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Leishmaniose Introdução • Leishmaniose é uma doença infecciosa, não contagiosa, causada por diferentes es- pécies de protozoários do gênero Leishma- nia, que pode afetar a pele ou as mucosas; • É uma infecção zoonótica, atingindo, por- tanto, outros animais e, secundariamente, envolve o homem; • A leishmaniose é a segunda doença para- sitária que mais mata no mundo, sendo que apenas a malária é mais mortal, assim como a doença de Chagas; • A leishmaniose é uma das mais perigosas doenças tropicais negligenciadas (DTNs); • A Leishmaniose é endêmica em 47 países e aproximadamente 200 milhões de pessoas correm o risco de serem infectadas; • Há entre 200 e 400 mil novos casos a cada ano, sendo que cerca de 90% acontecem na Índia, em Bangladesh, no Nepal, no Sudão e no Brasil; • Histórico no Brasil: - 1895: primeiros casos descritos; - 1909: epidemia em Bauru – SP; - 1911: Leishmania braziliensis. → Características gerais: • Zoonose; • Doença infeciosa e não contagiosa • Doença negligenciada e ignorada pela in- dústria farmacêutica e órgãos públicos; • Brasil: presença de casos em todos os es- tados • Franco crescimento nas três últimas déca- das. → Distribuição no Brasil: • Leishmaniose chagasi: ocorre em todo o território nacional; • Leishmaniose braziliense: ocorre no cen- tro Sul do Brasil e em áreas da Amazônia oriental; • Leishmaniose amazonensis: principal- mente na floresta Amazônica; • Leishmaniose guyanensis: norte da bacia amazônica até as Guianas; • Leishmaniose tegumentar americana: todo território nacional. Em São Paulo: • No estado de São Paulo a Leishmaniose é uma doença emergente, ocorrendo exclusi- vamente em áreas urbanas, detectada nova- mente em cães em 1998 no município de Araçatuba, região Oeste, situada no Planalto Ocidental Paulista, principal região endê- mica do Estado. Características da doença • A doença pode apresentar diferentes for- mas clínicas dependendo do parasita e da re- lação que desenvolve com o hospedeiro; • No Brasil, a leishmaniose apresenta-se de 2 formas: - Leishmaniose tegumentar (LTA): forma cutânea, forma mucocutânea e forma cutânea difusa, sendo uma doença crônica; - Leishmaniose visceral (LV): doença sis- têmica crônica que acomete vísceras como fígado e o baço. → Vetor: • Transmitida ao homem pela picada do in- seto vetor (Lutzomyia longipalpis) conhe- cido popularmente como mosquito palha, birigui, asa branca; • São insetos denominados flebotomídeos; Marianne Barone (15A) Disciplina – Prof. Marianne Barone (15A) DIP – Prof. Vanessa Lentini da Costa Spilleir • Trata-se de insetos de hábito noturno e ves- pertino (ataca início da noite). → Reservatórios: • Na área urbana, o cão (Canis familiaris) é a principal fonte de infecção; • Nos cães tem sido mais prevalente que no homem; • No ambiente silvestre são as raposas e os marsupiais. Transmissão • Fonte da infecção: na forma visceral, os principais reservatórios são os cães e as ra- posas. Na forma tegumentar, além desses animais, podem ser reservatórios diversas espécies de mamíferos, como roedores, equideos, marsupiais, preguiças e taman- duás; • Via de eliminação: sangue; • Via de transmissão: indireta, através da picada do inseto (vetor) Lutzomyia spp, po- pularmente conhecido por mosquito palha, birigui ou cangalhinha. É um flebotomídeo pequeno, coberto de pêlos e de coloração clara (cor de palha ou castanho claro); • A forma visceral é transmitida pela Lutzomyia longipalpis (há relatos também no Brasil da Lu. cruzi). Já a forma tegu- mentar é transmitida por diversas espécies, tal como Lu. flaviscutellata, Lu. reducta, Lu. olmeca, Lu. anduzei, Lu. whitmani, Lu. um- bratilis, Lu. intermedia e Lu. migonei; • O vetor vive, preferencialmente, ao nível do solo, próximos a vegetação em raízes e/ou troncos de árvores, podendo ser encon- trados em tocas de animais; - Gostam de lugares com pouca luz, úmi- dos, sem vento e que tenham alimento por perto; - Para seu desenvolvimento requerem tem- peraturas entre 20 e 30ºC; - Ambos os sexos necessitam de carboidra- tos, que são extraídos da seiva de plantas como fonte energética; - As fêmeas, entretanto, precisam ingerir sangue para o desenvolvimento dos ovos. Elas costumam picar a partir do por do sol até a madrugada; - A longevidade do inseto é de 20 dias e o tempo do desenvolvimento do ovo ao adulto é de aproximadamente 30 dias, a tempera- turas médias de 20ºC; • Porta de entrada: pele; • Susceptíveis: homem, cão e outros mamí- feros; - Não ocorre transmissão direta de humano para humano; - A principal transmissão se faz a partir dos reservatórios animais, enquanto persistir o parasitismo na pele ou no sangue circulante; • Período de incubação: no homem de 2 se- manas a 2 anos • Suscetibilidade e imunidade: infecção e a doença não conferem imunidade ao paci- ente; • Equilíbrio imunológico: infectividade antigermicida da leishmania vs imunidade/ resistência do hospedeiro; • Geralmente assintomático, com reação lo- cal pela destruição parasitária, causando le- sões de pele. Portanto, é subclínico, com fa- gocitose e persistência do parasita no orga- nismo; • Na forma visceral, ocorre a fagocitose e multiplicação do parasita nos macrófagos. Ciclo • Leishmaniose é um parasita intracelular obrigatório das células do sistema fagocitá- rio monucleares com duas formas principais: - Flageladas ou promastigota: encontrada no tubo digestivo do inseto vetor. Possuem forma alongada, extracelular, flagelo livre (com movimento), aeróbico e é a forma in- fectante. - Aflageladas ou amastigotas: observadas no tecido do hospedeiro nas células fagoci- tárias (intracelular em mamíferos). Pos- suem corpo ovóide, flagelo interno (sem movimento), intracelular obrigatório e ana- eróbio; • O período de incubação é de 2 a 4 meses, mas pode variar muito (10 dias a 24 meses); • Na forma visceral, as manifestações clíni- cas refletem o equilíbrio entre a multiplica- ção dos parasitos nas células do sistema fa- gocítico-mononuclear, a resposta imunitária do indivíduo e as alterações degenerativas resultantes desse processo; • As células parasitadas mostram forte ten- dência a invadir baço, fígado e medula ós- sea. → Ciclo do vetor: • O flebótomo pica um indivíduo infectado ou um hospedeiro reservatório aspira ma- crófagos parasitados ou amastigotas livres no sangue ou mesmo em tecidos; • As amastigotas, ao atingirem o intestino médio do inseto, se transformam em pro- mastigotas. Estas formas flagelas, após rá- pida multiplicação, se convertem nos pro- mastigotas infectantes e migratórios; • Do intestino anterior são regurgitadas ou introduzidas na pele do próximo hospedeiro quando o inseto toma uma nova refeição de sangue; • Nos mamíferos as espécies do gênero Leishmania aparecem sob a forma arredon- dada, as amastigotas; • Elas ocorrem em macrófagos da pele ou de vísceras, onde se reproduzem por divisão binária; • A manutenção da infecção no hospedeiro ocorre em consequência da ruptura de célu- las altamente infectadas, quando as amasti- gotas livres são fagocitadas por macrófagos que chegam ao foco inflamatório ou sim- plesmente pela divisão de macrófagos já co- lonizados pelo parasito; • Nos reservatórios silvestres a infecção tende a ser benigna, tendendo para o equilí- brio da relação parasito-hospedeiro, sendo que muitas vezes a infecção é inaparente; • Estabeleceu-se o conceito de que nestes hospedeiros ocorre um grande equilíbrio por ser uma associação muito antiga entre o parasito e o hospedeiro, enquanto, no caso do homem e de animais domésticos, esta as- sociação é muito mais recente; • Neste último caso o parasito aparece como virulento, provocando grandes danos ao hospedeiro e levando até mesmo à morte; • A infecção natural pode ocorrernum grande número de espécies de mamíferos, como marsupiais, edentatos, roedores, pri- matas, etc. → Ciclo do parasita: • O ciclo de vida do parasita é heteroxênico, necessitando de dois tipos de hospedeiro, um inseto e outro vertebrado; • A Leishmania é transmitida para o verte- brado através da picada da fêmea de um in- seto da subfamília Phlebotominae (Diptera, Psychodidae), que é hematófaga; • Durante o repasto sanguíneo de uma fê- mea de flebotomíneo infectada em um hos- pedeiro vertebrado, as promastigotas meta- cíclicas são regurgitados e o dano causado pelo aparelho bucal do vetor recruta células de defesa para o local da picada, dando iní- cio à fagocitose dos parasitos; • O inseto injeta sangue com a forma infec- ciosa, os promastigotas, no vertebrado; • Os promastigotas são fagocitadas princi- palmente por macrófagos, onde são internalizadas em um vacúolo parasitóforo e se diferenciam em amastigotas; • Estas se multiplicam por divisão binária simples aumentando o número de parasitos no interior do macrófago, que pela quanti- dade de amastigotas e pela destruição cito- plasmática produzida, rompe-se liberando os parasitas no meio intercelular ou corrente sanguínea, fazendo com que outras células sejam infectadas; • O inseto se contamina ao ingerir sangue com células parasitadas por amastigotas; • No intestino do vetor, os parasitas são li- berados e se transformam em promastigotas. Essas formas se multiplicam por mitose no intestino médio ou posterior, dependendo da espécie da Leishmania, atravessam a membrana peritrófica (que rodeia a refeição sanguínea), fixam-se na parede do intestino do vetor e, eventualmente, migram para a válvula estomodeal do vetor, onde formam um tampão que degrada a válvula e impede a ingestão; • O inseto, ao realizar outra refeição, é obri- gado a ejetar os promastigotas para a pele, de modo a conseguir ingerir sangue, com- pletando, assim, o ciclo. → Ciclo visceral: • Quando as formas promastigotas são fago- citadas e no interior dos macrófagos trans- formam-se em amastigotas, eles vão parasi- tar os vacúolos das células, principalmente as células de Kupffer no fígado, nas células reticulares no baço e medula óssea e linfo- nodos e monócitos no sangue; • Nas células invadidas as formas amastigo- tas, iniciam a divisão, binária evoluindo com ruptura posterior dos macrófagos, seus fragmentos com formas amastigotas são fa- gocitados por outros macrófagos, recome- çando novo ciclo. • A forma de fagocitose dos macrófagos é pela metabolização oxidativa enzimática; • Nos macrófagos afetados ocorre um dese- quilíbrio da via de ativação TH2 (célula T helper tipo 2), com uma diminuição da res- posta imune TH1; - A célula helper T tipo 1 (Th1), produz in- terferon, interleucinas 2,3, 12 e TNF imuni- dade mediada por células; - A célula T helper tipo 2(Th2) produz in- terleucinas, 4, 5,10 e 13, lembrando que, a interleucina 4 está relacionada com media- ção da produção de anticorpos (IGM, e IGE). Patogenia → Formas clínicas: Leishmaniose cutânea/tegumentar: • Espécies: - L. V. braziliensis: foi a primeira espécie descrita e incriminada como agente etioló- gico. É a mais importante no Brasil e na América Latina; - L. V. amazonensis: está distribuída pelas florestas primárias e secundárias da Amazônia Legal (Amazonas, Pará, Rondô- nia, Tocantins e Maranhão); - L. V. guyanensis: aparentemente limi- tada à região norte (Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Pará) e entende-se às Guianas; • Quanto ao subgênero Viannia, existem ou- tras espécies de Leishmania recentemente descritas: L (V) lainsoni identificada nos estados do Pará, Rondônia e Acre. L. (V) naiffi, ocorre nos estados do Pará e Amazonas. L. (V) shawi, com casos humanos encontra- dos no Pará e Maranhão. L. (V.) lindenberg foi identificada no estado do Pará. • Sintomas: os sintomas da Leishmaniose Tegumentar (LT) são lesões na pele e/ou mucosas; - As lesões de pele podem ser únicas, múl- tiplas, disseminada ou difusa - Elas apresentam aspecto de úlceras, com bordas elevadas e fundo granuloso, geral- mente indolor; - As lesões mucosas são mais frequentes no nariz, boca e garganta; - Quando atingem o nariz, podem ocorrer: entupimentos, sangramentosm coriza, apa- recimento de crostas e feridas; - Na garganta, os sintomas são: dor ao en- golir, rouquidão e tosse; • Quadro clínico: - Forma cutânea localizada: as lesões aparecem de 2 a 8 semanas após infecção, tendo aspecto de lesões únicas ou limitadas, ulcerada e com borda elevada. Seus agentes causais – L. (V) braziliensis; L. (L) amazo- nensis; L. (V) guyanensis; L. (V) mexicana; - Forma cutânea difusa: tem como agente causal L. (L) amazonensis. Há uma anergia da resposta imune, em que o paci- ente não responde à Leishmania, sendo uma forma rara e difícil de tratamento. Tem-se múltiplas lesões nodulares disseminadas, também chamada de lepra branca; • Diagnóstico: - Parasita na lesão: escarificação, aspira- ção ou biópsia; - Baixa sensibilidade, cultivo ou inocula- ção em animal; - Reação intradérmica: teste de Monte- negro (48h). Leishmaniose mucocutânea • Tratamento prolongado e tóxico; • Trata-se de uma doença crônica; • Morbidade e estigma social; • Sinais e sintomas: lesões nas mucosas do nariz, boca e garganta: entupimentos, san- gramentos, coriza, aparecimento de crostas, feridas, dor ao engolir, rouquidão e tosse. Leishmaniose visceral: • No Brasil, as crianças são grupo de risco; • Apresenta-se por infecção do baço, fígado, tecidos linfóides e medula óssea; • Sinas e sintomas: - Febre irregular; - Perda de peso; - Aumento de baço e fígado; - Anemia, fraqueza; - Redução da força muscular; - Coloração da pele acinzentada; • Período de incubação: 2 a 6 meses; • Diagnóstico: - Punção de baço, fígado e medula óssea (cultivo), tendo um alto risco; - Sorologia imprecisa: boa sensibilidade, má especificidade (reação cruzada), positi- vidade após cura; - Teste Montenegro negativo: positivo após cura. → Patogenia em órgãos: Patogenia no fígado: • Aumento importante do órgão, sem altera- ção da consistência ou da regularidade da borda; • Hipertrofia e hiperplasia difusa das células de Kupffer com citoplasma preenchido de formas amastigotas. Patogenia no baço: • Reativação do sistema reticuloendotelial/ mononuclear fagocitário por mais conges- tão dos sinusoides; • Aumento acentuado do volume dos baço, cápsula vai estar tensa com intensa conges- tão; • Hipertrofia e hiperplasia do SRE com ma- crófagos e plasmócitos densamente parasi- tados. Patogenia a medula óssea: • Série branca: hipercelularidade da série granulocitica; - Neutropenia: redução da reserva medu- lar devido ao sequestro esplênico. • Série vermelha: hiperceluraridade reativa da série vermelha; - Anemia devido ao sequestro esplênico e hemólise; - Macrófagos vão estar aumentados em nú- meros e tamanho devido ao parasitismo. Sintomatologia → Nos cães: • Pode haver eriçamento e queda de pelos e ulcerações rasas em orelhas, articulações, focinho e cauda; • Com o agravamento do quadro surge o au- mento dos linfonodos, onicogrifose (unhas crescidas), ceratoconjuntivite, coriza, diar- réia, hemorragia intestinal, vômitos e edema das patas; • Na fase terminal o cão apresenta-se com caquexia podendo ocorrer a paresia das pa- tas posteriores; • O tratamento da leishmaniose em cães é um assunto que divide a opinião dos especi- alistas. A maioria defende que o animal pre- cisa ser sacrificado, já que continuaria transmitindo a doença, mas, há pesquisado- res que garantem que, se medicado correta- mente, o animal deixa de ser um perigo para a saúde da população. → Forma visceral no homem: • Muitas vezes, o agente provoca um quadro assintomático, ou com sintomatologia bas- tante inespecífica, como febre, anemia, emagrecimento e prostração. • Pode ocorrer a forma agudadisentérica, caracterizada por febre alta, tosse e diarréia acentuada; - Pode haver alterações hematológicas e hepatoesplenomegalia discreta, podendo o fígado estar normal e o baço não ultrapassar 5 cm; - Geralmente, tem menos de 2 meses de história; • Forma clássica: ocorre hepatoesplenome- galia, sintomas gastrointestinais, sonolência, mal-estar, progressivo emagrecimento, ane- mia e manifestações hemorrágicas; - Estes casos geralmente não respondem prontamente ao tratamento habitual e o óbito é frequente como consequência de complicações. Forma tegumentar: • Pele: as lesões podem caracterizar a forma localizada (única ou múltipla), a forma dis- seminada (lesões muito numerosas em vá- rias áreas do corpo) e a forma difusa; - Na maioria das vezes a doença apresenta- se como uma lesão ulcerada única; - Nas formas localizada e disseminada, a lesão ulcerada franca é a mais comum e se caracteriza por úlcera com bordas elevadas, em moldura. As formas localizada e disse- minada costumam responder bem à terapêu- tica tradicional; - Na forma difusa, rara, as lesões são pa- pulosas ou nodulares, deformantes e muito graves. Evolui mal por não responder ade- quadamente à terapêutica; • Mucosas: as lesões na maioria das vezes secundária às lesões cutâneas, surgindo ge- ralmente meses ou anos após a resolução das lesões de pele; - Às vezes, porém, não se identifica a porta de entrada supondo-se que as lesões sejam originadas de infecção subclínica; - São mais freqüentemente acometidas as cavidades nasais, seguidas da faringe, la- ringe e cavidade oral. Diagnóstico • Sintomas e evidências epidemiológicas; • Diagnóstico laboratorial: - Exame parasitológico direto: esfregaço de raspado da lesão, exame histológico (bi- ópsia da lesão) ou PCR; - Métodos indiretos ou imunológicos: re- acão intradérmica de montenegro (IRM) ou reação imunofluorescência. Tratamento • Drogas utilizadas: antimoniais pentava- lentes (glucantime) e Anfotericina-B; • No cão, as tentativas de tratamento fracas- sam, ou então, há apenas melhora do estado geral e dos sintomas, mas o parasitismo per- manece, continuando o animal a ser uma fonte de infecção. Além disso, o tratamento de cães pode induzir resistência dos parasi- tas. Controle → Forma visceral • Eliminação dos reservatórios: a elimina- ção dos cães errantes e domésticos infecta- dos é uma importante medida de prevenção da leishmaniose visceral; - Os cães domésticos têm sido eliminados após o diagnóstico em larga escala, nas áreas endêmicas, através de técnicas soroló- gicas (ELISA e imunofluorescência); - Essa medida, porém, vem sendo revista e atualmente preconiza-se o sacrifício apenas dos animais doentes; • Luta antivetorial: A prevenção da leish- maniose ocorre, principalmente, por meio do combate ao inseto transmissor. É possí- vel mantê-lo longe, especialmente com o apoio da população, no que diz respeito à higiene ambiental. Essa limpeza deve ser feita por meio de: - Limpeza periódica dos quintais, retirada da matéria orgânica em decomposição, como folhas, frutos, fezes de animais e ou- tros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os mosquitos se desen- volve; - Destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir o desenvolvimento das larvas dos mosquitos; - Limpeza dos abrigos de animais domés- ticos, além da manutenção de animais do- mésticos distantes do domicílio, especial- mente durante a noite, a fim de reduzir a atração dos flebotomíneos para dentro do domicílio; - Uso de inseticida (aplicado nas paredes de domicílios e abrigos de animais). No en- tanto, a indicação é apenas para as áreas com elevado número de casos, como muni- cípios de transmissão intensa (média de ca- sos humanos dos últimos 3 anos acima de 4,4), moderada (média de casos humanos dos últimos 3 anos acima de 2,4) ou em surto de leishmaniose; - A borrifação com inseticidas químicos deverá ser efetuada em todas as casas com casos humanos ou caninos autóctones. A periodicidade recomendada para aplicação do inseticida é de 6 em 6 meses, por um pe- ríodo mínimo de 2 anos. Tem-se observado, em algumas áreas, que se diminui a densi- dade de flebótomos como um efeito lateral da luta contra os insetos transmissores da malária; • Tratamento de humanos: o tratamento se constitui em um fator importante na queda da letalidade da doença e, consequente- mente, é um importante item na luta contra este tipo de leishmaniose. Secundariamente, pode haver também um efeito controlador de possíveis fontes hu- manas de infecção; • Educação em saúde: de acordo com o co- nhecimento dos aspectos culturais, sociais, educacionais, das condições econômicas e da percepção de saúde de cada comunidade, ações educativas devem ser desenvolvidas no sentido de que as comunidades atingidas aprendam a se proteger e participem ativa- mente das ações de controle da leishimani- ose; • Vacinação: - Atualmente existe uma vacina anti-leish- maniose visceral canina em comercializa- ção no Brasil; - Os resultados do estudo apresentado pelo laboratório produtor da vacina atendeu às exigências da Instrução Normativa Intermi- nisterial n° 31 de 09 de julho de 2007, o que resultou na manutenção de seu registro pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abas- tecimento; - No entanto, não existem estudos que comprovem a efetividade do uso dessa va- cina na redução da incidência da leishmani- ose visceral em humanos; - Dessa forma, o seu uso está restrito à pro- teção individual dos cães e não como uma ferramenta de Saúde Pública. A vacina está indicada somente para animais assintomáti- cos com resultados sorológicos não reagen- tes para leishmaniose visceral. → Forma tegumentar: • Pelo fato de ser uma zoonose primitiva das florestas, a leishmaniose resiste a qualquer medida preventiva aplicável as doenças transmitidas por vetores; • Na maior parte das áreas endêmicas, onde se observa o padrão clássico de transmissão, quase nada pode ser feito no momento em relação a profilaxia da doença, dada a im- possibilidade de se atuar sobre a fonte de in- fecção silvestre.