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AT 1 PROTEÇÃO E ATERRAMENTO 2 3 S U M Á R IO 2 3 UNIDADE 1 - Introdução 5 UNIDADE 2 - Sistema de proteção 5 2.1 Situações de operação de um sistema 5 2.2 A importância de um projeto bem elaborado 6 2.3 Proteção de sistemas de baixa tensão e motores elétricos 6 2.3.1 Proteção contra corrente de sobrecarga: 7 2.3.2 Proteção contra as correntes de curto-circuito 8 2.3.3 Proteção de motores 12 2.4 Dimensionamento dos dispositivos de proteção 15 2.5 Fusíveis, disjuntores e relés 24 UNIDADE 3 - Sistemas de aterramento 24 3.1 Noções básicas sobre proteção do sistema 26 3.2 Sistema de aterramento 31 3.3 Proteção contra descargas atmosféricas 39 3.4 Proteção contra riscos de incêndio e explosão 42 REFERÊNCIAS 44 ANEXOS 2 3 UNIDADE 1 - Introdução 3 Proteção é uma ação, uma atitude, algo muito complexo, principalmente por- que geralmente ela é percebida somente quando já estamos em situação de perigo! Estatisticamente, os números podem parecer baixos, mas algo em torno de 1000 vidas são perdidas anualmente no Brasil em decorrência de acidentes origi- nados de sistemas que envolvem eletrici- dade. Não é pouco! A Associação Brasileira de Conscien- tização para os Perigos da Eletricida- de (Abracopel), entidade que traba- lha desde 2005 em prol da mudança de cultura da população brasileira com a segurança elétrica, divulgou a consolidação dos dados de acidentes com eletricidade ocorridos em 2013. O número foi de 592 mortes, por- tanto, uma média de dois óbitos por dia. A quantidade de choques elétri- cos que não resultaram em morte, mas que deixaram sequelas foi de 173. Então, o total de acidentes en- volvendo choque elétrico foi de 765 ocorrências. Os incidentes com cur- to-circuito foi de 234, sendo que 200 evoluíram para incêndios de diferen- tes proporções. Desse modo, há o to- tal de 1038 acidentes com eletricida- de (Jornal da Instalação, 10.03.2014, disponível em: http://www.jornal- dainstalacao.com.br/index.php?id_ secao=1¬icia=11999) De maneira bem simplificada, mas coe- rente e pontual, os sistemas de proteção elétrica têm dois objetivos fundamentais: evitar falhas num sistema elétrico, que pode levar a curto-circuito, por con- seguinte, danificar equipamentos, mate- riais do sistema; e, promover o rápido restabelecimen- to de energia, evitando danos aos consu- midores e proporcionando uma qualidade no fornecimento da energia aos usuários quando se tratar de geração e distribuição desta. Para que os sistemas funcionem a con- tento, um dos fatores está em seguir as normas estabelecidas por órgãos compe- tentes como, por exemplo, as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Dentro deste contexto, no item insta- lações elétricas, temos como exemplo a ABNT NBR 14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão, a ABNT NBR 5410 – Ins- talações Elétricas de Baixa Tensão e a NR 10 – Regulamentação de Serviços com Eletricidade. Estes são exemplos de algu- mas normas e regulamentos que definem as regras mínimas de segurança e qualida- de. Disso podemos inferir dois princí- pios básicos: - primeiro ter parâmetros para se base- ar quando for executar um serviço; - segundo ser consciente da importân- cia de seguir as regras de segurança. Pois bem, sistemas de proteção e ater- ramento são os temas deste módulo vol- tado para instalações industriais. 4 54 Ressaltamos em primeiro lugar que em- bora a escrita acadêmica tenha como pre- missa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clás- sicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o cará- ter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se ou- tras que foram ora utilizadas, ora somen- te consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos es- tudos. 4 5 UNIDADE 2 - Sistema de proteção 5 2.1 Situações de operação de um sistema Segundo Cotosck (2007), na análi- se de proteção dos sistemas elétricos, torna-se necessária a distinção entre as seguintes situações de operação do sistema: a) Situação normal de funcionamento. b) Situação anormal de funcionamento, como por exemplo, perda de sincronismo. c) Situações de curto-circuito. Como operação normal pode ser enten- dida a ausência de falhas nos equipamen- tos de operação e falhas aleatórias. No caso de situação anormal, são situ- ações que podem provocar distúrbios na rede elétrica, tais como oscilações de ten- são, sem, contudo, apresentar elevações de corrente elétrica em termos de curto- -circuito. As situações de curto-circuito são mais críticas, podendo danificar severamente o sistema de geração, transmissão ou dis- tribuição de energia elétrica. A proteção dos sistemas elétricos deve proporcionar, além da interrupção da ele- tricidade, com o objetivo de proteger li- nhas, barras e equipamentos, a possibili- dade de monitorar dados com o intuito de se estudar posteriormente as causas das “falhas” ocorridas. Alguns dos aspectos que devem ser levados em consideração quando do estudo de implementação da prote- ção elétricas seriam: a) Econômico: hoje, por exemplo, no- vos sistemas de proteção são implemen- tados, utilizando-se relés microprocessa- dos, porém, devidos a fatores econômicos, os equipamentos eletromecânicos e es- táticos que estão em funcionamento são mantidos. b) Propagação do defeito: evitar que o defeito possa atingir outros equipa- mentos da rede, causando danos a esses ou interferindo na operação normal do sistema. c) Tempo de inoperância: minimizar o tempo da não disponibilidade do forneci- mento de energia. 2.2 A importância de um projeto bem elaborado Um esquema completo de proteção para uma instalação elétrica industrial envolve várias etapas, desde o estabele- cimento de uma estratégia de proteção, selecionando os respectivos dispositivos de atuação, até a determinação dos va- lores adequados para a calibração destes dispositivos. Ser seletivo, exato, seguro e sensível são requisitos básicos para que a proteção seja atingida em sua plenitude: seletividade quer dizer a capacida- de que possui o sistema de proteção de selecionar a parte danificada da rede e retirá-la de serviço sem afetar os circuitos sãos; exatidão e segurança garantem ao sistema uma alta confiabilidade operati- 6 7 va; sensibilidade representa a faixa de operação e não operação do dispositivo de proteção. Outro ponto a considerar é que o proje- to deve ser feito globalmente, e não seto- rialmente, uma vez que, por setores, im- plica uma descoordenação do sistema de proteção, trazendo, como consequência, interrupções desnecessárias de setores de produção, cuja rede nada depende da parte afetada do sistema. Basicamente, um projeto de proteção é feito com três dispositivos: fusíveis, disjuntores e relés. E para que os mesmos sejam selecionados adequadamente, é necessário se proceder à determinação das correntes de curto-circuito nos vários pontos do sistema elétrico. Os dispositi- vos de proteção contra correntes de cur- to-circuito devem ser sensibilizados pelo valor mínimo dessa corrente. A proteção é considerada ideal quan- do reproduz a imagem fiel das condições do circuito para o qual foi projetada, isto é, atua dentro das limitações de corrente, tensão, frequência e tempopara as quais foram dimensionados os equipamentos e materiais da instalação (MAMEDE FILHO, 2012). A capacidade de um determinado cir- cuito ou equipamento deve ficar limitada ao valor de seu dispositivo de proteção, mesmo que isso represente a subutiliza- ção da capacidade dos condutores ou da potência nominal do equipamento. Os dispositivos de proteção devem ser localizados e ligados adequadamente aos circuitos, segundo regras gerais estabele- cidas por normas. 2.3 Proteção de sistemas de baixa tensão e motores elé- tricos Os condutores e equipamentos, de ma- neira geral, componentes de um sistema industrial de baixa tensão, são frequente- mente solicitados por correntes e tensões acima dos valores previstos para opera- ção em regime para os quais foram pro- jetados. Essas solicitações normalmente vêm em forma de sobrecarga, corrente de curto-circuito, sobretensões e subten- sões. Todas essas grandezas anormais devem ser limitadas no tempo de duração e módulo. Portanto, dispositivos de proteção en- contrados nas instalações elétricas indus- triais devem permitir o desligamento do circuito quando este está submetido às condições adversas anteriormente pre- vistas. Na prática, os principais disposi- tivos utilizados são fusíveis, dos tipos diazed e NH, os disjuntores e os relés tér- micos, sobre as quais falaremos adiante. 2.3.1 Proteção contra corrente de so- brecarga: Mamede Filho (2012) elenca as seguin- tes prescrições básicas contra as corren- tes de sobrecarga nas instalações elétri- cas: é necessária a aplicação de disposi- tivos de proteção para interromper as cor- rentes de sobrecarga nos condutores dos circuitos, de sorte a evitar o aquecimento 6 7 da isolação, das conexões e de outras par- tes contíguas do sistema além dos limites previstos por norma; os dispositivos de proteção contra correntes de sobrecarga devem ser loca- lizados nos pontos do circuito onde haja uma mudança qualquer que caracteriza uma redução no valor da capacidade de condução de corrente dos condutores. Esta mudança pode ser caracterizada por uma troca de seção, alteração da maneira de instalar, alteração no número de cabos agrupados ou na natureza da isolação e outras situações; o dispositivo que protege um cir- cuito contra sobrecargas pode ser colo- cado ao longo do percurso desse circuito se a parte do circuito compreendida entre a troca de seção – de natureza, de ma- neira de instalar ou de constituição – e o dispositivo de proteção não possuir qual- quer derivação nem tomada de corrente e atender a uma das duas condições: seu comprimento não exceder a 3 m, ser ins- talada de modo a reduzir ao mínimo o ris- co de curto-circuito; não estar situada nas proximidades de materiais combustíveis; os dispositivos de proteção contra correntes de sobrecarga em circuitos de motor não devem ser sensíveis à corrente de carga absorvida pelo mesmo, tendo, no entanto, as características compatíveis com o regime de corrente de partida, tem- po admissível com rotor bloqueado e tem- po de aceleração; pode-se omitir a aplicação dos dis- positivos de proteção contra correntes de sobrecarga nas seguintes condições: - nos circuitos situados a jusante de uma mudança qualquer que altere a ca- pacidade de condução de corrente dos condutores, desde que haja uma proteção contra sobrecargas localizada a montan- te; - nos circuitos de cargas resistivas liga- das no seu valor máximo; - nos circuitos de comando e sinaliza- ção; - nos circuitos de alimentação de ele- troímãs para elevação de carga; - nos circuitos secundários de transfor- madores de corrente; - nos circuitos secundários de transfor- madores de potencial destinados ao ser- viço de medição; - nos circuitos de carga motriz em regi- me de funcionamento intermitente. 2.3.2 Proteção contra as correntes de curto-circuito Estas são as prescrições básicas contra as correntes de curto-circuito nas instala- ções elétricas: os dispositivos de proteção devem ter sua capacidade de interrupção ou de ruptura igual ou superior ao valor da cor- rente de curto-circuito presumida no pon- to de sua instalação; a energia que os dispositivos de proteção contra curtos circuitos devem deixar passar não pode ser superior à energia máxima suportada pelos disposi- tivos e condutores localizados a jusante; o dispositivo de proteção deve ser localizado no ponto onde haja mudança 8 9 no circuito que provoque redução na ca- pacidade de condução de corrente dos condutores; a proteção do circuito terminal dos motores deve garantir a proteção contra as correntes de curto-circuito dos condu- tores e dispositivos localizados a jusante; os circuitos terminais que alimen- tam um só motor podem ser protegidos contra curtos-circuitos utilizando-se fusí- veis do tipo NH ou diazed com retardo de tempo, ou disjuntores com dispositivos de disparo magnético; pode-se omitir a aplicação dos dis- positivos de proteção contra as correntes de curto-circuito nas seguintes condi- ções: - num ponto do circuito compreendido entre aquele onde houve a mudança de seção ou outra modificação e o dispositi- vo de proteção, desde que este compri- mento não seja superior a 3 m e o circuito não esteja localizado nas proximidades de materiais combustíveis; - num ponto do circuito situado a mon- tante de uma mudança de seção ou outra modificação, desde que o dispositivo de proteção proteja o circuito a jusante; - nos circuitos que ligam geradores, transformadores, retificadores, baterias e acumuladores aos quadros de comando correspondentes, desde que nestes haja dispositivos de proteção; - nos circuitos que ligam os secundá- rios dos transformadores de potencial e de corrente aos relés de proteção ou aos medidores de energia; - nos circuitos que, desenergizados, possam trazer perigo para a instalação correspondente (MAMEDE FILHO, 2012). 2.3.3 Proteção de motores Os motores elétricos, peças fundamen- tais de um projeto de instalação elétrica industrial, devem merecer cuidados espe- ciais quanto à proteção individual ou em grupo a eles aplicada, tanto que quando submetidos a condições anormais duran- te o período de funcionamento, devem ser imediatamente separados do circuito de alimentação. Assim, essas anormali- dades podem ser divididas em diferentes tipos, sendo cada uma delas prejudicial à máquina, conforme o tempo de duração, por exemplo: sobrecarga contínua; sobre- carga intermitente; redução da tensão de alimentação; tensão de alimentação ele- vada; rotor bloqueado; temperatura am- biente elevada e outras condições. A proteção dos motores tem por base o uso dos relés de sobrecarga bimetálicos. Apesar de ser a proteção mais empregada em motores de uti- lização industrial, o mercado oferece várias outras opções como: a) Relé falta de fase – esse dispositivo deve ser aplicado sempre após qualquer outro dispositivo que possa operar mono- polarmente, já que ele é sensível, ausência de fase do sistema desde a fonte até seu ponto de instalação. Atua normalmente sobre o contator de manobra do motor. b) Relé digital de proteção multi- função – são relés numéricos dotados de transformadores de corrente conectados à rede de alimentação do motor. A cor- rente de entrada é constantemente mo- 8 9 nitorada por um microprocessador. Esses relés oferecem proteção ao motor contra sobrecorrente, falta de fase, inversão de fase, desbalanceamento de fase e rotor travado. c) Sondas térmicas e termistores – são detectores térmicos dependentes da temperatura, constituídos de lâminas bimetálicas que acionam um contato nor- malmente fechado. As sondas térmicas são ligadas em série com o circuito de co- mando do contator. Os termistoressão também detectores térmicos, compostos de semicondutores, cuja resistência varia em função da temperatura, podendo ser ligados em série ou em paralelo com o cir- cuito de comando do contator. São locali- zados internamente ao motor, embutidos nos enrolamentos. Podem ser dos tipos PTC ou NTC. Segundo Cidral Junior (2010), a prote- ção de motores objetiva detectar o au- mento de temperatura e evitar que as bo- binas internas do motor sofram danos que inutilizem o funcionamento do mesmo. A seguir, o autor relaciona os principais sensores térmicos usados na proteção de motores: 10 11 Termoresistor Termistor (PTC e NTC) Termostato Protetor tér- mico Mecanismo de proteção Disposição Forma de atua- ção Limitação de corrente Tipos de sensi- bilidade Número de uni- dades por motor Tipos de coman- do Resistência calibrada Cabeça de bo- bina Comando exter- no de atuação na proteção Corrente de comando Temperatura 3 ou 6 Alarme e/ou desligamento Resistor de ava- lanche Cabeça de bo- bina Comando exter- no de atuação na proteção Corrente de comando Temperatura 3 ou 6 Alarme e/ou desligamento Contatos mó- veis bimetálicos Inserido no cir- cuito Cabeça de bo- bina Atuação direta Comando exter- no de atuação na proteção Corrente do motor Corrente de comando Corrente e tem- peratura 3 ou 6 1 ou 3 Desligamento Alarme ou desli- gamento Contatos mó- veis Inserido no cir- cuito Atuação direta Corrente do motor Corrente e tem- peratura 1 Desligamento Fonte: WEG (2004). 10 11 Quando estes motores são ligados na instalação elétrica da indústria, são usa- das proteções externas ao motor como: fusíveis, disjuntores e comandos a partir de sensores térmicos. Dependendo de seu regime de operação e de seu aciona- mento, poderá ocorrer, mesmo assim, so- breaquecimento. A tabela a seguir, rela- ciona as causas de sobreaquecimento de motores: Comparativo entre os sistemas de pro- teção para motores Legenda: 0 – Não protegido 1 – Semiprotegido 2 – Totalmente protegido Fonte: WEG (2004). 12 13 2.4 Dimensionamento dos dispositivos de proteção Um circuito elétrico só está adequa- damente protegido contra as sobrecor- rentes quando todos os seus elementos, tais como condutores, chaves e outros, estiverem com suas capacidades térmica e dinâmica iguais ou inferiores aos valores limitados pelos dispositivos de proteção correspondentes. Assim, torna-se im- portante analisar as sobrecorrentes e os tempos associados à resposta efetiva da proteção. Quando se trata de correntes de sobre- carga, seus módulos são muito inferiores aos módulos relativos às correntes de curto-circuito. Por esta razão, as correntes de defeito costumam ser analisadas por processos mais detalhistas, como o da integral de Joule. Este método é bastante represen- tativo na análise matemática dos efeitos térmicos desenvolvidos pelas correntes de curto-circuito, e sua formulação é dada pela Equação: lcs - corrente de curto-circuito que atravessa o dispositivo de proteção; T - tempo de duração da corrente de curto-circuito. A integral de Joule de cabos e compo- nentes, tais como disjuntores, fusíveis, etc., é calculada normalmente através de ensaios de curto-circuito. A Figura abaixo representa a curva típi- ca da integral de Joule de um cabo de baixa tensão a qual fornece para cada valor de corrente a energia específica ou energia por unidade de resistência (J/Ω = A2 . s). O valor de I na figura representa a ca- pacidade de corrente do cabo que nessas condições atinge a temperatura máxima para serviço contínuo e com a qual pode operar ao longo de sua vida útil, normal- mente considerada de 20 anos. Já o valor de I, na mesma figura representa o valor limite da corrente para a qual o aqueci- mento do condutor é adiabático, isto é, sem troca de calor entre o condutor e a isolação. Logo, a energia necessária para elevar a temperatura para serviço contí- nuo até a temperatura de curto-circuito é denominada integral de Joule. Característica I2 X t típica de cabos de baixa tensão 12 13 K2 X S2 - integral de Joule para aque- cimento do condutor desde a tempera- tura máxima para serviço contínuo até a temperatura de curto-circuito, admitindo aquecimento adiabático, sendo: K = 115 para condutores de cobre com isolação de PVC; K = 143 para condutores de cobre com isolação de EPR ou XLPE; S - seção do condutor, em mm2. Ainda da NBR 5410:2004, podemos acrescentar: - para curto-circuito de qualquer du- ração, onde a assimetria da corrente não seja significativa, e para curtos-circuito simétricos de duração igualou superior a 0,1 s e igual ou inferior a 5 s, pode-se es- crever: lcs - corrente de curto-circuito presu- mida simétrica, em A; T - duração, em segundos, sendo 0,1 ≤ T ≤5 s. - a corrente nominal do dispositivo de proteção contra curtos-circuitos pode ser superior à capacidade de condução de corrente dos condutores do circuito. A tabela a seguir fornece a integral de Joule para o aquecimento adiabático dos condutores de cobre desde a temperatu- ra máxima de serviço até a temperatura limite suportável para correntes de curto- -circuito, considerando-se as isolações de PVC, XLPE e EPR. 14 15 Integral de Joule para aquecimento adiabático para condutores de cobre Fonte: Mamede Filho (2012, p. 340). 14 15 Ressalte-se que os fabricantes de fu- síveis fornecem a integral de Joule que esses elementos de proteção deixam pas- sar, de forma a se poder dimensioná-los adequadamente. Enfim: Um circuito só está adequadamen- te protegido quando o dispositivo de proteção contra sobrecorrentes satis- faz às seguintes condições: não opera quando a corrente for inferior à capacidade de condução de cor- rente do condutor do circuito na sua parti- cular condição de maneira de instalar; opera normalmente, com tempo de retardo elevado, para uma corrente de so- brecarga de até 1,45 vez a capacidade de corrente do condutor; opera em tempos inversamente proporcionais para correntes de sobrecar- ga compreendidas entre 1,45 e 8 vezes a corrente nominal; opera num tempo extremamente reduzido para as correntes de curto-cir- cuito. Os dispositivos de proteção devem ser nominalmente dimensionados em função das particularidades de cada sistema. 2.5 Fusíveis, disjuntores e relés Os dispositivos elétricos utilizados nor- malmente em baixa tensão podem ser classificados como: de seccionamento e de proteção. Dispositivos de seccionamento: comu- tadoras, seccionadoras (a vazio ou sob carga), interruptores e contatores. Dispositivos de proteção: proteção contra sobrecargas (relé térmico, termis- tores) e proteção contra curto-circuito (fusível, relé eletromagnético). Podem ser aplicados isoladamente ou em conjunto, necessitando análise detalhado para cada aplicação. Além dos dispositivos de seccionamen- to e proteção, os disjuntores têm sido considerados os dispositivos mais com- pletos por se tratarem de um elemento que integra em um só dispositivo as fun- ções dos dispositivos de seccionamento e proteção. De maneira geral, os disjuntores possuem a função de interruptores (liga/ desliga), função relé térmico (contra so- brecarga) e função relé eletromagnético (contra curto-circuito) (BISONI; VAZ; PE- REIRA JUNIOR, 2010). Sua aplicação em série com outros disjuntores ou fusíveis exige dos espe- cialistas na área cuidados especiais com a coordenação para que mantenham a atu- ação do sistema de proteção de acordo com os critérios de seletividade. Os fusíveis são dispositivos de prote- ção mais tradicionais na alimentação de diversascargas, tendo como principal função a proteção contra curto-circuito de sistemas elétricos, atuando também como limitadores das correntes de curto- -circuito. A operação dos fusíveis é dada pela fu- são do elemento fusível, contido em seu interior. O elemento fusível é um condutor de seção transversal dimensionado para que sofra com a passagem de corrente elétrica um aquecimento maior que o dos outros condutores devido à sua alta resis- 16 17 tência. Os fusíveis possuem em seu interior um elemento fusível que geralmente é de co- bre, prata, estanho, chumbo ou liga. O cor- po do fusível, geralmente de porcelana ou esteatita, é hermeticamente fechado. Os fusíveis possuem ainda um elemento indi- cador de operação, possibilitando ao pro- fissional da área observar seu estado de funcionamento. O elemento fusível é ain- da envolvido, por completo, por um mate- rial granulado extintor, utilizado em areia de quartzo com granulometria adequada. Os fusíveis podem ser classificados segundo a tensão de alimentação (baixa tensão ou alta tensão) e segundo a carac- terística de desligamento (efeito rápido ou efeito retardado). a) O diazed (Siemens) é um fusível de baixa tensão, sendo usados preferen- cialmente na proteção dos condutores de redes de energia elétrica e circuitos de comando. Podem ser do tipo rápido ou re- tardado. São acessórios para fusíveis Diazed: tampa – a peça na qual o fusível é encaixado, permitindo colocar e retirá-la da base, mesmo com a instalação sob ten- são; anel de proteção – protege a rosca metálica da base aberta, isolando-a con- tra a chapa do painel e evita choques aci- dentais na troca dos fusíveis; fusível – a peça principal do con- junto, constituído de um corpo cerâmico, dentro do qual está montado o elo do fu- sível, e é preenchido com areia especial, de quartzo, que extingue o arco voltaico em caso de fusão. Para facilitar a iden- tificação do fusível, existe um indicador que tem as cores correspondentes com as correntes nominais dos fusíveis. Esse in- dicador se desprende em caso de queima, sendo visível através da tampa; parafuso de ajuste – construído em diversos tamanhos, de acordo com a cor- rente dos fusíveis. Colocados nas bases, não permitem a montagem de fusíveis de corrente maior do que o previsto. A colo- cação dos parafusos de ajuste é feita com a chave 5SH3-700-B; base – a peça que reúne todos os componentes do conjunto. Pode ser for- necida em duas execuções: normal, para fixar por parafusos, e com dispositivo de fixação rápida, sobre trilho de 35mm. b) Silized/Sitor: esses fusíveis têm como característica serem ultrarrápidos da curva tempo/corrente. São, portanto, ideais para a proteção de aparelhos equi- pados com semicondutores (tiristores e diodos) em retificadores e conversores. c) Neozed: fusíveis de menores dimen- sões e com característica retardo da atua- ção, utilizados para proteção de redes de energia elétrica e circuitos de comando. d) Fusíveis NH : os fusíveis limitadores de corrente NH reúnem as características de fusível retardado para correntes de so- brecarga e de fusível rápido para corren- tes de curto-circuito. Os fusíveis NH também são próprios para proteger os circuitos, que em servi- ço estão sujeitos às sobrecargas de curta duração, como, por exemplo, acontece na partida direta de motores trifásicos com 1- N – Baixa tensão H – alta capacidade de interrupção. 1 16 17 rotor em gaiola. Os fusíveis NH têm os contatos (facas) prateados, o que proporciona perdas mui- to reduzidas no ponto de ligação e o corpo de esteatita para garantir a segurança to- tal. São acessórios para fusíveis NH: base – possui contatos especiais prateados, que garantem contato perfei- to e alta durabilidade. Uma vez retirado o fusível, a base constitui uma separação visível das fases, tornando-se dispensá- vel, em muitos casos, a utilização de um seccionador adicional; punho – destina-se à colocação ou retirada dos fusíveis NH de suas respecti- vas bases mesmo sob tensão. Precauções a serem tomadas nas substituições de fusíveis: nunca utilizar um fusível de capa- cidade de corrente superior ao projetado para a instalação nem por curto período de tempo; na falta do fusível, no momento da troca, jamais faça nenhum tipo de “re- mendo”, supondo que a instalação estará protegida; no lugar do fusível que “queimou”, podemos colocar um fusível de capacida- de de corrente menor até que seja provi- denciado o correto; se o rompimento do fusível se deu por sobrecarga, fazer um levantamento de carga do circuito para redimensioná-lo; se foi por curto-circuito a causa do rompimento do fusível, proceder ao repa- ro na instalação antes da substituição do fusível; na eventualidade de ainda se uti- lizarem porta-fusíveis do tipo rolha, não colocar moeda para substituir o fusível rompido. O procedimento correto para esse caso é a substituição por disjuntor; na substituição de fusíveis do tipo cartucho (virola ou de lâmina ou faca), desligar a chave geral e lixar os contatos antes da troca (CAVALIN; CERVELIN, 2011). Partindo do entendimento que numa instalação elétrica, residencial, comer- cial ou industrial, o importante é garantir as condições ideais de funcionamento do sistema sob quaisquer condições de ope- ração, protegendo os equipamentos e a rede elétrica e acidentes provocados por alteração de corrente, encontramos dis- positivos que vieram para cumprir três funções básicas. a) Abrir e fechar os circuitos (mano- bra). b) Proteger a fiação, ou mesmo os aparelhos, contra sobrecarga por meio do seu dispositivo térmico. c) Proteger a fiação contra curto-cir- cuito por meio do seu dispositivo magné- tico. Nesse contexto, os dispositivos de pro- teção para baixa tensão são exatamente aqueles dispositivos que servem para pro- teger a instalação em casos de curtos-cir- cuitos, ou quando há excesso de corren- te elétrica (sobrecarga). Estamos falando dos disjuntores! Os mais comuns são os disjuntores ter- 18 19 momagnéticos que garantem, simultane- amente, a manobra e a proteção contra correntes de sobrecarga e contra corren- tes de curto-circuito. Segundo explica Carvalho Junior (2011), cada circuito terminal da instalação elétri- ca predial deve ser ligado a um dispositivo de proteção, que pode ser um disjuntor termomagnético – DTM, um disjuntor di- ferencial residual – DR ou interruptor di- ferencial residual – IDR. Os disjuntores termomagnéticos de baixa tensão são os dispositivos mais usa- dos atualmente em quadros de distribui- ção. Esses disjuntores oferecem proteção aos fios do circuito, desligando-o automa- ticamente quando da ocorrência de uma sobrecorrente provocada por um curto- -circuito ou sobrecarga. Permitem mano- bra manual como um interruptor, seccio- nam somente o circuito necessário numa eventual manutenção. O DR é um dispositivo de segurança de uso recomendado pela NBR 5410. Trata- -se de um dispositivo supersensível às menores fugas de corrente, ocasionadas, por exemplo, por fios descascados, ou por uma criança que introduza o dedo ou qualquer objeto numa tomada. De atua- ção imediata, ele interrompe a corrente assim que verifica anomalias. É possível instalar um único DR na caixa de medição ou um para cada circuito da instalação, nesse caso colocados no quadro geral de distribuição. O IDR deverá ser utilizado em conjunto com um disjuntor termomagnético, pois o mesmo não possui proteção contra curto- -circuito ou sobrecarga. A norma recomenda a utilização de proteção diferencial residual (disjun- tor) de alta sensibilidade em circuitos terminais que sirvam a: tomadas de corrente em cozinhas, lavanderias, locais com pisos e (ou) reves-timentos não isolantes e áreas externas; tomadas de corrente que, embo- ra instaladas em áreas internas, possam alimentar equipamentos de uso em áreas externas; aparelhos de iluminação instalados em áreas externas; circuitos de tomadas de corrente em banheiros. Os circuitos que não se enquadram nas recomendações e exigências aqui apre- sentadas serão protegidos por disjunto- res termomagnéticos. Na proteção com DR, deve-se tomar cuidado com o tipo de aparelho a ser ins- talado. Chuveiros, torneiras elétricas e aquecedores de passagem com carcaça metálica e resistência nua apresentam fu- gas de corrente muito elevadas, que não permitem que o DR fique ligado. Isso sig- nifica que esses aparelhos representam um risco à segurança das pessoas, deven- do ser substituídos por outros com carca- ça de material isolante e com resistência blindada. Na escolha do tipo de proteção, é im- portante considerar também o fator eco- nômico, sempre observando e respeitan- do as recomendações e os parâmetros restritivos da NBR 5410. Para dimensionar o dispositivo de pro- teção (disjuntor) de um circuito, é neces- sário saber a potência a ser instalada em 18 19 cada circuito e calcular sua corrente. Para dimensionar o disjuntor ou interruptor DR geral do quadro de distribuição, é preciso saber a potência elétrica total instalada na edificação e calcular a corrente do cir- cuito de distribuição. Para dimensionar o disjuntor aplicado no quadro de medição, é necessário sa- ber a potência total instalada que deter- minou o tipo de fornecimento e o tipo de sistema de distribuição da companhia de eletricidade local. De posse desses dados, consulta-se a norma de fornecimento da companhia fornecedora de eletricidade local para saber a corrente nominal do disjuntor a ser empregado (CARVALHO JU- NIOR, 2011). É muito importante utilizar disjuntores ou fusíveis adequados nas instalações elétricas. A capacidade desses equipa- mentos é dada em ampere (A), que indi- ca a intensidade de carga elétrica que é permitida passar por eles. A utilização de disjuntores com capacidade acima do ne- cessário poderá danificar as instalações e os aparelhos elétricos; por outro lado, se a amperagem desses dispositivos de pro- teção for abaixo do indicado, ocorrerá o desarme dos disjuntores ou a queima ex- cessiva de fusíveis, às vezes sem necessi- dade. Vantagem do disjuntor: permitir o reli- gamento sem necessidade de substitui- ção de componentes. Características do disjuntor: caso o de- feito na rede persista no momento do re- ligamento, o disjuntor desliga novamente. Ele não deve ser manobrado até que se elimine o problema do circuito. Em relação ao número de polos podem ser: monopolares ou unipolares; bipolares; tripolares. Quanto à tensão de operação: a) Disjuntores de baixa tensão (ten- são nominal até 1000V): - disjuntores em caixa moldada; - disjuntores abertos. b) Disjuntores de média e alta ten- sões (acima de 1.000V): - vácuo; - ar comprimido; - óleo; - pequeno volume de óleo (PVO); - SF6 (hexafluoreto de enxofre). Dentre todos os dispositivos de prote- ção conhecidos, o fusível é o mais simples construtivamente, mas apesar disso, é importante observar que são elementos mais fracos (de seção reduzida), proposi- tadamente intercalados no circuito, para interrompê-lo sob condições anormais. Das grandezas elétricas, são as se- guintes as mais importantes no seu dimensionamento: a corrente nominal deve ser aquela que o fusível suporta continuamente; a corrente de curto-circuito é a máxima que pode circular no circuito sem provocar danos à instalação, e que deve ser desligada instantaneamente; a tensão nominal dimensiona a iso- 20 21 lação do fusível; a resistência de contato depende do material e da pressão exercida. A resis- tência de contato entre a base e o fusível é a responsável por eventuais aqueci- mentos, devido à resistência oferecida na passagem da corrente; a instalação dos fusíveis deve pro- cessar-se sem perigo para o operador; a montagem deve ser feita em ba- ses que evitem a substituição de um fu- sível por outro de grandeza inadequada (CAVALIN; CERVELIN, 2011). Os relés, grosso modo, interruptores que atuam eletricamente, estão escondi- dos em praticamente todo tipo de dispo- sitivo, sendo classificados de acordo com a grandeza com a qual atuam, como por exemplo: tensão, corrente ou frequência; e também quanto ao princípio de atuação: eletromecânicos, estáticos ou digitais (CTOSCK, 2007). Os primeiros tipos de relés foram os eletromecânicos. Na sequência vieram os estáticos (por volta de 1960). Estes tipos de relés não possuem movimentação me- cânica no seu mecanismo de atuação e por não possuírem partes móveis são extre- mamente rápidos, comparados aos relés eletromecânicos. Além disto, apresentam uma melhora nas características de sensi- bilidade e repetibilidade (as partes móveis dos relés eletromecânicos se desgastam com o tempo, enquanto os relés estáticos não apresentam danos para atuação re- petidas vezes). Devido aos componentes estáticos, tem-se também menor con- sumo de potência, menor tamanho e um grau de manutenção menor. Como desvantagem, apresenta-se a maior sensibilidade, e, portanto, suscep- tibilidade a variações de pequenos tran- sientes ocorrido no sistema, bem como maior sensibilidade a variações de tempe- ratura. Os relés estáticos podem ser usados para a maioria dos tipos de proteção, tais como: proteção de linha de transmissão, de transformadores, de barramentos, de geradores síncronos, etc. Os relés digitais são considerados a ter- ceira geração dos relés estáticos e utili- zam como base os microprocessadores. A primeira geração dos relés digitais (estáticos) é aquela em os equipamentos utilizavam os transistores, enquanto a se- gunda geração fez uso dos circuitos inte- grados e amplificadores operacionais. Devido à grande flexibilidade dos mi- croprocessadores, um mesmo relé pode exercer várias funções, tais como: contro- le, gravação dos dados amostrados, infor- mação de eventos e diferentes funções de proteção. Os dados são armazenados no hardware e diferentes programas po- dem ser executados simultaneamente ou não neste mesmo hardware. Estes dados armazenados podem ser periodicamente retirados da memória (devido ao limite da capacidade de dados armazenados) para que novos dados possam ser gravados sem perda de informação. Como os dados estão armazenados, e não oscilografados e impressos, podem ser tratados (através de processamentos matemáticos dos si- nais e/ou filtragem) para se obter diver- sos resultados que facilitem a análise dos operadores do sistema e engenheiros de proteção (COTOSCK, 2007). 20 21 Relés de sobrecarga, por exemplo, são dispositivos constituídos por um par de lâminas metálicas (um par por fase), com princípio de funcionamento baseado nas diferentes dilatações térmicas que os metais apresentam quando submetidos a uma variação de temperatura. Também são constituídos por um mecanismo de disparo contido num invólucro isolante e com alta resistência térmica. São aplicados na proteção de um possí- vel superaquecimento dos equipamentos elétricos, como transformadores e moto- res. Algumas dicas: a posição de montagem dos relés deve seguir sempre as orientações for- necidas pelo fabricante, mas em geral é possível afirmar que os relés podem ser fixados em paredes verticais. Inclinações de até 30° na vertical e 90° na horizontal são admissíveis para todos os lados (sem- pre observando a limitação da mola dos contatores); deve-se consultar as característi- cas de rede indicadas pelo fabricante a cada modelo de relé, como é o caso de re- lés WEGapropriados para instalações com frequência de 0 Hz (CC) e 400 Hz, com restrição aos relés acoplados a TCs que devem ser aplicados em rede de 50/60 Hz. Nessa faixa de frequência, a influên- cia sobre os valores de desarme deverá ser desprezada. A tensão nominal de iso- lação indica o maior valor de tensão que o dispositivo pode suportar; a proteção de um motor com relé de sobrecarga tem seu desempenho garan- tido nos casos de operação contínua ou respeitado o limite de frequência de ma- nobras do fabricante, que na maioria dos casos é 15 manobras/hora. Caso os relés tripolares sejam utiliza- dos na alimentação de cargas monofá- sicas ou bifásicas a conexão desse dis- positivo deve ser efetuada conforme a figura abaixo, ou seja, dessa forma, o relé se comporta como se estivesse carregado para serviço trifásico. Posição de montagem de um relés de sobrecarga Fonte: WEG (2007, p. 276). 22 23 Relé Térmico de Sobrecarga Tri- polar para Serviço Monofásico(a) ou Bifásico(b) 2.6 Proteção de sistemas primários Segundo a NBR 14039:2003, é conside- rado proteção geral de uma instalação de média tensão o dispositivo situado entre o ponto de entrega de energia e a origem da instalação. A norma estabelece duas condições bá- sicas: a) Instalação com capacidade insta- lada igual ou inferior a 300kVA Se a capacidade da subestação unitária for igual ou inferior a 300 kVA, a proteção geral na média tensão deve ser realizada por meio de um disjuntor acionado através de relés secundários dotados de unidades instantâneas e temporizadas de fase e de neutro. Pode também ser empregada cha- ve seccionadora e fusível, sendo, neste caso, obrigatória a utilização de disjuntor como proteção geral do lado de baixa ten- são. Não são aceitos relés com funciona- mento com retardo a líquido. b) Instalação com capacidade supe- rior a 300 kVA Se a capacidade da subestação for su- perior a 300 kVA, a proteção geral na mé- dia tensão deve ser realizada exclusiva- mente por meio de um disjuntor acionado através de relés secundários dotados de unidades instantâneas e temporizadas de fase e de neutro. Dessa forma, fica vedada, pela NBR 14030:2003, a utilização de relés de ação direta na proteção geral da subestação. No entanto, o projetista pode utilizar re- lés de ação direta, bem como chave sec- cionadora acionada por fusível incorpo- rada na proteção de média tensão em ramais que derivam do barramento primá- rio da subestação após a proteção geral. Atualmente, existem milhares de relés de ação direta com retardo fluidodinâmico e eletrônicos instalados em subestações de consumidor. Os relés primários de ação direta po- dem ser dos seguintes tipos: relé fluidodi- nâmico e relé de sobrecorrente estático. Temos também os relés secundários de sobrecorrente digitais. A norma ANSI estabelece uma co- dificação das funções dos diferentes dispositivos empregados na prote- ção, comando e sinalização dos sis- temas elétricos, e internacionalmente utilizada por fabricantes, projetistas e montadores. Abaixo estão reproduzi- das algumas das principais funções e aplicação nos sistemas elétricos: função 21 – relé de distância; Fonte: WEG (2007, p. 277). 22 23 função 25 – dispositivo de sincroni- zação; função 27 – relé de subtensão; função 30 – relé anunciador; função 32 – relé direcional de po- tência; função 38 – dispositivo de proteção de mancal; função 43 – dispositivo de transfe- rência manual; função 47 – relé de sequência de fase; função 49 – relé térmico para má- quina ou transformador; função 50 – relé de sobrecorrente instantâneo; função 51 – relé de sobrecorrente temporizado; função 59 – relé de sobretensão; função 63 – relé de pressão de nível ou de fluxo de líquido ou gás; função 64 – relé de proteção de terra; função 67 – relé direcional de so- brecorrente em corrente alternada; função 68 – relé de bloqueio; função 74 – relé de alarme; função 79 – relé de religamento em corrente alternada; função 81 – relé de frequência; função 86 – relé de bloqueio de se- gurança; função 87 – relé de proteção dife- rencial. Os relés digitais são dispositivos que necessitam de informações do sistema para exercerem suas funções de prote- ção. Os relés de aplicação mais comum nos sistemas elétricos requerem os valores de tensão, corrente e frequência. O valor de tensão é normalmente obtido através de transformadores de potencial (TPs); já a corrente elétrica é fornecida ao relé pelos transformadores de corrente (TCs). 24 25 Segundo Lima (2009), o acidente mais comum a que estão submetidas as pesso- as, principalmente aquelas que trabalham em processos industriais ou desempe- nham tarefas de manutenção e operação de sistemas industriais, é o toque aciden- tal em partes metálicas energizadas, fi- cando o corpo ligado eletricamente sob tensão entre fase e terra. Assim, entende-se por contato indire- to aquele que um indivíduo mantém com uma determinada massa do sistema elé- trico que, por falha, perdeu a sua isolação e permitiu que esse indivíduo ficasse sub- metido a um determinado potencial elé- trico. O limite de corrente alternada su- portada pelo corpo humano: geralmente é de 25 mA; entre 15 e 25 mA, o indivíduo sente dificuldades em soltar o objeto energiza- do; entre 15 e 80 mA, ele é cometido de grandes contrações e asfixia; entre 80 mA até poucos ampères, o indivíduo sofre graves lesões musculares e queimaduras, além de asfixia imediata; acima disto, as queimaduras são in- tensas, o sangue sofre o processo de ele- trolise, a asfixia é imediata e há necrose dos tecidos. 3.1 Noções básicas sobre proteção do sistema Na NBR 5410:2004 (versão corrigida 17.03.2008), encontramos as orienta- ções/prescrições fundamentais para ga- rantir a segurança de pessoas, animais domésticos e bens contra os perigos e da- nos que possam resultar da utilização das instalações elétricas em condições pre- vistas. Para efeitos desta norma, aplicam- -se as definições da ABNT NBR IEC 60050. Proteção contra choques elétricos: a) Elemento condutivo ou parte con- dutiva: elemento ou parte constituída de material condutor, pertencente ou não à instalação, mas que não é destinada nor- malmente a conduzir corrente elétrica. b) Proteção básica: meio destinado a impedir contato com partes vivas perigo- sas em condições normais. c) Proteção supletiva: meio destinado a suprir a proteção contra choques elétri- cos quando massas ou partes condutivas acessíveis tornam-se acidentalmente vi- vas. d) Proteção adicional: meio destinado a garantir a proteção contra choques elétri- cos em situações de maior risco de perda ou anulação das medidas normalmente aplicáveis, de dificuldade no atendimen- to pleno das condições de segurança as- sociadas à determinada medida de pro- teção e/ou, ainda, em situações ou locais em que os perigos do choque elétrico são particularmente graves. UNIDADE 3 - Sistemas de aterramento 24 24 25 e) Dispositivo de proteção à corrente diferencial-residual (formas abreviadas: dispositivo à corrente diferencial-residu- al, dispositivo diferencial, dispositivo DR): dispositivo de seccionamento mecânico ou associação de dispositivos destinada a provocar a abertura de contatos quando a corrente diferencial residual atinge um valor dado em condições especificadas. NOTA: O termo “dispositivo” não deve ser entendido como significando um pro- duto particular, mas sim qualquer forma possível de se implementar a proteção diferencial-residual. São exemplos de tais formas: o interruptor, disjuntor ou tomada com proteção diferencial-residual incor- porada, os blocos e módulos de proteção diferencial-residualacopláveis a disjunto- res, os relés e transformadores de corren- te que se podem associar a disjuntores, etc. f) SELV (do inglês “separated extra-low voltage”): sistema de extrabaixa tensão que é eletricamente separado da terra, de outros sistemas e de tal modo que a ocor- rência de uma única falta não resulta em risco de choque elétrico. g) PELV (do inglês “protected extra-low voltage”): sistema de extrabaixa tensão que não é eletricamente separado da ter- ra, mas que preenche, de modo equiva- lente, todos os requisitos de um SELV. Proteção contra choques elétricos e proteção contra sobretensões e pertur- bações eletromagnéticas: a) Equipotencialização: procedimento que consiste na interligação de elemen- tos especificados, visando obter a equi- potencialidade necessária para os fins de- sejados. Por extensão, a própria rede de elementos interligados resultante. b) Barramento de equipotencialização principal (BEP): barramento destinado a servir de via de interligação de todos os elementos incluíveis na equipotencializa- ção principal. NOTA: A designação “barramento” está associada ao papel de via de interligação e não a qualquer configuração particular do elemento. Portanto, em princípio o BEP pode ser uma barra, uma chapa, um cabo, etc. c) Barramento de equipotencialização suplementar ou barramento de equipo- tencialização local (BEL): barramento des- tinado a servir de via de interligação de todos os elementos incluíveis numa equi- potencialização suplementar ou equipo- tencialização local. d) Equipamento de tecnologia da infor- mação (ETI): equipamento concebido com o objetivo de: d.1) receber dados de uma fonte exter- na (por exemplo, via linha de entrada de dados ou via teclado); d.2) processar os dados recebidos (por exemplo, executando cálculos, transfor- mando ou registrando os dados, arqui- vando-os, triando-os, memorizando-os, transferindo-os); e, d.3) fornecer dados de saída (seja a ou- tro equipamento, seja reproduzindo da- dos ou imagens). NOTA: Esta definição abrange uma am- pla gama de equipamentos, como, por exemplo: computadores; equipamentos transceptores, concentradores e conver- sores de dados; equipamentos de tele- 25 26 27 comunicação e de transmissão de dados; sistemas de alarme contra incêndio e in- trusão; sistemas de controle e automação predial, etc. Proteção contra Efeitos Térmicos: As pessoas, bem como os equipamen- tos e materiais fixos adjacentes a com- ponentes da instalação elétrica devem ser protegidas contra os efeitos térmicos prejudiciais que possam ser produzidos por esses componentes, tais como: risco de queimaduras; combustão ou degradação dos ma- teriais; comprometimento da segurança de funcionamento dos componentes ins- talados. Proteção contra Sobrecorrentes: proteção contra correntes de so- brecargas; proteção contra correntes de cur- to-circuito; proteção dos condutores de fase; proteção do condutor neutro. Proteção contra Sobretensões: proteção contra sobretensões temporárias; proteção contra sobretensões transitórias: em linhas de energia e em li- nhas de sinal. Observação: Sobrecorrentes são correntes elétricas cujos valores excedem o valor da corrente nominal. As sobrecorrentes são origina- das por: solicitação do circuito acima das características do projeto (sobrecargas); falta elétrica (curto-circuito). Correntes de Sobrecarga são caracteri- zadas pelos seguintes fatores: provocam, no circuito, correntes superiores à corrente nominal; solicitações dos equipamentos aci- ma de suas capacidades nominais; cargas de potência nominal acima dos valores previstos no projeto. As sobrecargas são extremamente prejudiciais ao sistema elétrico, que pro- vocam a elevação da corrente do circuito a valores que podem chegar até, no máxi- mo, dez vezes a corrente nominal, produ- zindo com isso efeitos térmicos altamen- te danosos aos circuitos. As correntes de curtos-circuitos são provenientes de falhas ou defeitos graves da instalação, tais como: falha ou rompimento da isolação entre fase e terra; falha ou rompimento da isolação entre fase e neutro; falha ou rompimento da isolação entre fases distintas. E, como consequência, produzem cor- rentes extremamente elevadas, na or- dem de 1.000% a 10.000% do valor da corrente nominal do circuito (CAVALIN; CERVELIN, 2011). 3.2 Sistema de aterramento Toda e qualquer instalação elétrica de 26 27 média e baixa tensão para funcionar sa- tisfatoriamente e ser segura a riscos de acidentes fatais deve necessariamente possuir um sistema de aterramento di- mensionado adequadamente para cada tipo de projeto. Aterrar o sistema, ou seja, ligar um con- dutor (normalmente o neutro) à terra, possibilita a detecção de sobretensões em relação à terra. Além disso, fornece um caminho para a circulação de corrente, permitindo a detecção de curtos-circuitos (entre os condutores vivos e a terra). Des- ta forma, o aterramento é um aliado dos dispositivos de proteção contra sobre- tensões e sobrecorrentes (curto-circuito) (PROCOBRE, 2001, p. 3). O controle dessas tensões em rela- ção à terra limita o esforço de tensão na isolação dos condutores, diminui as interferências eletromagnéticas e permite a redução dos perigos de choque para as pessoas que pode- riam entrar em contato com os con- dutores vivos (PROCOBRE, 2001, p. 3). Pontualmente, são funções do aterra- mento: i. Segurança de atuação de proteção; ii. Proteção das instalações contra descargas atmosféricas; iii. Proteção dos indivíduos contra contatos com partes metálicas da instala- ção energizadas acidentalmente; iv. Uniformização do potencial em toda área do projeto, prevenindo contra lesões perigosas que possam surgir du- rante uma falta fase-terra. A NBR 5410:2004 estabelece os es- quemas de aterramento a serem apli- cados em uma instalação elétrica. Es- ses esquemas são listados a seguir: TN-S – o condutor neutro e de pro- teção são interligados no aterramento da alimentação, depois seguem distintos. É necessário o uso de disjuntores e de DR’s para a respectiva proteção da instalação e de pessoas. É usado na maioria das insta- lações elétricas. Onde é efetuada a equi- potencialização na entrada de energia elétrica. Esquema TN-S 2- Equipotencialização, como o próprio nome sugere, é a interli- gação em um mesmo ponto, de todos os condutores destinados à proteção de equipamentos de informação, destinados contra cho- ques, contra descargas atmosféricas, contra sobretensões e contra descargas eletrostáticas. 2 28 29 TN-C-S - condutor PEN inicia (na alimentação) no modo TN-C e depois se transforma em TN-S (para a distribuição). Recomenda-se realizar uma equipoten- cialização bem feita. Este esquema é utili- zado em locais onde o condutor de prote- ção é necessário e de difícil acesso (longa distância). Esquema TN-C-S TN-C - apenas um condutor é usa- do para atender as duas funções: neutro e proteção (PEN). Não é recomendado em circuitos com condutor de seção infe- rior a 10mm², nem para a ligação de equi- pamentos portáteis. Necessita de uma equipotencialização bem feita dentro da instalação elétrica para evitar queima de equipamentos. É usado em instalações onde se torna inviável a passagem de mais um condutor. DR’s não devem se usados. Esquema TN-C TT - “O neutro da fonte é ligado di- retamente à terra, estando as massas da instalação ligadas a um eletrodo de ater- ramento independente do eletrodo da fonte.” No caso de um curto entre fase e massa, o fluxo de corrente é baixo para a atuação de disjuntores, porém é reco- mendado o uso de DR’s para a proteção de pessoas. É utilizado em casos onde há grandesdistâncias entre o ponto de ater- ramento da alimentação e a carga. 28 29 IT - “Limita-se a corrente de falta a um valor desejado, de forma a permitir que uma primeira falta desligue o siste- ma”. Não é necessário o uso de DR’s. Uma impedância elevada pode ser instalada entre neutro e terra ou simplesmente o neutro pode permanecer isolado do ater- ramento. É utilizado em casos onde uma primeira falha no sistema não possa des- ligar imediatamente a alimentação, inter- rompendo processos importantes. Esquema TT Esquema IT 30 31 1) O neutro pode ser ou não distribuído: A = sem aterramento da alimentação; B = alimentação aterrada através de impedância; B.1 = massas aterradas em eletrodos separados e independentes do eletrodo de aterramento da alimentação; B.2 = massas coletivamente aterradas em eletrodo independente do eletrodo de aterramento da alimentação; B.3 = massas coletivamente aterradas no mesmo eletrodo da alimentação. Significado das letras: Primeira letra – situação da alimenta- ção em relação à terra: T - um ponto diretamente enterra- do; I - isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou aterramento atra- vés de uma impedância. Segunda letra – situação das massas da instalação em relação à terra: T - massas diretamente aterradas, independentemente do aterramento eventual de um ponto de alimentação; N - massas ligadas diretamente ao ponto de alimentação aterrado (em cor- rente alternada, o ponto aterrado é nor- malmente o ponto neutro). Outras letras (eventuais) – disposição do condutor neutro e do condutor de pro- teção: S - funções de neutro e de proteção asseguradas por condutores distintos; C - funções de neutro e de proteção combinadas em um único (condutor PEN). Resumindo: nesses esquemas, a pri- meira letra indica a situação da alimenta- ção em relação à terra (T → ligado à terra e I → isolado), a segunda letra indica a si- tuação das massas em relação à terra (N → massas ligadas ao neutro e T → massa ligadas diretamente à terra) e outras le- tras, se houver, indicam a relação entre condutores neutro e terra (S → separados e C → combinados) (WALENIA, 2008, p. 30). 30 31 3.3 Proteção contra descar- gas atmosféricas Os relâmpagos, descargas atmosféri- cas, ou ainda os raios são formados dentro de uma nuvem denominada cumulonimbo, que possui característica diferenciada em relação às outras, por ser verticalmente mais extensa. Essas nuvens se formam a uma altura de 2.000 metros do solo e se estendem até 18.000 metros acima. De maneira bem didática, a dinâmica é esta: O ar quente e úmido próximo do solo se eleva na atmosfera (ele sobe porque é mais leve que o ar acima dele). O deslo- camento ascendente faz com que se es- frie até chegar ao topo da nuvem onde a temperatura é muito baixa, de 30°C ne- gativos. A partir desse momento, o va- por d’água que estava misturado com o ar quente transforma-se em granizo, que em função do seu peso começa a precipi- tar-se para a base da nuvem. No desloca- mento descendente ocorre o choque com outras partículas menores, principalmen- te com cristais de gelo. A colisão entre essas partículas (grani- zo e cristais de gelo) faz com que fiquem carregadas eletricamente. O granizo, como é mais pesado, fica com carga negativa e se desloca para a base da nuvem, enquanto os cristais de gelo fi- cam com carga positiva e, por serem mais leves, deslocam-se para a parte superior (topo) da nuvem. Podemos notar que as cargas, dentro da nuvem, se separam: positivas na par- te superior e negativas na parte inferior. Quando as cargas atingem valores extre- mamente elevados, ocorre o relâmpago, conforme as ilustrações abaixo: 32 33 A maioria dos raios ou relâmpagos co- meça e termina dentro das nuvens. São poucos os que vêm para o chão. E é justa- mente desses que devemos nos prevenir. No momento inicial do relâmpago, isto é, alguns milésimos de segundos antes da descarga, a nuvem e o solo ficam com uma diferença de potencial que pode variar de 10kV (10.000V) a 100kV (100.000V), for- mando assim um gigantesco capacitor. Os raios são basicamente de dois tipos: os positivos e os negativos. A diferença está onde os mesmos se originam, ou seja, os negativos saem da parte inferior da nuvem e os positivos saem da parte superior das nuvens. Os raios ocorrem num curtíssimo espa- ço de tempo (200 milésimos de segundos), e em função disso as instalações elétricas (residenciais, comerciais ou industriais) podem atingir de forma direta estruturas de edificações, o sistema de para-raios, as fiações elétricas, redes de energia elétri- ca, postes e, de forma indireta, em função da formação da radiação eletromagnéti- ca, induzir sobretensões nas estruturas, nas linhas de energia elétrica, cabos sub- terrâneos, cabos de comunicações e de transmissão de dados. De acordo com Cidral Junior (2010), em relação a uma instalação elétrica, o raio pode influenciar de duas ma- neiras: a) Incidência direta, quando o raio atin- ge a superfície da edificação. b) Incidência indireta, quando o raio atinge as redondezas de instalações elé- tricas, linhas de distribuição de energia e de telecomunicações. Forma-se uma grande radiação eletro- magnética que gera sobretensões que causam danos a equipamentos e instala- ções de empresas, indústrias e residên- cias. A proteção contra as descargas atmos- féricas (raios ou relâmpagos), apesar de toda tecnologia existente hoje em dia, continua sendo o primitivo para-raios, uma invenção do século XVIII. É, sem dú- vida, um dos aparelhos de proteção mais simples. Ele é instalado sobre uma casa, alto de edifícios ou em uma torre, onde uma haste metálica é ligada a um condu- tor, enterrado no solo que será a primeira parte da construção a receber a descarga. As razões de o relâmpago atingir uma edificação nestas condições são: primei- ro por ser de metal, segundo por possuir um condutor que leva a eletricidade para a terra, e, terceiro por ser o ponto mais alto. No entanto, para que o para-raios fosse inventado, foi necessário, primeiramente, descobrir que os raios são um fenômeno elétrico. O estudo experimental foi uma façanha realizada em 1752, pelo cientista Benjamin Franklin (1706 - 1790) (CAVA- LIN; CERVELIN, 2011). Vários estudos e o cotidiano também nos apontam que as descargas atmosfé- ricas causam sérias perturbações nas re- des aéreas de transmissão e distribuição de energia elétrica, além de provocarem danos materiais nas construções atingi- das por elas, sem contar os riscos de vida a que as pessoas e os animais ficam sub- metidos. As descargas atmosféricas induzem surtos de tensão que chegam a centenas de kV nas redes aéreas de transmissão e 32 33 distribuição das concessionárias de ener- gia elétrica, obrigando a utilização de ca- bos-guarda ao longo das linhas de tensão mais elevada e para-raios a resistor não linear para a proteção de equipamentos elétricos instalados nesses sistemas. Quando as descargas elétricas entram em contato direto com quaisquer tipos de construção, tais como edificações, tan- ques metálicos de armazenamento de lí- quidos não convenientemente aterrados, partes estruturais ou não de subesta- ções, etc., são registrados grandes danos materiais que poderiam ser evitados caso essas construções estivessem protegi- das adequadamente por um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA). Mesmo havendo instalação de um sis- tema de para-raios, há sempre a possibi- lidade de falha desse sistema, podendo a construção protegida, neste caso, ser atingida por uma descarga atmosférica. A partir dessa premissa, a IEC 61024-1-2/ NBR 5419:2005 determina quatro dife- rentes níveis deproteção, com base nos quais devem ser tomadas decisões de projeto mais ou menos severas . A NBR 5419:2005 exemplifica os diver- sos tipos de estruturas e os equivalentes níveis de proteção quanto às descargas atmosféricas, facilitando, dessa forma, a formulação dos projetos de SPDA. De forma genérica, esses índices de nível de proteção podem ser resumi- damente definidos como se segue: Nível I: é o nível mais severo quanto à perda de patrimônio. Refere-se às cons- truções protegidas, cuja falha no sistema de para-raios pode provocar danos às es- truturas adjacentes, tai como as indús- trias petroquímicas, de materiais explosi- vos, etc. Nível II: refere-se às construções pro- tegidas, cuja falha no sistema de para- -raios pode ocasionar a perda de bens de estimável valor ou provocar pânico aos presentes, porém sem nenhuma conse- quência para as construções adjacentes. Enquadrara-se neste nível os museus, teatros, estádios, companhias comerciais comuns, etc. Nível III: refere-se às construções de uso comum como os prédios residenciais, lojas de departamento e indústrias de ma- nufaturados simples. Nível IV: refere-se às construções onde não é rotineira a presença de pes- soas. Essas construções são feitas de material não inflamável, sendo o produto armazenado nelas de material não com- bustível, tais como armazéns de concreto para produtos de construção (MAMEDE FI- LHO, 2012). O nível de proteção influencia nos afas- tamentos, seções e materiais dos condu- tores envolvidos no projeto do SPDA. Os SPDA, de forma geral, são constitu- ídos de partes bem definidas, porém inti- mamente interligadas que são o sistema captor; o sistema de descida e o sistema de aterramento e a equipotenciação: 3- Vale a pena conferir na NBR citada, uma tabela com a classifi- cação das estruturas quanto ao nível de proteção. Nela constam a estrutura, os vários tipos, os efeitos das descargas atmosféricas e o nível de proteção necessário. 3 34 35 elementos da captação – responsá- vel pela recepção das descargas atmosfé- ricas; elementos de descida – responsá- veis por conduzir as correntes da descar- ga até o aterramento. Para edificações com mais de 20 m de altura, também atu- am como elementos de captação lateral; elementos de aterramento – res- ponsáveis por dissipar as correntes no solo; equipotencialização – reduz os ris- cos de centelhamentos perigosos, pre- servando equipamentos, instalações e pessoas. Pode ser feita de forma direta ou indireta, via DPS (Dispositivos de Pro- teção contra Surtos). O SPDA apresenta-se sempre numa configuração série, como na figura a se- guir: Os condutores de interligação ou de descida podem ser: cabos; fitas; estruturas prediais (metálicas ou ferragens). Os sistemas de aterramento mais comuns são: eletrodo vertical (haste); múltiplos eletrodos verticais; eletrodos horizontais (cabos); múltiplos eletrodos horizontais (sistema radial ou em anel); sistemas combinados de eletrodos verticais e horizontais (sistema em ma- lha). Os SPDA possuem duas funções: 1) A função preventiva é justificada pelo permanente escoamento de cargas elétricas do meio ambiente para a Terra, pelo poder de atração das pontas, neu- tralizando o crescimento do gradiente de potencial entre o solo e as nuvens. 2) A função protetora está associada à presença de um caminho preferencial para um possível raio que se forme na re- gião. Existem basicamente três tipos de SPDA: Franklin, Gaiola de Faraday e Radio- ativo. Todos os tipos são compostos por estruturas chamadas de captores do raio, cabos de descida e sistema de aterramen- to. 34 35 a) Para-raios tipo Franklin: É composto por uma haste captora fi- xada no topo de um mastro elevado. O captor é ligado ao aterramento através dos condutores de descida. Na maior par- te dos casos, os condutores de descida são instalados afastados da edificação. O mastro pode ser instalado sobre ou ao redor da edificação. A caixa de inspeção possibilita que se- jam desconectados os captores e desci- das para realizar a medição da malha de aterramento. Já o eletroduto (que deve permanecer a uma altura de 2,5 m acima do solo) tem a finalidade de proteger prin- cipalmente os condutores de descida con- tra danos mecânicos (ABNT, 2005, p. 9). Quando for necessário usar mais de um mastro, os captores presentes nos mas- tros devem ser interligados. Exemplo de para-raios do tipo Franklin b)Gaiola de Faraday: Utiliza captores formando uma malha e cobrindo o plano mais alto do prédio. As descidas devem ser dispostas no mínimo em cada vértice da edificação e a malha de aterramento forma um anel ao redor da edificação, podendo inclusive estar in- terconectada com a estrutura metálica de sustentação da edificação. Exemplo de para-raios do tipo Gaiola de Faraday c) Para-raios radioativo: Foi abolido na maioria dos países e no Brasil, sua utilização está proibida desde 1989 por resolução da CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear. O princípio do para-raios radioativo é usar captores com pontas com tratamento radioativo, o que causa riscos diretos para pessoas que realizam sua instalação e manutenção e riscos indiretos às pessoas que efetuam transporte, armazenamento, venda, etc. Além disso, este tipo de para-raios, atra- vés de estudos recentes, não possui maior 36 37 eficiência em relação aos outros tipos de para-raios. Duas observações básicas e importan- tes: Um sistema de proteção contra descargas atmosféricas não busca evitar a formação dos raios nem atrair raios, mas proporcionar um caminho controlado para o raio atingir a terra. Os para-raios protegem apenas a edificação. Eles não preservam eletrodo- mésticos nem computadores. Portanto, se a sobrecarga vier pela rede elétrica, pelo fio do telefone ou até mesmo pelo cabo da TV por assinatura, é possível ocorrer uma danificação nesses aparelhos. Para prote- ger os equipamentos foi criado o “supres- sor de surto de tensão”. Esse dispositivo desvia as sobrecargas, funcionando como uma espécie de para-raios interno. Sobre o Dispositivo de Proteção Con- tra Surtos, conhecido como DPS, este tem por finalidade evitar que a incidência indi- reta de descargas atmosféricas danifique equipamentos presentes dentro da edifi- cação. Os DPS devem atender à IEC 61643- 1 e ser selecionados com base no mí- nimo nas seguintes características (CAVALIN, 2006, p. 379): nível de proteção; máxima tensão de operação contí- nua; suportabilidade a sobretensões temporárias; corrente nominal de descarga e/ou corrente de impulso; suportabilidade à corrente de cur- to-circuito. Os componentes da instalação devem ser selecionados de modo que o valor no- minal de sua tensão de impulso suportá- vel não seja inferior àqueles indicados na tabela a seguir: Suportabilidade a impulso exigível dos equipamentos e instalações Fonte: ABNT (2004, Tabela 31). 36 37 Os DPS protegem os equipamentos contra sobretensões transitórias nas ins- talações das edificações, cobrindo tanto as linhas de energia quanto as linhas de sinal (ABNT, 2004, p. 130). Os DPS podem ser especificados pela máxima corrente de curto-circuito, veja os exemplos a seguir: DPS 20kA: recomendado como prote- ção única ou primária em instalações situ- adas em zonas de exposição a raios clas- sificados como AQ1 (desprezível). Deve ser instalado no circuito elétrico no qual o equipamento está conectado. DPS 30kA: recomendado como pro- teção única ou primária em redes de dis- tribuição de baixa tensão situadas em áreas urbanas e densamente edificadas, expostas a raios, classificadas como indi- retas (AQ2). Deve ser instalado junto com o quadro de distribuiçãocentral de rede elétrica. DPS 45kA: recomendado como prote- ção única ou primária em redes de distri- buição de baixa tensão, situadas em áreas rurais ou urbanas com poucas edificações, em zonas expostas a raios, classificadas como diretas (AQ3) e com históricos fre- quentes de sobretensão. Deve ser insta- lado junto com o quadro de distribuição central de rede elétrica. DPS 90kA: recomendado como prote- ção única ou primária em redes de distri- buição de baixa tensão situadas em áreas rurais ou urbanas com poucas edificações, em zonas expostas a raios classificadas como diretas (AQ3) e com histórico de fre- quência elevada de sobretensões. Deve ser instalado junto com o quadro de distri- buição central de rede elétrica. A instalação de um DPS irá depender das características do sistema de alimen- tação de energia da edificação. 38 39 De forma geral, o DPS deve ser instala- do juntamente com um dispositivo de pro- teção contra sobrecorrentes (disjuntor ou fusível), veja a representação a seguir: Esquema de conexão de um DPS Fonte: ABNT (2004). 38 39 Onde: DPS → Dispositivo de proteção contra surto. DP → Dispositivo de proteção contra sobrecorrente. E/I → Equipamento ou instalação. A norma regulamentadora da ABNT NBR 5419 estabelece os procedimentos relacionados com a Proteção de Estrutu- ras contra descargas atmosféricas. Como já vimos, o projeto do SPDA, basicamente é dividido em Projeto dos Captores, Pro- jeto das Descidas e Projeto da Malha de Aterramento. 3.4 Proteção contra riscos de incêndio e explosão De acordo com Pereira e Sousa (2010), as indústrias, em geral, estão permanen- temente sujeitas a riscos de incêndio e, dependendo do produto que fabricam, são bastante vulneráveis a explosões normal- mente seguidas de incêndio. Para prevenir contra essas ocorrências, existem normas nacionais e internacionais que disciplinam os procedimentos de segurança que pro- curam eliminar esses acidentes. Julga-se oportuno citar os diversos itens a seguir discriminados constantes da norma NR- 10 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Todas as empresas estão obrigadas a manter diagramas unifilares das insta- lações elétricas com as especificações do sistema de aterramento. O Prontuário de Instalações Elétri- cas deve ser organizado e mantido pelo empregador ou por pessoa formalmente designada pela empresa e deve permane- cer à disposição dos trabalhadores envol- vidos nas instalações e serviços em eletri- cidade. É obrigatório que os projetos de quadros, instalações e redes elétricas es- pecifiquem dispositivos de desligamento Esquemas de ligação entre DPS, DP, E/I Fonte: ABNT (2004, figura 13). 40 41 de circuitos que possuam recursos para travamento na posição desligado, de for- ma a poderem ser travados e sinalizados. O memorial descritivo do proje- to deve conter, no mínimo, os seguintes itens de segurança: a) Especificação das características re- lativas à proteção contra choques elétri- cos, queimaduras e outros efeitos indese- jáveis. b) Exigência de indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos (Verde - “D” - Desligado; Verme- lho - “L” - Ligado). c) Descrição do sistema de identifica- ção dos circuitos elétricos e equipamen- tos, incluindo dispositivos de manobra, controle, proteção, condutores e os pró- prios equipamentos e estruturas, escla- recendo como tais indicações deverão ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações. d) Recomendações de restrições e ad- vertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações. e) Precauções aplicáveis em face das influências ambientais. f) O princípio funcional dos elementos de proteção constantes do projeto desti- nados à segurança das pessoas. g) Descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção. Quanto à segurança em instalação elétricas desenergizadas, somente se- rão consideradas desenergizadas as ins- talações elétricas liberadas para serviço mediante os procedimentos apropriados, obedecida a sequência a seguir: a) Seccionamento. b) Impedimento de reenergização. c) Constatação de ausência de tensão. d) Instalação de aterramento temporá- rio com equipotencialização dos conduto- res dos circuitos. e) Proteção dos elementos energiza- dos existentes na zona controlada. f) Instalação da sinalização de impedi- mento de energização. O estado de instalação desenergi- zado deve ser mantido até a autoriza- ção para reenergização, devendo ser reenergizada respeitando a sequên- cia dos seguintes procedimentos: a) Retirada de todas as ferramentas, equipamentos e utensílios. b) Retirada, da zona controlada, de to- dos os trabalhadores não envolvidos no processo de energização. c) Remoção da sinalização de impedi- mento de energização. d) Remoção do aterramento temporá- rio da equipotencialização e das prote- ções adicionais. e) Destravamento, se houver, e religa- ção dos dispositivos de seccionamento. Os processos ou equipamentos susce- tíveis de gerar ou acumular eletricidade estática devem dispor de proteção espe- cífica e dispositivos de descarga elétrica. Nas instalações elétricas das áreas clas- sificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões devem ser adota- dos dispositivos de proteção complemen- 40 41 tar, tais como alarme e seccionamento automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, fugas, aquecimentos ou outras condições anormais de operação. Enfim, por mais que queiramos o assun- to não se esgota. Sugerimos que atentem à NR-10 e às NBR 5410, 5413, 5419 que muito podem acrescentar aos conheci- mentos para que atuem em projetos elé- tricos industriais com muito segurança, diminuindo ou eliminando os riscos de aci- dentes para as pessoas ao seu redor, con- tribuindo para que sua organização atue de maneira ética e melhore sempre sua rentabilidade e competitividade. 42 43 REFERÊNCIAS 42 BÁSICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: 2004. Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2005. Disponível em: http://www. iar.unicamp.br/lab/luz/ld/normas%20 e%20relat%F3rios/NRs/nbr_5410.pdf MAMEDE FILHO, João. Instalações elé- tricas industriais. 8 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. COMPLEMENTARES ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5413: Iluminância de Inte- riores. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1992. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5419: Proteção de Estru- turas contra Descargas Atmosféricas. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR5444: Símbolos Gráficos para Instalações elétricas prediais. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 1989. BADIA, José Octavio; DUTRA FILHO, Ge- túlio Delano. Interpretação de Projetos Elétricos. Pelotas, RS: CEFET-RS, 2008. BASOTTI, Márcio Rogério. Eletricidade: instalações industriais. Sapucaia do Sul: Centro de Educação Profissional SENAI de Eletromecânica, 2001. BISONI, Paulo Roberto; VAZ, Frederico Samuel de Oliveira; PEREIRA JUNIOR, Paulo Roberto. Instalações elétricas industriais. Florianópolis: SENAI/SC, 2010. Disponível em: http://www.sc.senai.br/admin/docu- mentos/pda/SENAISCSaoBentodoSulE- LETRoMECANICA3MODULO-instalacoese- letricasindustriais.PDF CAMINHA, Amadeu C., Introdução à Proteção dos Sistemas Elétricos. Edgard Blücher Ltda, 1977. CARVALHO, Moisés Roberto Lanner. Apostila Instalações Elétricas De Baixa Tensão. Rio de Janeiro, RJ: ABACUS Infor- mática e Engenharia, 2003. CAVALIN, Geraldo; CERVELIN, Severino. Instalações Elétricas Prediais. 15 ed. São Paulo: Editora Érica, 2006. CIDRAL JUNIOR, João Máximo. Projetos elétricos industriais. Florianópolis: SENAI, 2010. COTOSCK, Kelly Regina. Proteção
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