Buscar

Transcrição Processo Civil - 3o Bimestre completa

Prévia do material em texto

1 
 
Transcrição de Direito Processual Civil II 
Professora Elisabeth de Gennari 
 
3o Bimestre 
 
Aula 07/08 
 
No segundo bimestre vimos que as decisões judiciais que permitem a impugnação autônoma são de três 
naturezas: 
a. Decisão de mérito transitada em julgado, a coisa julgada 
b. Decisão terminativa, sentença terminativa que impeça a repropositura da ação 
c. Decisão que não admite o julgamento do recurso (decisão negativa de admissibilidade) 
 
Essas decisões só são passíveis da ação impugnativa autônoma depois de preclusa toda a possibilidade de 
discussão daquela questão dentro do processo no qual elas foram proferidas. 
 
Meios impugnativos internos das decisões judiciais 
São os meios que podem ser exercitados enquanto o processo está em andamento, isto é, antes que essa 
decisão tenha se tornado estável. Este meio impugnativo autônomo só existe para decisões judiciais, não estamos 
falando das outras formas de solução de conflito, voltamos exclusivamente para o processo jurisdicional estatal e 
para o mesmo nível onde tínhamos parado no CPC no semestre passado. Nós estávamos no livro dedicado aos 
processos nos tribunais e tínhamos estudado a ação rescisória. 
Os meios impugnativos internos também estão regulados nesse mesmo capítulo, são os recursos. 
 
Recursos 
 
A coisa mais importante para começarmos é entender o que é esse instituto, o que significa, qual é o seu 
conceito, qual é a sua finalidade. 
Para definirmos recurso vamos entender seus elementos, aliás, vamos compor a sua definição comentando 
pela compreensão do seu próprio nome, e não é diferente do recurso. 
Curso – caminho; Re – de novo 
 
Repetir o caminho, fazer o caminho de novo. O recurso é repetir o caminho, fazer o caminho de novo para 
que uma questão que já havia sido solucionada por uma decisão judicial seja submetida novamente à análise e 
novamente seja proferida uma decisão sobre ela. Ou seja, é percorrer de novo o mesmo caminho. 
 
É importante lembrar que a jurisdição é inerte e quando provocada, ela é provocada para uma determinada 
finalidade, decidir. Depois, quando as decisões são condenatórias, fazer cumprir a decisão. Mas a prestação primeira 
que se busca é a cognitiva, é para decidir. No momento em que a atividade jurisdicional entrega o seu serviço, o seu 
produto, cessou a sua atividade e ela volta para o seu estado normal, inerte. 
O recurso, portanto, é o meio pelo intermédio do qual se pode reabrir essa porta. Reabrir a porta e devolver 
ao judiciário a capacidade de julgar, retirando de novo a jurisdição da inércia para julgar aquela mesma questão. 
É por isso que vocês já devem ter cansado de ouvir falar de um tal efeito devolutivo que é produzido pelos 
recursos. O que o recurso devolve? O recurso é o meio pelo qual o jurisdicionado, que já teve atendida – não precisa 
ser a pretensão o objetivo final do processo, pode ter sido qualquer questão que surgiu no curso e foi solucionada, no 
momento em que ela é solucionada, a jurisdição encerrou a sua atividade relativamente àquela questão, que já teve 
o serviço prestado, que já teve entregue a decisão que foi buscar, e que por ter esse direito, naquele caso, previsto 
em lei, exercita esse direito e de novo retira a jurisdição da inércia, ativando-a para aquele assunto para que ela se 
pronuncie de novo. 
Então a devolução é feita do jurisdicionado para o Poder Judiciário a capacidade de julgar de novo uma 
questão que já havia sido julgada porque o normal a jurisdição é una e é inerte, o normal é que cada questão seja 
submetida a uma apreciação do Judiciário e o Judiciário cumpre seu papel quando apresenta sua decisão. Mas, em 
algumas (ou muitas) oportunidades, há faculdade de repetir, percorrer de novo o mesmo período. E percorrer como? 
Por um ato voluntário. O jurisdicionado de novo provoca a jurisdição, bate na porta, ela abre e de novo tem o poder 
de julgar aquela questão. 
 
O que é devolvido então é o poder de julgar. O recorrente, ao usar desse remédio processual devolve 
ao Poder Judiciário a capacidade de julgar aquela questão, é isso que o recurso devolve, o poder dever de julgar. 
Essa é uma faculdade, portanto, não é uma obrigação. 
 
Os recursos estão dentro do sistema processual, tem a natureza jurídica de ônus processual. 
O que é um ônus? Onde convivemos com esse instituto? 
2 
 
A prova. A prova é o meio por intermédio do qual as partes podem demonstrar os fatos que alegam. E essa 
obrigação de produção de provas está distribuída, normalmente quem alega deve fazer prova das suas alegações. 
Ou, em alguma situações, essa obrigação é o contrário. 
O cumprimento desse ônus é uma faculdade, mas se não for cumprido, a parte não produzir provas para 
apresentar a veracidade dos fatos que alega e fundamenta a sua pretensão, qual é a consequência? Possivelmente 
não será acolhida a sua pretensão por ausência de demonstração de veracidade dos fatos alegados, não é mesmo? 
O direito ao recurso, ou o exercício ao recurso é um ônus processual, essa é a natureza jurídica do instituto 
– como de regra a faculdade da prática de atos, quase todos têm natureza de âmbito processual. Ou seja, ninguém é 
obrigado a recorrer mas se não recorrer assumirá a consequência. 
E qual é a consequência quando uma pessoa poderia ter recorrido e não recorre? A decisão vai se tornar 
estável porque todos os atos que são facultados às partes normalmente deve ser exercida dentro de um lapso 
temporal, o qual esgotado não se pode mais praticar o ato. E aí se assume as consequências da sua inércia, não é 
mesmo? 
 
Resumindo: é um instituto processual, natureza de ônus processual, que tem o condão de devolver ao 
Judiciário o poder de exercitar a jurisdição quando já havia sido exercitada, então, retira pela segunda vez o 
Judiciário da inércia e que é voluntário (depois vamos voltar ao voluntário). 
 
Mas o que move alguém a recorrer, qual é o motivo? 
O inconformismo. Então, o recurso é uma manifestação de inconformismo. Por intermédio dele se impugna 
uma decisão com a qual não se concorda. 
 E esse inconformismo é a mera discordância? O que precisa estar lastreando esse inconformismo para 
que se justifique a interposição do recurso? 
A decisão não traz apenas inconformismo, mas mais do que isso, ela traz uma lesão, um gravame, um 
prejuízo (de deixar de ganhar alguma coisa). A decisão que pode ser objeto de recurso é a decisão que traga um 
gravame àquele que manifesta o recurso, por isso está associado o direito ao recurso à posição de quem recorre 
como sucumbente. Quem pode recorrer é quem sofreu uma perda, sucumbir é perder. 
Nós ainda relacionamos muito o palco dos processos adversariais estatais a um palco de guerra, então 
usamos ainda vocábulos que nos remete a ideia de disputa, de combate (sucumbente, vencido). 
Resumindo: O que move, justifica a interposição de um recurso é a existência de um gravame para quem 
recorre. 
 
Portanto, o recurso vem para curar esse mal ocasionado pela decisão e é por isso que vocês vão ler com 
muita frequência que recurso é um remédio processual que é o único que serve para o objetivo almejado, que é 
provocar uma nova decisão acerca daquela mesma questão. Por isso que se diz que é o remédio processual idôneo 
(adequado), voluntário. 
 
Voluntário – a voluntariedade tem dois significados: assim como o direito de ação é regido pelo princípio 
dispositivo, isto é, sempre haverá um ato de vontade ao exercitar-se um recurso. 
Isso tem dois significados: 
1. ninguém é obrigado a recorrer. 
2. Não existe nenhum recurso de ofício – e agora é a deixa para eu ser contestada – quem vai 
me contestar e quais são os argumentos da sua contestação? 
 
Richard falou em reexame necessário. 
O reexame necessário e o novo julgamento obrigatório com um colegiado ampliado não são recursos, são 
requisitos de validadedas decisões. Vejam que no caso do reexame necessário é requisito de validade das decisões 
contrárias aos interesses das pessoas jurídicas de direito público – não são todas – primeiramente para decisões 
proferidas pelos juízes singulares de primeira instância e em segundo lugar só cabe para as hipóteses não excluídas 
em lei (condenação até 60 salários mínimos não cabe; quando houver precedente vinculante acerca do tema não 
cabe), há uma série de circunstâncias que exclui. Mas quando é exigível esse reexame, é necessário por uma 
questão de segurança. 
O que move aqui? Nesse caso a preservação do chamado bem público – não exatamente do interesse 
público, mas do patrimônio público. No outro caso é de segurança jurídica – art 942 – são geralmente situações em 
que não se tem muito claro se foi tomada a melhor solução. 
 
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a 
ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no 
regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às 
partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. 
 
No caso da rescisória se quer preservar a estabilidade das decisões, então quando há um voto ao menos 
nesse sentido contrário há uma dúvida razoável, como se costuma dizer no direito americano, que se justifica pensar 
melhor e refazer o seu processo de julgamento. 
3 
 
A dúvida razoável também existe quando uma sentença de mérito, ou uma decisão interlocutória de mérito, 
é alterada no recurso de apelação ou de agravo de instrumento por maioria de votos. Tecnicamente o leigo, nesse 
caso tem um empate, tem dois votos em um sentido e dois votos em outro sentido. Por que? Ele tem a decisão 
monocrática em primeira instância favorável a ele. Aí ele tem um outro integrande de um quórum de três que vota do 
mesmo jeito, concorda com a decisão de primeira instância. No entanto os dois outros discordam e com isso a 
decisão é modificada. 
Pro jurisdicionado é uma situação muito iníqua porque é difícil para ele entender que quatro votos, três tem 
maior valor do que o primeiro e é justamente porque existe uma dúvida razoável, quer dizer, dois julgadores julgaram 
em um sentido e outros dois no outro sentido que se impõe uma nova rodada de decisão com quórum ampliado pra 
ver se mantém a primeira ou a segunda solução, então isso é para a segurança jurídica. 
Mas num caso como no outro, o que se exige é que este novo julgamento se faça para que aquela decisão 
seja válida. Então não tem ninguém recorrendo. 
Vocês imaginem a figura: o juiz ou a juíza estuda, manda lá o estagiário fazer a sentença, ele assina. Tem 
sentido alguém recorrer daquilo que fez? Só se for bipolar. Não resiste a um exame mínimo de lógica, então é 
evidente que ninguém recorre de sua própria decisão, ele está cumprindo com um requisito de validade. Neste caso, 
se houver o exercício do recurso por parte da pessoa jurídica de direito público, de qualquer maneira vai ser levado 
mesmo a um reexame. Fique claro que apesar do mal hábito – na prática eu sempre digo que o pior inimigo da 
ciência do direito é a malvada da prática porque distorce institutos, não existe o chamado recurso de ofício. Essa 
expressão é equivocada, é errada, não existe esse figura no direito brasileiro e, portanto, o que nós temos nessas 
hipóteses de que são exemplos o exame necessário e o novo julgamento obrigatório do art. 942 é o requisito de 
validade da decisão. 
 
Visto a característica da voluntariedade, vejamos o que se pode alcançar. O que aquele que impugna a 
decisão dentro do mesmo processo no qual ela foi proferida – estão lembrados que o curso impugna a decisão 
dentro do mesmo processo em que ela foi proferida. O que pode almejar com o recurso? Quais os objetivos possíveis 
de um recurso? 
 
Reforma 
E quando se requer a reforma da decisão o recorrente quer demonstrar que aquela decisão é o quê? Ela é 
injusta e quem a prolatou praticou um erro na decisão, julgou mal, aplicou mal. Porque estamos tratando aí da 
qualidade da decisão, o efeito da decisão. 
Então, quando se quer modificar uma decisão se está a dizer que aquela decisão é injusta. 
Vocês vão encontrar uma expressão em latim, por isso habituem-se a ela quando estivermos falando em 
decisão injusta e que o objetivo da reforma da mesma é porque o recorrente está indicando que naquela decisão 
existe um error in iudicando, é erro na aplicação do direito no julgado. 
Não é só isso que se pode objetivar, há um outro objetivo: 
 
Anular a decisão. 
E quando é que um recorrente quer invalidar, anular a decisão? Quando ele entende que ela foi proferida 
com vício, o vício na produção do ato, o que significa que não se aplicou adequadamente as regras naquele 
processo. Isso significa que houve um erro na condução do processo que produziu aquela decisão e por isso vocês 
encontrarão outra expressão, error in procedendo, isto é, erro no procedimento, no processo, na produção das 
decisões dentro daquele processo. 
Um inconformismo se volta contra o contéudo, o outro se volta contra a forma como a decisão foi trazida pro 
processo. 
 
Costurando tudo o que nós já falamos até aqui: 
Recurso é o remédio processual idôneo, voluntário, exercitado no mesmo processo no qual foi proferida a 
decisão que se impugna com o objetivo que ela seja modificada ou que ela seja invalidada. 
 
Eu sei que dentro desse conceito está faltando um objetivo que pode ser atingido com um único recurso, 
todos os demais objetivam ou a modificação, ou a anulação da decisão recorrida. Mas há um recurso que objetiva 
coisa diferente: os embargos de declaração. Eles objetivam esclarecer contradição, obscuridade ou a 
complementação da omissão, ou seja, análise do ponto obtido e o erro material, a correção do erro material. Todos 
esses objetivos são para o aperfeiçoamento da decisão, pra melhoria da decisão, pra que se expulhe os erros 
materiais, para que corrijam as obscuridades, contradições e para que complemente o seu conteúdo. 
Portanto, esse recurso é um recurso anômalo, ou seja, diferente de todos os demais. Todos os demais têm 
característica modificativa e os embargos não têm essa característica. Por isso a professora não costuma incorporar 
os seus efeitos ao conceito, mas vocês vão encontrar muitas definições que incorporam esses objetivos à admissão 
também, porque são objetivos únicos, só os embargos atingem esses objetivos. 
 
Antes de nós analisarmos como é que se exercita esse direito, ou seja, quando é que esse direito existe e 
como ele deve ser exercitado para que atinja o seu objetivo. E nós vimos ao estudar a ação rescisória o quanto é 
importante a admissibilidade do recurso, ou seja, a análise da presença do direito de recorrer e do adequado 
4 
 
exercício desse direito. É tão importante que cabe contra essa decisão que não admite o julgamento do recurso a 
ação rescisória, tão importante é essa análise da admissibilidade. Mas antes de nós irmos para esse ponto eu só 
quero chamar a atenção de vocês para algumas questões que podem até ser consideradas paralelas, mas me 
parecem muito relevante. 
A primeira questão é sobre a integração ou não do direito ao recurso como garantia absoluta, inerante ao 
direito de ação, como vocês vão ler aos borbotões. 
O nosso sistema garante sempre um recurso, pelo menos uma vez contra uma decisão? Não. E por que 
nós podemos dizer que não? Porque nós temos decisões de única instância. Então, nós não podemos afirmar que a 
Constituição como direito como garante o direito de ação, o direito ao recurso. Não é verdade que contra a primeira 
decisão sempre caberá uma recurso. Nós temos decisões de única instância. Eu acho que eu até mostrei pra vocêsonde é que nós contastamos que no nosso sistema nós temos decisões de única instância e por isso é impossível 
sustentar que é preservado sempre no nosso sistema o direito a pelo menos uma vez recorrer da decisão. 
 
Constituição Federal 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância (...) 
 
Em única ou última instância – duas conclusões importantíssimas: 
1. Causa decidida em única instância significa que é uma causa que só tem uma decisão contra a qual 
não cabe nenhum recurso. Então o nosso sistema tem decisões de única instância. Todas as ações de 
competência originária dos tribunais e não apenas originárias do Supremo, salvo pouquíssimas exceções que 
nós vamos ver que cabe o recurso, são decisões em única instância, porque não permitem nenhum recurso 
comum contra ela. 
2. Decisão de última instância é a decisão que é proferida quando o sistema garante ou prevê a 
segunda instância, o recurso para a segunda instância. Decisão de última instância é a decisão proferida no 
recurso de apelação, no recurso de agravo de instrumento, no recuro ordinário e no agravo interno. São 
decisões de última instância. Isso nos leva a uma outra conclusão: que só existem duas instâncias no sistema 
brasileiro e quando existem, porque quando a ação é competência originária de tribunal o sistema é de única 
instância. E isso é muito importante porque estamos vivendo um momento em que nós somos bombardeados 
todos os dias com reportagens dizendo que no Brasil temos quatro instâncias, quando muito temos duas 
instâncias. Nenhum processo passa por quatro instâncias, não existe nem terceira e nem quarta instância. Nós 
temos em última instância o pronunciamento da chamada segunda instância. 
 
Onde entra o recurso especial e o recurso extraordinário nisso? Não entra, porque o recurso especial e o 
recurso extraordinário, quando são cabíveis, eles abrem uma instância excepcional de superposição, não de terceira 
e muito menos de quarta. Se tivesse alguma dúvida a expressão “de última instância” não deixa dúvidas, é uma 
decisão que já está, em tese, acobertada pela coisa julgada. Última instância é decisão que encerra a atividade 
jurisdicional. Mas a Constituição prevê que em algumas situações excepcionais quando esta decisão que já equivale 
a uma decisão acobertada da autoridade da coisa julgada, a interpretação e aplicação do dispositivo constitucional 
pode (conibir?) ao equilíbrio e segurança pro sistema porque aquela interpretação ofende a ordem constitucional 
porque ela pode trazer uma fratura na ordem constitucional ou porque aquela decisão ofende a forma adequada de 
aplicação da norma federal e isso pode trazer uma fratura, pode romper o sistema, pode provocar o tratamento 
desequilibrado dos jurisdicionados, quer dizer, um foi tratado de um jeito e outro vai ser tratado do outro. Nestas 
hipóteses os tribunais superiores excepcionalmente vão julgar em recurso extraordinário ou em recurso especial 
essas causas que já estavam findas e vão julgar não em benefício das partes do processo, mas deverão julgar (ou 
deveriam julgar) em benefício da estabilidade da ordem jurídica. 
 
Então isso significa: 
- esses recursos não estão dentro da estrutura ordinária da jurisdição. A jurisdição termina regularmente, 
ordinariamente, com o pronunciamento em última instância, em algumas vezes na única instância. Esse 
pronunciamento, portanto, excepcional, não deve ser exigido em todas as causas, aliás, na minoria delas. 
- esse pronunciamento não abre uma instância nova, uma terceira, nem uma quarta. Esse pronunciamento 
se dá em benefício do sistema e apenas reflexamente em benefício das partes intercorrentes. 
 
É por isso que me causa bastante apreensão essa discussão que se prende neste caso à análise 
exclusivamente terminológica, nas palavras quando em outras situações se aceita a interpretação da Constituição 
não exclusivamente pelo sentido da palavra, mas pelo conceito jurídico, pelo conteúdo jurídico. Ou seja, do que eu 
estou falando? Para mim parece muito claro que o recurso extraordinário e o recurso especial quando são admitidos 
eles são admitidos contra decisões finais que equivalem a decisões transitadas em julgado e que sendo ela de que 
natureza for devem ser cumpridas. Porque esses recursos não impedem e nem suspendem a eficácia dessas 
decisões. Portanto, a simples questão terminológica que na Constituição se usa a palavra coisa julgada não se está 
dando significado diferente em últimas instâncias, exatamente é a mesma coisa, estamos falando o tempo todo da 
mesma coisa. Portanto, me parece estranho que em algumas interpretações da constituição que aceite como correta 
5 
 
a interpretação que não seja a literal e em outras que exija a interpretação literal. Mas enfim. Então o conceito de 
última instância é esse, de pronunciamento final. 
Só pra concluir que realmente não existem quatro instâncias, nem três, é que não há hierarquia entre o 
recurso extraordinário e o recurso especial, eles estão exatamente no mesmo nível. Se vocês olharem no Código de 
Processo Civil verão que esses dois recursos, quando cabíveis, serão exercitados concomitantemente. Não cabe, de 
regra, recurso extraordinário contra decisão proferida em recurso especial. Não há superposição e nem hierarquia 
entre esses recursos. Quando uma decisão de única ou de última instância, e decisão em recurso especial, recurso 
extraordinário não é nem uma coisa e nem outra, de única ou de última instância contiver um capítulo que trata de 
uma questão constitucional (interpretação, aplicação de um dispositivo constitucional ou o controle de 
constitucionalidade de uma norma) e outro capítulo, e aí que é tão importante nunca nos esquecermos que são 
capítulos/parcelas distintas de questões diferentes e num outro capítulo da decisão há uma questão federal 
(aplicação/interpretação de normas federais). Então quando há uma questão constitucional, uma questão federal, 
dois capítulos diferentes de uma mesma decisão, esses dois recursos serão exercitados concomitantemente, não há 
gradação, superposição. 
O tratado Inter americano de direitos humanos conhecido como tratado de São José da Costa Rica , esse 
tratado de fato tem uma previsão de que deve ser garantido nas condenações penais , contra sentenças 
condenatórias penais ao menos um recurso. E esse tema já foi enfrentado várias vezes pelo STF, não houve nenhum 
acórdão unânime. Mas todos versaram exatamente sobre esse tratado internacional do qual o Brasil é signatário, e o 
tratado entra sim em vigor nos nosso país com força de lei, e em uma condição acima das leis ordinárias. 
O tratado se refere a essa garantia apenas para as condenações criminais, não inclui, portanto, os processos 
cíveis. E ainda quanto a essas veremos que há ainda uma dissolução sobre a interpretação, se essa garantia não se 
aplicaria apenas as decisões proferidas monocraticamente pelos juízes de instancia singular (1ª instancia). 
Em todo caso, há algumas decisões irrecorríveis, como por exemplo aquelas do processo especial da justiça 
do trabalho, até o equivalente a dois salários mínimos, não tem previsto nenhum recurso contra ela. São sentenças 
condenatórias irrecorríveis, portanto, decisões monocráticas de primeira instancia, contra as quais não cabe nenhum 
recurso comum. Não cabe recurso ordinário contra condenação em até dois salários mínimos. 
Na Lei 6.830/80, que é a lei dos executivos ficais, o art. 34 traz uma situação que estabelece que nas 
sentenças proferidas sobre processos de valores "baixos", caberá contra essa sentença recurso de embargos 
infringentes, recurso esse que será julgado pelo mesmo juiz que sentenciou a causa. Embora não podemos falar que 
essa decisão é de instância única, é a mesma autoridade queaprecia o recurso e ele termina naquela mesma 
autoridade do poder judiciário. 
Por outro lado, e isso desmistifica a ideia que não exista decisão de 1º grau que transita em julgado, e essa 
é uma delas...Com a lei 9.099/95 (Lei Juizados Especiais) nós não temos a mudança de instância (01:05:26 - pulou 
uma parte)...Naquele microssistema cabe sim recurso apenas contra a sentença, lá cabe apenas um recurso 
chamado inominado (ela deu ênfase que o nome do recurso não é inominado, mas se chama assim por não ter 
nome). Esse recurso inominado é julgado por um colegiado formado por juízes de primeira instância que atuam com 
o juizado especial. Portanto não há mudança de uma autoridade inferior para uma autoridade superior. O que 
acontece na maior parte das causas submetidas ao poder judiciário, elas são de competência originária dos juízos 
monocráticos de primeira instância e contra essas decisões cabem recursos que são julgados pelos juízos colegiados 
de segunda instância. Essa é a maior parte da nossa realidade, mas isso não é absoluto, porque a competência para 
legislar sobre processo e isto inclui os recursos, é uma competência da União Federal , portanto os recursos podem 
ser criados e extintos por lei federal, salvo aqueles previstos na própria CF, que são apenas três : o recurso ordinário, 
recurso especial e recurso extraordinário. Estes não podem ser extintos por lei infraconstitucional, todos os demais 
podem. Se a CF estabeleceu que só lei federal pode disciplinar sobre o processo, isso não inclui os regimentos 
internos. Então, não existe nenhum recurso criado por regimento interno, os regimentos internos podem apenas 
regulamentar, tanto os procedimentos de recursos, como de ações no âmbito de seus respectivos tribunais. Mas eles 
não põem nem criar nem extinguir recursos, porque isso é matéria processual de competência exclusiva da 
legislação federal. Então lembrem-se de não cometer o erro de dizer que tem um agravo regimental - NÃO EXISTE 
AGRAVO REGIMENTAL, existe o agravo interno previsto no código de processo civil, que já estava previsto no 
código anterior. Desde a CF/88 regimento interno não pode criar recurso. Ou seja, desde a CF/88 os agravos que 
continuaram sendo chamados de regimentais estavam regulados no código de processo civil. 
 
Admissibilidade Recursal 
 
Juízo/exame de admissibilidade ≠ Juízo/exame de mérito recursal 
 
A admissibilidade é necessária para a prática de todos os atos processuais, a começar pelo exercício de 
direito de ação por intermédio do ajuizamento da petição inicial, sempre que as partes praticam um ato processual, 
sempre competirá ao julgador examinar se aquilo se deu com o cumprimento dos requisitos previstos em lei pra sua 
validade, e se quem praticou tinha direito de fazê-lo. Então a admissibilidade é ínsita da atividade processual, todos 
os atos praticados pelas partes são submetidos ao exame de admissibilidade, direito e adequação a prática daquele 
ato. Não é diferente com os recursos, o exercício do direito de recorrer pressupõem a presença do direito ao recurso 
e do adequado exercício desse direito. O conjunto desses requisitos é que compões a admissibilidade recursal, ou o 
chamado juízo de admissibilidade recursal. 
6 
 
Dentro da análise da admissibilidade recursal tem a identificação da existência ao direito do recurso -que 
requisitos é preciso estar presente para que o direito exista. E de outro lado a verificação de que se existente 
aquele direito se ele foi adequadamente exercitado. Estando presente ambos é que se admite o processamento 
do recurso. E é só após essa admissibilidade que se poderá analisar o MÉRITO do recurso, que é o inconformismo. 
E este para ser analisado precisa demonstrar as razões pelas quais está inconformado com aquela decisão, isso 
através da impugnação da decisão demonstrando seus equívocos. Ou seja, impugnando especificamente a decisão 
e indicando as razões pelas quais ela deva ser modificada ou invalidada. O mérito em qualquer recurso é exatamente 
esse, o conteúdo das razões de inconformismo, é isso que vai ser analisado no recurso. 
Esse mérito recursal não se confunde com o mérito da causa. O mérito da causa é sempre uma 
pretensão, há uma prestação do bem da vida. Portanto, é sempre direito material. Já o mérito do recurso não 
necessariamente terá o direito material, poderá ser o mérito do recurso direito processual, quando o inconformismo é 
contra a validade ado ato da decisão proferida, o que se está querendo demonstrar é que aquela decisão não foi 
proferida da forma regularmente prevista na lei processual. Portanto, NÃO CONFUNDIR MÉRITO DO RECURSO, 
COM O MÉRITO DA CAUSA. 
O mérito dos recursos é sempre o conteúdo de suas razões de inconformismo, porque é o que vai ser 
analisado pelo órgão julgador. 
 
O que é preciso estar presente para que um recurso seja admitido? 
Primeiro é preciso estar presente o direito ao recurso, mas como se identifica esse direito? O conjunto de 
requisitos que identificam a presença do direito ao recurso são chamados requisitos subjetivos ou intrínsecos, dizem 
respeito a presença do direito ao recurso. O primeiro passo para identificarmos se existe direito ao recurso é 
identificarmos se existe uma decisão e se contra essa decisão está previsto algum tipo recursal, então o primeiro 
requisito é o CABIMENTO. E para trabalharmos com esse tema (cabimento) precisamos ter muito clara a 
classificação dos atos decisórios, quais são os atos decisórios proferidos no processo e como nós identificamos cada 
um deles? 
São atos praticados pelos juízes: Despacho, decisão interlocutória e sentença. 
O acórdão é uma decisão proferida por um colegiado. No art. 1001 está taxativamente que não cabe recurso 
contra despacho, lembrando que despacho não é decisão, então por óbvio não cabe recurso. Despacho é ato 
meramente ordenatório de administração do processo, não tem conteúdo decisório. 
 
NCPC, Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso. 
 
Então decisões interlocutórias e sentenças, que são definidas como atos monocráticos de juízes de primeira 
instância são atos decisórios e contra eles estão previstos recursos. 
Os acórdãos podem ter diferentes conteúdos e será necessário olharmos o conteúdo dele para identificarmos 
o cabimento de algum recurso; mas de regra não cabe recursos sobre decisão colegiada, é só exceção. 
Decisão monocrática é só juiz de 1º grau que profere? Não. Ela pode também ser proferida pelo relator, e em 
algumas hipóteses pelo presidente. Essas decisões comportam ou não comportam recurso? Comportam sempre. 
São decisões que tem contra si de regra, salvo previsão legal expressa a possibilidade de um recurso para 
justamente levar o tema a discussão do colegiado. Porque a regra dentro dos tribunais são as decisões colegiadas, 
as decisões monocráticas são exceções, e por isso contra elas sempre cabe recurso, de regra é o agravo interno, 
justamente para provocar o julgamento do colegiado, porque o natural é que os tribunais julguem de forma colegiada. 
Definição de decisão interlocutória: nós temos no nosso sistema a decisão interlocutória de mérito. Então 
uma coisa que nós não podemos dizer é que decisão interlocutória não julga o mérito. A decisão interlocutória ela 
pode aplicar assim como a sentença qualquer das soluções dos arts. 485 e 487 do CPC. 
 
E como de modo prático conseguimos distinguir uma da outra (sentença de decisão interlocutória)? 
Se uma decisão leva ao encerramento do processo ou a encerramento pelo menos da fase de conhecimento, 
isto é uma sentença. Se uma decisão é proferida e mesmo que ela não tenha conteúdo de mérito (não examina o 
pedido), prossegue o processo ou prossegue a fase de conhecimento, isto é uma decisão interlocutória. 
Para facilitar o entendimento você deve olhar o processo e ver se sobra processo depois dela ou se não 
sobra. Esse é um divisorde águas prático e infalível para descobrir sua natureza jurídica. No nosso sistema nós 
adotamos o sistema taxativo e uni-recursal, então essa correlação entre ato decisório e recurso é fundamental, se 
nós não diferenciarmos uma decisão não saberemos achar o recurso cabível, e no nosso sistema só há um recurso 
cabível contra cada decisão, ou pelo menos para cada objetivo perseguido só existe um tipo de recurso. 
 
Eu posso dizer que para modificar a sentença cabe sempre recurso de apelação? 
Não. Exemplos disso são os da Lei 8.099/95, Juizado especial, que contra sentença só cabe recurso sem 
nome e o art. 34, da Lei 6.830/80 que cabe de recurso os embargos infringentes. 
 
Mas e dentro do código sempre contra sentença cabe apelação? 
No código de processo civil temos o chamado recurso ordinário constitucional, conhecido como ROC. Esse 
recurso nas sentenças proferidas por juízes de primeira instância nos processos envolvendo de um lado pessoas 
jurídicas de direito público externo (estado estrangeiro ou organização internacional) e de outro lado pessoa física ou 
7 
 
jurídica domiciliado no Brasil ou município brasileiro, apesar deste processo ser de competência do juiz federal de 
primeira instância (art. 109, CF), contra sentença proferida por este juiz não caberá apelação, caberá recurso 
ordinário. Diferentemente dos outros casos da justiça federal que a sentença cabe apelação e a apelação vai pro 
TRF, este recurso ordinário vai pra STJ. 
 
Então há uma exceção no código de que o recurso cabível contra sentença não é apelação, de forma que 
não se pode responder que contra todas sentenças cabem apelação. NÃO CABE GENERALIZAÇÃO EM RECURSO. 
Toda decisão interlocutória comporta agravo de instrumento? 
Não. As decisões interlocutórias que comportam agravo de instrumento estão arroladas nos incisos do art. 1015, 
CPC. 
 
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: 
I - tutelas provisórias; 
II - mérito do processo; 
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; 
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; 
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; 
VI - exibição ou posse de documento ou coisa; 
VII - exclusão de litisconsorte; 
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; 
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; 
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; 
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o; 
XII - (VETADO); 
XIII - outros casos expressamente referidos em lei. 
 
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou 
de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. 
 
Este art. Identificou quais seriam as decisões interlocutórias passíveis desse instrumento, e contra todas as 
demais, no art. 1.009, § 1º, caberá apelação. Pode impugnar também decisão interlocutória. 
 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. 
§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas 
pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. 
 
Esse art. prevê que as decisões interlocutórias não agraváveis (art.1.1015, CPC), poderão ser impugnadas como 
preliminares de um recurso de apelação. Os recursos eles só cabem na forma que estão previstos em lei, só cabe 
um recurso. Não pode escolher se quer interpor um recurso de agravo de instrumento ou se vai deixar para impugnar 
no final, se a decisão é uma daquelas do rol taxativo e a parte deixa passar o tempo e após isso ela quer impugnar já 
ocorreu a preclusão. Só não preclui as decisões interlocutórias que não estão previstas no art. 1.1015. Há sempre 
apenas um recurso, e não existe capacidade seletiva para escolher qual deles você deseja interpor. Isso se deve aos 
princípios da taxatividade e o principio da singularidade. 
 
● Princípio da Taxatividade: Só existem os recursos expressamente previstos em lei. 
● Princípio da Singularidade ou Unicidade: contra cada decisão só cabe um recurso. 
 
Quando nós identificamos que a nossa decisão tem um recurso contra ela, nós precisamos identificar quem são 
os legitimados para fazê-lo. 
 
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal 
da ordem jurídica. 
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial 
atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. 
 
A parte vencida é quem poderá interpor recuso. A parte vencedora pode ter esse direito como por exemplo, o 
autor deduz pedidos, mas não pedidos alternativos, ele deduz pedidos em ordem de gradação - ele quer receber o 
produto que comprou, mas se não for possível, o dinheiro, que se não for possível, etc. Essa cumulação de pedidos 
se chama de “subsidiários”, a primeira preferência que dá maior grau de satisfação é o pedido 1, mas se não for 
possível que seja provido o pedido 2, e assim sucessivamente e subsidiariamente. O autor que tem o pedido 2 
acolhido, é julgado procedente, ele venceu, mas ele não obteve todo resultado útil que poderia esperar. Portanto, ele 
sofreu sim um sucumbimento, ainda que pequeno, ele tem também direito ao recurso se assim ele estiver previsto 
em lei. 
Além da parte vencedora, o terceiro juridicamente interessado ou o terceiro prejudicado pode interpor recurso . 
 
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal 
da ordem jurídica. 
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial 
atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. 
 
8 
 
O art. 966, CPC define quem é o terceiro que pode apresentar recurso. É necessário que o terceiro demonstre 
a existência de um interesse jurídico, de um prejuízo jurídico. Ele tem que mostrar que há a possibilidade concreta de 
que ela perca um direito de postular alguma pretensão, ou que ele tenha prejuízo na relação que mantém com uma 
das partes, ou seja, a decisão atinge os seus interesses. Lembrado que interesse moral ou econômico não justifica 
que o terceiro entre no processo para apresentar recurso. 
Na legitimidade da ação rescisória nós vimos que o terceiro foi classificado de duas formas: o terceiro 
juridicamente interessado e o terceiro que deveria obrigatoriamente ter sido notificado do processo que pudesse 
participar e não foi – CMB, CADE, Secretarias (...), são esses órgãos que devem ser ouvidos no processo que podem 
interpor ação rescisória, o mesmo serve para a interposição dos recursos. 
 O Ministério Público (legitimado quando ele não for parte), quando atuar como custus legis ou quando ele 
deveria ter atuado como custus legis e não o foi. Há uma Súmula de que o MP mantém a legitimidade recursal 
mesmo quando atue apenas como custus legis, e as partes – autor e réu – não tiver recorrido contra a decisão. 
Não basta que haja legitimidade para que haja o direito ao recurso, é necessário que se demonstre o interesse 
a recorrer. Interesse recursal deve ser demonstrado pela presença da necessidade + utilidade do recurso. O 
interesse recursal é muito parecido com o interesse de agir (o processo deve ser útil e necessário para que exista o 
interesse de agir, o recurso deve ser útil e necessário para que haja o interesse recursal). Como identificamosessa 
necessidade e utilidade? Ele é necessário quando ele é o único meio adequado para atingir o objetivo almejado. E é 
útil quando o resultado que se almeja vai ter uma consequência pratica visível para quem recorre, aquele que recorre 
se for provido seu recurso terá uma situação pratica melhor do que tinha com a decisão recorrida. Isso significa que 
não pode só ocorrer contra o fundamento de uma decisão, por exemplo, quando se postula uma pretensão com um 
fundamento e essa pretensão é concedida sobre outro fundamente, não há interesse recursal. O interesse recursal 
é demonstrado pela identificação do resultado prático mais útil para quem recorre. 
O quarto requisito de admissibilidade que identifica a existência do direito ao recurso é o requisito negativo. É 
necessário que se verifique se não houve nenhum fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrer, isto é, é 
preciso verificar a manutenção do interesse recursal. Os arts. 998, 999 e 1.000 do CPC, tratam de fatos extintivos ou 
impeditivos do direito de recorrer. 
 
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. – Desistência 
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela 
objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. 
 
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. 
 
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Preclusão lógica 
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer. 
 
A renúncia é abrir mão de um direito que ainda não foi exercitado. A renuncia aqui, é abrir mão do recurso que 
ainda não foi exercitado. Então previamente, antes de se exercitar o direito se renuncia ele, e a renuncia impede 
posteriormente o exercício do direito de recorrer. A renúncia pode ser um prévio ajuste entre as partes, no entanto ela 
é unilateral e incondicionada, não depende nem da aceitação, nem da ratificação. Não precisa também ser 
justificada. A renúncia pode ser expressa, mas podemos ter a renuncia como resultado da preclusão lógica ou da 
preclusão temporal. 
 
● Preclusão Logica: quando se pratica um ato logicamente incompatível com o ato praticado anteriormente. É a 
perda do direito por prática de atos anteriores logicamente incompatíveis com o exercício daquele direito. 
● Preclusão Temporal: deixar passar o prazo para interposição do recurso sem interpô-lo. 
A desistência ao contrário das anteriores é exercitada depois do exercício do direito de recorrer. Apresenta-se o 
recurso, depois desiste dele. A desistência pode se dar em qualquer momento, do ato que se interpôs até o momento 
que se leva ao julgador. A desistência também pode ser consequência de um ajuste entre as partes. 
No art. 998, que se direciona a desistência ele menciona os recursos repetitivos, que são uma forma de 
julgamento de massa, para a formação de tese. Por exemplo, quando uma questão se repete em vários recursos, 
deve se tomar um desses recursos ou alguns desses recursos como chamados “representativos de controvérsia”. 
Aquele recurso escolhido vai passar por duas etapas quando for levado ao julgador: o primeiro momento vai se julgar 
a questão, para formar a tese - como aquela questão deverá ser resolvida de maneira que essa forma de solução 
venha a ser aplicada em todos os processos posteriores; Esse recurso tomado por amostragem depois que se forma 
a tese o tribunal vai julgar o caso concreto, e vai aplicar aquela tese ao caso concreto e vai examinar outras 
eventuais questões que tenha sido também admitido no recurso ordinário. 
Aquele mesmo recurso serve para dois tipos de julgamento: o julgamento que serve para a coletividade – para a 
formação da tese. E o julgamento individual, que serve só para as partes daquele processo. 
O parágrafo único do 998 dispõem que quando o recorrente que teve o seu recurso tomado como demonstrativo 
da controvérsia, ele pode desistir, mas não pode desistir do recurso por inteiro. Ele pode desistir, mas a sua 
desistência só atinge o segundo julgamento. Aquele julgamento que teria do seu caso concreto. A desistência vai 
impedir que haja esse julgamento; Mas o primeiro que é aquele de interesse público em que o recurso está sendo 
usado como demonstrativo da controvérsia vai prosseguir. Então a desistência tem efeito apenas para o julgamento 
individual. Para aquela finalidade publica da qual ele foi escolhido ele continuará o seu julgamento. 
Repercussão Geral 
9 
 
A repercussão geral é uma análise previamente que o STF faz das questões que abarcam aquele recurso 
extraordinário, e se não foi admitida a existência da repercussão geral o recurso não será julgado. No entanto, cada 
vez que se admite a repercussão geral obrigatoriamente o tema daquele recurso tem que ser julgado, porque 
também vai se tirar uma tese. Então quando já admitida a repercussão geral, do mesmo modo não vai se impedir a 
formação da tese; aquele resultado não vai ser exigido das partes, a elas não vai se obrigar, mas a tese será julgada. 
Nessas hipóteses o recurso tomou a sua dimensão publica, ele vai ser usado para que o tribunal forme uma tese, e 
ela será vinculante. Todas as questões iguais ou semelhantes serão julgadas do mesmo modo. Quando se examina 
a admissibilidade do recurso não basta examinar o momento que o recurso é interposto, é preciso examinar também 
o momento que ele será levado a julgamento, porque o interesse recursal deve existir no momento da interposição e 
persistir até o momento do julgamento. É por isso que se verifica a inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do 
direito de recorrer. Vista a presença do direito ao recurso é necessário verificar se esse direito foi adequadamente 
exercitado, e é aí que entra os requisitos objetivos ou extrínsecos. 
 
Estudo Complementar: (1) Princípio do duplo grau de jurisdição; (2) Quais são os requisitos extrínsecos ou 
objetivos de admissibilidade – Regularidade formal, tempestividade e preparo. (3) Ler sobre os exemplos da 
interposição dos recursos (4) contraditório quando exercitado o recurso (5) Classificação do recurso por três critérios: 
(a) quanto a sua natureza; (b) quanto a extensão do recurso – parcial ou total; (c) quanto a autonomia do recurso – 
Independente ou acessório. 
Fonte de estudo - Parte geral do CPC e o Curso de processo civil, Marinoni. 
 
Aula 14/08 
 
Admissibilidade 
Requisitos objetivos: o primeiro requisito de admissibilidade objetiva é a regularidade formal, dentro desse 
requisito cabem alguns pontos relevantes: (1) regularidade formal é apresentar o recurso por intermédio de um a 
peça escrita – em português, ou seja, não há outra forma de recorrer se não de forma escrita. (2) Essa peça deverá 
ser dirigida a autoridade de quem se recorre – essa é a regra no nosso sistema, apresenta-se o recurso para 
autoridade de quem se recorre que é normalmente é chamada de autoridade a quo. E depois, essa autoridade já 
enviava esse recurso para a autoridade ad quem. Nós só temos um recurso que é diferente, que é apresentado 
perante autoridade ad quem, que é o agravo de instrumento. 
 
CUIDADO! Não responder nunca só agravo, deem o sobrenome. Nós temos três tipos de agravo em 
processo civil, se falar só em agravo não se sabe qual agravo estão falando. 
 
O art. 1.010 embora esteja inserido na disciplina no recurso de apelação, ele é um artigo muito bom para nós 
identificarmos os elementos que compõe a regularidade formal. Neste artigo nós temos a parte mais importante das 
razões recursais, que são os dois últimos incisos, o penúltimo tem o fundamental de qualquer recurso, que são as 
razões de inconformismo, os motivos pelos quais está sendo impugnadaa decisão recorrida. E esta impugnação ela 
deve ser específica, deve se impugnar especificamente os fundamentos da decisão. O recurso deve ser 
fundamentado e impugnar precisamente os fundamentos da decisão da qual se recorre. E finalmente o 
requerimento de novo julgamento. São esses dois fundamentos que fixam a extensão da devolução. Ou seja, o 
que vai ser matéria do novo julgamento, e o que se busca com aquele recurso. 
 
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: 
I - os nomes e a qualificação das partes; 
I - os nomes e a qualificação das partes; 
II - a exposição do fato e do direito; 
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; 
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; 
IV - o pedido de nova decisão. 
IV - o pedido de nova decisão. 
§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. 
§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. 
§ 2o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões. 
§ 2o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões. 
§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de 
admissibilidade. 
 
Então esse art. 1.010 ele é prático porque ele serve de indicativo para os recursos, apesar de estar inserido 
na parte do código que regula a apelação. Além da esfera forma, com as razões de inconformismo, o segundo 
requisito objetivo é a tempestividade. Da tempestividade trata o art. 1.013, do CPC. O recurso deve ser exercitado 
dentro do tempo previsto. Esse tempo o legislador unificou no prazo de 15 dias, todos os recursos são exercitáveis 
no prazo de 15 dias da intimação da respectiva decisão. Apenas os embargos de declaração tem prazo diferente, 5 
dias. Não se consta prazo nos feriados, mas os únicos feriados que automaticamente não são contemplados como 
dias úteis, são feriados nacionais, todos os demais feriados locais devem ser feitas prova. 
 
10 
 
Quando existe um prazo fixado em lei para prática de um ato, o ato que for praticado antes do início do prazo 
ou depois dele é intempestivo do mesmo jeito. O tempo da realização do ato é aquele, o que está para fora é 
intempestivo, pouco importa se feito antes ou depois. No código anterior havia uma multiplicidade de interpretações, 
alguns achavam que o que era interposto antes do prazo era intempestivo, outros entendiam (e esse era o 
entendimento predominante) que quem recorre antes do prazo para ter o recurso recebido deveria reiterá-lo dentro 
do prazo legal, como condição para ele ser processado. E essa foi a orientação que predominou por força de 
impedimento do STJ. O código atual resolveu esse problema, no art. 1.003 traz que os recursos interpostos antes do 
prazo legal são tempestivos e independem de ratificação para serem aceitos. Outro problema ainda é o recurso que 
interposto antecipadamente, antes do julgamento dos embargos de declaração, e quando esses embargos de 
declaração levarem alguma alteração da decisão embargada. 
 
Os embargos de declaração cabem contra todas decisões judiciais, e quando eles são opostos eles 
interrompem o prazo do recurso modificativo – volta a fruir o prazo por inteiro quando for publicada a decisão dos 
embargos de declaração. Então o ED interrompe o prazo do recurso modificativo, prazo esse que só fruirá depois da 
publicação da decisão dos ED. Embora os ED de regra não resulte em modificação das decisões , pode acontecer 
que por consequência da complementação de uma questão omitida, ou de um esclarecimento de uma contradição , 
ou de uma obscuridade, venha a ser necessário modificar alguma coisa na decisão. Essa mudança poderá trazer um 
gravame para uma das partes, se trouxer um gravame para aquela que já recorreu é um problema, pois ela já 
recorreu antecipadamente e a rigor o seu direito foi colhido pela preclusão consumativa. Mas, se este recurso é 
interposto antes do julgamento dos embargos, e os embargos complementam a decisão, alteram ou trazem um novo 
gravame para aquela parte a questão que surge é: aquela parte poderia aditar as suas razões recursais para também 
impugnar o pedaço que ali foi acrescido a decisão originária? Antes do código de 2015 o entendimento predominante 
era negativo, esta parte já havia exaurido o seu direito, preclusão consumativa. O código de 2015 também alterou 
esse tema, permite-se no código o aditamento das razões recursais para que o recorrente possa impugnar a nova 
parcela da decisão. Aqui nós resolvemos dois problemas, o recurso que foi interposto antes do prazo legal (antes do 
julgamento dos embargos), e a necessidade de aditamento das razões recursais, para impugnar essa decisão 
proferida por força dos embargos. Então no código atual considera o recurso tempestivo independente de qualquer 
ratificação, e permite o aditamento das razões para impugnar o novo pedaço da decisão. 
 
E finalmente, o último recurso de admissibilidade que é o preparo. Dele trata o art. 1.007. O preparo representa 
o pagamento das custas recursais, ou seja, as custas pela nova prestação de serviço que é o julgamento do recurso. 
O preparo do recurso é entendido como o pagamento das custas recursais e para os processos físicos também o 
porte de remessa e retorno, que é um custo adicional as custas relativas ao transporte do processo físico. A prova do 
preparo deve acompanhar o protocolo das razões recursais; o recorrente deve com o ajuizamento de suas razões 
fazer prova que recolheu as custas. Para tanto, ele deve ser pago antes do ajuizamento. 
 
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, 
inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. 
§ 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo 
Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. 
§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de 
seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. 
§ 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. 
§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de 
retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. 
§ 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento 
realizado na forma do § 4o. 
§ 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) 
dias para efetuar o preparo. 
§ 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de 
dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. 
 
Deve ser observada as regras quando não houver o pagamento do preparo, ou quando esse pagamento for 
incompleto. O código previu que quando o pagamento for incompleto obrigatoriamente deverá ser intimado o 
recorrente para facultar o pagamento no prazo de cinco dias de sua intimação. Essa previsão veio para derrogar uma 
súmula do STJ que previa a não admissibilidade do recurso por pagamento incompleto das custas inclusive, se não 
pagasse o porte de retorno, sem o direito de complementação. Foi contra essa súmula que o legislador escreveu que 
tem direito de fazer a complementaçãoe deverá sempre ser intimado dando essa faculdade no prazo de cinco dias, 
essa é a complementação. Na hipótese de o recorrente deixar de recolher o preparo, o legislador previu que este 
será intimado e terá a faculdade de pagar o preparo pelo dobro do seu valor. Uma outra previsão que também está 
sendo trazida, é quanto ao erro de preenchimento das informações, ou quando ilegíveis. O legislador proibiu que não 
fossem admitidos os recursos justamente porque houve um erro ou preenchimento da guia ou porquê um dado 
estava ilegível. 
Quando o recurso não é admitido pela falta de recolhimento de custas se dá o nome de deserto. Lembrando 
que são isentos do pagamento do preparo aqueles que são beneficiários da justiça gratuita, do MP, as pessoas 
jurídicas de direito público. 
11 
 
É a autoridade para a qual se recorre que vai analisar a presença dos requisitos de admissibilidade para levar 
ou não o recurso ao julgamento do mérito. No art. 1.008 fica estipulado que o juízo que recebe os recursos não tem 
competência para analisar a admissibilidade dos mesmos, e a ela compete enviar os recursos para o juízo 
competente, tribunal de destino. Mas antes disso todos os recursos salvo um, devem cumprir com o contraditório 
obrigatório. Todos os recursos, salvo um, tem garantido o contraditório pro adversário do recorrente. E portanto, 
recebida as razões de recurso independente da analise se estão sendo cumpridos ou não os requisitos de 
admissibilidade será aberta a oportunidade ao adversário do recorrente apresentar resposta ao recurso. O adversário 
do recorrente será intimado para apresentar resposta, e o prazo é 15 dias. O único recurso que não tem contraditório 
garantido são os EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Eles não tem contraditório automático mas podem ter contraditório 
excepcionalmente, quando a autoridade que recebe os ED (que é a mesma que vai julgá-lo) constatar que a 
motivação apresentada pelo embargante se acolhida será necessário alterar a decisão embargada, que pode ser 
uma consequência natural da análise da questão que havia sido omitida ou da correção da contradição ou erro 
material, se o julgador constatar a possibilidade de acolhendo aqueles embargos haver alteração da decisão 
embargada, ele deverá obrigatoriamente conceder o contraditório ao embargado. Isso não quer dizer que os 
embargos serão acolhidos, mas sim se SE acolher terá que modificar a decisão, ele deverá intimar a parte 
adversária. 
 
Conteúdo das contrarrazões 
O objeto das contrarrazões é apenas impugnar as razões recursais, ou seja, o recorrido sustentará razões 
para a manutenção da decisão recorrida. Nas contrarrazões o recorrido não requer nenhuma modificação da decisão, 
nenhuma prestação adicional, o que ele faz é resistir a pretensão do recorrente de modificar ou anular a decisão 
recorrida. Ou seja, servem apenas para servir de veículo de resposta, de desistência, mas não veículo de qualquer 
providência em favor do requerido. No entanto, hoje temos uma exceção prevista no § 1o, art. 1.009, CPC, este 
previu que as decisões interlocutórias não agraváveis de instrumento não preclui, e quem quiser impugná-las poderá 
fazer com preliminar nas razões de apelação ou em preliminar das contrarrazões de apelação quando for o apelado. 
As contrarrazões de apelação servirão não apenas para responder as razões do apelante, mas também para se 
voltar contra as decisões interlocutórias que eventualmente aquela parte deseje modificar ou anular. 
No art. 1.015 estão arroladas as decisões interlocutórias passiveis de agravo de instrumento, complementado 
pelo parágrafo único que estabelece que todas as decisões proferidas depois da fase de conhecimento são sempre 
decisões interlocutórias agraváveis de instrumento. Que decisões são essas que não precluíram? Exatamente as 
decisões interlocutórias que não constam neste rol. Não é uma escolha da parte, ela não pôde recorrer porque a lei 
não permite. Nessa hipótese então é que se aplica essa previsão que a impugnação se dará não razões de apelação 
ou nas contrarrazões a ela. Então aqui nós temos a exceção, a hipótese que as contrarrazões servem também para 
impugnar alguma decisão. Normalmente apresentadas as contrarrazões acabam as atividades perante o juiz a quo, e 
o que vai acontecer é que o recurso vai ser enviado para o juízo competente para o seu julgamento. Nesse caso aqui 
se nas contrarrazões de apelação o apelado impugnar decisões interlocutórias anteriores não preclusas, nós vamos 
ter uma nova movimentação processual, o apelante será intimado para responder aquela impugnação feita pelo 
apelado. Ou seja, vai ser a única hipótese em que as contrarrazões poderão ainda ser objeto de resposta pelo 
recorrente, isso se estipula no § 2o, art. 1.009, CPC. CUIDADO! Não se pode responder as razões para manutenção 
da sentença, só pode responder as razões de impugnação das decisões interlocutórias. 
 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. 
§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas 
pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. 
§ 2o Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, 
manifestar-se a respeito delas. 
 
Se não for o caso da apelação, nós teremos nas contrarrazões apenas as respostas ao recurso da parte 
adversária. E assim, com a apresentação das contrarrazões encerra-se a atividade processual perante o juízo 
recorrido - a quo, e o recurso será enviado ao juízo competente. No entanto, falando das contrarrazões e desse 
momento do processamento do recurso nós nos remetemos ao art. 997, CPC. Há alguns critérios de classificação 
dos recursos, eles podem ser classificados pela sua natureza, extensão ou autonomia no exercício. Quanto a este 
último os recursos podem ser exercitados de forma independente ou de forma dependente /acessória, então eles 
podem ser exercitados na forma principal ou na acessória quando estiverem presentes uma condição diferenciada, 
que é a decisão que tenha gerado sucumbência reciproca. Os parágrafos do art. 997 cuidam justamente dessa forma 
de recorrer, dividindo a possibilidade na forma independente ou principal, ou na forma acessória ou dependente. E 
essa possibilidade descrita no art. 997 está restrita as decisões que tenham gerado sucumbência recíproca. 
 
Sucumbência Recíproca: Quando as duas partes sofrem gravame pela decisão. 
 
Acontecendo isso, ambas as partes podem no prazo de 15 dias interporem recurso contra essa decisão. E 
cada um desses recursos será independente, não tem nenhuma ligação ou dependência do recurso do adversário. 
No entanto, numa hipótese como essa pode acontecer de uma das partes se conformar com a decisão, e portanto 
em princípio renunciar ao direito de recorrer contra ela, mas a outra parte resolve recorrer e apresenta recurso 
cabível contra a decisão, apresentado recurso por uma das partes aquela que havia aceito a decisão a ela se abre 
12 
 
uma nova oportunidade de recorrer e ela poderá interpor o seu recurso, só que na forma acessória no mesmo prazo 
que ela conta para apresentar as contrarrazões. Então intimada para responder o recurso do seu adversário essa 
parte que ficou inerte poderá além de exercer o direito de responder as razoes recursais apresentar o seu próprio 
recurso contra aquela sentença, mas esse recurso será apresentado de forma acessória ou dependente do recurso 
do seu adversário. Esse recurso só virá a ser admitido se o recurso principal/independente também for, aí o 
julgamento do mérito é independente. Mas se o recurso principal não for admitido ou se o recorrente principal desistir 
do recurso, o recurso na forma acessória, que o código chama de adesiva não será examinado. Essaforma 
diferenciada de recorrer exige a presença de dois requisitos novos: é necessário que exista a sucumbência reciproca, 
e que contra a decisão que gerou sucumbência reciproca tenha sido apresentado recurso pelo adversário do 
recorrente na forma adesiva. E que aquele recurso independe venha a ser admitido para que o recurso na forma 
adesiva venha a ser julgado também. 
Não são todos os tipos recursais que permitem essa forma de recorrer, no art. 997, CPC, § 2o, II, estipula-se 
que se admite apenas na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial. Então, o recurso na forma 
acessória ou adesivo é o recurso igual ao recurso principal ou independente, a única diferença é que para ser 
examinado ele precisará primeiramente de que o recurso principal seja admitido. Ele segue a sorte do principal 
no que diz respeito a admissibilidade, mas no que diz respeito ao mérito eles seguem totalmente independentes. O 
recurso na forma adesiva deve cumprir exatamente os mesmos requisitos do recurso independente, isto é: prazo, 
recolhimento de preparo e faculdade de contrarrazões. Quando se apresenta recurso na forma adesiva não se 
apresenta recurso adesivo, não existe RECURSO ADESIVO e sim, NA FORMA ADESIVA, porque ele ainda será 
recurso de apelação na forma adesiva, ou recurso especial na forma adesiva... 
Não cabe recurso na forma adesiva quando quem interpõem é o MP na qualidade de custus legis, como 
quando quem interpõem o recurso é o terceiro juridicamente interessado, e por fim não cabe também ao litisconsorte, 
por exemplo, quando o litisconsorte está do mesmo lado da parte que quer recorrer na forma adesiva. O código deixa 
claro que só as partes antagônicas – autor e réu- podem usar desse benefício. 
O fundamento desse instituto é desestimular a pratica recursal, e estimular a aceitação das decisões 
judiciais, portanto, não há restrição quanto ao grau de sucumbimento que a parte tenha sofrido. No recurso na forma 
adesiva se paga o preparo igual na forma principal, todos os requisitos são exigidos. 
O julgamento do recurso na forma adesiva que dá provimento e, portanto, piora a situação do recorrente 
principal não ofende o princípio que proíbe a reformatio in pejus. Esse benefício exclusivo a quem recorre significa 
que por força do seu próprio recurso o recorrente não pode ter a sua situação piorada daquele que havia 
originariamente sido proferida. O caso que nós estamos vendo do recurso na forma adesiva não é o julgamento do 
recurso do próprio recorrente principal que levou a piora na sua posição. Foi o julgamento e provimento do recurso do 
seu adversário, e, portanto, não há ofensa ao princípio que proíbe a reforma para pior. 
Nós já vimos que os recursos são recebidos, ao contraditório obrigatório, é possível nesse caso da 
sucumbência recíproca a interposição de recurso na forma adesiva, agora nós temos que ver os efeitos da 
interposição dos recursos. 
Mas antes de falar dos efeitos da interposição dos recursos, vamos falar sobre os princípios. 
(Ela pergunta se pesquisaram sobre os princípios que ela havia pedido, ninguém se manifestou). 
 
Alguns que já tinha comentado: taxatividade e singularidade recursal; proibição da reforma pra pior. 
Ela vai falar dos princípios à medida que eles forem aparecendo e depois a gente tem que se preocupar em 
organizá-los para estudar. 
 
Classificação dos recursos 
Por Critérios: 
Critério da Autonomia 
Critério da Natureza 
Critério da Extensão. O Critério da Extensão é particularmente importante para os efeitos da interposição. 
Ninguém responde sobre as outras formas de classificação – ela tinha perguntado três critérios: autonomia, natureza 
e extensão. 
 
Efeitos da interposição dos recursos 
 
Os efeitos da interposição dos recursos são as consequências que a interposição do recurso causa para a 
decisão recorrida e para o próprio processo no qual o recurso é interposto. 
 
Efeitos de natureza procedimental: 
 
1. Impedimento da preclusão da decisão recorrida e 
2. Efeito dilatório. 
O primeiro prático e processual da interposição dos recursos é o impedimento da preclusão da decisão 
recorrida. 
Aquele prazo estabelecido para o exercício recursal, se não houver recurso o que vai acontecer com a 
decisão? Ela se tornará preclusa, imutável. Então, o primeiro efeito da interposição do recurso é exatamente impedir 
13 
 
a preclusão da decisão; melhor dizendo, preclusão da questão, permitindo então que a questão venha a ser julgada 
novamente. 
O segundo efeito ainda de ordem processual, procedimental até é o efeito dilatório. A interposição dos 
recursos leva a um aumento do número de atos processuais. Um processo que poderia se encerrar naquele 
momento vai demandar mais uma série de atos processuais. Por isso há quem diga que o direito ao recurso está em 
conflito com a garantia constitucional da duração razoável do processo – porque o recurso vem exatamente na mão 
contrária, fazendo com que o processo demore mais para ser concluído. 
Esses são os dois efeitos de natureza procedimental. 
 
Efeitos de natureza (? Ela não falou, só disse que os dois primeiros são de natureza procedimental) 
 
3 - Efeito devolutivo 
O terceiro e mais importante efeito da interposição dos recursos é o efeito devolutivo. 
Esse efeito está presente em todos os recursos, por isso é absolutamente equivocado requerer que o juiz 
conceda efeito devolutivo, pois ele está na lei e é da própria natureza da atividade recursal. Então não tem que 
requerer para o juiz. 
 
Conceito de efeito devolutivo, o que está sendo devolvido? Devolve-se a jurisdição, a possibilidade de 
julgar. 
Quando é apresentada uma decisão sobre uma questão consta a apreciação do Poder Judiciário a 
jurisdição volta para o seu estado natural, que é a inércia. E portanto, voltando a inércia, nada mais pode ser 
decidido/alterado, se dá o exaurimento da atividade jurisdicional – no todo ou pelo menos àquela questão. 
 
Interposição do recurso -> Tira a jurisdição da inércia -> Devolve ao órgão jurisdicional competente o poder 
de julgar e o dever de fazê-lo. 
 
O que é julgado? O recurso nos limites em que foi impugnada a decisão. Por isso que as razões de 
inconformismo delimitam o novo julgamento, delimitam a extensão do efeito devolutivo. Então, o efeito devolutivo se 
dá exatamente na extensão das razões recursais, no caso o inconformismo. Então, só será possível julgado de novo 
a matéria que expressamente foi impugnada e com isso impediu-se a preclusão da decisão e possibilitou-se a 
devolução da capacidade de julgar a mesma questão. 
Por isso que há um brocado jurídico que delimita a atividade de julgamento do recurso às razões de 
inconformismo – tantum devolutum quantum appellatum. Tanto é devolvido quanto se impugna. 
 
Classificação do recurso conforme a sua extensão 
Pode ser parcial ou total. 
 
O Código deixa claro que o recurso pode se voltar apenas contra algum ou alguns capítulos da decisão. 
Quem recorre não é obrigado a recorrer da totalidade. Essa totalidade ou não está relacionada ao universo da 
decisão. 
A decisão tem vários capítulos. Se todos eles forem impugnados devolver-se-a a oportunidade de julgar 
tudo de novo → recurso total. 
Se a impugnação for de apenas um ou alguns dos capítulos da decisão → devolução parcial porque a 
extensão do efeito devolutivo é sempre correlacionada à extensão da impugnação. Limitação objetiva. 
 
[Exemplo prático no meu dia a dia em ações de oxigenoterapia para tentar ajudar a visualizar isso para 
quem não faz estágio (Karina). 
Quando o plano de saúde nega o fornecimento do tratamento de oxigenoterapia e a gente vai entrar com a 
ação ela é uma ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais, com pedido de tutela 
antecipada. 
Por que isso? A oxigenoterapia é o fornecimento daqueles tanques de oxigêniopara que a pessoa possa 
respirar. Se ela não tem esses tanques em casa ela vai ter que ficar direto no hospital. Logo, há uma urgência no 
pedido, por isso o pedido de tutela. 
Pelo fato da negativa, já tem uma jurisprudência considerável – inclusive no STJ – que diz que negativa de 
plano de saúde dá direito à indenização por danos morais. 
Geralmente o juiz de primeiro grau concede a tutela e confirma ela na sentença, porém na parte de danos 
morais nem sempre ele considera procedente, às vezes ele concede apenas o valor parcial que pedimos. Se o juiz 
nega os danos morais ou se dá um valor baixo, a gente interpõe recurso apenas para que seja procedente a 
indenização. No resuminho a gente explica como foi a ação e a a sentença, fala do inconformismo pq não concedeu 
danos morais e fala apenas sobre isso na peça toda. 
14 
 
Já o plano de saúde vai tentar impugnar tudo. Ou, no caso da sentença não conceder danos morais, ele vai 
impugnar apenas a parte relacionada ao tratamento, nem menciona danos morais. Se por acaso concede danos 
morais, ela tenta impugnar os dois. 
Daí antes de subir as apelações para o tribunal, o juiz de primeiro grau já despacha para que as partes 
apresentem as contrarrazões no prazo. Nas contrarrazões cada um só vai rebater os argumentos que foram 
levantados no recurso e menciona que os que não forem levantados aqui devem ser mantidos. 
Assim, por exemplo, na ação que julgou procedente apenas o tratamento e improcedente os danos morais: 
- O plano de saúde não menciona absolutamente nada sobre danos morais, uma vez que para ele está ok 
não ter concedido. Ele alega por que não deve ser fornecido o tratamento e o resto deve ser mantido como está na 
sentença. Assim, nas minhas contrarrazões à apelação dele, eu não vou mencionar nada sobre danos morais porque 
não tem o que rebater. A gente vai argumentar isso na nossa peça de apelação e lá, quando o plano de saúde for 
fazer as contrarrazões ele vai rebater o porquê não deve ter danos morais. ] 
 
Limitação subjetiva 
O efeito devolutivo tem uma outra limitação, que é a limitação subjetiva. A devolução se dá para que o novo 
julgamento apenas favoreça a quem recorreu, também está no código. Isso quer dizer que quem não recorreu ao 
sistema não pode ser beneficiado. 
Portanto, aí aplica-se aquele outro brocardo, da proibição da reformatio in pejus. Ou seja, a proibição de 
reforma pra pior é consequência do benefício apenas ser possível em favor de quem recorreu. Portanto, no nosso 
sistema, que não é um sistema universal. 
Há vários sistemas que qualquer da parte que recorreu, ela devolveu integralmente a matéria pro outro 
órgão jurisdicional, pouco importa se ela tinha perdido só um pouco ou muito, ela devolve toda a matéria e o outro 
órgão poderá proferir uma decisão totalmente nova, inclusive mais gravosa que a decisão anterior. Essa 
possibilidade não existe no nosso sistema, pois nele vige a proibição da reforma pra pior, ou seja, da limitação 
subjetiva dos efeitos do julgamento do recurso. Ou seja, a pior hipótese é manter a decisão do jeito que ela está, 
torná-la pior do que ela estava não é permitida no nosso sistema. 
 
Limitação objetiva -> extensão 
Limitação subjetiva -> a quem pode o recurso favorecer – apenas a quem recorre. Salvo litisconsórcio. 
 
3. Efeito autônomo ou translativo 
Alguns doutrinadores consideram esse efeito como parte integrande do efeito devolutivo, como o professor 
Barbosa Moreira, mas não é a posição predominante. Hoje em dia a maior parte dos autores o apresenta como um 
efeito diferenciado, fora do efeito devolutivo. 
Translada -> transfere, muda de lugar para outro. 
 
O que se transfere é o poder de julgar de ofício as matérias de ordem pública. Todos os órgãos 
jurisdicionais têm poder de decretar de ofício, isso é, sem provocação das partes, as matérias de ordem pública. 
Esse poder é transferido do juízo a quo para o juízo ad quem por força do recurso, aí o efeito translativo. 
Observação muito importante: quando tivermos um recurso parcial, que não ataca todas as matérias 
versadas na decisão recorrida, o efeito translativo também será parcial na medida em que só os temas objeto do 
recurso é que vão carregar junto com ele as matérias de ordem pública que não foram alegadas e podem ser 
conhecidas de ofício. 
Se uma decisão tem uma extensão, tem vários capítulos, justamente o capítulo que tinha uma matéria de 
ordem pública que as partes não chegaram a arguir e é justamente esse capítulo que não é objeto do recurso, o 
órgão ad quem não poderá decretar de ofício aquela matéria de ordem pública que ficou na parcela não recorrida 
porque aquela parcela não recorrida precluiu, a decisão já se tornou estável e não pode ser modificada porque a 
jurisdição é inerte, ela não pode operar decisões já estáveis, só se for proposta a ação rescisória. 
É importante ressaltar que quando se tratar de matéria de ordem pública cognoscível de ofício não há o 
impedimento da reforma pra pior. Ex.: recorrente quer modificar a sentença e a matéria de ordem pública que 
aparece é a constatação da decadência ou da prescrição do direito. O tribunal pode decretar de ofício, mesmo não 
tendo sido suscitável pela parte adversária e mesmo sendo mais desfavorável a quem recorreu. 
Esse efeito translativo também se aplica aos recursos excepcionais, mas sempre vinculados a essa 
limitação. 
 
4. Efeito suspensivo 
Esse efeito não existe no processo civil brasileiro, como aponta o artigo 995 e eu não sei por que motivo 
quando se pergunta de efeitos da interposição é justamente esse efeito que é lembrado pelos alunos, o efeito 
suspensivo. 
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em 
sentido diverso. 
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata 
produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada 
a probabilidade de provimento do recurso. 
 
15 
 
O nosso sistema não adota o efeito suspensivo. Os recursos não impedem a plena eficácia das decisões 
recorridas. Ou seja, o nosso sistema civil não prevê o chamado efeito suspensivo automático. Ao contrário, o caput 
do artigo 995 deixa claro que esse efeito não é a regra, mas sim a exceção, salvo quando estiver previsto em lei ou 
for concedido por decisão judicial. 
O efeito suspensivo automático só está previsto em lei para o recurso de Apelação. Isto é, interposto o 
recurso de Apelação fica suspensa a eficácia da sentença recorrida. Mas assim mesmo, apesar da regra do caput do 
artigo 1.012 que estabele que o recurso de Apelação é dotado de efeito suspensivo, no parágrafo primeiro há 
algumas hipóteses nas quais a Apelação não será dotada de efeito suspensivo: 
 
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. 
§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua 
publicação a sentença que: 
I - homologa divisão ou demarcação de terras; 
II - condena a pagar alimentos; 
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; 
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; 
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; 
VI - decreta a interdição. 
 
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada 
a sentença. 
 
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser formulado por 
requerimento dirigido ao: 
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator 
designado para seu exame prevento para julgá-la; 
II - relator, se já distribuída a apelação. 
 
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante 
demonstrar

Continue navegando