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APOSTILA
CND - Curso Normal à Distância
(21) 3347-3030 / 2446-0502
Conhecimento Didático e 
Metodológico em EJA 
 
2 
 
 
 
 
Sumário 
Introdução ........................................................................................................................ 3 
1. A EJA na visão dos seus alunos .................................................................................. 5 
2. Há como trabalahr pelo regate da cidadania? ............................................................ 11 
2.1 Declaração Universal de Direitos Humanos ........................................................ 13 
2-2 A EJA nas constituições ...................................................................................... 13 
2.3. A EJA na LDB 9394/96 ....................................................................................... 13 
2.4. A EJA no plano nacional de educação ............................................................... 14 
2.5 A EJA e as conferências internacionais ............................................................... 17 
2.6 Buscando a melhoria da Eja ................................................................................ 23 
3. O que é a Andragogia? .............................................................................................. 28 
4. Autores que nos ajudam a sedimentar o trabalho na EJA .......................................... 33 
4.1.Os autores, seus tempos e seus espaços ........................................................... 34 
4.2 Os autores e suas ações e obras ........................................................................ 36 
5. Jogando luz sobre o processo de alfabetização e a EJA ........................................... 41 
6. Como fazer a transposição didática? ......................................................................... 46 
6.1 As questões multiculturais na eja ........................................................................ 46 
6.2 Possibilidades de atividades pedagógicas em EJA ............................................. 48 
6.3 O trabalho como fio condutor na EJA .................................................................. 51 
6.4 Para bem formular os planos didáticos ................................................................ 53 
7 A avaliação na EJA ..................................................................................................... 61 
7.1 As possibilidades de avaliação na EJA ............................................................... 63 
7.2.A avaliação final na EJA ...................................................................................... 65 
8. A EJA além dos muros da escola .............................................................................. 70 
8.1 A escola na obra ................................................................................................. 71 
8.2 Sistema “s” - um caminho seguro para o mercado .............................................. 73 
8.3 Para aprender em casa ....................................................................................... 74 
8.4 Como os trabalhadores rurais sem terra podem obter conhecimento? ................ 75 
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 78 
Anexos 81 
 
 
3 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Olá aluno e aluna do IECS 
 
Neste módulo vamos apresentar questões relativas ao Sistema de 
Avaliação e Conhecimento didático - metodológico na Educação de Jovens e 
Adultos, que trataremos como EJA. 
A preocupação com a Educação de Jovens e Adultos no Brasil vem de 
longa data, mas apesar disso é grande o número dos que engrossam as 
estatísticas de evasão escolar ou dos que nem mesmo ingressam na escola. 
Não há dúvida que devemos todos nos esforçar no sentido de reverter esse 
quadro o mais breve possível. 
Um relatório pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a 
Ciência e a Cultura (Unesco) em janeiro de 2014, mostra que o Brasil aparece 
em 8° lugar entre os países com maior número de analfabetos adultos. Ao todo, 
o estudo avaliou a situação de 150 países. 
De acordo com a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
em 2012 e divulgada em setembro de 2013, a taxa de analfabetismo de pessoas 
de 15 anos ou mais foi estimada em 8,7%, o que corresponde a 13,2 milhões de 
analfabetos no país. 
Ao longo do nosso material teremos a oportunidade de conhecer 
depoimentos feitos diretamente por pessoas que buscaram a escola para 
recuperar o tempo perdido e que também relataram o porquê do abandono dos 
bancos escolares, assim como estudaremos sobre as políticas públicas para a 
EJA, não só as atuais como também aquelas iniciativas marcantes ocorridas no 
passado. Também conheceremos esforços internacionais com vistas a buscar 
alternativas viáveis na caminhada contra a baixa escolaridade e o analfabetismo. 
Por outro lado se faz necessário reconhecer que alunos jovens e adultos 
precisam ser inseridos em práticas pedagógicas escolares de uma forma 
 
4 
 
 
 
diferente das que utilizamos para as crianças e adolescentes. Esse 
reconhecimento nos leva a buscar autores e metodologias de trabalho próprias 
da EJA. 
Outro enfoque, muito necessário, quando lidamos com a EJA é aquele 
referente à alfabetização. Entre os dados estatísticos do último censo ressalta a 
enorme população de mais de 60 anos que não se alfabetizou, apresentando um 
percentual em torno de 26,5%. Em vista disso e do já citado número geral de 
analfabetos no país, nosso material traz reflexões sobre a alfabetização e o 
letramento. No tocante à avaliação da aprendizagem apresentamos uma 
possibilidade diferenciada que atenda melhor aos jovens e adultos, de modo a 
evitar o fracasso, que leva ao abandono escolar. 
Para dar as mãos em busca de solução a respeito da EJA, várias 
pessoas e instituições têm se mobilizado para atuar e vencer o desafio da 
exclusão, tendo em vista dar a todos a verdadeira cidadania. 
Embarque conosco, aluno ou aluna do Instituto de Educação Colônia do 
Saber, nesse interessante estudo. 
 
"Se a educação é um direito de todos, independentemente da idade, 
como diz a nossa Constituição, temos de dar à EJA a mesma atenção oferecida 
a todos os segmentos do Ensino Básico" (VELOSO, apud GENTILE 2003) 
 
 
 
 
5 
 
 
 
1. A EJA NA VISÃO DOS SEUS ALUNOS 
 
Nosso estudo começa ouvindo a voz daqueles que são ou foram 
excluídos da escola por motivos diversos. Através do relato deles vamos 
construir um painel sobre a EJA em nosso país. 
São objetivos desse capítulo que você chegue ao final dele tendo 
desenvolvido as seguintes competências e habilidades: 
 Reconhecer as diferentes questões que levam os jovens e 
adultos a procurar os cursos de EJA. 
 Compreender a ligação do grupo de EJA com o mundo do 
trabalho. 
 Concluir sobre a diversidade na distribuição regional na EJA. 
 
Para Gentile (2003) há um intenso movimento de jovens e adultos 
voltando à sala de aula. Quem não teve oportunidade de estudar na idade 
apropriada, ou que por algum motivo abandonou a escola antes de terminar a 
Educação Básica, está procurando as instituições de ensino para completar seus 
estudos. Aqueles que não sabem ler e escrever pretendem ser alfabetizados. Os 
que já têm essas habilidades desejam adquirir outros saberes e diploma, 
naturalmente para que tenham chances no concorrido mercado de trabalho e 
sintam-se cidadãos responsáveispelos destinos do país. 
 
 
Observe esse clipart e relacione-o com o parágrafo anterior 
apresentando sua conclusão. 
 
 
6 
 
 
 
Estes são alguns testemunhos de alunos que buscaram a EJA, em 
entrevista a Gentile (2003): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Através das colocações desses cinco adultos você já pode concluir sobre 
alguns motivos que fazem as pessoas buscarem a EJA. Aponte uma causa de 
“Meu estudo é motivo 
de alegria para minha esposa 
e família.” (Homem de 73 anos 
em Campinas São Paulo) 
“Quero ser uma 
grande estilista de moda 
por isso voltei a estudar.” 
(Mulher de 34 anos em 
São Paulo.) 
“Antes não sabia nem pegar o ônibus. 
Hoje já posso levar o meu filho para fazer o 
tratamento em Recife.” (Mulher, 53 anos em 
Limoeiro, Pernambuco) 
“Fiquei orgulhoso de não precisar mais 
assinar com o dedo sujo de tinta. Hoje eu sei 
escrever”. (Homem 45 anos em Pombal, Paraíba) 
“Eu me sentia pequenina 
diante de meus filhos. Estudar para 
mim é rejuvenescer”. (Mulher, 59 
anos, Natal, Rio Grande do Norte) 
 
7 
 
 
 
ordem psicológica (1) e outra de ordem econômica (2), colocando a numeração 
nos balõezinhos correspondentes. (GENTILE, 2003) 
3. Qual delas revela a sensação de perda e do resgate da auto-estima? 
Por quê? Justifique a escolha do Clip-art? 
 
 
 
 
 
 
Ainda tomando os relatos dos alunos, como material de análise, vamos 
apresentar algumas das causas da ausência das pessoas da sala de aula ou do 
abandono das mesmas. 
 
Relato 1 
 
 
 
 
“A caneta que meu pai me deu foi o cabo da enxada", lamenta a 
agricultora pernambucana de 57 anos, que cresceu na roça e acaba de se 
alfabetizar. "Ele dizia que mulher só servia para trabalhar e que, se eu fosse para 
a escola, ia ficar mandando bilhetinho para namorado." A história de dela é 
semelhante à de milhões de brasileiros com mais de 15 anos que são 
analfabetos ou têm escolarização incompleta. Ela, em 2003, estudava numa 
turma de alfabetização na cidade de Limoeiro (PE) e pretendia fazer ainda o 
Ensino Fundamental. 
Fonte: Nova Escola- Nov.2003 
 
 
8 
 
 
 
Qual a causa para a não escolarização da agricultora na idade 
adequada? Você crê que histórias como essa possam acontecer até hoje? 
 
 
 
 
 
Relato 2 
 
Fiquei apenas um dia na primeira escola, aos 7 anos. A vida de minha 
família camponesa era mudar de lavoura para lavoura. Por isso, minha história 
escolar foi um grande vai-e-volta, em trocas que aconteciam no meio do ano 
letivo. Passei por 13 escolas, todas rurais e multisseriadas. Terminei a 8ª série 
com 22 anos, enquanto ajudava na roça. Quando fui para Ourinhos, em São 
Paulo, trabalhei como pintor de paredes e comecei a fazer o supletivo. (relato de 
um homem de 57 anos) 
 Fonte: Nova Escola- Nov.2003 
 
Que fator econômico contribuiu para a dificuldade de escolarização da 
pessoa do relato 2? 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
Que dificuldade quanto ao sistema escolar ele enfrentou? 
 
 
 
 
 
Nos dois relatos pudemos perceber algumas das causas de abandono 
ou ausência à escola. A essas podemos ainda acrescentar outras tais como: 
necessidade de trabalhar, inexistência de escolas de fácil acesso, paternidade e 
maternidade precoces e falta de dinheiro, transporte, comida e oportunidade. 
Um demonstrativo da expectativa da população na reversão do quadro 
citado pode ser percebido na busca às escolas de EJA. Havia, segundo o 
Educacenso de 2009, 1481261 alfabetizandos, 127642 turmas em 39.581 
escolas com EJA e mais 1443 parcerias, o que comprova o interesse que tem 
despertado esse segmento escolar. 
Para destacar a diversidade desse quadro no país observe a tabela 
abaixo: 
Região Escolas com EJA Parcerias Percentagem de 
analfabetos 
Norte 5439 97 16,34% 
Nordeste 21239 1040 26,2% 
Centro oeste 1768 32 10,76% 
Sudeste 8710 204 8,13% 
Sul 2425 70 7,66% 
Fonte de dados: Educacenso 2009 
Estabeleça duas conclusões a partir da leitura desta tabela sobre a EJA 
e alfabetização no país, através da comparação entre as regiões. 
 
 
 
 
10 
 
 
 
Para resumirmos o capítulo podemos afirmar que várias são as causas 
que motivaram ou impediram que muitas pessoas chegassem ou 
permanecessem na escola. Mas há atualmente um fator extremamente 
importante para o retorno dos mesmos à escola e esse fator se liga ao mercado 
de trabalho. A tabela do Educacenso 2009 demonstra também o quanto tem 
crescido o atendimento a essa população de EJA seja estudando em escolas ou 
se educando através das parcerias que são estabelecidas, existe todo esforço 
visando à escolarização daqueles que foram afastados da escola. 
 
Agora escolha através dos emoticons do clipart o quanto você pensa ter 
atingido os objetivos propostos no início do capítulo: 
 
 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 
 Ótimo..........Muito bom Bom Regular Insuficiente. 
Preparado para o próximo capítulo? Nele vamos abordar aspectos 
ligados ao Direito à Educação. 
 
 
 
11 
 
 
 
2. HÁ COMO TRABALHAR PELO RESGATE DA CIDADANIA? 
A pergunta parece simples, mas a imensidão de respostas sugere uma 
trama muito intrincada de problemas que levam a atual necessidade de 
estruturação da EJA. 
Nosso capítulo visa permitir que ao final dele você tenha construído as 
seguintes competências e habilidades. 
 Apontar a caminhada em busca dos direitos da população, em 
especial na EJA no Brasil, tanto em termos nacionais quanto 
internacionais. 
 Conhecer as principais ações já ocorridas bem como as 
possibilidades mais atuais de ação governamental na EJA. 
 
Freire assim se expressou em 1991, a respeito do abandono da escola. 
Em primeiro lugar, eu gostaria de recusar o conceito de evasão. 
As crianças populares brasileiras, não se evadem da escola, não 
a deixam porque querem. As crianças populares brasileiras são 
expulsas da escola – não, obviamente, porque esta ou aquela 
professora, por uma questão de antipatia pessoal, expulse estes 
ou aqueles alunos ou os reprove. É a estrutura mesmo da 
sociedade que cria uma série de impasses e dificuldades, uns 
em solidariedade com os outros, de que resultam obstáculos 
enormes para as crianças populares não só chegarem à escola, 
mas também, quando chegam, nela ficarem e nela fazerem o 
percurso a que têm direito (p. 35). 
 
Por que Freire enfatiza que o aluno não se evade da escola? 
 
 
 
 
12 
 
 
 
Segundo Gentile (2003) há cerca de mais de 65 milhões de jovens e 
adultos que não concluíram o Ensino Básico. Desses, 30 milhões não 
freqüentaram nem os quatro primeiros anos escolares o que os coloca como 
analfabetos funcionais. Cerca de 16 milhões não sabem ler nem escrever um 
bilhete simples. O país tem somente cerca de 20 municípios, dos mais de 5000, 
com média de escolarização acima de oito anos. Ao analisarmos esses dados 
sobressai a necessidade de acabar com o analfabetismo e incrementar a taxa de 
escolaridade dos brasileiros. Essas duas metas se transformam em prioridades 
no cenário da Educação Nacional. 
 
Fonte: http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2013-03-06/estudo-mostra-que-
511-dos-estudantes-concluiram-ensino-medio-na-idade-adequada 
Há uma grande procura de jovens e adultos em busca da sala de aula. 
Aqueles que não tiveram oportunidade de estudar na idade apropriada, como no 
relato de uma alunano capítulo anterior, ou aqueles que por algum motivo 
abandonaram a escola antes de terminar a Educação Básica, estão procurando 
as instituições de ensino para completar seus estudos. Os que não sabem ler e 
escrever querem ser alfabetizados. Aquelas pessoas que já dominam os 
mecanismos da leitura e escrita elas pensam em adquirir outros saberes e o 
diploma, uma vez que com isso aumentam as chances no concorrido mercado 
de trabalho, além naturalmente da perspectiva da ação cidadã ser ampliada. 
Dessa forma devemos considerar a EJA não só como uma necessidade, 
mas como um Direito do Cidadão. Gostaríamos de convidá-lo a conhecer um 
pouco mais sobre eles. 
 
13 
 
 
 
 
2.1. Declaração Universal de Direitos Humanos 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adotada e 
proclamada pela Assembléia Geral das Nações Unidas a 10 de Dezembro de 
1948, como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações. 
Segundo essa declaração temos no Artigo 26. 
I) Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos 
graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnica e 
profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 
II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade 
humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades 
fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as 
nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da 
manutenção da paz. 
III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será 
ministrada a seus filhos. 
 
Todos os tópicos desse artigo apontam para a educação como direito e 
resgate de cidadania. 
 
2.2.A EJA nas Constituições 
Vamos partir para uma visão da EJA nas nossas constituições. A 
respeito dos direito à educação já estudamos em outros materiais do IECS. Não 
será uma visão histórica pormenorizada, mas temos o objetivo de destacar as 
vitórias, que foram, pouco a pouco, sendo conseguidas. 
Em termos constitucionais, a Constituição de 1934 já inicia uma nova 
fase do direito à EJA. Essa Constituição insere questões sociais, culturais e 
educativas no seu texto. 
No entanto é na Constituição de 1988 que os direitos ganham maior 
amplitude. Assim a Carta Magna faz referências a esses direitos no Artigo 6º: 
 
14 
 
 
 
Art. 6º – São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
A Constituição de 1988 trata especificamente da Educação no seu Artigo 
205 abordando a Educação como direito de todos e dever do Estado, visando o 
pleno desenvolvimento da pessoa, o preparo para a cidadania e a qualificação 
para o trabalho. No Artigo 206 especialmente aborda a questão da igualdade de 
condições para acesso e permanência na escola. 
Qual é o seu entendimento sobre esses direitos constitucionais quando 
confrontados com a realidade? 
 
 
 
 
No caso específico da EJA o Artigo 208 apresenta grandes contribuições 
uma vez que garante no inciso I o direito ao Ensino Fundamental, obrigatório e 
gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria, refere-
se também à progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao Ensino 
Médio no inciso II e apresenta a possibilidade de oferta do ensino noturno regular 
adequado às condições do educando no inciso VI. 
 
2.3. A EJA na LDB 9394/96 
 
A Lei 9394/96 foi a primeira lei a destacar a Educação de Jovens Adultos 
como alternativa permanente de ensino, no Capítulo II na Seção V da Educação 
Básica. 
As outras legislações colocavam os jovens e adultos no Ensino Supletivo 
ou então eles apareciam apenas citados em alguns artigos das leis de ensino, 
sem que merecerem alguma referência especial. 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É importante destacar a questão relativa ao direito público subjetivo 
citado na Lei. Releia o artigo 5º e o reescreva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No TÍTULO III - DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER 
DE EDUCAR 
Art. 4º -VII - há referência a EJA no tocante à oferta de 
educação escolar regular para jovens e adultos, com 
características e modalidades adequadas às suas necessidades 
e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores 
as condições de acesso e permanência na escola; 
Art. 5º. O acesso ao Ensino Fundamental é direito 
público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de 
cidadãos, associação comunitária, organização sindical, 
entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o 
Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo. 
 
 
16 
 
 
 
Dentro da perspectiva de integração com o ensino profissional a LDB no 
Art. 39 recomenda que educação profissional e tecnológica integre-se aos 
diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da 
ciência e da tecnologia, além de ressalvar a possibilidade organização por eixos 
tecnológicos que possibilitem a construção de diferentes itinerários formativos, 
abrigando ainda a formação inicial e continuada ou qualificação profissional. 
 
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos 
adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades 
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, 
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. 
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do 
trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. 
§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, 
com a educação profissional, na forma do regulamento. 
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que 
compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de 
estudos em caráter regular. 
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: 
I - no nível de conclusão do Ensino Fundamental, para os maiores de quinze 
anos; 
II - no nível de conclusão do Ensino Médio, para os maiores de dezoito anos. 
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios 
informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames 
 
Pela descrição que temos feito e pelo já apresentado você pode concluir 
que o aparato legal oferece muitas garantias ao aluno cidadão. No entanto a sua 
experiência também deve estar sinalizando para o distanciamento entre a 
realidade e a proposta legal. 
Enfatizamos que a LDB 9394/96 superou o conceito da EJA como 
educação supletiva. Pensar a EJA como Educação escolar regular, representou 
 
17 
 
 
 
a garantia, em princípio, de um ensino com proposta curricular e pedagógica 
consistente e adequada ao educando. 
Ocorre que a criação de formas alternativas de acesso ao ensino 
independente da escolarização anterior e de inscrição numa série mediante 
prova sem comprovação do nível de escolaridade cursada são situações que 
continuam tendo a regulamentação bastante dificultada 
De acordo com Barbosa e Salgado (2004) (...) “O difícil tem sido a 
regulamentação desse preceito pelos sistemas de ensino. A formalidade, em 
geral, sobrepõe-se ao direito.” 
Você tem conhecimento da situação de algum adulto que teve seu 
retorno à escola dificultado em decorrência da formalidade do sistema?Apresente o seu relato como se fosse uma história de vida. 
 
 
 
 
2.4.A EJA no Plano Nacional de Educação 
 
 De acordo com Paganotti e Ratier(2011) , o PNE para 2011- 2020 teve 
uma estruturação mais sucinta que o do período anterior. Dele constam 20 
metas, o que facilitará o controle, inclusive estatístico sobre o caminhar da 
Educação. .Algumas das metas são mais voltadas para a EJA. 
 
18 
 
 
 
 A Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou 
mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e 
reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. 
 Quanto à Meta 10: Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação 
de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais 
do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. 
 O vínculo com a educação profissional aparece na Meta 11: Duplicar as 
matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a 
qualidade da oferta. 
 
2.5 A EJA e as conferências internacionais 
Em termos internacionais há um movimento mundial em prol da 
Educação e da cidadania. Ocorreram inúmeras conferências com a preocupação 
de discutir o direito à Educação, como você poderá observar na linha de tempo . 
 
Declaração 
Universal 
dos 
Direitos 
Humanos
(art. 26)
I Conferência 
Internacional 
de EJA
(Dinamarca)
II 
Conferência 
Internacional 
de EJA
(Montreal 
Canadá)
III 
Conferência 
Internacional 
de EJA
(Tóquio
Japão)
IV 
Conferência 
Internacional 
de EJA
(Paris França)
I Conferência 
Mundial de 
EJA
(Jomtien 
Tailâdia)
V Conferência 
Internacional 
de EJA
(Hamburgo 
Alemanha)
II 
Conferência 
Mundial de 
EJA
(Dacar 
Senegal)
1940 1948 1949 1960 1963 1970 1972 1980 1985 1990 1997
2009
Homenagem a Paulo Freire
Conhecendo as Conferências
VI Conferência 
Internacional de 
EJA
Belém- Brasil
2000
 
 
 
19 
 
 
 
Para utilizarmos a perspectiva temporal, iniciamos ressaltando a 
importância da Declaração de Direitos Humanos da ONU de 1948, que já 
citamos no tópico anterior. 
Há pouco mais de sessenta anos, a Assembléia Geral da ONU aprovava 
o primeiro documento global sobre a igualdade e a dignidade de todos. Esse 
documento foi escrito por causa das atrocidades cometidas durante a II Guerra 
Mundial. De acordo com Ramos citado por Daniel (2008) a Declaração 
representou: 
(...) um momento histórico em que a proteção aos direitos 
humanos passa a se internacionalizar. Ela representa, ainda, 
uma ruptura com um passado no qual a proteção desses direitos 
era uma questão meramente local, tratada no interior das 
constituições e leis de cada nação. Além disso, a declaração 
estimula os Estados a aprofundarem essa internacionalização 
dos direitos humanos, por meio da posterior celebração de 
pactos e tratados, estruturação de cortes internacionais para 
tratar do tema, entre outras providências. Isso fez com que os 
direitos humanos, ao longo desses anos, se consolidassem como 
um costume internacional, mesmo entre Estados que não 
ratificaram alguns tratados ou mesmo a Declaração Universal.1 
 
A citada internacionalização ensejou a realização de conferências e 
tratados sobre Educação. 
A Conferência de 1949 ocorreu na Dinamarca em Elsinore. Após 
esta I Conferência Internacional de Educação de Adultos (de agora em diante 
chamaremos de CONFINTEA) a educação de Adultos tomou novo rumo. A 
humanidade chocada com a 2ª Guerra Mundial passou a pensar a educação 
 
1
 http://www.prr3.mpf.gov.br/content/view/142/2/ 
 
20 
 
 
 
como Educação Moral, para contribuir para o resgate do respeito aos direitos 
humanos em busca da paz duradoura. 
A segunda CONFINTEA teve lugar em Montreal no Canadá e 
basicamente abordou a educação com um viés de educação permanente e outra 
vertente como educação de base comunitária. 
 A III CONFINTEA, em Tóquio no Japão no ano de 1972, a 
Educação de Adultos volta a ser entendida como suplência da Educação 
Fundamental, reintroduzindo jovens e adultos, principalmente analfabetos, no 
sistema formal de educação. 
A IV CONFINTEA, realizada em Paris, em 1985, 
caracterizou-se pela pluralidade de conceitos, surgindo o conceito de Educação 
de Adultos. 
Na década de 90, a Educação de Jovens e Adultos recebe um 
novo impulso, uma vez que 1990 foi pela ONU como o ano Internacional da 
Alfabetização e convoca a Conferência Mundial de Educação para Todos, 
realizada em Jomtien, Tailândia, com a participação de 155 países. A 
Conferência reforça que a Educação de Jovens e Adultos, como 
responsabilidade prioritariamente dos Estados Nacionais, mas amplia o espaço 
de participação trazendo para a sociedade civil a chamada a uma participação 
mais intensa. Ainda em Jomtien se reforça a ideia que a alfabetização de Jovens 
e Adultos deve ser continuada na pós-alfabetização. 
 
21 
 
 
 
A V CONFINTEA, realizada em Hamburgo, Alemanha, no ano 
de 1997, reforça a importância da ação do Estado como promotor direto da 
garantia da Educação para Todos ou como articulador na participação de outros 
parceiros a fim de garantir este direito reconhecido internacionalmente. 
Outra importante conferência foi Reunião da Cúpula Mundial 
de Educação realizada em Dakar, Senegal, no ano de 2000, fez uma avaliação 
da Década de Educação para Todos, proposta em Jomtien, mas considerou que 
embora tendo havido progresso continuavam ocorrendo muitos problemas no 
tocante à educação como um todo e também um número elevado de alunos 
analfabetos espalhados pelo mundo, apontando realidade extremamente 
negativa que precisava ser mudada. Assim essa Conferência propôs uma ação 
mais enfática dos governos em especial os da América Latina, África e Ásia para 
fazer valer os direitos de jovens e adultos como sujeitos de direito. 
No Brasil em 2009 tivemos a realização da VII 
CONFINTEA em Belém do Pará. Impulsionar o reconhecimento da educação e 
aprendizagem de adultos ao longo da vida, da qual a alfabetização constitui 
alicerce se tornou o maior marco da Conferência da qual extraímos esta citação2 
 
O papel da aprendizagem ao longo da vida é fundamental para resolver 
questões globais e desafios educacionais. A aprendizagem ao longo da vida (…) é uma 
filosofia, um marco conceitual e um princípio organizador de todas as formas de 
 
2
 http://www.unesco.org/pt/confinteavi/ 
 
22 
 
 
 
educação, baseada em valores inclusivos, emancipatórios, humanistas e democráticos, 
sendo abrangente e parte integrante da visão de uma sociedade do conhecimento. 
Reafirmamos os quatro pilares da aprendizagem, como recomendado pela 
Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, quais sejam: aprender a 
conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver com os outros. 
 
 
Numere no planisfério, aproximadamente, os locais onde ocorreram as 
conferências relativas a EJA, colocando os números correspondentes aos locais 
abaixo. 1- Elsinore na Dinamarca em -1949-CONFINTEA I 
2-Montreal no Canadá em 1963- CONFINTEA II- 
3-Tóquio no Japão em 1972 CONFINTEA III 
4-Paris na França em 1985- CONFINTEA IV 
5-Jontiem na Tailândia-1990-I Conferência mundial de Educação 
6-Hamburgo na Alemanha -em 1997- CONFINTEA V 
7-Dacar no Senegal- em 2000-II Conferência mundial de Educação 
8-Belém no Brasil em 2009- CONFINTEA VI 
 
23 
 
 
 
2.6 Buscando a melhoria da EJA 
Buscando oferecer aos jovens e adultos as garantias que lhes são 
devidas, há na atualidade vários programas degoverno em execução. Mas antes 
do hoje faremos uma retrospectiva sobre algumas ações trouxeram efeitos, 
alguns ainda tênues, e outros mais efetivos no sentido de contribuir para a 
reversão do quadro de exclusão social de parte da nossa população. Se você 
estiver interessado em buscar as raízes mais remotas da exclusão social 
aconselhamos a reler a apostila de História da Educação no Brasil, porque já se 
divisava, pouco a pouco , as consequências dos descaminhos na nossa 
educação. Com efeito para ao nosso estudo recomeçamos o enfoque a partir de 
1930,ano que é marco de grandes mudanças no nosso país. 
A entrada do Brasil na civilização urbano-industrial a partir especialmente 
da década de 30 do século XX, que trouxe a necessidade de mão de obra 
especializada para a indústria e o sistema de ensino não estava preparado para 
isso. 
No que toca à demanda social de educação, esse processo 
fez modificar substancialmente seu perfil, introduzindo nele 
um contingente cada vez maior de estratos médios e 
populares que passaram a pressionar o sistema escolar 
para que se expandisse (ROMANELLI, 1999, p.46). 
Ainda de acordo com a autora criaram-se desequilíbrios em dois 
aspectos: um de ordem quantitativa porque não havia escolas em número 
suficiente; o outro problema apontado foi de ordem estrutural porque ainda que 
se expandisse o ensino, esse já não correspondia às necessidades da nova 
expansão econômica. Infelizmente, como ressalta a autora, a defasagem 
apontada continua a existir , devido à tendência de se medir a distância entre o 
produto acabado fornecido pela escola e a qualificação de recursos humanos de 
que carece a economia. 
 
24 
 
 
 
O que você pensa da afirmativa de Romanelli feita para o período de 
30/70 do século XX e o discurso que se ouve ainda hoje? 
 
 
 
Entre 1930 e 1964 houve um crescimento da procura da escola e as 
oportunidades educacionais. Por outro lado a estrutura do ensino não se alterou 
o bastante para proporcionar mudanças quer no aspecto quantitativo ou 
qualitativo. A oferta era insuficiente, o rendimento interno do sistema também. 
Para Romanelli (1999) a luta pela escola no Brasil, desde o momento em que 
passou a crescer a demanda social de educação, assumiu um verdadeiro caráter 
de lutas de classe. 
Aqui é preciso fazer uma parada para esclarecimento. 
Nesse capítulo não nos destinamos a descrever linearmente sobre a 
história da Educação no país, de modo que faremos saltos na abordagem 
histórica porque o que visamos é destacar ações que envolveram de forma 
marcante a EJA. Também não estamos propondo utilizar aspectos legais ou 
mais formais da educação .O que vamos fazer é um recorte de ações 
educativas. 
 
Pelo papel que desempenham até hoje podemos destacar as fundações 
do SENAI em 1942 e do SENAC em 1946. É interessante frisar que as escolas 
mantidas por essas instituições eram procuradas pelos que tinham urgência de 
se preparar para o exercício de um ofício. Dessa forma essas escolas se 
transformaram em escolas para as camadas populares. Lima (1969) registrou 
que em 1945 ocorreu a primeira tentativa governamental de efetivamente de 
 
25 
 
 
 
alfabetização dos adultos brasileiros. O Brasil tinha à época, pelo recenseamento 
de 1940, cerca de 55% de analfabetos considerada a população de mais de 18 
anos. 
Em meio a idas e vindas os diferentes segmentos sociais e seus 
representantes continuavam os embates políticos pela Educação. Há forte 
pressão pela educação popular e ações efetivas em prol das mesmas. 
Nomes como Anísio Teixeira e Lourenço Filho aparecem ligados a uma 
Campanha Nacional de Alfabetização de Adultos 
Precisamos destacar ainda a atuação do Movimento de Educação de 
Base, o MEB, criado em 1961 pela Conferência Nacional dos Bispos. Lima 
(1969) confirmou a abrangência desse movimento que tem base na paróquia e 
se espalha por todo o país, por causa da estruturação da Igreja Católica. 
Outro importante registro refere-se à experiência levada adiante em 
Angicos, uma cidade da Paraíba. Você já tinha notícias dela? Pensou certo quem 
ligou a palavra Angicos à atuação de Paulo Freire. 
O Movimento de Cultura Popular (MCP) do Recife visava contribuir na 
área da cultura, da arte e da educação popular a serviço dos setores populares. 
O movimento foi criado em 1960, e seu precoce fim ocorreu com o golpe militar 
de 1964. Foi nesse movimento que Freire que atuou em prol das camadas 
populares, possibilitando ampliar as oportunidades de alfabetização de adultos, 
propondo alfabetização em 40 horas, sem cartilha e material didático. O uso de 
palavras geradoras do universo vocabular do grupo de alunos e a forma de 
trabalho executado causaram impacto nacional e o presidente do país, João 
Goulart convidou Freire para comandar a Campanha Nacional de Alfabetização 
que chegou a ter algo em torno de 20000 inscritos. O término da Campanha e do 
movimento se dá em 1964. 
A partir dessa época o comando da alfabetização popular passa para o 
Movimento Brasileiro de Alfabetização – Mobral. O Mobral teve como incentivo 
financeiro o recebimento de 30% do recolhimento da Loteria Esportiva, o que 
 
26 
 
 
 
significava uma verba substancial. O Mobral foi criado pela Lei n° 5.379, de 15 
de dezembro de 1967, e propunha a alfabetização funcional de jovens e adultos, 
visando "conduzir a pessoa humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e 
cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores 
condições de vida". 
O projeto foi criado e mantido pelo regime militar e durante anos, jovens 
e adultos frequentaram as aulas do Mobral. A caminhada do Mobral teve êxitos e 
fracassos e seus programas foram se modificando na busca de um melhor 
desempenho, mas o Mobral acabou tendo seus progrmas incorporados pela 
Fundação Educar extinta 1990 pelo então governo Collor. No final de 1990 surge 
o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC). 
Mais recentemente, os programas de alfabetização mais marcantes 
foram o Programa Alfabetização Solidária – PAS e o Programa Brasil 
Alfabetizado que contaram com parcerias firmadas entre o governo e instituições 
públicas e privadas. 
No século XXI, em termos governamentais, as questões ligadas à EJA 
estão concentradas na SECADI. A Secretaria de Educação Continuada, 
Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), criada em julho de 2004, é a 
secretaria mais nova do Ministério da Educação. Nela estão reunidos temas 
como alfabetização e educação de jovens e adultos, educação do campo, 
educação ambiental, educação em direitos humanos, educação escolar indígena, 
e diversidade étnico-racial, temas antes distribuídos em outras secretarias. O 
objetivo da SECADI é contribuir para a redução das desigualdades educacionais 
por meio da participação de todos os cidadãos em políticas públicas que 
assegurem a ampliação do acesso à educação. 
MCP - MEB - Mobral - PAS - Brasil Alfabetizado 
Aponte um ponto comum e um ponto diferente entre as siglas ou 
expressões 
 
 
27 
 
 
 
Durante todo esse capítulo desenhamos um painel sobre os Direitos à 
educação no tocante à EJA, seus avanços e retrocessos. Assim você teve a 
oportunidade de conhecer as abordagens internacionais, as abordagens legais e 
algumas ações, ao longo do tempo, sempre com o foco direcionado ao resgate 
da cidadania dos segmentos populares da nossa população. 
O próximo capítulo trará à cena mais especificamente a Pedagogia 
voltada aos adultos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
3. O QUE É A ANDRAGOGIA? 
 
Você já tinha ouvido falar emAndragogia? 
 
Vamos apresentar algumas abordagens a partir da palavra. 
Ao final desse capítulo você poderá ter construído as seguintes 
competências e habilidades: 
 Traçar um paralelo entre Pedagogia e Andragogia. 
 Estabelecer diferenças entre as propostas educativas para crianças e para 
os alunos de EJA 
 
Andragogia (do grego: andros - adulto e gogos - educar) procura 
compreender o adulto para educá-lo. 
Segundo Bellan (2005, p.20) “a Andragogia é a ciência que estuda como 
os adultos aprendem”. A autora relata que foi o educador alemão Alexander 
Kapp em 1833, quem primeiro usou esta nomenclatura. 
A Andragogia foi definida por Malcolm Knowles como a arte e ciência de 
ajudar o adulto a aprender, transpondo para a Pedagogia a responsabilidade da 
educação das crianças e adolescentes. 
Para educadores como o suíço Pierre Furter (1973), a Andragogia é um 
conceito amplo de educação do ser humano, em qualquer idade. A UNESCO, 
por sua vez, já utilizou o termo para referir-se à educação continuada. 
Para Gadotti (p.280), referendando Furter, quando trabalhou o conceito 
de Educação Permanente, considerou a Andragogia como A Pedagogia da 
Educação de Adultos. 
 
 
 
 
29 
 
 
 
Sob a diferenciação legal entre 
menores e maiores, a Lei 8.069/90 
(ECA) em seu art. 2º considera a 
pessoa até 12 anos incompletos 
como criança e aquela entre 12 e 
18 anos como adolescente. Por 
esta Lei, a definição de jovem se dá 
a partir de 18 anos. 
Entendemos como tarefa do nosso fazer pedagógico a necessidade e 
importância de se educar permanentemente o ser humano em qualquer período 
de seu desenvolvimento psicológico em função de sua vida cultural, ecológica e 
social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se nós formos trabalhar em escolas com a EJA devemos ter em mente 
que adulto não cessa de aprender ao longo de toda a sua vida, mas o adulto que 
chega a um agente educativo é diferente da criança e do adolescente. 
A conservação da habilidade de aprender está mais relacionada com a 
prática continuada de novas aprendizagens e do grau de instrução do que 
expostas aos efeitos da idade. Entretanto, não é possível, fazer a transposição 
pura e simples das mesmas técnicas de ensino empregadas nas escolas de 
Ensino Fundamental e Médio aplicá-las para os adultos. 
Assim alguns princípios devem ser levados em conta na Educação de 
adultos. O americano Eduardo Lindeman, 3 um estudioso da Educação de 
Adultos, coloca algumas idéias muito marcantes sobre o que fazer ou não fazer 
ao se educar adultos. Vamos lê-las e refletir sobre suas propostas? 
 
3
 http://www.infed.org/thinkers/et-lind.htm 
 
30 
 
 
 
 
 A Educação do adulto será através de situações e não de 
disciplinas. 
 Na educação convencional é exigido que o estudante ajuste-se ao 
currículo estabelecido: na educação do adulto o currículo é 
constituído em função da necessidade do estudante. 
 Textos e professores têm um papel secundário neste tipo de 
educação; eles devem dar a máxima importância ao aprendiz. 
 
Um adulto tem seus interesses pelo aprendizado que se direcionam para 
o desenvolvimento de habilidades as quais utiliza no seu papel social, na sua 
profissão. Dessa maneira e com mais ânsia , o adulto passa a esperar uma 
imediata aplicação prática daquilo que aprendeu, reduzindo seu interesse por 
conhecimentos que serão úteis num futuro distante, preferindo aprender para 
resolver problemas e desafios do que aprender assuntos isolados ou tarefas 
centradas em conteúdos. Podemos considerar que um adulto tem motivações e 
necessidades que giram em torno de três "mundos" 
 
Profissão; Desenvolvimento pessoal e Relações sociais. 
 
31 
 
 
 
Esse aluno acumulou 
experiências de vida que vão ser 
fundamento e substrato do seu 
aprendizado e seu foco de motivação 
para aprender estão ligados à satisfação, 
autoestima e melhoria de qualidade de 
vida 
Todas essas características 
levam o professor da EJA a se colocar 
também como um aprendiz porque para 
a Andragogia o que ocorre é a 
confrontação de experiências de dois 
adultos, daquele que educa e daquele 
que é educado em permanente troca de 
papéis. 
Desaparece a diferença entre 
ambos visto que são adultos com 
experiências e igualados no processo 
dinâmico da sociedade. Na Andragogia, 
o conceito tradicional, onde um ensina e 
o outro aprende, um sabe e o outro não 
sabe, teoricamente deixa de existir para 
se tornar uma ação recíproca onde, 
muitas vezes, é o mestre quem aprende. 
Para Fava (2006)4 necessitamos ter a humildade suficiente para, além de 
nos tornarmos aprendizes, transformarmo-nos (...) “em tutor eficiente para 
demonstrar a importância prática do assunto a ser estudado; transmitir o 
 
4
 www.vidaeaprendizado.com.br/artigo.php?id=77. 
Não podemos abandonar 
totalmente os métodos 
clássicos, de currículos 
parcialmente estabelecidos e 
professores que orientem e 
guiem seus alunos, nem 
podemos, por outro lado, 
tolher o crescimento de 
nossos estudantes através 
da imposição de um currículo 
rígido, que não valorize suas 
iniciativas, suas 
individualidades, seus ritmos 
particulares de aprendizado. 
 
 
32 
 
 
 
entusiasmo pelo aprendizado; mostrar como aquele conhecimento fará diferença 
na vida dos alunos”. 
A mudança não pode ser somente na postura do professor, o aprendiz 
necessita iniciar o processo mudando seus próprios valores, suas crenças 
(desaprender para aprender) e aprendendo a ter flexibilidade, para que aumente 
sua capacidade de aprendizado. 
Não há fórmulas mágicas para a condução do processo ensino 
aprendizagem na EJA, mas algumas atitudes e habilidades podem ser 
incrementadas tais como: estimular o autodidatismo, a capacidade de 
autoavaliação e autocrítica, as habilidades profissionais, a capacidade de 
trabalhar em equipes. Precisamos enfatizar a responsabilidade 
pessoal do aluno pelo próprio aprendizado e a necessidade e 
capacitação para a aprendizagem continuada ao longo da vida. 
Pronto para o trabalho? 
 Incentive seu aluno a participar do 
planejamento 
 Procure atender à motivação interna do educando 
 Estabeleça um clima de trabalho com confiança e respeito 
 Enfoque conteúdos com interesse imediato e com aplicação prática 
 Valorize a experiência como fonte de aprendizagem. 
Atividade para discutir na aula presencial ou nas trocas com seu tutor e 
colegas no AVA 
Retorne ao parágrafo que expõe (...) “não há fórmulas mágicas no 
processo ensino aprendizagem da EJA”. 
Explique uma das possibilidades de ação que o parágrafo aborda. 
O capítulo que se encerra trouxe à cena conteúdos da Andragogia que 
nos vão auxiliar a bem trabalhar com a EJA. O aprofundamento teórico de 
algumas dessas ideias está apresentado no capítulo a seguir. Esses autores 
abordaram em seus estudos muitas possibilidades aproveitadas na EJA. 
 
 
33 
 
 
 
 
4. AUTORES QUE NOS AJUDAM A SEDIMENTAR O TRABALHO NA EJA 
Algumas atividades práticas de trabalho didático pedagógico estão sendo 
apresentadas, como sugestão, no nosso módulo sobre a EJA. Vamos utilizar 
agora um título de Antunes (2002, p.17) para explicar o porquê de destacar 
alguns educadores e suas contribuições para a fundamentação teórica na EJA. 
Antunes assim se expressa: “Estamos apoiados em ombros de 
gigantes”. O que será que isso significa? Você acertou quando pensou que o 
nosso fazer pedagógico está calcado nas ideias dos muitos educadores ouprofissionais de outras áreas afins, que com seus estudos, trouxeram imensa 
contribuição ao trabalho na sala de aula. 
Assim vamos apresentar algumas das ideias relativas à EJA ou 
aproveitadas pela EJA, para o desenvolvimento teórico-prático dos trabalhos 
com os alunos. 
Ao final do capítulo você poderá ter construído as seguintes competências e habilidades 
 Valorizar o que eles trouxeram de Piaget, Vigotsky, Makarenko e Freire como 
contribuição para a EJA. 
 Caracterizar Makarenko e a pedagogia em escolas populares. 
 Reconhecer Piaget como autor que aborda o conhecimento como resultado de 
ações e interações do sujeito com o ambiente em que vive. 
 Destacar Vigotsky e a colaboração para o entendimento da Zona de 
desenvolvimento proximal. 
 Identificar Freire com a concepção que enfatiza que educador e educando 
aprendem juntos, num processo constante de aperfeiçoamento. 
 
Faz-se necessário um importante esclarecimento. 
Toda escolha apresenta parcialidades. Podemos escolher um autor e deixar de 
citar outros porque como cita Gadotti (p.19) não pretendemos “(...) esgotar todos 
os temas e todos os autores” que contribuem para o trabalho na EJA. 
 
 
34 
 
 
 
4-1-Os autores, seus tempos e seus espaços 
 
Começamos com Anton Semionovitch Makarenko- (1888 a 1939) 
 
Imagem da Editora Abril - Suplemento Educar para crescer de 01/07/2008 
Makarenko nasceu na república da Ucrânia, hoje independente, mas que 
à época fazia parte do Império Russo. Formado em Pedagogia dava aulas em 
escolas populares. Em 1917 , quando ocorreu revolução socialista que instituiu 
uma república popular acabando com os privilégios monárquicos, ele estava 
dirigindo uma escola para ferroviários Em 1920 encara o desafio de reeducar, 
com visão socialista, infratores e menores abandonados. 
 
O que dizer a respeito de Jean Piaget (1896 a 1980) 
 
Imagem: Pensadores da educação-Editora Abril 
 
35 
 
 
 
Muitas vezes citado ao longo do nosso curso, Piaget foi um biólogo e 
psicólogo suíço. Dedicou-se ao estudo o processo de construção do 
pensamento. O autor desenvolveu uma teoria de conhecimento a chamada 
Epistemologia Genética. Ele e seus colaboradores escreveram mais de 30 obras. 
Entre os seus seguidores está a argentina Emilia Ferreiro, muito influente no 
Brasil. e que se baseando no legado do autor, aprofundou a ideia de que é 
necessário que o aprendizado seja feito de maneira significativa constituindo a 
base do Construtivismo. 
Outro nome relacionado ao proposto para a EJA é o de Lev Semynovitch 
Vygotsky( 1896 a 1934). 
 
Imagem: Pensadores da educação-Editora Abril 
Nascido na Bielo-Rússia, no Império Russo, formou-se em Direito pela 
Universidade de Moscou e mais tarde em Medicina. Dedicou-se à pesquisa 
literária e atuou, entre 1917 e 1923, como professor de Artes, Literatura e 
Psicologia. A partir de 1924 aprofundou-se na Psicologia, em especial estudando 
os deficientes. 
Não podemos deixar de citar, entre os influentes pensadores, o nome de 
Paulo Freire (1921 a 1998). 
 
36 
 
 
 
 
Imagem: Pensadores da educação-Editora Abril 
Freire nasceu em Pernambuco, formou-se em Direito, mas não exerceu 
a profissão. Deu aulas de português e posteriormente trabalhou no SESI de 
Pernambuco, onde desenvolveu suas primeiras experiências com trabalhadores. 
Desenvolveu extenso programa de educação de adultos. 
 
4-2 Os autores e suas ações e obras 
 
akarenko viu-se frente a 
frente com o desafio da 
reeducação socialista. .A 
partir dessa prática formulou sua teoria 
pedagógica, abrangente e engajada. 
Descreveu em POEMA PEDAGÓGICO: as 
suas experiências na colônia correcional 
onde, relatou ter aprendido mais do que 
todas as teorias pedagógicas. Nas suas 
ideias para formar o cidadão soviético. 
Makarenko pretendia desenvolver: nos 
alunos um sentimento de dever e 
M 
Engajado nesse caso quer 
dizer: que toma posição 
diante dos problemas 
políticos e sociais. 
 
Socialismo-denominação 
dada a uma variedade de 
doutrinas 
econômicas,políticas e 
sociais que têm em comum 
a condenação da 
propriedade privada dos 
meios de produção. 
 
37 
 
 
 
responsabilidade para com a sociedade, obtendo educandos com uma 
personalidade disciplinada, em prol do coletivo com espírito de colaboração 
solidariedade e camaradagem, resultando numa sólida formação política e na 
capacidade de conhecer os que na época eram considerados como inimigos 
do povo. 
 
iaget dedicou-se ao estudo sobre como se adquire 
conhecimentos, concluindo que este não pode ser concebido 
como algo pré-determinado, nem como resultado de percepções 
mas como resultado de ações e interações do sujeito com o ambiente em que 
vive. De acordo com essas ideias, Piaget entendia o homem como um sujeito 
ativo que em todas as etapas da sua vida procura compreender e conhecer o 
que se passa a sua volta. Dessa forma o conhecimento é adquirido num 
movimento de assimilação – adaptação – desequilíbrio - ação - assimilação e 
equilibração. Conclui-se a partir disso que é grande a importância do 
estímulo, do desafio, da lacuna de conhecimento, provocando 
desequilibração que incentive a ação em busca do equilíbrio. 
igotsky teve suas obras proibidas de circular, na antiga URSS , 
durante algum tempo, porque dizia que havia um aspecto 
individual na formação da consciência e que portanto a 
concepção da coletividade se constituía através de pessoas com 
singularidades próprias. Vygotsky enfatizou a importância da interação do 
organismo com as condições de vida social e das formas histórico-sociais de 
vida da espécie humana. Enquanto Piaget aborda a construção do 
conhecimento pela ação, Vygotsky considera que esse sujeito é ativo e 
interativo, porque constitui conhecimentos e se constitui a partir das relações 
inter e intra culturais. (do plano social para o individual) assim estabelece o 
conceito de zona de desenvolvimento proximal. O professor deve atuar tendo 
em mente que a aprendizagem está calcada no desenvolvimento prévio e 
 
P 
V 
 
38 
 
 
 
anterior, mas também depende do potencial que todos nós temos e à escola 
cabe atuar no sentido de estimular constantemente a ZDP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
reire, como você já deve ter lido, foi considerado um dos maiores 
educadores do século XX. Na lista de seus escritos destaca-se 
Pedagogia do Oprimido - que foi traduzida em 18 línguas. A sua obra 
é voltada para uma teoria do conhecimento aplicada à educação, sustentada 
na concepção que educador e educando aprendem juntos, num processo 
interativo e constante. Freire tem sua maior contribuição no campo da EJA, 
mas, sua teoria pedagógica aborda outros aspectos como a pesquisa 
participante que envolve os interessados diretamente nos projetos, 
encaminhando - os a uma crescente conscientização Seu método para a 
formação da consciência crítica passa por fases que são: a investigação, a 
tematização e a problematização sempre visando à conscientização. 
Para Saber Mais 
Acesse o site do Instituto Paulo Freire para conhecer como estão 
organizados os trabalhos de seus seguidores buscando dar continuidade às 
ideias desse educador. 
http://www.paulofreire.org/Capa 
F 
Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é um conceito elaborado 
por Vigotsky e define a distância entre o nível de desenvolvimento real, 
determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, 
e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de 
resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração 
com outrocompanheiro. 
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Zona_de_desenvolvimento_proximal. Acesso em 15 de jun 2011. 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
Agora que tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais esses 
quatro pensadores, cujos trabalhos influenciam a EJA, vamos fazer um exercício. 
Procure relacionar o autor com o pensamento, colocando as iniciais de cada um 
deles no pensamento correspondente. 
 Para esse autor o objetivo da escola era baseado na vida em grupo, 
na autogestão, no trabalho e na disciplina que contribuiu para a recuperação de 
jovens infratores. 
 Para esse autor a criança não aprende sozinha nem é dominadora 
exclusiva da sua evolução. Ela aprende essencialmente com os outros através 
de múltiplas relações o que acentua o valor do grupo social e da escola. 
 
 Para esse autor que sempre se dedicou a educação dos menos 
favorecidos visando conscientizá-los, não era se calando “que os homens se 
fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação reflexão.” 
 Para esse autor que enfatizava a ação entre o sujeito e o objeto 
como a base do conhecimento, se um indivíduo fosse passivo intelectualmente 
não conseguiria ser livre moralmente. 
Você encontrou: M-V-F-P ? 
 
Ao término do nosso capítulo esperamos tê-lo feito refletir sobre o quanto 
a prática de sala de aula recebe a contribuição dos que nos antecederam. Os 
 
40 
 
 
 
autores apresentados contribuem com seus conhecimentos para a EJA, cada 
qual com seu legado, mas neles podemos verificar a preocupação com a 
aprendizagem ativa, participativa e interativa como citado em Piaget, Vigotsky e 
Freire. Por outro lado aparecem em destaque as questões culturais e 
comunitárias em Makarenko, Vigotsky e Freire. As questões políticas estão mais 
evidentes em Makarenko e Freire. Também Piaget e Vigotsky enfatizam as 
questões mais ligadas ao como aprendemos, apresentando-nos um viés mais 
psicológico dos seus estudos. Ainda em Freire e Makarenko tem destaque a 
temática relativa ao trabalho. Estes foram os motivos para nos levaram a 
escolhê-los. 
Como atividade final, busque no menu inserir, opção formas e coloque 
setas interligando os autores com o que melhor expressa seu trabalho. 
Makarenko Conscientização 
Freire Coletivismo 
Vigotsky Equilíbrio e desequilíbrio 
Piaget ZDP 
A partir desse capítulo, exemplificaremos múltiplas possibilidades das 
práticas pedagógicas na EJA e assim você poderá perceber a nítida influência 
desses autores. Vamos partir para o estudo sobre a alfabetização de adultos, um 
dos focos mais importantes do nosso módulo. 
 
 
 
 
 
41 
 
 
 
 
5. JOGANDO LUZ SOBRE O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E A EJA 
 
Dentre todos os trabalhos a serem levados a termo na EJA 
destaca-se sem nenhuma dúvida, o processo de 
alfabetização daqueles que ou não tiveram acesso à escola 
ou, dos que por motivos variados,tiveram que abandoná-
las.. 
 Ao final do estudo desse capítulo esperamos que você tenha desenvolvido 
as seguintes competências e habilidades. 
 Estabelecer a diferença entre ser alfabetizado e ser letrado 
 Entender que a leitura da palavra deve ser feita para que o aluno seja 
capaz de ler o mundo. 
 Refletir sobre a importância do alfabetizar para o aluno da EJA 
 
Um adulto que inicia o processo para o domínio do código lingüístico já 
teve outros contatos com o mundo das letras. Daí advém a necessidade de 
diferenciarmos alfabetização e letramento. 
FIQUE ATENTO 
Você já deve ter assistido o filme Central do Brasil de Walter Salles 
(1998). Se não tiver assistido, vale a pena pegá-lo na locadora especialmente 
porque o filme retrata a vida de Dora e Josué. Ela é uma professora aposentada 
que ganha a vida escrevendo cartas para analfabetos, na maior estação de trens 
do Rio de Janeiro - a Central do Brasil. Nesse trabalho de escriba , os adultos 
ditam para ela as cartas a serem enviadas. 
 
Ao conceituarmos alfabetização e letramento, percebemos que ambos 
são processos que envolvem a aquisição de um sistema de escrita, estando, 
portanto interligados, separam-se quanto à abrangência e natureza. 
Segundo Soares (2003, p.93) 
 
42 
 
 
 
(...) distingue essas duas concepções enfatizando que 
alfabetização e letramento são processos distintos, de natureza 
interdependente e indissociável. A alfabetização não precede, nem é 
pré-requisito para o letramento, pois pessoas analfabetas, por estarem 
inseridas no contexto letrado, possuem um nível de letramento, o que 
pode ser visto como uma consequência da imersão na cultura letrada. 
A alfabetização faz parte de um contínuo linear, com limites claros. 
Passa-se de analfabeto a alfabetizado. Já o letramento é um processo 
contínuo não-linear, multidimensional, ilimitado, sempre em 
permanente construção. 
Após essa explicação você é capaz de 
relatar estabelecer o vínculo entre o filme e os 
conceitos de letramento e alfabetização? 
Visando clarificar ainda mais as idéias 
temos em Koogan e Houaiss (2004) que 
letramento: é o conjunto de práticas que denotam 
a capacidade de uso de diferentes tipos de 
material escrito. 
Alfabetização: é um processo dentro do 
letramento e, segundo Magda Soares, é a ação 
de ensinar/aprender a ler e a escrever. 
A pessoa adulta da mesma forma que a 
criança, mesmo não alfabetizada, já pode ser 
inserida em um processo de letramento. Pois, ela 
faz a leitura incidental de rótulos, imagens, gestos 
etc. Dessa forma podemos dizer que o contato 
com o mundo letrado é muito anterior ao das 
letras e vai além delas. 
O que se pretende então é o 
entendimento da leitura e a escrita como sendo 
(...) um adulto pode ser 
analfabeto, porque 
marginalizado social e 
economicamente, mas, se vive 
em um meio em que a leitura e 
a escrita têm presença forte, se 
se interessa em ouvir a leitura 
de jornais feita por um 
alfabetizado, se recebe cartas 
que outros lêem para ele, se 
dita cartas para que um 
alfabetizado as escreva,se pede 
a alguém que lhe leia avisos ou 
indicações afixados em algum 
lugar, esse analfabeto é, de 
certa forma, letrado, porque faz 
uso da escrita, envolve-se em 
práticas sociais de leitura e de 
escrita. (SOARES, 2008, p. 24) 
 
43 
 
 
 
concebidas dentro das práticas sociais, tornando o aluno capaz de participar de 
sua comunidade de forma efetiva. 
Assim sendo para garantir a verdadeira inclusão social, o processo de 
escolarização de pessoas jovens e adultas deverá buscar uma progressiva e 
permanente inserção dos sujeitos em situações de letramento. 
É possível afirmar que o processo de alfabetização de jovens e adultos 
traz muitas implicações e desafios, tanto para aqueles que se propõem a assumir 
essa tarefa de alfabetizador, quanto para os alfabetizandos. 
Quando se busca promover a inserção plena dos alfabetizandos na 
cultura da escrita muitas práticas equivocadas ainda são utilizadas. As barreiras 
são de diferentes ordens; como por exemplo, a seleção de conteúdos e métodos 
de ensino. 
 
Alfabetizar na EJA não é tarefa fácil, pois o alunado é, em sua maioria, 
constituído de pessoas de meia idade, que possuem uma rica experiência de 
vida e que precisam ver funcionalidade naquilo que é proposto a ser ensinado. 
 
44 
 
 
 
Desse modo os profissionais que atuam na Educação de Jovense Adultos 
precisam ser atentos, observadores e principalmente pesquisadores, pois 
precisam criar oportunidades para que esses alunos tenham acesso à cultura 
letrada que lhes possibilite participar ativamente da esfera política, cultural e do 
trabalho. Isso implica necessariamente a revisão do papel da escola, do 
professor, nas novas concepções de ensino e aprendizagem e dos conteúdos a 
serem abordados nesses processos. 
Freire (1991) dizia que: “ Não basta saber ler que Eva viu a uva. É 
preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, 
quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.” 
Com esse pensamento ele procurava alertar sobre a alfabetização 
conscientizadora, em que o aluno aprende a ler para entender e agir no mundo 
como sujeito e cidadão. 
 
Sugestões de vídeos sobre a alfabetização no site da Revista Nova 
escola on line. 
 
AS CONTRIBUIÇÕES DE FREIRE 
Especialistas comentam o legado de Paulo Freire 
 
COMPUTADOR E ALFABETIZAÇÃO 
Teclado facilita escrita de adultos não-alfabetizados 
 
 
45 
 
 
 
 
Atividade Globalizante 
 
Interprete a afirmativa retirada de Cury (2001) 
(...)a alfabetização, concebida como o conhecimento básico, 
necessário a todos, num mundo em transformação, é um direito 
humano fundamental. Em toda a sociedade, a alfabetização é uma 
habilidade primordial em si mesma e um dos pilares para o 
desenvolvimento de outras habilidades. (...) O desafio é oferecer-lhes 
esse direito... A alfabetização tem também o papel de promover a 
participação em atividades sociais, econômicas, políticas e culturais, 
além de ser um requisito básico para a educação continuada durante a 
vida. (Declaração de Hamburgo sobre a Educação de Adultos, de 
1997, da qual o Brasil é signatário). 
 
 
 
Apresentamos nesse capítulo algumas considerações sobre o processo 
de aprendizagem da leitura e da escrita com ênfase nas concepções freireanas 
relativas a uma alfabetização conscientizadora, que permita ao aprendiz tornar-
se agente de seu crescimento pessoal e social , capaz de buscar novos 
caminhos visando a continuidade do processo educativo que o mundo moderno 
nos coloca como exigência. 
Em busca de mais conhecimentos o próximo capítulo trará como foco as 
questões relativas ao planejamento de uma multiplicidade de propostas 
educativas na EJA. 
 
 
 
 
 
46 
 
 
 
6. COMO FAZER A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA? 
 
Você lembra o que é transposição didática? 
 
De uma forma bem simples poderíamos dizer que é a maneira que 
temos de transformar o conhecimento científico em conhecimento escolar, para 
que possa ser ensinado pelos professores e aprendido pelos alunos. 
A sala de aula da EJA merece nossa atenção especial nesse capítulo, 
porque vamos apresentar aspectos ligados ao planejamento da ação do 
professor, visando o melhor atendimento ao grupo turma sugerindo instrumentos 
que visam uma transposição didática cada vez mais adequada. 
Dessa maneira esperamos que ao final do capítulo você tenha 
desenvolvido as seguintes competências e habilidades: 
 Caracterizar os aspectos multiculturais dos alunos da EJA. 
 Identificar as diferentes possibilidades de ação didática. 
 Avaliar a importância da categoria trabalho como eixo norteador 
comum aos alunos da EJA. 
 Apreciar planos didáticos relativos à EJA. 
 
Vamos ao trabalho? 
Quando um professor vai trabalhar com os alunos da EJA, talvez o 
aspecto mais marcante relativo ao grupo seja seu caráter multicultural. Estar 
atento a essas características deverá imprimir um rumo especial ao trabalho. 
6.1 As questões multiculturais na EJA 
Criar e desenvolver um programa que atenda jovens e idosos, da cidade 
e do campo, depende de uma boa investigação sobre as expectativas de cada 
aluno e do grupo turma. Conseguimos constatar facilmente a multiplicidade de 
perfis dos alunos desse segmento de ensino, o que nos permite a conclusão que 
as classes de EJA são bastante heterogêneas. 
 
47 
 
 
 
Imagine-se com uma turma numa escola, em que você terá que respeitar 
a bagagem cultural que os alunos trazem, e tendo os seguintes perfis: 
 Estudantes que aspiram a trabalhar, trabalhadores que precisam 
estudar. 
 Os idosos, grupo crescente de pessoas no Brasil, que com a promessa 
de qualificação de vida para todos tendem a voltar para a escola, 
trazendo sua bagagem de vida a ensinar para as novas gerações. 
 Adultos ou jovens adultos, constituindo-se num grupo em geral, com 
pessoas mais pobres e com vida escolar mais acidentada. 
 Um expressivo número de analfabetos constituído de pessoas com 
mais idade oriundos de regiões pobres, interioranas, nas quais se 
encontram as maiores taxas de analfabetismo, grupo esse constituído 
principalmente pelos afro-brasileiros. 
 Pessoas migrantes e trabalhadores braçais. 
 Mulheres, às vezes, vítimas de preconceito de gênero, que não tiveram 
a chance de estudo na época adequada. 
 Avôs e avós ao lado dos que não constituíram família. 
 Há os jovens que já tiveram contato com a tecnologia e os que nunca 
tiveram chance de lidar com um computador. 
Você já pensou no que e como ensinar para um grupo tão diverso? 
As questões levantadas sobre a EJA indicam a 
necessidade de o projeto pedagógico levar em conta as 
singularidades dos/as alunos/as, sobretudo, no que se 
refere à raça, gênero e geração. (DINIZ E RAHME, p 121) 
É nesse universo multicultural que precisamos nos preparar para atuar. 
 
 
48 
 
 
 
Depoimento do professor A 
Dou aula em EJA há dois anos para a mesma turma que alfabetizei. 
Aprendi que é preciso auto-avaliar o nosso trabalho o tempo todo, porque os 
alunos já têm um universo criado e às vezes podemos nos esquecer disso. 
Quando falamos de agricultura, a turma se solta e participa. Parece que todos já 
sabem o conteúdo e eu só estou lá para facilitar uma ligação com o 
conhecimento formal. Tenho uma grande vitória para contar: este ano, minha 
mãe aprendeu a ler e a escrever com a minha ajuda. Foi uma luta, porque ela 
achava que jamais conseguiria. Essa, aliás, é a grande dificuldade do nosso 
trabalho: lidar com o pessimismo e a idéia de fracasso. Mas dá para reverter. 
Basta dizer que para aprender não tem idade. Todos os dias os estudantes me 
mostram que eu estou certo. Sabe aquela sensação de dever cumprido? “É o 
que sinto.” (Professor de 26 anos, atuando na Paraíba ) 
Fonte: Nova Escola- Nov.2003 
 
Após a leitura do depoimento, qual é para o professor a maior barreira ao 
nosso trabalho com os alunos da EJA? 
Que aspectos multiculturais foram trazidos no relato? 
 
 
 
 
 
6.2 Possibilidades de atividades pedagógicas em EJA 
Abordaremos alguns exemplos de atividades realizadas por profissionais 
em sala de aula bem como destacaremos algumas sugestões da SECADI 5para 
o trabalho na EJA. 
 
5
 Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão 
 
49 
 
 
 
De acordo com Gentile (2003) observe a estratégia utilizada por uma 
profissional, em uma classe de alfabetização, com alunos de faixas etárias bem 
diversas, atuando num colégio em São Paulo. 
O desafio da professora era ensinar a contar e a identificar as letras do 
alfabeto. Durante as primeiras conversas, ela descobriu que a maioria da turma 
tinha crescido próximo ao rio São Francisco. Como atividade de integração, 
Silvia propôs uma pesquisa sobre o "Véio Chico". Sem saber ler nem identificar 
mapas, muitos trouxeram para a classe histórias, lendas e contos relacionados à 
região. 
Fonte: Nova Escola- 167- Nov.2003Se você souber valorizar a sabedoria dos alunos e estabelecer analogias 
e ligações com a realidade deles, vai facilitar o processo de aprendizagem. Outra 
vantagem: os estudantes vão se sentir mais confiantes, rompendo assim o 
desconforto de estar aprendendo tardiamente. 
 
Decidi então não parar mais de estudar. Aprendi 
matemática graças a um professor que soube mostrar a 
teoria existente na realidade em que vivíamos. Ele sabia que 
a maturidade fazia aumentar a conexão das informações, 
deixando o conteúdo mais fácil e significativo. Segui em 
frente, fiz mestrado e doutorado em Filosofia na Universidade 
de São Paulo e agora me preparo para o pós-doutorado. 
(Continuação do relato de 2 da página 8) 
Fonte: Nova Escola 167- Nov.2003 
 
50 
 
 
 
Para Fonseca (2003) o professor da EJA precisa desenvolver algumas 
habilidades, no trato com seus alunos e apresenta como possibilidades as ações 
que estão no esquema: 
 
 
Essas são outras ideias que você pode aproveitar! 
Para entrar no mundo dos alunos, que trazem vivências muito diversas, 
nossa sugestão é que, para tentar atender ao interesse de todos, você busque 
apoio na categoria – trabalho. 
 
Contar a história 
das descobertas 
matemáticas e 
científicas 
Manter a turma 
atenta usando 
diálogos e 
debates 
Escrever no 
quadro, 
usando letras 
grandes 
Elogiar as suas 
capacidades de 
pensar e 
construir idéias 
Valorizar as 
habilidades dos 
estudantes, sua 
profissão e 
produções. 
Contextualizar as 
novas informações 
e estabelecer 
relações com o 
cotidiano 
Aprender a 
ouvir os 
alunos. 
Dispor mesas e 
cadeiras de 
forma a facilitar 
o diálogo 
Identificar 
quem são e o 
que fazem 
seus alunos 
antes de 
começar 
o 
trabalho 
pedagógi
co 
 
Possibilidades 
de ação 
 
51 
 
 
 
 
6.3 O trabalho como fio condutor na EJA 
Os jovens e adultos que voltam a estudar têm uma característica em 
comum: o mundo do trabalho está presente em suas vidas. Alguns querem uma 
ocupação mais bem remunerada, outros desejam simplesmente ter um emprego 
e se inserir no mercado. 
A possibilidade de participação de todos os alunos tendo como fio 
condutor o trabalho levou a SECADI a elaborar material didático para alunos e 
professores conjugando sempre o trabalho e outro tema. 
Veja na tabela que se apresenta as diversas abordagens constantes no material da SECADI 
Cultura e Trabalho 
 
Diversidade e Trabalho 
 
Economia Solidária e Trabalho 
 
Emprego e Trabalho 
 
Globalização e Trabalho 
 
Juventude e Trabalho 
 
Meio Ambiente e Trabalho 
 
Mulher e Trabalho 
 
Qualidade de vida, consumo e Trabalho 
 
Segurança e Saúde no Trabalho 
 
Tecnologia e Trabalho 
 
Tempo livre e Trabalho 
 
Trabalho no Campo 
 
 
 
 
omo outras possibilidades de caminhada: ligadas ao tema 
sugerimos pesquisar sobre enfoques diversos na temática 
relativa ao trabalho como o custo de vida, com base em C 
 
52 
 
 
 
investigações realizadas na própria turma ou na comunidade. Outra maneira é 
fazer a ponte com algumas políticas de trabalho e de geração de renda. Buscar 
informações sobre linhas de crédito para pequenos investidores, políticas de 
empréstimos, créditos consignados podem ser assuntos formativos e render 
bons problemas de matemática. 
 
A seguir apresentamos dois exemplos de ações em turma, retirados de 
Gentile (2003), tendo o trabalho como eixo norteador. 
O trabalho foi usado com sucesso em Guarulhos, município da Grande 
São Paulo. Com pesquisas, entrevistas e uma linha do tempo, seus alunos 
relacionaram a trajetória profissional de cada um com fatos recentes da história 
do Brasil e ainda discutiram e dramatizaram a crise do emprego na comunidade, 
no país e no mundo 
No meio rural, o trabalho também pode ter lugar de destaque no currículo 
de EJA. Uma escola sindical em Belo Horizonte desenvolveu o Projeto Semear 
no interior de Minas Gerais e até em outros estados. Nos programas 
desenvolvidos, o desenvolvimento rural sustentável e a geração de trabalho e 
renda são temas centrais, assim como a memória dos estudantes, as relações 
sociais e culturais, a religiosidade, a família e a participação comunitária. A 
produção de relatos orais e escritos faz com que as conversas informais revelem 
memórias. 
 
 
53 
 
 
 
6.4 Para bem formular os planos didáticos 
 
A forma de trabalho da EJA exige muita flexibilidade de planejamento, 
muita escuta a respeito da vivência do aluno e dos seus anseios como temos 
procurado abordar durante esse módulo. Por outro lado isso não significa que 
devamos abrir mão de estruturar a proposta pedagógica que se quer 
desenvolver. 
De acordo com a proposta educativa para a EJA feita pelo MEC (2001) a 
elaboração de bons planos didáticos exige uma grande dose de criatividade do 
professor e um conhecimento razoável de como se realiza o processo de 
aprendizagem dos conteúdos por parte dos alunos. 
Cabe dessa maneira ao professor estabelecer e 
ordenar os objetivos de sua ação, nesse caso o currículo é 
um parâmetro indispensável. Como você já estudou no nosso 
curso um material mais específico sobre a elaboração de 
currículo, o objetivo aqui é somente lembrar que estabelecer o 
currículo é o início da caminhada. 
“Que aprendizagens eu espero que os educandos realizem? Como 
diversas aprendizagens podem se integrar num todo coerente, convergindo para 
os objetivos mais gerais do projeto pedagógico?” são indagações encontradas na 
proposta curricular para EJA , primeiro segmento elaborada pelo MEC.(2001, p. 
210) 
 
54 
 
 
 
A segunda etapa consiste na elaboração de uma sequencia de 
atividades, através das quais se espera promover as aprendizagens, prevendo o 
tempo e os materiais necessários. 
Por fim, é preciso prever também como se fará a avaliação da 
aprendizagem. Tendo o cuidado inicial com o planejamento dos aspectos 
citados, podemos partir para a elaboração do plano didático. .
 
 
 
Para elaborar um plano didático voltado para o Ensino Fundamental de 
Jovens e Adultos será preciso que se estabeleçam subdivisões, ou unidades 
menores de planejamento, a que chamamos aqui unidades didáticas. 
Uma unidade pode estar referida a uma área de conhecimento específica 
ou integrar diversas áreas. Tanto num caso como no outro, é fundamental que 
elas sejam definidas considerando a necessidade de coerência e integração das 
atividades, de modo a favorecer que os alunos estabeleçam relações entre 
diversos tópicos de conteúdo, possibilitando as aprendizagens mais significativas 
O plano didático orientado por eixos temáticos é uma opção 
especialmente indicada para esse nível de ensino, uma vez que permite as 
abordagens dos conteúdos das diferentes áreas em aspectos integrados 
ajudando no estabelecimento de muitas conexões. Este é um modo também de 
evitar uma excessiva dispersão de assuntos, o que poderia dificultar o processo 
de aprendizagem dos educandos nesses estágios iniciais. A escolha de um eixo 
Planejando 
para a EJA 
Currículo 
Sequencia de 
atividades 
Aspectos da 
Avaliação 
 
55 
 
 
 
temático deve ser feita considerando sua relevância para o grupo de educandos 
verificando sempre que possibilidades o eixo temático oferece para que sejam 
trabalhados os conteúdos curriculares de modo adequado. 
 
É hora de revisão! Volte ao texto do tópico 6.- 4. e crie um vocabulário 
específico para as palavras, a partir das informações que o texto oferece.Siga 
 
Sequencia 
didática 
 
Plano 
didático 
 
Unidades 
didáticas 
Eixo 
temático 
 
56 
 
 
 
Passamos a exemplificar com atividades ligadas aos conceitos 
apresentados. 
Para que a situação de aprendizagem não ficasse desvinculada de um 
contexto, criamos uma caracterização do grupo com o qual hipoteticamente 
estamos trabalhando. Toda essa parte está transcrita na íntegra, de acordo com 
o exposto a partir da página 212, do documento. (MEC,2001) 
Plano didático 
 
1-Caracterização do grupo 
São 25 alunos moradores da periferia de um grande centro urbano, com 
idades variando entre 18 e 37 anos. A maioria deles é migrante de zonas rurais 
de outros estados, tendo já trabalhado na agricultura. Atualmente exercem 
atividades profissionais ligadas ao comércio e aos serviços, empregadas 
domésticas, balconistas, vigilante, auxiliar de estoque, ajudante de cozinha etc. 
Moram num bairro pobre, onde se situa o centro educativo, e dispõem de pouco 
tempo para o lazer. Os que já estiveram alguma vez na escola o fizeram por 
períodos breves, a maioria em escolas rurais. Desejo de conseguir um emprego 
melhor e outros relativos ao desenvolvimento pessoal foram motivos alegados 
para procurar um curso de alfabetização. Principalmente os mais jovens 
manifestaram desejo de continuar a escolarização até o final do 1º grau. Todos 
sabem escrever seus nomes, conhecem letras e números, sabem em que 
situações sociais a escrita é utilizada. 
Aproximadamente a metade deles consegue decifrar partes de uma 
pequena lista de compras e um anúncio breve, com muitas dificuldades, sem 
conseguir apreender o sentido do que estão lendo. Alguns conseguem escrever 
palavras ditadas, mas com muitas omissões de letras. Com poucas exceções, 
sabem ler os números usuais e realizam cálculos mentais para resolver 
problemas simples envolvendo pagamento, preço, troco etc. 
 
 
57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relacione as ilustrações do Clipart com a caracterização da turma 
descrita. 
 
 
 
 
 
2-Caracterização do plano didático tendo em conta os objetivos e os 
conteúdos 
O foco central do plano será a iniciação dos educandos na leitura e 
escrita, além da consolidação de seus conhecimentos sobre a escrita numérica. 
A compreensão de como funciona o sistema de escrita alfabético, assim como a 
fixação do valor sonoro das letras, merecerá uma atenção especial em todas as 
unidades. Considerando que esses jovens e adultos sofrem com o estigma de 
serem migrantes analfabetos vivendo num grande centro urbano, haverá também 
uma atenção especial ao desenvolvimento de atitudes confiantes na própria 
capacidade de aprendizagem, para o que será necessário que eles reconheçam 
 
58 
 
 
 
os conhecimentos que já têm e a possibilidade de adquirirem novos 
conhecimentos. 
Neste sentido, serão promovidas oportunidades de expressão oral de 
suas experiências. O plano visa também uma diversificação de materiais de 
leitura, de modo que eles possam se familiarizar com a diversidade de textos 
presentes no cotidiano, iniciando-se no desenvolvimento de estratégias de 
compreensão e fluência na leitura. O eixo temático desse projeto de trabalho é “A 
identidade e o lugar de vivência”. Os conteúdos desenvolvidos abarcam as 
áreas de Língua Portuguesa, Matemática, Estudos da Sociedade e da Natureza. 
O tempo de duração estimado é de 17 semanas, prevendo-se cinco sessões de 
duas horas e meia por semana. ( p. 214) 
 
 
 
 
 
 
 
Continuando a análise da proposta apresentada são expostas as 
Unidades Didáticas a serem desenvolvidas. (p.222) 
Como exemplo nós retiramos uma das unidades cuja temática é ligada 
ao momento do nascimento do aluno 
UNIDADE 3: QUANDO EU NASCI (3 semanas) 
• Elaboração de listas relacionando nomes com idades, em ordem 
crescente e decrescente. 
• Observar em documentos pessoais onde estão registrados nome, local 
e data de nascimento. 
• Preenchimento de formulários simples com dados pessoais. 
Para saber mais 
Para nosso módulo não há como reproduzir a listagem de conteúdos a serem 
desenvolvidos, mas como sugestão acesse o endereço: 
http://portal.mec.gov.br/SECADI/arquivos/pdf/eja/propostacurricular/primeiros
egmento/propostacurricular.pdf 
A partir dele você terá toda a listagem dos objetivos e conteúdos pretendidos. 
 
 
 
59 
 
 
 
3-Introdução com 
informações ao 
professor 
4-Atividades para 
serem propostas 
aos alunos 
 
5-Resultados 
esperados 
6-Informações 
complemen- 
tares ao professor 
1-Identificação do 
tema e nível da 
turma 
2-Objetivos da aula 
• Análise e construção de calendário (nomes dos meses e dias da 
semana, relações entre dias, semanas e meses). 
• Elaboração de uma agenda da sala, marcando aniversários, feriados 
escolares, compromissos etc. 
• Localização numa linha do tempo dos anos de nascimento dos alunos. 
•Resolução de problemas envolvendo datas, idades e prazos 
(comparando datas de nascimento, saber que é mais velho; quantos anos eu 
terei no ano tal? dado um prazo, em que data vence etc.). 
 
O Anexo 1, ao final do nosso material a respeito da EJA, traz outras 
sugestões interessantes. 
Se você esteve atento notou que há no material do professor um passo a 
passo que vamos reproduzir: : 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
60 
 
 
 
Que tal utilizá-lo quanto estiver com sua turma? 
Atividade globalizante 
Aponte pelo menos dois cuidados essenciais à realização de um trabalho 
didático bem feito tendo em conta o alunado da EJA. 
 
 
 
 
 
Nesse capítulo 6 foram evidenciadas várias questões relativas às 
possibilidades de melhor fazer as transposições didáticas que atendam à EJA. 
Iniciamos acentuando o caráter multicultural da ação pedagógica. Apresentamos 
também exemplos de atuação de professores em salas de EJA tomando o relato 
deles e de alguns alunos contando suas experiências bem sucedidas. 
Destacamos aspectos ligados às questões de trabalho que se constituem num 
eixo facilitador que traz grandes chances de participação envolvente para o 
grupo turma. Para terminar abordamos exemplos ligados ao planejamento 
estruturado para a EJA. 
Caminhamos para o próximo capítulo onde estudaremos sobre a 
avaliação da aprendizagem, cujo movimento de partida está sempre ligado ao 
planejamento, a sua execução, acompanhamento e replanejamento tendo em 
vista a aprendizagem dos alunos. 
 
 
61 
 
 
 
7-A AVALIAÇÃO NA EJA 
 
De todos os temas debatidos na Educação, aqueles que causam mais 
discussão, estão ligados às questões da avaliação da aprendizagem. Como 
estamos tratando da avaliação da aprendizagem de jovens e adultos esse 
assunto se torna ainda mais polêmico, porque é considerado por muitos 
educadores como um dos principais responsáveis pelo fracasso e exclusão de 
um grande número de alunos e alunas que freqüentam as salas de aula. 
A fim de revermos nossa postura frente à avaliação esperamos que ao 
final da leitura do capítulo você tenha desenvolvido as seguintes competências e 
habilidades: 
 Reconhecer a avaliação como indispensável ao processo de 
escolarização. 
 Diferenciar medida de avaliação 
 Estabelecer alguns parâmetros para ação avaliativa em EJA. 
 Estar munido de ideias para contribuir para redução ou até eliminação 
do fracasso escolar em especial de jovens e adultos. 
 
Para começar vamos dar um exemplo que nos permitirá distinguir 
medida de avaliação. Digamos que alguém vá a uma costureira e ela tireas 
medidas dessa pessoa, anotando-as num caderno, para mais tarde ela 
confeccionar, diante das medidas já tomadas, a roupa pedida pela cliente. 
Ocorre que ao experimentar a roupa a pessoa que a encomendou avaliou que 
ela estava um pouco larga, porque ela havia emagrecido e a costureira na hora 
da prova constatou a mudança no corpo da cliente e precisou refazer seu 
trabalho. 
 
62 
 
 
 
 
Medida - avaliação – reajuste. 
Num outro exemplo digamos que um jogador de futebol, após marcar 
muitos gols, sofreu uma contusão e ficou afastado dos campos por um pequeno 
período, mesmo assim o treinador escalou-o para a decisão do campeonato 
porque o avaliou pelo seu potencial. O jogador brilhou no campeonato. 
 Medida - avaliação e respeito à potencialidade. 
É possível então estabelecer certa analogia entre as situações anteriores 
e o que ocorre na Educação: O autor Popham , citado por Depresbiteris (2000, 
p.54) afirma que : 
O processo avaliativo inclui a medida, mas não se esgota nela. A 
medida revela o quanto o aluno possui de determinada 
habilidade; a avaliação informa sobre o valor dessa habilidade. A 
medida descreve os fenômenos com dados quantitativos; a 
avaliação descreve os fenômenos e interpreta – os, utilizando-se 
também de dados qualitativos. 
Responda: 
O técnico soube avaliar? Por que? 
A costureira soube agir diante da diferença entre o planejado e o que 
obteve como resultado? Por que? 
 
 
63 
 
 
 
A partir destes exemplos e da citação gostaria de levá-los a pensar na 
escola. A avaliação deve ser feita pelo professor para acompanhar o aluno e 
reajustar aquilo que não foi possível alcançar (como fez a costureira) ou ainda a 
avaliação deve ser feita tendo em conta as potencialidades do aluno mesmo que 
ele esteja momentaneamente com alguma dificuldade, como fez o treinador. 
Logo medir é uma coisa e avaliar é algo maior e mais completo. 
Agora responda: 
Durante a sua vida escolar você teve professores que só utilizavam 
medidas ou teve professores que trabalhavam medindo, avaliando e 
replanejando? 
 
 
 
 
 
 
 
7.1 As possibilidades de avaliação na EJA 
 
 
 
 
 
 
A avaliação está sempre ligada ao que planejamos para o nosso grupo 
turma, assim durante o planejamento precisamos indicar como se fará a 
avaliação citando, por exemplo, quais vão ser os indicadores de alcance dos 
objetivos traçados que mostre o quanto o aluno aprendeu durante todo o 
processo, necessitamos da adequação das atividades propostas a esses 
Para começo de conversa é 
importante fazer a ponte entre o 
planejamento e a avaliação. 
 
64 
 
 
 
objetivos e especialmente devemos pensar nas intervenções que o professor 
terá que fazer com as evidências recolhidas no processo de avaliação. 
 
 
 
 
 
 
 
Durante todo processo de ensino-aprendizagem devemos ter em conta, 
que ao professor, cumpre manter uma atenção constante com relação à 
aprendizagem, buscando criar atividades pontuais que permitam intervir diante 
das situações que se apresentem. 
Retiramos do documento para EJA elaborado pelo MEC o seguinte 
exemplo para a atividade avaliativa contínua. 
Num curso de alfabetização, por exemplo, o critério “sabe ler ou 
escrever” é insuficiente para indicar os progressos realizados ao 
longo do processo. Neste caso, seria aconselhável que o 
educador contasse com um instrumento de acompanhamento de 
cada aluno, onde se distinguissem aprendizagens mais 
específicas como, por exemplo, “conhece as vogais”, “segmenta 
as palavras adequadamente”, “conhece a grafia de palavras com 
dígrafos”, “usa pontos para segmentar as frases”, “conhece 
aspectos estruturais de uma determinada modalidade de texto”.6 
 
 
 
 
6
 
http://portal.mec.gov.br/SECADI/arquivos/pdf/eja/propostacurricular/primeirosegmento/propostacu
rricular.pdf 
É essencial ter uma visão avaliativa 
constante e fazer uma avaliação 
continuada das aprendizagens para 
realizar as intervenções 
pedagógicas. 
 
65 
 
 
 
A auto avaliação do aluno e o redimensionamento do erro 
Certamente os jovens e adultos são capazes de se auto-avaliarem e 
perceberem o quanto já caminharam e o quanto ainda precisam caminhar com 
relação à própria aprendizagem. Isso implica em perceber o que já sabem e o 
que desejam saber. Nosso cuidado como professores será especialmente não 
reforçar no aluno visão do erro, da ignorância e da deficiência, apresentar 
claramente o que eles precisam aprender. 
De acordo com a Revista do Projeto Pedagógico7 os erros dos alunos 
durante a aprendizagem não podem ser ignorados, uma vez que são imagens da 
construção do conhecimento, que o aluno está apreendendo. Dessa forma o erro 
mostra o espaço e o movimento do aluno para avançar. Portanto, o erro deveria 
ser algo mais compreensível e melhor trabalhado. O erro não pode ser colocado 
como uma oposição ao certo. Erro é, sim, tudo aquilo que frusta o resultado 
desejado. 
 
7-2-A avaliação final na EJA 
 
Na medida em que trabalhamos com a avaliação continuada, estaremos 
mais seguros para fazer a avaliação final do nosso aluno. 
No entanto esse tipo de avaliação se reveste com características 
diferenciadas. A lista de objetivos específicos das unidades de ensino não uma 
podem ser consideradas como determinante da aprovação ou reprovação do 
aluno. Nesse caso precisamos determinar aquilo que é essencial ao aluno para 
que ele possa seguir para uma série ou ciclo de estudo. 
Quando os professores chegam a esse momento, e sendo pessoas 
comprometidas com o trabalho educativo que realizam normalmente eles se vêm 
diante da angústia. É preciso zelar pela certificação a ser dada ao aluno para que 
a mesma corresponda ao que está proposto nos objetivos educacionais 
 
7
 http://www.udemo.org.br/RevistaPP_02_08QuandoErrar.htm 
 
66 
 
 
 
correspondentes ao que se espera de alguém que esteja naquele nível de ensino 
Por um lado, está em jogo a questão da reprovação ainda tão marcante no nosso 
sistema escolar, que desestimula e acaba por expulsar grande parte dos alunos, 
negando-lhes a possibilidade de concluir a escolaridade fundamental. 
 
De acordo com a Proposta curricular para jovens e adultos, 2001, p.227 
apresenta-se a seguinte afirmativa: 
 
O estabelecimento de critérios de avaliação final é uma tarefa 
especialmente delicada quando a avaliação deve orientar decisões sobre a 
promoção de um aluno dentro do sistema de ensino ou a certificação de um 
determinado grau de escolaridade. 
 
Ainda de acordo com a proposta do MEC para a avaliação de jovens e 
adultos as aprendizagens essenciais estão ligadas aos procedimentos, ao saber 
fazer, bem como ao aprender a aprender, assim descritas 
(...) são instrumentos para a realização de novas aprendizagens, 
aqueles que promovem a autonomia dos jovens e adultos na 
busca do conhecimento: as habilidades de compreensão e 
expressão oral e escrita, as operações numéricas básicas, a 
interpretação de sistemas de referência espaço-temporal usuais. 
(2001, p 227) 
 
 
67 
 
 
 
 
A partir das ponderações feitas, temos na proposta do MEC, já citada, a 
sugestão que se promova da primeira para a segunda fase do Ensino 
Fundamental os alunos que demonstrarem os conhecimentos relativos aos 
seguintes critérios mínimos: 
 
Critérios de mínimos para a aprovação da primeira para a segunda fase do 
Ensino Fundamental: 
 
Compreensão de um texto lido, manifestando essa compreensão por meio da 
exposiçãooral ou escritas das ideias básicas que constem do texto. 
Produção de uma mensagem escrita, tais como uma carta ou um relato, separando e 
seqüenciando o texto com pontuação adequada. 
Leitura e escrita dos números naturais até milhares 
Realização de cálculos de adição e subtração de quaisquer números naturais e 
multiplicação e divisão com números de até dois algarismos. 
Resolução de problemas simples com dados numéricos, operações com números 
naturais e unidades de medida. 
Identificação de informações contidas em tabelas ou esquemas como, por exemplo, 
indicar o produto mais barato numa lista tríplice de supermercado., esquema de 
organização de uma propriedade rural ou a posição de uma edificação em relação à 
outra. 
 
 
 
 
68 
 
 
 
Como enfatiza a proposta do MEC para a EJA (2001) a preocupação 
maior quando se trata da avaliação na EJA está ligada a incentivar e preparar os 
alunos para a continuidade do estudo, seja num programa de alfabetização ou 
no primeiro segmento do Ensino Fundamental. As aprendizagens visam melhorar 
as condições de inserção social e profissional 
dos alunos ajudando a aumentar confiança na 
própria capacidade de aprender. 
Dessa forma o Ensino Fundamental para 
jovens e adultos deve levar em conta que é a 
importante que os educandos continuem 
aprendendo, seja dentro do sistema de ensino 
formal, seja aproveitando ou lutando por mais 
oportunidades de se desenvolverem como 
trabalhadores, como cidadãos e como seres 
humanos. 
Resumindo nosso capítulo podemos 
perceber que foram apresentados enfoques da 
avaliação, em especial na EJA tais como: a 
diferença entre medir e avaliar, a necessidade 
de avaliação continuada para as correções da 
nossa intervenção didático-pedagógica. 
Destacamos também a importância do aluno se 
auto-avaliar e buscamos evidenciar sobre a 
importância do erro como tentativa para se 
chegar ao aprendizado. Para terminar 
abordamos sobre a avaliação final e a ênfase que devemos dar à continuidade 
dos alunos em direção à Educação Permanente. 
 
“Compreendendo o 
que antes não 
compreendia, a 
professora começa a 
ver o que não via 
antes e 
obviamente,passa a 
ajudar seus alunos e 
alunas a avançar, 
rompendo com o 
estigma do fracasso” 
(GARCIA, 2001,p.47)
. 
 
69 
 
 
 
 
Atividade globalizante 
Volte à listagem dos objetivos do nosso capítulo e escreva como você se 
sente com relação ao seu aprendizado sobre a avaliação em EJA. Você 
conseguiu atingir ao que foi proposto? 
Escolha a faceta que indique seu nível aprendizagem quanto ao tema do 
capítulo: 
 
 
 
 
( ) de forma plena( )de forma satisfatória( )com poucas dúvidas( ) com muitas 
dúvidas. 
No capítulo que terminamos ficou marcada a nossa preocupação com o 
prosseguimento dos estudos dos alunos da EJA. Para facilitar e flexibilizar 
espaços para esse aprendizado algumas possibilidades foram abertas. No 
próximo capítulo vamos apresentar alguns projetos de EJA que estão sendo 
realizados extramuros escolares como permite LDB 9394/96. 
 
70 
 
 
 
8. A EJA ALÉM DOS MUROS DA ESCOLA 
 
Como o registrado na Lei 9394/96 caracteriza-se uma possibilidade da 
EJA assumir, não só os espaços formais, como também os não formais de 
educação. 
Após o estudo desse capítulo você poderá ter desenvolvido as seguintes 
competências e habilidades: 
 Listar alguns projetos da EJA em espaços extra escola. 
 Compreender a utilização da EaD como 
mais uma alternativa para os alunos da EJA. 
 Conhecer aspectos relativos a ação das 
empresas, ONGs e movimentos sociais que 
atuam na EJA . 
 
Podemos considerar que a atuação de 
instituições ou entidades voltadas à Educação 
de jovens e adultos já vem acontecendo há 
algum tempo, mas tem se acentuado na 
atualidade. Há vários exemplos de atuação 
que merecem destaque em diferentes salas de 
aula, sejam formais, como escolas, ou 
informais, como igrejas, sindicatos, canteiros 
da construção civil, espaços comunitários, 
assentamentos rurais e outros, que promovem 
não apenas o acesso do jovem e do adulto aos 
conteúdos escolares, mas, ainda, que lhes 
permite o acesso aos instrumentos que 
contribuem para a efetivação da cidadania . 
Para a melhoria das condições de vida 
Segundo a LDB 9394/96 
no Art. 1º. Da Educação 
fica registrado que: 
A educação abrange os 
processos formativos 
que se desenvolvem na 
vida familiar, na 
convivência humana, no 
trabalho, nas instituições 
de ensino e pesquisa, 
nos movimentos sociais 
e organizações da 
sociedade civil e nas 
manifestações culturais. 
 
 
71 
 
 
 
da população e do país é preciso elevar o nível de educação de toda a 
população. As pessoas com uma formação escolar cada vez mais ampla 
costumam ter mais iniciativa e mais capacidade de resolver problemas. Dedicam-
se a aprender continuamente e têm mais condições de trabalhar com eficiência e 
negociar sua participação na distribuição das riquezas produzidas. 
Assim visando atender, o mais amplamente possível, os adultos que não 
completaram a sua formação várias possibilidades têm sido buscadas. 
Passamos a descrever algumas dentre as muitas iniciativas que vêem 
ocorrendo. 
8-1 A Escola na obra 
A relação entre trabalho e EJA é tão estreita que a sala de aula pode 
surgir nas próprias empresas onde os alunos estão empregados. 
De acordo com a Nova Escola (2003) por iniciativa do Sindicato dos 
Trabalhadores das Indústrias de Mobiliários e da Construção Civil de João 
Pessoa, em parceria com a Universidade Federal da Paraíba acontece com o 
projeto Zé Peão. 
Entre tijolos e sacos de cimento, os canteiros de obras se transformam 
em classes após as 19 horas. Existem as turmas de ALP (Alfabetização na 
Primeira Laje), para quem não domina a leitura e a escrita, e as TST (Tijolo 
Sobre Tijolo), o equivalente à primeira etapa do Ensino Fundamental. 
A escola funciona de segunda a quinta-feira, até 21 horas. Os conteúdos 
abordados são sempre referentes à realidade desses operários. 
 
 
72 
 
 
 
De acordo com o relato de uma professora de uma turma TST temos: 
"Eles são muito rápidos no cálculo mental, (...) meu papel é partir do 
raciocínio que eles fazem e mostrar as operações matemáticas presentes no 
cálculo." 
 
No semestre anterior, a turma aprendeu a solucionar diversas questões 
trabalhistas, fazendo contas referentes ao Fundo de Garantia do Tempo de 
Serviço, às férias e ao 13º salário. 
Atender à turma da maneira como a professora tem feito está bem de 
acordo com aquilo que temos exposto, não só nos aspectos relativos aos 
teóricos que estudamos como também nos aspectos que temos abordado. 
Que tal dar uma espiadela nos capítulos anteriores e descobrir duas 
semelhanças com os aspectos desenvolvidos nesse tópico? 
 
 
 
 
 
 
 
 
73 
 
 
 
8.2 Sistema “S” - Um caminho seguro para o mercado 
 
 
Algumas instituições, a partir da necessidade de qualificação profissional 
de seus empregados, procuram fornecer a eles os conhecimentos para atender 
ao necessário à empresa e também à atuação dos mesmos na sociedade. 
Nesse caso destaca-se o trabalho do sistema S. O mesmo engloba o 
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da 
Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e o 
Serviço Social do Comércio (SESC). 
Embora haja certa polêmica entre o empresariado e o governo, no 
tocante ao programa, seu reconhecimento é inegável. 
De acordo com Dorigatti (2008) as associaçõesenvolvidas estariam 
realizando o papel que o ensino público deveria estar cumprindo, que é o de 
capacitar o jovem para o mercado de trabalho. Por outro lado a capacitação 
atende aos interesses tanto dos empresários, que precisam de mão-de-obra 
qualificada, como dos empregados, que buscam uma oportunidade para entrar 
no mercado ou se desenvolver profissionalmente. 
Vamos conhecer um pouco mais sobre o SESI.8 
Fundado durante a Era Vargas, o Serviço Social da Indústria nasceu 
juntamente com importantes conquistas para a qualidade de vida do trabalhador, 
encabeçadas pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. O SESI não é 
apenas pioneiro, mas um agente de transformação. Por mais de 60 anos, tem se 
dedicado a atender aos trabalhadores da indústria com o máximo de atenção, 
zelando pelo seu bem-estar e saúde. Tudo partiu de uma visão simples: as 
 
8
 http://www.sesi.org.br/portal/main.jsp 
 
74 
 
 
 
pessoas são a força motriz e razão para as indústrias existirem; o resto é 
maquinário. 
Tem ainda como proposta superando o modelo escolar convencional, 
com um programa vai que além da sala de aula. Com metodologias de ensino 
adaptadas às necessidades do aluno adulto, proporciona a formação geral e 
básica do trabalhador, tornando-o um cidadão consciente. Desenvolvido pelo 
SESI em 27 Estados, em parceria com instituições públicas e privadas, oferece 
cursos supletivos equivalentes aos diversos níveis do Ensino Fundamental e 
Médio em empresas, unidades escolares do SESI e outros espaços da 
comunidade. 
 
8-3 Para aprender em casa 
 
Diversas metodologias alternativas ao ensino presencial ajudam os 
alunos que estão impossibilitados de freqüentar a escola. 
Pode ser por rádio, televisão, internet, livros ou apostilas. Em casa, no 
trabalho, no presídio. A educação a distância é uma realidade para quem não 
tem condições de comparecer às aulas presenciais em classes do Ensino 
Fundamental ou Médio. 
Quando se trata de jovens e adultos, a EaD requer um acompanhamento 
especial, porque para se sair bem neles é preciso já ter tido alguma relação com 
a leitura. 
Embora as situações mais proveitosas de aprendizagem só se dêem em 
coletividade, na troca, na interação com o professor e mais intensamente ainda , 
na relação afetiva que se estabelece, tem crescido o número de interessados em 
completar sua formação através da EaD. Em face das novas propostas 
educativas estão ocorrendo ações que merecem destaque, como as tomadas 
pela Secretaria de Educação do Piauí que agregou aos seus núcleos de Ead, um 
grupo de tutores. Se anteriormente antes os alunos recebiam o material didático 
 
75 
 
 
 
e estudavam com a inovação os alunos contam com um sistema de plantão, com 
professores para orientar e tirar dúvidas. 
Existe também a possibilidade de educação via televisão, no qual o 
melhor exemplo continua sendo o Telecurso 2000, criado pela Fundação Roberto 
Marinho e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O aluno pode 
segui-lo de casa ou nas 600 telessalas instaladas em escolas, empresas e 
sindicatos. A certificação de aprendizagem se dá em avaliações semestrais 
realizadas pelos sistemas de ensino estadual e municipais. 
Outra utilização das telessalas ocorre nas prisões. Assim por exemplo 
em Mato Grosso a Secretaria de Estado estabeleceu o sistema de 
teleconferência para atender alunos já alfabetizados. 
Para saber mais 
Acesse < www.telecurso2000.org.br > 
No portal do Telecurso você será informado sobre as interessantes 
propostas oferecidas. 
 
8.4 Os trabalhadores rurais e a Educação 
 
De acordo com o documento sobre a educação feito pelos integrantes do 
MST 9a importância dada à Educação é a mesma que eles dão à necessidade da 
Reforma Agrária, como forma a consolidar a democracia. 
“Os esforços nessa área buscam, sobretudo, a erradicação do 
analfabetismo de nossas áreas de acampamento e assentamento, e a conquista 
de condições reais para que toda criança e todo adolescente estejam na escola.” 
De acordo com números do próprio Movimento dos Sem Terra a luta 
pela Educação foram conquistadas 2.250 Escolas Públicas nos acampamentos e 
assentamentos em todo país. Há 300 mil trabalhadores rurais estudando, entre 
crianças e adolescentes Sem Terra, dos quais 120 mil em escolas públicas. 
 
9
 http://www.mst.org.br/node/8302 
 
76 
 
 
 
Mais de 350 mil integrantes do MST já se formaram em cursos de 
alfabetização, Ensino Fundamental, Médio, Superior e Técnico. 
O MST ganhou do Ministério da Educação, por meio da Secretaria de 
Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, a medalha Paulo Freire, em 
2010. A premiação se deveu ao reconhecimento pelas experiências em 
Educação Básica de Jovens e Adultos (EJA) em acampamentos e 
assentamentos, além da participação na formulação de políticas públicas para o 
setor. 
No tocante à alfabetização há muitos núcleos instalados nos 
acampamentos e Paulo Freire continua sendo o grande influenciador das 
propostas de alfabetização do grupo. 
 
Se você quiser conhecer mais, sobre as atividades educativas no 
movimento, há uma pesquisa de 2004 feita por Edvaneide Barbosa da Silva que 
estudou sobre as práticas educativas de assentamentos no sudoeste de São 
Paulo. O livro foi publicado pela Editora Xamã e tem 158 páginas. 
 
 
Ao final do capítulo enfatizamos as diferentes possibilidades de oferecer 
aos adultos e jovens o acesso ao conhecimento. Procuramos mostrar que todas 
as esferas sociais se mobilizam para acabar com essa dívida social que já vem 
de longa data. Assim temos salas de aula na obra, na indústria e comércio e no 
campo, entre outros lugares. Caminhamos para modalidades de ensino que 
quebram a necessidade diária da presencialidade com as experiências de EaD. 
 
 
77 
 
 
 
Você já teve conhecimento de algum núcleo educativo de EJA que se 
assemelhe aos citados? 
Relate sobre sua experiência ou conhecimento da EJA extra escola. 
 
 
 
 
 
 
Concluímos afirmando que apesar da longa caminhada já realizada, 
ainda precisamos da participação de todos, em especial da sua, futura 
professora ou professor, para colocar nosso povo entre aqueles povos com 
melhor desempenho educacional no mundo. . 
 
 
 
 
BRASIL 
 
78 
 
 
 
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Brasília – 2000.E/CEB1/2000 - HOMOLOGADO PARECER CNE/CEB 11/2000 – 
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Acesso 15 mai 2001. 
 
 
82 
 
 
 
ANEXO 1 
 
Há ainda um interessante material que visa auxiliar o trabalho docente 
denominado Caderno de EJA (2007) relativos ao aluno e ao professor. 
De acordo com o apresentado na introdução do material esse não pode 
ser o único utilizado nas salas de aula. Da mesma forma, no caderno 
metodológico para o professor, fica registrado que com esse material se busca 
ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivando a 
articulação e a integração das diversas áreas do conhecimento. 
A proposta surgiu do entendimento de que a efetivação do direito à 
educação dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliação da oferta de vagas 
nos sistemas públicos de ensino. Para a SECADI precisa-se que o ensino seja 
adequado aos alunos que ingressam ou retornam à escola. Desta forma 
apresentam-se os Cadernos de EJA: materiais pedagógicos para o 1.º e o 2.º 
segmentos do Ensino Fundamental de Jovens e Adultos. 
A coleção é composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o 
professor e um com a concepção metodológica e pedagógica do material. O 
caderno do aluno é uma coletânea de textos de diferentes gêneros e diversas 
fontes; o do professor é um catálogo de atividades, com sugestões para o 
trabalho com esses textos. Todo o material está disponível através da SECADI, 
Educação de Jovens e Adultos, em Publicações. 
 
Novamente a categoria Trabalho, sobre a qual já apresentamos algumas 
sugestões de ação pedagógica foi o tema escolhido para a abordagem nos 
Cadernos de EJA, pela importância que tem no cotidiano dos alunos. 
No caderno do professor estão indicados os segmentos para os quais as 
atividades se destinam estão indicados: as atividades do nível I (1-ª a 4-ª séries) 
e as do nível II (5ª a 8ª séries). Há ainda a possibilidade de a atividade ser 
aplicada em ambos os níveis. Essa classificação é apenas indicativa. Caberá ao 
 
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professor que o utilizar avaliar quais atividades são as mais adequadas para a 
turma com a qual está trabalhando. Graças à proposta de um trabalho 
multidisciplinar, uma atividade indicada para a área de Matemática, por exemplo, 
poderá ser usada em uma aula de Geografia, e assim por diante. 
Para ilustrar o nosso módulo foram retirados dois exemplos: interligando 
trabalho e cultura: um do livro do aluno e outro do livro do professor para que 
você possa apreciar o que é proposto no material. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXEMPLO 1 
A ILHA da FANTASIA-texto do livro do professor (p.8) 
Atividade propostas para A grande floresta a partir do texto dos alunos 
Indicada para Ciências nos níveis I e II 
Objetivos 
• Conhecer aspectos fundamentais da floresta amazônica. 
• Reconhecer que o solo da floresta é pobre em nutrientes. 
• Reconhecer a diversidade de animais presentes na floresta. 
Introdução 
 
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O texto aborda Parintins e o seu festival folclórico, que ocorre na maior 
floresta do planeta, a floresta amazônica. Essa floresta é tipicamente tropical, 
possuindo uma imensa diversidade de animais e plantas. Cerca de 60% dessa 
floresta encontra-se no Brasil. Há floresta amazônica também na Colômbia, nas 
Guianas, no Equador, no Peru e na Bolívia. Por incrívelque pareça, os solos da 
Amazônia são pobres em nutrientes. As plantas ali existentes sobrevivem devido 
ao ciclo fechado de nutrientes. Isto significa que quando uma planta morre e 
sofre decomposição, libera nutrientes para o solo, que são assim totalmente 
reciclados e absorvidos pelas raízes das plantas vivas, sustentando a floresta. A 
vegetação da região possui adaptações para viver em condições de excesso de 
água: ramos e folhas com os ápices voltados para baixo, folhas em goteira e 
revestidas com cera. A fauna local é exuberante e variada. Na parte mais 
próxima ao solo, identificamos jabutis, cotias, pacas, etc. Esses animais se 
alimentam dos frutos que caem das árvores, servindo posteriormente de 
alimentos para felinos e cobras. Há também animais rastejadores, como esquilos 
e anfíbios, que utilizam o solo e o nível intermediário da floresta. Nos locais mais 
altos, observamos aves diversas, que buscam frutos, brotos e castanhas. Pela 
grande diversidade a floresta amazônica proporciona matéria prima para várias 
indústrias. 
Atividades 
1. Peça aos alunos para representarem a floresta amazônica em um 
grande cartaz. 
2. Os alunos devem fazer essa representação utilizando fotos e recortes 
trazidos de plantas e animais. 
3. Deve ser buscada uma representação que traduza a exuberância da 
floresta, mostrando a diversidade das plantas ali existentes com suas 
adaptações para o clima. 
 
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4. Também deve ser buscada uma representação dos animais em seus 
diferentes habitat – na porção mais próxima ao solo, na porção intermediária da 
floresta e na porção superior. 
5. Discuta com os alunos a importância dessa floresta para os brasileiros 
e para o restante da população mundial. 
Resultados esperados: 
a) Conhecimento da floresta amazônica e sua importância 
social/econômica. 
b) Reconhecimento de que o solo da floresta é pobre em nutrientes. 
c) Reconhecimento da diversidade de animais presentes na floresta. 
Informação complementar ao professor: 
 Se não houvesse a cobertura do solo pela floresta amazônica e a água 
das chuvas caísse diretamente sobre o solo, ele seria exaurido, pois a água 
carregaria os sais minerais. Esta perda de nutrientes é reduzida pela presença 
da floresta, já que a rica e densa folhagem amortece a queda da água. Quando 
ocorre desmatamento, no entanto, há o aparecimento do solo nu, o que 
certamente leva ao seu empobrecimento. 
 
 
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EXEMPLO 1-A ILHA da FANTASIA- LIVRO - TEXTO do aluno (p. 6) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para trabalhar bem com os alunos da EJA experimente o que sugere 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São intermináveis os preparativos para o espetáculo mais esperado da 
maior floresta do planeta. O Festival Folclórico de Parintins acontece 
anualmente nos dias 28, 29 e 30 de junho. Mas a festa do boi, como é chamada 
pelo povo, acontece todos os dias no coração dos amazonenses. A produção 
das alegorias e fantasias, as coreografias, tudo isso começa oito meses antes 
do grande evento celebrado no Bumbódromo, o templo do festival, com 
capacidade para 35.000 espectadores. 
Mais de 100.000 pessoas vão assistir ao Festival de Parintins: a cada 
uma das três noites, o resultado de dois meses de ensaios nos QGs de 
Caprichoso e Garantido, os dois conjuntos folclóricos que entram na disputa do 
espetáculo, inspirado em lendas de pajelanças indígenas de diversas tribos e 
costumes caboclos da Amazônia. Cerca de mil pessoas são contratadas para o 
trabalho de confecção das fantasias e alegorias nos currais dos dois conjuntos 
folclóricos 
Marcada pelas impressionantes alegorias representadas pelos carros 
confeccionados por artistas parintinenses, a disputa entre Caprichoso e 
Garantido fez com que as lendas da região, ano após ano, voltassem a povoar 
o imaginário popular. É a história do homem amazônico por meio dessa grande 
festa que, com suas toadas, contagia tanto os brincantes quanto o público nas 
arquibancadas. 
Bumbódromo 
O Bumbódromo, Centro Cultural e Esportivo Amazônico Mendes, foi 
inaugurado em 1988, e divide Parintins ao meio, marcando o limite dos currais 
de Garantido e Caprichoso. É considerado a maior obra cultural e desportiva do 
Estado do Amazonas. 
 
O festival do bumba-meu-boi dá trabalho a mais de mil pessoas 
em Parintins, no Amazonas. Elas estão envolvidas na confecção e 
alegorias nos currais dos dois conjuntos folclóricos

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