Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Assepsia Médico-Cirúrgica Para melhor se explanar sobre assepsia médico-cirurgica, é necessário retornar alguns conceitos, principalmente de infecção, cadeia epidemiológica e infecção associada a assistência a saúde. A infecção segundo Potter e Perry (2018)é a entrada e multiplicação de um organismo (agente infeccioso) em um hospedeiro (POTTER, PERRY, 2018). A presença de um patógeno não significa que ocorrerá infecção. A infecção ocorre em um ciclo que depende da presença de todos os seguintes elementos: agente infeccioso, reservatório, porta de saída, modo de transmissão, porta de entrada e hospedeiro. O agente infeccioso são microorganismos que podem ou não causar doenças. Existem MO que vivem no corpo sem causar problemas. Outros são patógenos, ou seja, capazes de causar doenças. Os maiores grupos de MO patológicos são as bactérias, os vírus e os fungos (que incluem as leveduras e os mofos). O reservatório é uma fonte de infecção, um lugar onde os patógenos podem sobreviver e podem ou não se multiplicar. Animais, insetos e seres humanos são reservatórios vivos de infecção. O solo, a água, alimentos e superfícies ambientais podem ser reservatórios não vivos. Para se desenvolver, os MO precisam de um ambiente propício (alimento, oxigênio, água, temperatura adequada, PH e luz) (WILKISON; LEUVEN, 2010). Um reservatório contido, é apenas, uma fonte de infecção. Para que a infecção se dissemine, o patógeno precisa sair do reservatório. No caso de reservatórios humanos ou animais, a mais freqüente porta de saída são os líquidos corpóreos, como sangue, muco, saliva, leite materno, urina, fezes, vômito, sêmen ou outras secreções. Cortes, picadas e abrasões também fornecem uma saída para os líquidos corpóreos (WILKISON; LEUVEN, 2010). O modo de transmissão variam de acordo com o tipo de organismo e alguns agentes infecciosos podem ser transmitidos por mais de uma via (contato direto e indireto, gotículas, aerossóis, vetor) (CDC, 2011). A porta de entrada são as mesmas vias que eles utilizam para sair (POTTER, PERRY, 2009). Vetores como os mosquitos criam portas anormais de entrada quando picam a pele. Em instalações de saúde, as portas comuns de entrada incluem feridas, locais cirúrgicos e locais de inserção de tubos ou agulhas (WILKISON; LEUVEN, 2010). 1 O hospedeiro =>É um organismo que abriga outro MO. Para uma pessoa adquirir uma infecção depende da suscetibilidade a um agente infeccioso (POTTER, PERRY, 2009). Assim hospedeiro suscetível é uma pessoa com defesas inadequadas contra o patógeno invasor. Quando um patógeno ingressa num hospedeiro, três fatores determinam se este desenvolverá infecção: a virulência do organismo (seu poder de causar a doença); o número de organismos transmitidos (quanto maior o número, maior a probabilidade de causar a doença); a capacidade de defesa do hospedeiro para evitar a infecção. Atualmente, tem sido sugerida a mudança do termo Infecção hospitalar por Infecção Relacionada à Assistência à Saúde, que reflete melhor o risco de aquisição dessas infecções (CDC, 2010). É a infecção adquirida durante a hospitalização e que não estava presente ou em período de incubação por ocasião da admissão do paciente. São diagnosticadas, em geral, a partir de 48h, após a intervenção (ANVISA, 2004). As infecções relacionadas à assistência à saúde (adquiridas numa instalação de saúde) constituem um dos 20 maiores problemas de saúde nos EUA e preocupam profissionais de saúde no mundo todo. Elas custam mais de 4,5 bilhões de dólares por ano e são uma das principais causas de morte. É surpreendente que as pessoas adquiram infecções numa instalação de saúde, haja vista, que elas vão para lá para serem curadas, não para ficar doentes. Mas é lá que elas buscam cuidados e onde entram em contato com outros pacientes, equipamentos de saúde e profissionais de saúde (WILKISON; LEUVEN, 2010). A maioria das infecções entre pacientes é disseminada pelas mãos dos profissionais de saúde. Nesse sentido, surge à assepsia, como medidas essenciais para prevenir infecções hospitalares, reduzir transmissão de infecções e proteger os pacientes e o profissional de infecção. MEDIDAS PROFILÁTICAS DE IrAS (infecção relacionada à assistência à saúde) ❖ Lavar as mãos em freqüência antes e após qualquer procedimento. ❖ Seguir normas e rotinas estabelecidas pelo setor de controle de infecção hospitalar (CCIH) e Serviço em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. ❖ Não permitir que funcionários e acompanhantes se sentem no leito do paciente. 2 ❖ Manter higiene pessoal adequada. ❖ Não acumular alimento. ❖ Não fumar no hospital. ❖ Não manipular os equipamentos hospitalares. ❖ Não utilizar os banheiros. ❖ Não jogar lixo. ❖ Não levar alimentos. ❖ Não comer a dieta do paciente. Respeitar horários ⚫ Não levar alimentos. ⚫ Não comer a dieta do paciente. ASSEPSIA Eo conjunto de medidas que utilizamos para reduzir numero de microorganismo, e impedir a penetração de MO num ambiente que logicamente não os tem, logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção (MORIYA; MODENA, 2009). ASSEPSIA CIRURGICA A infecção não existe, procura-se evitar seu aparecimento. Busca impedir a penetração de germes em locais que não o contenham. Procedimentos da equipe de saúde que buscam impedir a penetração de germes em locais que não os contenham. Inclui procedimentos usados para eliminar todos os MO, incluindo patógenos e esporos de um objeto ou área. Estas técnicas devem ser realizadas em ambiente que propicie condições para realização de técnicas estéreis. Princípios Assepsia da Cirúrgica 1. Um objeto esterilizado permanece estéril somente quando tocado por outro objeto estéril; 2. Somente objetos estéreis podem ser colocados sobre um campo estéril; 3 3. Um objeto estéril ou campo fora do raio de visão ou um objeto segurado abaixo da cintura da pessoa está contaminado; 4. Um objeto ou campo estéril torna-se contaminado por exposição prolongada ao ar; 5. Quando uma superfície estéril entra em contato com uma superfície molhada e contaminada, o objeto ou campo estéril torna-se contaminado pela ação capilar; 6. O fluido flui na direção da gravidade; 7. As extremidades de um campo ou recipiente estéril são consideradas contaminadas. 8. Todos os suprimentos cirúrgicos, instrumentos, agulhas, fios de sutura, curativos e soluções que possam entrar em contato com a ferida cirúrgica e os tecidos expostos devem ser esterilizados antes da sua utilização. MEDIDAS ASSÉPTICAS 1. ANTISSEPSIA É a destruição de microorganismos existentes nas camadas superficiais ou profundas da pele mediante a aplicação de um agente germicida de baixa causticidade, hipoalérgico e passível de ser aplicado em tecido vivo. Medidas antissépticas ● Higienização das mãos; ● Antissepsia das mãos; ● Preparo cirúrgico das mãos e antebraços Antissépticos São substancias utilizadas para destruir microorganismos ou inibir suareprodução ou metabolismo. Composto de iodo – bactericida, bacteriostático e residual; Iodóforos – bactericida, fungicida, virucida e ação residual Clorexidina – germicida(melhor contra GRAM +) e ação residual Álcool – bactericida, fungicida, vírucida seletivo, sem ação residual. Hipoclorito e derivados clorados – potente germicida Aldeídos – bactericida e esporicida 4 . SOLUÇÕES UTILIZADAS COMO ANTISSÉPTICOS CLOREXIDINA: ⚫ Age por destruição da membrana celular. ⚫ Tem excelente ação sobre bactérias Gram-positivas, fungos e vírus. ⚫ Apresenta baixo grau de toxicidade e fotossensibilidade. ⚫ Redução da microbiota em 15 segundos. ⚫ Efeito residual de 6 a 8 horas. ⚫ Apresentação: degermante, alcóolica ⚫ PVPI (Polivinilpirrolidona Iodo ) a 10% ⚫ Penetra na parede celular dos microorganismos. ⚫ Tem ação sobre fungos, vírus e micobactérias. ⚫ É fotossensibilidade e decompõe-se á exposição ao calor ⚫ Redução da microbiota em 2 minutos. ⚫ Efeito residual: 2 a 4 horas. ⚫ Apresentação: degermante, alcóolica e aquosa . PROCESSAMENTO DE ARTIGOS Um esquema para classificação de artigos foi proposto por Spauding como o objetivo de racionalizar as indicações de processamento de artigos em unidades de saúde. Os artigos podem ser classificados em 3 categorias de acordo com o grau de risco de aquisição de infecção envolvido com a utilização dos mesmos. Os artigos são classificados em críticos, semi-criticos e não críticos. Artigos críticos= são artigos destinados a penetração através da pele e mucosas adjacentes, nos tecidos sub-epiteliaise no sistema vascular, bem como, todos os que estejam diretamente conectados com este sistema. Estão envolvidos em alto risco de 5 aquisição de infecção se contaminados com quaisquer microorganismos, incluindo os esporos bacterianos. Estes requerem esterilização para uso e satisfazer os objetivos a que se propõem. Ex: agulhas, cateter, instrumentos cirúrgicos, materiais de implante, etc. Artigos semi-críticos= são artigos que entram em contato com a pele não integra ou com mucosas integras. Devem estar livres de todos os microorganismos, exceto para grandes números de esporos. Membranas e mucosas intactas geralmente são resistentes aos esporos bacterianos mais comuns, porém, são suscetíveis a infecções por micobactérias e alguns vírus. Estes artigos requerem desinfecção de médio ou de alto nível, ou esterilização, para ter garantida a qualidade do múltiplo uso destes. Ex: cânula endotraqueal, equipamento respiratório, especulo vaginal, SNG, equipamento de anestesia, laringoscópio, entre outros. Artigos não-críticos = são artigos destinados ao contato com a pele integra dos pacientes, mas não com a mucosa. A pele integra é uma barreira efetiva contramuitos microorganismos. Estes artigos apresentam baixíssimo risco intrínseco pela sua utilização. Entretanto, podem servir de fonte para contaminação das mãos dos profissionais, que por sua vez poderão carrear microorganismos para contato com outro paciente. Requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou médio nível, dependendo do uso a que se destinam ou do ultimo uso realizado. Ex: comadres, cubas, aparelhos de pressão, utensílios alimentares, roupas, materiais usado em banho no leito. Limpeza = é o procedimento de remoção de sujidade e detritos para manter o estado de asseio dos artigos, reduzindo a população microbiana. A limpeza deve preceder os procedimentos de desinfecção ou de esterilização, pois reduz a carga microbiana através da remoção de sujidade e da matéria orgânica presente nos materiais. A limpeza pode ser: Manual = realizada manualmente por meio de ação física, sendo utilizada água, detergente, escovas de cerda macia. Automatizada= é realizada por máquina automatizadas, que removem sujidade por meio de ação física e química. Ex: lavadora ultra-sônica, lavadora descontaminadas, lavadora termo-desinfectante. Desinfecção =Este termo deverá ser entendido como um processo de eliminação ou destruição de todos os MO na forma vegetativa, independente de serem patogênicos ou não, presentes nos artigos e objetos inanimados. A destruição de algumas bactérias na forma esporulada também podem ocorrer, mas não se tem o controle e a garantia desse resultado. A desinfecção pode ser: 6 Alto nível – destrói todos os microorganismos na forma vegetativa e alguns esporulados, bacilo da Tuberculose, fungos e vírus. Requer enxágüe do material com água estéril e manipulação com técnica asséptica. Baixo nível - destrói todos os microorganismos na forma vegetativa, alguns vírus e fungos, não elimina o bacilo da tuberculose, nem os esporulados. Nível médio - destrói todos os microorganismos na forma vegetativa, exceto os esporulados, inativa o bacilo da tuberculose, a maioria dos vírus, fungos. Processo Químico de desinfecção – hipoclorito de sódio dependendo da concentração, glutaraldeido, solução de peróxido de Hidrogênio, cloro e compostos clorados, Acido peracético GLUTARALDEÍDO ⚫ Nível de desinfecção – alto, esterilização ⚫ Bactericida, viruscida, fungicida, tuberculoscida ⚫ Destrói esporos ⚫ Vantagens – não é corrosivo para metais, não danifica lentes,plásticos ou borrachas ⚫ Desvantagens – irritante para mucosas, causando processos inflamatórios de conjuntiva, vias aéreas; epistaxe, dermatite de contato, asma rinite no funcionário que manuseia. ⚫ Esterelizaem 10hs ⚫ Desinfecçãoem 30 min HIPOCLORITO DE SÓDIO 7 • Nível de desinfecção – alto, médio e baixo – varia conforme a concentração e tempo de exposição. • Bactericida, viruscida, fungicida, tuberculoscida, • Destróialgunsesporos • Desvantagens – altamentecorrosivos • Estocagem da solução: pH 8,0; 23°C, recipientes plásticos, opacos e fechados Ácido Peracético Indicado para desinfecção de alto nível (10 min) e esterilização de artigos críticos e semi-críticos (60 min). VANTAGENS ● Age mesmo na presença de matéria orgânica. Não forma resíduos tóxicos Não forma resíduos tóxicos Não forma resíduos tóxicos Cuidados Especiais ao Manipular o Glutaraldeido e Ácido Peracético � Utilizar EPI: máscara. óculos de proteção, avental impemeável, luvas de borracha. � Utilizar recipiente de vidro ou plástico rígido com tampa, sendo recomendado recipiente duplo: um perfurado e outro íntegro. � Lavar o material minuciosamente e secar antes da submersão completa em solução desinfetante 8 Esterilização = É o processo pelo qual todos os microorganismos são destruídos a tal ponto que a sua probabilidade de sobrevivência é menor que 1 para 1.000.000. É o processo de destruição de todas as formas de vida microbiana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus) mediante a aplicação de agentes físicos e químicos. Toda esterilização deve ser precedida de lavagem e enxaguadura de artigo para remoção de detritos. O conceito de esterilização é absoluto, o material é esterilizado ou é contaminado. Não existe meio termo. Tipos de esterilização ● Físico o Calor = Autoclave) o Radiação(raios ultravioletas e raios gama) ● Químico= líquidos e gasosos( Peroxido de hidrogênio-STERRAD,Óxido de hidrogênio CONTROLE DE ÁREAS DE SUPERFICIE O objetivo de classificação das áreas dos serviços de saúde é orientar a complexidade e a minuciosidade dos serviços a serem executados nesses setores, de modo que o processo de limpeza e desinfecção de superfícies sejam adequados. Áreas críticas: São áreas com risco aumentado de transmissão de infecção, onde realizam procedimentos de risco. Exemplo: centro cirúrgico, unidade de terapia intensiva, unidade de diálise, laboratório de análises clínicas, setor de hemodinâmica, unidade de queimados, berçário de alto risco, unidade de isolamentos, central de materiais e esterilização, lactário, serviço de nutrição, farmácia e área suja da lavanderia; Áreas semicríticas: são áreas ocupadas por pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas. Exemplos: enfermarias, ambulatórios, banheiros, posto de enfermagem, elevador e corredores; 9 Áreas não-críticas: são todas as demais áreas não ocupadas por pacientes e onde não se realizam procedimentos de risco. Exemplos: vestiário, copa, áreas administrativas, almoxarifado, secretaria e sala de costura Classificação das áreas x Frequência mínima de limpeza: Áreas críticas: 3x dia e sempre que necessário; Áreas semicríticas: 2x dia e sempre que necessário; Áreas não-críticas: 1x dia e sempre que necessário; Áreas comuns: 1x dia e sempre que necessário;.(Anvisa, 2012) MÉTODOS DE PROCESSAMENTO DE SUPERFICIES (Higienização de superfícies de estabelecimento de assistência a saúde) As superfícies físicas com presença de matéria orgânica em áreas criticas, semi-criticas e não críticas deverão sofrer desinfecção ou descontaminação e posterior limpeza. Superfícies com presença de matéria orgânica = desinfecção ou descontaminação e limpeza Superfícies sem presença de matéria orgânica = limpeza Medidas Profiláticas e Especificas AS PRECAUÇÕES UNIVERSAIS /PRECAUÇÕES BÁSICAS São princípios e procedimentos para prevenir e controlar a infecção e sua disseminação (POTTER; PERRY, 2011). Incluem: 1.1 Higienização das mãos 1.2 Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 1.3 Manuseio de Perfurocortantes 1.4 Práticas Seguras com injetáveis 1.5 Higiene respiratória/ Etiqueta da tosse 1.1 Higienização das mãos O termo lavagem das mãos foi modificado por higienização das mãos devido sua maior abrangência. O termo engloba a higienização simples, a higienização antiséptica, a 10 fricção anti-séptica e a anti-sepsia cirúrgica das mãos, que serão abordadas mais adiante. É a medida individual mais simples e menos dispendiosa para prevenir a propagação das infecções relacionadas a assistência a saúde (ANVISA, 2013). É o aspecto mais importante da assepsia na área da saúde. Por que fazer? As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos microrganismos, que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies Contaminados (ANVISA, 2013). Nas atividades diárias, as mãos humanas estão constantemente em um intenso contato com o ambiente ao redor e esta forma de transmissão também fica evidente (FEACHEM, 1984; HAGGERTY, 1994). A pele das mãos alberga, principalmente, duas populações de microrganismos: os pertencentes à microbiota residente e à microbiota transitória (ANVISA, 2013). A microbiota residente, também chamada indígena,é constituída por microrganismos de baixa virulência, como estafilococos, corinebactérias e micrococos, pouco associados às infecções veiculadas pelas mãos. É mais difícil de ser removida pela higienização das mãos com água e sabão, uma vez que coloniza as camadas mais internas da pele (estratos mais profundo da camada córnea) (ANVISA, 2007). A microbiota transitória coloniza a camada mais superficial da pele, o que permite sua remoção mecânica pela higienização das mãos com água e sabão, sendo eliminada com mais facilidade quando se utiliza uma solução anti-séptica. É representada, tipicamente, pelas bactérias Gram-negativas, como enterobactérias (Ex: Escherichia coli), bactérias não fermentadoras (Ex: Pseudomonasaeruginosa), além de fungos e vírus (ANVISA, 2007). As bactérias potencialmente patogênicas estão virtualmente todas na superfície cutânea (UNESP, 2009). Alem da microbiota residente e transitória, existe um terceiro tipo de microbiota das mãos, denominada microbiota infecciosa. Neste grupo, poderiam ser incluídos microrganismos de patogenicidade comprovada, que causam infecções especificas como absecessos, penarúcio ou eczema infectado das mãos. S. aureus e estreptococosB hemolíticos são os mais freqüentes. Para que Higienizar? (ANVISA, 2013). A higienização das mãos apresenta as seguintes finalidades: 11 • Remoção de sujidade, suor, oleosidade, pêlos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções veiculadas ao contato. • Prevenção e redução das infecções causadas pelas transmissões cruzadas. Há na literatura evidências convincentes de que a promoção e melhoria da higienização das mãos podem reduzir as taxas de infecção nos serviços de saúde1-4. Este achado reforça a idéia de que a higienização das mãos é uma das medidas mais importantes para redução da transmissão cruzada de microrganismos e, conseqüentemente, das taxas de infecção.(CORRÊA, Quem deve Higienizar? (ANVISA, 2013). Devem higienizar as mãos todos os profissionais que trabalham em serviços de saúde, que mantém contato direto ou indireto com os pacientes, que atuam na manipulação de medicamentos, alimentos e material estéril ou contaminado. Como fazer? (ANVISA, 2013). As mãos dos profissionais que atuam em serviços de saúde podem ser higienizadas utilizando-se: água e sabão, preparação alcoólica e anti-séptico. Higienização simples; Higienização anti-séptica; Fricção anti-séptica com preparações alcoólicas; Anti-sepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório TécnicaPara Higienização das Mãos -Retirar jóias ,anéis,relógio -Manter o corpo afastado da pia -Abrir a torneira Umedecer as mãos Pegar sabão no dispensador Friccionar produzindo espuma Iniciar o primeiro passo palma de cima para baixo Após dorso das mãos 12 Após interdigitais Dorsos dos dedos Após polegar Após polpas digitais e unhas Após Punho Enxaguar as mãos de cima para baixo Enxugar e desligar a torneira com o papel Quando fazer? (POTTER; PERRY, 2011) Ao chegar e ao sair de uma unidade de atendimento a pacientes. Antes e depois de ir ao banheiro; Antes e depois de qualquer contato com um paciente ou com artigos próximos ao paciente; Antes de colocar as luvas e após removê-las; Antes e depois de tocar qualquer área da face; Antes e depois de comer; Após encostar-se a qualquer coisa que possa estar contaminada Sempre que as mãos estiverem visivelmente sujas. 1.2 Higiene Respiratória/Etiquetada tosse (CDC, 2011) São princípios básicos que enfatizam a educação do pessoal (profissionais e pacientes) sobre a importância de contenção das secreções respiratórias, especialmente durante surtos sazonais de infecções virais do trato respiratório (CDC, 2011). 13 Recomendações/Medidas ● Uso de máscaras em caso de gripes ou resfriados; ● Cobrir a boca e nariz ao espirrar ou tossir com um lenço de papel descartável e despreze o no lixo; ● Lavar as mãos após limpar o nariz ou boca; ● Manter distancia das pessoas; ● Em caso de não ter lenço, tossir ou espirrar no antebraço, mas não nas mãos, que são importantes veículos de contaminação. ● Elementos da Higiene Respiratória (POTTER; PERRY, 2018) ● Educação da equipe da instalação de cuidado da saúde, familiares do paciente e visitante; ● Cartazes e material escrito para a instalação de cuidado da saúde ou equipe da instituição, paciente, familiares e visitantes; ● Educação sobre como cobrir seu nariz/boca quando tossir, usando um lenço e descarte imediato do lenço contaminado; ● Colocação de máscaras cirúrgicas no paciente se isto não for comprometer a sua função respiratória ou se aplicável, o que pode não ser possível em populações pediátricas; ● Higiene das mãos após o contato com secreções respiratórias contaminadas; ● Separação espacial maior que 1 metro de distancia das infecções com infecções respiratórias. 1.3 Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 14 Como o próprio nome diz, são equipamentos de uso individual, com o objetivo de oferecer segurança, evitando e minimizando os riscos à saúde (UFSC, 2011). Avental: Usar um avental limpo não estéril para proteger a pele e evitar sujar a roupa sempre que houver risco de derramamento e espirro nas roupas. Tirar o avental imediatamente quando sujar. Evite contaminar as roupas ao tirar o avental. Lave as mãos após tirar o avental (WILKISON; LEUVEN, 2010). Os aventais podem ser de três tipos (descartável:para procedimentos simples; de pano: para procedimentos cirúrgicos; impermeável: para lavagem de materiais e instrumentos contaminados. Máscara: utilizar sempre que houver indicação (exposição a produtos químicos passíveis de inalação, por exemplo: desinfecção com glutaraldeído, cujo uso é obrigatório). Deve ser usada em procedimentos que possam gerar respingos de sangue ou líquido corpóreos, secreções e excreções (Ex: curativo). Existem dois tipos de máscaras: máscara cirúrgica (utilizada em precaução por gotículas pelos profissionais de saúde e nos pacientes na suspeita ou confirmação de doenças transmitidas de forma respiratória) e máscara com filtro (PFF2) (de uso exclusivo do profissional para precaução com aerossóis. Óculos de proteção: proteger as mucosas ocular, nasal e boca durante as atividades que possam gerar secreções contaminantes. Luvas:Podem ser de três tipos (procedimento, estéreis e de borracha).. Trocar as luvas entre tarefas ou procedimentos no mesmo paciente se tiver contato com material que possa conter alta concentração de microorganismos (WILKISON; LEUVEN, 2010). Lave as mãos após tirar as luvas. IMPORTANTE • Use luvas somente quando indicado. • Utilize-as antes de entrar em contato com sangue, líquidos corporais, membrana mucosa, pele não intacta e outros materiais potencialmente infectantes. • Troque de luvas sempre que entrar em contato com outro paciente. • Troque também durante o contato com o paciente se for mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, ou quando esta estiver danificada. • Nunca toque desnecessariamente superfícies e materiais (tais como telefones, maçanetas, portas) quando estiver com luvas.(ANVISA,2013) Observe a técnica correta de remoção de luvas para evitar a contaminação das mãos. Lembre-se: o uso de luvas não substitui a higienização das mãos! 1.4 Manuseio/Cuidado com perfurocortantes 15 São recomendações especificas que devem ser seguidas durante a realização de procedimentos que envolvam a manipulação de perfurocortantes (BRASIL, 2007). Medidas ● Máxima atenção durante a realização dos procedimentos que envolvam a manipulação de material perfurocortante; ● Jamais utilizar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que envolvam material perfurocortante; ● As agulhas não devem ser reencapadas, entortadas, quebradas ou retiradas da seringa com as mãos; ● Não utilizar agulhas para fixar papéis; ● Todo material perfurocortante, mesmo que estéril, deve ser desprezado em recipientes resistentes a perfuração e com tampa; ● Os recipientes específicos para descarte de material não devem ser preenchidos acima do limite de 2/3 de sua capacidade total e devem ser colocados sempre próximos do local onde é realizado o procedimento. 1.5 Práticas seguras de injeção (CDC, 2011) S ão princípios básicos da técnica asséptica para a preparação e administração de medicamentos parenterais. Medidas ● Lavagem das mãos ● Uso de agulha estéril; ● Uso único de agulha; ● Seringa descartável para cada injeção dada; ● Prevenção da contaminação de equipamentos de injeção e medicação. 16 2. PRECAUÇÕES ESPECÍFICAS Conceito São precauções baseadas no mecanismo de transmissão das doenças. Devem ser adotadas a partir da suspeita ou confirmação diagnóstica (POTTER; PERRY, 2011). 1.6 Precauções por contato 1.7 Precauções por gotículas 1.8 Precauções por aerossóis 1.9 Precauções para pacientes Multi-resistentes 1.10 Ambiente Protetor 2.1 Precauções por contato São precauções indicadas para pacientes com infecção ou colonização por MO com importância epidemiológica e que são transmitidos por contato direto (pele a pele) ou indireto (contato com itens ambientais ou itens de uso do paciente)EX:herpes,escabiose Medidas Profiláticas (ANVISA, 2011) ● Seguir todas as precauções universais; ● Higienização das mãos; ● Usar avental limpo e luvas ao prever qualquer contato com o paciente ou com qualquer item contaminado no quarto; ● Uso de quarto privativo ou coorte de pacientes com o mesmo agente etiológico; 17 ● Caso não houver disponibilidade de quarto privativo, a distância mínima entre os dois leitos deve ser de um metro. ● Seguir todas as precauções específicas para o microorganismo. Obs: Uso de quarto privativo apenas em secreções não contidas (traqueostomia e diarréia em incontinentes); • Contato Indireto=Refere-se a contato entre indivíduos, intermediado por objeto inanimadosEx :esmalte, escova,Toalhas de Banho 2.2 Precauções para gotículas São precauções focadas nas doenças que são transmitidas por gotículas grandes (> 5µ), que são expelidas no ar entre 1 a 2 metros. Podem ser geradas durante tosse, espirro, conversação ou realização de diversos procedimentos (POTTER; PERRY, 2018).Ex:rubéola,parotidite Medidas Profiláticas (POTTER; PERRY, 2018; WILKISON; LEUVEN, 2010; UFSC, 2011). ● Seguir todas as precauções universais; ● Seguir todas as precauções por contato; ● Usar máscara e proteção ocular ao trabalhara menos de 1 metro do paciente; ● A porta pode permanecer fechada; ● O transporte do paciente deve ser evitado, mas quando necessário, deve ser usar mascaras cirúrgicas durante toda sua permanência fora do quarto. 2.3 Precauções por aerossóis São precauções focadas nas doenças que são transmitidas por pequenas gotículas (< 5µ), que permanecem suspensas no ar por longos períodos de tempo e podem ser dispersadas a longas distancias.EX:tuberculose,varicela,sarampo, Medidas profiláticas (POTTER; PERRY, 2018; WILKISON; LEUVEN, 2010). 18 ● Seguir todas as precauções universais; ● Seguir todas as precauções por contato; ● Manter a porta do quarto sempre fechada e coloque máscara PFF2 (N95) antes de entrar no quarto; ● Quarto privativo (ou coorte, que deve ser evitada) que possua pressão de ar negativa em relação as áreas vizinhas; ● Um mínimo de 6 trocas de ar por hora e cuidados com o ar que é retirado do quarto (filtragem com filtros HEPA) antes da recirculação em outras áreas do hospital. ● O transporte deve ser evitado, mas, se necessário, o paciente deve usar máscara cirúrgica durante toda a sua permanência fora do quarto. ● Se o paciente tiver rubéola ou varicela, ou suspeita dessas doenças, somente cuidadores imunes devem prestar cuidados. Eles não precisam usar máscaras. Prevenção:Risco Biológico ❖ Vacinar-se contra Hepatite B; doses (0) 1 e 6¨meses ❖ Não recapar agulhas ou desconectá-las da seringa; ❖ Descartar material perfuro-cortante em recipientes rígidos apropriados; ❖ Não permitir que os recipientes sejam preenchidos acima de 2/3 da sua capacidade ❖ Não bater ou comprimir a caixa coletora de perfuro-cortante; ❖ Não utilizar agulhas para “fixar papéis”; ❖ Manter a máxima atenção durante as atividades que utilizem material perfuro cortante ou material orgânico; ❖ Não transportar qualquer perfuro-cortante sem o apoio de uma cuba ou bandeja; ❖ Utilizar EPI quando existir a possibilidade de respingos de sangue ou fluidos orgânicos. 19 Condutas após o acidente perfuro-cortante ❖ Segundo o Ministério da Saúde você tem de 2horas para agir, as quimioprofilaxias contra Hb e HIV, devem ser iniciadas ate 2 horas após o acidente. ❖ Lavagem do local exposto. ❖ Não realizar procedimentos que aumentem a área exposta. ❖ Obter do paciente uma Anamnese recente e detalhada. ❖ Coletar material biológico para analise de HIV, HBV e HCV. ❖ Notificação ❖ Informar sobre seu estado vacinal, ❖ Caso o quadro caracterize situação de risco as quimioprofilaxias contra Hb e HIV, serão iniciadas. ❖ Acompanhamento clínico\laboratorial Hepatite B (1) 3 doses em não vacinados => 0, 30 e 180 dias dT (difteria e tétano, tipo adulto) em não vacinados (2) 3 doses em não vacinados => 0, 30 e 180 dias (e reforço a cada 10 anos) “Plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores” William Shakespeare. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 20 ⚫ Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienização das mãos em serviços de saúde/ Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília : Anvisa, 2013 . ⚫ Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2013. ⚫ Geovanini T, Alfeu O, Palermo T. Manual de Curativos.Sao Paulo: Editora Corpus, 2011. ⚫ Potter,P;Perry, A. G. Grande Tratado de Enfermagem Prática.7.ed. São Paulo: Editora Santos, 2018 ⚫ Kawamoto.E;EFundamentos de assistência ao paciente São paulo;Editora EPU,2011 ⚫ Purita ,F.Manual de instrumentação cirúrgica Rio de Janeiro Editora :Cultura Médica 5ªedição ⚫ Silva ,M.A;A Enfermagem na Unidade de Centro Cirúrgico São paulo : Editora EPU,2011 ⚫ CODEPPS/COVISA. Manual de Biossegurança na Saúde. São Paulo, 2007 ⚫ FIGUEIRA, Ma Cristina. Manual de enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. ⚫ Teixeira,P.Valle,S Biossegurança :Uma abordagem multidisciplinar,Editora Fio Cruz,2012 2 a edição ⚫ Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília, 2012. ⚫ https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/s eguranca-do-paciente-em-servicos-de-saude-limpeza-e-desinfeccao-de-superfici es Acesso 21/02/2019 ás 11:10 ⚫ http://www.cva.ufrj.br/informacao/vacinas/calendario/cv-adultos.html Acesso 21/02/2019 11:50 21
Compartilhar