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Prisão Após Condenação em Segunda Instância - TCC Fábio Maick

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ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E CULTURA DE MATO GROSSO DO SUL
FACULDADES INTEGRADAS DE TRÊS LAGOAS - AEMS
CURSO DE DIREITO
Fábio Maick da Silva
PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA
TRÊS LAGOAS - MS
2018
Fábio Maick da Silva
 
PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Curso de Direito das Faculdades Integradas de Três Lagoas - AEMS, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientador: Elias Kleberson de Brito.
TRÊS LAGOAS – MS
2018
Silva, Fábio Maick da. 
Prisão após condenação em segunda instância. 2018, 50 p.
Orientador: Elias Kleberson de Brito.
Trabalho de Conclusão de Curso - Graduação em Direito, Faculdades Integradas de Três Lagoas – AEMS.
 
1. Precedentes do STF. 2. Prisão. 3. Caso Lula.
I. Brito, Elias Kleberson de.
II. Faculdades Integradas de Três Lagoas – AEMS. III. Prisão após condenação em segunda instância.
 Fábio Maick da Silva
 
PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito, das Faculdades Integradas de Três Lagoas – AEMS como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito, orientado pelo Professor Elias Kleberson de Brito.
Área de Concentração: Direito Penal / Direito Processual Penal.
Comissão Examinadora
	
Elias Kleberson de Brito (titulação)
	
Assinatura
	
Nome do Arguidor 1 (titulação)
	
Assinatura
	
Nome do Arguidor 2 (titulação)
	
Assinatura
Aprovado em _______ de __________ de __________.
Dedico esta monografia a minha querida mãe, Aparecida de Fátima da Silva, a minha avó Catarina de Oliveira da Silva (in memoriam) aos meus irmãos Maicon Sander da Silva e Alexsandro da Silva Bertachini, a minha esposa Rosilene Aparecida Martins e filha Gabriela Martins da Silva, sem vocês, eu certamente, não conseguiria realizar esse sonho. A minha eterna gratidão!
AGRADECIMENTOS
A Deus cuja misericórdia me sustentou, me dando saúde força a ser resiliente e não deixar que eu desistisse. A minha mãe Aparecida de Fátima da Silva, irmãos Maicon Sander da Silva e Alexsandro da Silva Bertachini, esposa Rosilene Aparecida Martins e filha Gabriela Martins da Silva, que sempre estiveram ao meu lado me ajudando nos momentos mais difíceis. Ao professor Elias Kleberson de Brito por me orientar nesse projeto dedicando parte do seu precioso tempo. A faculdade, aos queridos professores, a coordenação do curso de direito, aos colegas acadêmicos.
RESUMO
Embora o Supremo Tribunal Federal tenha decidido em 2016 sobre a possibilidade da prisão após a condenação em segunda instância, em 2018 o assunto voltou a ser bastante comentado, inclusive com novo julgamento, que aconteceu em abril do mesmo ano, em que se analisou o tema novamente, através da impetração de um Habeas Corpus, tendo como autor o ex presidente Luís Inácio Lula da Silva, tendo em vista que o referido indivíduo havia sido condenado por corrupção e outros crimes na Justiça Federal do Paraná, recorreu ao Tribunal Regional Federal, que manteve a condenação e o assunto foi novamente tema no STF. Embora o julgamento tenha sido circundado por polêmica, a Suprema Corte manteve o entendimento, o que fez com que o ex presidente Lula fosse preso ainda em abril do corrente ano. No presente trabalho se analisou a questão da prisão em segunda instância, bem como sobre a repercussão do caso Lula e da Lava-jato e como tais acontecimentos podem mudar entendimentos jurisprudenciais no país, fazendo com que haja novos precedentes e muitas pessoas sejam atingidas por tais decisões, já que estas possuem efeito erga omnes. Para a pesquisa foi usado o método de pesquisa bibliográfica.
Palavras-chave: Precedentes do STF 1. Prisão 2. Caso Lula 3.
.
ABSTRACT
Despite Brazilian Supreme Court (STF) has decided in 2016 about the possibility of imprisonment after condemnation in the second instance, in 2018 such topic has regained attention. It happened when a new judgment, occurred last April, analyzed the subject, through a Habeas Corpus appeal filed by the former president Luiz Inácio Lula da Silva because of his condemnation by the State of Parana’s Court due to passive corruption and other crimes. His defense appealed to the Regional Federal Court, which maintained his condemnation bringing back the subject to the Supreme Court. Even though the present judgment has been wrapped in controversy, Brazilian Supreme Court retained their understanding, which lead to former president Luiz Inácio Lula da Silva imprisonment in April of the current year. In the present paper were analyzed second instance prison, the repercussion of Lula’s scandal and Operation Car Wash as well as how these events could change Legal understandings over the Country, leading to new precedents in such a way that many people would be affected by it, since these decisions have erga omnes effect. For this research, it was used bibliographic review.
Key words: STF precedents1. Prison 2. Lula’s scandal 3. 
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
A prisão após segunda instância tem sido um tema bastante debatido nos últimos anos, em especial nos últimos meses, tendo em vista a condenação de pessoas influentes em processos relacionados à corrupção, lavagem de dinheiro e outros diversos crimes econômicos.
A tipificação de crimes econômicos no Brasil se deu a partir da década de 30, tendo como principais delitos os crimes contra o trabalho e falsificação de moeda. (SOUZA, 2002, p. 35)
O direito penal econômico, portanto, traz a tipificação de crimes que afetam a coletividade, que vê seus impostos serem surrupiados, desviados e indo parar em cuecas, meias, malas e contas em paraísos fiscais.
Diante disso, a Operação Lava-Jato, realizada pela Polícia Federal e Ministério Público Federal estão realizando grandes feitos nos últimos anos, ao prenderem e investigarem políticos de renome, empresários e outros envolvidos em corrupção e lavagem de dinheiro.
Com tais prisões, a discussão a respeito do início do cumprimento de penas enquanto ainda está pendente de julgamento algum recurso nos Tribunais Superiores brasileiros veio à tona, em especial quando o ex presidente Lula foi condenado a mais de 12 anos de prisão.
Foram diversas tentativas de livrar o ex presidente Lula, da prisão, em especial devido ao fato deste ser pré-candidato à presidência nas próximas eleições, porém as provas e fatos apresentados no processo se fizeram suficientes para que não apenas fosse condenado em primeira instância, como também em segunda.
Nessa seara, o tema a ser discutido no presente trabalho é recente, e tem sido comum em discussões jurídicas nos últimos tempos, em especial após o Supremo Tribunal Federal confirmar o posicionamento de que é possível o cumprimento de pena enquanto ainda há recurso pendente no STJ ou mesmo no próprio STF.
Tal decisão, inclusive, possibilitou que a pena do ex presidente Lula fosse iniciada, com sua prisão em abril de 2018.
O assunto é, sem dúvida polêmico e ao mesmo tempo fascinante, sendo que no primeiro capítulo será analisado a respeito das penas e suas formas de aplicação, no segundo capítulo falaremos a respeito da prisão após condenação em segunda instância e, por fim, no último capítulo trataremos a respeito dos condenados da Operação Lava-Jato.
2 PENAS E SUA APLICAÇÃO NO BRASIL
A aplicação de penas ao indivíduo que comete um delito é uma das principais formas pela qual se tenta manter a ordem social, uma vez que as pessoas precisam ser orientadas a fim de que possam viver em sociedade.
Desde épocas bastante distantes da nossa Era já se defendia a aplicação de penas proporcionaise justas, de acordo com o tipo do delito cometido, uma vez que até a Idade Média e meados da Idade Moderna as principais penas aplicadas, mesmo para delitos “leves” era a pena de morte ou castigos físicos, como mutilações.
Beccaria foi um dos primeiros nomes a defender penas justas e motivadas, assim ninguém poderia sofrer uma pena no lugar de outra pessoa ou mesmo sem justificativa.
A aplicação de pena sem justificativa é tirânica, pois a sanção deve vir apenas de uma absoluta necessidade. (BECCARIA, 2012, p. 15)
Boschi (2013, p. 110) traz que os julgamentos eram realizados inclusive contra objetos, animais ou mesmo coisas:
Na antiguidade, os mortos, as coisas e os animais podiam ser sujeitos ativos de crime. Feu Rosa refere que o corpo do Papa Formosus (816-896) foi desenterrado e submetido a julgamento, com declaração de invalidade dos atos praticados.
Na Inglaterra, em 1660, por ordem do Parlamento, foram também desenterrados os cadáveres de Cromwell, Bradshaw e Ireton e enforcados no mesmo local onde eram executados criminosos comuns.
Dracon, na antiga Grécia, editou lei estabelecendo que as coisas que caíssem sobre um homem e o matassem deveriam ser levadas a julgamento ante o Tribunal e depois destruídas.
A lei deve ser justa e ser aplicada pelos magistrados, que devem se valer de outros elementos do direito como os princípios, a fim de que a pena seja o mais justa possível.
Hoje a responsabilidade por dano é cabível às pessoas físicas e jurídicas, mas objetos e animais não mais podem ser responsabilizados por faltar-lhes personalidade.
Lembra ainda Beccaria (2012, p. 27-28) que os crimes devem ter suas penas fixadas de acordo com os danos que estes trazem para a sociedade.
Assim, crimes que afetam toda a sociedade certamente trarão danos maiores do que os crimes que prejudicam apenas o particular, devendo tais delitos serem penalizados com penas maiores.
Desde meados do século XVIII, nomes como Bentham e John Howard lutaram contra as situações pavorosas em que as prisões europeias se encontravam.
Segundo ensina Boschi (2013, p. 133):
Howard denunciou a precariedade nos ambientes destinados ao cumprimento das penas privativas de liberdade, a promiscuidade, a convivência de crianças com mendigos, enfermos mentais, prostitutas e pessoas sujeitas à prisão civil, tomados pela fome, pela falta de higiene, pelas febres, que o vitimariam em 1790. 
Jeremias Bentham foi outra personalidade de relevo que merece destaque nesse contexto histórico-evolutivo da prisão para a prisão-pena e a penitenciária, onde esta éexecutada.
No livro Teoria das Penas Legais e Tratado dos Sofismas Políticos, Bentham desenvolveu as três ideias fundamentais relacionadas às Casas de Correção e a estrutura panótica dos edifícios, aprofundando também a análise sobre as penas privativas de liberdade (impropriamente denominadas de corporais) e as penas simplesmente restritivas (de direito).
Atualmente é o Estado que detém o direito de punir no Brasil, existindo leis específicas sobre a questão, uma vez que para haver uma punição é preciso que haja a tipificação do crime, conforme expõe o Texto Maior e o Código Penal.
Diz o artigo 5º da Carta Maior: “XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
Importante frisar que tal medida deve ser entendido de forma diferente quando se trata de um particular e quando se fala da Administração Pública, sendo que Lenza (2015, p. 1657) diz que:
No âmbito das relações particulares, pode-se fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da autonomia da vontade, lembrando a possibilidade de ponderação desse valor com o da dignidade da pessoa humana e, assim, a aplicação horizontal dos direitos fundamentais nas relações entre particulares, conforme estudado.
Já no que tange à administração, esta só poderá fazer o que a lei permitir. Deve andar nos “trilhos da lei”, corroborando a máxima do direito inglês: rule of law, not of men. Trata-se do princípio da legalidade estrita, que, por seu turno, não é absoluto! Existem algumas restrições, como as medidas provisórias, o estado de defesa e o estado de sítio, já analisados por nós neste trabalho.
Desta forma, apenas o particular não poderá ser obrigado a fazer nada se não em virtude de lei.
Assim, o Poder Público deve zelar para que a lei seja cumprida e priorizar normas que sejam eficientes, atendendo os anseios sociais.
Contudo, vale lembrar que:
A questão de fundo do Direito Penal é saber se a intervenção repressiva estatal encontra legitimidade e em que medida. Para essa questão, muitas respostas foram formuladas. Mas reconhecer a legitimidade da resposta penal ao fato delitivo não é tarefa fácil. (GALVÃO, 2013, p. 259)
Mas o Estado detém o poder de aplicar sanções a fim de que não se retroceda a tempos em que o próprio particular ou seus familiares revidavam contra seu agressor, pois isso traria um completo caos e legitimação da violência e da vingança.
Além disso, uma vez que o Brasil é um país democrático, as leis são elaboradas por representantes do povo, que devem atuar como reflexo da vontade geral.
Lembra Galvão (2013, p. 260) que:
Cabe observar que a legitimidade da punição não se confunde com as questões que envolvem a legalidade de sua aplicação concreta. O problema da legitimidade é substancial, de fundo, e trata da justificação e dos valores do poder legal.
Uma vez que o Poder Público detém o poder de punir, deve agir com razoabilidade e justiça, pois uma vez que falta razoabilidade e proporcionalidade, está instaurada a tirania, o abuso de poder e o total descaso com a dignidade da pessoa humana.
Insta salientar ainda que a prisão deve ser útil, tanto para o preso como para o Estado e sociedade, assim, deve ter caráter de ressocialização, a fim de que o detento, ao tomar a liberdade não seja reincidente, aderindo a um estilo de vida honesto e digno.
Nessa seara, diz Boschi (2013, p. 91) que:
A ideia utilitária de pena (pena útil), consoante esclarece Ferrajoli, pode ser considerada, então, sob dúplice perspectiva: a primeira, pode servir para fundamentar, perfeitamente, um direito penal máximo (por exemplo, o que decorre da polícia “lei e ordem” ou, noutras palavras, da “tolerância zero”, ainda que às custas de repetidas violações das liberdades fundamentais. Significa dizer, então, que a finalidade das penas é de castigar para proteger a sociedade); a segunda, para recomendar o uso do direito penal como ultima ratio e dentro do estritamente necessário para evitar que o ofendido ou a comunidade volte a recorrer às armas para fazer a justiça pelas próprias mãos.
Conforme vimos, a pena é a última medida a ser adotada, depois que todas as demais áreas do direito falharam em garantir a paz social, assim, após um delito, deve haver a aplicação de uma pena pelo Poder Público, como forma de conter a violência e o desrespeito às leis, porém essa pena deve ser adequada e justa, além de útil.
De acordo com Galvão (2013, p. 370): “O Direito Penal, como produto político, deve encontrar legitimidade na produção de resultados socialmente construtivos”.
2.1 Prisão temporária e Prisão preventiva
A prisão é uma das principais formas de se punir em muitos locais ao redor do mundo, se popularizando a partir do século XVIII e XIX.
No Brasil essa modalidade é bastante usada, mesmo havendo fortes indícios de que não é eficiente, pelo menos não na forma em que está configurada atualmente no país.
A definição de prisão é trazida por Nucci (2014, p. 413):
É a privação da liberdade, tolhendo-se o direito de ir e vir, através do recolhimento da pessoa humana ao cárcere. Não se distingue, nesse conceito, a prisão provisória, enquanto se aguarda o deslinde da instrução criminal, daquela que resulta de cumprimento de pena. Enquanto o Código Penal regula a prisão proveniente de condenação, estabelecendo as suas espécies, formas de cumprimento e regimes de abrigo do condenado, o Código de Processo Penal cuida da prisão cautelar e provisória,destinada unicamente a vigorar, quando necessário, até o trânsito em julgado da decisão condenatória.
Bitencourt (2011, p. 162) diz que por muito tempo se acreditou que realmente a prisão poderia regenerar o réu, porém, em pouco tempo o otimismo desapareceu, restando poucas esperanças de sucesso para a prisão tradicional. Não há dúvidas de que a pena de prisão está em crise.
São comuns reportagens veiculadas na mídia a respeito da desumanidade e precariedade das prisões no país, onde se é comum violações de direitos, tornando cada vez mais difícil a recuperação e ressocialização do condenado.
De acordo com Bitencourt (2011, p. 168) os índices de reincidência no Brasil ultrapassam os 80%, provando o quanto o sistema de criminalização é falho e preciso urgentemente de mudanças.
Porém, a sociedade é levada a acreditar que apenas a pena de prisão é eficiente, e a soltura de condenados, após a progressão de regime, ou mesmo a possibilidade de prisão domiciliar gera insegurança e sensação de privilégio, descaso e impunidade.
As prisões temporária e preventiva são formas de prisões cautelares, ou seja, antes da condenação do réu.
Quanto à prisão temporária, Nucci (2014, p. 421) que é uma modalidade de prisão cautelar cujo principal objetivo é garantir uma investigação policial eficaz, quando for o caso de infração penal grave.
A Lei 7960/89 traz os casos em que cabe a prisão temporária:
Art. 1° Caberá prisão temporária:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado
A prisão temporária, portanto, é possível em casos de homicídio doloso, sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão entre outros.
É possível a prisão em flagrante, que ocorre quando o indivíduo é surpreendido no momento ou logo após realizar uma conduta delituosa.
Sobre a questão, diz o artigo 302 do Código de Processo Penal:
Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Desta forma, a prisão em flagrante não precisa de autorização judicial, basta que haja o cometimento de um delito e a autoridade policial tenha conhecimento deste.
Para Nucci (2014, p. 423), sobre a prisão em flagrante:
Flagrante significa tanto o que é manifesto ou evidente, quanto o ato que se pode observar no exato momento em que ocorre. Neste sentido, pois, prisão em flagrante é a modalidade de prisão cautelar, de natureza administrativa, realizada no instante em que se desenvolve ou termina de se concluir a infração
penal (crime ou contravenção penal). Autoriza-se essa modalidade de prisão na Constituição Federal (art. 5 º , LXI), sem a expedição de mandado de prisão pela autoridade judiciária, daí por que o seu caráter administrativo, já que seria incompreensível e ilógico que qualquer pessoa – autoridade policial ou não – visse um crime desenvolvendo-se à sua frente e não pudesse deter o autor de imediato.
Ressalte-se que a prisão deve ser informada ao juiz, ao Ministério Público e a família do detido ou pessoa por ele indicada.
As prisões realizadas atualmente devem passar pela audiência de custódia, conforme a Resolução 213/15 do CNJ – Conselho Nacional de Justiça.
Na referida Resolução, temos que:
Art. 1º Determinar que toda pessoa presa em flagrante delito, independentemente da motivação ou natureza do ato, seja obrigatoriamente apresentada, em até 24 horas da comunicação do flagrante, à autoridade judicial competente, e ouvida sobre as circunstâncias em que se realizou sua prisão ou apreensão.
§ 1º A comunicação da prisão em flagrante à autoridade judicial, que se dará por meio do encaminhamento do auto de prisão em flagrante, de acordo com as rotinas previstas em cada Estado da Federação, não supre a apresentação pessoal determinada no caput.
§ 2º Entende-se por autoridade judicial competente aquela assim disposta pelas leis de organização judiciária locais, ou, salvo omissão, definida por ato normativo do Tribunal de Justiça ou Tribunal Federal local que instituir as audiências de apresentação, incluído o juiz plantonista.
§ 3º No caso de prisão em flagrante delito da competência originária de Tribunal, a apresentação do preso poderá ser feita ao juiz que o Presidente do Tribunal ou Relator designar para esse fim.
§ 4º Estando a pessoa presa acometida de grave enfermidade, ou havendo circunstância comprovadamente excepcional que a impossibilite de ser apresentada ao juiz no prazo do caput, deverá ser assegurada a realização da audiência no local em que ela se encontre e, nos casos em que o deslocamento se mostre inviável, deverá ser providenciada a condução para a audiência de custódia imediatamente após restabelecida sua condição de saúde ou de apresentação.
§ 5º O CNJ, ouvidos os órgãos jurisdicionais locais, editará ato complementar a esta Resolução, regulamentando, em caráter excepcional, os prazos para apresentação à autoridade judicial da pessoa presa em Municípios ou sedes regionais a serem especificados, em que o juiz competente ou plantonista esteja impossibilitado de cumprir o prazo estabelecido no caput .
Assim, na prisão em flagrante é obrigatória a apresentação do detido à autoridade judicial a fim de que se decida sobre a manutenção da prisão, bem como se houve violência excessiva nesta.
Após a audiência de custódia, a prisão em flagrante poderá ser convertida em prisão preventiva ou ocorrer a liberdade do indivíduo, dependendo de cada situação.
Tal medida é uma forma de evitar prisões errôneas ou arbitrárias, bem como prevenir a ocorrência de violência policial.
No que cabe à prisão preventiva, diz Ribas (2016, p. 14) que é a espécie de prisão cautelar mais comum, e visa a efetividade da justiça com relação ao resultado do processo.
Este tipo de prisão somente pode acontecer em casos específicos previstos no Código de Processo Penal, podendo ser decretada em qualquer fase do processo pelo juiz de ofício ou por requerimento do Ministério Público, do querelante ou de autoridade policial.
A prisão preventiva será decretada em casos de garantia da ordem pública, ordem econômica, conveniência da instrução criminal, entre outros casos, conforme segue:
Art. 313.  Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:         
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;            
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;        
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;           
Parágrafo único.  Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
Desta forma, a prisão preventiva somente poderá ocorrer em casos especiais previstos em lei, uma vez que esta não possui prazo para terminar, podendo o indivíduo permanecer preso durante todo o processo.
2.2 Prisão após condenação
Atualmente, o entendimento do STF – Supremo Tribunal Federal é de que a prisão pode acontecer quando o indivíduo ainda possui recurso pendente, ou seja, a sentençaainda não transitou em julgado.
Desde 2016 o STF já havia decidido sobre a questão, permitindo a execução da provisória da pena enquanto ainda há recurso pendente.
A questão se justifica em especial pelo fato de que no Brasil o julgamento de recursos é extremamente demorado, principalmente quando a questão está pendente de julgamento na Corte Suprema, que além de ser uma Corte recursal, em última instância, ainda é foro inicial de ações contra pessoas que possuem foro privilegiado em esfera federal, fazendo com que haja um acúmulo de processos.
No dia 04 de abril a Corte Suprema se manifestou novamente sobre a questão em um Habeas Corpus interposto pela defesa do ex presidente Lula, a fim de evitar que este fosse preso enquanto ainda há recurso pendente da condenação do caso tríplex, que será analisado no capítulo 4 com maiores detalhes.
No referido habeas corpus, o Tribunal manteve o posicionamento, por 6 X 5, de que é possível prisão após condenação em segunda instância. Dessa forma, foi expedido mandado de prisão contra o ex presidente Lula, sendo aplicável a decisão a qualquer pessoa que se encontre na mesma situação, uma vez que a decisão possui efeito erga omnes.
A prisão do ex presidente Lula aconteceu na mesma semana em que houve a confirmação do STF a respeito da possibilidade de esta acontecer após condenação em segunda instância.
Certamente acontecerão novos acontecimentos na questão envolvendo a prisão de um ex Presidente da República, mas certamente a prisão foi um divisor de águas na ideia de que no Brasil não há justiça.
Contudo, o posicionamento apenas foi confirmado, posto que já havia sido analisado em 2016. 
Segue um trecho do voto do Ministro Barroso em 2016, a respeito da questão:
HABEAS CORPUS 126.292 SÃO PAULO
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E PENAL. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE. POSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO DA PENA APÓS JULGAMENTO DE SEGUNDO GRAU. 
1. A execução da pena após a decisão condenatória em segundo grau de jurisdição não ofende o princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade (CF/1988, art. 5º, LVII).
2. A prisão, neste caso, justifica-se pela conjugação de três fundamentos jurídicos: (i) a Constituição brasileira não condiciona a prisão – mas sim a culpabilidade – ao trânsito em julgado da sentença penal condenatória. O pressuposto para a privação de liberdade é a ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, e não sua irrecorribilidade. Leitura sistemática dos incisos LVII e LXI do art. 5º da Carta de 1988;
(ii) a presunção de inocência é princípio (e não regra) e, como tal, pode ser aplicada com maior ou menor intensidade, quando ponderada com outros princípios ou bens jurídicos constitucionais colidentes. No caso específico da condenação em segundo grau de jurisdição, na medida em que já houve demonstração segura da responsabilidade penal do réu e finalizou-se a apreciação de fatos e provas, o princípio da presunção de inocência adquire menor peso ao ser ponderado com o interesse constitucional na efetividade da lei penal (CF/1988, arts. 5º, caput e LXXVIII e 144); 
(iii) com o acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação esgotam-se as instâncias ordinárias e a execução da pena passa a constituir, em regra, exigência de ordem pública, necessária para assegurar a credibilidade do Poder Judiciário e do sistema penal. A mesma lógica se aplica ao julgamento por órgão colegiado, nos casos de foro por prerrogativa.
3. Há, ainda, três fundamentos pragmáticos que reforçam a opção pela linha interpretativa aqui adotada. De fato, a possibilidade de execução da pena após a condenação em segundo grau:
(i) permite tornar o sistema de justiça criminal mais funcional e equilibrado, na medida em que coíbe a infindável interposição de recursos protelatórios e favorece a valorização da jurisdição criminal ordinária; 
(ii) diminui o grau de seletividade do sistema punitivo brasileiro, tornando-o mais republicano e igualitário, bem como reduz os incentivos à criminalidade de colarinho branco, decorrente do mínimo risco de cumprimento efetivo da pena; e 
(iii) promove a quebra do paradigma da impunidade do sistema criminal, ao evitar que a necessidade de aguardar o trânsito em julgado do recurso extraordinário e do recurso especial impeça a aplicação da pena (pela prescrição) ou cause enorme distanciamento temporal entre a prática do delito e a punição, sendo certo que tais recursos têm ínfimo índice de acolhimento.
4. Denegação da ordem. Fixação da seguinte tese: “A execução de decisão penal condenatória proferida em segundo grau de jurisdição, ainda que sujeita a recurso especial ou extraordinário, não viola o princípio constitucional da presunção de inocência ou não-culpabilidade.”
Dessa forma, saliente-se que a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância não quer dizer violação ao princípio constitucional da presunção de inocência, muito pelo contrário, pois como a área recursal no país é bastante demorada, havendo uma condenação, é possível que esta seja iniciada após a condenação em segunda instância.
O assunto é debatido constantemente nos Tribunais, uma vez que a possibilidade de prisão após a condenação em segunda instância tem o condão de manter ou de autorizar prisão de pessoas que ainda não obtiveram resposta a recursos nos Tribunais Superiores, como STJ e STF.
Sobre a questão, afirma Ribas (2016, p. 15):
O STJ em súmula decidiu que por recurso especial ou extraordinário, não possuem efeito suspensivo, somente devolutivo, portanto, a interposição destes recursos contra acórdão condenatório, não impede a expedição do mandado de prisão. 
Ou seja, enquanto interpõe o recurso, o réu deve aguardar decisão ainda preso. Isto não fere s Presunção de Inocência, conforme já pacificou o STJ em Súmula de número 09, pois para que ela houvesse o juiz já deve ter fundamentado em sentença.
Assim, não há o perecimento de direitos e deveres, uma vez que o criminoso possui débitos com a sociedade que precisam ser cumpridos.
A demora na execução da pena pode dar a entender impunidade, fazendo com que mais pessoas passem a delinquir, já que não serão punidas.
Para Ribas (2016, p. 11) a respeito da presunção de inocência, temos que:
Esta garantia prevê desde seu início a preservação do inocente, pois de acordo com a história, na Idade Média as confissões eram extraídas sob tortura e estas já aconteciam dentro da prisão, o que acarretava numa falsa veracidade, pois para que cessarem as dores em decorrência da crueldade, muitos confessavam atos que não haviam cometido. Ainda, eram condenados caso restasse qualquer dúvida.
Com o passar do tempo, mais precisamente em 1789, fora consagrada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, para que não houvesse qualquer abuso, bem como para garantir também os deveres de todos os cidadãos. Tal documento teve seu advento com a Revolução Francesa, com o intuito de declarar tais direitos como universais, para guiar governantes e legisladores da época. 
Assim, com a presunção de inocência, almeja-se garantir que o detido não sofrerá agressões, sejam estas físicas ou psicológicas.
2.3 Outras modalidades de pena no direito penal
A pena de prisão deve ser a última medida a ser adotada, quando os demais recursos se mostrarem insuficientes ou ineficientes, tendo em vista diversos fatores como superlotação, descaso do Poder Público e da sociedade, péssimas estruturas físicas da maior parte dos presídios pelo país, entre outras questões.
Nessa seara, entende Boschi (2013, p. 98) que:
Portanto, se, nesse ambiente adverso, as relações entre os presos são sempre tensas e impregnadas de desconfiança, como é possível ressocializar no cárcere? Cada condenado estrutura sua vida com base em valores nem sempre idênticos aos valores do grupo a que pertence, e os valores deste, na penitenciária, são absolutamente distintos dos valores que lastreiam a vida nas sociedades livres...
No Brasil tem-se a ideia de que todo criminosodeve ser condenado a cumprir pena de prisão, contudo, o Estado pouco ou nada faz para que as penitenciárias se tornem eficientes, pois com a atual configuração pouco ou nada resolve quanto a diminuir a violência ou regenerar o indivíduo.
Acima de tudo as penas devem ser justas, pois devem atender diversas questões como repreender o criminoso, garantir a paz social e trazer os limites legais impostos pelo Estado, a fim de possibilitar a vida em sociedade, desta forma,
Além de eficaz na preservação dos bens jurídicos, espera​-se que o ordenamento repressivo oriente​-se na busca por ser justo. Apesar de toda a influência que a moral exerce sobre o Direito, a reprovação penal é sempre e somente reprovação jurídica. (GALVÃO, 2013, p. 370)
Assim sendo, aplicar penas não pode significar vingança, mas sim ressocialização e medidas que visam o bem da coletividade e do indivíduo, como membros de uma sociedade humana e que valoriza a dignidade.
Portanto, conforme expõe Galvão (2013, p. 390):
A gravidade da intervenção repressiva penal desafia os governos a encontrar solução mais humanitária para o combate ao crime do que a privação da liberdade. Ao contrário do que se sonhou e desejou, o cárcere não regenera: humilha, perverte, vicia, brutaliza e corrompe. Não se consegue obter a res​socialização do indivíduo com a ruptura de seus laços familiares e a experiência de violência que a prisão impõe​-lhe.
Punir é uma necessidade social, ao menos no atual patamar de evolução em que as comunidades se encontram, contudo, há formas e formas de se punir, e deve-se escolher a que venha a trazer mais benefícios, seja para o réu, sociedade e o próprio Estado.
Nessa seara, o Texto Maior traz as penas possíveis e as penas proibidas de serem aplicadas no país:
Art. 5º (...)
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
 a) privação ou restrição da liberdade;
 b) perda de bens;
 c) multa;
 d) prestação social alternativa;
 e) suspensão ou interdição de direitos;
 XLVII - não haverá penas:
 a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
 b) de caráter perpétuo;
 c) de trabalhos forçados;
 d) de banimento;
 e) cruéis;
Assim, podem ser aplicadas no país as penas de prisão, perda de bens, multa, prestação de serviços à comunidade e restritiva de direitos.
Quanto às penas proibidas, estão as de caráter perpétuo, de morte, entre outras humilhantes e degradantes, que não dão ao indivíduo a esperança de voltar a ter sua liberdade.
Nesse sentido, diz Boschi (2013, p. 128-129):
Razões de humanidade justificam e determinam, a nosso sentir, uma revisão desse posicionamento jurisprudencial. A pena de prisão perpétua atua como substitutivo da pena de morte e deve – ao contrário desta última – irradiar uma luz, mesmo tênue, de esperança na comutação e no retorno à liberdade...
A tradição constitucional brasileira, aliás, é contrária às penas perpétuas, como dimanam do inc. 24 do art. 113 da CF de 1934, do inciso XIII do art. 122 da CF de 1937, do § 31 do artigo 141 da CF de 1946, do § 11 do artigo 150 da CF de 1967, do § 11 do art. 153 da Emenda 1/69 e, agora, da letra “b” do inc. XLVII do art. 5º da atual CF.
Dessa forma, há a necessidade da ressocialização, da remissão, a fim de que o indivíduo tenha outra chance.
Não há como querer que uma pessoa possa se regenerar se não são oferecidas medidas para que o indivíduo possa ter acesso a outro estilo de vida e de condutas.
3 O STF E A PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA
A prisão após condenação em segunda instância significa que o indivíduo pode ser preso enquanto ainda estiver pendente recurso no STJ ou STF, possibilitando, portanto, a execução da pena.
O STF tem entendido que esse tipo de situação não é apenas possível, como é a regra adotada atualmente, a fim de evitar maior sentimento de impunidade, uma vez que muitos recursos chegam a demorar anos para serem julgados.
Esse já era o entendimento da Corte, que desde anos anteriores já havia se fixado contra a prisão antes de decisão de recurso em segunda instância, a fim de se evitar a prisão desnecessária e arbitrária.
Em 2016, o STF já havia analisado a questão e teve um posicionamento semelhante, colocando fim no antigo entendimento, que prevaleceu por alguns anos, de que a prisão somente poderia acontecer após esgotadas todas as esferas recursais.
O resultado se originou através do julgamento do HC 126.292, de 2016, que ocorreu em fevereiro de 2016, resultando na seguinte ementa:
HABEAS CORPUS 126.292 SÃO PAULO
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI
PACTE. (S): MARCIO RODRIGUES DANTAS
IMPTE. (S): MARIA CLAUDIA DE SEIXAS
COATOR (A/S)(ES):
RELATOR DO HC Nº 313.021 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
EMENTA: 
CONSTITUCIONAL. HABEAS CORPUS. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (CF, ART. 5º, LVII). SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA CONFIRMADA POR TRIBUNAL DE 
SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. 
1 A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal. 
2. Habeas corpus denegado. 
Para Dias (2016, p. 10), ainda há boa parte da doutrina que concorda com o posicionamento anterior, uma vez que a culpabilidade é uma exceção, uma vez que não mais prevalece o entendimento que vigorou ao longo dos anos da Idade Média, em que o indivíduo era tido como culpado até que se provasse o contrário.
Sobre a questão, insta salientar que o entendimento da impossibilidade da execução da pena após condenação em segunda instância prevaleceu apenas entre os anos de 2009 e 2016, sendo que a partir de então se voltou para o antigo entendimento, que tem prevalecido nos dias de hoje.
Sobre a questão, temos:
Em fevereiro de 2009, no julgamento do HC 84.078/MG, de relatoria do ministro Eros Grau, o Supremo Tribunal Federal (STF) firmou entendimento no sentido da inconstitucionalidade da execução provisória da pena quando pendente recurso sem efeito suspensivo, em observância ao princípio da presunção de inocência. Com isso, a prisão do acusado, antes da condenação definitiva, só poderia ser decretada para acautelar o processo.
Entretanto, em fevereiro de 2016, ou seja, apenas sete anos depois, a Suprema Corte, no âmbito do habeas corpus 126.292/SP, relatado pelo Ministro Teori Zavascki, modificou radicalmente seu posicionamento sobre o assunto, passando a admitir a possibilidade de execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário. (PINTO, 2016, p. 04)
No Brasil, ao longo do período colonial, o que prevaleceu foi o modelo inquisitório, em que um único órgão acusava e julgava o indivíduo, sendo praticamente certa a condenação.
Nesse sentido, a mudança de entendimento ocorreu em 2016 e não em 2018, embora nesse último tenha ocorrido bastante repercussão, já que se analisou o caso de personalidade da política brasileira, qual seja, o ex presidente Lula.
No caso de 2016, quando o entendimento foi alterado, o relator era o Ministro Teori Zavascki, que votou pela mudança do entendimento e foi seguido pelos Ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. Enquanto isso a Ministra Rosa Weber se manifestou pela permanência do entendimento. Seguiram ainda o relator os Ministros Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. Votaram contrários a alteração do entendimento ainda os Ministros Marco Aurélio, Celso Mello e Lewandowski. (MIGALHAS, 2018, p. 01)
Nesse sentido, aponta Ramos (2017, p. 08) que:
Os ministros que votaram à favor da mudança tem por fundamento o fim da morosidade da justiça, a sensação de impunidade e o intuito de prestigiar o trabalho de juízes de primeira e segunda instância para que não sejam apenas tribunais de passagem, além de por fim a inúmeros recursos com intençãoapenas de protelar o processo. Os ministros defendem a ideia de que a presunção de inocência já foi assegurada até o segundo grau, não tendo relação com o trânsito em julgado da sentença.
Mais um argumento a favor da prisão após condenação em segunda instância é o fato de que em outros países essa já vem sendo a regra.
Levando-se em conta que no Brasil a lentidão do Poder Judiciário poderia ocasionar ainda mais sentimento de impunidade, a prisão após condenação em segunda instância é uma forma de se garantir a confiabilidade na justiça.
Schreiber (2018, p. 01) entende que:
Um dos argumentos usados pelos defensores do cumprimento antecipado da pena é o de que o Brasil seria um ponto fora da curva, já que a maioria dos países permitiria a prisão após decisão em segunda instância. O argumento foi citado pelo falecido ministro Teori Zavascki, no voto vencedor em 2016, que citou a legislação de nações como Estados Unidos, França, Alemanha e Portugal. O resultado desse julgamento foi apertado e há expectativa de que ele possa ser revertido agora.
Nos Estados Unidos, por exemplo, boa parte dos réus fazem acordo já na primeira instância e desistem de recursos, e os poucos que recorrem, em sua maioria esperam o resultado presos.
Cada modelo tem seus percalços, mas com a disseminada sensação de impunidade que já existe no Brasil, adiar o cumprimento de uma condenação, que já tenha sido confirmada por um colegiado é incentivar ainda mais a descrença nas instituições de poder do país.
Dias (2016, p. 12) comenta que apenas depois da primeira Constituição, que ocorreu em 1824 que o Brasil começou a inserir em suas leis questões relacionadas a direitos fundamentais, bem como o julgamento justo e com direito a contraditório e ampla defesa.
Nessa seara, a presunção de inocência é a garantia de um julgamento justo e da preservação da dignidade humana em qualquer circunstância.
Contudo, após o julgamento em segunda instância, a ocorrência da prisão não viola os preceitos da presunção de inocência, muito pelo contrário, confirma a sentença, fazendo com que o interesse da coletividade em ver o criminoso pagando seus débitos com a sociedade.
Porém, muitos doutrinadores e estudiosos do direito continuam entendendo que tal preceito representa uma afronta a um dos princípios mais elementares da Constituição Federal, qual seja a presunção de inocência.
Cardoso (2018, p. 01) entende, nessa seara que desde 2016, com a decisão do HC 126.292, que autorizou o cumprimento imediato da pena, negando recurso da defesa, passou a tratar aquele que até então era tratado como acusado, como culpado, permitindo o início do cumprimento da pena, mesmo enquanto ainda pendente recurso.
Nesse sentido, resume os votos Dias (2016, p. 16):
A questão do julgamento desse habeas corpus se refere à prisão para cumprimento imediato da pena. Os ministros, nos seus votos, ponderam sobre o alcance do Princípio da Presunção de Inocência, se termina na sentença de segunda instância, permitindo a possibilidade de prisão imediata do réu. Também outros quesitos, como por exemplo, se é absoluto ou não o Princípio da Presunção de Inocência. Segundo ministros da corte suprema, o exemplo da não absolutariedade é a prisão provisória, mesmo que tenha seus requisitos específicos.
A nova decisão, que ocorreu no HC do ex presidente Lula nada mais fez do que manter um posicionamento que já vinha sendo concretizado e usado como precedente desde 2016.
Nesse sentido, não representou perseguição política, vingança ou mesmo injustiça, muito pelo contrário, foi uma prova de que o judiciário ainda é uma instituição séria, que priva pela imparcialidade e a efetivação da justiça.
O STF vem relativizando princípios constitucionais e aplicando teorias do direito há muito estudadas e comentadas, como a questão que envolve a aplicação de regras e princípios.
Contudo, são grandes as críticas, desde 2016, conforme se pode constatar através de Cardoso (2018, p. 01):
Que não se discuta a figura do criminoso ou mesmo do crime por ele praticado; também não há que se falar em quaisquer órgãos de proteção dos direitos humanos (já que para boa parte da população os direitos humanos servem de escudo para a proteção de criminosos), apesar de que qualquer lesão das garantias fundamentais pode ser tratada como uma lesão aos direitos humanos. É salutar discutir a possibilidade de um dos três poderes, no caso o poder judiciário na figura do STF, relativizar princípio de natureza constitucional, especialmente o da presunção de inocência.
Importante, antes de estabelecer qualquer reflexão crítica, lembrar que a Constituição Federal de 1988, também chamada de Constituição Cidadã, trouxe em seu bojo uma série de direitos e garantias para que o indivíduo se sentisse protegido pelo Estado, vez que no pacto social firmado entre ambos, a troca da liberdade do indivíduo cobraria em contrapartida do Estado a sua proteção como forma de propor estabilidade nas relações humanas, segurança, paz social.
A Constituição Federal valoriza os direitos fundamentais, contudo, não pode ser usada como forma de permitir a impunidade ou a demora tão excessiva na execução de uma pena que faça perder a razão disso acontecer.
O Texto Maior deve ser usado para garantir a efetivação de direitos, priorizando a coletividade em detrimento do particular, nesse sentido, se relativiza um preceito fundamental a fim de que a sociedade como um todo não seja sacrificada.
Nesse sentido, ensina Silva (2018, p. 01) que logo após a decisão de 2016 sobre o tema foram diversos debates, alguns defendendo, outros criticando veementemente a decisão:
A partir de então houveram várias opiniões favoráveis e contrárias de diversos setores da sociedade, sendo que, por fazer parte desse contexto, a classe jurídica foi a que mais repercutiu sobre o tema. E o tom desta discussão foi bastante elevado em todo país, talvez devido o momento em que o Brasil vem atravessando em relação a sua instabilidade política e econômica, mas, principalmente, pelas prisões decorrentes da operação “lava jato” de pessoas que integravam o alto escalação do governo ou de pessoas privadas ligadas às empresas que mantinham negócios com alguns setores do Poder Público, por meio de procedimentos ilícitos.
A controvérsia desta decisão encontra-se justamente na interpretação do artigo. 5°, inciso LVII da Constituição Federal de 1988, que foi analisado no capítulo anterior, no qual está insculpido, mesmo que de forma implícita, o princípio da não culpabilidade, ou para outras interpretações, o princípio da presunção de inocência.
Contudo, Cardoso (2018, p. 01) entende que a relativização viola preceitos fundamentais, prejudicando o réu e colocando em risco toda a sociedade, já que abre precedentes para outras relativizações:
Defender a mitigação desse direito fundamental é permitir que a sociedade de um modo geral fosse tratada, ou melhor, diferenciada por critérios preestabelecidos; uma espécie de segregação dentro da própria natureza humana. Tendo por ponto de partida que todos fazem parte da raça humana, impossível aceitar a ideia de que um acusado, ou até mesmo um condenado seja excluído do rol de direitos fundamentais que lhe confere dignidade. Que cumpra sua pena, mas que sua condição de sujeito de direitos seja mantida.
Na sequência, oportuno também lembrar alguns incisos do artigo 5º. Inicia-se a reflexão pelo inciso III afirmando que ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Buscando o mais simples significado da palavra degradante, encontra-se como sinônimo as palavras desonrante, deteriorante, ou seja, aquele que porventura receber qualquer espécie de tratamento degradante, algo que é vedado pela Constituição Federal, estará recebendo um tratamento que lhe fere a honra.
Diante da afirmação do STF, permaneceu o entendimento da relativização, inclusive do trânsito em julgado.
Insta salientar que tal entendimento é que prevalece no direito estrangeiro, como forma de manter a dignidade humanae o respeito da coletividade, que precisa ver seus clamores atendidos, mesmo que isso signifique a relativização de direitos fundamentais.
É fato que a decisão de 2016 foi por sete votos a quatro, e a de 2018, seis a cinco, demonstrando que o posicionamento pode estar mudando, contudo, o que permaneceu é o resultado final, que manteve o entendimento consolidado em 2016.
O paradigma visando agilizar o cumprimento de pena veio em 2016, não em 2018, repita-se: o que o STF fez recentemente foi confirmar um entendimento que já existia, concretizando ainda mais a questão, formando precedente.
3.1 O Código de Processo Penal
Todas as pessoas têm o direito de serem consideradas inocentes até que se esgotem todos os recursos e após serem garantidos todos os meios de defesa e contraditório.
A presunção de inocência está prevista na Constituição Federal como um preceito basilar do Estado, sendo um direito fundamental, 
Art. 5º.
(...)
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
As Constituições brasileiras anteriores não haviam sido tão explícitas quanto ao princípio da presunção de inocência, cabendo tal questão a atual Carta Maior. (PINTO, 2016, p. 07)
A presunção de inocência data de épocas bem antigas, como a Carta Magna, de 1215 e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, porém, nem sempre tais quesitos foram respeitados, se concretizando de fato como direitos essenciais recentemente.
Sobre a questão, diz Pinto (2016, p. 06):
Entretanto, como essas Declarações eram desprovidas de mecanismos jurídicos de coerção, que garantissem a efetivação das propostas estabelecidas pelos Estados -membros, era necessária realização de um pacto, cujos enunciados poderiam ser exigidos de seus signatários. Por essa razão, foi aprovado pela assembleia geral da ONU, em 1966, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que, entre outras garantias, estabeleceu expressamente em seu art. 14, item 2 que “toda pessoa acusada de um delito terá o direito a que presuma sua inocência enquanto não for legalmente comprovada sua culpa” 
Colocar em risco os direitos fundamentais, que tanto demoraram para serem positivados representa, sem dúvida, um risco.
Contudo, quando o assunto é a execução de pena quando ainda há recurso passível de julgamento, insta salientar o que diz o Código de Processo Penal: “Art. 637.  O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a execução da sentença”.
Nesse sentido, mesmo que haja recurso pendente no STF, é possível a execução da pena, pois tal recurso não possui efeito suspensivo, ou seja, não impede que a sentença comece a ser executada.
O STF, conforme dito, apenas reafirmou um entendimento que já havia se consolidado há dois anos, fazendo com que se concretizasse ainda mais o posicionamento, vinculando instâncias inferiores.
3.2 Os votos
A decisão, que foi mundialmente comentada, visava analisar a questão sobre a prisão após condenação em segunda instância, porém, o paciente do caso era nada menos que o também mundialmente conhecido ex presidente Lula, que acusado de corrupção e outros tantos crimes, se viu diante da justiça brasileira, coisa que pouca gente imaginava, já que o país é conhecido por haver sempre o “jeitinho brasileiro”, que faz com que muitas pessoas, em especial aquelas que possuem recursos financeiros e influência, se isentem de serem responsabilizadas por seus crimes.
O julgamento teve origem a partir de um habeas corpus contra a decisão em fase recursal em que o TRT4 manteve a sentença proferida pelo juiz Sérgio Moro, contra e ex Presidente Lula, aumentando a pena de 9 para 12 anos de prisão.
Por 6 votos a 5 os Ministros do STF entenderam que não há ilegalidade em se iniciar o cumprimento de pena de prisão enquanto ainda está pendente recurso, nesse sentido o relator, Ministro Edson Fachin defendeu a improcedência do habeas corpus, uma vez que há entendimento, que tem prevalecido nos últimos anos acerca da prisão a partir da condenação em segunda instância e, uma vez que não há novos julgamentos em controle concentrado sobre o tema, o precedente deveria ser respeitado.
Nesse sentido, temos ainda que:
O ministro Alexandre de Moraes acompanhou o relator. Segundo seu voto, em quase 30 anos desde a edição da Constituição Federal de 1988, apenas durante sete anos, entre 2009 e 2016, o STF teve entendimento contrário à prisão em segunda instância. “Não há nenhuma ilegalidade ou abuso de poder que permitiria a concessão do habeas corpus”, afirmou. “A decisão do STJ, ao acompanhar e aplicar a decisão do Supremo, agiu com total acerto. A presunção de inocência, todos sabemos, é uma presunção relativa”. (STF, 2018)
O Ministro Barroso também seguiu o voto do relator, defendendo que a execução de pena deve sim ser a partir da condenação em segunda instância, não havendo violação ao princípio da presunção de inocência, já que este é um preceito relativo e não absoluto.
A Ministra Rosa Weber também acompanhou o relator, defendendo a importância de se haver previsibilidade nas decisões das Cortes, de forma a se consolidar entendimentos, pacificando divergências, como um fundamento de democracia.
Ainda com entendimento parecido, votou o Ministro Fux, defendendo que a execução da pena após condenação em segunda instância não viola o princípio da presunção de inocência.
Acerca do voto do Ministro Fux, segue um trecho:
Acaso superada a preliminar, não se revelam presentes os fundamentos legais que permitiriam a concessão da ordem de Habeas corpus, ante a ausência de ilegalidade ou abuso de poder na decisão atacada.
É que a decisão do STJ aplicou a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, no sentido da legitimidade constitucional da execução da pena a partir do julgamento colegiado em sentido condenatório.
Com efeito, em três oportunidades esta Corte manifestou a compreensão de que o princípio da presunção de inocência (ou de não-culpabilidade), extraído da norma do art. 5º, LVII, da Constituição Federal, não impede o início da execução da pena fixada na condenação, uma vez esgotados os recursos cabíveis nas instâncias ordinárias. (HC 152752 / PR, Voto Ministro Fux, 2018)
Por fim, a Ministra Carmén Lúcia defendeu a execução de pena após a condenação em segunda instância.
Infelizmente a íntegra do acórdão ainda não foi disponibilizada, contudo, iremos comentar alguns dos votos.
Segue abaixo um resumo de como votaram os Ministros sobre o caso:
Fonte: Avelar, 2018.
Nesse sentido, tivemos, portanto, a reafirmação da possibilidade de execução de sentença após a condenação em segunda instância, atingindo não apenas o ex presidente Lula, mas todos aqueles condenados à pena de prisão que aguardam resposta de recurso em outras instâncias.
Em regra os recursos nos Tribunais superiores não possuem efeito suspensivo, sendo possível a execução da pena pelo juízo de primeiro grau, como aconteceu com o ex presidente.
3.3 A decisão
No dia 04 de abril de 2018 a Suprema Corte julgou o HC 152752, em que o paciente era o ex Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, sendo a decisão do pleno:
Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, denegou a ordem, vencidos, em menor extensão, os Ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, e, em maior extensão, os Ministros Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello. Em seguida, o Tribunal, por unanimidade, rejeitou questão de ordem, suscitada da tribuna pelo advogado do paciente, no sentido de que, havendo empate na votação, a Presidente do Tribunal não poderia votar. Ao final, o Tribunal indeferiu novo pedido de medida liminar suscitado da tribuna, vencidos os Ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio, e cassou o salvo-conduto anteriormente concedido. Ausente, justificadamente, o Ministro Gilmar Mendes na votação da questão de ordem e do pedido de medida liminar. Presidiuo julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 4.4.2018. (STF, 2018)
Com a decisão, que por maioria, os Ministros do STF negaram o recurso, que impetrado visava adiar a prisão do ex Presidente Lula, uma vez que se consolida precedentes, atualmente qualquer pessoa pode ser presa enquanto ainda pendente recurso em últimas instâncias.
Desta forma, a pena aplicada ao ex Presidente Lula pode iniciar a sua execução, que culminou na decretação da prisão deste.
Nessa seara, é possível verificar a questão em trecho do voto do Ministro Fux sobre a questão:
Portanto, pode-se, inicialmente, considerar que se a Constituição impedisse a prisão antes do trânsito em julgado da condenação, a norma deveria estatuí-lo expressamente (“enquanto não sobrevier o trânsito em julgado da condenação, não será iniciada a execução da pena”).
Resta plausível, portanto, concluir que a presunção de inocência até o trânsito em julgado não se confunde com a impossibilidade de prisão decorrente de condenação não transitada em julgado.
Nesse sentido, portanto, não houve nenhuma inovação na decisão envolvendo o ex presidente Lula, mas uma confirmação de entendimento que já vem se consolidando na Corte Maior e, consequentemente nos demais órgãos do Poder Judiciário de relativização da presunção de inocência e do trânsito em julgado, uma vez que, após duas instâncias, a chance de a sentença ser mantida em outros Tribunais é grande, restando poucas dúvidas a respeito da conduta do réu.
No entanto, a confirmação da decisão não impede que o réu, embora preso, possa se valer de toda a imensa lista de recursos existentes no direito brasileiro, não podendo ser impedido de ver seu advogado e de exercer seu direito de contraditório e ampla defesa.
Sobre a questão, afirma Ramos (2017, p. 15) que:
Por fim, devem ser assegurados os recursos cabíveis, quando forem de interesse do acusado por se sentir lesado quanto à decisão que o tenha condenado. Havendo a coisa julgada, ainda restará a possibilidade da revisão criminal, quando ficar claro que houve um erro na decisão proferida, pois todos estão sujeitos a eles, uma decisão injusta não é apenas prejudicial ao réu condenado, mas também a toda sociedade, sendo a revisão criminal uma grande garantia do Direito Processual Penal brasileiro, atingindo também o princípio da presunção de inocência, pois, mesmo condenado, o acusado prova ter sido a condenação injusta, declarando-se inocente e reavendo a sua liberdade.
Se, embora após a segunda condenação, em esfera recursal o réu conseguir reverter a situação, poderá ser colocado em liberdade, no entanto, com a análise da sentença em segunda instância e sendo reafirmada a condenação, dificilmente esta será alterada em outras esferas recursais, e, diante dessa certeza relativa, há a possibilidade de se iniciar o cumprimento da pena, inclusive de prisão, uma vez que recursos aos Tribunais superiores, como o Recurso Extraordinário, não possui efeito suspensivo.
4 CONDENADOS NA LAVA-JATO E A PRISÃO 
O Brasil tem passado por uma das maiores crises econômicas, políticas e institucionais de sua história.
Algumas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, que iniciaram de forma despretensiosa terminaram por dar origem a uma das maiores ações contra o crime organizado, crimes econômicos e outros, envolvendo grandes empresas, políticos e personalidades do país.
A Operação Lava-Jato tem sido a maior investigação já realizada no país, tendo como foco combater crimes diversos, em especial corrupção, lavagem de dinheiro, superfaturamento de obras públicas, entre outros.
As investigações começaram no Paraná, em 2014, unificando algumas ações que investigavam ações de doleiros, que faziam o uso de dinheiro público para a prática de crimes econômicos. A denominação “lava-jato” se deve ao fato de que as primeiras investigações levaram a esquemas que faziam o uso de postos de gasolina e lavanderias para lavar o dinheiro desviado. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2018, p. 01)
Segundo Pavenelli (2018, p. 01):
A Operação Lava Jato, que teve a 1ª fase deflagrada em 17 de março de 2014, começou com a investigação de lavagem de dinheiro em um posto de combustíveis e chegou a um esquema criminoso de fraude, corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras. Posteriormente, a ação alcançou outras estatais. 
Só na Petrobras, a Polícia Federal (PF) estimou um prejuízo que pode chegar a R$ 42,8 bilhões, de acordo com o laudo de perícia criminal anexado a um dos processos da Lava Jato, em 2015. 
A Petrobras informou que, do dinheiro desviado, R$ 1,5 bilhão já retornou para os cofres da estatal por meio de autorizações. 
Com o avanço das investigações, a força-tarefa ganhou ramificações. Além de Curitiba, há equipes trabalhando em Brasília e no Rio de Janeiro. 
Na 48ª fase a operação chegou às concessões de rodovias federais do Paraná, e fez buscas no Palácio Iguaçu, sede do Governo do Estado. Batizada de integração, esta etapa apura crimes como corrupção, fraude a licitações e lavagem de dinheiro na gestão das concessões. 
A Operação Lava-Jato já está em sua 51ª fase, investigando centenas de pessoas, recuperando valores vultuosos de dinheiro, bem como trazendo um pouco de esperança para a população brasileira.
São mais de quatro anos de investigações, com grande eficiência no que diz respeito às prisões, condenações, apreensões e outras.
De acordo com dados do MPF (2018, p. 01), a Operação Lava-jato, em todas as suas fases até o momento já realizou mais de 1700 procedimentos, 953 mandados de busca e apreensão, 227 mandados de condução coercivas, 114 mandados de prisão preventiva, 120 mandados de prisão temporária, mais de 450 pedidos de colaboração internacional, 163 acordos de colaboração premiada, entre outros.
Os principais crimes investigados até o momento são corrupção, organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, entre outros.
Até o momento mais de 200 pessoas foram condenadas nas primeiras instâncias (Curitiba e Rio de Janeiro), totalizando quase 2000 anos de prisão, ressaltando que já foram arrecadados mais de 38 bilhões de reais entre multas e ressarcimentos.
Além disso já houve mais de 70 confirmações das condenações nos Tribunais Regionais Federais, como o TRF 4.
Dentre os nomes de condenados pela Lava-jato até o momento, temos, Antonio Palocci (PT), ex-ministro e ex-deputado federal, André Vargas (PT), ex-deputado federal, Eduardo Cunha (MDB), ex -deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, Gim Argello (PTB), ex-senador, Sérgio Cabral (MDB), ex-governador do Rio de Janeiro, João Vaccari Neto (PT), ex-tesoureiro da legenda, Luiz Argolô (SD), ex-deputado federal, Geddel Vieira Lima (MDB), ex-ministro e ex-deputado federal, Henrique Eduardo Alves (MDB), ex-deputado federal, Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, sócio de Sérgio Cabral, Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho, ex-secretário de governo de Sérgio Cabral, Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Pedro Augusto Corte Xavier Bastos, gerente da Área Internacional da Petrobras, Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, Márcio de Almeida Ferreira, ex-gerente da Petrobras, Roberto Gonçalves, ex-gerente da Petrobras, Márcio de Almeida Ferreira, ex-gerente de empreendimentos da Petrobras, Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, Adir Assad, empresário, Raul Schmidt Felipe Júnior, lobista e operador do esquema, João Augusto Rezende Henriques, lobista e operador financeiro, Bruno Gonçalves da Luz, acusado de ser operador do PMDB, Jorge Antônio da Luz, acusado de ser operador do PMDB. (CAVALANTE, 2018, p. 01)
Todos os dias novas descobertas são realizadas pelas investigações e sempre há um novo capítulo na Operação Lava-jato e seus desdobramentos.
Em pesquisa realizada em abril (BÄCHTOLD, 2018, p. 01) afirma que 84% dos entrevistados afirmou que concorda que as investigações da Lava-jato continuem. Por outro lado, 12% afirmaram que a Operação Lava-jato já cumpriu seus objetivos e deveria ser encerrada.
A repercussãoda Operação Lava-jato com a população tem sido tão grande que o Juiz Sérgio Moro, bem como a Vara da Justiça Federal em que atua estão se tornando referência, muitas pessoas, inclusive, denominam o local de “República de Curitiba”.
Além disso, a mesma pesquisa concluiu que a maior parte dos brasileiros concorda com a prisão após condenação em segunda instância.
A Operação Lava-jato ficou bastante famosa e tem sido aclamada pela população brasileira, assim como tem se tornado referência mundial no que diz respeito ao combate ao crime organizado, em especial o que envolve grandes personalidades, como políticos e empresários.
Antes da Lava-jato o Brasil era conhecido como um país em que pessoas com poder eram inalcançáveis pela Justiça, contudo, desde o início das investigações da Operação Lava-jato essa visão tem sido alterada, em especial após a grande efetividade alcançada com condenações, recuperação de grandes valores de dinheiro público desviado, aplicações de multas, entre outras.
4.1 O caso Lula
Dentre as inúmeras operações demandas pela Lava-jato, o ex presidente Lula apareceu como um dos nomes citados em algumas delas, sendo condenado, até o presente momento no caso Triplex a mais de 12 anos de prisão, sendo que esta se concretizou após a confirmação da sentença pela segunda instância.
A condenação nesse caso levou aproximadamente 10 meses para acontecer, sendo que a condenação em primeira instância foi de mais de 9 anos, em razão dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex, localizado no Guarujá. (PAVENELLI, 2018, p. 01)
A sentença contra o ex presidente Lula foi aumentada em instância recursal pelo TRF 4, totalizando mais de 12 anos de prisão.
Em delações, a empreiteira OAS afirmou que o tríplex foi pagamento de propina em troca de favores na Petrobras.
Dentre os crimes mais comuns que estão sendo julgados em processos relacionados com a Lava-jato, estão o de associação criminosa, que de acordo com Greco (2015, p. 207):
O delito de associação criminosa vem tipificado no art. 288 do Código Penal, com a nova redação que lhe foi conferida pela Lei n" 12.850, de 2 de agosto de 2013, que alterou também sua rubrica, abandonando a denominação quadrilha ou bando, já consagrada pela doutrina e que, por razões da nova definição legal, já não se fazia mais pertinente.
A associação criminosa é um dos crimes mais comuns praticados por pessoas envolvidas na Lava-jato, tendo em vista que, quando se trata de situações envolvendo grandes quantias em dinheiro, é comum que seja necessário a participação de muitas pessoas.
Dessa forma, a associação criminosa é uma forma de se praticar muitos delitos, que podem estar ou não conexos, como a lavagem de dinheiro, corrupção, desvios de verbas públicas, superfaturamento de obras, entre outras.
Segundo Greco (2015, p. 208):
Tratando-se de crime formal, de consumação antecipada, o delito de associação criminosa se configura quando ocorre a adesão do terceiro sujeito ao grupo criminoso, que terá por finalidade a prática de um número indeterminado de crimes. Não há necessidade, para efeitos de configuração do delito, que seja praticada uma única infração penal, nem sequer em função da qual a associação criminosa foi formada. Se houver a prática dos delitos em razão dos quais a associação criminosa foi constituída, haverá concurso material de crimes entre eles.
Além disso, é um dos crimes de maior repercussão quanto às investigações da Lava-jato.
 O ex presidente Lula, após a confirmação da sentença pelo TRF 4, e o julgamento do Habeas Corpus pelo STF, teve o cumprimento de sua pena iniciado em abril de 2018, sendo que o lapso temporal entre a condenação em primeira instância e o início da execução da pena, levou aproximadamente nove meses, o que faz do caso o mais rápido dentre as ações da Lava-jato. (MARQUES, 2018, p. 01)
Contudo, embora tenha sido preso na Lava-jato, no caso tríplex, o ex presidente Lula ainda responde por outros processos na Operação.
Nesse sentido, Vassallo (2018, p. 01), o ex presidente enfrenta mais seis processos, sendo que dois deles tramitam em Curitiba e os demais em Brasília. 
Dessa forma, embora ainda possua muitos admiradores e militantes de sua causa, o ex presidente Lula ainda enfrenta diversos processos, dentro e fora da Operação Lava-jato, possuindo chances de condenação, podendo, inclusive aumentar sua permanência na prisão.
Insta salientar que, quando era Presidente da República, Lula sancionou alterações no Código Penal que tornaram mais rígidas as tratativas contra crimes que envolvam corrupção.
Atualmente o Código Penal traz em seu artigo 33 o seguinte:
Art. 33
(...)
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais
Nesse sentido, certamente a vida do agora detido ex presidente se torna mais difícil.
Já passa de dois meses que o ex presidente está cumprindo pena e, com tais alterações ocorridas no Código Penal em 2003, suas chances de liberdade, ou mesmo de concorrer às eleições de 2018 diminuem a cada dia.
Ressalte-se que, conforme Bächtold. Fleck (2018, p. 01) que caso o ex presidente Lula não consiga reverter sua pena nas instâncias superiores, somente conseguirá progredir de regime após cumprir dois anos em regime fechado e se tiver pago a indenização de mais de 13 milhões de reais, com juros e correção, conforme determinado pelo TRF4.
Tal fato também é reflexo da lei que foi sancionada pelo então presidente Lula, recém eleito e em posse do cargo no ano de 2003.
4.2 Outros condenados
A primeira instância em que correm processos relacionados com a Lava-Jato, já foram proferidas mais de 40 sentenças, sendo que a grande maioria se refere a julgamentos proferidos pelo juiz Sérgio Moro, que atualmente é mundialmente conhecido pela atuação em casos que combatem a corrupção, lavagem de dinheiro e crimes conexos. (PAVENELLI, 2018, p. 01).
Nesse sentido, 
O tempo médio de trâmite das ações da Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba – desde a aceitação da denúncia até a publicação da sentença – foi de 9 meses e 10 dias, segundo levantamento feito pelo G1 com base em informações da Justiça Federal do Paraná. 
Um relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgado em 2017 com dados de 2016, mostra que a tramitação de ações criminais na primeira instância da Justiça Federal da 4ª Região levou, em média, 1 ano e 7 meses. 
O levantamento avalia o intervalo de tempo que vai do protocolo da ação até a baixa do processo, ou seja, quando ele segue para a fase de execução. (PAVENELLI, 2018, p. 01)
Já foram condenados na primeira instância ex políticos, ex ministros, empresários e outras pessoas com influência nacional.
O ex deputado, que foi cassado, Eduardo Cunha foi um dos condenados, recebendo uma pena de mais de 15 anos de prisão, que estão sendo cumpridos no Complexo Médico Penal (CMP), de Pinhais, que fica na região metropolitana de Curitiba.
O ex presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine foi condenado a mais de 11 anos de prisão.
Insta salientar que a eficiência da Operação Lava-Jato está no fato de as investigações estarem trazendo bons resultados, assim como a agilidade nos julgamentos e condenações de envolvidos, assim,
A ação da Lava Jato sentenciada com maior agilidade, em pouco mais de quatro meses desde o recebimento da denúncia, foi a que condenou o ex-deputado federal André Vargas a 14 anos e 4 meses de prisão. Vargas foi o primeiro político a ser condenado em um processo da operação. 
Preso em abril de 2015, na 11ª fase da Lava Jato, ele atualmente cumpre pena no CMP. 
O ex-deputado foi condenado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, e foi absolvido pelo crime de pertinência a organização criminosa. (PAVENELLI, 2018, p. 01)
Após a grande repercussão da Operação Lava-Jato, a 13ª Vara da Justiça Federal de Curitibaficou conhecida pela agilidade nos procedimentos, que atualmente se resumem a novos casos apenas relacionados às investigações da operação e a casos que já estavam em andamento no local.
Enfim, conforme já se comentou foram mais de duas centenas de pessoas condenadas pela Lava-jato. 
Com a decisão do STF de manter o entendimento de prisão após condenação em segunda instância, outros investigados / processados pela lava-jato também correm risco de serem presos nas próximas fases da decisão.
José Dirceu, Ricardo Hoffman e outros estão na mira da Lava-jato, sendo que, embora estivesse cumprindo pena em casa, José Dirceu, novamente condenado, se entregou para cumprimento de pena de prisão de mais de 30 anos em maio de 2018.
O ex ministro, que já esteve atrás das grades teve um habeas corpus atendido pelo STF em 2017. (CONJUR, 2018, p. 01)
Por sua vez, o ex ministro Antonio Palocci continua preso em Curitiba desde 2016, após o STF negar um habeas corpus.
Nesse sentido, Ramalho et al (2018, p. 01):
Por 7 votos a 4, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram nesta quinta-feira (12) manter na cadeia o ex-ministro Antonio Palocci, preso desde setembro de 2016 em Curitiba no âmbito da Operação Lava Jato. 
O tribunal entendeu que não há ilegalidade nem excesso na duração da prisão preventiva – o ex-ministro está detido há mais de um ano e meio e reivindicava recorrer em liberdade da condenação a 12 anos e 2 meses de detenção imposta pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal. 
Dessa forma, é possível entender que as investigações da Lava-jato estão rompendo paradigmas ao demonstrar que a Justiça é para todos, assim como as leis.
Isso demonstra que o país está vivendo uma nova Era, em que há pessoas empenhadas a lutar pela ética e pela efetividade de um sistema normativo baseado nos preceitos de igualdade, liberdade e democracia, tendo como base a dignidade da pessoa humana.
Assim, podemos entender que várias personalidades da política e do cotidiano brasileiro passam a ser abrangidos pela lei e pela justiça, sendo obrigados a pagar pelos excessos cometidos enquanto estavam no poder.
Nesse sentido, diz Ramalho et al (2018, p. 01):
Palocci pediu ao STF para derrubar um decreto de prisão preventiva – sem condenação – assinado por Sérgio Moro no final de setembro de 2016, quando era investigado pela suspeita de negociar propinas da Odebrecht para o PT em troca de vantagens para a empreiteira em contratos com a Petrobras. 
Em junho de 2017, no mesmo caso, Moro condenou Palocci em primeira instância por corrupção e lavagem de dinheiro e, na sentença, renovou a decisão de mantê-lo na cadeia, acrescentando novos fatos para a prisão preventiva – apontou risco de novos atos de lavagem de dinheiro. 
Desde então, Palocci vem sendo mantido na cadeia sem cumprir efetivamente a pena de 12 anos e 2 meses de prisão imposta por Moro no ano passado. Palocci ainda recorre da condenação no Tribunal Regional Federal da 4º Região (TRF-4), de segunda instância, apelação que já está em fase final. 
A questão é que com a decisão do STF de manter a prisão após condenação em segunda instância fez com que muitas personalidades, que estiveram à frente do poder no país nos últimos anos tem grandes chances de serem condenados e presos, enquanto ainda estão pendentes recursos no STF ou STJ.
Tal medida tornou a prisão algo comum, até mesmo para pessoas de influência, demonstrando que a lei é para ser aplicada a todos.
4.3 Possibilidade / necessidade de mudança?
A Operação Lava-jato é, sem dúvida uma grande mudança de paradigmas para a Justiça brasileira, que pela primeira vez teve uma grande investigação com condenações reais de pessoas de influência no país.
A atuação do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Justiça Federal em casos envolvendo pessoas das mais diversas índoles e cargos demonstra que o país está rumando para novos horizontes, onde a ética e os preceitos constitucionais possam ser respeitados.
Certamente os fatos que levaram à Operação Lava-jato são ruins, no entanto os resultados são muito positivos, uma vez que trouxe a possibilidade de se investigar, julgar e condenar pessoas envolvidas em crimes que fazem o uso do dinheiro público para aferir vantagens particulares.
Segundo Werneck (2018, p. 01) afirma que os escândalos de corrupção envolvendo políticos e pessoas de influência no país fez com que a economia ficasse ainda mais fragilizada, assim como a popularidade do governo de Michel Temer.
Tais medidas de combate à corrupção não representam, de forma alguma, o fim das falcatruas envolvendo o uso indevido de dinheiro público no país, contudo, representam um grande passo a direção de governos mais éticos, que possam atender os interesses da coletividade em detrimento de interesses particulares.
De acordo com Egídio (2018, p. 01) a Lava-jato merece continuar, uma vez que tem alcançado bons resultados, sendo que as delações premiadas e os acordos de leniências representam as maiores conquistas da operação, já que tais fatos permitiram a ampliação das investigações, possibilitando chegar a muitos membros de organizações criminosas que tinham como foco desvios de dinheiro público, superfaturamento de obras, corrupção, entre outras.
5 CONCLUSÕES 
Conforme se analisou na presente monografia, a prisão após condenação em segunda instância é uma medida necessária, a fim de que o condenado inicie o cumprimento da pena, fazendo com que haja justiça e a preservação da ordem social.
A questão já havia sido tema de julgamento do STF em 2016, momento este em que o entendimento se consolidou favorável à prisão.
Com um novo julgamento acerca do tema em 2018 o que aconteceu, por placar mais apertado, foi a confirmação do entendimento anterior, pacificando a questão, independentemente de quem esteja envolvido no caso.
O novo julgamento recebeu os holofotes da mídia nacional e internacional devido ao fato de que o réu era nada mais, nada menos que um ex Presidente da República, que, condenado em primeira e segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, recorreu, através de um Habeas Corpus, à Suprema Corte numa tentativa desesperada de evitar a prisão e manter a chance de novamente disputar as eleições e garantir novo foro privilegiado.
Contudo, a manobra se deu por prejudicada, já que o STF manteve o entendimento que tem predominado dentro e fora do Brasil, embora com muitas críticas: de que a prisão após a condenação em segunda instância não viola princípios fundamentais, já que estes podem e devem ser relativizados quando houver necessidade.
A presunção de inocência, em havendo condenação em segunda instância não impede, portanto, que o cumprimento da pena seja iniciado, pois recursos para as instâncias superiores não possuem efeito suspensivo, o que possibilita o início da execução.
A decisão do STF no caso Lula, dessa forma, não representa perseguição política, violação de direitos, mas sim a demonstração de um judiciário imparcial, que tenta manter precedentes que se demonstrem pertinentes e que atendam aos ditames sociais, sem ceder à pressão de pessoas influentes.
Com a decisão, a Suprema Corte ratificou o entendimento, fazendo com que a decisão seja válida para todos, demonstrando que o Poder Judiciário precisa ser sério, a fim de que seja cumprida a lei, independentemente de quem comete crimes.
Nesse sentido, portanto, é possível concluir que a prisão após condenação em segunda instância é lícita e é a tendência mundial, tendo em vista a demora por se apreciar recursos em instâncias superiores, o que tornaria a sensação de impunidade maior, prejudicando a sociedade como um todo.
Assim, princípios constitucionais podem ser relativizados quando houver justificativa.
REFERÊNCIAS
AVELAR, André. Alexandre de Moraes vota a favor da prisão de Lula em segunda instância. R7. Disponível em: https://noticias.r7.com/brasil/alexandre-de-moraes-vota-a-favor-da-prisao-de-lula-em-segunda-instancia-04042018.

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