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LEGISLACAO E POLITICAS PUBLICAS pdf

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LEGISLAÇÃO 
 E POLÍTICAS PÚBLICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
 
 
2 
 
 
Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
(31) 3270 4500 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................03 
 
1. RELAÇÕES ENTRE ANTROPOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS....................................05 
 
2. RELAÇÕES ENTRE ANTROPOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL...............07 
 
3. ANTROPOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: ALGUNS DISTANCIAMENTOS.................11 
 
4. POLÍTICAS PÚBLICAS E ANTROPOLOGIA: APROXIMAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES...15 
 
5. A PARTIR DA ANTROPOLOGIA: CONTRIBUIÇÕES POSSÍVEIS....................................20 
 
6. LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA.......................27 
 
7. REFERÊNCIAS...................................................................................................................32
3 
 
 
Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
(31) 3270 4500 
INTRODUÇÃO 
 
Prezados alunos, 
 
 
 
Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação 
daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências 
atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. 
 
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, 
afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos 
educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou 
aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e 
provado pelos pesquisadores. 
 
Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos 
colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada 
está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar 
nosso trabalho. 
 
Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês 
são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: 
aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é 
demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação 
dos nossos/ seus alunos. 
 
Nesta primeira apostila introduzimos as transformações no campo do 
conhecimento tanto antropológico quanto das políticas públicas, retraçando 
contextualmente as relações e apontar como a expansão das políticas públicas, 
juntamente com a reformulação dos objetos legítimos de estudos antropológicos, tem 
contribuído para uma maior aproximação da antropologia com as análises sobre o 
Estado, as Políticas Públicas e a Administração Pública. 
 
Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos 
serem os mais importantes para a disciplina. 
Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de 
redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. 
"
4 
 
 
Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
(31) 3270 4500 
 
 
 
 
Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final 
da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar 
Dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
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1. RELAÇÕES ENTRE ANTROPOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS 
 
A antropologia como área das Ciências Sociais e as políticas públicas, entendidas 
aqui, sumariamente, como as ações do Estado voltadas à resolução de problemas sociais. 
A justificativa para esta reflexão decorre, principalmente, das dificuldades em encontrar uma 
discussão estabelecida sobre políticas públicas dentro da área de antropologia. Para tanto, 
busca-se resgatar o panorama histórico da institucionalização dos estudos de políticas 
públicas no Brasil apontando, com base na perspectiva da multidisciplinaridade, as 
aproximações que a antropologia foi desenvolvendo com esta nova área de pesquisa. 
Se, por um lado, as políticas públicas se referem ao “Estado em ação” para fazer 
referência à definição cunhada por Jobert e Müller (1987), sendo que esta área “tem como 
objeto específico o estudo de programas governamentais, particularmente suas condições 
de emergência, seus mecanismos de operação e seus prováveis impactos sobre a ordem 
social e econômica. ” (ARRETCHE, 2003, p. 8). De outro lado, encontra-se a área da 
antropologia que geralmente foi tida como a responsável pelo estudo das minorias e grupos 
sociais periféricos. Nessa perspectiva, tem-se que a antropologia não teria o condão de 
analisar o Estado, instituição central nas sociedades ocidentais, uma vez que suas 
preocupações estariam voltadas à compreensão de sociedades não ocidentais, à 
compreensão “da alteridade”, ou mesmo das ditas “sociedades sem Estado”. 
 Desse modo, compreende-se que, durante muito tempo, não foi objeto da 
antropologia 
etnografar de maneira sistemática os impactos 
e a eficácia das ações da administração pública 
sobre os segmentos sociais que incidiam, ou 
de tomar ela própria, a administração pública – 
 ou como alguns preferem chamar, O Estado 
enquanto objeto de sua investigação”. (SOUZA 
LIMA; CASTRO, 2008, p. 353). 
 
Isso explica, ao menos em parte, o fato de as políticas públicas terem se desenvolvido 
originariamente como subárea da Ciência Política, área concebida como responsável por 
problematizar e teorizar o Estado. Contudo, dada a formação multidisciplinar que vem 
caracterizando as políticas públicas nos últimos anos, também tem se tornado possível 
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observar aproximações da antropologia com os estudos sobre as ações do Estado. Aqui, 
principalmente, quanto às interferências do Estado nos povos estudados pela antropologia, 
que busca compreender os impactos dos programas sociais nos grupos que estuda. 
Além disso, se até pouco tempo o Estado não era tido como objeto de análise 
antropológica, há de se considerar que, nos últimos anos, inúmeros estudos e debates 
antropológicos vêm buscando compreender o Estado não como uma concepção monolítica, 
mas como espaço de atuação de diferentes grupos sociais e pessoas, problematizando o 
Estado como um campo processual e heterogêneo. E assim, não apenas os impactos dos 
programas estatais passam a ser problematizados, mas o próprio Estado é tomado como 
objeto de investigação pela antropologia. 
Para pensar as transformações no campo do conhecimento tanto antropológico 
quanto das políticas públicas, a proposta deste trabalho é retraçar contextualmente as 
relações e apontar como a expansão das políticas públicas, juntamente com a reformulação 
dos objetos legítimos de estudos antropológicos, tem contribuído para uma maior 
aproximação da antropologia com as análises sobre o Estado, as Políticas Públicas e a 
Administração Pública. 
Por fim, buscar-se-á apontar possíveis contribuições da antropologia para esse campo 
acadêmico em constante expansão. A proposta é refletir, teórica e metodologicamente, 
possíveis abordagens antropológicas sobre o Estado em ação, tanto no que diz respeito às 
formulações desses programas sociais, quanto no que se refere aos resultados desses 
programas no âmbito dos grupos sociais por eles atingidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. RELAÇÕES ENTRE ANTROPOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL 
 
Nos países desenvolvidos, a crise do Welfare State foi fundamental para recolocar os 
questionamentos quanto ao papel e à função do Estado, impulsionando, também, o 
desenvolvimento de políticas públicas e suas respectivas análises. Já no caso brasileiro, de 
acordo com Melo (1999, p. 60), não foi preciso “trazer o Estado de volta” para essa reflexão, 
uma vez que as expectativas em relação ao processo do “State building brasileiro”, 
impulsionadas pelo intervencionismo ditatorial, já faziam convergir a atenção para o papel 
do Estado. 
 Até o final do século XX, era possível distinguir três momentos distintos da produção 
acadêmica e das reflexões, no âmbito nacional, sobre as políticas públicas: o primeiro 
momento, caracterizado pela década de 1960, colocava “O Estado” no centro da discussão, 
tomando-o como uma entidade monolítica e buscando detalhar o seu papel para a 
sociedade. Um segundo momento, no período de 1970 e 1980, é caracterizado pela 
influência das teorias estrangeiras, principalmente com as formulações teóricas de Esping 
Andersen. Neste momento, buscou-se refinar, teórica e analiticamente, os estudos das 
políticas públicas com base nas comparações com os estudos sobre o Welfare State 
presentes nos países desenvolvidos. Por fim, um terceiro momento, que surgiu no final dos 
anos de 1980, caracterizou-se pelo processo de democratização do país, o fim do regime 
autoritário e, principalmente, pelas propostas de análises e avaliações das políticas públicas. 
De acordo com Melo (1999, p. 72), “a primeira onda de produção científica deixa entrever 
um certo “encantamento” pelo Estado”, resgatando estudos anteriores que buscavam 
problematizar o papel do Estado e suas formas estruturais, uma vez que se empunha neste 
momento o autoritarismo que trazia à baila a perspectiva moderna de desenvolvimentismo. 
Com isso, diante da expansão desenvolvimentista do Estado e diante da transformação do 
regime político, desenvolviam-se análises críticas integrando o marxismo com a economia 
política, sendo que a crítica ao regime autoritário subsumiu a agenda de pesquisa desse 
período. Já na segunda onda de estudos, a partir das análises comparativas com as teorias 
sobre o Welfare State, tornou-se possível “uma discussão sobre tipos ou regimes de bem-
estar social” (MELO, 1999, p. 74), ou seja, novos sujeitos apareceram na análise, tais como 
os partidos políticos, os sindicatos e as burocracias. Além disso, redescobriram-se autores 
clássicos, como Titmuss e Marshall, o que possibilitou uma “clivagem entre essa estrutura e 
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os níveis de bem-estar social e as patologias que afligiam o sistema”. (MELO, 1999). Aos 
poucos, abandonavam-se as análises extremamente teóricas acerca do Estado e suas 
possíveis ações, e colocavam-se, no centro da discussão, as pesquisas empíricas que eram 
realizadas a partir das “ações do Estado”. 
Por fim, a terceira onda de pesquisa em políticas públicas, fortemente influenciada pela 
discussão de cidadania que borbulhava no final da década de 1980, trouxe a discussão sobre 
formas de avaliação das políticas públicas e sobre o modus operandi do Estado. Frisa-se 
que, neste período, “a questão democrática passa a importar em uma chave dupla: como 
um fim em si mesmo e como precondição para maior eficácia da ação do Estado.” (MELO, 
1999, p. 81). 
A síntese desse resgate histórico é de que a 
Reflexão sobre o Estado brasileiro, tratado de 
forma generalista como um entidade monolítica, 
dará lugar, paulatinamente, a uma produção 
mais empiricamente referida e que se recusa a 
tematizar o Estado de forma globalizante - ou 
mais acertadamente o papel do Estado-, e que 
discute uma política ou áreas de política. 
(MELO, 1999, p. 61). 
 
Em outros termos, pode-se afirmar que o encantamento apresentado originariamente 
em relação ao Estado passa a ser voltado à própria sociedade civil. Esse processo, por sua 
vez, foi influenciado pelo processo de democratização presente no país. Neste sentido, se 
num primeiro momento a análise centrou na transformação das instituições estatais, mais 
recentemente os estudos se concentraram no impacto dessas instituições nos resultados 
dos programas estatais. 
Corroborando com a perspectiva acima exposta e atualizando a discussão, Trevisan 
& Van Bellen (2008) elencam três motivos para a emergência da análise de políticas públicas 
nos últimos anos, sendo que todos os motivos fazem referência à transição democrática 
ocorrida no país. A primeira razão estaria relacionada ao fato de que, em 1970, ganharam 
relevância a discussão sobre o desenvolvimento do país, bem como os impactos 
redistributivos das políticas nacionais. Temas como a “descentralização, participação, 
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transparência e redefinição do mix público-privado» conduziram a uma redescoberta das 
políticas municipais e da descentralização do Estado. 
 
O segundo motivo, elencado por Trevisan & Van Bellen (2008), decorre do 
“desencantamento” pela estrutura estatal, enfatizando se o debate sobre a efetividade da 
ação pública, uma vez que eram (e ainda são) muitos os obstáculos para a execução das 
políticas públicas. Por fim, um terceiro motivo, que passou a organizar a agenda pública no 
início de 1990, estava concentrado na reforma do Estado, fazendo emergir estudos 
empíricos sobre os programas estatais. 
 Enfatizando a propagação de estudos empíricos sobre políticas públicas e retomando 
a exposição de Melo (1999), Celina Sousa (2003) aponta três problemas que perpassam os 
estudos de políticas públicas no Brasil. O primeiro problema se refere à falta de acumulação 
do conhecimento na área, isso no sentido de haver uma produção mais densa e 
sistematizada sobre as políticas públicas. Com isto, Sousa afirma que se inviabilizou a 
formação de uma agenda ou programa de pesquisa no sentido kuhniano, dada a difusão 
teórica, metodológica e temática na qual os estudos de políticas públicas vinham, e ainda 
vêm, se desenvolvendo. 
Um segundo problema é que, 
enquanto os estudos da área cresciam horizontalmente 
 mediante a abundância de estudos setoriais, 
faltava-lhes um aprofundamento vertical que 
conduzisse à produção de um instrumental 
teórico e analítico que pudesse institucionalizar 
o campo de pesquisa. Nas palavras de Sousa 
(2003, p. 16), “existe uma abundância de 
estudos setoriais, em especial estudos de caso, 
 dotando a área de uma diversificação de objetos 
empíricos que se expandem horizontalmente, 
sem um fortalecimento vertical da produção, 
 especificamente o analítico”. (SOUSA, 2003). 
 
Por fim, uma terceira dificuldade se apresenta pela proximidade recorrente que os 
estudos de políticas públicas possuem com órgãos governamentais, dificultando uma 
abordagem estritamente acadêmica e, em certa medida, politicamente desinteressada. 
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Observa-se que está proximidade acaba gerando tanto uma delimitação da agenda de 
pesquisa sujeita aos interesses dos órgãos governamentais quanto trabalhos 
normativos/prescritivos voltados à prática governamental. 
 
A fim de superar esses problemas presentes nos estudos de políticas públicas, Sousa 
(2003, p. 17) aponta a necessidade de considerar os processos de formulação e implantação 
de políticas públicas derivados de caracteres políticos e não somente racionaise lineares. 
Em última instância, é preciso fazer uma análise de baixo para cima, a fim de identificar e 
problematizar o papel dos implementadores, bem como analisar a natureza dos problemas 
que as políticas públicas buscam resolver e identificar as redes de relação que essas 
políticas criam entre os atores sociais envolvidos 
Esses fatores são traduzidos, explicita e implicitamente, na exposição de Elisa P. Reis 
(2003), quando de sua proposta para uma agenda de pesquisa em políticas públicas. Dada 
a expansão do campo de pesquisa que extrapolou em muito a área da Ciência Política, 
ancorando-se em diferentes teorias e métodos, o primeiro cuidado que o pesquisador deve 
ter é possuir “clareza tanto em relação à perspectiva teórica em que está inserido seu 
trabalho, quanto em relação às discussões que confrontam essa perspectiva com outras, 
alternativas a ela. ” (REIS, 2003, p. 12). Isto não significa que a cada pesquisa seja refeita a 
sistematização teórica que sustenta o trabalho, mas que tal fundamento teórico fique 
evidente durante a pesquisa, evitando-se com isso uma miscelânea de teorias sob a 
pressuposição de multidisciplinaridade, ou mesmo, que se configure a ausência de uma 
teoria bem definida. 
 A tese apresentada por Reis é de que os trabalhos tenham efetivamente uma 
sustentação teórica, que busquem superar o problema da ausência de uma verticalidade 
analítica e teórica nas políticas públicas. Além disso, a autora sustenta a necessidade de 
analisar policies como práticas políticas, assumindo que estão perpassadas por interesses, 
valores e normas. (REIS, 2003, p. 13). Para tanto, é necessário articular as análises 
institucionais com as práticas individuais dos atores que estão envolvidos desde a 
formulação até a implantação e avaliação de políticas públicas. Para Reis, é esta articulação 
e comparação entre o individual e o institucional que consiste em o desafio tanto teórico 
quanto metodológico para a formulação de uma agenda de pesquisa. 
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 Observa-se, com isso, que o tema das políticas públicas tem despertado cada vez 
mais o interesse de outras ciências, que não exclusivamente as sociais. Por outro lado, dada 
a difusão de pesquisas, principalmente empíricas, constata-se uma ausência de uma 
formulação teórica específica às políticas públicas. No entanto justamente isso que tem 
possibilitado a configuração de um campo de discussão multidisciplinar em que diferentes 
disciplinas convergem em diálogo e fazem suas análises desde suas próprias perspectivas 
teórico-metodológicas. A proposta que segue é a de demonstrar como a antropologia tem se 
relacionado com esta nova área e quais as contribuições que se pode extrair dessas 
relações. 
 
3. ANTROPOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: ALGUNS DISTANCIAMENTOS 
 
Conforme mencionado, durante muito tempo, considerou-se que o enfoque dos estudos 
antropológicos deveria ser, exclusivamente as minorias e as sociedades periféricas. Por isso, 
a antropologia e, inclusive, o campo da antropologia política não teve por objeto central o 
estudo do Estado ou do governo. Buscava-se, por outro lado, enfocar os estudos das 
relações políticas nas sociedades não ocidentais (MIRANDA et al., 2007), muitas vezes 
classificadas como “sociedades sem Estado” ou ainda como “sociedades contra o Estado” 
para fazer referência à obra de Pierre Clastres. 
Considerando a história da antropologia, Leirner (2013) demonstra como a Antropologia 
do Estado ou a Antropologia Política, desenvolvida nas décadas de 1940 e seguintes por 
autores clássicos da disciplina, como Evans-Pritchard, Meyer Fortes, Leach e outros, 
acabava diluindo a potencialidade de uma análise da política ou do Estado dentro de uma 
análise de parentesco ou organização tribal. Noutros termos, as relações políticas acabavam 
sendo subsumidas dentro de outras instituições sociais, impossibilitando a constituição de 
uma dimensão específica do poder dentro dos grupos estudados. 
Já em outra perspectiva, quando o Estado (colonial) começou a ser retratado nas 
etnografias, a ele estavam relacionados fatores de dominação ou de desestabilização dos 
sistemas sociais nativos, conforme pode ser verificado em trabalhos como os de Max 
Gluckman (1963). Assim, ao invés de se tomar o Estado como um objeto de análise 
antropológica, ele era visto exclusivamente pelos eventuais impactos sociais que causava 
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nas sociedades que colonizava. O Estado era tido como um ente externo que influenciava 
e, por vezes, desequilibrava a ordem dos comportamentos internos de um sistema. 
Esta relação que se estabeleceu entre o Estado e a antropologia em um âmbito mais 
global também se reproduziu, de certa maneira, na antropologia brasileira e “talvez não seja 
de todo errado dizer que a “situação colonial” de lá corresponda à “situação nacional” daqui. 
(LEIRNER, 2013, p. 76). Considerando o contexto nacional, tem-se que, na mesma época 
em que se desenvolvia a primeira onda de estudos sobre políticas públicas no país, isto na 
década de 1960, “pensar na relação entre Antropologia e políticas públicas era uma 
virtualidade stricto sensu inconcebível. (SOUZA LIMA; CASTRO, 2008, p. 352). 
 
Neste sentido, Bevilaqua & Leirner afirmam que 
 
 
 
mesmo quando se admite que a chamada 
“antropologia urbana” possa apresentar uma 
contribuição original, espera-se que ela decorra 
do estudo de grupos e processos “marginais” 
e “minoritários”. À antropologia que trata das 
instituições, agentes e processos hegemônicos da 
nossa sociedade, caberia uma maior interlocução 
com a sociologia e a ciência política, sendo 
reduzida não raro à desconfortável condição de 
apêndice ilustrativo das grandes contribuições 
macrossociológicas. (BEVILAQUA; LEIRNER, 
2000, p. 107). 
 
Em relação a este distanciamento da antropologia para com as políticas públicas, 
deve-se reconhecer que o campo antropológico brasileiro, campo este que começava, a 
partir de 1950, a se constituir por meio dos programas de pós-graduação financiados pela 
Unesco, não estavam alheios aos projetos desenvolvimentistas do regime militar totalitário. 
Os projetos políticos que se desenvolviam atingiam de cheio “os territórios de populações 
indígenas e camponesas com a violência dos grandes empreendimentos financiados pelo 
establishment desenvolvimentista multilateral. ” (SOUZA LIMA; CASTRO, 2008, p. 353, grifo 
nosso). Em outros termos, a antropologia passa a se preocupar muito mais com os 
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resultados, impactos, consequências dos projetos estatais e nem tanto com a sua 
formulação e implantação. 
Em um mesmo sentido, mas agora em outro contexto, é importante fazer 
reminiscência quanto ao fenômeno do êxodo rural no país ocorrido logo após o golpe militar 
de 1964. Por intermédio dos mesmos projetos de expansão e das mega intervenções 
urbanísticas se propagava o melhoramento das cidades e se chamava a atenção para uma 
parcela considerável da população que lançava a sorte nos centros urbanos, vindo a inchar 
as cidades. Colocavam-se em cena as discussões - e os programas estatais - referentes à 
migração, favelas, trabalho assalariado, educação, etc. Novamente aqui o interesse 
antropológico estava muito mais para os grupos que se formavam nas grandes cidades, 
deixando de problematizar as causas e consequências dessas intervenções desde uma 
perspectiva estatal. 
Junto com estas transformações, delineava-se também o campo de atuação da 
antropologia brasileira.Primeiro, nos territórios indígenas e no meio rural, consolidando, 
respectivamente, a etnologia e os estudos de comunidades tradicionais. Posteriormente, 
atuando nos centros urbanos por meio da antropologia urbana (ou também denominada 
antropologia das sociedades complexas). A antropologia brasileira se consolidou mediante 
estudos dos grupos sociais que eram constantemente atingidos (ou mesmo prejudicados) 
pelos programas estatais, pelas ações do Estado. 
Se por um lado os programas do Estado passaram a compor a cena etnográfica e 
passaram a fazer parte da produção acadêmica antropológica, é preciso ressaltar, por outro 
lado, que 
em nenhum desses três grandes feixes temáticos 
- indígenas, camponês, urbanos - aflorou a ideia 
de etnografar de maneira sistemática os impactos 
e a eficácia das ações da administração pública 
sobre os segmentos sociais que incidiam, ou 
de tomar ela própria, a administração pública 
– ou como alguns preferem chamar, O Estado – 
enquanto objeto de investigação. (SOUZA LIMA; 
CASTRO, 2008, p. 353). 
 
Diante disso, é de se observar que a relação entre a antropologia e o Estado (e mesmo 
as políticas públicas), “quando existiu, foi em grande parte permeada por uma tensão 
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inerente às relações entre o Estado, as políticas públicas e os “nativos” (objetos da 
antropologia, portanto) ”. (LEIRNER, 2013, p. 69). E assim, o Estado passava a ser visto 
pelos resultados de suas intervenções e as questões passavam a ser como os grupos 
subordinados a esse poder do Estado interatuavam com as intervenções estatais. 
(TEIXEIRA; SOUZA LIMA, 2010, p. 57). 
Buscando ratificar a ausência de uma investigação sistemática e profunda da 
antropologia sobre o Estado, sobre a administração pública ou as políticas públicas, é 
possível identificar quatro posições adotadas em campo pelos antropólogos perante os 
poderes públicos: a primeira posição é a de um cidadão politizado que buscava denunciar 
as iniquidades causadas pelas intervenções estatais; a segunda postura era aquela que 
buscava afirmar a defesa do direito à pesquisa quando o Estado dificultava o acesso de 
antropólogos aos grupos pesquisados (menciona-se aqui principalmente o acesso aos 
grupos indígenas); a terceira era a postura que visava problematizar o papel do próprio 
antropólogo em vista das ações governamentais, ressaltando-se questões éticas da 
pesquisa; e, por fim, a quarta posição diz respeito às tomadas de decisão do antropólogo 
que influenciavam os gestores e administradores públicos. (SOUZA LIMA; CASTRO, 2008, 
p. 354). 
Observa-se que, dessas posições adotadas pelos antropólogos, não se chegou a 
constituir o Estado como um objeto de estudo para a antropologia, deixando a reflexão sobre 
as políticas públicas para as outras Ciências Sociais, tanto a Ciência Política quanto a 
Sociologia. Reitera-se aqui que esta posição assumida pela antropologia em face das 
políticas públicas possui forte relação com sua postura de investigar as minorias e os grupos 
marginalizados, enquanto que os grupos dominantes, elitizados e o próprio Estado ficaram, 
até recentemente, relegados às outras ciências sociais. Frisa-se que até mesmo as 
assessorias e consultorias prestadas pelos antropólogos em favor de ONGs ou setores 
públicos não chegavam a produzir uma reflexão sistemática, seja ela reflexivo-acadêmica, 
seja intervencionista-profissional, sobre a área de políticas públicas. 
 Contudo, é de se reconhecer que a antropologia não ficou de todo alheia aos 
acontecimentos políticos brasileiros. Se os trabalhos dos antropólogos em contextos 
indígenas, rurais ou urbanos “não foram pensados como políticas públicas ou ações do 
Estado, não deixaram de ser uma etnografia de sua implementação, de seus resultados, 
danos e ganhos. ” (TEIXEIRA; SOUZA LIMA, 2010, p. 60). Em outros termos, há de se 
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reconhecer que, ao menos tangencialmente, as etnografias já apontavam a necessidade de 
uma análise antropológica do Estado, das ações do Estado e do Estado em ação. 
Uma vez demonstrado o distanciamento da antropologia em relação às políticas 
públicas, faz-se necessário agora a análise de algumas aproximações dessas duas áreas, 
buscando ressaltar possíveis contribuições da antropologia aos estudos das políticas 
públicas. Como será demonstrado a seguir, há diversos trabalhos que vêm sendo 
desenvolvidos por antropólogos a fim de colocar as ações do Estado, e o próprio Estado, no 
centro das discussões antropológicas. 
 
 
 
 
 
4. POLÍTICAS PÚBLICAS E ANTROPOLOGIA: APROXIMAÇÕES E 
CONTRIBUIÇÕES 
 
Que a relação entre antropologia e as ações do Estado tenham se tornado mais próximas 
é algo visível, tanto pelo fato das expansões das políticas públicas quanto pela ampliação 
dos objetos de estudos da antropologia. Um exemplo disso surge se se considerar que, se 
por um lado, em 1999, na coleção O que ler na ciência social brasileira a discussão sobre 
Estado, governo e políticas públicas foi desenvolvida pela área da Ciência Política. 
Atualmente, tendo transcorrido uma década, em 2010, a Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), mediante a coleção Horizontes das 
ciências sociais no Brasil, buscando atualizar e sistematizar o panorama das discussões e 
pesquisas atuais das Ciências Sociais, possibilitou que a área de Antropologia dedicasse 
uma parte da discussão para pensar uma Antropologia da Administração e da Governança 
no Brasil. 
Este espaço institucional de discussão demonstra a relevância que o tema do Estado e 
das Políticas Públicas vem ganhando dentro da antropologia. E, por isso, nesta terceira parte 
deste artigo, busca-se pensar como e quais as relações e aproximações que vêm ocorrendo 
entre a antropologia e as políticas públicas. Além disso, quais as possíveis abordagens 
antropológicas sobre o campo multidisciplinar que constitui as Políticas Públicas hoje. 
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Uma proposta para visualizar essas relações é apresentada pelo antropólogo Piero C. 
Leirner (2013). Este autor buscou traçar uma tipologia das relações da antropologia com o 
Estado a partir da posição de fala e trabalho dos próprios antropólogos. Ele distinguiu, assim, 
três possibilidades de relações denominadas de: 
 
1) cooptação política direta; 
2) análise e cooptação política indireta; e, 
 3) análise política direta. 
 
 A primeira relação, denominada de “cooptação política direta”, Leirner descreve como 
sendo aquela em que os antropólogos são chamados a prestarem serviços a demandas 
estatais específicas. Pode-se citar aqui, como exemplo, o uso de antropólogos em Forças 
Armadas ou mesmo, se se pensar na história da disciplina antropológica, como 
desenvolvedores de estratégias de colonização. Esta relação, por sua vez, possui sérias 
implicações ético-metodológicas. Além disso, traz no bojo da relação o problema apontado 
por Souza (2003), de uma agenda de pesquisa pautada eminentemente pelos órgãos 
estatais. 
A segunda forma de relação, denominada de “análise e cooptação política indireta”, 
compreende as relações desenvolvidas pelos antropólogos que “se dedicam a estudar o 
impacto de políticas sociais em populações ditas ‘minorias’ (LEIRNER, 2013, p. 81) ”, sendo 
esta uma das formas mais recorrentes no Brasil. Desta relação é importante ressaltar, 
primeiro, que os estudos desenvolvidos por esses antropólogos se referem prioritariamente 
ao impacto das políticas, ou seja, aos efeitosa posteriores da implementação. O que, de 
outro lado, se deixa de contemplar os processos decisórios, a formulação das políticas e, em 
muitos casos, a própria implementação. 
Além disso, é importante ressaltar que geralmente essa relação se dá por interesse do 
próprio antropólogo que se aproxima dos órgãos estatais a partir de suas pesquisas prévias 
numa área específica. Se por um lado isto evita que as pesquisas sejam pautadas pelos 
órgãos estatais, deve-se reconhecer que, de outra banda, boa parte do trabalho 
desenvolvido não é apropriada como pesquisa acadêmica. Ou seja, essas pesquisas 
passam a configurar como formas de assessorias e consultorias, e, por vezes, marcadas 
pela militância do pesquisador. 
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Por fim, a terceira forma de relação é denominada por Leirner de “análise política direta” 
e se refere aos trabalhos antropológicos que tomam como objeto de pesquisa o próprio 
Estado, seus agentes, a burocracia estatal, as políticas públicas, etc. Esta forma de pesquisa 
busca abranger de forma equidistante não só os impactos das políticas públicas, mas 
também possibilita pensar todo o processo desde a formulação até a avaliação desses 
programas. Além disso, é de se observar que o enfoque não está somente na produção de 
políticas, nem só nos grupos por elas atingidos, mas se configura principalmente por trazer 
o Estado para o centro da análise. 
Excluindo a cooptação política direta, uma vez que se configura como a menor – e 
também a mais problemática, é possível perceber que a cooptação política indireta 
caracteriza, grosso modo, os trabalhos desenvolvidos de forma profissional, fora da 
academia, por meio de laudos, relatórios e assessoria antropológica. Enquanto que a análise 
política direta é desenvolvida, eminentemente, dentro da academia, sem relação direta com 
os órgãos e as políticas pesquisadas, possibilitando um trabalho mais geral, e por vezes 
teóricos, sobre as políticas públicas que não somente o registro de seus impactos e 
conhecimento do grupo atingido. 
A partir dessa tipologia de relações, é possível pensar três principais vertentes nas quais 
a antropologia vem desenvolvendo pesquisa sobre as políticas públicas no Brasil. Uma 
primeira frente de pesquisa trata de avaliar as populações (ou minorias) que vêm sofrendo 
alteração de identidades e “culturas” em função da intervenção do Estado. De modo geral, o 
foco dessas pesquisas acaba sendo a problematização dos próprios “atingidos por políticas”. 
Uma segunda frente de pesquisa, muitas vezes desenvolvidas fora da academia, por 
ONGs, por antropólogos militantes ou que prestam consultorias, trata da própria “Gestão de 
Políticas”. Aqui se enquadram os trabalhos que buscam formar um “quadro de análise 
específico da gestão estatal sobre as populações” (LEIRNER, 2013, p. 86), e a antropologia 
se situaria como uma espécie de mediadora entre as “comunidades” e o Estado. Frisa-se 
que aqui o Estado e seus programas não seriam ainda o alvo principal das pesquisas, mas 
acabariam entrando tangencialmente em face das problematizações das relações Estado, 
políticas e grupos sociais. 
Por fim, uma terceira frente antropológica é denominada por Leirner (2013, p. 86) de 
“Antropologia da política e do Estado”, a qual ainda é tida como a menor e mais recente 
forma de a antropologia se relacionar com o campo das políticas públicas. A abordagem 
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antropológica aqui, por sua vez, passa a compreender o Estado como um ente plural, como 
campo de conflitos e interesses diversos, formado por pessoas e ideologias que estão em 
constante negociação. Nesta proposta, sugere-se pensar “as políticas públicas como 
linguagem de poder, como agentes culturais, e como tecnologia política”. (SOUZA LIMA; 
CASTRO, 2008, p. 365, grifo no original). 
 Esta perspectiva de uma “Antropologia da política e do Estado” implica, de saída, 
“suspender a ideia de público como qualitativo para os fins das ações do Estado que melhor 
poderiam ser descritas enquanto políticas governamentais. ” (SOUZA LIMA; CASTRO, 2008, 
p. 369). Esse redimensionamento do público para o governamental torna possível 
compreender os programas estatais como “planos, ações e tecnologias de governo” que 
interagem não apenas dentro de organizações administrativas estatais, mas perpassam 
diferentes modalidades de organizações sociais e políticas. 
Ao fazer isso, a antropologia possibilita uma abordagem do Estado pelo estudo da 
governança, mostrando a pluralidade desse ente, que muitas vezes é pensado de forma 
monolítica, em um âmbito territorial específico e como monopólio legítimo da violência. Uma 
perspectiva antropológica do Estado possibilitaria compreendê-lo como um “fluxo histórico 
contínuo, em que as formas que surge como ideia de Estado não correspondem 
necessariamente às formas do sistema de Estado e suas ações, e vice-versa”. (SOUZA 
LIMA; CASTRO, 2008, p. 371). 
De outro modo, na expressão de Bevilaqua & Leirner (2000), a contribuição da 
antropologia nos estudos do Estado e das políticas públicas está em demonstrar que 
 
os cálculos de engenharia institucional 
frequentemente realizados para entender a 
relação Estado-sociedade (que sempre aparece 
mediada pela categoria “indivíduo”) não se 
mostram suficientes para entender a dinâmica 
 estrutural que está por trás do sentido que as 
pessoas dão às suas instituições. (BEVILAQUA; 
LEIRNER, 2000, p. 125). 
 
 Em última análise, a antropologia pode contribuir para o estudo das políticas públicas 
como políticas governamentais, para possibilitar não apenas compreender o Estado em 
ação, mas também, principalmente, a fim de perceber as ações que constituem o fazer 
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Estado, este entendido como um processo mutável, plástico, que permanece o mesmo 
através das mudanças. 
Por fim, é de se considerar que, se durante muito tempo a antropologia esteve 
relativamente distante de uma abordagem do Estado e de suas ações, atualmente, diante 
da propagação de políticas públicas, muitos antropólogos vêm desenvolvendo trabalhos que 
consigam abordar tanto a formulação, implantação, avaliação e impactos das políticas 
governamentais. Além disso, de outra forma, passou-se a colocar o próprio Estado como 
objeto de discussão antropológica, possibilitando compreender as políticas públicas não 
apenas como o resultado de um processo racional e burocrático, mas também, 
principalmente, como um campo de relações e de interesses. 
Considerando que nos últimos anos o campo de Políticas Públicas teve forte expansão 
no país, aumentando consideravelmente o número de pesquisas sobre as “ações do Estado” 
feitas por diferentes áreas do conhecimento, este trabalho buscou apontar algumas das 
relações que a antropologia estabeleceu com os programas governamentais. Além disso, 
buscou demonstrar possíveis contribuições da antropologia aos estudos de políticas 
públicas. 
 
Em um primeiro momento, explicitaram-se os principais desdobramentos teóricos dos 
estudos de políticas públicas no Brasil, principalmente após a década de 1960 que, marcada 
pelo regime político autoritário, colocava em cena as questões relativas aos papéis e funções 
do Estado. Ainda aqui, demonstrou-se que, com a redemocratização do país, a expansão do 
número de programas estatais acompanhou o aumento do número de pesquisas na área, 
fazendo com que não apenas as Ciências Políticas, mas também diferentes áreas do 
conhecimento passassem a tratar, de diferentesângulos, das políticas públicas. Por sua vez, 
está multidisciplinaridade ocasionou um crescimento vertical de estudos de casos, 
impossibilitando o desenvolvimento vertical e teórico de análise. 
A partir disso, buscou-se analisar quais as relações da antropologia em face das políticas 
públicas, ou as ações do Estado de um modo geral. Observou-se que, considerando os 
campos de interesse de estudos da antropologia, que colocava as minorias no centro de 
pesquisa, a abordagem antropológica sobre o Estado foi deveras tangencial. Noutros termos, 
não se chegou a formar pesquisas sobre as políticas em si, mas sim sobre os impactos 
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dessas políticas nos grupos estudos pela antropologia, principalmente grupos indígenas, 
comunidades rurais e minorias urbanas. 
Na contramão desse primeiro distanciamento, constatou-se uma aproximação da 
antropologia com as políticas públicas. Demonstrou-se como que, recentemente, têm 
surgido diferentes propostas de abordagens antropológicas acerca do Estado e das políticas 
por ele desenvolvidas. Talvez a mais evidente dessas contribuições seja a proposta de se 
pensar em políticas governamentais, o que possibilitaria problematizar as diferentes 
dimensões que constituem o fazer-Estado e o fazer-políticas desde as organizações estatais, 
e principalmente dos diferentes agentes envolvidos. 
Se por um lado as políticas públicas não tenham construído uma verticalidade teórica, é 
de se concluir que este campo não hermético tem se constituído como espaço propício para 
que diferentes áreas do conhecimento possam dialogar e pensar as próprias políticas 
públicas com base em diferentes teorias e métodos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. A PARTIR DA ANTROPOLOGIA: CONTRIBUIÇÕES POSSÍVEIS 
 
Na antropologia social e cultural, pode-se dizer que um movimento semelhante de 
aproximação ao estudo das políticas públicas foi feito dos anos 1980 para o presente, ainda 
que alertas como os de Laura Nader (1972) e outros tivessem aparecido, mencionamos a 
correlação entre os povos e as realidades que os antropólogos habitualmente estudavam 
fosse nos países das ‘antropologias centrais’, fosse nas ‘periféricas’ os contextos pós-
coloniais e os processos de colonialismos internos em articulação com o 
desenvolvimentismo, os mecanismos multilaterais e a cooperação técnica internacional para 
o desenvolvimento. 
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 Uma análise histórica mais cuidadosa da nossa produção disciplinar talvez possa 
mostrar que, seguindo tendências dos anos 60 e 70, os antropólogos, quando se 
enfrenta(ra)m com políticas governamentais, tende(ra)m a trabalhar com políticas sociais, 
com a percepção, o uso e os ‘mecanismos de defesa’ com que os setores de classes 
populares encararam os serviços de Estado, apontando, ainda que inintencionalmente, 
caminhos de investigação muito distintos daqueles da ciência política, seja no plano teórico 
ou metodológico, seja mesmo no plano aplicado. Todavia, cabe dizer que, até momento 
recente, com maior ou menor sofisticação teórico-metodológica, e mesmo mostrando os 
‘poderes’ desconhecidos dos não-dominantes, o ‘Outro’ privilegiado continuou sendo o 
‘pobre’, o ‘dominado’, o ‘subalterno’, o ‘conquistado’, e isto ainda quando se fala em trabalhar 
relacionalmente. Mas, para continuar e poder caminhar por terreno mais confiável, seria 
melhor nos livrarmos de alguns obstáculos. O primeiro deles são as pressuposições 
apriorísticas de que as políticas governamentais sejam públicas – isto é, propomos eliminar 
doravante a ideia dos múltiplos e contraditórios implícitos pressupostos na noção de fins 
públicos, coletivos, em que mecanismos portadores de ‘equidade social’ (outra expressão 
da moda) funcionem gerando apenas positividades. Explicaremos adiante em que sentido o 
termo governamental está sendo usado. 
Mudanças expressivas instalaram-se no período de meados dos anos 80 a inícios dos 
anos 90, abrindo muitas portas novas de entrada e saída na disciplina. Para nos referirmos 
impressionisticamente ao período, e focando no tema ‘políticas públicas’, podemos dizer que 
alguns elementos tiveram importância decisiva: a disseminação das obras de Michel 
Foucault e de Pierre Bourdieu no contexto anglo-saxão, com a reflexão acerca do poder em 
sua positividade capilar para além dos modelos repressivo-coercitivos de análise dos 
fenômenos políticos, no caso do primeiro, e das lutas por classificações, e do ‘poder 
simbólico’, no caso do segundo. Outras referências, ainda, foram fundamentais, dentre elas 
a presença de Clifford Geertz no cenário da antropologia e a chamada ‘virada pós-moderna’, 
bem como a conexão com os chamados ‘estudos culturais’. A tais referências somaram-se 
críticas de origem variada, muitas a elas anteriores, mas ganhando formas específicas na 
mesma quadra histórica. No contexto norte-americano, pode-se citar, por exemplo, as 
proposições presentes na obra de Eric Wolf que, dentre muitos outros textos, em 1982 
publicou Europe and the people without history. Juntaram-se ainda críticas e análises 
oriundas do feminismo, dos estudos sobre os dispositivos político-ideológicos que 
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alicerçaram a construção do domínio europeu -ocidental e norte-americano sobre o resto do 
mundo, desembocando em estudos sobre subalternidade, globalização e transnacionalismo, 
direções que se abriram e encamparam, abrigaram e incentivaram discussões dos 
fenômenos relativos, em última instância, ao Estado contemporâneo em sociedades 
complexas. 
Algumas das primeiras e mais influentes consequências neste particular foram o 
incremento dos estudos sobre nacionalismos, os chamados estudos pós-coloniais e aqueles 
sobre o desenvolvimento. Em suma, uma configuração temática que orbita o problema do 
surgimento e da manutenção da forma política e do conceito de Estado nacional. Some-se 
a isto a crescente necessidade de reflexão sistemática gerada pelo progressivo aumento dos 
espaços de profissionalização extra -universitários, seja na administração pública de Estados 
nacionais, em agências de cooperação técnica internacional – fenômeno que ganhou novos 
matizes no mesmo período – seja em organizações não-governamentais, sobretudo nos 
desdobramentos dos ‘processos de democratização’ pós-regimes autoritários coetâneos e 
sobreviventes ao ‘mundo da guerra fria’ em países latino-americanos, africanos e asiáticos. 
A sedimentação do campo da cooperação internacional e da indústria do 
desenvolvimento veria surgir também o estudo das práticas desenvolvimentistas e das 
tecnologias de poder a elas associadas. Dos estudos sobre impactos da tecnologia em 
populações campesinas e indígenas em chaves mais tradicionais (Foster 1962), para os 
sobre deslocamentos compulsórios (Colson 1971) e até a formação de elites em (Colson & 
Scudder 1980) pode se ver um caminho que retraça áreas de intervenção 
‘desenvolvimentista’. A antropologia do desenvolvimento, como saber crítico sobre o regime 
discursivo e de poder desenvolvimentista, ou campo para intervenção mais que para reflexão 
é uma das vias pelas quais se pode acessar a gênese de estudos sobre o estudo 
antropológico sobre políticas públicas e o Estado, embora não o único. Afinal, muito das 
tecnologias de poder que decantariam em think tanks e deles migrariam para agências 
multilaterais nos anos 1980 foram geradas/experimentadas nos processos de ‘reconstrução’ 
da Europa após a Segunda Guerra Mundial para serem aplicadas. Foi também na Europa 
que o primeirogrande raid da governança neoliberal se deu, mais especificamente no 
contexto britânico, como marcam Shore & Wright (1997: xi), nos anos de governo de 
Margaret Thatcher (1979-1990). 
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Uma forma não exaustiva de trilhar esses movimentos de sedimentação temática, 
pode ser olhar para o contexto britânico dos anos 1980/1990, considerando também as 
dimensões ‘aplicadas’ da disciplina, em especial, focando em algumas coletâneas 
organizadas em torno desses temas. A primeira, em termos cronológicos, que 
consideraremos aqui, foi organizada por Ralph Grillo & Alan Rew, a partir da segunda sessão 
da conferência de 30 anos da Associação de Antropologia Social da Comunidade Britânica, 
realizada em julho de 1883 em Cambridge, foi intitulada Anthropology and policy. Carrega, 
pois, a chancela de uma das mais prestigiosas associações de Antropologia no mundo, num 
momento em que o campo de trabalhos de intervenção (em especial no ultramar) tendia a 
crescer. O livro traz um texto introdutório de Grillo, ‘Antropologia Aplicada nos anos 80, 
retrospectiva e perspectivas’, em que os autores mapeiam, a partir do contexto britânico, as 
interfaces da antropologia social com as políticas públicas para o desenvolvimento, 
sobretudo em espaços anteriormente colonizados e em instituições extra acadêmicas, uma 
antropologia “engajada no aconselhamento e no monitoramento das implicações sociais e 
culturais das políticas preocupadas com a mudança técnico-econômica” (Grillo 1985:1). 
Naquela data, era essencialmente o ‘terceiro mundo’, ou as ex-colônias, o palco da 
etnografia. 
Este leque temático tampouco esteve, ou está, ausente da antropologia produzida no 
Brasil, como já se pôde apontar em outros trabalhos. Teixeira & Souza Lima (2010) fazem 
uma revisão da literatura de uma “antropologia da administração de da governança no 
Brasil”, e procuram historicista as múltiplas vias dessas tendências, reconhecendo sua 
dispersão de modo a não reificar um único e mesmo espaço de uma antropologia das 
políticas públicas, da administração, ou do Estado. Chamam atenção para a necessidade de 
se manter o empreendimento etnográfico, para as implicações da pesquisa em situações 
como de forte assimetria de poder desfavorável ao antropólogo, concomitantemente à 
produção teórica a partir da etnografia, mas em diálogo com as demais ciências sociais. 
 
Parece-nos, no entanto, que boa parte dessa relevante bibliografia, que levanta 
importantes questões metodológicas, deixa, no entanto, outros aspectos que, como vimos 
ao tratarmos da forma como o dito ‘subcampo das políticas públicas’ se (auto) delineia, 
acabam por substancializar um espaço que precisaria ser melhor decupado e questionado. 
Assim, parece-nos que para melhor estudar as políticas públicas em antropologia 
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deveríamos operar certos movimentos analíticos, a um tempo metodológicos e teóricos. De 
saída, é preciso suspender a ideia de público como qualificativo para os fins das ações de 
governo do Estado, ressaltando sua destinação à coletividade tal como alicerçada em 
normas e leis. Cremos que seria melhor enfatizar a sua dimensão governamental a partir da 
ideia de governo tal como formulado em textos de Michel Foucault. 
Se considerarmos o momento histórico presente, sugerimos ainda que as políticas 
governamentais devem ser entendidas como planos, ações e tecnologias de governo 
formuladas não só desde organizações administrativas de Estados nacionais, mas também 
a partir de diferentes modalidades de organizações que estão fora desse âmbito, mas que 
exercem funções de governo. Pensamos aqui em ONGs e movimentos sociais, assim como 
em organismos multilaterais de fomento e de cooperação técnica internacional para o 
desenvolvimento. Isto implica dizer que a identificação de problemas sociais, a formulação 
de planos de ação governamental, se dão concretamente em múltiplas escalas espaciais, 
com temporalidades variáveis, no entrecruzamento de amplos espaços de disputa, muitas 
vezes desconectados entre si em aparência, conquanto sua implementação mais direta 
possa estar (mesmo que dependente de forças sociais para além do local ou nacional) 
circunscrita a um espaço mais restrito, e a avaliação de seus resultados nem mesmo chegue 
a acontecer (o mais comum nas políticas, em especial ditas as sociais) no Brasil. Tal 
desconexão é efeito dos modelos analíticos que visam entender os dispositivos de governo 
adotados como portadores da racionalidade tão perseguida na ciência política, e que calcam 
a percepção da mesma numa lógica fortemente marcada pela ideia de Estado nacional. 
Parece-nos que cenários atuais e históricos nos levam a perceber o quanto as políticas de 
governo de Estados nacionais são geradas, financiadas e avaliadas fora das fronteiras 
estritas de seus territórios por feixes de agências e agentes, princípios e práticas que os 
trespassam. 
Em suma, redes sociais muito abrangentes, conteúdos simbólicos e formas sociais 
variadas, e muitas vezes em confronto entre si, participam dos jogos de poder que se 
estabelecem em torno do reconhecimento de um conjunto de relações sociais como matéria 
para intervenção governamental, nomeando-as e gerando programas de ações sobre as 
mesmas, dotados de amplo reconhecimento social, com fundos estáveis que os suportem, 
com estratégias e táticas de ação a eles acopladas. Os variados usos conceituais do termo 
campo em antropologia convergem na direção de uma dimensão particularmente 
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significativa desses espaços: a do conflito de interesses, de significados, de retóricas, de 
afetos mobilizados em torno de objetos de intervenção muitas vezes díspares, que 
recobertos pela suposta homogeneidade linguística, por um aparente horizonte comum de 
signos compartilhados, acaba lhes conferindo a unicidade e a racionalidade que de fato não 
têm. Assim, a cultura, por exemplo, com seus inúmeros significados, mediante um conjunto 
de operações discursivas, pode se configurar em uma política pública, configurando-se no 
sentido que Susan Wright (1998) aponta para o que chama de politização da cultura. 
Um segundo obstáculo a ser removido é o que induz a pensar uma antropologia das 
políticas públicas como um fim em si, e não como apenas uma via de acesso e parte 
necessária de um estudo antropológico do Estado e das lutas sociais. Isto implica dizer que, 
seguindo o que vem sendo uma constante na antropologia desde a matriz evolucionista do 
século XIX, devemos nos defrontar com o conceito de Estado, e para isso recorrer ao acervo 
das teorias antropológicas, e aos da sociologia (em especial ao da sociologia histórica), da 
ciência política, da história, da filosofia. É necessário produzir outras indagações e hipóteses 
que contemplem as coletividades humanas contemporâneas, de grande escala ou não, e as 
múltiplas articulações em redes sociais globalizadas que as perpassam. É preciso ampliar 
as ideias que, por vezes, são retiradas apressadamente pelo senso comum antropológico 
quer da obra de Max Weber, equacionando Estado a apenas uma associação política com 
pretensões ao exercício e ao monopólio legítimo da violência em um âmbito territorial 
específico, quer da tradição marxista, tomando-o enquanto aparelho de poder e de ideologia 
a serviço de apenas uma classe social. 
 Assim, a cultura enquanto sistema ideológico e sua produção, que se pretende fazer 
ultrapassar e transcender as classes sociais. Se é certo que aqui ecoa a tradição marxistapelo viés gramsciano, ao invocar Mitchell, Steinmetz está preocupado com a produção na 
crença não da dominação de uma classe, mas na própria existência de esferas separadas – 
Estado, sociedade, mercado e, por que não, cultura, técnicas estruturam nossa vida 
cotidiana, pela via da formação de subjetividades, tanto quanto pelo horizonte da coerção. 
Seria possível pensar em etnografias das dimensões culturais de cada programa de ação de 
Estado, enquanto técnica de produção de crença nessa separação arbitrária e da 
necessidade da representação? Cremos que sim. Aqui, as subjetividades, e as formas de 
assujeitamento, andam juntas como nas práticas educacionais, ou na disseminação das 
formas estéticas (Blazquez 2012ª e 2012b; Navallo Coimbra 2010, 2012 e 2014). Etnografar 
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o cotidiano dessas práticas de transmissão e reelaboração de enquadres e sentimentos é, 
pois, uma maneira privilegiada de estudar políticas culturais em seu sentido mais pleno e 
abrangente. 
Um terceiro ponto é a necessidade de aprofundamento conceitual e de invenção 
teórica. É comum ouvir antropólogos afirmarem ingenuamente (e despreparadamente) que 
“todos estudam o Estado, então vou estudar o governo”, sem se darem conta da 
complexidade oculta por trás desse conceito e dessa realidade: entre Estado, governo e, 
hoje, governança (governance) haveria muito a se discutir e a se pesquisar do ângulo da 
antropologia.33 Acabam na velha chave da descrição, por exemplo, ‘das políticas para os 
pobres’ com um linguajar mais sofisticado aqui e ali. Trabalhar sistematicamente com a 
distinção operacional proposta por Philip Abrams (1977) entre sistema-de-Estado (dentro 
dele a administração pública dita direta) e o Estado-como-ideia, sem retificá-la pode ser um 
instrumento significativo para tratar o Estado como feixes de relações capazes de catalisar 
e obscurecer a produção das assimetrias e das desigualdades duráveis, maximizando-as 
em nome democracia, do bem-estar coletivo, da equidade etc. 
Um quarto e último obstáculo que abordaremos nessas breves notas é aquele que 
tem a ver com o poder imaginário da forma Estado nacional: precisamos nos esforçar 
cotidianamente de modo a reconhecer e a ultrapassar de uma vez por todas a ideia de ‘O 
Estado’ e este ‘O Estado’ é o Estado (mono) nacional – enquanto entidade existente que se 
instala inexoravelmente quando se declara que está criado um Estado nacional baseado no 
modelo liberal burguês democrata. Norbert Elias, em 1972 (2006), apontava o quanto este 
conceito era penetrante e difuso, destacando como ele atravessava as noções-chave da 
sociologia dominante naquele período. Não cremos que, ao menos no discurso do senso 
comum político-intelectual, isto tenha mudado substancialmente. Para o caso brasileiro, Elisa 
Pereira Reis (1988) nos mostra o papel central do Estado (mono) nacional como categoria 
que permite articular recursos de autoridade e de solidariedade, propondo analisá-lo 
enquanto uma ideologia (para tanto, trata essas questões do ângulo dos processos de 
formação de Estado no Brasil). Isto se torna ainda mais importante quando lidamos com 
intervenções governamentais voltadas para a garantia da diversidade sociocultural ou para 
a redução das desigualdades sociais, em que a ideia de nação transforma-se em matéria de 
discussões futurológicas entre intelectuais e ativistas, pretensiosamente prescritivas dos 
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contornos da sociedade e do Estado, pensando-se as intervenções governamentais daí 
advindas como políticas públicas com capacidade de racionalmente se efetivarem. 
Temos, assim, por opção, buscado olhar tais relações em movimento, e em 
transformação. Tomamos para isso o ângulo privilegiado dos estudos sobre processos de 
formação de Estado, entendido como fluxo histórico contínuo, que as formas que surgem 
como ‘ideia de Estado’ não correspondem necessariamente às formas do ‘sistema de 
Estado’ e suas ações, e vice-versa. Isto tem propiciado tratar as políticas públicas como 
parte desse processo do ‘fazer-se Estado’, maleável, mutável, configuração plástica e 
escorregadia, longe de planos racionais e avaliações consistentes. Em tal concepção, os 
centros simbólicos e de exercício de poder não necessariamente coincidem, nem operam de 
maneira racional, e toda a panóplia dos múltiplos exercícios de poder contidos em certo 
território definido como soberano têm tanta importância quanto os pequenos e grandes 
rituais, os jogos linguísticos cotidianos e as crenças pelos quais a civis se faz polis. Cremos, 
pois, que o estudo das ações de Estado no terreno da ‘cultura’ em muito se beneficiaria se 
essa perspectiva de cunho macro histórica e sociológica estivesse presente ensejando um 
horizonte analítico para o estudo etnográfico. Abandonando os modelos da ciência política 
de elaboração de políticas públicas, pensando que governar é gestar e gerir (Souza Lima 
2003) significados compartilhados de largo espectro e profundidade temporal, passamos a 
transitar num registro para o qual a etnografia é essencial, como instrumento de 
desvendamento e como passo à construção teórica. As políticas culturais olhadas do ângulo 
dos processos de formação de Estado, como construtoras da necessidade da representação 
(estética, política etc.) devem merecer atenção redobrada, em especial pelo papel que 
podem ter na afetação de outras políticas. Estamos diante da politização da cultura? Cremos 
que não: estamos diante do fato de que fazer cultura (e discutir teorizar etc.) é um exercício 
de poder, e que todo exercício de poder mobiliza significados, envolve performances 
múltiplas de scripts há um tempo preconcebidos e criativamente reinventados. 
 No caso das políticas culturais, além disso, é particularmente clara a significação do 
trabalho antropológico, especialistas nas culturas, atores desse ‘fazer-se Estado’: nós 
mesmos, quando atuando no campo das ações sobre as culturas (mas não só, de fato), 
fazemos, e nos fazemos, Estado, seja como produtores de conhecimentos e/ou ideologias, 
seja no exercício executivo de processos de intervenção. É preciso refletir também sobre a 
natureza e historicidade desse vínculo em cada espaço social de articulação de ações de 
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governo e ações de seus supostos destinatários, as formas pelas quais estes as 
reconfiguram, a elas resistem ou aderem. Neste terreno, nós nunca deixaremos de ser 
‘antropólogos aplicados’, já que nossa produção pode ser muitas vezes imediatamente 
consumida. A vigilância epistemológica deixa de ser um imperativo do método para se 
deslocar ao mundo ético e moral. 
 
6. LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
 
Habilidade exercida no trato de relações com vista na obtenção dos resultados 
desejados. O homem é um animal social e político por natureza. E, se o homem é um animal 
político, significa que tem necessidade natural de conviver em sociedade, de promover o 
bem comum e a felicidade. 
Viver politicamente é reconhecer-se como sujeito histórico, ter consciência que a 
história é feita por homens e mulheres no processo de viver em sociedade. São formas de 
perceber e sentir o mundo, formas de relações com o tempo, proporcionar associação de 
ideias e recriá-las de acordo com a pertinência da época, para dar conta das demandas 
prementes. Caracteriza-se por ações e intenções com os quais os poderes ou instituições 
públicas respondem às necessidades de diversos grupos sociais. 
Políticas Públicas 
Constituição Federal 
ConstituiçãoEstadual 
Constituição Municipal Lei Orgânica 
 
Políticas Públicas são processos, conjuntos de decisões e ações orientadas a algum 
objetivo. Essas ações são desencadeadas por atores que pretendem lidar com algum 
problema que é público. Portanto, políticas públicas não refletem somente intenções, mas 
ações que visam transformar uma realidade. 
Políticas Públicas são desenvolvidas por instituições governamentais através do 
processo político; ou ainda pela sociedade civil organizada através de mobilizações e 
reivindicações. 
 
 Plano Nacional De Educação 
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O primeiro Plano Nacional de Educação surgiu em 1962, elaborado já na vigência da 
primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 4.024, de 1961. 
LEI 10.172 DE JANEIRO DE 2001 
Art. 1o Fica aprovado o Plano Nacional de Educação, constante do documento anexo, 
com duração de dez anos. 
Art. 2o A partir da vigência desta Lei, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
deverão, com base no Plano Nacional de Educação, elaborar planos decenais 
correspondentes. 
Art. 5o Os planos plurianuais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios serão elaborados de modo a dar suporte às metas constantes do Plano Nacional 
de Educação e dos respectivos planos decenais. 
A Lei 4024/61 conseguiu flexibilizar a estrutura do ensino, possibilitando o acesso ao 
ensino superior, independentemente do tipo de curso que o aluno tivesse feito anteriormente. 
Possibilitava que o aluno migrar de um ano para outro do ensino, sem ter de recomeçar 
como se nada houvera antes. Em 1961, foi promulgada a primeira LDB - Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (Lei 4.024), aprovada após onze anos de discussão, introduziu 
antigas reivindicações democráticas como a equivalência dos ramos do ensino médio 
(técnico e secundário), que ampliou o acesso aos cursos superiores. 
A Constituição de 1967 
 Abriu amplos espaços de apoio ao fortalecimento do ensino particular, e foram 
direcionados recursos públicos. 
 Ampliação da obrigatoriedade do ensino fundamental de sete a quatorze anos. 
 Mas permitia o trabalho para crianças com 12 anos. 
 Retirava a obrigatoriedade dos percentuais do orçamento destinados a manutenção 
e desenvolvimento do ensino. 
 
A Constituição de 1969 
Mantinha aspectos restritivos da carta anterior. Os municípios deveriam aplicar 20% da 
receita tributária no ensino primário. A escola passou a ser palco de vigilância permanente 
dos agentes políticos do Estado. Editaram-se Atos Institucionais que eram acionados, com 
muita frequência, contra a liberdade docente. 
 
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 Período do Regime Militar (1964 - 1985) 
 Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e professores. Para erradicar o analfabetismo foi 
criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, aproveitando-se, em sua 
didática, do expurgado Método Paulo Freire. É no período mais cruel da ditadura militar, 
onde qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada, muitas 
vezes pela violência física, que é instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, em 1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a 
formação educacional um cunho profissionalizante. 
A Constituição de 1988 
 Reconquista da cidadania sem medo. 
 A educação ganhou lugar de altíssima relevância. 
 L D B - nº 9694/93 
A LDB 9394/96 – nos artigos: 8º,9º, 10º e a 
Emenda Constitucional nº 14 
Definem a incumbência dos sistemas, sendo que estabelece à União o papel de 
coordenador, articulador da política nacional, enquanto compete aos Estados assegurar o 
Ensino Fundamental e priorizar o Ensino Médio. E os Municípios oferecer a Educação Infantil 
e, como prioridade o Ensino Fundamental então obriga a municipalização compulsoriamente. 
 
 Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
 Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o 
saber; 
 Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e coexistência de instituições 
públicas e privadas de ensino; 
 Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
 Valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, planos de 
carreira para o magistério público, com piso salarial profissional, e ingresso 
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, (...) 
 Gestão democrática do ensino público, na forma da lei; 
 Garantia de padrão de qualidade. 
 
Dos princípios e fins da educação 
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 Art.2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos 
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, 
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96) é a legislação que 
regulamenta o sistema educacional (público ou privado) do Brasil (da educação básica ao 
ensino superior). 
 
Na história do Brasil, essa é a segunda vez que a educação conta com uma Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação, que regulamenta todos os seus níveis. A primeira LDB foi 
promulgada em 1961 (LDB 4024/61). 
A LDB 9394/96 reafirma o direito à educação, garantido pela Constituição Federal. 
Estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado em relação à educação 
escolar pública, definindo as responsabilidades, em regime de colaboração, entre a União, 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Segundo a LDB 9394/96, a educação 
brasileira é dividida em dois níveis: a educação básica e o ensino superior. 
Educação básica: 
 Educação Infantil – creches (de 0 a 3 anos) e pré-escolas (de 4 e 5 anos) – É gratuita, 
mas não obrigatória. É de competência dos municípios. 
 Ensino Fundamental – anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e anos finais (do 6º ao 9º ano) – É 
obrigatório e gratuito. A LDB estabelece que, gradativamente, os municípios serão os 
responsáveis por todo o ensino fundamental. Na prática os municípios estão atendendo 
aos anos iniciais e os Estados os anos finais. 
 Ensino Médio – O antigo 2º grau (do 1º ao 3º ano). É de responsabilidade dos Estados. 
Pode ser técnico profissionalizante, ou não. 
 
Ensino Superior: 
 É de competência da União, podendo ser oferecido por Estados e Municípios, desde que 
estes já tenham atendido os níveis pelos quais é responsável em sua totalidade. Cabe a 
União autorizar e fiscalizar as instituições privadas de ensino superior. 
 
A educação brasileira conta ainda com algumas modalidades de educação, que 
perpassam todos os níveis da educação nacional. São elas: 
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 Educação Especial – Atende aos educandos com necessidades especiais, 
preferencialmente na rede regular de ensino. 
 Educação a distância – Atende aos estudantes em tempos e espaços diversos, com a 
utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação. 
 Educação Profissional e Tecnológica – Visa preparar os estudantes a exercerem 
atividades produtivas, atualizar e aperfeiçoar conhecimentos tecnológicos e científicos. 
 Educação de Jovens e Adultos – Atende as pessoas que não tiveram acesso à educação 
na idade apropriada. 
 Educação Indígena – Atende as comunidades indígenas, de forma a respeitar a cultura 
e língua materna de cada tribo. 
 
 
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