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99 Disciplina: Séries e Equações Diferenciais Ordinárias Prof Dr Marivaldo P Matos Curso de Matemática – UFPBVIRTUAL matos@mat.ufpb.br Ambiente Virtual de Aprendizagem: Moodle (www.ead.ufpb.br) Site do Curso: www.mat.ufpb.br/ead Site da UFPBVIRTUAL: www.virtual.ufpb.br Telefone UFPBVIRTUAL (83) 3216 7257 Carga horária: 60 horas Créditos: 04 Ementa Sequências Numéricas, Séries Numéricas, Séries de Potências, Equações Diferenciais de Primeira Ordem, Equações Diferenciais Lineares de Segunda Ordem. Descrição A disciplina Séries e Equações Diferenciais consiste em uma exposição passo a passo de conceitos e propriedades básicas de cálculo de limites de sequência numéricas, critérios de convergência para séries, representação das funções elementares do cálculo por séries de potências, métodos de resolução de equações diferenciais ordinárias e aplicações. O programa da disciplina divide-se em cinco unidades, as três primeiras sobre sequências e séries e as outras duas sobre equações diferencias. Na primeira unidade apresentam-se os conceitos e resultados básicos sobre sequências numéricas com vistas ao cálculo de limites; na segunda unidade apresentam-se os principais critérios de convergência para séries numéricas, com ênfase no Teste da Razão. Na terceira unidade dar-se-á ênfase ao desenvolvimento de funções em séries de potências. Na quarta unidade apresentam-se conceitos e métodos sobre equações diferenciais de primeira ordem enfatizando o processo que vai da modelagem à resolução de alguns problemas práticos. Finalmente, a quinta unidade trata das equações diferenciais lineares de segunda ordem, onde se apresentam conceitos e métodos com aplicações. Objetivos Ao final do curso espera-se que o aluno Compreenda o significado de limite de uma sequência numérica e de convergência de uma série numérica; Saiba determinar o domínio de uma função definida por uma série de potências e esteja habilitado a desenvolver as principais funções elementares do cálculo em séries de potências; Saiba aplicar os métodos de resolução de equações diferenciais ordinárias e modelar alguns fenômenos físicos por equações diferenciais para, em seguida, resolvê-los. Unidades Temática Integradas Unidade I Sequências Numéricas Conceitos Básicos Sequências Convergentes Cálculo de Limites Unidade II Séries Numéricas Séries Convergentes Séries de Termos Positivos. Critérios de Convergência Séries Alternadas. Critério de Leibniz Convergência Absoluta. Critério da Razão 100 Unidade III Séries de Potências Intervalo de Convergência Funções definidas por Séries de Potências Derivação e Integração de Séries de Potências Séries de Taylor e Séries de Maclaurin Unidade IV Equações Diferenciais de Primeira Ordem Modelagem de Problemas Práticos EDO Linear: solução geral EDO Não-Linear: métodos elementares Unidade V Equações Diferenciais Lineares de Segunda Ordem Alguns modelos como motivação Método dos Coeficientes a Determinar - MCD Método de Variação dos Parâmetros - MVP Soluções em Séries de Potências 101 Unidade I Sequências Numéricas 1. Situando a temática Nesta unidade, apresentamos os conceitos básicos e a noção intuitiva de limite para sequências numéricas e formalizamos as principais propriedades para o cálculo de limites. A notação e terminologia fixadas são fundamentais para o acompanhamento das unidades posteriores. 2. Problematizando a Temática A importância de sequências (e séries) infinitas para o cálculo torna-se evidente quando se deseja aproximar certas funções por polinômios. Essa ideia já fora idealizada por Newton no cálculo de áreas onde ele frequentemente integrava funções a partir de sua representação como uma soma infinita de funções polinomiais. 3. Conhecendo a Temática 3.1 Conceitos Básicos Informalmente, uma sequência é uma lista ordenada de coisas, mas nesta unidade as coisas serão números reais. Pensando desta forma, uma sequência nada mais é do que uma lista ordenada infinita de números reais a1 , a2 , a3 , ... an ,.... em que a1 é o primeiro termo e an é o n-ésimo termo ou termo de ordem n. Em se tratando de uma lista infinita, cada termo an tem um sucessor an+1 e assim fica estabelecida uma correspondência entre o conjunto � = {1,2,3,4,....} dos números naturais e o conjunto constituído pelos termos a1 , a2 , a3 , ... an ,.... da sequência. Uma sequência {an} é uma função f cujo domínio é o conjunto � dos números naturais e cujo valor no número natural n é precisamente o termo an, isto é, f(n) = an. Por simplicidade, essa sequência f é representada pelo seu termo genérico an. Uma sequência pode ser representada pelo seu termo geral an, bn, xn, etc. ou explicitando-se seus primeiros termos como mostram os seguintes exemplos: Exemplo A sequência cujos termos são todos iguais a 1 é representada por an = 1 ou explicitando seus primeiros termos: 1, 1, 1, 1, ..... Uma sequência em que todos os termos são iguais é denominada sequência constante. Exemplo A sequência de termo geral an = (–1)n assume dois valores distintos: o valor –1, quando n for um número ímpar e o valor 1, quando n for par. Seus valores são alternadamente negativos e positivos e ela também é representada sob a forma: –1, 1, –1, 1, .... Quando os termos de uma sequência são alternadamente positivos e negativos ela recebe o nome de sequência alternada. Exemplo A sequência de termo geral an = 1/n é também representada por: 1, 1/2, 1/3, 1/4,.... Nesta sequência os termos an tornam-se cada vez menores, à medida que o índice n aumenta. Exemplo Os cinco primeiros termos da sequência alternada n a n n )1(−= são: .5/1,4/1,3/1,2/1,1 54321 −==−==−= aaaaa Em valor absoluto essa sequência se comporta como aquela do exemplo precedente. Em valores relativos os termos de ordem par decrescem e os termos de ordem ímpar crescem, à medida que o índice n aumenta. Independente de a ordem ser par ou ímpar, o termo an se aproxima cada vez mais do número zero, com n aumentando. 102 Exemplo A sequência de termo geral nan = cresce com n e atinge valores arbitrariamente grandes, ao contrário da sequência 2nbn −= que decresce à medida que n aumenta. Definição 3.1A Uma sequência {an} é denominada não decrescente se: LL ≤≤≤≤≤≤ naaaaa 4321 . Quando ocorrer < no lugar de ≤ a sequência será denominada crescente. Definição 3.1B Uma sequência {an} é denominada não crescente se: LL ≥≥≥≥≥≥ naaaaa 4321 . Quando ocorrer > no lugar de ≥ a sequência denomina-se decrescente. De forma concisa, as definições anteriores ficam assim: • {an} é não decrescente se naa nn ∀≤ + ,1 ; • {an} é crescente se naa nn ∀< + ,1 ; • {an} é não crescente se naa nn ∀≤+ ,1 ; • {an} é decrescente se naa nn ∀<+ ,1 . Esses tipos de sequências classificam-se como sequências monótonas. Agora que você está familiarizado com os primeiros conceitos, veja as sequências dos exemplos do ponto de vista gráfico. Como o domínio de uma sequência é um conjunto de pontos isolados (recorde-se que o domínio de uma sequência é o conjunto � dos números naturais) o gráfico de uma sequência não é uma linha contínua, mas um conjunto de pontos isolados do plano cartesiano em que as ordenadas representam os termos an da sequência. Observe como as ordenadas (as alturas) dos pontos (n,1/n) vão diminuindo à medida que o índice n aumenta. A sequência an=1/n é decrescente e seus termosse aproximam cada vez mais de zero, quando n vai crescendo. Existe uma simbologia apropriada que traduz essa aproximação da sequência an=1/n para zero. Usa-se a notação ∞→n para indicar que o índice n cresce arbitrariamente e 0→na indica que a sequência an se aproxima de zero. Assim, 01lim =∞→ nn . A sequência de termo geral an =1/n A sequência constante 1=na A sequência alternada nna )1(−= 103 Observe a figura e se convença que os termos de ordem par decrescem e se aproximam de zero, enquanto os termos de ordem ímpar crescem se aproximando também de zero, à medida que o índice n aumenta. Com a simbologia introduzida anteriormente, escreve-se: 0)1(lim =−∞→ n n n . Este exemplo mostra que uma sequência alternada pode sim aproximar-se de um determinado valor, quando o índice n torna-se arbitrariamente grande. Isso ocorre quando os termos de ordem par e os termos de ordem ímpar se aproximam do mesmo valor e aqui este valor é zero. Isso não ocorre com a sequência alternada da figura 3.1B, onde os termos de ordem par e os termos de ordem ímpar se aproximam de valores diferentes. A sequência alternada n a n n )1(−= Além da monotonia (Definição 3.1A e 3.1B), as sequências se classificam quanto à limitação em: limitada superiormente, limitada inferiormente e limitada, como estabelecem as definições a seguir. Definição 3.1C Uma sequência {an} é denominada limitada superiormente quando existir uma constante M, denominada cota superior da sequência, tal que: nMan ∀≤ , . Definição 3.1D Uma sequência {an} é denominada limitada inferiormente quando existir uma constante m, denominada cota inferior da sequência, tal que: nam n ∀≤ , . Definição 3.1E Uma sequência {an} é denominada limitada quando o for superiormente e inferiormente. Isto é equivalente a existência de uma constante positiva C tal que: nCan ∀≤ , . Exemplo • A sequência de termo geral nan = é limitada inferiormente por 1, mas não é limitada superiormente, porque ela atinge valores arbitrariamente grandes. • A sequência 2nbn −= é limitada superiormente por zero e ela atinge valores arbitrariamente pequenos. Isso faz com que ela não seja limitada inferiormente. • Todos os termos da sequência 1+= n nan estão entre 0 e 1, o que faz dela uma sequência limitada. O crescimento ou decrescimento é deduzido a partir de uma análise da razão n n a a 1+ . Para calcular an+1 substitua n por n +1 na expressão que define an e, neste caso, obtenha 2 1 1 + +=+ n nan Assim, 1 2 12 )2( )1( 2 22 1 >+ ++=+ +=+ nn nn nn n a a n n e, portanto, nn aa >+1 e a sequência é crescente. 104 No Moodle 3.2 Sequências Convergentes Em alguns exemplos da seção anterior foi abordada a noção intuitiva de convergência e, informalmente, pode-se dizer que uma sequência {an} tem limite L ou converge para L quando os termos {an} da sequência estiverem arbitrariamente próximos de L ao se fazer n suficientemente grande. Compare essa noção de convergência com as informações produzidas pelos gráficos das sequências nas figuras 3.1C e 3.1D acima, onde o número L em ambos os casos é zero. Passando para a linguagem matemática, isso significa que qualquer intervalo aberto que contiver o número L conterá os termos da sequência a partir de certo índice N. Observe pela figura 3.2A que a distância entre os pontos do gráfico da sequência, e a reta horizontal y = L torna-se próxima de zero, à medida que o índice n cresce. A ideia que passa é que o gráfico da sequência toca a reta y = L, quando n for suficientemente grande. Isso até ocorre em alguns casos, mas não é regra geral. Se você olhar a figura 3.1C se convencerá de que o gráfico daquela sequência jamais tocará o eixo horizontal. Para indicar que a sequência {an} tem limite L ou converge para o número L, utiliza-se as notações LaLa nn →= ou lim , onde está implícito que n→∞. Agora que você absorveu a ideia intuitiva de limite, veja a definição formal. Definição 3.2A Uma sequência {an} tem limite L ou converge para L se para cada 0>ε existir um correspondente número natural N tal que ε<− Lan sempre que Nn > . Observação Para confrontar a noção intuitiva de limite com a definição formal, observe que: (a) o número natural N da definição de limite em geral depende do número ε dado; (b) sendo a desigualdade ε<− Lan equivalente a ,εε +<<− LaL n ou ainda que na jaz no intervalo ),( εε +− LL . A definição 3.2A estabelece que fora do intervalo aberto ),( εε +− LL existe no máximo uma quantidade finita de termos da sequência ou, em outras palavras, que os termos da sequência a partir da ordem N estão dentro do intervalo aberto ),( εε +− LL ; (c) a sequência {an} convergir para L significa que as distâncias |an –L| entre an e L se aproximam de zero quando n→∞; Critério da Limitação Se uma sequência {an} é convergente, então ela é limitada. Corolário Uma sequência que não é limitada não pode convergir. De fato, se L=lim an, segue da definição de limite, com ε = 1, que existe um número natural N tal que |an -L| < 1, sempre que n > N, Agora vá à plataforma MOODLE e procure responder as questões e resolver os exercícios referentes ao tema estudado. 105 e considerando C o maior entre os números a1 , a2 , ... , aN e 1 + |L|, então: . todopara , nCLLaLLaa nnn <+−≤+−= Exemplo O critério da limitação é bastante utilizado quando se deseja mostrar que uma dada sequência não converge. Por exemplo, as sequências an = n e bn = logn não são limitadas e, consequentemente, não podem convergir. Em geral o limite de uma sequência é calculado por meio de propriedades e regras que são estabelecidas a partir da definição de limite. Por exemplo, a distância entre dois termos consecutivos an e an+1 de uma sequência convergente se aproxima de zero, quando n→ ∞. Para comprovar esse fato, seja L o limite da sequência an e use a desigualdade triangular para obter: | an+1 – an| = | an+1 – L + L − an| ≤ | an+1 − L| +| L – an|. Para concluir basta observar que os dois termos do lado direito da última desigualdade se aproximam de zero com n→ ∞. Como consequência dessa propriedade deduz-se que a sequência an =(-1)n não converge, porque a distância entre dois termos consecutivos dessa sequência é sempre 2. É oportuno observar que existem sequências que não convergem, e ainda assim, a distância entre quaisquer dois termos consecutivos se aproxima de zero, quando n→ ∞. Por exemplo, a sequência an = logn não converge e a distância entre dois termos consecutivos dessa sequência se aproxima de zero. De fato, )/11log(|log)1log(||| 1 nnnaa nn +=−+=−+ e o lado direito da última igualdade se aproxima de zero, quando n→∞. Dialogando e Construindo Conhecimento Existem sequências que crescem arbitrariamente com o índice n, como é o caso da sequência an = n. Para essas sequências anota-se ∞=nalim , e existem sequências que decrescem arbitrariamente, à medida que n aumenta, como por exemplo, a sequência bn = – n; neste caso anota-se −∞=nblim . Para essas sequências, a distância entre dois termos consecutivos é sempre 1, e isso faz com que elas não sejam convergentes. Uma sequência que não converge, isto é, que não tem limite finito, é denominada sequência divergente. Observação Você deve está se perguntando: o que limite de sequência tem a ver com limite de funções? A diferença entre LxfLnf xn == ∞→∞→ )(lim e )(lim é que o número n deve ser um número natural. Então, se Lxf x =∞→ )(lim e nanf =)( , quando n é um número natural, tem-se Lann =∞→lim . Por exemplo, 1 1 lim1 1 lim =+⇒=+ ∞→∞→ nn x x nx e daí segue que a sequência 1+= n nan converge para 1. Escrevendo para aprender Você já deve ter ouvido falar em unicidade do limite de uma função real. Pois é, usando o conceito de limite e a desigualdade triangular, deduza que uma sequência convergente não pode ter dois limites. 106 3.3 Cálculo de limites As propriedades básicas para o cálculo de limites de sequências são similares àquelas estabelecidas para funções reais definidas em intervalos. Elas são demonstradas utilizando a definição de limite. Dialogando e Construindo Conhecimento Sobre o uso da Regra de L’Hôpital Embora não exista uma regra de L’Hôpital para sequências, o limite do quociente an/bn de duas sequências que convergem para zero ou têm limite ±∞ pode ser calculado com base na última observação, considerando a função que estende o termo geral da sequência. Por exemplo, == ∞→∞→ x x n n xn loglimloglim (usando a regra de L’Hôpital) 01lim 1 /1lim === ∞→∞→ x x xx . Logo, a sequência (logn)/n converge para zero. 3.3A Propriedades algébricas Sejam {an} e {bn} duas sequências convergentes com limites L e M, respectivamente. Então: (a) limite da soma: MLba nn +=+ )lim( ; (b) limite do produto: MLba nn ⋅=⋅ )lim( (c) limite do quociente: MLba nn /)/lim( = , se M e cada bn é diferente de zero. (d) limite do produto por constante: LCaC n ⋅=⋅ )lim( , sendo C uma constante real. Com as propriedades algébricas 3.3A, o cálculo de limites torna-se bem prático. Por exemplo, para calcular o limite da sequência 124 3 2 2 +− += nn nan , coloca-se em evidência o termo de maior grau no numerador e no denominador, resultando: 4 1 /1/24 /31lim )/1/24( )/31(lim 124 3limlim 2 2 22 22 2 2 =+− +=+− +=+− += nn n nnn nn nn nan Para que fique bem claro o procedimento acima, observe os limites do numerador e do denominador separadamente. Para o numerador, temos: 10031)/1lim()/1lim(31lim)/31lim( 2 =××+=+=+ nnn Para o denominador, temos: 400024)/1lim()/1lim()/1lim(24lim)/1/24lim( 2 =×+×−=×+−=+− nnnnn . 3.3B Critério do Confronto Sejam {an}, {bn} e {cn} três sequências tais que an ≤ bn ≤ cn , a partir de certa ordem N. Se as sequências {an} e {cn} convergem para o mesmo valor L, então a sequência intermediária {bn} também converge para L. Escrevendo para aprender Seja x um número real tal que –1 < x < 1 e considere a sequência de termo geral an = xn. Se x = 0, a sequência an é identicamente nula e, é claro, seu limite é zero. Se x não é zero, então 0 < |x| <1 e log|x| está definido, é um número negativo e, além disso, dado 0>ε , então: ||log loglog||log|||| x nxnxx nn εεεε >⇔<⇔<⇔< . A última desigualdade sugere escolher o índice N da definição de limite como o primeiro número natural maior do que ||log log x ε . As sequências (1/2)n, (2/3)n e (1/5)n convergem todas para zero. 107 3.3C Critério do Limite zero Se 0lim =na e {bn} é uma sequência limitada (convergente ou não), então o produto anbn tem limite zero. Exemplo Para provar que a sequência nnxn /)(cos= tem limite zero, observe que ela se escreve como o produto anbn, onde an = 1/n tem limite zero e bn = cosn é limitada pois – 1 < bn < 1, ∈∀n �. Você deve ter percebido através dos exemplos que uma sequência limitada pode ser divergente e uma sequência monótona também pode divergir. Se uma sequência além de limitada for também monótona, então ela será convergente. É isso o que estabelece o seguinte critério. 3.3D Critério da Convergência Monótona Uma sequência que é ao mesmo tempo limitada e monótona é convergente. Exemplo Sequência envolvendo n! Se n é um inteiro positivo, define-se o fatorial de n por nn ××××= L321! e convenciona-se 0!=1. Considere a sequência de termo geral )12(531 ! −××××= n nan L . • {an} é uma sequência limitada, porque )12(531321 −××××≤×××× nn LL e, portanto, 0 ≤ an ≤ 1, para todo n; • {an} é uma sequência decrescente. Basta observar que ,,1 12 11 n n n a a n n ∀<+ +=+ e, consequentemente, an +1 < an. A sequência {an}, sendo monótona e limitada, é convergente. 108 Unidade II Séries Numéricas 1. Situando a Temática Nesta unidade, apresentamos os conceitos e resultados básicos sobre convergência de séries infinitas, que formam a base para o desenvolvimento de uma técnica que nos permite aproximar funções por polinômios e, ao mesmo tempo, calcular o erro cometido nessa aproximação. Na primeira seção trataremos dos fundamentos gerais e nas seções subsequentes serão abordados temas específicos sobre séries de termos positivos e séries alternadas. 2. Problematizando a Temática Uma soma infinita é um processo que sempre nos intriga porque literalmente não podemos somar, um a um, uma quantidade infinita de termos. Ao estabelecer que a soma infinita LL +++++ naaaa 321 dos termos de uma sequência {an} tem valor S (ou converge para o número S) desejamos passar a seguinte ideia: o valor da soma a1+ a2+ a3+...+ an torna-se arbitrariamente próxima de S, à medida que o número n de parcelas aumenta. Em alguns casos uma soma infinita resulta em um número, como no caso da soma: 12/18/14/12/1 =+++++ LL n , deduzida a partir da soma de áreas como na figura abaixo. Em outros casos, a soma infinita torna-se arbitrariamente grande à medida que se aumenta o número de parcelas. Não parece óbvio, mas isso ocorre com a soma: ∞=+++++ LL n/13/12/11 , onde mais uma vez recorremos a intuição geométrica em nossa conclusão. Por fim, existem somas infinitas com resultado indefinido, como é o caso da soma: L+−+−+− 111111 que pode ser 1, pode ser zero, dependendo de como seus termos são agrupados: (1−1) + (1−1) + (1−1) + ··· = 0 ou 1 + (−1+1) + (−1+1) + (−1+1) + ··· = 1. Assim, é fundamental nos familiarizarmos com os conceitos de convergência de sequências e somas infinitas. 3. Conhecendo a Temática 3.1 Fundamentos Gerais Para motivar o que será desenvolvido nesta seção apresentaremos como ilustração o cálculo da soma infinita: 109 0.9 + 0.09 + 0.009 + 0.0009 + ··· A esta soma infinita associamos uma sequência {Sn}, denominada sequência de somas parciais, definida da seguinte maneira: S1 = 0.9 S2 = 0.9 + 0.09 = 0.99 S3 = 0.9 + 0.09 + 0.009 = 0.999 S4 = 0.9 + 0.09 + 0.009 + 0.0009 = 0.9999, e assim por diante. É natural pensar na soma infinita como o limite da sequência {Sn}, quando n→∞, e considerando que 321 vêzes 9...999.0 n nS = então limSn = 0.9999… é uma dízima periódica. Esse cálculo pode ser feito de outra maneira, escrevendo as parcelas da soma infinita como frações ordinárias. Neste caso, a soma infinita se escreve sob a forma: LL +++++ n10 9 1000 9 100 9 10 9 , de onde segue que: [ ]132 )10/1()10/1()10/1()10/1(1)10/9( −+++++= nnS L e a expressão entre colchetes é a soma dos n primeiros termos de uma progressão geométrica de razão r = 1/10 e tem valor [1− (1/10)ⁿ]/(1−1/10), isto é: n n nS )10/1(110/11 )10/1(1 10 9 −=⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ − −= . Na Unidade I aprendemos que lim(1/10)n = 0 e, dessa forma, limSn = 1. Este exemplo nos conduz à igualdade 0.9999…= 1, a qual deve ser interpretada como um limite. Dada uma sequência {an} de números reais, a soma infinita LL +++++ naaaa 321 será representada simbolicamente por ∑∞ =1n na e denominada série infinita ou simplesmente série; o termo an recebe o nome de termo geral da série . Nosso objetivo é estabelecer condições sobrea sequência {an} para que a soma infinita ∑∞=1n na resulte em um número real. Se este for o caso, a série infinita denomina-se convergente. Conforme alertamos no início, literalmente não podemos somar, um a um, um número infinito de termos, entretanto, ao escrever Sa n n =∑∞=1 queremos dizer que somando um número suficientemente grande de termos a soma infinita torna-se arbitrariamente próxima de S. Formalmente, temos a seguinte definição: Definição 3.1A A série ∑∞=1n na é dita convergente quando a sequência {Sn} de suas somas parciais for convergente. Neste caso, a soma da série é o limite da sequência {Sn}, isto é: nn n Sa lim 1 =∑∞= Quando uma série não for convergente ela será denominada série divergente. Neste caso, a sequência de somas parciais {Sn} é divergente, isto é, não tem limite. Exemplos Os primeiros exemplos: série geométrica, série harmônica e série de encaixe 110 (a) Série Geométrica A série ∑∞= −1 1n nr em que o termo geral é 1−= nn ra denomina-se série geométrica de razão r. Neste caso as somas parciais são dadas por: 121 −+++= nn rrrS L e no caso em que r ≠ 1, teremos r rS n n − −= 1 1 , obtida como n-ésima soma de uma progressão geométrica de razão r. A convergência da série geométrica depende do valor da razão r e será investigada por etapas. Para cada número natural n, temos: 113211 +++ +=++++= nnn S nn aSaaaaaS n 444 3444 21 L , de modo que |Sn+1−Sn| = |an+1| e no caso em que r = ±1 teremos |an+1| = |(−1)n+1|=1. Assim, |Sn+1−Sn| = 1 e a sequência de somas parciais{Sn} é divergente e, consequentemente, a série geométrica também diverge. Dialogando e Construindo Conhecimento Quando r ≠ ±1, então r rS n n − −= 1 1 e há dois casos a considerar: • 1º Caso: |r| < 1 Neste caso a sequência {rn} converge para zero e, portanto, a limSn = 1/(1−r). Logo, a série geométrica é convergente e tem soma 1/(1−r); • 2º Caso: |r| > 1 Neste caso, a sequência {1/rn} converge para zero, porque |1/r| < 1 e, consequentemente, |rn| → ∞ o que nos leva a concluir que a sequência {rn} é divergente, o mesmo ocorrendo com a sequência de somas parciais {Sn}. Assim, a série geométrica diverge. Resumo Se |r| < 1, então a série geométrica ∑∞= −1 1n nr converge e tem soma 1/(1−r). Se |r| ≥ 1 a série é diverge. (b) Série Harmônica A série ∑∞=1 /1n n recebe o nome de série harmônica devido à semelhança de seus termos aos nós em uma corda vibrando (nota musical). Por exemplo, 1/2 produz um harmônico igual ao dobro da frequência fundamental, 1/3 produz um harmônico igual ao triplo da frequência fundamental e assim por diante. Como vimos na explanação do tema, a série harmônica é divergente, já que ∑∞= ∞=1 /1n n . (c) Série de Encaixe Uma série do tipo LL +−++−+− + )()()( 13221 nn bbbbbb em que os termos se encaixam é representada simbolicamente por ∑∞= +−1 1 )(n nn bb e é denominada série de encaixe. A n-ésima soma parcial dessa série é: 11113221 )()()()( ++− −=−+−++−+−= nnnnnn bbbbbbbbbbS L , de onde deduzimos que: • Se bn→B, então Sn→b1−B e a série ∑∞= +−1 1 )(n nn bb é convergente e tem soma b1−B; Alerta! Recorde-se que, se uma sequência {Sn} converge, então as distâncias entre dois termos consecutivos |Sn+1 − Sn| aproximam-se de zero, com n→∞ 111 • Se a sequência {bn} diverge, então a sequência {Sn} ⎯ e, consequentemente, a série ∑∞= +−1 1 )(n nn bb ⎯ também diverge. Como ilustração, vamos investigar a convergência da série ∑∞= ⎟⎠⎞⎜⎝⎛ +1 1logn n n . Em primeiro lugar observamos que a série se escreve sob a forma ∑∞= +−1 1 )(n nn bb , com bn = logn, e, portanto, trata-se uma série de encaixe. Como a sequência bn = logn é divergente (tem limite ∞), então a série de encaixe também diverge. Outra série que se enquadra neste modelo é a série ∑∞= +1 2 1n nn . Se considerarmos a decomposição 1 111 2 +−=+ nnnn a série identifica-se com a série de encaixe ∑∞= +−1 1 )(n nn bb , com bn = 1/n . Temos que b1 = 1 e limbn = 0 e, sendo assim, a série é convergente e tem soma: .1lim1 11 2 =−=+∑∞= nn bbnn Ampliando seu Conhecimento Critério do n-ésimo termo Se a série ∑∞=1n na é convergente, então o termo geral an tem limite zero. Em outras palavras, se o termo geral an não converge ou tem limite diferente de zero, então a série ∑∞=1n na é divergente. Demonstração: A demonstração baseia-se em um fato que já utilizamos outras vezes: se uma sequência é convergente, então a distância entre dois termos consecutivos tem limite zero. Ora, a série ser convergente significa que a sequência {Sn} de somas parciais converge e como |an | = |Sn – Sn-1|, então o termo geral an converge para zero. A condição liman=0 não dá informação sobre a convergência da série ∑∞=1n na , sendo necessária uma investigação adicional para determinar a convergência ou não da série. O critério do n-ésimo termo é utilizado como um critério de divergência, como sugere o seguinte diagrama: Raciocinando corretamente Quando estudamos séries numéricas pela primeira vez somos induzidos a pensar que a convergência do termo geral an é quem determina a convergência da série. Os primeiros exemplos nos mostram que o termo geral de uma série divergente pode ter limite zero, como ocorre com a série harmônica. Portanto, a convergência do termo geral an não implica na convergência da série ∑∞=1n na . O raciocínio correto é: se a sequência de somas parciais {Sn} for convergente, então a série será convergente. 112 Mais exemplos As séries ∑∞= −1 )1(n n e ∑∞= +1 )1/(2n nn são divergentes. A primeira porque o termo geral an = (−1)n não tem limite (é divergente) e a segunda porque o termo geral an = 2n/(n+1) embora convergente, não tem limite zero. Em ambos os casos o critério do n-ésimo termo foi utilizado. Como consequência das propriedades básicas do limite, demonstram-se as seguintes propriedades para séries numéricas: Operações com séries Sejam ∑∞=1n na e ∑∞=1n nb duas séries numéricas e seja λ uma constante. • Se ∑∞=1n na e ∑∞=1n nb são convergentes, então ∑∞= +1 )(n nn ba e ∑∞=1 )(n naλ também convergem e valem as relações: ∑∞= +1 )(n nn ba =∑∞=1n na +∑∞=1n nb e ∑∞=1 )(n naλ = ∑∞=1n naλ ; • Se ∑∞=1n na converge e ∑∞=1n nb diverge, então )(1 nn n ba +∑∞= diverge; • Se ∑∞=1n na diverge e λ ≠ 0, então ∑∞=1 )(n naλ diverge. Para ilustrar, vamos demonstrar a primeira propriedade: a soma de duas séries convergentes produz uma série convergente. De fato, representando por {Sn} e {Rn} as somas parciais das séries convergentes ∑∞=1n na e ∑∞=1n nb , respectivamente, então a n-ésima soma parcial da série ∑∞= +1 )(n nn ba é: .)()( )()()()( 321321 332211 nnnn nnn RSbbbbaaaa babababaU +=+++++++++= =+++++++= LL L Como {Sn} e {Rn} são convergentes, então {Un} é convergente e limUn= limSn+ limRn Dialogando e Construindo Conhecimento Exemplos (a) A série ∑∞ = + 1 )2/1/1( n nn é divergente, porque ∑∞ =1 /1 n n diverge e ∑∞ =1 )2/1( n n converge; (b) A serie [ ]∑∞ = −+ 1 1)2/1()3/1( n nn é convergente, porque ∑∞ =1 )3/1( n n e ∑∞ = − 1 1)2/1( n n são convergentes. A soma da série é calculada com auxílio da fórmula padrão da soma de uma série geométrica. Temos: • ∑∑ ∞ = −∞ = =⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −== 1 1 3 1 1 2/1 3/11 1 3 1)3/1()3/1( n n n n (razão r = 1/3); • 2 2/11 1)2/1( 1 1 =−=∑ ∞ = − n n (razão r = 1/2). Logo, [ ] .2/522/1)2/1()3/1( 1 1 =+=+∑∞ = − n nn Escrevendo para aprender As demais operações com séries listadas acima são demonstradas de maneira similar.Escreva as demonstrações usando os seguintes fatos sobre sequências que você aprendeu na unidade I: • Se Sn→L, então λ Sn→λL; • Se {Sn} é divergente e λ ≠ 0, então {λSn} também diverge; • Se {Sn} converge e {Rn} diverge, então {Sn + Rn} diverge. 113 (c) Pode ocorrer de ∑∞=1n na e ∑∞=1n nb serem divergentes e ∑∞= +1 )(n nn ba convergir. De fato, as séries ∑∞ =1 /1 n n e [ ]∑∞ = +− 1 )1/(1 n n são divergentes e, ainda assim, a soma termo a termo é a série de encaixe∑∞ = +1 2 1 n nn convergente. A natureza (convergente ou divergente) de uma série não é alterada quando acrescentamos ou omitimos uma quantidade finita de termos. Por exemplo, as séries ∑∞ =1 /1 n n e ∑∞ =5 /1 n n são ambas divergentes, porque elas diferem em exatamente quatro termos. Já as séries ∑∞ =1 )3/1( n n e ∑∞ =10 )3/1( n n diferem em nove termos e são ambas convergentes, embora tenham somas diferentes. De forma geral, temos o seguinte: se duas séries diferem em uma quantidade finita de termos, então ambas são convergentes ou ambas são divergentes. No Moodle ... 3.2 Séries de termos positivos Nesta seção vamos investigar, por meio de critérios específicos, a convergência de uma série ∑∞ =1n na em que todos os termos an são positivos. Para tal série, a sequência de somas parciais {Sn} é monótona crescente e sua convergência está condicionada à sua limitação. Uma série ∑∞ =1n na onde cada termo an é maior do que zero é denominada série de termos positivos. O primeiro critério específico para séries de termos positivos que abordaremos ⎯ conhecido como Critério da Integral ⎯ relaciona a soma discreta (série) com a soma contínua (integral). Critério da Integral Consideremos uma função f:[1,∞)→a contínua e suponhamos que f seja não negativa e não crescente, isto é: (a) f(x) ≥ 0, para x≥1; e (b) f(x) ≥ f(y), sempre que 1 ≤ x ≤ y. Nessas condições, se an = f(n) então a série ∑∞ =1n na é convergente se, e somente se, a integral imprópria ∫ ∞1 )( dxxf for convergente. Demonstração: Suponhamos que a função f tenha o aspecto mostrado na figura 3.1B abaixo e comparemos as áreas dos retângulos com a área sob o gráfico de f. Temos: 121132 )( −++≤≤++ ∫ nnn aaadxxfaaa LL , isto é: ,,0 11 nSRaS nnn ∀≤≤−≤ − onde Sn = a1 + a2 +…+ an é a n-ésima soma parcial da série e ∫= nn dxxfR 1 )( . Sendo as sequências {Sn} e {Rn} monótonas, segue das desigualdades acima que a limitação — e, portanto, a convergência — de uma delas implica na limitação e, por conseguinte, na convergência, da outra. Isso prova que as sequências {Sn} e {Rn} são ambas convergentes ou ambas divergentes Na plataforma MOODLE encontram-se diversas questões que já podem ser respondidas para fixação da teoria. Lá você vai encontrar questões do tipo Falso (F) ou Verdadeiro (V), alguns problemas práticos de aplicação da série geométrica e séries para testar a convergência. 114 Exemplos (a) A função f(x)=1/x² atende às condições do Critério da Integral no intervalo [1,∞). De fato, nesse intervalo a função é claramente contínua e não negativa e como a derivada f′(x) = − 2/x³ é negativa, para x ≥ 1, então f(x) é decrescente. A integral imprópria ∫ ∞1 2 )/1( dxx é convergente (seu valor é igual a 1) e, por conseguinte, a série correspondente ∑∞ =1 2/1 n n converge. (b) Para x ≥ 2, a função f(x) = 1/(xlogx) também atende às condições do Critério da Integral (verifique!) e a integral imprópria [ ] ∞== ==∞→∞∫ BxxB xdxxx 21 )log(loglim)log/(1 sendo divergente deduzimos que a série ∑∞ =2 )log/(1 n nn também diverge. (c) Consideremos agora a função 2 )( xxexf −= , definida para x ≥ 1. Não é difícil verificar que as condições do Critério da Integral são atendidas também neste caso e que a integral imprópria ∫ ∞ −1 2 dxxe x converge para 1/2e. Logo, a série ∑ ∞ = − 1 2 n nne é convergente. 3.2.1 p-séries Uma classe importante de séries numéricas é aquela constituída das séries do tipo ∑∞ =1 /1 n pn , que levam o nome de p-séries e que são bastante utilizadas como séries de prova nos critérios de comparação. O termo geral an = 1/np tem limite 1, quando p = 0, e limite ∞, quando p < 0. Em ambos os casos o critério do n-ésimo termo estabelece a divergência da série. No caso p > 0 a convergência das p-séries será determinada pelo critério da integral e iniciamos a investigação recordando algumas integrais impróprias elementares. Se p > 0, a função f(x) = 1/xp, definida para x ≥ 1, atende às condições do critério da integral (verifique!) e temos: a) se p = 1, então ∞=== ∞→∞→ ∞ ∫∫ Bdxxdxx BBB loglim)/1(lim)/1( 11 b) se p ≠ 1, então ⎩⎨ ⎧ >− <<∞=−+−=+−== − ∞→ +− ∞→ − ∞→ ∞ ∫∫ 1 se ),1/(1 10 se,)1(lim111limlim)/1( 11 1 11 pp p B pp xdxxdxx p B Bp B B p B p . Assim, a integral imprópria ∫ ∞1 )/1( dxx p converge apenas quando p > 1 de onde deduzimos, pelo critério da integral, que a p-série ∑∞ =1 /1 n pn converge quando p > 1 e diverge quando p ≤ 1. No quadro abaixo mostramos algumas p-séries convergentes e outras divergentes. 115 p-séries convergentes ∑∞ =1 2/1 n n ∑∞ =1 2/3/1 n n ∑∞ =1 3/5/1 n n p-séries divergentes ∑∞ =1 /1 n n ∑∞ =1 /1 n n ∑∞ =1 3/2/1 n n 3.2.2 Comparação de séries Recordemos os seguintes fatos para séries de termos positivos: (a) a sequência {Sn} de somas parciais é monótona crescente e será convergente se, e somente se, for limitada; (b) se a série ∑∞ =1n na é dominada pela série ∑∞ =1n nb , isto é, se an ≤ bn , para todo n, então as respectivas somas parciais {Sn} e {Rn} satisfazem a relação Sn ≤ Rn, para todo n. Esses fatos, juntamente com o critério da convergência monótona para sequências estabelecem o seguinte critério de convergência para séries conhecido como Critério da Comparação. Critério da Comparação Sejam ∑∞ =1n na e ∑∞ =1n nb duas séries de termos positivos. (a) Se a série ∑∞ =1n nb converge e an ≤ bn, para todo n, então a série ∑∞ =1n na também converge. (b) Se a série ∑∞ =1n nb diverge e an ≥ bn, para todo n, então a série ∑∞ =1n na também diverge. Demonstração: As afirmações (a) e (b) são equivalentes e provaremos apenas a parte (a). Suponhamos então an ≤ bn e que ∑∞ =1n nb converge. Sejam {Sn} e {Rn} as somas parciais das séries ∑∞ =1n na e ∑∞ =1n nb , respectivamente. Como {Rn} é uma sequência limitada, por ser convergente, e 0 ≤ Sn ≤ Rn, para todo n, então {Sn}, além de monótona, é limitada e, portanto, convergente. Logo, a série ∑∞ =1n na converge. Dialogando e Construindo Conhecimento Exemplos (a) Se n ≥ 3, então log n ≥ 1 e, portanto, (log n)/n ≥ (1/n). Como a série harmônica ∑∞ =3 /1 n n é divergente segue do critério da comparação que a série ∑∞ =3 /)(log n nn é também divergente. (b) As séries ∑∞ =1 ! 1 n n e ∑∞ = −+1 2 23 1 n nn são convergentes, já que elas são dominadas, respectivamente, pelas séries convergentes ∑∞ = − 1 12 n n e ∑∞ =1 2 1 n n . Embora os resultados que envolvem uma série dominada por outra sejam, em geral, enunciados e demonstrados admitindo-se que este domínio ocorra para todos os termos das séries, eles continuam válidos quando uma das séries é dominada pela outra a partir de determinada ordem. 116 (c) Se a série dominada (a menor) for convergente, então a série dominante (a maior) pode convergir ou divergir. Por exemplo, a série convergente ∑∞ =1 2 1 n n é dominada pela série divergente ∑∞ =1 1 n n .De modo análogo, se a série dominante for divergente, então a série dominada pode convergir ou divergir. Ao aplicarmos o Critério da Comparação, a série de prova ∑∞=1n nb que desejamos encontrar, além de natureza conhecida, deve atender à condição an ≤ bn ou an ≥ bn, conforme o caso, para todo número natural n a partir de certo índice N. Dependendo da expressão que define o termo geral an, a desigualdade an ≤ bn (ou an ≥ bn) pode ser de difícil verificação e o critério da comparação dado a seguir é em geral mais fácil de ser aplicado porque, uma vez escolhida a série de prova∑∞=1n nb , nossas conclusões dependem tão- somente do limite da razão an/bn, com n→∞. Critério da Comparação no Limite Sejam ∑∞ =1n na e ∑∞ =1n nb duas séries de termos positivos e seja )/lim( nn bal = . (a) Se l > 0 as séries ∑∞ =1n na e ∑∞ =1n nb são ambas convergentes ou ambas divergentes; (b) Se l = 0 e ∑∞ =1n nb converge, então ∑∞ =1n na também converge; (c) Se l = ∞ e ∑∞ =1n nb é divergente, então ∑∞ =1n na também é divergente. Quando o termo geral an é um quociente, um bom caminho para se chegar a uma série de prova ∑∞ =1n nb adequada ao Critério da Comparação no Limite se obtém conservando no numerador e no denominador de an apenas os termos dominantes (termos de maior grau no caso de polinômios). Por exemplo, para a série ∑∞ = +1 45 6 n n n temos )45/()6( += nnan e conservando os termos dominantes no numerador e no denominador obtemos nnnbn 5/6)5/(6 == . Como 01)/lim( >=nn ba e a p-série ∑∞ =1n nb diverge, então ∑∞ =1n na também diverge. Exemplo Com o critério da comparação no limite deduzimos que as séries ∑∞ = − 1 2 n ne e ∑∞ =1 4 )/1(sen n n são con- vergentes. Basta compará-las com as p-séries convergentes ∑∞ =1 2/1 n n e ∑∞ =1 4/1 n n , e notar que: .1 /1 )/1(senlim e 0 /1 lim 4 4 2 2 == − n n n e n 3.3 Séries Alternadas A sequência {Sn} de somas parciais de uma série de termos positivos ∑∞ =1n na é crescente e sua convergência é decorrente da sua limitação. Esse foi o argumento usado na demonstração de critérios de convergência estudados até aqui, mais especificamente os Critérios da Comparação e da Integral, os quais são válidos apenas para séries de termos positivos. A restrição do Critério da Comparação às séries de termos 117 positivos torna-se clara quando consideramos a série ∑∞ = − 1 )( n n que é dominada pela série convergente ∑∞ =1 2/1 n n e, ainda assim, não converge. O critério da comparação no limite também não se aplica se uma das séries não for de termos positivos. Se considerarmos n b n a n nn )1( e 1 −== , então lim(an/bn) = 0, a série ∑∞ =1n nb , como veremos adiante, converge e, contudo, ∑∞ =1n na diverge. Neste caso o critério da comparação no limite não se aplica porque a série de prova ∑∞ = − 1 )1( n n n tem seus termos alternadamente positivos e negativos e, por essa razão, ela recebe o nome de série alternada ou série de Leibniz. As séries alternadas aparecem, por exemplo, no estudo de fenômenos ondulatórios, cujo modelo matemático tem por solução funções representadas por séries trigonométricas (Séries de Fourier): [ ] ),/()/π()/πcos(),( 1 LxnsenLtnsenbLtnatxu n nn π∑∞ = += onde os coeficientes an e bn que aparecem na série determinam a posição inicial e a velocidade inicial, respectivamente, de um ponto da onda. As séries alternadas se apresentam em uma das seguintes formas: ∑∞ = −=+−++−+− 1 321 )1()1( n n n n n bbbbb LL ou ∑∞ = ++ −=+−+−+− 1 11 321 )1()1( n n n n n bbbbb LL onde {bn} é uma sequência de termos positivos. Ampliando seu Conhecimento Critério de Leibniz Seja {bn} uma sequência de termos positivos, monótona decrescente e tal que lim bn = 0. Então a série alternada ∑∞ = − 1 )1( n n n b é convergente e se {Sn} representa a sequência de somas parciais da série, então para cada n a soma S satisfaz as seguinte estimativa: nn SSS 212 ≤≤− Demonstração: Um esboço da demonstração é ilustrado na figura 3.1C abaixo onde mostramos as primeiras somas parciais da série oscilando de um lado para o outro em torno do alvo S e a distância entre duas somas parciais consecutivas tornando-se cada vez menor, porque lim bn = 0. Como bn decresce, temos que: Jean-Baptiste Joseph Fourier foi um matemático e físico francês, celebrado por iniciar a investigação sobre a decomposição de funções periódicas em séries trigonométricas convergentes chamadas séries de Fourier e a sua aplicação aos problemas da condução do calor. A Transformada de Fourier foi designada em sua homenagem. 118 46546 35435 24324 13213 212 11 )( )( )( )( SbbSS SbbSS SbbSS SbbSS bbS bS ≤+−+= ≥−+= ≤+−+= ≥−+= +−= −= − + − + 43421 43421 43421 43421 Prova-se que as somas S2n decrescem e S2n-1 crescem e ambas convergem para S. Assim, deduzimos as estimativas S2n-1 ≤ S ≤ S2n, que podem ser utilizadas para aproximar a soma da série. Exemplo A sequência bn = 1/n é decrescente, tem limite zero e o critério de Leibniz assegura a convergência da série alternada ∑∞ = − 1 )1( n n n . De modo similar, deduzimos que as séries alternadas ∑∞ = − 1 )1( n n n e ∑∞ = − 1 5 )1( n n n n são convergentes. Considerando os quatro primeiros termos da série ∑∞ = − 1 )1( n n n , encontramos 583.04/13/12/114 −≅+−+−=S que é uma aproximação (por excesso) da soma da série. Ampliando seu Conhecimento 3.4 Convergência Absoluta Como vimos no último exemplo, a série alternada ∑∞ = − 1 )1( n n n é convergente, enquanto que a série obtida desta, considerando cada termo em valor absoluto é a série harmônica ∑∞ =1 1 n n divergente. O processo inverso preserva a convergência, isto é, se a série ∑∞ =1 || n na é convergente, então a série ∑∞ =1n na também converge. Para comprovar este fato primeiro usamos a relação 0 ≤ an + | an | ≤ 2 | an |, ∀n, e o critério da comparação para concluir que a série ∑∞ = + 1 |)|( n nn aa é convergente. Em seguida, usamos a relação an = (an + |an|) − |an| e deduzimos que ∑∞ =1n na é convergente, como soma de duas séries convergentes. Além disso, se Sn Gottfried Wilhelm von Leibniz (Leipzig, 1 de julho de 1646 — Hanover, 14 de novembro de 1716) foi um filósofo, cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão.A ele é atribuída a criação do termo "função" (1694), que usou para descrever uma quantidade relacionada a uma curva, como, por exemplo, a inclinação ou um ponto qualquer situado nela. É creditado a Leibniz e a Newton, o desenvolvimento do cálculo moderno, em particular o desenvolvimento da Integral e da Regra do Produto. Demonstrou genialidade também nos campos da lei, religião, política, história, literatura, lógica, metafísica e filosofia. 119 e Rn representam as somas parciais das séries ∑∞ =1n na e ∑∞ =1 || n na , respectivamente, segue da desigualdade triangular que: | Sn | = | a1 + a2 +...+ an | ≤ | a1| + | a2| + ··· + | an| = Rn, e, portanto, lim Sn ≤ lim Rn. Assim, .|| 11 ∑∑ ∞ = ∞ = ≤ n n n n aa Esses comentários motivam as definições de Convergência Absoluta e Convergência Condicional dadas a seguir. Definição 3.1B A série ∑∞ =1n na denomina-se absolutamente convergente quando a série ∑∞ =1 || n na for convergente. Exemplo As séries ∑∞ = − 1 2 )1( nn n e ∑∞ = − 1 2 )1( n n n convergem absolutamente. A série ∑∞ = − 1 )1( n n n embora convergente, não converge absolutamente, conforme observamos no início desta seção. A convergência dessa última série é de natureza condicional. Definição 3.1C A série ∑∞ =1n na denomina-se condicionalmente convergente se for convergente e a série ∑∞ =1 || n na for divergente. A natureza da convergência (absoluta ou condicional) irá decidir se as somas infinitas se comportam como somas finitas, com respeito ao reagrupamento de seus termos. Em uma soma finita, é claro, seus termos podem ser reagrupados (ou rearranjados) sem que o valor da soma seja alterado. Nesse aspecto uma série absolutamente convergente se comporta como uma soma finita. Isso é estabelecido pelo seguinte critério: Critério do Reagrupamento Se a série ∑∞ =1n na converge absolutamente e tem soma S, então a série ∑∞ =1n nb obtida da série ∑∞ =1n na por um reagrupamento de seus termos é absolutamente convergente e tem soma S. Em uma série condicionalmente convergente, um reagrupamento de seus termos pode alterar o valor de sua soma e até torna-la divergente. 3.4.1 O Critério da Razão O critério de convergência que daremos a seguir, embora não conclusivo em alguns casos, constitui- se em um dos mais importantes (senão o mais importante) dentre os critérios de convergência para séries numéricas, não apenas do ponto de vista técnico como também nas aplicações às Séries de Potências que serão abordadas na próxima unidade. Critério da Razão Dada uma série ∑∞ =1n na , com an ≠ 0, ∀ n, seja n n a a L 1lim += . (a) Se L < 1, então a série converge absolutamente; (b) Se L > 1 ou L = ∞, então a série diverge. 120 Exemplo Consideremos a série ∑∞ = − 1 2 ! )1( n n n n em que o termo geral é ! )1( 2 n na n n −= . Temos: 001 1 1)1(lim )1( ! )!1( )1()1(limlim 2 2 2 21 1 =×=⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ +× +=−×+ +−== + + nn n n n n n a a L n n n n . Como L<1, então a série ∑∞ = − 1 2 ! )1( n n n n converge absolutamente. Exemplo Para as séries ∑∞ = − 1 2 )1( n n n , ∑∞ = − 1 )1( n n n e ∑∞ =1 1 n n , o limite da razão nn aa /1+ é igual a 1 e o Critério da Razão não se aplica. A convergência deve ser investigada por outros argumentos. A primeira converge absolutamente, porque ∑∑ ∞ = ∞ = =− 1 2 1 2 1)1( nn n nn é convergente. A segunda, conforme foi estabelecido, converge condicionalmente e a terceira é a série harmônica divergente. Este exemplo mostra que o Critério da Razão não se aplica aos casos em que a razão nn aa /1+ tem limite 1. 3.4.2 Estratégia para testar a convergência de uma série Nos fundamentos teóricos estabelecemos vários critérios para testar a convergência ou divergência de uma série numérica e a dificuldade é: qual o teste adequado a uma determinada série. Essa dificuldade também surge quando se integra funções. Não há regra que estabeleça qual critério se aplica a qual série. Como sugestão, apresentamos um roteiro que poderá ajudar na investigação. 1. Se lim an ≠ 0 ou a sequência {an} é divergente o critério do n-ésimo termo deve ser usado para concluir que a série ∑ an diverge; 2. Se a série é da forma ∑∞ = − 1 1 n nrα ela é uma série geométrica, que converge para α/(1 – r) se |r| < 1 e diverge se |r| ≥ 1; 3. Se a série é da forma ∑∞ = +− 1 1 )( n nn bb ela é uma série de encaixe, que converge para nbb lim1 − , se {bn} convergir. Se {bn} divergir a série de encaixe também diverge; 4. Se a série é da forma ∑∞ =1 /1 n pn ela é uma p-série e será convergente apenas quando p > 1; 5. Nos outros casos tenta-se o Teste da Razão seguindo o esquema: No Moodle Com as unidades I e II montamos o cenário para a apresentação do personagem principal ⎯ as séries de potências ⎯ que discutiremos na próxima unidade. É fundamental você se familiarizar com os conceitos e critérios de convergência para sequências e séries numéricas e, por isso, recomendamos que você vá à plataforma MOODLE e resolva os exercícios para a fixação da teoria. 121 Unidade III Séries de Potências 1. Situando a Temática O objetivo principal desta unidade é representar as funções elementares do cálculo como séries de potências, que são aquelas séries cujos termos contêm potências de uma variável x. Ao mesmo tempo apresentaremos uma técnica que nos permite aproximar funções por polinômios. 2. Problematizando a Temática As séries de potências aparecem em muitos problemas da Física-Matemática, como por exemplo, em fenômenos ondulatórios e distribuição de temperatura em placas, onde recorremos às funções de Bessel: ∑∞ = + + −= 0 2 )!(! )2/()1()( n knn k knn xxJ que são tipos especiais de séries de potências, para descrever determinados modelos. Além de produzir aproximações polinomiais, as séries de potências fornecem uma maneira eficiente de avaliar integral não elementar, a exemplo da integral ∫ 10 2 dxe x , e resolver equações diferenciais que nos permitem compreender fenômenos físicos como a transmissão de calor e de sinais e vibrações. 3. Conhecendo a Temática 3.1 Fundamentos Gerais São séries de potências as séries do tipo: LL +−++−+−+−+ nn axcaxcaxcaxcc )()()()( 332210 , representadas simbolicamente por: ∑∞ = − 0 )( n n n axc , onde, por simplicidade, convencionamos (x − a)0 = 1, quando x = a. Se considerarmos na série cn = 1, para todo n, a série se torna uma série geométrica de razão x − a, convergente quando |x − a| < 1. O número real a denomina-se centro da série e os números cn os coeficientes. Um caso particular ocorre quando a = 0 e, neste caso, a série de potências resultante será: LL ++++++ nn xcxcxcxcc 332210 , simbolicamente representada por: ∑∞ =0n n n xc onde, mais uma vez, convencionamos x0 = 1, quando x= 0. Ao lidarmos com séries de potências, duas perguntas naturais que surgem são: para que valores reais atribuídos a x a série de potências é convergente? Se f é a função representada pela série, qual a relação entre f e os coeficientes cn da série? É claro que toda série de potências do tipo ∑∞ = − 0 )( n n n axc é convergente quando x = a, sendo, neste caso, a soma da série igual a c0. O conjunto dos valores reais atribuídos a x que tornam a série de potências convergente é, portanto, não vazio e para tal x a série representa um número real que é a sua soma. Dessa forma, a série de potências ∑∞ = − 0 )( n n n axc define uma função real f cujo valor em x é: ∑∞ = −= 0 )()( n n n axcxf 122 e cujo domínio é precisamente o conjunto dos números x para os quais a série converge. Uma série de potências se assemelha a um polinômio, com a diferença de possuir uma infinidade de termos, e a função que ela representa é aproximada em seu domínio (intervalo de convergência) pelos polinômios Sn, que são as somas parciais da série. As relações entre a função f e os coeficientes cn da série serão estabelecidas na Seção 3.2. Os valores de x que tornam uma série de potências convergente serão determinados pelo Critério da Razão, sendo o caso extremo (L = 1) analisado em separado. Para ilustrar algumas situações, admitiremos que as operações Derivação e Integração sejam possíveis termo a termo para séries. É claro que podemos derivar e integrar termo a termo no caso de uma soma finita e as generalizações para somas infinitas trataremos adiante na Seção3.1.2. Exemplo Representando a função ex em séries de potências A série de potências ∑∞ =0 !n n n x é absolutamente convergente para qualquer valor da variável x. Para comprovar esse fato, observamos que o termo geral da série é an = xⁿ/n! e: .,0 1 1lim||! )!1( limlim 1 1 x n x x n n x a a L n n n n ∀=+=×+== + + Como L = 0, independentemente do valor real que se atribua a x, segue do Critério da Razão que a série converge absolutamente, seja qual for o valor real assumido pela variável x, e, sendo assim, podemos definir uma função real f: �→� por: ∑∞ = =+++++= 0 2 !!!2 1)( n nn n x n xxxxf LL . Formalmente, derivamos termo a termo a função f com respeito à variável x e encontramos: )( )!1( )( 1 1 xf n xxf n n =−=′ ∑ ∞ = − e, por conseguinte, a função f(x) satisfaz à equação diferencial: 0)()( =−′ xfxf para qualquer valor de x. Para deduzir que f(x) = ex, basta observarmos que: x e xfxf e xf dx d xx ∀=− ′=⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ,0)()()( e, portanto, f(x) = Cex, sendo C uma constante. Notando que f(0) = 1, segue que C = 1 e obtemos f(x) = ex, para todo x. Assim, obtivemos a seguinte série de potências para representar a função exponencial: ∑∞ = = 0 !n n x n xe e esta representação é válida seja qual for o valor de x real. Nota histórica Por volta de 1748 Leonhard Euler usou a representação em série de potências de ex, com x = 1, para obter o valor do número e com 23 dígitos. Em 2000, X. Gourdon e S. Kondo usaram a mesma representação e técnicas especiais e obtiveram o valor para e com mais de 10 bilhões de casas decimais. Consulte <www.numbers.computation.free.fr> 123 Ampliando seu Conhecimento Na figura 3.1A exibimos os gráficos da função ex e das primeiras somas parciais da série ∑∞ = = 0 !n n x n xe onde observamos que à medida que n aumenta o gráfico da n-ésima soma Sn aproxima-se do gráfico da função ex. Exemplo Um valor aproximado para ∫ 10 2 dtet Se na série de ex a variável x for substituída por t², obteremos: ∑∞ = = 0 2 ! 2 n n t n te , para qualquer valor de t, e integrando de 0 até 1, termo a termo, resultará: ∑∫ ∑∑∫ ∞ = ∞ = ∞ = = = + +=+== 0 1 0 00 1 0 1221 0 )12(! 1 )12(!! 2 n nn t t nn t nnnn tdt n tdte . A integral que aparece no lado esquerdo da relação acima não pode ser calculada pelos métodos elementares do cálculo integral e essa relação permite que ela seja calculada numericamente. Aí está uma boa razão para representarmos as funções elementares do cálculo por séries de potências. Por exemplo, aproximando a série pela soma parcial S4, obtemos: .4571.1 42 1 10 1 3 11 1 0 2 ≅+++≅∫ dtet Exemplo Representação para log(1+x) e arctg x Vimos na unidade II que a série geométrica ∑∞ =0n nx é convergente quando |x| < 1, e somente neste caso. Quando aplicamos o Critério da Razão a essa série deduzimos que para esses valores de x a convergência é absoluta e conforme estabelecemos: Leonhard Euler Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Leonhard Paul Euler (Basileia, 15 de Abril de 1707 - São Petersburgo, 18 de Setembro de 1783) foi um matemático e físico suíço de língua alemã que passou a maior parte de sua vida na Rússia e na Alemanha. Euler fez importantes descobertas em campos variados nos Cálculos e Teoria dos Grafos. Ele também fez muitas contribuições para a matemática moderna no campo da terminologia e notação, em especial para a Análise Matemática, como a noção de uma função matemática. Além disso, ficou famoso por seus trabalhos em mecânica, ótica e astronomia. Euler é considerado o mais proeminente matemático do século XVIII. Foi também um dos mais prolíficos.Uma declaração atribuída a Pierre-Simon Laplace manifestada sobre Euler na sua influência sobre a matemática: “Leia Euler, leia Euler, ele é o comandante de todos nós.” 124 .11, 1 1 0 <<−=− ∑ ∞ = xx x n n Se na última igualdade trocarmos x por −x e depois x por x², obteremos, respectivamente: 11,)1( 1 1 e)1( 1 1 0 2 2 0 <<−−=+−=+ ∑∑ ∞ = ∞ = xx x x x n nn n nn . Por integração termo a termo de 0 até x, −1 < x < 1, resulta, respectivamente: 11, 12 )1( e 1 )1()1log( 0 0 121 <<−+ −=+ −=+ ∑ ∑∞ = ∞ = ++ x n xarctgx n xx n n nnnn . Usando o Critério de Leibniz para séries alternadas podemos verificar sem maiores dificuldades que a série de potências que representa arctg x encontrada acima também converge quando x = ±1. O que não é óbvio, embora seja verdadeiro, é que a representação é ainda válida em x = ±1 e considerando x = 1, encontramos a fórmula de Leibniz para o número π: L+−+−= 7 1 5 1 3 11 4 π . Exemplo Representação para log x em série de potências de x −1 Para representar a função log x por uma série de potências de x −1, procedemos como no exemplo precedente e começamos escrevendo: 1|1| para,)1()1( )1(1 11 0 <−−−=−+= ∑ ∞ = tt tt n nn , e integrando essa igualdade, termo a termo, de 1 até x, encontramos: ∑∞ = + + −−= 0 1 1 )1()1(log n nn n xx , representação válida para |x − 1| < 1, isto é, 0 < x < 2. Existem séries de potências que convergem em um único valor de x, como é o caso da série∑∞ =0 ! n nxn , que converge somente quando x = 0, porque neste caso: ⎩⎨ ⎧ ≠∞ ==+== + 0 se, 0 se,0 )1lim(lim 1 x x nx a a L n n e existem séries para as quais o conjunto de valores de x onde elas convergem é maior do que aquele determinado pelo critério da razão. Isso ocorre quando o caso extremo L = 1 é analisado separadamente, fornecendo dois valores para x onde a série pode convergir absolutamente ou convergir condicionalmente. No caso da série que representa a função arctg x ela converge, também, nos pontos x = ±1, obtidos a partir de L = 1. Outro exemplo que ilustra essa situação é dado a seguir. Exemplo Usando o critério da razão Apliquemos o critério da razão à série∑∞ = +− 1 1)3( n n n x . Neste caso temos: 3 1 lim3 )3(1 )3(limlim 1 2 1 −=+−=−×+ −== + + + x n nx x n n x a a L n n n n 125 e, portanto, a série converge absolutamente quando |x−3| <1, o que equivale a 2 < x < 4, e diverge quando |x−3| > 1. Essa é a informação contida no critério da razão e a convergência da série nas extremidades desse intervalo não pode ser prevista antecipadamente. Esse é o caso extremo L=1 que será analisado agora. A equação |x − 3| = 1 tem soluções x1 = 4 e x2 = 2 e, levando estes valores na série original, obtemos a série divergente∑∞ =1 1 n n , para x = 4, e a série (condicionalmente) convergente ∑∞ = +− 1 1)1( n n n , para x = 2. Portanto, o conjunto dos valores de x que tornam a série convergente é o intervalo semiaberto 2 ≤ x < 4. 3.1.1 Intervalo de convergência Nos exemplos apresentados no início desta seção, verificamos que uma série de potências ∑∞ = − 0 )( n n n axc pode convergir apenas quando x = a, pode convergir absolutamente em qualquer valor de x ou pode ser absolutamente convergente em um intervalo |x−a| < R e divergente quando |x−a| > R, podendo ser convergente ou não nos extremos desse intervalo. Esse número real R, que é o raio do intervalo, é denominado raio de convergência da série e o intervalo correspondente é o intervalo de convergência. O intervalo de convergênciade uma série de potências pode ser de qualquer um dos seguintes tipos: (a−R, a +R), [ a−R, a +R), ( a−R, a+R] ou [a −R, a +R], dependendo da convergência ou não da série nos extremos do intervalo. As informações fornecidas pelo critério da razão estão ilustradas na figura 3.1B abaixo. Para séries de potências do tipo∑∞ =0n n n xc , onde o centro é a = 0, o intervalo de convergência pode ser de qualquer um dos tipos [−R, R], [ −R, R), ( −R, R] ou (−R, R). Na tabela abaixo ilustramos essas situações com algumas séries apresentadas na introdução, indicando as respectivas funções que elas representam no intervalo de convergência. Adiante formalizaremos os resultados para séries de potências em geral. série raio de convergência intervalo de convergência ∑∞ = = 0 !n n x n xe R = ∞ (−∞,∞) ∑∞ = = 0 !0 n nxn R = 0 {0} ∑∞ = =− 01 1 n nx x R = 1 (−1,1) ∑∞ = −=+ 0 )1(1 1 n nn x x R = 1 (−1,1) ∑∞ = + + −= 0 12 12 )1( n nn n xarctgx R = 1 [−1,1] Teorema 3.1 Com relação à série de potências∑∞ = − 0 )( n n n axc , apenas uma das condições abaixo se verifica: (a) a série converge apenas quando x = a; 126 (b) a série converge absolutamente para qualquer valor que se atribua a x; (c) existe um número real R > 0, denominado raio de convergência, tal que a série converge absolutamente quando |x − a| < R e diverge quando |x − a| > R.. Com relação ao raio de convergência R estabelecido no Teorema 3.1, nos casos em que ocorrer a condição (a) diremos que o raio de convergência é R = 0 e quando a série for convergente em qualquer valor de x diremos que o raio de convergência da série é R = ∞. Assim, toda série de potências tem um raio de convergência que pode ser zero, um número real positivo ou ∞. Uma maneira prática de calcular o raio de convergência de uma série de potências é estabelecida a seguir. Teorema 3.2 Se o limite l = lim|cn+1/cn| existe e é diferente de zero, então o raio de convergência R da série∑∞ = +− 0 )( n pkn n axc , sendo k > 0, é igual a (1/l)1/k. Se l = 0, então R = ∞ e se l = ∞, então R = 0. Demonstração: Representando por an o termo geral da série, então pknnn axca +−= )( e temos: lax c c ax axc axc a a L k n nk pkn n pkkn n n n ×−=−=− −== ++ ++ ++ 111 lim )( )( limlim e usando o critério da razão deduzimos que: se l = 0, então L = 0 e a série converge absolutamente em qualquer valor que se atribua a x e, neste caso, R = ∞; se l = ∞, então a única possibilidade de se ter L < 1 ocorre quando x = a e, neste caso, R = 0; finalmente, se 0 < l < ∞, então a série converge absolutamente se |x − a| k × l < 1, isto é, |x − a| < (1/l)1/k e diverge se |x − a| k × l > 1, isto é, |x − a| × l > (1/l)1/k . Neste caso deduzimos que R = (1/l)1/k. Exemplo Na série ∑∞ = − 0 10 )5(! n n nxn vemos que a = 5 e cn = n!/10ⁿ, de modo que: ∞=+=×+== ++ 10 1lim ! 10 10 )!1(limlim 1 1 n n n c c l n n n n . Assim, R = 0 e a série converge apenas quando x = 5. Procedendo de maneira inteiramente análoga com a série∑∞ = −− 0 ! )4(3)1( n nnn n x , obtemos: 0 3 ! )!1( 3limlim 1 1 =×+== + + n n n n n nc c l o que indica ser R = ∞ e a série converge absolutamente para qualquer valor atribuído a x. O intervalo de convergência, neste caso, é (− ∞, ∞). Exemplo Consideremos a série∑∞ =0 2 24 n nn n x , onde temos a = 0, k = 2 e cn = 4n/n2, de modo que 4 )1( lim4 4)1( 4limlim 2 22 2 1 1 =+×=×+== + + n nn nc c l n n n n Assim, R = (1/4)1/2 = 1/2 e a série converge absolutamente quando |x| < 1/2 e diverge quando |x| > 1/2. Nos pontos extremos x = ±1/2 obtemos a p-série convergente ∑1/n². Logo, a série converge absolutamente no intervalo [−1/2, 1/2]. 127 3.1.2 Derivação e Integração Como observamos anteriormente, uma série de potências ∑∞ = − 0 )( n n n axc define uma função real cujo domínio é o intervalo de convergência da série. A série derivada∑∞ = −− 1 1)( n n n axnc , que é obtida por derivação termo a termo, tem o mesmo raio de convergência da série original, o que é facilmente comprovado, notando-se que: n n n n n n c c c c n n nc cn 111 limlim1lim )1( lim +++ =×+=+ , quando o último limite existir. O mesmo é válido para a série integral ∑∞ = + + − 0 1 1 )( n n n n axc e, neste caso: n n n n n n c c c c n n c n n c 111 limlim 2 1lim1 2 lim +++ =×+ +=+×+ , onde, mais uma vez, admitimos a existência do último limite. Os processos de derivação e integração termo a termo para série de potências são motivados pelas funções polinomiais, para as quais essas operações são óbvias. Formalmente temos os resultados seguintes: Teorema 3.3 (derivação termo a termo) Se a série ∑∞ = − 0 )( n n n axc tem raio de convergência R > 0, então a série∑∞ = −− 1 1)( n n n axnc , obtida por derivação termo a termo, tem raio de convergência R, a função ∑∞ = −= 0 )()( n n n axcxf é derivável no intervalo (a−R, a+R) e neste intervalo ∑∞ = −−=′ 1 1)()( n n n axncxf . Teorema 3.4 (integração termo a termo) Se a série ∑∞ = −= 0 )()( n n n axcxf tem raio de convergência R > 0, então a série∑∞ = + + − 0 1 1 )( n n n n axc , obtida por integração termo a termo, tem raio de convergência R e para cada x no intervalo de convergência ∑∑∫ ∞ = +∞ = = = + + −=+ −= 0 1 0 1 1 )( 1 )( )( n n n n xt at n nx a n axc n atcdttf . Esses teoremas sobre derivação e integração de séries de potências justificam plenamente aquelas operações feitas na introdução, quando obtivemos o desenvolvimento de algumas funções em séries de potências. Naquela ocasião efetuamos, formalmente, a derivação e a integração termo a termo. As demonstrações desses teoremas podem ser encontradas nas referências bibliográficas. Exemplo Como veremos adiante, a função senx é representada no intervalo (−∞, ∞) pela série: LL ++ −+−+−= + )!12( )1( !5!3 1253 n xxxxsenx nn e por derivação termo a termo obtemos a seguinte representação em série para a função cos x: 128 LL +−+−+−= )!2( )1( !4!2 1cos 242 n xxxx nn , −∞ < x < ∞. Em símbolos essas séries se escrevem sob a forma: ∞<<∞−−=+ −= ∑∑ ∞ = ∞ = + x n xxc n xsenx n nn n nn , )!2( )1(os e )!12( )1( 0 2 0 12 Combinando as séries de senx e cosx e usando alguns artifícios simples encontramos séries que representam as funções sen²x, cos²x e x²senx. Por exemplo, a série de sen²x é obtida usando a relação sen²x = (1−cos2x)/2 juntamente com a série que representa cos x, com 2x no lugar de x. Veja este procedimento passo-a-passo: ∑∑ ∑∑∑ ∞ = +∞ = + ∞ = ∞ = ∞ = × −=−=⇒−=− ⇒−+=−=⇒−= 0 21 2 0 21 1 2 0 2 0 2 )!2(2 4)1( 2 2cos1 )!2( 4)1(2cos1 )!2( 4)1(1 )!2( )2()1(os2 )!2( )1(os n nnn n nnn n nnn n nn n nn n xxxsen n xx n x n xxc n xxc Já a série de x²senx é obtida simplesmente multiplicando a série de senx por x². Neste caso, obtemos: ∑∑ ∞ = +∞ = + + −=+ −= 0 32 0 12 22 )!12( )1( )!12( )1( n nn n nn n xn xxsenxx . Exemplo Considerando a série geométrica ,11, 1 1 0 <<−=− ∑ ∞ = xx x n n obtemos por derivação termo a termo a seguinte representação em série para a função 1/(1−x)2: ∑∑ ∞ = −∞ = =−⇒=⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ − 1 1 1 2)1( 1)( 1 1 n n n n nx x x dx d xdx d . Multiplicando a última série por x, chegamos a: L++++==− ∑ ∞ = 432 1 2 432)1( xxxxnx x x n n 3.2 Séries de Taylor e de Maclaurin As funções ex e (1−x)−1 foram representadas em séries de potências sem maiores dificuldades; no primeiro caso, usamos derivação termo a termo e, no segundo, uma série geométrica. Existem funções que, embora infinitamente deriváveis em um ponto a, não podem ser representadas nas proximidades de a por uma série de potências de x − a. As funções que podem ser representadas por séries de potências de x − a são aquelas infinitamente deriváveis em algum intervalo aberto contendo a e que neste intervalo estão arbitrariamente próximas do seu Polinômio de Taylor. Se f(x) é uma função derivável até a ordem n em um intervalo aberto contendo a, o Polinômio de Taylor de ordem n gerado por f em x = a é o polinômio Pn(x) dado por: n n n axn afaxafaxafafxP )( ! )()( !2 )()( !1 )()()( )( 2 −++−′′+−′+= L . Se considerarmos a = 0 obteremos o Polinômio de Maclaurin de f: x n fxfxffxP n n ! )0( !2 )0( !1 )0()0()( )( 2 ++′′+′+= L . No caso da função f(x) = ex, o Polinômio de Maclaurin de ordem n é: , !!2!1 1)( 2 n xxxxP n n ++++= L 129 o qual coincide com a n-ésima soma parcial Sn da série que representa a função ex. Para esta função, usando o fato que lim (rⁿ/n!) = 0, seja qual for o número real r, deduzimos que se 0 < ξ < x, então 0 )!1( )(lim)( )!1( )(lim 1 1 )1( =+ −=−+ + + + n axeax n f nnn ξξ . O resultado principal desta seção, conhecido como Fórmula de Taylor com Resto, estabelece uma condição necessária e suficiente para que uma função infinitamente derivável possa ser aproximada pelo seu Polinômio de Taylor. Teorema 3.5 (fórmula de Taylor com resto) Seja f(x) uma função derivável até a ordem n +1 em um intervalo I contendo a no seu interior. Dado qualquer x nesse intervalo, existe um número ξ entre a e x tal que: .)( )!1( )()()( 1 )1( + + −++= n n n axn fxPxf ξ Além disso, se f é infinitamente derivável no intervalo I, a sequência {Pn (x)} converge para f(x) se, e somente se: 0)( )!1( )(lim 1 )1( =−+ + + n n ax n f ξ . O termo 1 )1( )( )!1( )()( + + −+= n n n axn fxR ξ denomina-se resto da aproximação da função f pelo seu Polinômio de Taylor. Corolário Se existirem constantes M e r tais que 1)1( )( ++ ≤ nn Mrf ξ , para todo n =1, 2, 3,… e todo ξ entre a e x, então )!1( )( 11 + −≤ ++ n axMr xR nn n , para todo n. Neste caso, limRn(x) = 0. Se f é uma função infinitamente derivável em um intervalo aberto contendo a e se {Sn(x)} representa a sequência de somas parciais da série n n n ax n af )( ! )( 0 )( −∑∞ = , então a condição limRn(x) = 0 nos conduz a [ ] )()(lim)()()(lim)(lim)(lim xfxRxfxRxfxPxS nnnn =−=−== e, portanto, a série converge para f(x) em cada x do intervalo de convergência. Assim, n n n ax n afxf )( ! )()( 0 )( −= ∑∞ = . Em homenagem ao matemático inglês Brook Taylor (1685-1731), essa série denomina-se Série de Taylor de f em torno de x = a. No caso em que a = 0, a série de Taylor correspondente recebe o nome de Série de Maclaurin de f, em homenagem ao matemático escocês Colin Maclaurin (1698-1746) que a popularizou em suas publicações. Exemplo Se f(x) = ex, temos que f (n)(0) = 1, para todo n, e, portanto, a série de Maclaurin de ex é aquela obtida na introdução. Exemplo Se f(x) = senx, então f(0) = 0, f ′(0) = 1, f ′′(0) = 0, f ′′′(0) = −1, f (4)(0) = 0, e assim por diante. De forma geral, ξξξξ cos)( e )( )12()2( ±=±= −nn fsenf e, portanto, o resto Rn(x) tende para zero, quando n→ ∞, comprovando que a Série de Maclaurin de senx é de fato aquela que mencionamos na seção anterior. 130 3.2.1 Aproximação Polinomial Ao aproximar uma função f(x) pelo polinômio de Taylor Pn(x) gerado por ela devemos ter em mente dois aspectos: (i) se a aproximação atende as expectativas e (ii) que grau deve ter o polinômio Pn(x) para obtermos a precisão desejada. O grau do polinômio determina o número de termos que devem ser considerados na aproximação e o erro é estimado usando relação )()()( xPxfxR nn −= . Se a série for alternada a estimativa de Leibniz para séries alternadas pode ser utilizada para medir o tamanho do erro. Em qualquer caso podemos usar a Fórmula de Taylor para obtermos: 1)1( 11 |)(|, )!1( )( ++ ++ ≤+ −≤ nn nn n Mrxfonden axMr xR Exemplo aproximando log(1+ x) por x Vamos encontrar os valores positivos de x de modo que ao aproximar log(1+x) por x o erro não ultrapasse 1% do valor de x. Na seção 3.1 encontramos ∑∞ = + + −=+ 0 1 1 )1()1log( n nn n xx , válida no intervalo −1< x < 1. Se f(x) = log(1 + x) e 0 < ξ < x < 1, então !2!2)1( 1 !2 )()( 22 2 2 1 xxxfxR ≤×+= ′′= ξ ξ e para o erro não ultrapassar 1% do valor de x, basta considerar x2/2 < x/100, isto é, x < 0.02. Exemplo aproximação quadrática para f(x) = ex Ao considerarmos a aproximação quadrática 1.0 intervalo no,1 221 <++≅ xxxe x , cometemos um erro que pode ser estimado pela Fórmula de Taylor ou pelo Critério de Leibniz, no caso em que x < 0. De fato, o resto é dado por: .10)76.1( 6 )1.0( !3 )()( 4 31.03 2 −×≅≤′′′= exfxR ξ Exemplo o teste da segunda derivada Suponhamos que a função f e suas derivadas f′ e f′′ sejam contínuas em um intervalo aberto I contendo o ponto a e consideremos a aproximação quadrática de f 2)( !2 )()( !1 )()()( axfaxafafxf −′′+−′+= ξ , onde ξ está entre a e x, conforme estabelece o Teorema de Taylor. Observando a expressão acima deduzimos o Teste da Segunda Derivada para extremos locais: (a) se f ′(a) = 0 e f ′′ < 0 no intervalo I, então f(x) ≤ f(a), para todo x no intervalo I e, portanto, a função f tem um máximo local no ponto x = a; (b) se f ′(a) = 0 e f′′ > 0 no intervalo I, então f(x) ≥ f(a), para todo x no intervalo I e, portanto, a função f tem um mínimo local no ponto x = a. Ampliando seu Conhecimento Uma função f(x) denomina-se analítica em x = a quando ela puder ser representada por sua Série de Taylor em algum intervalo aberto contendo a. De acordo com o Teorema de Taylor, uma função infinitamente derivável em uma vizinhança de a é aí analítica se, e somente se, o resto de sua aproximação de Taylor tende para zero, com n→ ∞. Assim, a soma e o produto de funções analíticas são analíticas, como também são analíticas, além dos polinômios, as demais funções elementares do cálculo: ex, log x, senx, cos x etc. em seus respectivos domínios. Um fato crucial, porém não tão óbvio, é que se uma função f(x) é analítica em um intervalo I, onde ela nunca se anula, então a função 1/f é também analítica em I. Com isto queremos enfatizar que as funções racionais são analíticas em todo intervalo onde o denominador é diferente de zero. 131 3.3 Série Binomial A expansão binomial kkkkk yyxkkyxkxyx ++−++=+ −− L221 !2 )1( !1 )( , k∈� simbolicamente representada por ∑ = −⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛k j jkj yx j k 0 , onde )!(! ! jkj k j k −=⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ e conhecida por binômio de Newton, foi generalizada por volta de 1665 por Newton, no caso em que o expoente
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