física
É inegável que a tecnologia influencia os hábitos e os costumes em vários aspectos da interação 
do ser

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