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Audiência de Custódia - Prisão como utima ratio

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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU
BACHARELADO EM DIREITO
RAFAELA DE ALMEIDA WANDERLEI
Audiência de custódia: prisão preventiva como ultima ratio
RECIFE
2020
RAFAELA DE ALMEIDA WANDERLEI	
Audiência de custódia: prisão preventiva como ultima ratio
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Bacharelado em Direito do Centro Universitário Maurício de Nassau. 
RECIFE
2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU
BACHARELADO EM DIREITO
RAFAELA DE ALMEIDA WANDERLEI
Audiência de custódia: prisão preventiva como ultima ratio
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Bacharelado em Direito do Centro Universitário Maurício de Nassau.
Aprovada em: __/__/____.
 BANCA EXAMINADORA: 
________________________________________________
Prof Maurilo Sobral
UNINASSAU
________________________________________________
Prof ... (Examinador Interno)
Instituição de origem
________________________________________________
Prof ... (Examinador Externo)
Instituição de origem
 À memória do meu filho Thalles Rafael.
Que precisou ir mais cedo ao Reino de Deus.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que sem ele nada disso seria possível, mas conforme sua vontade, e no seu tempo, tudo acontece.
A minha família, meus pais Alberto e Eliane, meus irmão Anderson e Alberto Junior, as minhas cunhadas e ao meus sobrinhos, que foram essenciais para que eu pudesse chegar aqui.
Ao Professor Maurilo, por dispor seu tempo, além de toda paciência e orientação que foram fundamentais para conclusão deste trabalho.
A Procuradoria Geral do Estado, na pessoa da minha chefe direta, Anabel Emídio, que por tantas vezes me cobrou me incentivando a não desistir.
Há mais coragem em ser justo,
 parecendo ser injusto, 
do que em ser injusto 
para salvaguardar aparência de justiça.
Piero Calamandrei
RESUMO
O Brasil conta atualmente com uma população carcerária de 702.069, entre os regimes fechado, semiaberto e aberto, 209.257 tratam-se de presos provisórios que aguardam julgamento. A implantação das audiências de custódia tem como pressuposto a diminuição da superlotação carcerária, tratando a necessidade de prisão cautelar uma última alternativa, o que chamamos de, ultima ratio, podendo ser substituída por diversas medidas cautelares, de forma que a justiça se mantenha sempre atualizada sobre as atividades do acusado. Permitindo que, no caso de descumprimento da medida cautelar imposta, é permitido a substituição da medida, ou ainda, a decretação da prisão preventiva a pedido do Ministério Público ou determinação do juiz, de ofício.
Palavras – Chave: Penal. Processo Penal. Audiência de Custódia. Carcere. Prisão Preventiva. Medidas Cautelares. Ultima Ratio.
ABSTRACT
Brazil currently has a prison population of 702,069, between closed, semi-open and open regimes, 209,257 of which are provisional prisoners awaiting trial. The implementation of custody hearings presupposes the reduction of prison overcrowding, treating the need for precautionary detention as a last alternative, which we call the ultima ratio, which can be replaced by several precautionary measures, so that justice is always kept up to date about the accused's activities. Allowing that, in the event of noncompliance with the imposed precautionary measure, the substitution of the measure is allowed, or even, the decree of preventive detention at the request of the Public Ministry or determination of the judge, of ex officio.
Keywords: Penal. Criminal proceedings. Custody hearing. Prison. Preventive imprisonment. Precautionary Measures. Ultima Ratio
LISTA DE ABREVIATURAS
CADH – Convenção Americana sobre Direitos Humanos
CF – Constituição Federal
CP – Código Penal
CPP – Código de Processo Penal 
HC – Habeas Corpus
LEP – Lei de Execuções Penais
MP – Ministério Público
PIDCP – Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
STF – Supremo Tribunal Federal
STJ – Superior Tribunal de Justiça
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	11
1 AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA	13
1.1 Previsão internacional…………………………………………………………………15
1.2 Implantação no Brasil………………………………………………………………….18
2 MEDIDAS CAUTELARES NO ÂMBITO DA SUPERLOTAÇÃO DAS PRISÕES BRASILEIRAS	22
2.1 Prisão domiciliar………………………………………………………………………..22
2.2 Medidas cautelares diversas a prisão……………………………………………….23
2.2.1 Comparecimento regular em juízo………………………………………………...24
2.2.2 Proibição de acesso a determinado lugar………………………………………...24
2.2.3 Proibição de contato com pessoa específica……………………………………..25
2.2.4 Proibição de ausentar-se da comarca……………………………………………..25
2.2.5 Recolhimento domiciliar a noite e nas folgas……………………………………..26
2.2.6 Suspensão de cargo público ou atividade econômica…………………………..26
2.2.7 Internação provisória para inimputáveis ou semi-imputáveis…………………..27
2.2.8 Fiança…………………………………………………………………………………28
2.2.9 Monitoração eltrônica………………………………………………………………..28
2.2.10 Proibição de ausentar-se do país………………………………………………...29
3 A NECESSIDADE DA SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA PELAS DIVERSAS MEDIDA CAUTELARES	31
3.1 Ultima ratio como regra………………………………………………………………..35
CONSIDERAÇÕES FINAIS	41
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como principal objetivo abordar a implantação da audiência de custódia no Brasil, que consiste na imediata apresentação do preso em flagrante ao juiz designado para tal ato, o qual após ouvir o Ministério Público e a defesa, e sem entrar no mérito, consultando apenas o termo de prisão em flagrante, antecedentes e vida regressa do acusado, como sua residência, emprego, filhos, caráter perante a sociedade, entre outros, deverá decidir qual a medida mais conveniente para que este aguarde o julgamento, usando a prisão preventiva sempre como última opção, ou seja, como ultima ratio.
Para que o presente trabalho pudesse ser concluído foi usado como fonte vários livros, artigos, revistas e publicações on-line, de diversos autores que se expressaram sobre o tema.
Foi feito uma linha do tempo no primeiro tópico, o que visa mostrar ao leitor de forma mais precisa como o instituto chegou ao Brasil, depois de um grande percurso pelo mundo todo.
A audiência de custódia foi adotado na Europa desde 1953, quando a Convenção para proteção dos Direitos dos Homens e das Liberdades Fundamentais entrou em vigor, tornando-o obrigatório a partir de 22 de Maio de 2012.
A ONU por sua vez, em dezembro de 1966, atualizou a Declaração Universa dos Direitos do Homem, passando então a prevê que qualquer pessoa presa ou encarcerada deverá ser conduzida sem demora à presença do juiz.
Cada vez era mais comum que países de todo o mundo adotassem tal medida em seus regimentos internos, apesar do Brasil ser signatária de vários acordos, ou pactos internacionais que já continham esta previsão, até o ano de 2015 não se era utilizado, dentro do território brasileiro esse meio de apresentação.
Há muito tempo o sistema prisional brasileiro é problemático, seja pela superlotação, falta de estrutura física ou falta de recurso para reeducar o preso. As prisão e penitenciárias não possuem estrutura física para proporcionar um sistema de correção, tratando a prisão como um mero castigo, onde se jogam os presos, inclusive sem condenações, por tempo, muita vezes, indeterminados, assim estufando as unidades prisionais com presos temporários que na maioria das vezes, nem deveriam estar ali por tanto tempo esperando um julgamento.
A audiência de custódia tem como uma das premissas, desafogar as unidades, visto que antes da decretação da prisão preventiva pelo juiz o advogado ou defensor público do preso, poderá solicitar no momento da apresentação e substituição da pena privativa de liberdade por medidas cautelares, visando assim, que só seja necessário a decretação da preventiva em ultimo caso.
Na presente pesquisa estudaremos todo o percursodo instituto no mundo, desde sua adoção pela a Europa, até finalmente chegar ao nosso Código de Processo Penal Brasileiro, com advento da Lei 13.964 de 24 de dezembro de 2019.
Após o primeiro capítulo, conheceremos as medidas cautelares, o que são e quais os tipos usados no nosso campo de direito penal.
É importante temos esse conhecimento para que enfim, no capítulo terceiro, além de entendermos o conceito de prisão preventiva em si, também será abordado a importância, que não se retém apenas no âmbito do direito penal, mas também na resguarda dos princípios fundamentos, do uso desse tipo de prisão como última opção.
1 AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
A palavra audiência deriva-se do latim audientia, que significa silêncio dos ouvintes, ou atenção. Também derivada do latim, a palavra custódia traz a ideia de guardar, vigiar ou proteger. Ao juntar as palavras, tem-se o termo Audiência de custódia, que na prática, nada mais é que ouvir alguém antes de que seja decretada sua prisão.
A audiência de custódia trata-se do ato de conduzir a pessoa presa em flagrante delito à autoridade judiciária em momento imediato após a comunicação da prisão, para que seja ouvida a cerca das circunstâncias desta prisão. Como principal fundamento está a preservação do exercício dos direitos pré processuais, assim como, as garantias fundamentais, ambas previstas na Constituição Federal, não menos importante, também é indispensável para verificar acerca de possíveis torturas ou maus tratos na ocasião da prisão ou em outra unidade por onde o preso tenha passado antes da referida audiência. Conforme Caio Paiva(2015) narra:
A audiência de custódia consiste, portanto, na condução do preso, sem demora, à presença de uma autoridade judicial que deverá, a partir de prévio contraditório estabelecido entre o Ministério Público e a Defesa, exercer um controle imediato da legalidade e necessidade da prisão, assim como apreciar questões relativas à pessoa do cidadão conduzido, notadamente a presença de maus tratos ou tortura.
Ainda sobre as audiências de custódia, descreve Mariana Abath, Helena Rocha, Marcela Borba e Érica Machado(2015):
As audiências de custódia são um projeto fundamental para a redução do encaceramento provisório e da violência constitucional, uma vez que possibilitam o contato direto do preso em flagrante com juiz de direito logo após a sua prisão. 
Ou seja, a principal intenção da referida audiência de custódia trata-se de apreciar se todos os direitos da pessoa foram respeitados, além de averiguar se houve a ocorrência de tortura e maus tratos, nesse contexto, o Professor Neemias Prudente(2015), afirma:
O objetivo de tal medida, que tem respaldo em normas internacionais de direitos humanos, é assegurar a integridade física, evitar abusos e violações dos direito humanos dos presos, além de desafogar o sistema prisional, garantir o efetivo controle judicial das prisões e reforçar as medidas alternativas ao encarceramento provisório..
Não obstante, a medida promete ainda desafogar o sistema prisional – que no Brasil é um grande problema – já que a intenção da legislação é que o juiz deva usar a prisão como exceção, e não regra como era usada até então. De acordo com Neemias Prudente(2015) a prisão provisória “continua figurando como regra no sistema processual brasileiro, constituindo-se verdadeira antecipação da pena.”
Porém existe outra visão doutrinaria, a qual dispensa a modalidade da referida audiência de custódia, que visam que o juiz, pode conceder o relaxamento da prisão provisória apenas pela leitura dos autos, é como pensa Nucci(2015):
No Brasil, o delegado é a autoridade que primeiro toma contato com o preso, mas a sua atividade é devidamente fiscalizada por um juiz em, no máximo, 24 horas. Ilegalidades podem ser sanadas pela simples leitura do auto. Liberdades provisórias podem ser concedidas pelo mesmo caminho. E digo enfaticamente: os juízes responsáveis e cuidadosos concedem fiança ou outras medidas cautelares, afastando o detido da prisão, pela simples leitura do auto. 
O autor defende que a autoridade a quem a pessoa presa deve ser apresentada é o delegado de polícia, já que o artigo 306 do Código de Processo Penal (2019) brasileiro determina que:
Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
Sendo assim, para Nucci, não há necessidade de um encontro físico do sujeito preso com o juiz naquele momento.
Porém é fato e de conhecimento público o quanto o Código de Processo Penal é ineficaz e ultrapassado, como descreve Neemias Prudente(2015) “insuficiente tanto para um efetivo controle judicial da legalidade e necessidade da prisão provisória quanto para verificação eventual prática de violência ou desrespeito aos direitos da pessoa”, Prudente ainda conclui que audiência de custódia “é fundamental como mecanismo de prevenção e combate à tortura e para um efetivo controle judicial”
É fundamental não esquecer que o Brasil é signatário de mais de um tratado internacional, que prevê a audiência de custódia sem demora para as pessoas que têm seu direito de liberdade caçado. Como exemplo a Convenção Americana de Direitos Humanos, a qual Mauro Andrade (2018) se refere quando fala que “Entretanto, o Brasil vem se mostrando tímido – para não dizer resistente – em dar plena aplicabilidade a todos os termos da CADH, da qual ele próprio é signatário”.
De acordo com Mariana Lins (2017):
A possibilidade de contar a sua versão [da pessoa indiciada] do ocorrido precisa estar associada a uma postura dos agentes públicos de respeito e consideração da palavra da pessoa, rompendo com uma desconfiança inicial. A forma como a audiência de custódia é conduzida exerce um papel fundamental para concretizar (ou não) suas finalidades.
1.1 Previsão internacional
Em 04 de Novembro de 1950 foi criada, em Roma, a Convenção Europeia de Direitos Humanos(1950), com o intuito de proteger e assegurar os direitos fundamentais de cada indivíduo de seus países signatários. Em seu artigo 5º, intitulado de “Direito à Liberdade e à Segurança”, no itém 3, lê-se o seguinte:
Qualquer pessoa presa ou detida nas condições previstas no parágrafo 1, alínea c), do presente artigo deve ser apresentada imediatamente a um juiz ou outro magistrado habilitado pela lei para exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada num prazo razoável, ou posta em liberdade durante o processo. A colocação em liberdade pode estar condicionada a uma garantia que assegure a comparência do interessado em juízo.
Apesar de não ser explicitamente citado no texto da referida Convenção, é claro que o texto trata-se da audiência de custódia, ou ainda audiência de apresentação, como pode ser chamada em alguns países.
Porém em 22 de Maio de 2012, o Parlamento Europeu decidiu que isto não seria suficiente, e aprovou a diretriz 2012/13/EU(2012), a qual tornaria obrigatório não apenas a apresentação do sujeito ao juiz, mas seria necessário que a pessoa presa seja comunicada deste direito, conforme artigo 4º, item 2:
2. Para além das informações que constam do artigo 3.o, a Carta de Direitos a que se refere o n.o 1 do presente artigo deve conter informações acerca dos seguintes direitos, tal como aplicáveis nos termos do direito nacional:
d) O número máximo de horas ou dias que os suspeitos ou acusados podem ser privados de liberdade antes de comparecerem perante uma autoridade judicial.
Após a adoção do modelo de audiência de custódia pela Europa, abria-se uma premissa para que outros países fora da União Europeia adotassem seu modo processual, sendo assim, em 12 de Dezembro de 1966 através da Resolução 2200-A, a Organização das Nações Unidas(ONU) criou o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP, 1966), atualizando a Declaração Universal dos Direitos do Homem, o qual prevê:
Artigo 9º. 3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infração penal deverá ser conduzida, semdemora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções judiciais e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julgamento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura poderá estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, se necessário for, para a execução da sentença.
Quase dois anos depois, acontecia em San José da Costa Rica, a Convenção Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, que em 22 de Novembro de 1969 aprovou a Convenção Americana sobre Direitos Humanos(CADH, 1969), a qual também legislaria sobre a necessidade da audiência de custódia, ou seja, o rápido encaminhamento do sujeito preso ao juiz, ou autoridade equivalente. Começando a vigorar em 28 de Julho de 1978, esta previa em seu artigo 7º, item 5 que:
Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.
Assegurando assim, que todos os Estados-Membros signatários se adequassem aquele termo, o qual fora ratificado pelo Brasil em 09 de Julho de 1992, de acordo com o Decreto nº 678.
Em 09 de Dezembro de 1988, na Assembleia Geral da ONU, esta emitiu uma nova Resolução, numerada de 43/173, estabeleceu um Conjunto de Princípios para a Proteção de Todas as Pessoas Submetidas a Qualquer Forma de Detenção ou Prisão(1988) que novamente fora redigida a necessidade da apresentação da pessoa presa à autoridade judiciaria, mas dessa vez, como um princípio:
Princípio 4. As formas de detenção ou prisão e as medidas que afetem os direitos do homem, da pessoa sujeita a qualquer forma de detenção ou prisão devem ser decididas por uma autoridade judiciária ou outra autoridade, ou estar sujeitas a sua efetiva fiscalização.
A qual o Brasil se tornou signatário, com sua ratificação em 06 de julho de 1992, a partir do Decreto nº 592.
Já em 1994, na cidade de Belém do Pará, aconteceu o XXIV Período Ordinário de Sessões de Organização dos Estados Americanos (OEA), e junto com ele a aprovação da Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoa (CIDFP) no dia 09 de Junho, tendo o Brasil firmado o documento um dia depois, em 10 de Junho de 1994.
Porém só em 11 de maio de 2016, que através do Decreto nº 8.766, o país oficializou o referido documento, apresentando pelo Governo Federal em sua versão oficial a seguinte previsão:
Artigo XI Toda pessoa privada de liberdade deve ser mantida em lugares de detenção oficialmente reconhecidos e apresentada, sem demora e de acordo com a legislação interna respectiva, à autoridade judiciária competente.
Não demorou para que os países da América do Sul inserissem o dispositivo em sua legislação, são exemplos a Guatemala, o Haiti e a Nicarágua que decidiram introduzir a referida necessidade em sua Carta Magma. Já a Argentina, o Equador e o Chile, preferiram inserir tal dispositivo em seus Códigos de Processo Penal.
O Brasil, apesar de signatário do CADH e do CIDFP até o ano de 2019 ainda não havia inserido tal modalidade de audiência em sua legislação.
1.2 Implantação no Brasil
No Brasil, a implantação da audiência de custódia tem sido bastante confusa, apesar do país ter firmado a CADH, o país por anos não teria tratado de interiorizar aquela norma em sua legislação nacional.
A primeira vez que o assunto surgiu de forma “oficial”, de acordo com Mauro Fonseca e Pablo Alflen(2018) foi: 
Quando por intermédio do Ofício-Circular 033/03-CGJ, a Corregedoria Geraldo de Justiça do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul se dirigiu aos seus juízes para lembrá-los do teor do artigo 7, 5, 1ª parte, da CADH.
Ainda de acordo com Mauro Fonseca(2018):
A iniciativa do Tribunal gaúcho não passou de um espasmo em relação ao respeito que o Estado brasileiro deveria conferir aos tratados e convenções por eles firmados, deixando muito claro o verdadeiro desinteresse ou reserva dos Poderes da República como um todo, em levarem a sério normas já internalizadas, embora não constantes em textos nacionais. 
Em 06 de Setembro de 2011, foi protocolado o Projeto de Lei do Senado 554/2011, pelo Senador Antonio Carlos Valadares. Projeto o qual prevê a alteração do Código de Processo Penal, na intenção de determinar a aprensentação do sujeito preso à autoridade judicial em 24 horas, o Senador alega que:
Essa definição de tempo é necessária para que o preso tenha a sua
integridade física e psíquica resguardadas, bem como para prevenir atos de tortura de qualquer natureza possibilitando o controle efetivo da legalidade da prisão pelo Poder Judiciário. (VALADARES, 2011)
Outra tentativa de exercer a norma se deu no Maranhão, por meio do Provimento 14/2014, publicada em 19 de Novembro de 2014, o qual previa inicialmente que somente após o recebimento dos autos da prisão em flagrante e o juiz plantonista tomasse a decisão de a prisão em flagrante em prisão provisória, seria necessária a realização da audiência de custódia.
Dias depois fora publicado novo Provimento, dessa vez criando-se um procedimento a ser seguido por aquele tribunal, o Provimento de nº 21/2014 seguiu o caminho do PLS 554/2011, porém previa algo que o Projeto de Lei não incluiu, as chamadas teleaudiências, este teria sido revogado pouco tempo depois, por meio do Provimento 23/1014, em 04 de Dezembro de 2014, um dia depois a Corregedoria Geral de Justiça publicava o Provimento 24/2014, o qual regulamentaria por fim a audiência de custódia naquela estado.
Em 27 de Janeiro de 2015 foi publicado, no Estado de São Paulo, o Provimento Conjunto 03/2015, pela Presidência e Corregedoria do Tribunal de Justiça do estado, para implantação da audiência de custódia conforme acordo firmado em 15 de Janeiro de 2015 com o Conselho Nacional de Justiça e o Ministério da Justiça.
De acordo com o referido provimento, que tem por base a CADH, a autoridade policial deveria apresentar em 24horas o preso a presença do juiz, que só após reunião com seu advogado ou defensor público, teria a referida audiência de custódia. O provimento 03/2015 ainda descriminava como deveria ser procedida esta audiência, onde o Juiz competente deverá entrevistar o preso acerca de sua qualificação, condições pessoais e circunstâncias da sua prisão.
Após entrevista com o Juiz, a palavra é passada ao ministério público, o qual por sua vez, poderá se manifestar acerca do relaxamento de prisão, prisão preventiva ou ainda concessão de liberdade provisória e imposição de medidas cautelares.
Por último o Juiz deveria passar a palavra para o advogado ou defensor público designado para tal audiência, e só então decidirá de forma fundamentada, conforme 310 do Código de Processo Penal vigente a época.
 Toda a audiência deverá ainda ser gravada em mídia e depositada em unidade judicial adequada, conforme provimento.
Apesar de o acordo com o CNJ e o Ministério da Justiça ter sido firmado com o Estado de São Paulo, após publicação outros estados do País resolveram aderir, trazendo consigo suas próprias regulamentações com base naquele provimento.
Em ordem cronológica, Espirito Santo foi o segundo estado a aderir o formato da audiência conforme o Provimento 03/2015 da Corregedoria do Tribunal de Justiça de São Paulo, através da Resolução nº 13/2015 publicada em 10 de Abril de 2015, onde foram previstas suas regras.
Em 22 de Junho de 2015 era a vez do Maranhão, apesar de ser sido o primeiro a implantar o sistema, agora ele se basearia no projeto-piloto previsto pelo CNJ.
Em seguida, era a vez de Minas Gerais aderir ao modelo de audiência de custódia, conforme as previsões da Resolução 796/2015, em 17 de Julho de 2015, e no mesmo dia já foi realizada a primeira audiência de custódia no Estado.
E assim seguiu, ao tempoque até em dezembro de 2015, todos os Estados do país já haviam aderido ao modelo de audiência de custódia, por meios de regulamentações de seus Tribunais. Porém, apesar de todos terem seguidos o modelo proposto pelo CNJ ao Tribunal de Justiça de São Paulo, houveram divergências, como o prazo estabelecido para apresentação do preso, ou a previsão de teleaudiência.
O que apressou o CNJ a expedir uma norma a qual disciplinasse todas as divergências, assim, padronizando o modo de realização de tal audiência, foi então que, em 15 de Dezembro de 2015, foi expedida pelo Conselho a Resolução Nº 213, a qual “Dispõe sobre a apresentação de toda pessoa presa à autoridade judicial no prazo de 24 horas”.
Apesar de ter fundamento nos tratados internacionais firmados pelo Brasil, ainda assim, a norma trouxe consigo vários questionamentos, como a ADI 5.448 no Supremo Tribunal Federal, em ação ajuizada pela Associação Nacional dos Magistrados Estaduais, porém a ação não teve o efeito desejado, já que foi negada por decisão monocrática.
Em 2016 o Deputado Eduardo Bolsonaro, através Projeto de Decreto Legislativo 317, também questionou a Resolução 213, sob o argumento de que a Resolução, por ser ato administrativo não poderia tratar do tema, sendo necessário que houvesse lei para regulamentar o instituto da audiência de custódia, porém não surtiu o efeito desejado. Porém, é fato que a Resolução 213, era apenas um degrau até a alteração do Código de Processo Penal, que já tramitava no Senado.
Em 24 de Dezembro de 2019, foi publicada por meio do Diário Oficial da União, a Lei nº 13.964, a qual “aperfeiçoa a legislação penal e processual penal”, entre algumas alteração, até que enfim, lá está a alteração:
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensória Pública e o membro do Ministério Público.
Enfim, a Audiência de Custódia se interiorizava na Lei Penal Brasileira, agora com previsão no seu Código Penal.
2 MEDIDAS CAUTELARES NO ÂMBITO DA SUPERLOTAÇÃO DAS PRISÕES BRASILEIRAS 
A principal ideia de que a pessoa presa seja apresentada a autoridade judicial, é exatamente para que se analise a necessidade da prisão, devendo abster-se do uso excessivo da prisão provisória. É necessário que seja avaliado pelo Magistrado as possibilidades acerta das outras medidas cautelares, antes da decretação da prisão preventiva.
Em 2011, com a publicação da Lei 12.403/11 o artigo 319 foi alterado, passando a descrever uma série de medidas alternativas à prisão, sobre essa mudança discorre Guilherme Nucci(2017):
O novo art. 319 traz o rol das medidas cautelares, alternativas à prisão, podendo significar uma mudança na mentalidade dos operadores do Direito e também no quadro prisional brasileiro. Muitos acusados, que merecem algum tipo de restrição em sua liberdade, pelo fato de estarem respondendo a processo-crime, em virtude da prática de crime grave, não precisam, necessariamente, seguir para o cárcere fechado. Por vezes, medidas alternativas serão suficientes para atingir o desiderato de mantê-lo sob controle e vigilância.
Existem fatores que ajudam o Juiz a decidir se aquela pessoa deverá ser presa preventivamente, como, antecedentes criminais, reputação social, endereço fixo, etc.
As medidas cautelares visam prevenir que a pessoa antes presa cometa novos delitos ou então fuja, o Código de Processo Penal Brasileiro elenca 10(dez) medidas que podem substituir a pena de reclusão, estar poderão ser determinadas a critério do Juiz, isoladas ou ainda cumuladas.
	
2.1 Prisão Domiciliar
No que tange a palavra “prisão”, a domiciliar trata-se da mais branda, onde o preso, deve ser mantido em sua residência, só podendo sair com autorização de autoridade judicial.
Têm sua previsão legal nos artigos 317 e 318 do Código de Processo Penal, o segundo relaciona os requisitos de substituição da Prisão Preventiva por esse tipo de prisão.
Art. 317 A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial.
Art. 318 Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;
IV - gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco.
Ainda no artigo 318, porém em seu parágrafo único, o Código de Processo Penal traz como obrigatoriedade para substituição da prisão preventiva “o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.”
O fato de a pessoa ser presa em sua casa, assim como na penitenciária, retira do indivíduo a sua liberdade de locomoção, porém se torna mais branda por você poder exercer a pena no conforto de sua casa.
2.2 Cautelares diversas a prisão
A Lei 12.403/2011 trouxe consigo novas medidas cautelares, com o intuito de substituir a decretação da prisão preventiva, dando ao magistrado outras alternativas de aplicação da lei, sendo garantida ao acusado a prisão como utima ratio. 
O advogado Metkzker(2019) afirma que “Para as medidas cautelares alternativas, não obstante não haver um artigo específico sobre a fundamentação, como ocorre com a prisão preventiva, deverá também estar fundamentada, visto se tratar de uma decisão judicial.”
De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 93, inciso IX, toda decisão do poder judiciário deve ser motivada, ou seja, decretando a prisão ou sua substituição pela cautelares, o juiz tem por obrigação sua fundamentação, apesar do texto da lei não consta informação neste sentido.
No que tange as medidas cautelares diversas da prisão, encontramos a previsão no Código de Processo Penal, em seu artigo 319, na seguinte ordem:
2.2.1 Comparecimento regular em juízo para informar as atividades:
 Trata-se de uma determinação imposta pelo Juiz para que o acusado compareça à unidade judiciaria em prazo pré-estabelecido, para que este possa constantemente, a critério da imposição do magistrado, geralmente, mensal, bimestral ou trimestral, para informar, justificar e atualizar informações sobre suas atividades, endereço, etc.
Já conhecida no sistema penal antes da Lei 12.403/2011, está medida já era usada para possibilitar alguns benefícios ao réu, como o regime aberto ou a liberdade condicional.
Porém a Lei de 2011, tornou-a medida cautelar assim como as outras. É de fato uma medida ideal para controle de acusados de crimes sem ameaça, contra o patrimônio, além de que, não basta apenas isso, o juiz também deve consultar se o sujeito possuí residência fixa, para que se receba eventuais intimações.
2.2.2 Proibição de acesso a certos lugares
Esta deve ser justificada pelas circunstâncias do crime cometido, ou seja, o indivíduo poderá ser proibido de frequentar lugares que possam ocasionar o cometimento de uma nova incidência daquele delito. Por exemplo, se o sujeito é acusado de lesão corporal, após briga em um bar, possivelmente será atribuído a este esta cautelar em relação ao acesso a bares, visando assim poupar as demais pessoas que frequentam estes lugares de que aja uma nova agressão.
Assim como a medida anterior, esta também já vinha sendo usada como condição para utilização de outros benefícios, porém diferente da citada acima, está não era regularmente usada, como mostra Nucci (2017):
Outra não foi a conclusão extraída das diversas sentenças condenatórias, proferidas nos últimos anos: a proibição de frequentar lugares, como pena autônoma, foi raramente aplicada. O motivo sempre foi óbvio, pois implicava ineficácia e excessiva benevolência. Nunca houve a devida fiscalização e jamais se conseguiu afirmar como sanção penal, levando-se em conta o seu caráter retributivo e preventivo.
Ainda de acordo com Nucci(2017), agora como medida cautelar é provável quese torne mais eficaz:
Buscar-se-á, com sua imposição, evitar o cometimento de novos crimes, contornando-se os conflitos tipicamente existentes em certos locais, como botequins e demais lugares onde se serve bebida acoólica sem controle algum. Serve para autores de crimes agressivos (lesão corporal, rixa, etc.). Ou sob outro prisma, para quem estiver envolvido com prostituição, focando os locais onde tal prática é realizada, comumente.
2.2.3 Proibição de contato com pessoas específicas
Como o anterior, este deverá também deverá ter fundamentação nas circunstância do delito, na Lei 11.340/2006, a medida foi criada, com intuito de proteger vítimas da violência doméstica, porém como medida protetiva, determinando uma distância segura entre vítima e agressor.
Porém com a Lei 12.403/2011, a medida passou a ser também uma medida cautelar, que, como mencionado anteriormente, depende das circunstâncias, pois é necessário um conhecimento prévio dos agentes envolvidos, e agora passar a abranger não apenas o crime de violência doméstica, a medida se estende ao todo o Código Penal. 
2.2.4 Proibição de ausentar-se da Comarca
Ou seja, o acusado não pode sair daquela cidade sem autorização judicial. Claramente a medida diz tudo por si só, esta existe para que seja efetiva a fiscalização do réu, além de impedir que o acusado fuja, causando prejuízo a investigação criminal.
De acordo com o advogado Adriano Sousa(2019):
[...]Tal medida usada para evitar fugas do agente que estar sendo investigado ou processado, tal imposição poderá ser imposta evitando que o agente saia da comarca e empregue fuga, ressalta-se que o juiz poderá autorizar a saída da comarca, desde que justificada e informado o local para onde se pretende ir, onde o juiz determinará a quantidade de dias que o agente poderá permanecer fora. O descumprimento da medida autoriza a substituição da cautelar, a imposição de outra, ou em último caso, a decretação da prisão preventiva.
Mais tarde entenderemos, porque o entendimento majoritário é o de que o descumprimento de um medida cautelar, primeiramente deverá o juiz substitui-la por outra cautelar, e a prisão só deverá ser decretada em ultimo caso.
2.2.5 Recolhimento ao domicílio a noite e nas folgas
Esta medida visa liberar o acusado do regime fechado ou semi-aberto para que este possa trabalhar, porém devendo ele estar recolhido em sua residência ou albergue indicado pela justiça em horário determinado, além das folgas e/ou fim de semanas.
Trata-se de uma nova medida, adicionada ao Direito Penal com a Lei 12.403/2011, apesar de Nucci (2017) se manifestar no sentido de que “Parece-nos lógica a exigência de se fixar essa medida somente quando o indiciado ou réu tiver residência estabelecida, porém ter trabalho fixo não nos soa necessário.”, vemos a seguinte situação, não teria fundamento o réu ter sua pena privativa de liberdade substituída por essa cautelar, se não fosse para trabalhar, pois a medida é clara no que tange o horário de recolhimento, caso o réu não possua emprego fixo, o juiz poderá substituir por outras medidas, que não exija o emprego fixo. 
2.2.6 Suspensão de cargo público ou de atividade econômica
É uma medida de restrição de direitos, de acordo com Nucci (2017):
A medida pode ser ideal para crimes contra a administração pública (ex.: corrupção, concussão, prevaricação, etc.), bem como para delitos econômicos e financeiros, evitando-se a preventiva, que tenha por fundo a garantia da ordem econômica. […] uma das razões para a decretação da prisão cautelar, nesse cenário, é a persistência do réu na continuidade de negócios escusos. Assim, a sua suspensão do exercício da atividade pode ser suficiente para aguardar o desenvolvimento do processo.
Conforme demonstra Nucci, realmente não haveria necessidade usar a medida em outra situação que não fosse as mencionadas infrações contra ordem econômica da administração pública.
Adriano de Sousa (2019) descreve sobre a utilização da medida:
A finalidade da presente medida é assegurar que o agente não irá utilizar tais circunstâncias para a reiteração de infrações penais, destruir provas, pressionar testemunha, intimidar vítimas, prejudicando assim a busca da verdade. Sua utilização está voltada aos crimes praticados por funcionário público contra a administração pública, e somente poderá recair sobre o agente que tive se aproveitado de suas funções públicas para a prática de crimes. 
2.2.7 Internação provisória para os inimputáveis ou semi-imputáveis
Neste caso, a internação apresenta um caráter de tratamento, e jamais pode ser equiparada à prisão. É necessário que o paciente seja internado em hospital psiquiátrico ou local apropriado, com acompanhamento especial para este.
Anterior a Lei de Execuções Penais instituída em 1984 existia a medida de segurança provisória, a qual previa que o sujeito inimputável ou semi-imputável deveriam ser submetidos a tratamentos em local apropriado, porém com o advento e aprovação da LEP essa medida foi extinta, a partir daí, muitas vezes, os presos com problemas mentais eram mandados a prisões comuns, onde cumpriam pena junto com os outros presos.
Só após a Lei 12.403/2011 fora adicionado ao direito penal e medida cautelar de internação provisória, que deve ser cumprida em estabelecimento apropriado, após comprovação de laudo pericial de inimputabilidade ou semi-imputabilidade. Porém, de acordo com Nucci (2017):
Apesar de se exigir a conclusão pericial de inimputabilidade ou semi-imputabilidade para adoção da medida, conforme o caso, deve o juiz valer-se de seu poder geral de cautela, determinando a internação provisória, antes mesmo de o laudo ficar pronto, pois é incabível manter-se em cárcere comum o doente mental, que exiba nítidos sinais de sua enfermidade. Sendo necessário, pode-se colher um parecer médico prévio ou fiar-se em documentos emitidos por médico particular para se chegar a tal medida, em caráter urgente.
2.2.8 Fiança
Trata-se do pagamento de um valor estipulado pelo Juiz, como garantia de que o acusado irá comparecer em juízo sempre que solicitado, não obstruindo o trâmite processual, ao qual este deverá responder.
Sobre a medida discorre o Professor Nucci (2017):
Parece-nos medida útil, especialmente para crimes econômicos, financeiros e tributários, onde o agente, como regra, tem maior poder aquisitivo. É uma forma alternativa à prisão preventiva, para garantia da ordem econômica.
Temos dúvida quanto à sua eficiência para evitar a obstrução do andamento do processo ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial. Essas hipóteses soam como causas típicas de prisão preventiva, por conveniência da instrução criminal; pode até recolher o seu valor e continuar a pertubar a instrução. E quanto o juiz resolver decretar a preventiva, pode ser tarde demais, com graves prejuízos para a produção da prova.
O Professor em primeiro momento alega que realmente a medida é útil para os crimes econômicos, porém em um segundo momento ele trás a dúvida quanto ao bom andamento processual, visto que o acusado teria facilidade na alteração de provas, e demonstrada um argumento que poderia ser facilmente usado pelo juiz da custódia para decretação da preventiva, nestes casos.
2.2.9 Monitoração Eletrônica
Uma das inovadoras cautelares foi a implantação do uso de tornozeleiras eletrônicas, que consiste basicamente em colocar um aparelho com um GPS, cadastrado anteriormente no sistema do órgão responsável, para monitorar 24 horas por dias, onde o réu se encontra, onde de acordo com imposição do juiz, o acusado poderá sair de sua residência em determinado horário para trabalhar, estando de volta em horário também previamente imposto. Traçando limites de distância o qual este possa percorrer. 
Implantada em 2010, através da Lei 12.258/2010, era possível a concessão da medida em dois casos distintos, a primeira possibilidade era para a monitoração do preso quando este saia temporariamente, no cumprimento do regime semiaberto.
A outra possibilidade consistia quando a monitoração era cumulada àprisão domiciliar.
Porém a Lei 12.403/11 já expandiu a concessão, incluindo a monitoração eletrônica como medida cautelar diversa a prisão, permitindo então, o uso da medida para o regime aberto, semiaberto ou em prisão domiciliar.
Nucci (2017) deixa claro que o surgimento da monitoração eletrônica é uma boa opção para diminuição da número de encarcerados, quando diz que “Pode ser, nesta hipótese , o juiz deixe de decretar a prisão preventiva, optando pela monitoração eletrônica e, com isso, diminuindo a população carcerária”.
De acordo com dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, o país conta com 51.897 monitorados até o primeiro semestre de 2020, sendo 3.471 em regime fechado, 28.617 no semiaberto, 5.632 no aberto, 14.167 provisórios e 10 conforme medida de segurança atribuída.
Então, visto o funcionamento da monitoração eletrônica, vale salientar, que também é possível a cumulação desta medida cautelar, com outra diversa, como exemplo, a de comparecimento em juízo, ou ainda a fiança, etc.
2.2.10 Proibição de se ausentar do país
Além disso, a partir da Lei 12.403/2011 foi inserida expressamente, no artigo 320 do Código de Processo Penal, a proibição de deixar o País, inclusive recolhendo o passaporte e alertando as autoridades competentes. 
Todas essas medidas poderão ser aplicadas isoladas ou cumuladas, a depender da necessidade e fundamentação do Juiz.
Porém de acordo com Nucci (2017)
As medidas cautelares alternativas à prisão vêm sendo pouco utilizadas. A cultura prisional, ainda existente entre juízes e promotores, termina por prevalecer. Operações especiais da Polícia Federal indicam que a prisão é regra, enquanto a liberdade torna-se exceção. Volta-se a um sistema rígido em que a prisão dominava o cenário do processo penal. É preciso cautela e uma revisão dessas posturas. A prisão cautelar pressiona o princípio da presunção de inocência; pode até eliminá-lo, desde que as prisões sejam decretadas sem a menor necessidade.
Os tribunais brasileiros precisam atentar para o fato de que as prisões cautelares, em nome de um pretenso eficaz combate ao crime, tornam-se exageradas. Se nada for feito para reverter esse quadro, de nada adiantará até mesmo aumentar o número de vagas em presídios, pois elas serão sempre preenchidas, chegando facilmente à superlotação.
Sabias palavras do Prof. Nucci, conforme vemos até aqui, é claramente istoo que ainda acontece no nosso sistema jurídico, um “vício” que deveria ser sanado com a implantação das diversas cautelares que podem ser impostas pelo Juiz, ainda mais, agora, que a audiência de custódia foi implantada em todo o País, dando a oportunidade, para que o juiz não antecipe a pena do acusado, uma vez que, diferente de como se era realizadas as primeiras audiências, agora, o acusado tem imediatamente um contato com o juiz, permitindo que esse estude as possibilidades, em caso de pedido da decretação da prisão preventiva, só em ultimo caso, com fundamentação clara, e ainda, de acordo com os pressupostos de admissibilidade, seja acatado o pedido do MP.
Os pressupostos para a substituição da prisão pelas medidas cautelares, estão previstos no artigo 282, I e II do atual Código de Processo Penal,
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3 A NECESSIDADE DA SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA PELAS DIVERSAS MEDIDA CAUTELARES
Prevista no art. 312 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva trata-se de um prisão de caráter cautelar, a qual poderá ser imposta em situações comprovadas e fundamentadas.
O conceito de prisão preventiva, se resume exatamente ao nome, é uma prisão que deve ser decretada preventivamente, ou seja, com o intuito de garantir a ordem pública, prevenir a obstrução processual, a fuga do acusado, etc. Porém, para sua decretação é necessária enorme cautela, pois decreta-la erroneamente traz grande prejuízo aos princípios fundamentais previstos na Constituição Federal, como o princípio da presunção de inocência.
De acordo com Costa (2003):
Quando se decreta a prisão preventiva como ‘garantia da ordem pública’, o encarceramento provisório não tem o menor caráter cautelar. É um rematado abuso de autoridade e uma indisfarçável ofensa à nossa Lei Magna, mesmo porque a expressão ‘ordem pública’ diz tudo e não diz nada. 
Bem posicionado o doutrinador, ocorre que, a garantia da ordem pública, até hoje não é bem especificada, o que traz dúvidas acerca da fundamentação usada. Távora (2012) diz que:
A ordem pública é expressão de tranquilidade e paz no seio social. Em havendo risco demonstrado de que o infrator, se solto permanecer, continuará delinquindo, é sinal de que a prisão cautelar se faz necessária, pois não se pode esperar o trânsito em julgado da sentença condenatória. É necessário que se comprove este risco. As expressões usuais, porém evasivas, sem nenhuma demonstração probatória, de que o indivíduo é um criminoso contumaz, possuidor de uma personalidade voltada para o crime etc., não se prestam, sem verificação, a autorizar o encarceramento.
Apesar de Távora seguir uma corrente que conceitua a ordem pública citada no artigo 312, do CPP, ele deixa claro que é necessário a comprovação do risco a sociedade para autorizar a prisão cautelar.
Já para o Prof. Nucci(2015) “A garantida da ordem pública pode ser visualiza por vários fatores, dentre os quais: gravidade concreta da infração + repercussão social + periculosidade do agente.”.
Pra Rangel (2014):
Por ordem pública, devem-se entender a paz e a tranquilidade social, que devem existir no seio da sociedade, com todas as pessoas vivendo em perfeita harmonia, sem que haja qualquer comportamento divorciado do modus vivendi em sociedade. Assim, se o indiciado ou o acusado em liberdade continuar a praticar ilícitos penais, haverá perturbação da ordem pública, e a medida extrema é necessária se estiverem presentes os demais requisitos legais.
O doutrinador conceitua a ordem pública, além de concordar que a prisão preventiva poderá ser imposta por sua garantia, porém ele acrescenta que é necessário a presença dos demais requisitos legais, trazendo a ideia que a garantia da ordem pública por si só não é suficiente para decretação da prisão cautelar.
Capez (2016) por sua vez, defende que a garantia da ordem pública é suficiente para imposição da cautelar, quando diz que “Garantir a ordem pública significa impedir novos crimes durante o processo”. Para o autor o foco principal da medida é coibir a pratica de novos delitos.
Em outra colocação, discorre Pacelli (2011):
A prisão preventiva para garantia da ordem pública somente deve ocorrer em hipóteses de crimes gravíssimos, quer quanto à pena, quer quanto aos meios de execução utilizados, e quando haja o risco de novas investidas criminosas e ainda seja possível constatar uma situação de comprovada intranquilidade coletiva no seio da comunidade. Nesse campo, a existência de outros inquéritos policiais e de ações penais propostas contra o réu (ou indiciado) pela prática de delito da mesma natureza poderá, junto com os demais elementos concretos, autorizar um juízo de necessidade da cautela provisória.
De acordo com Pacelli, o juiz estaria autorizado a decretação do instituto diante da existência de outros crimes ou inquéritos instaurados contra o acusado, sendo estes das mesma natureza que a infração em comento.
Em uma breve análise já constatamos que, quanto a decretação da prisão preventiva, existe mais de uma corrente doutrinária, começando pela primeira hipótese do texto do art. 312 do Código de Processo Penal.
Já vimos que toda decisão do juiz deverá ser fundamentada, e não é diferente para a decretação da prisão, aliais, principalmente para isto. Antes do juiz determinar que a pessoa presa em flagrante seja encaminhada a unidade prisional para cumprimento de uma prisão cautelar, deve este verificar as circunstâncias a cerca da vida regressa, sua reputação perante a sociedade, se possui emprego e endereço fixos, no caso de mulher, se possuí filho menor, ou se está gestante, para só então fundamentadamente proferir decisão.
A audiência de custódia além de outrasfinalidades, também foi implantada com a intenção de que a prisão preventiva seja revista, para que não gravemente ferido o princípio de presunção de inocência do acusado.
Além disso, é fato que o Brasil possui uma população carcerária demasiamente estufada, o Infopen divulgou em 2020, que a quantidade de pessoas privadas de liberdade no primeiro semestre de 2019 eram de 773.151 contando todos os regimes, 3,89% maior do que o último semestre de 2019, e que 33% dessas pessoas, se tratavam de presos provisórios, o que demonstra mais ainda a necessidade de que devemos tratar a prisão como ultima alternativa das cautelares.
De acordo com Leonardo Yarochewsky(2017):
A prisão continua sendo há mais de dois séculos a principal forma de punição para os “perigosos”, “vulneráveis”, “estereotipados” e “etiquetados”, enfim, para os que são criminalizados (criminalização primária e secundária) em razão de um processo de estigmatização, segundo a ideologia e o sistema dominante. 
Em pesquisa feita por Manuella Abath(2018) informa que: 
[...]há em torno de 15% de pessoas presas por furto (simples ou qualificado), delito praticado sem violência à pessoa e que admite a substituição da pena de prisão por penas restritivas de direitos; ao verificar, nas inúmeras pesquisas sobre criminalização do tráfico de drogas, que entulhamos a prisão de pequenos e pequenas traficantes, a quem mesmo a Lei nº 11.343 admitiria penas alternativas à prisão , faz-nos pensar que a prisão não inchou apenas porque resolvemos combater a criminalidade.
O que reforça a teoria da substituição de penas, visto que para os crimes de menor potencial ofensivo, ainda são determinadas as penas mais gravosas.
É necessário um controle anterior, para proteção dos direitos da pessoa humana, como o respeito pelo princípio da presunção de inocência, não permitindo assim que o sujeito preso em flagrante delito, e sem julgamento anterior, seja “jogado” na prisão sem fundamentação, antecipando assim uma pena, que ainda não existe.
De acordo com Gabriela Vasconcellos (2018):
Um dos principais princípios que regem as prisões cautelares, o que de fato, menos seja levado em consideração. Diante de tais fatos, percebemos a banalização e verdadeira relativização da presunção de inocência e do caráter excepcional, buscando de certa forma, acatar o clamor público, fazendo com que o que deveria ser regido pela excepcionalidade, seja utilizado como verdadeira antecipação de pena.
Acontece, que até mesmo após a implantação das audiências de custódia , ainda é visível que por diversas vezes, principalmente o princípio da presunção de inocência não é respeitado, com a decretação da prisão preventiva, onde esta poderia de fato, ser substituída pelas medidas cautelares.
Pelo exposto, é necessário que anterior a decretação da prisão preventiva pelo Juiz da custódia, sejam avaliadas as possibilidades de imposição das cautelares, para isso consultando os pressupostos de admissibilidade da substituição da prisão, Guilherme Andrade (2017) diz que
Para se decretar a custódia preventiva, o juiz deverá verificar a presença dos pressupostos probatórios ou fumus comissi delicti (materialidade do delito e indícios de autoria), e dos pressupostos cautelares ou periculum libertatis (ordem pública, ordem econômica, conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal), e após a observação de ambos, deverá analisar a natureza e qualidade do delito exteriorizado, verificando se autorizada a decretação da prisão preventiva.
O Supremo Tribunal Federal inclusive já dispos neste sentido, levando em conta o princípio da presunção de inocência, “O princípio da não culpabilidade direciona a ter-se a prisão preventiva como exceção. Incumbe, de regra, apurar para, depois de formada a culpa, prender, executando-se a pena” (HC 113.283-SP, 1ª Turma, rel. Marco Aurélio, 04.06.2013).
3.1 Utima Ratio como regra
Existem correntes diversas sobre a realização da audiência de custódia, porém também é imprescindível lembrar que o maior problema atualmente nos presídios do país é a superlotação, onde enorme quantidade dos presos, são presos provisórios, aguardando julgamento, muitas vezes há anos.
Uma das principais premissas da implantação desse tipo de audiência seria diminuir o número de presos que esperam por julgamento, tratando então de que a prisão preventiva seria apenas usada em último caso, o que chamamos de Ultima Ratio.
Bárbara Mengardo (2017), disse que “desde que começaram a ser implementadas, as audiências de custódia permitiram que mais de 40% dos presos em flagrante respondessem em liberdade”, dado extraído do Conselho Nacional de Justiça em 2017.
Isso é um fato positivo, porém conforme dados já informados aqui, em 2018 ainda haviam um grande número de presos acusados de crimes de menor potencial ofensivo, sem violência.
Assim também é a visão do nosso Superior Tribunal de Justiça, que recentemente deu provimento a um Habeas Corpus neste sentido:
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. PACIENTE PRIMÁRIO E DE BONS ANTECEDENTES. MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. POSSIBILIDADE. PROPORCIONALIDADE. PRECEDENTES. LIMINAR CONFIRMADA 1. A prisão preventiva deve ser imposta somente como ultima ratio. Existindo medidas alternativas capazes de garantir a ordem pública e evitar reiteração delitiva, deve-se preferir a aplicação dessas em detrimento da segregação extrema. 2. Embora tenha sido o paciente surpreendido com substâncias entorpecentes, a quantidade da droga apreendida não se mostra relevante para denotar uma periculosidade exacerbada na traficância a ponto de justificar o emprego da cautela máxima, notadamente, considerando-se a primariedade, os bons antecedentes e a situação atual de pandemia decorrente do novo coronavírus, a qual torna a prisão preventiva ainda mais excepcional. 3. Ordem concedida, confirmando-se a liminar, para determinar a liberdade provisória do paciente, devendo o Magistrado a quo substituir a prisão preventiva, salvo se por outro motivo estiver preso, de maneira fundamentada, por medidas cautelares diversas da prisão, nos termos do art. 319 do Código de Processo Penal, ressalvando-se, ainda, a possibilidade de decretação de nova prisão, por decisão fundamentada, caso demonstrada concretamente a sua necessidade (HC 588.538/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2020, DJe 09/09/2020)
É imprescindível que se no momento da audiência de custódia, o juiz apesar de considerar todas as circunstância que poderiam motivar a liberdade condicionada as medidas cautelares, e este julgue que não ser suficiente, justificada a decisão e não havendo outra alternativa, será o sujeito recolhido ao cárcere.
Ainda sobre a prisão preventiva como ultima ratio, discorre David Matzer (2019):
Entende-se que a prisão preventiva se aplicará em último caso, quando nenhuma outra medida puder ser aplicada, em extremos casos. E para peneirar a aplicação dessa grave medida, o legislador colocou algumas limitações, podendo somente aplicar a preventiva quando estiverem presentes os pressupostos e fundamentos previstos no artigo 312 do CPP, além de ser cabível no caso concreto.
Além do que já foi abordado, é devido citar, que todo embasamento relativo a importância da prisão preventiva ser tratada como ultima opção, assegura ao acusado que ainda não foi julgado, o direito da presunção de inocência, imposta como princípio fundamental, na Carta Magma brasileira, assim já descrevia GOMES FILHO (1991)
A denominada presunção da inocência constitui princípio informador de todo processo penal concebido como instrumento de aplicação de sanções punitivas em um sistema jurídico no qual sejam respeitados, fundamentalmente, os valores inerentes à dignidade da pessoa humana; como tal deve servir de pressuposto e parâmetro de todas as atividades estatais concernentes à repressão criminal.
Sob esse enfoque, a garantia constitucional não se revela somente no momento da decisão, como expressão da máxima in dúbiopro reo, mas se impõe igualmente como regra de tratamento do suspeito, indiciado ou acusado, que antes da condenação não pode sofrer qualquer equiparação ao culpado; e sobretudo, indica a necessidade de se assegurar, no âmbito da justiça criminal, a igualdade do cidadão no confronto com o poder punitivo, através de um processo justo.
Diante disto, fica claro que havendo a decretação da prisão traz prejuízo, quando se trata da liberdade do réu, onde este estaria antecipando a pena por algo que ainda não fora julgado, e é neste sentido o que diz Eugênio Pacelli (2014)
Referida modalidade de prisão, por trazer como consequência a privação da liberdade antes do trânsito em julgado, somente se justifica enquanto e na medida em que puder realizar a proteção da persecução penal, em todo o seu iter procedimental, e mais, quando se mostrar a única maneira de satisfazer a necessidade. 
Ainda sobre a importância da não antecipação da pena, em respeito ao princípio da presunção da inocência, discorre o doutrinador Aury Lopes Junior (2017):
É um princípio fundamental de civilidade, fruto de uma opção protetora do indivíduo, ainda que para isso tenha-se que pagar o preço da impunidade de algum culpável, pois sem dúvida o maior interesse é que todos os inocentes, sem exceção, estejam protegidos. Essa opção ideológica (pois eleição de valor), em se tratando de prisões cautelares, é da maior relevância, pois decorre da consciência de que o preço a ser pago pela prisão prematura e desnecessária de alguém inocente (pois ainda não existe sentença definitiva) é altíssimo, ainda mais no medieval sistema carcerário brasileiro.
Além da inocência presumida, o entendimento que prevalece é que ônus da prova cabe a quem acusa, o que indispõe ainda mais a antecipação da pena, visto que até que se prove o contrário o acusado é inocente, não devendo jamais pagar por algo que até então se pode provar que cometeu, outrossim, a Constituição Federal em seu artigo 5º, LVII diz que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Sobre a decretação da prisão preventiva, Pacelli(2018) transcorre que:
O que se quer assentar com tais considerações é que, por força de clara opção legislativa, o juiz deve privilegiar as cautelares diversas da prisão, reservando essas últimas apenas para os casos em que os onerosos custos sociais decorrentes da privação da liberdade de alguém possam ser – a juízo provisório – superados pela necessidade de tutela das funções de investigação e do regular e efetivo exercício da jurisdição penal. Mas, e também, que, desde que respeitadas as exigências legais também do art. 313, CPP, a decretação da prisão preventiva poderá ser uma alternativa igualmente válida e legítima, ainda que excepcional, como de rigor.
Entendamos, Pacelli deixa claro que apesar da prisão preventiva ser uma medida excepcional, utilizada como ultima opção, ainda assim, observados os requisitos, e sendo necessário, a cautelar poderá ser imposta, e neste caso, será válida e legítima como qualquer outra, apesar da sua excepcionalidade.
O advogado criminalista Marcio Jorio Fernandes(2019) diz o seguinte:
A prisão para garantia da ordem pública pautada no perigo de se solto, este voltará a delinquir, seria um absurdo, pois estaríamos diante de um direito penal voltado para condutas futuras, ou seja, é preciso que haja uma desconstrução desse paradigma realçando o caráter excepcional da prisão provisória e a real função das medidas cautelares. Pois existem outras medidas restritivas que poderiam ser aplicadas, menos gravosas para o acusado, que seriam as tipificadas nos artigos 319 a 320 do cpp, tendo como uma das mais usuais, a medida do inciso IX do art. 319 do cpp (monitoramento eletrônico).
Mais uma vez, é citado a necessidade da substituição da prisão cautelar pelas medidas menos gravosas, o advogado afirma que se a decretação da preventiva ocorre com fundamento da garantia da ordem pública, o acusado estaria pagando por algo que talvez ele nem faria, já que conforme vimos até aqui, a garantia da ordem pública, é definida por alguns doutrinadores como precaver que o sujeito não cometa mais crimes, poupando assim a sociedade, porém, seria no mínimo uma aberração pro direito penal, que o sujeito seja preso para que não cometa crime.
Acerca da alteração que a Lei 12.403/2011 trouxe para o Código de Processo Penal, no que tange a tratar a prisão preventiva como ultima ratio, o doutrinador Fernando Capez(2016) afirma que:
A partir da nova Lei, a decretação da prisão provisória exige mais do que mera necessidade. Exige a imprescindibilidade da medida para a garantia do processo. A custódia cautelar tornou-se medida excepcional. Mesmo verificada sua urgência e necessidade, só será imposta se não houver nenhuma outra alternativa menos drástica capaz de tutelar a eficácia da persecução penal. 
Com essa informação, fica claro que mesmo antes da implantação da audiência de custódia, já havia a determinação no CPP quanto a tratativa da excepcionalidade da prisão cautelar.
Ainda sobre as alterações trazidas pela referida Lei, Aury Lopes Jr(2013) diz que:
Sem dúvida a maior inovação desta reforma do CPP em 2011, ao lado da revitalização da fiança, é a criação de uma polimorfologia cautelar, ou seja, o estabelecimento de medidas cautelares diversas da prisão, nos termos do art. 319, rompendo com o binômio prisão-liberdade até então vigente. Importante sublinhar que não se trata de usar tais medidas quando não estiverem presentes os fundamentos da prisão preventiva. Nada disso. São medidas cautelares e, portanto, exigem a presença do fumus commissi delicti e do periculum libertatis, não podendo, sem eles, ser impostas. Assim, se durante uma prisão preventiva, desaparecer completamente o requisito e/ou fundamento, deve o agente ser libertado sem a imposição de qualquer medida alternativa (...) A medida alternativa somente deverá ser utilizada quando cabível a prisão preventiva, mas, em razão da proporcionalidade, houver uma outra restrição menos onerosa que sirva para tutelar aquela situação.
Apesar de todo entendimento da doutrina neste sentido, até hoje, é comum se ver a decretação da prisão na audiência de custódia, sem fundamentos sólidos, o que mais tarde geralmente é derrubado por um Habeas Corpus impetrado contra a r. Decisão, conforme pode-se ver:
HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONSTRAGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES. 1. A prisão preventiva constitui medida excepcional ao princípio da não culpabilidade, cabível, mediante decisão devidamente fundamentada e com base em circunstâncias que demonstrarem a necessidade da medida extrema, nos termos dos arts.312 e seguintes do Código de Processo Penal. 2. Hipótese em que a decisão de primeiro grau não apresentou argumentos idôneos e suficientes à manutenção da prisão cautelar, baseada apenas na necessidade de garantir a ordem pública, deixando de apontar elementos concretos extraídos dos autos que justificassem a necessidade da custódia, fundamentada em ilações abstratas, o que caracteriza nítido constrangimento ilegal. 3. A prisão cautelar deve ser imposta somente como ultima ratio, sendo ilegal a sua determinação quando suficiente a aplicação de medidas cautelares alternativas. No caso, a decisão impugnada não afastou, fundamentadamente, com relação ao paciente, a possibilidade de aplicação das medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, limitando-se a afirmar que nenhuma delas se revelaria suficiente para garantir a ordem pública e a aplicação da lei penal, bem como para a conveniência da instrução criminal. O argumento genérico de que a segregação se mostra indispensável para assegurar a tranquilidade social e resguardara credibilidade da Justiça, além de possibilitar o bom andamento da instrução criminal e assegurar eventual aplicação da lei penal, também não se mostra suficiente a ensejar a segregação cautelar, sobretudo com a possibilidade de aplicação de medidasdiversas da prisão. 4. Ordem concedida para revogar a prisão do paciente, com aplicação de medidas cautelares alternativas à prisão, nos termos explicitados no voto.
(STJ – HC: 296392 DF 2014/0135266-3, Relator: Ministro Sebastião Reis Júnior, Data do Julgamento: 02/09/2014, T6 – Sexta Turma, Data da Publicação: 17/09/2014)
Conforme decisão do Supremo Tribunal de Justiça acima, não há o que contesta acerca de que a prisão preventiva deve ser sempre tratada de forma excepcional as outras medidas cautelares.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme proposto, do presente trabalho foram extraídas inúmeras informações que ajuda-nos a entender a diferença entre a propositura do instituto Audiência de Custódia, que conforme vimos, tem o objetivo de diminuir as superlotações dos presídios e penitenciárias no Brasil.
Com as informações extraídas desta monografia também aprendemos que no Brasil, de acordo com a Lei, o entendimento doutrinário e o entendimento dos tribunais superiores, a prisão preventiva se vale, apenas quando não restar outra alternativa, ou seja, deverá ser tratada como ultima ratio, ou ultima opção.
Apesar de grande parte da doutrina concordar que a implantação das audiências de custódia é uma grande conquista para os legisladores e a população em geral, já que, ocorrendo a prisão em flagrante o preso deverá ser apresentado ao juiz imediatamente, trazendo assim uma sensação de segurança, que a lei será cumprida, diferente de antes, quando o único momento o qual o preso em flagrante teria contato com um juiz, seria na audiência de instrução, que poderia demorar meses, ou anos, trazendo prejuízo para o réu, já que este, na maioria das vezes, esperaria o julgamento encarcerado, ferindo o princípio constitucional da presunção de inocência, antecipando sua condenação antes do julgamento.
Conforme demonstrado no trabalho, apesar de temos teorias diversas acerca da audiência de custódia, é fato que, a prisão como ultima ratio é sem dúvidas uma teoria predominante entre os doutrinados da área, além de o STJ e o STF também já terem se manisfestado no sentido de que a premissa é a de que, apenas se esgotadas todas alternativas de substituição, a prisão deverá ser decretada.
Como demonstrado anteriormente, nosso sistema penal atual possuí inúmeras alternativas a decretação da prisão, entre elas, podemos destacar a monitoração eletrônica, que é uma boa alternativa para desafogar e ajustar o sistema prisional no que tange a população cercerária, trata-se de uma medida precisa e restritiva, apesar do acusado cumprir a pena muitas vezes em domicílio, é possível que seja monitorado cada passo, impondo assim uma restrição, menos gravosa que a da prisão.
Apesar do caminho ter sido bem complexo, e durar mais de 20 anos, a Audiência de Custódia é uma grande conquista para a sociedade brasileira, não só para o acusado, mas para sociedade em si, e somada ao reconhecimento da decretação de prisão como ultima opção, é espetacular, visto sem a audiência de custódia muito raramente o juiz teria a oportunidade de ouvir as partes e determinar a substituição da pena de prisão.
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CENTRO UNIVERSITARIO MAURÍCIO DE NASSAU 
CURSO DE bACHARELADO EM DIREITO
 
DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO AUTORAL DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC 
(Autodeclaração de autenticidade, originalidade, inexistência de plágio e não co-responsabilização do orientador)
NOME DO (A) CONCLUINTE: Rafaela de Almeida Wanderlei
RG: 7.337.446 SDS/PE CPF: 056.193.094-52 
E- MAIL: rafaela.almeidaw@gmail.com	
Telefone: (81) 98122-9426 Matrícula: 11009748
ORIENTADOR (A): Maurilo Sobral
DATA DA DEFESA: ____________ de _______________________ de _______________
TÍTULO/SUBTÍTULO DO TCC: Audiência de custódia: prisão preventiva como ultima ratio
Declaro, para os devidos fins, que o presente trabalho

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