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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
LABIRINTOPATIA 
 
 
 
1 
 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS 
Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842l Labirintopatia / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 
 113p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-548-1 
 1. Sistema vestibular. 2. Labirintite. Atuação fonoaudiológica I. Portal 
Educação. II. Título. 
 CDD 617.882 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA VESTIBULAR ........................................................ 3 
1.1 ORELHA INTERNA .................................................................................................................... 5 
1.2 INERVAÇÃO ............................................................................................................................. 16 
1.3 IRRIGAÇÃO .............................................................................................................................. 17 
2 NÚCLEOS VESTIBULARES .................................................................................................... 20 
2.1 CEREBELO ............................................................................................................................... 20 
2.2 CONTROLE POSTURAL .......................................................................................................... 21 
2.3 EQUILÍBRIO, TONTURA E VERTIGEM .................................................................................... 22 
3 LABIRINTOPATIA E SUAS COMPLICAÇÕES ........................................................................ 28 
3.1 ESPAÇO PERILINFÁTICO ........................................................................................................ 41 
3.2 ESPAÇO ENDOLINFÁTICO ...................................................................................................... 42 
3.3 QUADRO CLÍNICO DA INFÂNCIA À TERCEIRA IDADE ......................................................... 43 
4 AVALIAÇÃO OTONEUROLÓGICA .......................................................................................... 60 
5 PATOLOGIAS ASSOCIADAS ÀS ALTERAÇÕES DO APARELHO VESTIBULAR................ 85 
6 INTERPRETAÇÃO DOS EXAMES ........................................................................................... 88 
7 ORIENTAÇÕES AO PACIENTE ............................................................................................... 94 
8 ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA ........................................................................................... 102 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA VESTIBULAR 
 
 
Para darmos início ao estudo da Labirintopatia e suas complicações, bem como 
diagnóstico, tratamento e orientações, faz-se necessário um estudo esquematizado e detalhado 
da anatomia e fisiologia do aparelho vestibular. Grandes cientistas ao longo dos anos 
demonstraram interesse especial no sistema vestibular, na função labiríntica e suas correlações 
com a via oculomotora, equilíbrio e marcha. É de suma importância citar Friedrich Leopold Goltz, 
o primeiro cientista a reconhecer o valor da hidrodinâmica dos fluídos endolinfáticos dos canais 
semicirculares (falaremos com mais detalhes durante o curso), que seria determinada pelos 
mecanismos de movimentos estimulantes. 
Em 1892 Julius Richard Ewald foi o pioneiro ao demonstrar a existência do tônus 
vestibular nos canais semicirculares laterais. Barany em 1906 apresentou um clássico ensaio 
sobre os aspectos envolvidos no sistema vestibular, recebendo reconhecimento internacional, 
chegando ao prêmio Nobel de Fisiologia em 1915. Em 1911 Rudolf Lidler e Julius Bauer 
descobriram as influências inibitórias provocadas pelo cerebelo sobre o nistagmo vestibular e 
com o passar do tempo os estudos e interesses progridem. 
As labirintopatias são patologias do sistema vestibular que tem como principal sintoma 
a tontura e são empiricamente chamadas de labirintites. Para que sejam empregados os 
processos terapêuticos eficazes, é de extrema importância o conhecimento aprofundado da 
anatomia e fisiologia vestibular, a seguir será estudado toda a anatomia e fisiologia que envolve 
as complicações, vestibular e labiríntica. O sistema vestibular tem participação no equilíbrio do 
corpo, visão (fornece informações da relação espacial do corpo com o ambiente) e 
propriocepção (fornece informação da posição do corpo, das articulações e o grau de 
contração/relaxamente dos grupos musculares). 
A informação da posição e movimentação da cabeça é dada pelo sistema vestibular 
que com a integração central das informações propicia o movimento harmônico e equilíbrio do 
corpo. O aparelho vestibular é responsável por três funções: controle do equilíbrio, orientação 
espacial e estabilização da imagem. O aparelho vestibular funciona continuamente, inclusive 
durante o sono de forma inconsciente. A assimetria da resposta labiríntica, seja pela estimulação 
excessiva ou pela hipoestimulação, leva a vertigem, nistagmo e reflexo vagal que são sensações 
conscientes. 
 
 
4 
 
 
São funções do Aparelho vestibular: 
 
 Transformar as forças provocadas pela aceleração da cabeça e da gravidade em um 
sinal biológico. 
 Informar os centros nervosos sobre a velocidade da cabeça e sua posição no espaço. 
 Iniciar alguns reflexos necessários para a estabilização do olhar, da cabeça e do corpo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
TONTURA EQUILÍBRIO 
PROPRIOCEPÇÃO MOVIMENTO 
 
 
5 
 
 
 
 
Todas as funções citadas acima são de suma importância para o equilíbrio, que é a 
capacidade de manter a postura apesar de circunstâncias adversas. Vale salientar que além do 
aparelho vestibular periférico, o equilíbrio é também determinado pelos olhos, com sua 
percepção das relações espaciais. Os distúrbios do equilíbrio e do sistema vestibular envolvendo 
o ouvido interno afligem pessoas de todo o mundo. 
 
 
 
1.1 ORELHA INTERNA 
 
 
 
O sistema auditivo como um todo é composto por orelha externa, orelha média e 
orelha interna e as vias auditivas. O osso temporal está localizado na face lateral da caixa 
craniana é um dos ossos mais complexos tanto no aspecto funcional como anatômico, em seu 
interior abriga na sua porção petrosa os órgãos sensoriais da audição e do equilíbrio corporal, no 
qual recebe as terminações dos ramos cocleares e vestibulares do VIII par craniano, o nervo 
vestibulococlear. 
 
 
 
Forças da Gravidade em sinais 
biológicos 
Velocidade e posição no espaço 
Iniciar reflexos para estabilização 
 
 
6 
 
 
 
FIGURA 1 - OSSO TEMPORAL ESQUERDO VISTA LATERAL 
 
FONTE: Disponível em: <www.ib.unicamp.br/dep_anatomia/files/atlasorelha/Orelha>. Acesso 
em: 21 out. 2011. 
 
 
 
 
FIGURA 2 - OSSO TEMPORAL ESQUERDO VISTA MEDIAL 
 
FONTE: Disponível em: <www.ib.unicamp.br/dep_anatomia/files/atlasorelha/Orelha>. Acesso 
em: 21 out. 2011. 
 
http://www.ib.unicamp.br/dep_anatomia/files/atlasorelha/Orelha
 
 
7 
 
 
 
A orelha interna constituída de três partes principais, o labirinto ósseo ou perilinfático, o 
labirinto membranáceo ou endolinfático e a cápsula ótica ou labiríntica. 
O labirinto ósseo é composto de três partes: vestíbulo, cóclea,canais semicirculares 
(são três canais), e contém um líquido (a perilinfa que tem constituição química semelhante à do 
líquido raquidiano, apresentando em sua composição uma maior concentração de sódio do que 
de potássio), que envolve todo o labirinto membranáceo, a sua função é amortecer as vibrações 
ósseas. 
 
 
 
No labirinto ósseo encontramos uma série de ductos membranosos onde estão 
alojadas as estruturas sensoriais de recepção dos estímulos auditivos e posturais. A parede 
lateral do labirinto ósseo é a parede medial da cavidade timpânica e na sua parede medial está o 
fundo do meato acústico interno. A seguir figuras do labirinto ósseo e particularidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
FIGURA 3 - LABIRINTO ÓSSEO DETALHE CANAIS SEMICIRCULARES E LABIRINTO ÓSSEO 
DETALHE DA CÓCLEA 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.ib.unicamp.br/dep_anatomia/files/atlasorelha/Orelha>. Acesso 
em: 21 out. 2011. 
 
 
FIGURA 4 - LABIRINTO ÓSSEO DIREITO, VISTA ANTEROLATERAL 
 
http://www.ib.unicamp.br/dep_anatomia/files/atlasorelha/Orelha
 
 
9 
FONTE: Netter. Atlas de anatomia humana, 2000. 
 
 
O labirinto membranáceo é constituído de ducto e saco endolinfático, sáculo, utrículo, 
ductos semicirculares e ducto coclear. É um sistema fechado de canais que se comunicam entre 
em si preenchido pela endolinfa sua constituição química é diferente da perilinfa, pois a sua 
maior concentração é de potássio, a endolinfa é incolor, semelhante aos líquidos intracelulares 
(rico em K+ e pobre em Na+, além de possuir glicose e proteínas), sua secreção é feita em 
algumas regiões do epitélio labiríntico, especialmente na estria vascular, com possível controle 
hormonal. Os ductos semicirculares abrem-se no utrículo e ele no sáculo (pelo ducto 
utriculossacular). 
O vestíbulo é uma pequena cavidade colocada entre a cóclea e os canais 
semicirculares, é composto por duas vesículas, o utrículo e o sáculo (chamados de órgãos 
otolíticos). 
O utrículo é maior e ocupa a parte superior do vestíbulo, o sáculo é inferior e menor. 
Uma pequena área de revestimento do utrículo e do sáculo se diferencia em órgão sensorial, a 
mácula. A mácula do utrículo fica na superfície inferior, quase horizontal e desempenha um 
papel importante na determinação da orientação da cabeça quando a pessoa está ereta, 
enquanto a mácula do sáculo está localizada no plano vertical, sendo importante para o 
equilíbrio quando a pessoa está em decúbito. As máculas desempenham células ciliadas 
sensoriais intercaladas por células de sustentação. 
Cada mácula é recoberta por uma camada gelatinosa, na qual estão mergulhados os 
otólitos, formações de carbonato de cálcio. As milhares de células ciliadas projetam cílios para 
dentro da camada gelatinosa. O peso dos otólitos inclinará os cílios em direção a força 
gravitacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
FIGURA 5 - LABIRINTO MEMBRANÁCEO 
 
FONTE: Russo & Santos. A Prática da Audiologia Clinica, 1993. 
 
 
De acordo com a figura acima o utrículo e o sáculo, através do ducto endolinfático se 
comunica com o saco endolinfático. O utrículo e o sáculo são dois órgãos otolíticos, receptores 
do labirinto, ambos são ovoides e contêm células ciliadas. Existem estruturas sensoriais 
chamadas de cristas ampulares, aderidos a uma estrutura elíptica denominada mácula, que 
estão localizadas na ampola de cada canal semicircular e são responsáveis pelo equilíbrio do 
corpo. No utrículo e no sáculo estão localizadas respectivamente a mácula utricular e a mácula 
sacular, são formadas por células sensoriais e por células de sustentação. É importante ter em 
mente a posição dessas estruturas, pois a mácula utricular está no plano horizontal e a mácula 
sacular no plano vertical, e junto são responsáveis pela percepção dos estímulos que estão 
diretamente relacionados com aceleração linear do corpo (percepção da posição do corpo e os 
efeitos da gravidade). Para sermos capazes de perceber a posição da cabeça no espaço, além 
das mudanças bruscas de movimento; necessitamos dos sensores de movimentos, chamados 
de canais semicirculares. 
Os canais semicirculares (CSC) são três estruturas com formato de uma letra “C” com 
diâmetro aproximado de 8mm, dispostas ortogonalmente entre si, de acordo com a sua posição 
dentro do osso temporal recebem a seguinte denominação: lateral, posterior e anterior. A sua 
 
 
11 
disposição abrange os três planos espaciais, assim, garantindo a detecção de qualquer 
movimentação da cabeça no espaço. Cada canal possui uma dilatação em sua extremidade 
 
denominada ampola, é nas ampolas que encontramos as estruturas sensoriais dos canais 
semicirculares, que são as cristas ampulares (neuroepitélio) contendo células sensoriais ciliadas. 
Os órgãos otolíticos informam sobre situações estáticas, dando a orientação gravitacional em 
mudanças na posição da cabeça e sobre movimentos com aceleração linear. As extremidades 
não ampolares dos CSC anterior e posterior se unem antes de chegarem ao vestíbulo, onde se 
abrem em um orifício comum. 
Os canais semicirculares (CSC) trabalham sinergicamente dois a dois (em pares), é 
por meio de cada par que passa um plano espacial. Os CSC laterais fazem um ângulo de 30º 
com o plano horizontal (fig. B), quando a cabeça está na posição ortostática. Sua ampola 
localiza-se na porção anterior do canal, ambos os canais laterais estão no mesmo plano 
horizontal, formando um par funcional. O CSC’s posterior e anterior estão em um plano vertical, 
formando um ângulo de aproximadamente 45º com o plano sagital (fig. A). 
 
 
FIGURA 6 - PLANO SAGITAL E PLANO HORIZONTAL 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
Vamos “mentalmente” visualizar os CSC’s das duas orelhas (esquerda e direita), eles 
 
 
12 
trabalham em pares da seguinte forma: 
 
 
 O CSC lateral direito é par sinérgico do o CSC lateral esquerdo; 
 O CSC posterior direito faz par com o CSC anterior esquerdo; 
 O CSC posterior esquerdo faz par com o CSC anterior direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os canais semicirculares são responsáveis pela mensuração de acelerações 
angulares, causadas pela rotação da cabeça ou do corpo. Cada ducto tem um máximo de 
sensibilidade ao movimento angular em um eixo perpendicular à sua posição. Um movimento 
voltado para a máxima excitação de um membro do par funcional produz a máxima inibição do 
outro membro. Com os movimentos rotatórios da cabeça não ocorrem apenas nos planos exatos 
dos canais, mais de um par deve ser excitado concomitantemente pela maioria dos movimentos. 
Com o movimento rotatório da cabeça, há movimento uniforme da endolinfa no sentido 
contrário, porém com velocidade igual ao do ducto semicircular. Na parada da cabeça, a 
endolinfa, por inércia, continua a deslocar-se no mesmo sentido até deter-se. Isso resulta em 
pressão na cúpula que deflete e movimenta os cílios que nela penetram. 
 
Segue abaixo uma ilustração importante para o estudo das labirintopatias: 
 
 
 
 
CSC LATERAL DIREITO – CSC LATERAL ESQUERDO 
CSC POSTERIOR DIREITO – CSC ANTERIOR ESQUERDO 
 
 
13 
 
 
 
 
 
FIGURA 7 - CANAIS SEMICIRCULARES 
 
FONTE: Disponível em: <www.surdo.org.br>. Acesso em: 21 out. 2011. 
 
 
 
 
14 
 
 
 
A seguir uma ilustração para que possamos visualizar os canais em pares e os três 
planos espaciais: 
 
 
FIGURA 8 - RELAÇÃO ENTRE OS PARES SINÉRGICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
A dilatação terminal que está contida nos canais semicirculares (ampola) capta as 
variações de aceleração angular (os movimentos de rotação da cabeça). Na região ampular as 
cristas ampulares (contém células ciliadas) mantém seus cílios embebidos na substância 
gelatinosa, de modo que são os movimentos de deflexão da cúpula (estrutura formada de 
substância gelatinosa, contida dentro da ampola) que levam à inclinação dos cílios. 
Acélula ciliada é o elemento receptor do labirinto vestibular, elas podem ser de dois 
tipos: Tipo I (formato arredondado e envolto por várias terminações nervosas) e Tipo II (formato 
cilíndrico e com uma única terminação nervosa). Na superfície apical das células ciliadas, tanto 
 
 
FRONTAL 
CSC LATERAL 
CSC ANTERIOR 
CSC POSTERIOR 
CSC ANTERIOR 
CSC POSTERIOR 
CSC LATERAL 
 
 
15 
tipo I quanto tipo II, estão os cílios. Para cada célula ciliada existe um cílio diferente dos outros, o 
cinocílio, que é único, emerge do corpo da célula e se coloca na periferia do tufo de estereocílios 
(que variam de tamanho). Os cílios das células ciliadas nas cristas dos canais semicirculares são 
 
paralelos aos eixos dos canais, estando o cinocílio sempre na mesma extremidade de cada 
célula. A movimentação da cabeça leva necessariamente ao movimento do CSC, a endolinfa 
contida no CSC, devido à inércia se desloca na direção oposta e este deslocamento provoca a 
deflexão da cúpula com consequente inclinação dos cílios. 
Quando a corrente endolinfática se desloca em direção à ampola, ela é ampulípeta e 
provoca a deflexão da cúpula em direção ao utrículo. Porém, se a direção é de sentido contrário 
e a cúpula se deflete em direção ao canal semicircular, ela ampulífuga. A compreensão torna-se 
fácil, portanto, o deslocamento ampulípeto é em direção da ampola, a endolinfa no CSC lateral é 
exitatório, enquanto nos CSC anterior e posterior a excitação é dada pelo deslocamento 
ampulífugo, fugindo da ampola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para os CSC posteriores e anteriores (canais semicirculares verticais), as correntes 
que despolarizam as células ciliadas são as correntes ampulífugas, enquanto para os CSC 
laterais as correntes ampulípetas são as mais estimulantes. 
No exame vestibular, conceitos de corrente ampulípeta e ampulífuga são bastantes 
empregados, motivo o qual são muito importantes para a fundamentação dos estudos. A 
mudança na posição da cabeça e movimentos com aceleração linear leva a movimentação dos 
otólitos sobre a camada gelatinosa e a inclinação dos cílios. A disposição das células ciliadas 
com o eixo de despolarização na direção de uma linha curva, movimentos em qualquer direção 
CORRENTE AMPULÍPETA 
 
 EM DIREÇÃO DA 
AMPOLA 
CORRENTE AMPULÍFUGA 
 
 FOGE DA AMPOLA 
 
 
16 
são capazes de excitar pelo menos um grupo de células. Os órgãos otolíticos informam sobre 
situações estáticas, dando a orientação gravitacional em mudanças na posição da cabeça e 
sobre movimentos com aceleração linear com subir e descer em um elevador. 
Nos CSC anteriores e posteriores o cinocílio localiza-se na extremidade não utricular da 
 
ampola, e no CSC lateral na extremidade utricular. Todo esse arranjo estrutural desempenha 
papel relevante na fisiologia vestibular, pois permite que a célula ciliada responda de maneira 
diferente conforme a direção de movimentação dos cílios. O movimento dos esteriocílios sobre 
cinocílio leva a despolarização da célula ciliada, com aumento da liberação de 
neurotransmissores e, portanto, aumento do estímulo da fibra aferente. Entretanto, a 
movimentação dos cinocílios sobre os esteriocílios leva a hiperpolarização da célula com 
redução da liberação de neurotransmissores e menores estímulos nas fibras aferentes. 
O vestíbulo é responsável pela detecção de acelerações lineares, produzidas pela 
gravidade ou pelos movimentos do corpo e pelo equilíbrio estático do corpo no espaço. O 
vestíbulo é excitado pelo deslocamento da membrana otolínica sobre a mácula, isto ocorre 
quando a cabeça e o corpo são deslocados seguindo uma linha, como se deslocar para frente ou 
para trás (ex: carro, avião), ou para cima e para baixo (ex: elevador). Esses movimentos geram 
um fenômeno de tração da membrana otolítica sobre os cílios da mácula, ou ao contrário, geram 
um fenômeno de pressão. Sua resposta seria semelhante à dos CSC. É especialmente 
importante que as diferentes células podem ser estimuladas. Assim, a inclinação da cabeça em 
qualquer direção vai resultar em despolarização de algumas células utriculares e 
hiperpolarização de outras. Esse sinal complexo fornece ao cérebro uma medida acurada da 
posição da cabeça. 
 
 
 
1.2 INERVAÇÃO 
 
 
 
As células ciliadas dos órgãos otolíticos e dos CSC’s são inervadas pelos 
prolongamentos distais de neurônios bipolares, cujos corpos celulares se encontram no gânglio 
vestibular ou gânglio de Scarpa. Os prolongamentos centrais destes neurônios se juntam com 
prolongamentos centrais do gânglio espiral da cóclea para formar o nervo vestibulococlear, que 
 
 
17 
atravessa o meato acústico interno, ao lado do nervo facial, após curto trajeto no ângulo 
pontocerebelar entra na ponte para fazer sinapse nos núcleos vestibulares. Os axônios distais 
dos neurônios vestibulares chegam ao gânglio de Scarpa através de dois ramos: ramo superior 
com axônios que carregam informações do CSC anterior e lateral e utrículo e ramo inferior com 
 
impulsos do CSC posterior e sáculo. 
De acordo com Machado (2002) as fibras aferentes de origem vestibular chegam ao 
cerebelo pelo fascículo vestibulocerebelar, trazendo informações originadas na parte vestibular 
do ouvido interno sobre a posição da cabeça, importante para a manutenção do equilíbrio e da 
postura básica. 
 
 
 
1.3 IRRIGAÇÃO 
 
 
 
O labirinto é irrigado pela artéria labiríntica ou artéria auditiva interna, na maioria dos 
casos pelo ramo da artéria cerebelar anteroinferior e em alguns casos pelo ramo da artéria 
basilar. A artéria labiríntica se divide em: a. coclear (irrigando a cóclea) e a. vestibular anterior 
(CSC anterior, lateral e utrículo) e a. vestibular posterior (CSC posterior, sáculo e parte da 
cóclea). 
De acordo com Robergs & Roberts (2002) o aparelho perifério consiste num conjunto 
de sensores do movimento, as quais enviam informações ao sistema nervoso central, 
especificamente ao complexo nuclear vestibular e ao cerebelo, sobre a velocidade angular da 
cabeça, a aceleração linear e a orientação cefálica em relação ao eixo gravitacional. O sistema 
nervoso central processa esses sinais e os combina com outras informações sensoriais, para 
estimar a orientação cefálica. A resposta do sistema vestibular central é transmitida aos 
músculos extraoculares e à medula espinhal para preparar dois importantes reflexos, o reflexo 
vestíbulo-ocular e reflexo vestibuloespinhal. 
O reflexo vestíbulo-ocular gera os movimentos oculares, os quais permitem uma visão 
nítida enquanto a cabeça está em movimento, enquanto o reflexo vestibuloespinhal gera o 
movimento corporal de compensação, objetivando manter a estabilidade cefálica e postural, e, 
dessa forma, evitar quedas. O desempenho destes reflexos é monitorado pelo sistema nervoso 
 
 
18 
central e quando necessário, eles são reajustados por um processador adaptativo. 
O sistema vestibular detecta a posição e o movimento da cabeça no espaço pela 
integração das informações dos receptores periféricos localizados no ouvido interno. As células 
sensoriais do labirinto transformam energia mecânica que resulta dos movimentos ciliares em 
 
sinal biológico. 
Os CSC são responsáveis pela mensuração de acelerações angulares, causadas pela 
rotação da cabeça ou do corpo. Cada ducto tem um máximo de sensibilidade ao movimento 
angular, em um eixo perpendicular à sua posição. Um movimento voltado para a máxima 
excitação de um membro do par funcional produz a máxima inibição do outro membro. Como os 
movimentos rotatórios da cabeça não ocorrem apenas nos planos exatos dos canais, mais de 
um par deve ser excitado concomitantemente pela maioria dos movimentos. 
 
 
 
No movimento rotatório da cabeça há movimento uniforme da endolinfa no sentido 
contrário, porém com velocidade igual ao do ducto semicircular. Na paradada cabeça, a 
endolinfa, por inércia, continua a deslocar-se no mesmo sentido até deter-se. Isso resulta em 
pressão na cúpula que se deflete e movimenta os cílios que nela penetram. 
Nos CSC anteriores e posteriores os cílios localizam-se na extremidade não utricular 
da ampola, e no canal lateral na extremidade utricular. Todo esse arranjo estrutural desempenha 
papel relevante na fisiologia vestibular, pois permite que a célula ciliada responda de maneira 
diferente conforme a direção de movimentação dos cílios. 
 
Sistema 
Vestibular 
Integração de 
Informações 
Receptores 
 
 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Movimentação 
de 
Cabeça 
Endolinfa 
Direção 
dos 
Cílios 
 
 
20 
 
 
2 NÚCLEOS VESTIBULARES 
 
 
 
Didaticamente são quatro os núcleos vestibulares, estão localizados de cada lado do 
tronco encefálico e são os seguintes: 
 
 Núcleo vestibular superior; 
 Núcleo vestibular medial; 
 Núcleo vestibular lateral; 
 Núcleo vestibular inferior. 
 
Os núcleos vestibulares superiores e mediais recebem informações dos CSC e enviam 
fibras, via fascículo longitudinal medial, aos núcleos oculomotores, para que ocorram 
movimentos de correção dos olhos e também ao feixe vestibuloespinhal medial para o 
posicionamento adequado da cabeça e do pescoço. Na vestibulometria, são informações 
valiosas, pois é muito importante na formação do nistagmo de origem vestibular e posição da 
cabeça no espaço. 
O núcleo vestibular lateral recebe fibras do utrículo e do sáculo, enviando pelo feixe 
vestibuloespinhal lateral informações para o posicionamento corporal adequado. Já o núcleo 
vestibular inferior recebe fibras originadas nos CSC e no utrículo, enviando informações para o 
cerebelo e formação reticular (FR- é um conjunto de células e fibras nervosas espalhadas por 
todo o tronco encefálico, sua função é interligar sistemas e receber informações sensoriais). 
 
 
 
2.1 CEREBELO 
 
 
 
É um órgão situado na fossa posterior craniana atrás do tronco cerebral, ao qual se 
conecta por três pares de pedúnculos cerebelares. Controla a atividade dos núcleos vestibulares 
 
 
21 
por meio de quatro subunidades denominadas Cerebelo Vestibular – flóculo, nódulo, úvula e 
 
paraflóculo ventral. O lóbulo anterior e o núcleo fastigial conectam-se também ao núcleo de 
Deitres, mas não são consideradas áreas do Cerebelo vestibular. As aferências de origem 
vestibular podem ser diretas do labirinto, dirigindo-se ao lóbulo floculonodular ou indiretas, a 
partir do núcleo vestibular lateral, com predomínio ipsilateral. 
O vestibulocerebelo controla e mantém o equilíbrio estático e a fixação da imagem 
sobre a retina durante os movimentos da cabeça. Lesões nessa região causam hipertonia de 
descerebração (liberação da influência vestibular sobre o tronco e músculos extensores), 
perturbação da posição ortostática e nistagmo, com instabilidade do olhar. O núcleo fastigial 
através dos Fascículos Reticular e Vestibuloespinhal controla os dispositivos motores da medula 
e por meio das projeções reticulares, a oculomotricidade. Sua lesão leva a hipotonia axial e 
ataxia, alterações do equilíbrio dinâmico. 
 
 
 
2.2 CONTROLE POSTURAL 
 
 
 
A existência de uma representação cortical do sistema vestibular foi sugerida por 
alguns autores por duas observações particulares, que são as seguintes: 
 
 Demonstração de potenciais evocados no córtex cerebral entre a área auditiva e 
sensorial somática após estímulo do labirinto de animais. 
 Demonstração em humanos de sensação de vertigem após estimulação direta 
do córtex do lobo temporal. 
 
As áreas corticais relacionadas às representações do Sistema Vestibular são: 
 
 Córtex visual primário (17 de Brodmann); 
 Córtex temporal medial e súpero medial; 
 Córtex parietal posterior e frontal (8 deBrodmann). 
 
 
 
22 
Os reflexos vestibuloespinhais têm a função de estabilizar a cabeça no espaço e em 
 
relação ao tronco, assim como manter a postura ereta. Estímulos labirínticos levam a diferentes 
padrões de ativação na musculatura cervical e dos membros, com o objetivo de prevenir quedas. 
Reflexos fásicos de curta latência são mediados pelos CSCs através do trato 
vestibuloespinhal medial, tem a função de ativar músculos cervicais específicos, com 
consequente estabilização da cabeça no espaço, a partir de estímulos dos CSCs. Reflexos 
otolíticos tônicos por sua vez, respondem a variações de aceleração linear, principalmente pelo 
trato vestibuloespinhal lateral, o que produz uma excitação dos neurônios para musculatura 
extensora ipsilateral com inibição recíproca dos flexores. 
O trato reticuloespinhal tem sua origem na formação reticular bulbar, sendo que a 
maioria dos neurônios reticuloespinhais pontobulbares recebem aferências dos órgãos otolíticos 
e CSCs e se projetam principalmente para neurônios medulares lombares e em menor número 
para neurônios cervicais. 
As três principais vias dos núcleos vestibulares para medula são as seguintes: 
 Trato vestibuloespinhal medial do núcleo vestibular medial para a medula 
cervicotorácica. 
 Trato vestibuloespinhal lateral do núcleo vestibular lateral de Deiter para medula 
lombossacral. 
 Trato reticuloespinhal dos neurônios pontobulbares para a medula lombar 
 
Dos núcleos vestibulares também partem aferências para o tálamo e córtex que geram 
informações a respeito da orientação espacial e percepção de movimento. 
 
 
 
2.3 EQUILÍBRIO, TONTURA E VERTIGEM 
 
 
 
De acordo com Herdman (2002), o sistema vestibular é ao mesmo tempo um sistema 
sensorial e motor, na função sensorial, o sistema vestibular é uma das ferramentas mais 
importantes do sistema nervoso no controle da postura, e na função motora o sistema vestibular 
fornece ao sistema nervoso central (SNC) informações sobre a posição e o movimento da 
 
 
23 
cabeça e a direção da gravidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SNC usa essas informações para construir uma imagem da posição e do movimento 
do corpo e do ambiente que o cerca. O SNC utiliza as vias motoras descendentes, que recebem 
informações vestibulares de outros tipos para controlar as posições estáticas da cabeça e do 
corpo e para coordenar os movimentos posturais. 
O sistema vestibular é ao mesmo tempo sensorial e motor, ele cumpre muitas funções 
diferentes no controle postural, sendo as quatro mais importantes: 
 
 Função na sensação e na percepção da posição e do movimento; 
 Orientação da cabeça e do corpo; 
 Controle da posição do centro de massa corporal; 
 Estabilização da cabeça durante os movimentos posturais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sistema Vestibular 
 Sensorial 
 Motor 
 Controle postural 
 Movimento de cabeça 
 Direção da gravidade 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
Conceitos como equilíbrio, tontura e vertigem facilitam o estudo para o entendimento 
do processo de reabilitação vestibular. O equilíbrio é uma função sensório motor que tem o 
objetivo estabilizar o campo visual e manter a postura ereta, é a capacidade de manter a postura 
apesar de circunstâncias adversas. 
Para que uma pessoa tenha qualidade de vida, esteja inserido na sociedade de forma 
ativa, se faz necessário a orientação espacial, manter o equilíbrio ao andar ou realizar tarefas é 
essencial para o dia a dia. A manutenção do equilíbrio corporal é uma função extremamente 
complexa e envolve diversos órgãos e sistemas, faz-se necessária a integração do sistema 
vestibular, visual, proprioceptivo e estruturas do sistema nervoso central (SNC). 
 
 
 
 
Posição e 
Movimento 
Orientação 
Controle 
Estabilização 
 
 
25 
 
 
 
 
 
A sensação de perturbação do equilíbrio corporal chama-se tontura. A tontura é um 
termo que representa genericamente todas as manifestações de desequilíbrio. As tonturas 
podem ser: 
 
 Rotatória – são as sensações de desorientação espacial (vertigens); 
 Não rotatória– são as instabilidades, flutuações, oscilações; 
 Crônica; 
 Intermitente; 
 Constante; 
 Leve, moderada ou intensa; 
 Incapacitante ou não. 
 
 
As perturbações do equilíbrio podem ser definidas como uma percepção errônea, 
ilusão ou alucinação de movimento e as distorções visuais. As tonturas estão entre os sintomas 
mais frequentes em todo o mundo e são de origem labiríntica em 85% dos casos, é um dos 
sintomas mais comuns após 65 anos de idade, a terceira queixa mais frequente na medicina 
está presente de 5 a 10% da população mundial. No entanto, mais raramente, as tonturas 
podem ser de origem visual neurológica ou psíquica, lembrando que a maioria das tonturas tem 
origem vestibular. 
 
Equilíbrio Manter Postura 
 
 
26 
 
 
 
A vertigem é uma sensação de desorientação espacial do tipo rotatória, é um tipo 
particular de tontura e se caracteriza pela sensação de rotação. A vertigem é característica de 
envolvimento do sistema vestibular, mas nem todos os pacientes com labirintopatia apresentam 
vertigem. Portanto, não podemos esquecer às vertigens fisiológicas, caracterizadas por náuseas 
e mal-estar desencadeadas por uma aceleração corporal não familiar ao indivíduo, tais como as 
que podem ser experienciadas em diversos tipos de transportes como carro, navio, avião ou 
trem. 
A vertigem postural que é apresentada devido às diversas posições de cabeça e/ou 
corporal é a mais comum manifestação labiríntica. Ela pode ser: 
 
 Aguda; 
 Repentina (pode durar, segundos, minutos, horas ou dias); 
 Acompanhada de sintomas neurovegetativos (náuseas, vômitos, sudorese, 
palidez e taquicardia). 
 
A vertigem pode derivar de doenças que atingem diretamente o sistema vestibular ou 
pode resultar de outras afecções que atingem o sistema indiretamente. A maioria das vertigens 
intensas tem origem periférica, ou seja, resulta de distúrbios localizados no nível dos receptores 
da orelha interna ou das fibras dos nervos vestibulares, porém existem quadros vertiginosos de 
origem central, localizados nos núcleos vestibulares e/ou em outras áreas do sistema vestibular 
central. 
Podemos destacar também a vertigem das alturas, que afeta algumas pessoas que, 
quando em lugares altos, manifestam uma instabilidade subjetiva de postura e locomoção 
associada com medo de cair e alterações vegetativas. 
 
Tontura Perturbação Equilíbrio 
 
 
27 
 
 
 
 
A cinetose é um distúrbio do equilíbrio provocado por movimentos constantes, os 
sintomas manifestam-se com sudorese, palidez, náuseas e vômito causados pela estimulação 
vestibular excessiva. Essas manifestações podem persistir por várias horas depois que cessa a 
estimulação. 
As consequências consideradas perigosas que estão relacionadas com as 
vestibulopatias são as quedas, dificuldade de locomoção ou a redução das atividades de vida 
diária, além das fraturas ou acidentes causados devido a algum sintoma relacionado às doenças 
ligadas ao sistema vestibular. 
 
3 LABIRINTOPATIA E SUAS COMPLICAÇÕES 
 
 
De acordo com Herdman (2002), os pacientes com disfunção vestibular apresentam 
um comprometimento mensurável no comportamento motor controlado pelo sistema vestibular 
como: controle postural, oculomotor e orientação espacial, e por ilusões perceptivas, como a 
vertigem. 
As labirintopatias ou vestibulopatias são doenças conhecidas popularmente como 
labirintites. As labirintopatias designam afecções no ouvido interno (cóclea ou labirinto, em 
contrapartida as vestibulopatias, designam afecções que acometem qualquer parte do sistema 
vestibular, em consequência o equilíbrio. 
 
Vertigem Desorientação Rotatória 
 
 
28 
 
 
O nosso ouvido possui dois componentes distintos: a cóclea, que é responsável pela 
nossa audição e o vestíbulo, que é responsável pelo nosso equilíbrio. Juntos formam o sistema 
vestibular que é responsável em manter o equilíbrio corporal. O comprometimento do labirinto vai 
provocar sintomas como tonturas, desequilíbrio, surdez, vertigem (os quadros de vertigem são 
acompanhados de náuseas e vômitos, além da sensação angustiante da morte iminente quando 
o quadro é muito intenso) ou zumbido. 
 
 
De acordo com Caovilla (1998), a postura, o equilíbrio físico e a coordenação motora 
constituem alicerces fundamentais para a aquisição de muitas aprendizagens, incluindo a 
Labirintopatia Vestibulopatia 
Cóclea Vestíbulo 
 
 
29 
linguagem falada e escrita. Atrasos na aquisição da linguagem ou deficiências motoras podem 
ser ocasionados por distúrbios da função vestibular. A inabilidade para realizar movimentos 
coordenados e a concepção imprecisa da posição espacial justificaria as dificuldades de 
aprendizagem em crianças com vestibulopatias (crianças com vestibulopatias podem 
desenvolver hábitos curiosos para escrever, colocando a cabeça em posição anormal durante a 
escrita, ou até mesmo inaptidão para realizar certos exercícios físicos, motivo o qual professores, 
babás, pais e familiares, devem ficar atentos a movimentos, posturas e ditas “manias” das 
crianças, pois podem estar sinalizando uma alteração no sistema vestibular. 
 
A comunicação, comportamento psicológico e/ou desempenho escolar (o mau 
rendimento escolar pode ser indício de vestibulopatias) são seriamente comprometidas quando 
há disfunção vestibular em crianças em desenvolvimento. 
 
 
 
A autocompensação concomitante em lesões vestibulares lentamente progressivas é 
uma das hipóteses aventadas para explicar a ausência de sintomas em apreciável proporção 
das afecções vestibulares crônicas. 
Alterações em Crianças 
Comunicação 
Comportamento 
psicológico 
Rendimento escolar 
 
 
30 
No indivíduo adulto, as repercussões deletérias dos transtornos do equilíbrio corporal 
sobre a qualidade de vida podem afetar com maior ou menor intensidade o desempenho social e 
profissional. A tontura crônica, intermitente e imprevisível ou desagradavelmente constante, pode 
levar a imperiosa restrição de atividades físicas, à desgastante insegurança psíquica, à 
ansiedade, à depressão, ao pânico, e consequentemente, à dificuldade de comunicação com o 
meio ambiente. A situação no idoso se reveste de maior gravidade, quando as limitações 
impostas pela disfunção vestibular se somam à dificuldade de comunicação devida a perdas 
auditivas, comum na idade mais avançada. 
É importante entender as complicações para o fechamento do diagnóstico, só assim, 
será possível o reconhecimento de vários quadros clínicos, bem como para tratar o paciente. As 
chamadas síndromes vestibulares tanto em crianças, adolescentes, adultos e idosos são de 
caráter benigno, tratáveis e curáveis. 
 
 
 
 
Vale salientar que a vestibulopatia é a designação genérica para os distúrbios do 
equilíbrio corporal que acometem o sistema vestibular periférico ou central e podem apresentar 
Alterações em Adultos e 
Idosos 
Qualidade de Vida 
Comportamento 
psicológico 
Vida Profissional 
 
 
31 
conjuntos de sintomas constituindo quadros clínicos típicos ou síndromes complexas. Uma 
mesma doença pode apresentar diferentes configurações clínicas nos diversos pacientes, 
dependendo da personalidade, do estilo de vida, da idade e da resposta individual aos efeitos do 
fator etiológico. 
As perdas auditivas, dificuldade de entender a conversação, zumbido, plenitude 
auricular, hipersensibilidade a sons, estão associados à tontura, revelando envolvimento 
adicional da audição. Faz-se necessário uma anamnese cuidada para o auxílio do fechamento 
 
do diagnóstico e o descobrimento da etiologia, nos pacientes com tontura e sintomas 
associados. 
De acordo com Ganança (1998) a tontura é a sensação de alteração do equilíbrio 
corporal, pode ter caráter rotatório (vertigem) ou não rotatório (instabilidade, oscilações, 
vacilação, titubeio, flutuação, ascensão, afundamento, pulsão, impulsão, oscilopsia, etc.) Ambos 
os tipos podem ser ou não ocasionados por distúrbiosvestibulares, o que só é possível 
comprovar por meio da realização e interpretação de exames otoneurológicos. 
Os sintomas clássicos das labirintopatias ou alterações no sistema vestibular como um 
todo, são decorrentes de desordens funcionais primárias ou secundárias do sistema vestibular. 
As tonturas de desordens não vestibulares são mais raras e podem ser causadas por 
perturbações exclusivamente oculares (miopia, diplopia, astigmatismo, estrabismo, lentes 
bifocais), somestésicas, psicogênicas (claustrofobia, histeria, agorafobia, “vertigem dos 
pescadores em alto-mar e outras fobias), doenças cardíacas ou cervicais. Obnubilações ou 
perdas de consciência por diferentes estimulações (vertigem laríngica, vertigem olfativa, vertigem 
tátil) também não tem relação com sistema vestibular. 
 
 
 
32 
 
 
Os sinais e sintomas de alteração do equilíbrio corporal (perturbação na manutenção 
do equilíbrio) surgem quando há conflito na integração das informações vestibulares, visuais e 
proprioceptivas. As relações entre o sistema vestibular e diversas áreas do Sistema Nervoso 
Central fazem com que o paciente com tontura habitualmente relate dificuldade de concentração 
mental, perda de memória e fadiga. A insegurança física conduz à insegurança psíquica, 
irritabilidade, perda de autoconfiança, ansiedade, depressão ou pânico. 
Desordens 
Não 
Vestibular 
Ocular 
Somestésica 
Psicogênica 
Doenças 
Cardíacas 
Doença 
Cervical 
 
 
33 
 
 
As tonturas das vestibulopatias periféricas são idênticas às tonturas das vestibulopatias 
centrais, mas os sintomas associados podem ser diferentes. As síndromes periféricas, a 
vertigem e outros tipos de tontura podem surgir em combinação com perda de audição, zumbido, 
sensação de pressão ou desconforto no ouvido e manifestações neurovegetativas. Nas 
síndromes centrais, as tonturas podem coexistir com ataxia, diplopia, paresia ou paralisia facial, 
disartria, disfagia, fraqueza, incoordenação de movimentos, distúrbios de motricidade e 
sensibilidade. 
Lembrando que a tontura é um sintoma muito comum em ambos os sexos, presente 
em mais de 10% da população mundial. Podem acometer crianças, jovens, adultos e idosos, 
quase todas as tonturas relatadas são causadas por disfunção primária ou secundária do 
sistema vestibular. Há alta prevalência de alterações no sistema vestibular, não sendo raro 
 
encontrar mais de um tipo de uma vestibulopatia em um mesmo paciente, ao longo de sua vida. 
Podem ser encontrados diferentes tipos de alterações em vários membros de uma mesma 
família, sem qualquer relação entre elas. 
 
 
Sistema 
Vestibular 
Sistema 
Nervoso 
Central 
 
 
34 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
O que deve ficar bem claro é que as disfunções vestibulares podem ser: 
 
 Periféricas – labirinto, vestíbulo e/ou nervo vestibulococlear. 
 Centrais – núcleos, vias e inter/relações com o sistema nervoso central (SNC) 
 
As etiologias podem estar longe do sistema vestibular, como em outro órgão ou 
sistema. O sistema vestibular é de tal forma sensível à influência de distúrbios em outras partes 
do corpo humano que a tontura pode surgir antes dos sintomas da doença de base. 
A história clínica do paciente é fundamental para o adequado diagnóstico, tem que ser 
analisada com cautela as características de início das tonturas, sua duração, intensidade, 
constância ou intermitência, progressão, estabilização ou regressão, fatores de melhora ou piora 
 
(olhos abertos ou fechados, em certas posições ou à mudança de posição da cabeça ou do 
corpo), concomitância com sintomas auditivos (diminuição ou flutuação da audição, zumbido, 
sensação de plenitude auricular ou pressão no ouvido, hipersensibilidade a sons intensos), 
 A tontura é um sintoma presente 
 em mais de 10% da população mundial 
90%
10%
 
 
35 
dificuldade para entender, manifestações neurovegetativas (náuseas, vômitos, sudorese, 
palidez, taquicardia, extremidades frias, parestesias etc.) ou quedas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vale salientar que pacientes com qualquer tipo de tontura, com ou sem sintomas 
auditivos, podem ser inicialmente avaliados por meio de perfil otoneurológico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 IMPORTANTE: 
 
Características das Tonturas 
Duração da Tontura 
Intensidade 
Constância ou intermitência 
Progressão, estabilidade ou 
regressão 
 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O reconhecimento do agente etiológico frequentemente exime a realização de exames 
subsidiários, tais como testes laboratoriais bioquímicos, metabólicos, ou hormonais, ressonância 
magnética, tomografia computadorizada, entre outros. 
 
 
 FATORES DE MELHORA/PIORA: 
 
Olhos abertos ou fechados 
Em certas posições 
Mudança de posição da cabeça ou 
do corpo 
 
 IMPORTANTE: 
 
 Sintomas auditivos (diminuição ou flutuação da audição, 
zumbido, sensação de plenitude auricular ou pressão no 
ouvido, hipersensibilidade a sons intensos) 
 Manifestações neurovegetativas (náuseas, vômitos, sudorese, 
palidez, taquicardia, extremidades frias, parestesias 
 Quedas, 
 Confusão mental. 
 
 
 
37 
A orientação dos exames a serem solicitados depende da hipótese diagnóstica 
sindrômica e topográfica sugerida pela anamnese e pelo perfil otoneurológico. De acordo com 
Caovilla (1998) a vertigem é o principal tipo de tontura de origem vestibular, pode ser: 
Objetiva – Quando o paciente sente os objetos rodarem em torno de si e pode ser 
chamada de egocêntrica. 
Subjetiva – Quando tem a impressão de estar girando no ambiente, pode ser chamada 
de excêntrica. 
 
O labirinto é muito sensível a alterações funcionais a distância, no corpo humano, 
numerosos são os distúrbios clínicos, de variada localização e natureza que podem ocasionar 
sintomas auditivos e vestibulares. Outras enfermidades podem estar causando as disfunções 
vestibulares, assim como o uso de medicamentos, estilo de vida (vícios, álcool, fumo, drogas 
ilícitas, cafeína em excesso). Friso no cuidado na anamnese (primordial: história clínica, 
localização da lesão e resultados dos exames) para o fechamento do diagnóstico. 
O módulo I ofereceu suporte da anatomia e fisiologia do sistema vestibular para melhor 
compreendermos as patologias do sistema vestibular. As terminações periféricas do oitavo par 
craniano estão localizadas nas células ciliadas da mácula, sáculo e utrículo e nas células da 
crista da ampola dos três CSCs. A manutenção do equilíbrio é graças às fibras aferentes que 
seguem para os reflexos de coordenação dos olhos, pescoço e corpo, levando em consideração 
a posição do corpo e da cabeça no espaço. A posição do próprio corpo no espaço somente 
poderá ser interpretada corretamente se os sinais visuais, proprioceptivos e vestibulares forem 
imediatamente registrados pelo órgão central e integrados uns com os outros. 
Os labirintos em sintonia (indivíduo sem alteração vestibular) fornecem informações 
idênticas, relativamente à posição do corpo no espaço. Em consequência de algumas doenças 
as informações tornam-se divergentes, fazendo com que haja a perda do equilíbrio. A vertigem é 
uma sensação de giro, o indivíduo pode ter uma sensação subjetiva de rotação ou pode notar 
que o “mundo” gira ao redor, além das sensações de desfalecimento ou de atordoamento e as 
náuseas, são sintomas relatados por muitos pacientes que sofrem de afecções labirínticas 
 
 
 
 
38 
agudas, onde os sintomas vestibulares como nistagmo, tendência a quedas e vertigens são 
comuns. 
 
 
 
Durante a anamnese é necessário apostar nos antecedentes familiares, nos sintomas 
psicológicos e informações como: 
 
 
 Perda auditiva; 
 Uso de prótese auditiva; 
 Otites médias; 
 Traumas acústicos; 
 Cirurgias otológicas; 
 Cinetose; 
 Distúrbios vasculares; 
 Hiper ou hipotensão; 
 Arritmias cardíacas; 
 Infarto do miocárdio; 
 Isquemia cerebral; 
 
Náuseas 
Vômito 
HipotesãoTaquicardia 
transpiração 
 
 
39 
 Crises epilépticas; 
 Traumatismo craniano; 
 Distúrbios psíquicos; 
 Ansiedade; 
 Depressão; 
 Fobias; 
 Ataques de pânico; 
 Distúrbios metabólicos; 
 Hipo e hipertireoidismo; 
 Hipoglicemia; 
 Diabetes; 
 Problemas genéticos. 
 
 
 
A síndrome periférica vestibular pode ser de origem endolabiríntica ou retrolabiríntica 
(acomete o nervo vestibular). As lesões endolabirínticas podem ser: 
 
 Inflamatória; 
 Traumática; 
 
Afecções Unilaterais Bilaterais 
 
 
40 
 Vascular; 
 Tóxica. 
 
A síndrome vestibular central é caracterizada pela sensação de angústia e 
instabilidade, geralmente é agravada pelas mudanças bruscas de posição de cabeça, corpo ou 
até mesmo o olhar (pode melhorar com o fechamento das pálpebras). Nesta síndrome é 
importante analisar o seguinte: 
 
1. Vertigem 
 Psicocerebral ou percepções vertiginosas – falsa noção de que o corpo é 
lançado ou atraído por uma força extraordinária e irresistível, fazendo com que o indivíduo se 
movimente sem querer; 
 Deslocamento – sensações de falso deslocamento onde há desvio de membros 
do corpo, que quase sempre se movem em uma mesma direção para um ou outro lado no 
momento da crise; 
 Alterações vegetativas e motoras – náuseas, vômitos e movimentos 
desordenados dos membros e corpo; 
2. Nistagmo; 
3. Alterações de equilíbrio estático e dinâmico. 
 
As principais causas de vertigens: 
 
 
 Vertigem postural benigna; 
 
 
 
41 
 Neuronite vestibular; 
 Doença de ménière; 
 Enxaqueca; 
 Esclerose múltipla; 
 Drogas, incluindo álcool; 
 Crises isquemias do tronco encefálico; 
 Epilepsia do lobo temporal; 
 Tumores do ângulo ponto cerebelar; 
 Outros tumores da fossa posterior. 
 
O equilíbrio corporal depende de três sistemas: 
 
1. Olhos; 
2. Propriocepção; 
3. Labirinto. 
 
A vertigem é característica das afecções unilaterais, no qual resulta da diferença de 
tônus entre os dois lados do sistema. 
 
 
3.1 ESPAÇO PERILINFÁTICO 
 
 
 
 
42 
No espaço perilinfático podem ocorrer acidentes comuns, que são as fístulas 
perilinfáticas, elas podem ser crônicas e agudas: 
 
 Crônica – é uma malformação estrutural da orelha interna, que pode ocorrer na 
displasia de Mondini e pode causar meningites de repetição; 
 Aguda – de instalação súbita e pode ocorrer pela via explosiva (um aumento de 
pressão de líquidos, que estão associados a esforços físicos ou tensão intensa) ou pela via 
implosiva (mergulhos, hiperventilação anestésica). 
 
É importante frisarmos que ligado ao espaço perilinfático ainda pode ser encontrado: 
 Hipertensão perilinfática (defeito no modíolo ou o aqueduto coclear muito 
amplo); 
 Surdez mista; 
 Reflexos estapédios presentes. 
 
 
3.2 ESPAÇO ENDOLINFÁTICO 
 
 
Quando falamos em endolinfa ou mesmo espaço endolinfático, a primeira coisa que 
vem a nossa mente é a “hydrops” endolinfática. A hipertensão endolinfática (hydrops), que é 
característica marcante da doença de Menière e suas variantes (síndrome de Lermoyez e o 
hydrops pós-viral). Segue abaixo sintomas importantes para a área de atuação do 
fonoaudiólogo, a tríade sintomática da doença de Menière: 
 
 
 
 
43 
1. Surdez flutuante; 
2. Vertigem; 
3. Tinitus (zumbido). 
 
Os sintomas acima causados por uma elevação da pressão do labirinto podem ter 
várias causas, que são: 
 
 Trauma físico; 
 Trauma acústico; 
 Estreitamento congênito do meato acústico interno; 
 Distúrbios metabólicos; 
 Voos espaciais; 
 Vírus (instalação lenta, 20 anos para se estabelecer a forma típica da doença); 
 Vasculites. 
 
Vale ressaltar que tanto o espaço endolinfático como o espaço perilinfático, podem 
apresentar alterações importantes que oferecem de forma relativamente comum a sintomatologia 
crônica ou aguda para alguns casos. Estruturas como: células receptoras, cúpula, nervo 
vestibular, núcleos vestibulares, conexões centrais, conexões oculomotoras, e conexões 
medulares, dão origem a diversos sintomas nos quais os pacientes se referem. 
 
 
3.3 QUADRO CLÍNICO DA INFÂNCIA À TERCEIRA IDADE 
 
 
 
 
44 
De acordo com Northern e Downs (1989) verificam que um dos primeiros 
desenvolvimentos organizacionais do embrião é a diferenciação das células em três placas 
sobrepostas, são as camadas germinativas (ectoderma, mesoderma e endoderma). 
 
FIGURA 9 - VISTA INICIAL DE UM EMBRIÃO 
 
FONTE: Northern & Downs. Audição em crianças, 1989. 
 
 
É depois da terceira semana de desenvolvimento embrionário que aparece os 
placoides auditivos (espaços na superfície ectodérmica de cada lado do disco nervoso). Esses 
placoides começam a aprofundar-se, formando os buracos auditivos. Em seguida começa o 
desenvolvimento do recesso tubotimpânico, ao final do primeiro mês de gestação, quando o 
buraco auditivo se fecha, surge a vesícula auditiva ou otócito (acontece dobras, invaginações, 
alongamentos para formar o utrículo, sáculo e tubo endolinfático. 
No final da sexta semana iniciam-se as formações de arcos, que se tornarão os canais 
semicirculares, encontra-se formado o meato acústico primário, evidenciam-se as seis saliências 
e começa a formação das cartilagens. No final da sétima semana a porção do sáculo se alonga 
para completar a primeira volta da cóclea, começa o desenvolvimento das células sensoriais no 
utrículo e no sáculo, o pavilhão auricular começa a movimentar-se no sentido dorsolateral. Na 
oitava semana é o início da formação dos ossículos do ouvido médio e a membrana timpânica. 
 
 
 
45 
No quinto mês de gestação, o ouvido interno atinge maturação e tamanho adulto, o 
pavilhão auricular atinge a forma adulta, embora continue a crescer até os nove anos de idade. 
Nos dois últimos meses de gestação, completa-se a ossificação do martelo e da bigorna, as 
células aéreas da mastoide desenvolvem-se, existe a pneumatização do antro, o estribo continua 
a desenvolver-se até a idade adulta e a membrana timpânica muda de posição relativa durante 
os dois primeiros anos de vida da criança. 
O feto reage a estímulos sonoros após o quinto mês, pois as etapas de respostas a 
sons seguem um padrão de maturação. Ao nascer o ser humano apresenta apenas audição do 
tipo reflexa, em seguida começa o processo de aprendizagem e novas respostas ao som 
passam a ser desenvolvidas. Seguem abaixo, as estruturas do ouvido interna semana após 
semana: 
 
 3º Semana – Placoides auditivos, buraco auditivo; 
 4º Semana – Vesícula auditiva e divisão cocleovestibular; 
 6º Semana – Utrículo e Sáculo e início dos canais semicirculares; 
 7º Semana – Uma volta coclear e células sensoriais no utrículo e no sáculo; 
 8º Semana – Presença do ducto de união e células sensoriais nos canais 
semicirculares; 
 11º Semana – Presença de 2,5 voltas cocleares e o oitavo nervo liga-se ao 
ducto coclear; 
 12º Semana – Células sensoriais na cóclea; 
 21º Semana – O plug meatal desintegra-se, expondo a membrana timpânica. 
 
Além da embriologia do ouvido, é de suma importância ter em mente a variedade de 
respostas comportamentais do recém-nascido a sons, para que possamos enfatizar a maneira 
de observar e orientar. As principais respostas do recém-nascido são: 
 
 
 
46 
Piscar de olhos ou atividade de pálpebras – Ocorre desde um pequeno e rápido 
estreitamento até um grande fechamento, incluindo a contração das sobrancelhas. O reflexo 
cocleopalpebral consiste num piscar ou fechamento de olhos. 
Reflexo de Moro – Na maioria dos casos os braços se separam, os dedos se abrem, as 
pernas são esticadas e a cabeça volta-se para trás. É uma reação de sobressalto, é um 
movimento abrupto de todo o corpo, sendo braços e pernas esticados e afastados da linha 
média do corpo. 
“Startle” susto e sobressalto – Um pequeno pulo do corpo do recém-nascido, logo após 
ter sido estimulado acusticamente. É uma reação de susto, alerta ou alarme, que pode ou não 
acompanhar oreflexo de Moro. 
Cessação de atividade – Momento em que o bebê está acordado, chorando e se 
movimentando e para de fazê-la durante a apresentação do som. 
Caretas – O rosto enruga-se como se quisesse protestar contra o som, pode ocorrer 
contração das sobrancelhas, além, de abertura e fechamento dos olhos. 
Sucção – leve retração do lábio inferior, o bebê pode parar de sugar ou aumentar o 
ritmo de sucção. 
Início de movimentos generalizados - O bebê esteja dormindo calmamente, quer esteja 
acordado, mas quieto, os olhos se abrem e isto é acompanhado por leves movimentos corporais, 
seguidos de tremor leve do corpo. 
Arregalar os olhos – Ao despertar, abre os olhos demasiadamente. 
Mudança na respiração – O ritmo respiratório pode ser interrompido ou acelerado. 
Riso e/ou choro – O bebê tanto pode cessar quanto iniciar estes comportamentos. 
Segue abaixo uma ilustração do desenvolvimento do ouvido interno, o surgimento dos 
placoides e buracos auditivos, 
 
 
 
 
 
47 
FIGURA 10 - DESENVOLVIMENTO INICIAL DO OUVIDO INTERNO DE UM EMBRIÃO 
HUMANO 
 
FONTE: Northern & Downs. Audição em crianças, 1989. 
 
 
 
 
48 
 
As disfunções vestibulococleares apresentam-se como doenças que acomete 
principalmente os idosos, uma doença que atinge adulto, no entanto na prática clínica crianças e 
adolescentes se apresentam com queixas relacionadas aos sinais e sintomas de labirintopatia. 
Segundo Ganança (1998) estima-se que a vertigem infantil corresponda a 1% das consultas em 
ambulatórios de neuropediatria, sendo também encontrada em 13% das crianças encaminhadas 
para avaliação audiológica. Acredita-se que esses números podem ser ainda maiores, devido à 
dificuldade de fechamento de diagnóstico e de se obter dados de anamnese por parte da criança 
com tontura, o que faz com que disfunções vestibulares na infância sejam encaradas como “mal-
estar”, indisposição gastrointestinais ou até mesmo como epilepsia. 
Os principais sinais e sintomas apresentados pelas crianças são: 
 
 Mudança súbita de comportamento; 
 Agitação; 
 Perturbação do sono; 
 Cefaleia; 
 Medo de altura; 
 Medo do “escuro”; 
 Quedas frequentes; 
 Insegurança psíquica; 
 Retardo do desenvolvimento neuropsicomotor; 
 Perdas de consciência; 
 Náuseas e vômitos; 
 Incapacitação física crônica; 
 Mau rendimento escolar; 
 
 
49 
 
 Distúrbios de linguagem; 
 Tonturas (rotatórias ou não); 
 Perdas auditivas; 
 Zumbidos; 
 Plenitude auricular; 
 Intolerância a sons intensos; 
 Incapacitação das atividades diárias. 
 
 
A estreita relação do sistema vestibular com o sistema nervoso central, visão, 
propriocepção e vários outros órgãos fazem com que a lista de sinais e sintomas seja bastante 
variada e com que o foco no diagnóstico de labirintopatias seja disperso e confuso. Uma 
anamnese bem feita, minuciosa e precoce faz com que as manifestações clínicas não se 
acentuem e não comprometam intensamente o desenvolvimento normal e a qualidade de vida 
da criança. A família e as pessoas que convivem com a criança com alterações vestibulares são 
muito importantes, pois têm o maior contato com a criança e podem detectar qualquer alteração 
de comportamento no dia a dia. 
Quando há suspeita de distúrbios vestibulares, a criança deve ser encaminhada para 
avaliação otoneurológica, para que possa fechar o diagnóstico de forma correta. Dessa maneira, 
os encaminhamentos e o tratamento serão realizados corretamente. Alguns dados da fisiologia 
vestibular são de suma importância para a investigação otoneuro, e são: 
 
 8º semana a orelha interna do embrião se assemelha à do adulto; 
 A mielinização das vias vestibulares ocorre em torno da 16º semana; 
 
 
 
50 
 
 Os reflexos vestibulococleares do feto estão totalmente estabelecidos na 24º 
semana de gestação e já podem ser provocados logo após do nascimento; 
 Os reflexos labirínticos fetais estão plenamente amadurecidos na 30º semana de 
gestação; 
 A mais primitiva das reações labirínticas no recém-nascido são os reflexos 
tônicos cervicais; 
 As provas calóricas, desde os primeiros meses de vida, já têm características 
semelhantes às do adulto; 
 Os tratos piramidais se mielinizam aos 24 meses de vida e a oculomotricidade é 
perfeita; 
 Entre um ano e meio e três anos de idade a criança depende mais de 
informações visuais do que de inputs proprioceptivos e vestibulares; 
 As crianças apresentam capacidade de compensação vestibular mais rápida que 
os adultos; 
 As crianças com síndromes vestibulares periféricas utilizam as informações 
visuais para compensação vestibular, enquanto as crianças com deficits cerebelares são 
desequilibradas com os olhos abertos e fechados. 
 
As crianças em geral têm dificuldades para relatar o que sentem, principalmente 
quando se trata de perturbações do equilíbrio, como a descrição dos sintomas pode ser 
insuficiente (mesmo que os pais colaborem) é necessário outros indícios para que seja levantada 
a suspeita de manifestações labirínticas. As náuseas e os vômitos, cefaleias e manifestações 
objetivas e concretas do equilíbrio leva pediatras, neurologistas e otorrinolaringologista, além de 
outros profissionais a pensarem em vestibulopatias. 
Vale salientar a importância da avaliação otoneurológica, que inclui os seguintes 
exames: 
 Avaliação otorrinorológica completa; 
 
 
51 
 
 Exames de pares cranianos; 
 Provas cerebelares básicas; 
 Investigação audiológica e vestibular; 
 Tomografia de crânio e ossos temporais. 
 Ressonância magnética dos ângulos pontocerebelares e encéfalo. 
 
No entanto, a avaliação irá depender da capacidade de cooperação da criança, alguns 
autores deixam bem claro que em recém-nascidos somente é possível a avaliação de reflexos 
primitivos. As lesões vestibulares podem ser identificadas em crianças menores de três anos, 
mesmo sem a realização completa de exame vestibular (muito abrangente quando busca as 
alterações do equilíbrio e postura). 
De acordo com Russo e Santos (1994) algumas exigências são feitas com relação ao 
profissional na hora da avaliação de crianças e são as seguintes: 
 
Experiência com adultos; 
Experiente em observar respostas comportamentais globais e específicas a reconhecer 
reações negativas e/ou positivas ao estímulo sonoro; 
Aplicar diferentes técnicas de avaliação da audição em bebês e crianças pequenas; 
Saber reconhecer o limite de cada criança; 
Gostar verdadeiramente de criança. 
 
Alguns fatores podem agir e prejudicar diretamente a avaliação caso o profissional 
responsável pela avaliação audiológica não seja sensível ao ponto de respeitar as necessidades 
e limites da criança. Na maior parte das técnicas a criança ativa e participativa é muito 
importante para o resultado, pois se a criança está indisposta, não demonstra interesse ou 
 
 
52 
 
fornece pistas de que não está bem (está com fome, cansada, com sono, com sede, ou até 
mesmo doente), os avaliadores devem ter bom-senso para que a avaliação seja remarcada, pois 
caso contrário o profissional estará colocando em risco a veracidade dos resultados. 
Segue abaixo algumas causas das alterações labirínticas na infância à adolescência: 
 
 Processos inflamatórios e/ou infecciosos de orelha externa, média e tuba 
auditiva – obstrução (total ou parcial) pode ocasionar tonturas e sintomas ligados às 
labirintopatias; 
 Traumatismos cranianos – acidentes na infância e na adolescência; 
 Enxaqueca vestibular – distúrbio hereditário que desestabiliza a circulação 
cerebral; 
 Vertigem parosística da infância – ocorre em crianças dos dois aos 12 anos de 
idade, geralmente antes dos seis anos de idade; 
 Malformações da orelha interna e problemas psicossomáticos; 
 Doenças metabólicas; 
 Doenças de menière; 
 Síndromes menieriformes; 
 Ototoxicoses; 
 Infecções bacterianas; 
 Viroses; 
 Distúrbios vasculares; 
 Epilepsia; 
 Síndrome do pânico; 
 Cinetose; 
 
 
53Fístula perilinfática; 
 Tumores do acústico; 
 Vertigem epidêmica. 
 
De acordo com alguns autores, independente da fase da vida, o tratamento da causa é 
sempre a melhor opção. Ganaça (1998) descreve que o tratamento com a múltipla abordagem 
terapêutica deverá ser direcionado à correção do fator etiológico responsável pelas alterações 
vestibulares. A utilização de medicamento antivertiginoso, exercícios de reabilitação vestibular de 
acordo com o deficit vestibular e com a etiologia da lesão, intervenções cirúrgicas podem ainda 
ser indicadas em casos específicos e rebeldes ao tratamento clínico. Porém, outras medidas 
podem ser tomadas, como à correção de erros alimentares e a não utilização de substâncias 
vestibulotóxicas. 
 
 
 
Como já foi explicitada anteriormente, a avaliação é fundamental para o diagnóstico e 
tratamento. No entanto o tratamento etiológico é o principal, em qualquer idade. O adulto 
geralmente na sua fase produtiva da vida, que tem alterações vestibulares compromete o dia a 
dia, a rotina profissional é afetada, proporcionando alterações psicológicas, pois o rendimento e 
a produtividade despencam consideravelmente. É na fase adulta que é interessante aplicar todos 
os recursos de reabilitação vestibular, requerendo uma assistência multidisciplinar ao paciente. 
Segue abaixo o quadro clínico em adultos: 
 
 
Medicamento 
Exercícios de 
RV 
Cirurgia Alimentação 
 
 
54 
 
 Neurinoma e outros tumores do VIII par craniano – acomete o nervo auditivo 
levando a perdas auditivas progressivas, unilateral, zumbidos e eventualmente tonturas; 
 Doença de Ménière – caracterizada pela tríade (vertigem, perda auditiva e 
zumbido); 
 Vertigem psicossomática (pseudo ménière) – correlacionada a distúrbios 
psicogênicos (ansiedade, depressão e medos); 
 Vertigem postural paroxística benigna – crises vertiginosas em certas posições 
de cabeça; 
 Cupulolitíase – vertigens posturais; 
 Síndrome de Lindsay-Hermenway – vertigem súbita seguida de vertigens 
posturais; 
 Vertigem súbita – perda súbita da função de um dos labirintos; 
 Neuronite vestibular – quadro agudo de vertigem súbita e manifestações 
neurovegetativas; 
 Ototoxicoses – perda total ou parcial da função auditiva e/ou vestibular 
progressiva, durante ou após a exposição de medicamento; 
 Lues – a sífilis terciária pode ocasionar perda auditiva flutuante (alterações na 
discriminação vocal); 
 Trauma labiríntico – traumas cefálicos ou cervicais; 
 Síndromes cervicais – tonturas recidivantes associados ou não a zumbidos; 
 Cinetoses – náuseas, vômitos e tonturas em veículos em movimentos (pode 
ocorrer em crianças e adultos); 
 Osteodistrofias da cápsula ótica – a otosclerose e a doença de Paget são 
osteodistrofias que ocasionam sintomas e sinais cocleovestibulares; 
 Afecções autoimunes – vasculites autoimune na orelha interna; 
 
 
55 
 
 Labirintopatias vasculares e metabólicas; 
 Esclerose múltipla – uma doença desmielinizante do sistema nervoso central e 
pode apresentar inicialmente com vertigem e perda auditiva. 
 
Há uma grande preocupação com o equilíbrio corporal do idoso, pois sem ele as 
atividades como manter-se em pé, andar e movimentação da cabeça no espaço estariam 
comprometidas. Qualquer alteração vestibular no idoso pode deixá-lo inseguro (com medo de 
cair), isso faz com que suas atividades de vida diária sejam reduzidas, comprometendo sua vida 
social. Como já foi dito, os distúrbios vestibulares diminuem significativamente a qualidade de 
vida, compromete o dia a dia. Nos idosos esse comprometimento ainda é maior, para esta fase 
da vida a perda de equilíbrio tem grande impacto. 
A incidência de alterações vestibulares em idosos ocorre em função do 
envelhecimento, que compromete o sistema nervoso central em realizar o processamento dos 
sinais vestibulares, visuais e proprioceptivos (responsáveis pela manutenção do equilíbrio 
corporal, assim como a diminuição da capacidade de modificações dos reflexos adaptativos. Os 
processos degenerativos são responsáveis pela ocorrência de tontura (presbivertigem) e de 
desequilíbrio (prebiataxia) e consequência destes processos surgem às quedas com frequência, 
gerando insegurança e instabilidade social. Tanto para o adulto como para o idoso o tratamento 
segue de três formas: 
 
 
Medicamento 
Reabilitação 
Vestibular 
Cirurgia 
 
 
56 
 
O envelhecimento populacional é um fato que não podemos fugir, e a cada dia a 
expectativa de vida aumenta (fatores como: diminuição da mortalidade e fecundidade, melhora 
das condições de vida, avanços tecnológicos etc.), contribuindo para o crescimento da 
população idosa. O que não podemos esquecer é que o envelhecimento é um processo 
fisiológico, sujeito às alterações biológicas, psicológicas e sociais resultante de diversos fatores, 
sejam eles genéticos relacionados ao estilo de vida e/ou às doenças crônicas, além de ser um 
processo contínuo, durante o qual ocorrem declínios progressivos de todos os sistemas 
corporais, modificando a saúde e a vida das pessoas. As alterações fisiológicas no sistema 
vestibular podem ser observadas após os 40 anos de idade, e à medida que acentuam como o 
passar do tempo, os processos degenerativos podem se tornar responsáveis pela ocorrência de 
vertigem, tontura e desequilíbrio na população geriátrica. 
 
 
 
As manifestações de alterações do equilíbrio corporal mais comum nos idosos são: 
 
 
 
Envelhecimento Estilo de Vida 
Doenças 
Crônicas 
Tonturas (rotatórias ou não) 
Desequilíbrio 
Quedas 
 
 
57 
 
No idoso é bastante comum o zumbido, a dificuldade de compreender a fala em 
ambientes ruidosos, de perceber sons agudos e intolerância a sons intensos. Junto com as 
tonturas, pacientes idosos relatam sintomas neurovegetativos como: náuseas, vômitos, 
sudorese, palidez, taquicardia, além das pré-sincopes, sincopes, quedas, distúrbios de memória, 
dificuldade de concentração, fadiga física e mental. 
Com o processo natural de envelhecimento dos sistemas, existem múltiplas causas 
que podem caracterizar uma tontura, levando a dificuldade do diagnóstico. Motivo o qual a 
necessidade de se fazer uma avaliação otoneurológica e audiológica minuciosa, além de 
recorrer a exames complementares como: 
 
 Hemograma completo; 
 Colesterol; 
 Triglicérides; 
 T3, t4, e TSH; 
 Curva glicêmica e insulinêmica. 
 
Um ponto relevante no tratamento de idosos acometidos de alterações vestibulares é a 
diminuição da capacidade de modificação dos reflexos adaptativos. Há perda progressiva de 
células ciliadas dos receptores sensoriais periféricos, o decréscimo do número de fibras e da 
mielinização do nervo vestibular, a degeneração das células ganglionares e de terminações 
nervosas no sistema vestibular periférico e central, é responsável pela ocorrência de vertigem e 
tontura nessa fase da vida. Segue abaixo o quadro clínico do idoso: 
 
 Doença de Ménière – uma disfunção da orelha interna; 
 Vertigem psicossomática - sintomas de alterações vestibulares associados a 
sintomas psicogênicos; 
 
 
58 
 
 Vertigem epidêmica – sua etiologia é devido a vírus não identificado; 
 Síndrome cervical – artérias vertebrais podem ser comprimidas durante a 
rotação ou a extensão cervical; 
 Fístula perilinfática traumática ou espontânea – comunicação anormal entre o 
espaço perilingático e a orelha média; 
 Surdez e vertigens súbita - caracteriza por um comprometimento súbito do 
labirinto; 
 Vertigem postural paroxística benigna – afecções labirínticas de origem 
periférica; 
 Tumores (neurinoma do acústico) – origina-se na bainha de um dos nervos 
vestibulares e pode produzir vertigens; 
 Obstrução do meato acústico externo por cerume ou corpos estranhos – exerce 
pressão sobre a membrana timpânica; 
 Labirintopatias de origem vascular e/ou cardiovascular – caracteriza-se 
por vertigem posicional ou não; 
 Labirintopatia autoimune – é uma doençacausada por anticorpos ou 
reações imunomediadas que agridem as estruturas do labirinto; 
 Síndrome do Pânico – causa de origem psicogênica; 
 Enxaqueca vestibular – síndrome vascular, cefaleias periódicas; 
 Malformação de Arnold-Chiari – malformação do tecido nervoso; 
 Migrânea vestibular – é uma causa comum da vertigem episódica e do 
desequilíbrio; 
 Esclerose múltipla – inúmeras áreas de desmielinização e esclerose 
dispersas na substância branca do sistema nervoso central. 
 
 
 
59 
 
Vale salientar que o controle postural é fundamental para a habilidade de desempenhar 
ou cumprir as demandas de tarefas simples e também desafiadoras, porém as alterações 
fisiológicas do envelhecimento, das doenças crônicas ou de outras disfunções, o sistema 
vestibular gera: 
 
1. Presbivertigem; 
2. Presbiataxia; 
3. Presbitinitus; 
4. Presbiacusia. 
 
Em suma, o programa de reabilitação dos idosos deve incluir exercícios vestibulares, 
treinos específicos do equilíbrio, fortalecimento muscular, estimulação proprioceptiva, além da 
medicação e outros recursos. Assim, pode-se proporcionar independência na realização das 
atividades diárias, autonomia, funcionalidade ou simplesmente qualidade de vida. 
 
 
 
 
 
Qualidade 
Vida 
 
 
60 
 
4 AVALIAÇÃO OTONEUROLÓGICA 
 
 
 
Para a realização de atividades simples no dia a dia necessitamos de informações dos 
órgãos sensoriais, para que sejamos capazes de nos orientarmos no espaço e movimentarmos 
adequadamente no espaço. A cada dia há um aumento crescente do sintoma da vertigem nas 
clínicas médicas, o interesse por parte dos profissionais da saúde vem aumentando todos os 
dias, pois as vertigens, tonturas (alterações vestibulares) trazem consequências psicológicas, 
levando aos sintomas psíquicos, além dos descritos anteriormente. De acordo com autores 
renomados da área de psicologia e psiquiatria, o sintoma psíquico é a representação atual de 
acontecimentos do passado vivenciados pelo indivíduo de forma traumática senso reativado por 
um conflito emocional, podendo explicar o aparecimento da vertigem. É de suma importância na 
avaliação otoneurológica levar em consideração as informações passadas pelo o paciente, pois 
o mesmo pode ter problemas sérios de vertigens, tonturas, desmaios, náuseas, sendo realmente 
considerado um paciente vertiginoso, no entanto os resultados dos exames otoneurológicos 
podem constatar normalidade. Motivo o qual é importante a associação da história da vida do 
paciente, levar em consideração episódios angustiantes como: 
 
 Morte de parentes e amigos; 
 Separação conjugal, familiares e amigos; 
 Falência, dia a dia financeiro; 
 Brigas; 
 Abandono; 
 Inquietações; 
 Picos de ansiedade e estresse. 
 
As alterações vestibulares de origem psicogênica estão ligadas a conflitos emocionais 
profundos, Freud em 1895 já ligava ansiedade e vertigem, ao salientar que a vertigem ocupa um 
lugar de destaque nas manifestações clínicas da neurose de angústia. Outros autores afirmam 
que os pacientes vertiginosos expressam seu desequilíbrio psíquico por meio do físico, assim 
sendo, pode-se pensar que os pacientes também usam do desequilíbrio físico para expressar o 
psíquico. 
 
 
61 
 
Vale salientar que a avaliação das alterações vestibulares deve ser muito abrangente, 
a fim de atender as necessidades reais do diagnóstico dos pacientes com vertigem, náuseas, 
tonturas, vômitos, quedas, perdas auditivas, zumbido e outros sintomas ligados as 
vestibulopatias. 
 
 
 
 
As avaliações insuficientes, sem consistências, impedem a obtenção de um 
diagnóstico adequado, porém deve-se ter cuidado nas avaliações superdimensionadas, que 
pecam pelo excesso de informações inúteis para a elucidação diagnóstica e comprometem 
seriamente a relação custo/benefício. Em toda e qualquer tipo de avaliação deve ser usado o 
bom-senso, é importante a atitude coerente na busca da precisão diagnóstica, que é a 
solicitação de testes sequenciais em cascata, dos mais simples aos mais avançados, 
melhorando a aplicação dos recursos técnicos de acordo com o quadro clínico de cada paciente. 
A avaliação otoneurológica avalia a parte auditiva e vestibular do ouvido interno e suas 
expansões e inter-relações encefálicas. O objetivo da avaliação é descobrir se há ou não 
comprometimento vestibular, pois alguns sintomas podem advir do comprometimento de outros 
sistemas (cardiocirculatório, respiratório, digestório e neurológico), a origem da lesão (periférica, 
quando a afecção situa-se no labirinto e /ou VIII par craniano até a entrada no tronco encefálico 
e central, quando a afecção se situa principalmente nos núcleos vestibulares, vias de interligação 
ou cerebelo), investigar a causa que determina ou agrava as alterações vestibulares, além de 
proporcionar acompanhamento do tratamento (progredindo ou regredindo?), favorecendo assim 
a correção e manutenção dos processos terapêuticos. 
 
 
Diagnóstico Custo/benefício Avaliação 
 
 
62 
 
 
 
 
Segue abaixo indicações para a avaliação otoneurológica: 
 
1. Alterações do equilíbrio – as tonturas, instabilidade postural, sensação de andar 
sobre algodão, sensação de que o chão desliza sob os pés, zonzeira, que são sintomas que 
podem surgir com a mudança de posição ou não; 
2. Distúrbios de aprendizado – geralmente em crianças com mau rendimento 
escolar, alterações na noção de lateralidade e de espaço, desatentos e inquietos; 
3. Síndrome neurológica de fossa posterior – para que possa ser localizado o nível 
da lesão (tronco encefálico alto, ponte, tronco encefálico baixo, cerebelo ou alteração na 
formação reticular); 
4. Alterações auditivas – incluindo as perdas auditivas sensório-neurais, 
principalmente quando unilaterais, plenitude auricular, flutuação da audição e zumbido, 
principalmente quando unilateral e persistente. 
É de suma importância ter em mente que os sinais e sintomas das alterações 
vestibulares apresentam-se nas crianças de maneira diferente das manifestações dos adultos. A 
Há ou não comprometimento 
Origem da lesão (periférica ou central) 
O que determina ou agrava as alterações 
Proporciona acompanhamento do tratamento 
Manutenção dos processos terapêuticos 
 
 
63 
 
seguir uma tabela com informações de alterações em crianças de zero a três anos de idade e 
crianças após três anos de idade. 
 
ZERO A TRÊS ANOS DE IDADE APÓS OS TRÊS ANOS DE IDADE 
Fenômeno da cabeça pendente Tontura 
Movimentos espásticos Cefaleias 
Distúrbios do sono Náuseas e Vômitos 
Náuseas e Vômitos Alterações de comportamento 
Medo de altura Dificuldade de concentração 
Retardo motor Mau rendimento escolar 
Retardo na aquisição da linguagem Crises de pânico, sudorese e dor 
abdominal 
Crianças hipotônicas Alterações no equilíbrio 
(quedas/esbarrões) 
Revelam medo do escuro Insegurança 
 
Quando um paciente, seja adulto ou criança, chegam ao consultório médico, alguns 
caminhos devem ser seguidos para o sucesso do diagnóstico. A anamnese é o primeiro passo a 
ser seguido, ressaltando sempre a história mórbida atual (HMA), antecedente mórbido pessoal 
(AMP), antecedentes mórbidos familiares (AMF), antecedentes obstétricos (AO), abaixo veremos 
o que perguntar destes itens: 
 
 HMA – é importante sabermos a queixa atual do paciente, o que motivou a 
procura do consultório médico. O que o paciente sente? Tontura, vertigem, zumbido, perda 
auditiva, fobia de altura, quedas rotineira... Há quanto tempo ele vem sentido ou percebeu algo 
 
 
64 
 
estranho acontecer? É necessário saber se existem outros sintomas que estão associados aos 
sintomas vestibulares, como: cefaleias, medo do escuro e/ou de brinquedos que rodam (caso 
crianças). 
 AMP – é interessante investigar se o paciente tratou alguma doença recente, 
saber se ele tem algum problema metabólico, hormonal ou renal. é imprescindível saber se ele é 
hipertenso, cardiopata, se

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