Buscar

Ap1 Gabarito

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade do Estado do Rio de Janeiro
CTC - IGEOG
Gabarito AP1
Observações sobre a correção e os parâmetros
- Essa correção tem como objetivo ser uma base para o questionamento e revisão das provas, além de apontar erros comuns nas respostas;
- O gabarito é apenas um guia. Mesmo as respostas menos extensas que atenderam aos objetivos foram aceitas com pontuação total.
- Busquei considerar todos os aspectos das respostas, até as mais confusas e que não respondiam a questão de forma objetiva.
-Em situações em que a resposta era contraditória, procurei aproveitar os pontos positivos, retirando a pontuação apenas do que não tinha lógica. 
- Usei quebras de 0.25, 0.75, 1.25 e 1.75, com o intuito de aproveitar o máximo das respostas.
- Após a revisão a nota poderá ser aumentada, diminuída ou mantida. A revisão será 100% baseada no gabarito oficial. As respostas que fujam do gabarito ou estejam confusas serão zeradas, não sendo mais aproveitado aquelas respostas contraditórias. 
- Para contato meu email é : gabrielgeo@hotmail.com.br (é .”br” mesmo) 
1)
 
1) A charge do quadrinho “Mafalda”, faz uma referência ao debate cartográfico sobre referenciais. Porém, indo além dessa interpretação, a charge brinca com o aspecto ideológico da projeção de Mercator, e a configuração do mapa normalmente utilizado em sala de aula. 
A partir disso, com base na aula um, relacione a charge com o eurocentrismo, explicando o que é o eurocentrismo, e indicando duas de suas lógicas de funcionamento. (2,0 pontos)
Comentários:
Esta questão foi dividida em três tópicos. O primeiro pedia para que o estudante fizesse uma relação entre a charge e o eurocentrismo. Na segunda, o estudante deveria explicar o que é o eurocentrismo, para por fim, no terceiro, indicar duas de suas lógicas de funcionamento.
Resposta: 
Sobre a relação da charge com o eurocentrismo
- A charge aborda o debate sobre projeções e orientações, em que o professor ao inverter o mapa, é questionado sobre ele estar incorreto. Na verdade, tanto a utilização da projeção de Mercator, quanto a orientação que usamos frequentemente, centraliza a Europa diminuindo a área dos continentes do Sul, devido as distorções dessa forma de projeção. Ademais, a orientação em que o mapa normalmente é utilizado, faz com que os países do Sul geográfico sejam posicionados abaixo dos países do Norte, o que é referenciado na charge. Indicamos que isso constitui parte do processo de eurocentrismo, nas próprias representações de mundo.
Sobre as possíveis explicações sobre o eurocentrismo:
-Uma visão de mundo que situa a Europa em seu centro, definindo a sua experiência, saberes, formas de conhecimento, e estruturas societais como corretas e ideais, transformando tudo que é diferente em inferior.
- O eurocentrismo enquanto projeto cognitivo, que atuou junto a expansão européia sobre o mundo no período da colonização e imperialismo, transformando a perspectiva dos dominados sob seu poder.
- Projeto epistêmico-político que se expandiu durante o processo de colonização.
Lembrando como afirma Quijano:
“Não seria possível explicar de outro modo, satisfatoriamente em todo caso, a elaboração do eurocentrismo como perspectiva hegemônica de conhecimento, da versão eurocêntrica da modernidade e seus dois principais mitos fundacionais: um, a ideia-imagem da história da civilização humana como uma trajetória que parte de um estado de natureza e culmina na Europa. E dois, outorgar sentido ás diferenças entre Europa e não-Europa como diferenças de natureza (racial) e não de história do poder”
-Sobre as lógicas de operação do eurocentrismo:
Podemos citar aqui alguns exemplos, como: transformação das diferenças em hierarquias sejam elas linguísticas, étnico-raciais, culturais, religiosas; a transformação de uma história regional em uma história universal, que coloca a narrativa dos europeus no centro do que é ensinado, e relega as outras a escalas locais; a criação de homogeneizações e reducionismos, que agrupam indivíduos diversos sob rótulos como “africanos”, “americanos”, “asiáticos”, sempre definidos em comparação ao “europeu”; projeção de um valor estético de beleza e ideário a ser seguido; a criação de binarismos e separação como razão – emoção, moderno-tradicional, civilizado-primitivo, misticismo-científico; a formação de uma linha que coloca experiências simultâneas em uma sequência linear da história, ou seja, cria estágios de desenvolvimento, que culminam na Europa, articulando diferenças culturais em hierarquias cronológicas segundo Edgardo Lander (2006).
Comentários adicionais
Erros mais comuns:
- Uma parte dos estudantes não respondeu a um dos três tópicos que foram pedidos. Principalmente o primeiro no que diz respeito a relação entre a charge e o eurocentrismo, e no terceiro, sobre as lógicas de funcionamento do eurocentrismo. 
- Uma parte das respostas fazia referência ao eurocentrismo resumido “a Europa como centro”, ou “A Europa como superior.”. Como foi pedido para explicar o que era o eurocentrismo, as respostas que só inseriram essa concepção resumida, foram consideradas incompletas, mas não incorretas, ganhando entre 0.25 e 0.5. 
- Muitos alunos confundiram o eurocentrismo com o processo de colonialismo.
- A pontuação completa só foi dada para quem respondeu toda pergunta.
2)“Pensar com o espaço implica admitir múltiplas temporalidades convivendo simultaneamente. Sem considerar o espaço geográfico e a natureza, a clivagem constitutiva do “sistema-mundo moderno-colonial” desaparece e o mundo europeu emerge como se fôra por auto-geração” (Porto-Gonçalves, p.3, 2009)
Há algumas teorias sistêmicas que buscam explicar a formação do espaço capitalista mundial. Uma comum é o sistema-mundo de Immanuel Wallerstein, muito presente no ensino de Geografia. Outra mais recente produzida por autores da América Latina é o sistema-mundo moderno-colonial. Explique ambas as teorias, e as diferencie. (2,0 pontos)
Comentários
O estudante deveria explicar a teoria desses autores, trazendo uma diferenciação entre eles (o que poderia estar contido na própria explicação, e foi aceita na maioria dos casos). Cabe destacar que existe uma pergunta semelhante na aula 2.
Resposta:
A explicação dada sobre o sistema-mundo precisa seguir alguns pontos:
- Importância no aumento das relações comerciais a partir do surgimento dos Estados-Nacionais e a capacidade de reproduzir relações econômicas semelhantes em diferentes lugares do mundo. Dessa forma o sistema de trocas comerciais atingiu patamares cada vez maiores de circulação, em uma economia-mundo onde se mercantiliza absolutamente tudo.
- Interpretação em que os Estados são divididos majoritariamente em três grupos: centro, semiperiferia e periferia. As distâncias em nível de acumulo de capital e poder estão associadas às posições que os países ocupam na divisão internacional do trabalho. Ou seja, países que estão localizados no centro, devido à expansão primitiva do capital e sua posição no processo do colonialismo e imperialismo, alcançaram condições iniciais melhores para o desenvolvimento de um mercado e um parque tecnológico que gera maior arrecadação nas trocas comerciais. Os países da periferia, mais pobres e sofrendo maior intervenção, tem sua produção voltada a produtos agrícolas, de menor valor agregado, ainda que essa produção seja fundamental para nossa reprodução. A semiperiferia atua como um elemento mais dinâmico, com uma capacidade maior de transformação, atingindo patamares intermediários de produção e comercialização, e foram chamados em outro momento de países em desenvolvimento, ou países emergentes.
- Interpretação de longa duração, situados nas escolas de pensamento estruturalistas.
Já a teoria do sistema-mundo moderno-colonial tem claras inspirações na teoria produzida por Immanuel Wallerstein, porém, aponta diferentes formas de compreensão no que diz respeito à natureza das desigualdades e formas de exploração, pensandoprincipalmente o contexto latino-americano. 
Segundo os autores as relações coloniais não podem ser ignoradas de nenhuma análise, pois o colonialismo como dominação política, apesar de ter acabado, permanece através dos legados deixados, e são constituintes das relações econômicas, políticas e simbólicas de hoje. 
Uma delas é referente ao papel exercido pela noção de raça, que foi utilizada como critério de classificação mundial da população, e atuou como característica fundamental para a divisão do trabalho. Autores como Anibal Quijano e Ramón Grosfoguel, indicam que tanto a teoria do sistema mundo, como as teorias marxistas, não apresentam o papel da classificação racial como instituinte dos processos de desigualdade em escala global, relegando muitas vezes esse fato a uma escala secundária nas análises. Na interpretação dos autores latino-americanos, os critérios raciais constituem propriamente o sistema capitalista, e dessa forma, a interpretação desse sistema econômico não pode ser dissociada do debate racial.
Ademais, os debates presentes nos autores dessa teoria buscam ao mesmo tempo trazer a crítica a uma leitura do marxismo que vê o processo do capitalismo apenas a partir da revolução industrial, e como um processo autogerado na Europa, e ampliar o debate do sistema-mundo de Immanuel Wallerstein, apresentando a importância do papel da raça, como critério da divisão internacional do trabalho. 	Ele é importante para estudarmos e entendermos as desigualdades e diferentes espacialidades presentes no continente americano e africano.
 
Erros mais comuns:
- O estudante só explica uma delas, ganhando metade da pontuação;
- O estudante inverte as duas explicações. 
- O estudante mistura ambas as explicações. Em algumas situações aproveitei partes da resposta, e dessa forma o estudante ganhou entre 0.25 e 0.75
- O estudante aborda o papel do colonialismo, saindo do debate proposto.
3) A implantação e consolidação do sistema de colonização do continente africano perdurou pouco mais de 35 anos provocando profundas mudanças nas relações políticas e econômicas entre colonizadores e colonizados. Explique três mecanismos foram utilizados para extrair as riquezas das colônias e enviar para as metrópoles. (2,0 pontos)
Comentários:
Essa foi uma das questões com maior número de erros e confusões. Ela constava no conteúdo da aula cinco. A intenção era que o estudante abordasse os mecanismos de extração de riqueza das colônias africanas, enviados para as metrópoles europeias. Observem que na pergunta aborda o período de implementação e consolidação do sistema de colonização africano. Ou seja, algumas décadas depois da Conferência de Berlim, quando o continente Africano efetivamente foi colonizado, como foi abordado na aula cinco. Outra observação importante é que a pergunta pede não apenas para citar, mas para explicar esses mecanismos.
Resposta
Sobre os mecanismos utilizados para extrair as riquezas das colônias os estudantes poderiam citar: Subvenções e meios de financiamento, o confisco de terras, a utilização de formas compulsórias de trabalho, e as cobranças de impostos.
-O primeiro mecanismo era baseado em acordos comerciais, para que empresas privadas localizadas nas regiões metropolitanas se responsabilizassem pelas atividades comerciais essenciais estabelecidas nas trocas comerciais (afro-europeias). Assim elas obtinham vantagens e acordos que geravam lucros nos processos de exportação.
-O segundo foi baseado no confisco de terras férteis através de: guerras internas; tratados afro-europeus e registros de propriedades (muitas vezes estranhos a grande parte dos grupos que detinham a terra; e tomadas por parte das Metrópoles.
- Sobre as formas compulsórias de trabalho, é importante destacar que apesar de em diversos casos o trabalhador receber, eles eram obrigados a exercer longas jornadas, não só para arcar com seu sustento, mas também para cumprir uma “função social” para o Estado. Assim, ainda existiam lugares em que se praticava um trabalho análogo a escravidão.
- Por fim, outro mecanismo utilizado para transferir as riquezas de países do continente africano para a Europa, era a cobranças de impostos abusiva sobre propriedades. Muitos colonos viviam para realizar o pagamento dos impostos, que eram realocados diretamente para metrópole, não financiando melhora na infraestrutura dos países.
Principais erros:
Os estudantes confundiram esse período com o momento de colonização da América. Em alguns casos considerei ao menos 0.5 quando as características eram citadas.
Muitos abordaram o período antes da conferência de Berlim, ou seja, em um momento em que não havia sido consolidada a colonização na África. Ainda assim, quando bem explicada, o estudante recebia entre 0,5 e 0,75.
O estudante apenas citava, não as explicando. Nessa situação o estudante recebia 1,0.
4) Explique o processo de roedura do continente africano, utilizando a ideia de “choque de espacialidades” (2,0 pontos)
Comentários: Essa pergunta buscava problematizar a colonização do continente africano, a partir de uma leitura espacial. Ela constava no conteúdo da aula quatro, em que há esta mesma pergunta acompanhada de gabarito. Segue a resposta abaixo:
Resposta:
O Processo de roedura foi o nome atribuído por Ki Zerbo, para a as formas e práticas de domínio e entrada dos europeus no continente africano. Esse processo é iniciado ainda pelos portugueses no século XV, e se intensifica no século XVIII pela atuação dos Franceses e Ingleses, e no século XIX com o gradativo fim da escravidão. Santos (2009) entende que a intensificação do “processo de roedura” aconteceu devido ao choque de espacialidades, em que há um confronto entre a lógica do sistema de borda com o sistema de fluxos internos. Ou seja, um conjunto de circuitos presentes nos litorais, principalmente nas áreas de portos (as bordas), que articulavam o comércio através das navegações e do tráfico atlântico que em alguns séculos acabou desestabilizando reinos e impérios que tinham sua base assentada em rotas comerciais internas. Com a fragilização dessas rotas comerciais; a entrada de exploradores e missionários; e a intensificação das conversas para a conferência de Berlim, assistiu-se um processo de estabelecimento de fronteiras a partir do domínio imperial europeu. 
Erros mais comuns:
- Grande parte dos estudantes traçou comentários apenas sobre o sistema de borda, ganhando entre 0,5 e 1,0
- Muitos estudantes atribuíram a concepção de choque de espacialidade a ideia de homogeneização do continente, não ganhando nenhuma pontuação.
- Alguns estudantes fizeram a relação, mas não explicaram o que era cada um, ganhando entre 1.5 e 1.75.
- A pontuação máxima foi dada para quem apresentou ambas as ideias de forma coerente.
5) “Mas, ainda que com a ausência de uma situação revolucionária, os caminhos para as independências contaram com mobilizações sociais que combinaram reivindicações econômicas, sociais e políticas com a resistência á opressão estrangeira.” (HERNANDEZ, p. 193, 2008)
É comum na leitura histórica e geográfica a afirmação que a independência dos países africanos aconteceu de forma pacífica. Construa uma crítica a essa leitura, e aponte ao menos dois argumentos, com exemplos, que sustentem essa crítica. 
Comentários:
Essa pergunta tinha como intenção que o estudante problematizasse os processos de situação revolucionária que ocorreram na África. O debate sobre este tema, bem como esta pergunta, está na aula seis.
Resposta: 
A leitura que aponta para uma independência pacífica, quase sempre está associada à ideia de que após a II Guerra Mundial, países como Inglaterra, França, Bélgica e Portugal retiraram-se politicamente dos países africanos de forma pacífica, imediata, e sem intencionalidades. Porém, mesmo os processos considerados mais pacíficos, como o exemplo dado sobre a Inglaterra, estiveram relacionados a uma onda de protesto e lutas sociais. E em casos de domínio português, belga efrancês, esses processos denotaram práticas ainda mais complexas, resultando em confrontos a princípio contra a presença estrangeira, e posteriormente, pelo controle interno dos meios políticos. 
 
Entre os argumentos que podemos destacar estão:
i) Presença de guerras e conflitos durante a promessa de saída dos impérios europeus, que mantiveram sua presença ainda durante alguns anos, buscando consolidar uma dependência política e econômica das colônias. 
ii) Presença de guerras e conflitos posteriores a saída dos países europeus, demonstrando a ausência de uma estrutura política a ser herdada. Esse fato foi comum em muitos países, onde a hierarquização de etnias foi estimulada como estratégia de domínio político e territorial. Como resultado alguns grupos foram marginalizados internamente, tanto no que diz respeito ao poder econômico quanto político. Os casos mais extremos que resultaram em processos de guerra a partir dessas práticas foram Congo e Ruanda;
ii) Presença de protestos que se transformaram em lutas civis violentas, como ocorreu na Nigéria e Biafra, resultando em prisões de importantes lideranças políticas no contexto de descolonização;
iii) Tentativa de transição, com manutenção de dependência política e econômica, como foi o caso da Nigéria e Egito;
iv) Manutenção de algumas colônias posteriores aos anos 50, como ocorreu nas colônias portuguesas, gerando diversos conflitos internos. 
Principais erros:
- Muitos estudantes apenas repetiram a pergunta.
- Muitos estudantes apenas afirmaram que existiram conflitos e batalhas.
- Muitos estudantes apenas citaram o fato de continuarem existindo conflitos, sem explicar as motivações.
6) Comente ao menos três bases de representação estigmatizadas difundidas sobre o continente africano, explicando cada uma delas.
Comentários: A intenção dessa pergunta era que o estudante abordasse as estigmatizações mais comuns sobre o continente africano, como as que foram trabalhadas na aula 4, em que constava essa pergunta. Ainda assim, foram aceitas diferentes respostas que estavam acompanhadas de explicações bem construídas.
Resposta:
Existem alguns erros/equívocos mobilizados como base para abordagem sobre África, que acabam construindo um repertório de representações. Ainda que tenha caráter e escala distinta, é possível observamos vários deles tanto em filmes, como também nos discursos sobre a África. Entre eles temos a leitura de África a partir da descrição física, em que ganha espaço o exotismo das paisagens, principalmente das savanas, em uma leitura que destaca a natureza. Outra leitura que representa o conjunto de assuntos sobre a África diz respeito aos problemas sociais, principalmente a fome, as epidemias e guerras civis. O terceiro refere-se a confusão entre África continente e África do Sul (país), que aparece não só quando se confunde África do Sul com o continente africano, mas também na ideia de que a África do Sul representa a realidade do continente africano. Isso nos leva a quarta base destacada, que vê o continente como uma entidade homogênea, em que a África é apresentada como um todo, gerando afirmações generalizantes sobre o continente.
Erros comuns:
- Só citava sem explicar. Esses estudantes receberam entre 0.25 e 0.5
7) Apresente e explique duas características e/ou situações construídas como retrato do colonizado, no debate de Albert Memmi.
Comentários:
Essa foi uma das questões com o maior índice de acerto. O estudante deveria identificar as lógicas construídas no debate de subalternização do colonizado, a partir das discussões presentes em Albert Memmi, que foram reproduzidas no conteúdo da aula. 
Entre as repostas temos:
Na relação entre colonizado e colonizador, além das desigualdades apresentadas no cotidiano, tem-se um retrato do colonizado que é produzido a partir de uma imagem mítica e generalizada. Entre as características temos:
- o traço da preguiça e indolência, que contrasta com a imagem do colonizador enobrecido. Essa leitura é economicamente frutífera nas palavras do autor, pois associa o colonizado a trabalhos menos qualificado, já que ele não o consegue exercer trabalhos qualificados de forma consistente. Dessa forma, independente da formação profissional, a preguiça vai marcar a trajetória de vida dos colonizados, trazendo desigualdades salariais injustificáveis, bem como o não acesso a postos administrativos.
- Desumanização - Esse processo acontece de diferentes formas, a mais comum é a negações sobre os colonizados, em que suas características jamais são vistas de forma positiva, enquanto ressaltam-se pontos negativos, ligados, por exemplo, a uma suposta fragilidade psicológica, falta de ética, a irresponsabilidade, falta de senso e pouca sabedoria. São tratados também no plural, não tendo direito a sua individualidade, ou como diz o autor, “só tem direito ao afogamento no coletivo anônimo” (MEMMI, p. 123, 2007(1956)), além de serem potencialmente ladrões ou suspeitos de qualquer ato. A desumanização também é frutífera, pois justifica as desigualdades, e gera culpabilização de todos os problemas existentes no espaço, como se os problemas fossem causados pelos colonizados que ali habitam.
“Amnésia cultural”. O passado desses povos fica cada vez menos visível, sendo apagado continuadamente, até se tornar desconhecido. Não existem heróis populares, sábios ou guias, ”o colonizado parece condenado a perder progressivamente a memória.” ( MEMMI, pá. 143, 2007 (1956)). Não existem instituições que mantém as histórias; as festas não são mais as dele, assim como a religião. Ela tem como função a perda dos referenciais e a assimilação cultural, em que a proximidade com a leitura europeia de mundo é essencial para sobrevivência.
- “A escola do colonizado”, espaço que se transmite a herança e as formas de conhecimento e história de um território. Porém na escola colonizada, o que existe é uma história do outro, que constrói uma trajetória própria e preenche lacunas deixadas no processo de apagamento, com novas memórias, que traduzem, uma grafagem colonial, marcada pela trajetória dos europeus.
Erros comuns: 
- Alguns estudantes só falaram do colonialismo e não citaram nenhum dos exemplos.
- Alguns estudantes só citaram os aspectos, quando a pergunta pedia para explicar. Esses ganharam entre 0.25 e 0.5.
8) Explique a charge do TinTim a partir do debate sobre colonialismo e imperialismo, abordando as teorias cientificas que legitimavam estes processos.
Comentários: Nessa pergunta a intenção era que os estudantes abordassem o uso político ideológico dessas tirinhas, fazendo relação com as teorias coloniais e imperialistas na África. 
Resposta:
As tirinhas produzidas nos anos de 1930, indicam características que foram utilizadas para justificar a missão civilizatória europeia no século anterior. Conforme podemos conferir nelas, alguns elementos são destacados a partir do personagem belga TimTim ao realizar uma visita ao Congo:
a) Justiça: capacidade de dividir igualmente e resolver conflitos, estabelecidos pela suposta “ignorância” de povos africanos
b)Conhecimentos médicos: capacidade de resolver problemas de saúde, que até aquele momento pareciam situados no mundo do “místico” e da “feitiçaria”. A introdução da medicina ocidental através de remédios aparece como uma justificativa de ajuda aqueles povos.
c)Infraestrutura : nas charges há referência a criação de escolas e hospitais. A leitura que se tem é que as missões que se estabeleceram na África trouxeram avanços significativos nessas áreas. 
A partir da leitura da charge é possível ver a criação de uma imagem de responsabilidade e superioridade do homem branco e europeu frente ao negro africano, fato fundamental para explicar a existência de uma missão civilizatória. Porém, conforme vimos nos debates de Albert Memmi na aula anterior e da sugestão de Leitura do livro “discurso sobre o colonialismo” de Aime Cesaire, percebemos que a realidade não foi esta. A entrada Belga no Congo acirrourivalidades históricas, gerando massacres coletivos, e quase nenhuma infraestrutura estabelecida até o período da descolonização. 
Dessa forma reforçamos que essa tirinha foi utilizada como propaganda para legitimar uma suposta superioridade europeia. 
Erros mais comuns: 
- Alguns alunos reafirmaram que a charge estava correta, e que “o colonialismo e o imperialismo desenvolveram a África”.
- Alguns alunos falaram sobre o imperialismo sem abordar o papel das tirinhas. Esses ganharam 0.5.

Continue navegando