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08/04/2019 1 1 Ministério da Educação Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Diamantina – Minas Gerais Parasitologia Básica – FAR 125/FAR011 Leishmanioses Profa. Helen Rodrigues Martins “Leishmanioses ainda são algumas das doenças mais negligenciadas do mundo, afetando os mais pobres, principalmente nos países em desenvolvimento, 350 milhões de pessoas são consideradas em risco de contrair leishmanioses e cerca de 2 milhões de novos casos ocorrem anualmente” OMS 2010. ❑ 2° lugar em importância na lista de doenças tropicais selecionadas pela OMS. ❑ Considerada um das seis endemias mais importantes no mundo (OMS). ❑ Atinge 88 países (76 em desenvolvimento). ❑ 12 milhões de infectados. ❑ 350 milhões de indivíduos em risco de infecção. ❑ 1,5milhão de novos casos (subntificação) Leishmanioses Leishmaniose Tegumentar Americana Leishmanioses Leishmaniose Visceral (Calazar) Leishmaniose Tegumentar Americana Leishmaniose Tegumentar Americana Casos de LTA no Brasil 08/04/2019 2 Leishmaniose Tegumentar Americana Casos de LTA no Brasil Leishmaniose Tegumentar Americana Casos de LTA no Brasil por Município Leishmaniose Visceral ❑ 90% dos casos de Leishmaniose Visceral ocorrem em Bangladesh, Índia, Nepal, Sudão e Brasil. (OMS, 2010). Leishmaniose Visceral Áreas com Transmissão de LV no Brasil Leishmaniose Visceral Expansão da LV no Brasil 5-10 mil novos casos/ano, dos quais 10% não sobrevivem. 08/04/2019 3 Leishmaniose Visceral 1989 1995 2000 Centro de Referência e Treinamento em Leishmanioses Expansão da LV na Região Metropolitana de Belo Horizonte 08/04/2019 4 Leishmania sp. REINO: Protista SUB-REINO: Protozoa FILO: Sarcomastigophora SUB-FILO: Mastigophora CLASSE: Zoomastigophorea ORDEM: Kinetoplastida SUB-ORDEM: Trypanosomatina FAMÍLIA: Trypanosomatidae GÊNERO: Leishmania Lainson & Shaw (1992) Formas Evolutivas Amastigota: Vertebrado -intracelular (cultura celular ou tecidos) Promastigota: Vetor (cultura acelular) Expressam LPG na membrana Hospedeiros Vertebrados Grande variedade de Mamíferos – roedores, canídeos, edentados, marsupiais, procionídeos, felídeos, equídeos e primatas (homem). Reservatórios Silvestres: Reservatórios Domésticos: Hospedeiro Invertebrado ❑ Pequenos, se reproduzem em matéria orgânica em decomposição (formas imaturas de difícil visualização na natureza), hábito de se alimentar (vegetais, animais e humanos) ao anoitecer e ao amanhecer. Gêneros: Lutzomyia – Américas Phebotomus – África, Europa e Ásia Existem cerca de 500 espécies de flebotomíneos, onde 30 já foram encontradas infectadas por Leishmania. Flebotomíneos Mosquito palha, Tatuquira, Birigui, entre outros. Hospedeiro Invertebrado Flebotomíneos ❑ Medem 2 a 4mm de comprimento. ❑ Corpo densamente coberto de pelos finos. ❑ Pernas compridas e esbeltas. ❑ Extremidade posterior do abdome diferenciada – Fêmea e Macho. ❑ Posição da cabeça – ângulo de 90º com o eixo longitudinal do tórax. ❑ Quando em repouso, asas são mantidas divergentes em posição semi-ereta. 08/04/2019 5 Hospedeiro Invertebrado Critérios para incriminar uma espécie de flebotomíneo como vetor de Leishmania 1. As espécies devem picar o homem. 2. Deve estar presente na localidade em que ocorre a transmissão e durante estação apropriada. 3. Deve encontrar infectado na natureza com o parasito que infecta o homem. 4. Deve infectar-se em estudos de laboratório e ser capaz de transmitir o parasito para mamífero. Leishmaniose Tegumentar Americana Leishmaniose Visceral Hospedeiro Invertebrado Hospedeiro Invertebrado Lutzomyia longipalpis (L chagasi) Lutzomyia flaviscutellata (L. amazonensis) Lutzomyia whitmani (L. braziliensis e L. guyanensis) Lutzomyia intermedia (L. braziliensis) Lutzomyia wellcomei (L. braziliensis) Lutzomyia c. carrerai (L. braziliensis) Lutzomyia migonei (L.braziliensis) Principais espécies de flebotomíneos vetores das diferentes espécies do parasito transmitidos no Brasil Leishmaniose Tegumentar Americana No Brasil as três principais espécies são: L. (V.) braziliensis, L.(V.) guyanensis e L.(L.) amazonensis e, mais recentemente, as espécies L. (V.) lainsoni, L. (V.) naiffi, L. (V.) lindenberg e L. (V.) shawi foram identificadas em estados das regiões Norte e Nordeste. Propriedades biológicas, hospedeiros, vetores e localização geográfica distintos 1ª Classificação: características clínicas da doença e variáveis segundo a região geográfica (L. tropica, L. donovani, L. braziliensis). Aprimoramento da classificação: aumento do conhecimento sobre o parasito e da doença com introdução de novos parâmetros para a identificação. Aparecimento de um grande número de novas espécies. Muitos baseados na relação parasito-hospedeiro. Lainson & Shaw (1972, 1 973): propõe a criação de complexos considerando diferentes propriedades como a capacidade de desenvolvimento no vetor, no hamster, em meio de cultura, comparação do DNA. Diferentes Espécies de Leishmania L. braziliensis L. mexicana Tamanho 2,4m 3 a 4m Lesão no hamster Evolução lenta sem tendência a metástase, pobre em parasitos Evolução rápida e progressiva, tendência metástase, rica em parasitos Crescimento em meio de cultura Lento e difícil Rápido e exuberante Complexos de Leishmania no novo Mundo Divisão das espécies do velho mundo em dois complexos: L. tropica (LTA) e L. donovani (LV) (Lumsden, 1974) 08/04/2019 6 Complexo “L. mexicana” ❑ Apresentam desenvolvimento do parasito apenas nos intestinos médio e anterior dos insetos vetores. ❑ Os amastigotas intracelulares medem 3,2 mm de comprimento. ❑ Desenvolve rapidamente uma lesão onde a grande presença de parasitos contrasta com a ausência quase total de resposta celular. ❑ Os flagelados crescem bem em meios de cultura e em hamster. ❑ Fazem parte desse complexo pelo menos as espécies seguintes: ✓ Leishmania amazonensis ✓ Leishmania mexicana ✓ Leishmania pifanoi Labrum Cibário Faringe Divertículo Proventriculo Estômago Piloto Ilium Papila retracgeis RetoTubos Malpighi Intestino Anterior Intestino Médio Intestino Posterior Sistema Digestivo dos Flebotomíneos Subgêneros de Leishmania (Lainson & Shaw, 1979) Desenvolvimento no Tubo Digestivo de Flebotomímenos (Lainson & Shaw, 1979) Hipopilaria Peripilaria Suprapilaria LeishmaniaViannia Leishmania sp. Leishmania Sub-Gênero Viannia Leishmania brazilinesis braziliensis peruviana naifi shawi lindembergi Espécies Complexos guyanenesis panamensis donovani tropica major aethiopica mexicana donovani chagasi infantum tropica major aethiopica mexicana amazonensis Gênero Sub-Gênero Espécies Complexos Complexo “L. braziliensis” ❑ Apresentam sempre o desenvolvimento do parasito também no intestino posterior dos insetos vetores. ❑ Grupo de espécies americanas cujas formas amastigotas intracelulares são relativamente pequenas (medem cerca de 2,3 mm ). ❑ A infecção apresenta evolução lenta, caracterizada pela resposta celular marcante e um menor número de parasitos na lesão, que são simples ou múltiplas na pele. ❑ As metástases de pele são raras e pequenas. ❑ Crescem pobremente em meios de cultura. ❑ Pertencem a esse complexo: ✓ Leishmania braziliensis ✓ Leishmania guyanensis ✓ Leishmania panamensis ✓ Leishmania peruviana “L. braziliensis” e “L. amazonensis” Na figura, comparação entre: (A) L. braziliensis, do complexo braziliensis e (B) L. amazonensis, do complexo mexicana. 08/04/2019 7 Ciclo BiológicoC5-9 C3b, C3bi, C3dg Ciclo Biológico•Proteína gp63 cliva o fator do complemento C3b para iC3b com receptores CR3 e Fribonectina LPG: • Interferem na inserção do MAC (C5 – C9) • Retarda a fusão do vacúolo parasitóforo com o lisossomos; • Protege o parasito contra os radicais livres produzidos pelo macrófago. • Inibem ação enzimas líticas macrocíticas gp63 GP63 Ciclo Biológico 08/04/2019 8 Formas Clínicas - Cutânea (LC) - Cutâneo-Difusa (LCD) - Infecção Inaparente ou Subclínica - Cutâneo-Mucosa (LCM) Espécie de Leishmania, inóculo, etc Resposta imune, idade, estado nutricional, etc O Paradigma Th1 X Th2 IL 12 TNF INF NK INF TNF INF IL 12 DC INF IL 4 IL 10 PROTEÇÃO Th1 NO 2 C3H MICE TGF O Paradigma Th1 X Th2 SUSCEPTIBILIDADE Th2 IL 4 IL 5 IL 10 IL 6 TGF IL 4 INF BALB C MICE Formas Clínicas - Cutânea (LC) - Cutâneo-Difusa (LCD) - Cutâneo-Mucosa (LCM) Escassez ou ausência de parasitos, imunidade celular presente do tipo Th1. Níveis de anticorpos baixos. Resposta mista com expressão simultânea de citocinas do tipo Th1 e Th2 (Th0). Níveis de anticorpos ligeiramente aumentados. Resposta do tipo Th2, resposta imunecelular inibida, níveis de anticorpos mais elevados. Rico em parasitos. Formas Clínicas Patogenia Nódulo dérmico (histiocitoma) → infiltrado inflamatório composto de linfócitos e macrófagos repletos de parasitas. Lesão úlcero-crostosa → reação inflamatória com necrose da epiderme e da membrana basal. Úlcera Leishmaniótica Típica → perda da crosta com formação de uma úlcera rasa que progride, processo inflamatório intenso na periferia (3-4meses). Cicatrização da lesão → após tratamento eficaz forma-se área cicatricial despigmentada com uma leve depressão na ela com uma fibrose na epiderme. 08/04/2019 9 Leishmaniose Cutânea L. braziliensis*, L. amazonensis, L. guyanensis*, L. laisonsi, L. shawi ❑ Período de incubação variável: 2 semanas a 3 meses. ❑ Úlceras únicas ou múltiplas, restrita ao local da inoculação ou a poucos sítios (derme e epiderme). ❑ Escassez de parasitos nas lesões crônicas. ❑ Lesão indolor de bordas elevadas cujo fundo é plano e granuloso de aspecto avermelhado e seroso. ❑ Podem evoluir para formas verrucosas ou framboesiformes. L. braziliensis L. guyanensis Leishmaniose Cutâneo-Mucosa L. braziliensisi*, L. guyanensis (AM) ❑ Surge dentro dos primeiros 5 anos (70%) após o desaparecimento da lesão cutânea inicial, por provável disseminação hematogênica, a partir do foco primário. ❑ Lesões secundárias destrutivas associadas a mucosas e cartilagens (nariz, faringe, boca e laringe). ❑ 70% dos pacientes apresentam comprometimento da mucosa nasal que pode se estender por todo o trato respiratório superior. ❑ Sintoma inicial é uma coriza crônica e hiperemia (simula a rinite alérgica), seguida de ulceração e infiltrações das partes moles (tumefação e rugosidades na mucosa). ❑ 42% dos pacientes apresentam perfuração do septo nasal causando mudança anatômica do órgão → “Nariz de anta”. Leishmaniose Cutâneo-Mucosa L. braziliensisi*, L. guyanensis (AM) ❑ Comprometimento da fala, respiração e alimentação. ❑ Apresenta com freqüência lesões múltiplas. ❑ Maior risco de ocorrer em pacientes que permitiram a cura espontânea da lesão inicial. ❑ Acomete geralmente adultos, do sexo masculino: 15 a 20% dos casos. Leishmaniose Cutâneo-Difusa L. amazonensis ❑ Lesões difusas não-ulceradas por toda a pele. ❑ 40% dos pacientes infectados por L. amazonensis desenvolvem a forma LCD. ❑ Parasitos abundantes nas lesões. ❑ Acredita-se que o crescimento incontrolável do parasito resulte da anergia imunológica frente aos antígenos parasitários (Th2). ❑ Prognóstico ruim com contínua progressão das lesões pelo tegumento por toda a vida do hospedeiro. ❑ Não responde ao tratamento convencional. 12 anos 11 anos Diagnóstico Clínico Fácil nas formas típicas, sobretudo se o paciente procede de áreas endêmicas ou aí esteve. O diagnóstico requer confirmação laboratorial da presença dos parasitos. Hanseníase virchowiana. Trauma Úlcera-de-Baurú Diagnóstico Laboratorial • Microscopia direta - Examinar ao microscópio o material de raspado, de punção ou de biópsia da borda da lesão. • Histopatologia • Cultura ou Inoculação em animais - Nos casos crônicos, quando a busca de parasitos se torna difícil, é preferível a cultura em meio de NNN. Técnicas parasitológicas Exame direto em lâmina – “imprint” corado pelo Giemsa ou Leishman Indicados em casos crônicos, quando as leishmânias já se tornaram raras nas lesões. Entretanto, essas provas podem manter-se positivas algum tempo depois da cura clínica. • Intradermo-reação • Pesquisa de anticorpos (ELISA, RIFI) Técnicas imunológicas Técnica molecular • Reação em cadeia da polimerase (PCR) 08/04/2019 10 Intradermo-reação de Montenegro Hipersensibilidade do tipo IV Doença em Atividade? Transmissão Lutzomyia flaviscutellata (L. amazonensis) Lutzomyia whitmani (L. braziliensis e L. guyanensis) Lutzomyia intermedia (L. braziliensis) Lutzomyia wellcomei (L. braziliensis) Lutzomyia c. carrerai (L. braziliensis) Lutzomyia migonei (L.braziliensis) Padrões Epidemiológicos No Brasil, estende-se da Mata Atlântica para oeste, sendo prevalente nos Estados da Bahia, de Minas Gerais, do Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Goiás. Já foi importante em SP. Predomina na Amazônia, em zonas florestais dos países vizinhos, na América Central e no México. ❑ Padrão Silvestre A transmissão ocorre em área de vegetação primária constituindo uma zoonose de animais silvestres, que pode acometer o ser humano quando este entra em contato com o ambiente silvestre, onde esteja ocorrendo enzootia. Padrões Epidemiológicos ❑ Padrão Ocupacional ou de Lazer Este padrão de transmissão esta associado a exploração desordenada da floresta e derrubada de matas para construção de estradas, usinas hidrelétricas, instalação de povoados, extração de madeira, desenvolvimento de atividades agropecuárias, de treinamentos militares e ecoturismo Há espécies de flebotomíneos adaptadas tanto às matas quanto às áreas próximas aos domicílios. A infecção pode ocorrer em casa ou até mesmo quando uma criança vai para escola e passa por um pequeno bosque. Padrões Epidemiológicos ❑ Rural e Periurbano em Áreas de Colonização Este padrão esta relacionado ao processo migratório, ocupação de encostas e aglomerados em centros urbanos associados a matas secundarias ou residuais – periferias. • O risco é aumentado quando os eqüinos e os cães aí criados tornam-se reservatórios peridomésticos ou domésticos da Leishmania. Os flebotomíneos podem se adaptar nas matas próximas das casas. • Assim, a urbanização da doença está se tornando um problema cada vez mais importante. Padrões Epidemiológicos de Transmissão ❑ Leishmania braziliensis Mais ampla distribuição com clara variação nos padrões de transmissão: • Pará (serra dos Carajás): vetor L. welcomei, homem adentra a mata. Vetor não domiciliado e não foi identificado reservatório animal. • Demais localidades disseminação ligada a destruição das florestas primárias e invasão dos vetores do peridomicílio: - Rio de Janeiro: presença do Lutyzomia intemedia presente em áreas de encostas; - Vale do Rio Doce (MG): áreas de floresta secundária na zona rural. Acometendo principalmente adultos que expõe a infecção durante o trabelho no campo ou entrar na mata para apanhar lenha ou no peridomícilo onde há plantanação de bananas. - Neste casos os reservatórios passam a ser cães, cavalos,roedores. 08/04/2019 11 Leishmania (Viannia) guyanensis No Brasil aparentemente está limitado à Região Norte (Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Pará), estendendo-se para Guianas. É encontrado principalmente em florestas de terra firme – áreas que não se alagam no período de chuvas. L. umbratilis L. anduzei L. whitmani L. ovallesi Choloepus didatylus Tamandua tetradactylus Marsupialia RodentiaVariação em Manaus Padrões Epidemiológicos de Transmissão ❑ Leishmania amazonensis Transmissão sobretudo na base da florsets com veltr L. flavisutellata e L. olmeca nociva. Hábito noturno e habitam as árvores em altura de 1m Reservatórios terresteres ou semiterrestres: pequenos roedores principalemnte. Rara no homem devido asos hábitos do insetos: atinge principalmente pescadores e caçadores que pentram na floresta. Registro de adaptação a flrestas secundárias baixas (capoeiras), onde geralmente há presença de roedores, com registros de infecção nas proximidades de Manaus. Medidas de Controle ❑ Padrão Silvestre ❑ Padrão Ocupacional ou de Lazer ✓ CONSTRUÇÃO DE CASAS longe das matas ou desmatar o terreno em torno dos povoados. ✓ TELAGEM DE PORTAS E JANELAS; impedir a entrada dos flebotomíneos, exige telas com trama muito fina (e, em geral, muito quentes, por dificultarem a ventilação). ❑ Rural e Periurbano em Áreas de Colonização ✓ BORRRIFAÇÃO: aplicação de inseticidas nas zonas domiciliares e peridomiciliares. ✓ ELIMINAÇÃO DE RESERVATÓRIOS: os animais domésticos infectados, fontes importantes de parasitos, devem ser eliminados. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DOS INFECTADOS Dependem das Características Epidemiológicas da área em Questão Leishmaniose Visceral Leishmania infantum chagasi Lutzomya longipalpis Leishmaniose Visceral ❑ Causada por flagelados do complexo “L. donovani: ❑ Leishmania (L.) donovani e no Velho Mundo (antroponose). Índia, Bangladesh, Nepal e leste da África. ❑ Leishmania (L.) infantum ao agente do Calazar nas Américas e no velho Mundo, com duas subespécies (zoonose): América, região do mediterrâneo, Europa, África e China. ❑ Grave, alta letalidade com aspectos epidemiológicos e clínicos diversos ❑ 60.000 mortes por ano, ocorrendo em 79 países ❑ Fatores associados ao desenvolvimento da doença: pobreza, uso de drogas imunossupressoras e co-infecção com HIV Leishmaniose Visceral ❑ Os flagelados do complexo L. donovani estão adaptados para viver a 37oC, o que lhes permite infectar as vísceras e estruturas profundas. Sob a forma de amastigotas, os parasitos crescem sobretudo nas células de Kupffer do fígado e nas do sistema fagocítico mononuclear do baço, da medula óssea e dos linfonodos. 08/04/2019 12 ❑ Picada de Fêmeas de Flebotomíneos Infectadas (99%) ✓ Lutzomyia longipalpis ❑ Transfusão sanguínea ✓ Sete casos descritos ❑ Uso de drogas injetáveis ✓ HIV positivos ❑ Transmissão congênita Mecanismos de Transmissão Formas Clínicas da LV As formas clínicas da Leishmaniose Visceral refletem o equilíbrio entre a multiplicação dos parasitas nas células do sistema fagocítico mononuclear, a resposta imune do indivíduo e as alterações degenerativas resultantes desse processo. ❑ Assintomática ou Inaparente ❑ Subclínico ou Oligossintomático ❑ Leishmaniose Visceral Aguda ❑ Leishmaniose Visceral Crônica ou Clássica Formas menos graves tendem a desenvolver um padrão de resposta Th0. Já as mais graves Th2 com expansão policlonal de LB. Formas Clínicas da LV Patogenia da LV Inoculação dos Parasitos Resposta inicial do organismo: processo inflamatório local com produção de pápula ou não Cura ou Disseminação da infecção Hipergamaglobulinemia de IgG Distúrbio do sistema imunológico Os macrófagos, em lugar de protegerem o organismo do hospedeiro, passam a servir de meio de cultura para as leishmânias e em decorrência da elevação da carga antigênica há indução de tolerância imunológica com hiperplasia e hipertrofia das células do SFM. Patogenia da LV ❑ A esplenomegalia, a hepatoesplenomegalia e as alterações da medula óssea são devidas à hiperplasia e hipertrofia do SFM, que vão comprimindo e substituindo as estruturas normais. ❑ Anemia, leucopenia e plaquetopenia são os resultados desse processo. ❑ No fígado as alterações resultam em comprometimento funcional levando a desproteinemia → edema nos membros inferiores. Espectros Clínicos da LV FORMAS de APRESENTAÇÃO: ❑ Assintomática; ❑ Aguda, grave, rapidamente evolutiva: baço pouco aumentado; ❑ Evolução lenta e caráter insidioso: esplenomegalias mais exuberantes, comprometimento grave do estado geral. Todo paciente com Hepato e/ou esplenomegalia febril pode ter leishmaniose visceral. 08/04/2019 13 Espectro Clínico da LV Infecção (assintomático) Doença: – Período inicial – Período de estado – Período final Quadro Clínico da LV Quadro Clínico da LV Quadro Clínico da LV Quadro Clínico da LV Aparecimento de complicações, com febre contínua e comprometimento mais intenso do estado geral. • Desnutrição (cabelos quebradiços, cílios alongados e pele seca) • Edema dos membros inferiores que pode evoluir para anasarca. • Hemorragias (epistaxe, gengivorragia e petéquias), • Icterícia e ascite. • óbito geralmente determinado por infecções bacterianas e/ou sangramentos . Doença: período FINAL Diagnóstico da LV Área de procedência: endêmica para LV? 08/04/2019 14 Diagnóstico da LV ❑ A pesquisa de parasitos é o método básico para fazer o diagnóstico. ❑ As leishmanias podem ser encontradas em aspirado de medula óssea, do baço ou de linfonodos, sendo a punção esternal (ou a punção da crista ilíaca, em crianças) as preferidas. ❑ Fazer um esfregaço em lâmina adequada, fixá-lo e corá-lo. Examinar ao microscópio. ❑ Os métodos sorológicos (ELISA, a imunoeletroforese ou a imunofluorescência indireta, servem para inquéritos ou para quando não forem encontrados os parasitos. ❑ A intrademorreação não tem aplicação nos casos sintomáticos establecidos. Esfregaço medula óssea Epidemiologia da LV no Brasil ❑ Raposas (Lycalopex vetulus) → principal reservatório silvestre primitivo ❑ Cães → reservatórios domésticos ✓ Outros reservatórios já descritos no meio urbano → gatos, gambá, rato doméstico. ❑ Intenso parasitismo cutâneo ❑ Fácil isolamento de parasitos no sangue ❑ Ótimas fontes de infecção para flebotomíneos, o que mantém o ciclo da doença no ambiente domiciliar e silvestre. Epidemiologia da LV no Brasil ❑ Inicialmenteencontrada sobretudo nas zonas rurais, onde as casas ficam situadas próximo das matas. ❑ As Lutzomyia longipalpis que aí se criam são as transmissoras da infecção. Urbanização !!!!!!!! Mudou o panorama epidemiológico Epidemiologia da LV no Brasil 1989 1995 2000 Centro de Referência e Treinamento em Leishmanioses Expansão da LV na Região Metropolitana de Belo Horizonte Epidemiologia da LV no Brasil 08/04/2019 15 Epidemiologia da LV no Brasil Controle da LV Em seguida, planejar todas as operações de controle e proceder a sua efetivação: ❑ Tratamento dos casos humanos ❑ Notificação dos casos humanos e animais ❑ Limpeza de quintais e terrenos baldios (manejo ambiental) ❑ Receber técnicos para coleta de amostras dos cães ❑ Borrifação de locais com casos positivos ❑ Atividade de educação e divulgação ❑ Controle de animais vadios: redução da população errante e das fontes de infecção ❑ Identificar e eliminar cães com sorologia positiva: coleiras impregnadas, citronela, vacina, tratamento (???) Problemática Cão e a LV Canina C u ra p ar as it o ló gi ca ? Sacrifício dos cães Filtro biológico? D is se m in aç ão ❑ Perda de pelo(alopecia) ❑ Emagrecimento ❑ Prostração ❑ Crescimento exagerado das unhas É preciso imunizar a população canina de uma região onde a doença é endêmica. Dificuldade de tempo e curto período de tempo. Vacina? Problemática Cão e a LV Canina OligossintomáticosAssintomáticos Sintomáticos Eutanásia de Cães Infectados ????????????? Retira o foco do vetor? Tratamento dos Cães Infectados • Atualmente autorizada pelo MS, desde que não utilizados os fármacos empregados no tratamento humano; • Requer comprovação e custo é por conta do proprietário. Efetivamente em eliminar o parasitismo ou doença clínica? 08/04/2019 16 Tratamento da Leihsmaniose Sempre que possível, a confirmação parasitológica da doença deve preceder o tratamento. Porém, quando o diagnóstico sorológico ou parasitológico não estiver disponível ou na demora da sua liberação, o tratamento deve ser iniciado. Tratamento da LTA Antimoniato de N-metil glucamina é o fármaco de primeira escolha para o tratamento. Em caso de restrição de uso optar pelo desoxicolato de anfotericina B : pacientes com idade acima dos 50 anos, portadores de cardiopatias, nefropatias, hepatopatias, hipersensibilidade aos componentes da medicação, e deve-se evitar o uso concomitante de medicamentos que prolongam o intervalo QTc Tratamento da LV Indicações para utilização da anfotericina B lipossomal: • idade menor que 1 ano; • idade maior que 50 anos; • escore de gravidade: clínico >4 ou clínico-laboratorial >6; • insuficiência renal, hepática ou cardíaca; • intervalo QT corrigido maior que 450ms; • uso concomitante de medicamentos que alteram o intervalo QT; • hipersensibilidade ao antimonial pentavalente ou a outros medicamentos utilizados para o tratamento da LV; • infecção pelo HIV ou comorbidades que comprometem a imunidade; • uso de medicação imunossupressora; • falha terapêutica ao antimonial pentavalente ou a outros medicamentos utilizados para o tratamento da LV; • gestantes Tratamento da LV ❑ Quase todos os pacientes apresentam reações colaterais com tais medicamentos, como cefaléia, artralgias, mialgias e, em alguns casos, depressão da medula óssea; exceto no tratamento com a azitromicina. ❑ Não há método seguro para o controle de cura, que exige repetidos testes diagnósticos (PCR, imunofluorescência, etc). ❑ As lesões mucosas podem surgir tempos depois da “cura” dos processos cutâneos. ❑ Em alguns casos, aparentemente curados, podem ocorrer recidivas. ❑ A maior parte dos compostos são de administração parenteral. ❑ Custo elevado de novas formulações. Tratamento IMUNOTERAPIA • Alternativa terapêutica em casos resistentes aos antimoniais ou em casos de contra-indicações como cardiopatas, nefropatas, idosos. ❑ Vacina Leishman: 95% de proteção por via SC ❑ Combinação de vacina com BCG: baixa eficácia ❑ Associação da vacina ao Glucantinme: 100% de cura com redução do tempo de tratamento.
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