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Formas de assistencialismo
 Historicamente, as primeiras formas de assistencialismo observadas 
eram estabelecidas pelas igrejas, como um dever moral, fundamentadas sob a 
ética da ajuda e da solidariedade. A Igreja Católica foi á instituição religiosa que 
mais se destacou nas áreas assistencialistas, ao assumir esse papel, 
desenvolvia práticas humanistas e voluntárias a fim de abafar possíveis 
conflitos sociais. 
 Tais práticas podem ser notadas em diferentes contextos, como no caso 
dos asilos, internatos e orfanatos para crianças e jovens, hospitais, ou em 
equipamentos de segregação social, como os hospícios, leprosários ou os 
dispensários de tuberculose.
 Marca com forma ou expressão do assistencialismo a filantropia. A 
filantropia entendida como uma prática humanitária na qual se realiza a doação 
– material ou em espécie – como forma de desenvolvimento de um trabalho 
social. Ela é encarada como uma forma de desenvolver e promover uma 
mudança social sem a intervenção do Estado.
 Verifica-se que tais ações, que permearam e ainda permeiam a sociedade 
brasileira, confundem-se, muitas vezes, com as políticas sociais e as políticas 
públicas, com a assistência social, que é um direito e um dever do Estado, visto 
que muitas das vezes, tais ações ainda são enxergadas com um caráter de não 
direito. Essas práticas dificultam, ainda, a implantação e implementação de 
políticas públicas, a inclusão social, o protagonismo dos sujeitos sociais e o 
resgate de cidadania dos segmentos vulnerabilizados, pois são enxergadas 
apenas como uma prática em si e não como uma política de acesso aos 
mínimos sociais.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
 
 A Revolução Industrial teve início na segunda metade do século XVIII, na 
Inglaterra, com a transição da manufatura e cultura artesanal para a 
mecanização dos sistemas de produção, encerrando a transição entre 
feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais e de 
preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o 
movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII.
 Foi um século marcado pelo grande avanço tecnológico nos meios de 
transportes, com a invenção da locomotiva e dos trens a vapor; o advento das 
máquinas. Com as máquinas a vapor, principalmente os gigantes teares, 
revolucionou-se o modo de produzir, substituindo o homem nas suas 
funcionalidades. Ao se substituir as ferramentas por máquinas, substituindo o 
ser humano e sua energia pela energia gerada por uma máquina, configurou-
se a Revolução Industrial, processo esse que veio a revolucionar a história 
através da evolução que ele imprimiu – revolução e evolução tecnológica.
 Com o surgimento das fabricas, uma nova relação se introduzia, a relação 
de trabalho e de assalariamento.
 A particularidade da Revolução Industrial ocorre exatamente na Inglaterra 
porque, nesse período, ela vivia uma situação privilegiada, pois possuía 
grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, fonte de energia para 
movimentar máquinas, como também grandes reservas de minério de ferro, 
principal matéria-prima utilizada nesse período. Era privilegiada, também, no 
contingente de mão de obra disponível, motivada pelo processo do êxodo rural 
para os centros urbanos, o que ampliou o mercado consumidor inglês.
 Mesmo com o desenvolvimento das cidades, as vidas dos que vivenciavam 
essa realidade não acompanhava o ritmo das engrenagens das máquinas. A 
situação para os camponeses e artesãos era difícil, vivenciando uma realidade 
que não evoluía só involuía. A partir das idéias advindas da Revolução 
Francesa, as classes dominantes procuraram “apaziguar” os ânimos, pois 
verificavam que outro tipo de revolução poderia surgir e acabar com seus 
sonhos dourados e enriquecedores. Para tal, criou-se a Lei Speenhamland, 
que garantia subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar pela 
ausência do trabalho.
 As fábricas do início da Revolução Industrial eram insalubres e priorizavam 
a produção, sem considerar a necessidade de preservação das condições de 
vida e de trabalho da classe trabalhadora. Os salários eram baixos e ocorria a 
contratação de mão de obra infantil e feminina, com jornadas que chegavam a 
dezoito horas diárias. Funcionavam em ambientes com péssima iluminação, 
abafados e sujos.
 Os trabalhadores, incluindo mulheres e crianças, eram sujeitados a castigos 
físicos, não possuíam direitos trabalhistas ou qualquer outro benefício. Por 
outro lado, a situação de desemprego gerava uma condição de extrema 
precariedade, levando o trabalhador a aceitar as péssimas condições de 
trabalho. 
 Também foram conseqüências do processo de Revolução Industrial a 
poluição ambiental e sonora, o êxodo rural, além do desemprego, que ainda 
um problema nos dias atuais.
 As fases da Revolução Industrial
 A primeira fase da Revolução Industrial aconteceu entre os anos de 1760 a 
1850. Nesses anos a Inglaterra, primeira a aderir a esse novo modelo 
produtivo, liderava todo o processo de industrialização. As particularidades 
expressas pelo seu desenvolvimento técnico-científico foram significativas, pois 
ela foi terreno das primeiras máquinas confeccionadas em ferro e que 
utilizavam o vapor como força motriz.
 Já a segunda fase se iniciava logo na década de 1850, marcada pela 
aceleração do processo de industrialização, uso de novas tecnologias e 
matérias primas, descoberta de novas fontes de energia, entre outros.
 A terceira fase da Revolução industrial ocorreu logo após a Segunda Grande 
guerra, quando a economia internacional começava a passar por profundas 
transformações. Essa nova fase apresenta processos tecnológicos 
decorrentes de uma integração.o física entre ciência e produção, também 
chamada de revolução tecnocientífica.
 O processo de modernização pós Revolução Industrial
 Marcaram esse contexto o boom de inovações tecnológicas, a evolução no 
processo de transformação da matéria-prima, uso de máquinas mais evoluídas 
e automáticas, com menor uso da força humana.
 A evolução nem sempre gera uma apropriação completa por parte de todos 
os partícipes desse processo. Com a aceleração do processo evolutivo dos 
modos de produção, pensava-se em modos de se obter mais lucro e gastar 
menos. Para tal, um reordenamento geral foi elaborado e estabelecido, no qual 
os trabalhadores passavam por um processo de especialização de sua mão de 
obra, pela qual só tinham responsabilidade e domínio sob uma única parte do 
processo industrial, não tendo mais ciência do valor da riqueza por eles 
produzida. Isso gerava lucro.
 O trabalhador passava agora a ser assalariado, vendendo sua força de 
trabalho.
 Durante o século XX, outros pensamentos permearam o sistema capitalista. 
As idéias do industriário Henry Ford e do engenheiro Frederick Winslow Taylor 
vieram a somar á “evolução” industrial. Com uma metodologia que otimizava o 
tempo e tinha como premissa a eficiência do processo produtivo, agilizava-se 
as respostas que essas teriam para o mercado e consequentemente, o lucro 
seria maior.
 Diz-se que vivenciamos atualmente uma quarta Revolução industrial.
 A família perde a capacidade de suprir suas necessidades mínimas e 
básicas de subsistir, sofrendo um enfraquecimento, demandando uma atuação 
do Estado, que tem uma função reguladora das relações sociais.
 O Estado, a serviço do capitalismo, cria equipamentos sociais e regulatórios 
que enquadram e fragmentam as relações sociais. Seus aparatos servem, 
também, como modo de alienação e submissão.
 Na expansão do capitalismo, novas necessidades e novos serviços surgem 
para responder ás demandas da vida capitalista, e a cada necessidade um 
serviço é oferecido, num processo de mercantilização de todas as ações da 
vida dos indivíduos.
O advento do capitalismoO sistema capitalista surgiu e concretizou-se como sistema econômico 
durante o século XVI, com as práticas industriais e mercantis no continente 
europeu. Como modo de produção, o capitalismo passou a se assentar em 
relações sociais de produção capitalista, marcadas fundamentalmente pela 
compra e venda da força de trabalho.
 Toda relação existente no capitalismo supõe uma condição de 
assalariamento. A condição de assalariamento é intimamente ligada á venda 
da força de trabalho do proletariado. Esta é trocada por valores, mesmo estes 
sendo diferentes do que os trabalhadores realmente deveriam receber – aí que 
está a criação do antagonismo e da desigualdade, pois nessa relação é 
extraída a mais-valia, que não é apropriada por aqueles que estão do outro 
lado da esteira.
 A história do capitalismo é a história das classes sociais, o elemento definidor 
do capitalismo, seu traço distintivo é a posse, de maneira privada, dos meios 
de produção por uma só classe e a exploração da força de trabalho daqueles 
que não a detém.
 A revolução industrial e as relações sociais dentro do sistema capitalista
 É no berço da estruturação do capitalismo, após a Segunda Guerra Mundial 
- 1945, que surge o serviço social, vinculado ás políticas sociais estatais, como 
o agente de implementações dessas políticas. É Importante ressaltar que as 
políticas sociais, embora em sua maioria representem conquistas das classes 
trabalhadoras, passaram a serem instrumentos de intervenção estatal a serviço 
do projeto hegemônico do capital, garantindo a manutenção do sistema vigente 
e abrandando conflitos entre o capital e o trabalho.
 Nesse contexto, surge a primeira contradição do trabalho técnico do 
assistente social: a necessidade de reprodução do sistema, garantindo os 
interesses do capital em contraponto á luta dos trabalhadores pela conquista e 
defesa de direitos. Tal contradição coloca ao profissional a necessidade de 
uma opção política, inserida nas contradições entre as classes e na disputa por 
interesses. 
A divisão social do trabalho: introdução ao pensamento de Karl Marx
 
 Karl Marx com sua teoria – muitos chamam de método de Marx – desvenda 
as leis do desenvolvimento do capitalismo, revelando que para cada época ou 
contexto histórico, um modelo de produção é vivenciado e, por conseqüência, 
um sistema de poder é estabelecido.
 A relação fundamental do capitalismo tinha por base o assalariamento. O 
capitalista pagaria aos trabalhadores um salário em troca do seu trabalho. O 
trabalho era desenvolvido, porém o valor pago por esse não condizia com as 
horas que eram disponibilizadas ao empregador, ou seja, dentro dessa relação 
de compra e venda, o capitalista retirava maior proveito e ainda lucrava com 
este trabalho excedente e não pago.
 A divisão social do trabalho efetiva-se pela distribuição das tarefas entre os 
diversos trabalhadores, para que esses, especializados em um dado fazer, 
sejam mais rápidos e, com isso, aumentem a produtividade sem ter a 
compreensão de todo o processo de trabalho, mecanizando as ações e 
impedindo o processo de criatividade. Cabe ao trabalhador saber apenas o 
necessário para cumprir suas tarefas.
 Esse processo deu origem á Revolução Industrial, que utilizou as máquinas 
para tornar mais barato o custo de produção dos bens e possibilitou a 
diminuição da jornada de trabalho e o aumento ainda maior da produção, sem 
o correspondente aumento de salário, propiciando assim um aumento do 
acúmulo de capital pelos detentores dos meios de produção.
As relações sociais e o serviço social dentro do sistema capitalista.
 O estudo da profissão de serviço social procura seu significado dentro da 
sociedade capitalista, ou seja, através de sua compreensão. A reprodução das 
relações sociais , a reprodução da totalidade do processo social, a reprodução 
de determinado modo de vida, ou seja, o modo de como são produzidas e 
reproduzidas as relações sociais na sociedade. Segundo Marx, o primeiro ato 
histórico pelo qual podemos distinguir os homens dos demais animais não é o 
de pensar, mas o de começar a produzir os seus meios de vida.
 Para Marx, é por meio do trabalho, atividade intencional e racional, com 
finalidade, que o homem transforma a natureza a fim de obter a realização de 
suas satisfações. Nessa relação há uma mútua transformação, pois ao 
apropriar-se do recurso natural, o homem transforma a natureza e a si mesmo. 
É essa ação intencional e racional que diferencia os homens dos animais, 
como também a consciência e a religião.
 O serviço social na Europa e nos Estados Unidos aparece vinculado á 
expansão do capitalismo monopolista como forma de garantir a reprodução 
desse sistema e das relações sociais que davam suporte ao trabalho alienado. 
O Estado passou a incorporar o trabalho do assistente social na 
implementação de políticas sociais, que objetivavam atenuar os conflitos entre 
o capital e o trabalho, e combater a ameaça das idéias comunistas entre as 
classes subalternas. As maiores áreas de atuação do serviço social nessa 
gênese se pronunciavam pela prestação dos serviços sociais, na garantia 
mínima de sobrevivência. Em resumo, é um direito do trabalhador, reconhecido 
pelo próprio capital, que se torna um meio de reforço do paternalismo do 
Estado e da retomada do coronelismo.
 OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO 
SERVIÇO SOCIAL: AS PROTOFORMAS DO SERVIÇO SOCIAL - UMA 
BREVE ANÁLISE HISTÓRICA.
 O serviço social surgiu decorrente da divisão social e técnica do trabalho, 
afirmando-se como uma profissão dentro da sociedade, dotada de uma 
dimensão teórico-metodológica e técnico-operativa, indissociada das ordens 
éticas e políticas. O serviço social iniciou seu embasamento teórico com a 
influência norte-americana do modelo de caso, grupo e comunidade, sob a 
influência do pensamento de Mary Ellen Richmond.
 Ao pronunciar-se em uma palestra, Richmond assinalou a necessidade de 
se criar uma escola para a formação de assistentes sociais. Ela introduziu um 
método no qual se realiza o estudo ou levantamento de dados sobre a 
situação, diagnosticando o problema social, avaliado logo em seguida e, por 
fim, estabelecendo um tratamento. Visualizava o inquérito como um 
instrumento de fundamental importância para a realização do diagnóstico social 
e, posteriormente, do tratamento, pois acreditava que só através do ensino 
especializado poder-se-ia obter a necessária qualificação para realiza-lo. Essa 
metodologia é denominada como “Metodologia do Caso Social Individual”. 
Desde essa primeira sistematização elaborada por ela, o serviço social reflete 
uma perspectiva genérica de intervenção, tendo em vista a mudança social, por 
meio da qual deu-se aos assistentes sociais o desafio de trabalhar para uma 
comunidade á qual faltavam recursos sociais, utilizando argumentos oferecidos 
pelos casos.
 O surgimento do serviço social no Brasil
 No Brasil, o desenvolvimento material – início do período do “boom” do 
desenvolvimento econômico – desencadeou a expansão do proletariado 
urbano, reforçada pela migração interna, o que criou a necessidade política de 
controlar e absorver esses segmentos sociais. Segundo Iamamoto, o Estado 
procurou incorporar as reivindicações da classe trabalhadora nacional, 
ampliando a base de reconhecimento legal da “cidadania”, do proletariado e 
dos direitos sociais por meio da criação de legislações sociais. Em seguida, 
buscou um profissional capaz de apresentar respostas, aprimorando-se e 
apropriando-se das técnicas do serviço social norte-americano. A sociedade 
encontrava-se nos anos 1930, em uma conjuntura marcada pelo 
desenvolvimento capitalista, pelos conflitos de classes, pelo crescimento da 
classe trabalhadora, enquanto se travava uma luta contra a exploração da mão 
de obra dessa classe e pela defesade seus direitos e cidadania, para intervir 
nos problemas das sequelas da questão social. 
 Ainda segundo Iamamoto, dentro das instituições mais importantes para o 
surgimento do serviço social podemos destacar: o Conselho Nacional de 
Serviço Social (1938), a Legião Brasileira de Assistência (1942), o Serviço 
Nacional de Aprendizagem Industrial (1942) e o Serviço Social da Indústria 
(1946). A criação de tais instituições tem como pano de fundo um período na 
história do Brasil marcado pelo aprofundamento do modelo de Estado 
intervencionista sob a égide do capitalismo monopolista internacional e de uma 
política econômica nacional que privilegiou o crescimento da industrialização.
 A profissionalização do serviço social, mesmo que inicialmente estivesse 
intimamente ligada ás questões do assistencialismos, não se relacionava á 
evolução da ajuda, á racionalização da filantropia, nem á organização da 
caridade. Sua vinculação referenda a dinâmica da ordem monopólica, mesmo 
com suas primeiras ações desenvolvidas tendo cunho religioso, filantrópico e 
assistencial; diga-se assistencial, mas com um caráter assistencialista e de 
benemerência, desenvolvido por meio da solidariedade social, porém ainda 
hipossuficiente. Tinham um caráter missionário, de apostolado social, 
justificando sua ideologia com a Doutrina Social da Igreja.
 No Brasil, até 1930, a pobreza não era vista como uma expressão da 
questão social, pelo contrário, todas as expressões dela eram tratadas como 
“casos de polícia”, A questão social só passa a ser objeto de intervenção por 
parte do Estado com a instituição das políticas sociais, porém com ações 
fragmentadas e parcializadas.
 Em 1936, através dos esforços desenvolvidos por esse grupo, é fundada a 
Escola de Serviço Social de São Paulo, a primeira desse gênero a existir no 
Brasil. Inicia-se, portanto, uma nova etapa na prática da assistência social, 
tinha por finalidade oferecer uma formação social através do conhecimento das 
questões e dos problemas sociais, preparando seus profissionais para atuarem 
nos vários campos da ação social, nas obras de assistência, nos serviços de 
proteção á infância, nas organizações operárias e familiares.
 Foi no contexto de enfrentamento da questão social pelo Estado, com o 
apoio da iniciativa particular de alguns grupos e da Igreja Católica, que se 
conduziu a institucionalização e legitimação do serviço social como profissão, 
em um cenário em que a pobreza é vista como ameaça á ordem burguesa. 
Porém, mesmo com essa abrangência e abertura, as primeiras iniciativas de 
organização da profissão estavam ligadas a grupos sociais participantes do 
movimento católico leigo e responsáveis pela ação social da Igreja Católica.
 O serviço social brasileiro surge, portanto, com um caráter conservador, 
ligado á atividade assistencial.
 A profissão é reconhecida legalmente como profissão liberal pelo Ministério do 
Trabalho pela portaria n. 35 de 19 de abril de 1949.
 Em síntese, é sob a influência do pensamento da Igreja Católica que o 
serviço social brasileiro iniciou sua fundamentação, tendo um posicionamento 
humanista e conservador. Nos postulados filosóficos tomistas e neotomistas 
que marcaram o serviço social, introduziu-se a noção de dignidade da pessoa 
humana; sua perfeição, sua capacidade de desenvolver potencialidades; a 
sociabilidade natural do homem, como um ser social e político; a compreensão 
da sociedade como união dos homens para realizar o bem e a necessidade da 
autoridade para cuidar da justiça geral.
 Apesar do doutrinarismo e conservadorismo não se constituírem como 
teorias sociais, foi a primeira orientação de visão de mundo que conduziu o 
serviço social para sua elaboração de uma visão de mundo. O positivismo 
também teve fortes influências no Brasil.
A influência norte-americana: o funcionalismo e o serviço social de caso,
grupo e comunidade.
 Em meados da década de 1940, a influência franco-belga que marcava a 
gênese do serviço social cedeu o lugar á influência norte-americana. Porém é 
só na Conferência Nacional do Serviço Social, ocorrida em 1941, que se 
concretizou e teve início esse intercâmbio, com a oferta pelos Estados Unidos 
– diga-se investida – para que os assistentes sociais fossem até lá fazer 
cursos, ofertando bolsas de estudos aos assistentes sociais brasileiros.
 Teve influência importante, como já assinalado, Mary Richmond; com suas as 
idéias da filantropia científica, ela incorporava as teorias estrutural-
funcionalistas e as metodologias de intervenção, especificamente os métodos 
de serviço social de caso, serviço social de grupo, organização de comunidade 
e, posteriormente, desenvolvimento de comunidade. Soma-se a este contexto, 
o ideal de democracia e justiça social pregado por Jane Addams. Nesse 
período, a ênfase na formação profissional ainda estava sustentada na visão 
terapêutica e na concepção de que a questão social era um desajustamento 
social.
 O serviço social de caso, o serviço social de grupo e a organização da 
comunidade são baseados na arte e na ciência das relações humanas, isto é, 
nas relações de pessoa a pessoa. O que era imperativo no serviço social de 
caso era o relacionamento profissional, no qual o caso social era verificado 
como um processo psicossocial, isto é, uma situação-problema na qual fatores
objetivos da situação de vida do cliente não se separam dos fatores subjetivos 
(seu comportamento e suas emoções) Ele é, então, um método de ajuda 
baseado num corpo de conhecimentos, na compreensão do cliente dos seus 
problemas, e no emprego de técnicas aplicadas – ajudar as pessoas a 
ajudarem-se a si próprias.
 O serviço social de grupo utiliza-se da abordagem grupal das situações 
sociais problema, identificando seus aspectos significativos. Essa abordagem 
está muito ligada á educação.
 Identificava-se enquanto atribuição do assistente social:
• proceder ao levantamento das situações sociais significativas, através de 
atendimento individual com líderes formais e informais da comunidade e de 
pesquisas;
• levar ao conhecimento da equipe os problemas sociais que surgirem como 
prioridade na população atendida, apresentando sugestões para intervenção;
• planejar, executar e coordenar atividade a nível grupal.
O SERVIÇO SOCIAL A PARTIR DA DÉCADA DE 1930
 O período de 1930 a 1945 coincide com dois grandes fatores político-sociais: 
a Segunda Guerra Mundial (Europa) e o período do Estado Novo (Brasil), 
caracterizando o surgimento da profissão no Brasil sob influência Européia. É 
só a partir de 1945 que se observa uma expansão do serviço social no país, 
com o fortalecimento do capitalismo local e as mudanças mundiais decorrentes 
do período pós Segunda Guerra Mundial. Nesse período, o serviço social tinha 
as seguintes características: era assistencial, caritativo, missionário e 
beneficente.
 As primeiras ações do serviço social no Brasil iniciaram-se com a iniciativa do 
Centro de Estudos e Ação Social – CEAS, no ano de 1932. Já em 1935, criou-
se a Lei nº 2497, de 24/12/1935, que estabelecia o Departamento de 
Assistência Social do Estado, o primeiro no país.
 No ano de 1934, com a Carta Constitucional os serviços sociais se 
consolidam. Nesse mesmo contexto, criou-se o Conselho Nacional de serviço 
social – CNSS, que tinha uma função consultiva para o governo.
 O CNSS tinha como principais funções:
• realização de inquéritos e pesquisas sobre as situações de desajustes 
sociais;
• organização do plano nacional de serviço social, englobando os setores 
público e privado;
• sugerir políticas sociais a serem desenvolvidas pelo governo;
• opinar sobre a concessão de subvenções governamentais às entidades 
privadas.
 Sua função era igual a tantas funções e atribuições, manipuladora, com 
mecanismo de clientelismo político.
 As práticas desenvolvidas pelos primeiros assistentes sociaisestavam 
voltadas para a organização da assistência, para a educação popular e para a 
pesquisa social.
 O serviço social a partir de 1930 sofre transformações de ordem prática em 
seu discurso profissional, influenciadas pelo pragmatismo e assistencialismo ao 
ser verificada a necessidade de serem criados novos métodos e técnicas de 
buscar conteúdos teóricos e ideológicos em outras ciências, como na 
psicologia e na psiquiatria, a fim de haver uma adequação à realidade 
brasileira.
 No ano de 1938, a Seção de Assistência Social, foi organizada com a 
finalidade de melhor atender e reajustar certos grupos e desenvolver o 
chamado serviço social de casos individuais, a Orientação Técnica das Obras 
Sociais, o Setor de Investigação e Estatística e o Fichário Central de Obras e 
Necessitados.
 Observa-se uma substituição da influência européia pela norte-americana, 
marcada pelo Congresso Interamericano de Serviço Social, realizado em 1941, 
em Atlantic City (EUA), que alterava o processo de formação dos assistentes 
sociais e consequentemente a prática profissional.
 A principal expansão do trabalho do assistente social se deu na área da 
saúde, que, a partir de 1948, passou a abordar aspectos biopsicossóciais, 
demandando uma ampliação das equipes, que não mais se restringia aos 
médicos, para atender em uma perspectiva higienista. O assistente social que 
atuava nessa área vivia os conflitos da falta de acesso à saúde pelas 
populações que estavam fora do mercado formal de trabalho e, portanto, não 
tinham direito de utilizar os recursos existentes. Nesse contexto, os benefícios 
eram financiados pelos próprios indivíduos que os recebiam. O trabalho do 
assistente social na área de saúde era restrito ao atendimento de casos e era 
reconhecido como serviço social médico.
 Esse período histórico e social, cujo auge se dá em 1939, culmina com a 
retomada do aprofundamento do capitalismo no âmbito da expansão da 
produção industrial, com a intervenção estatal voltada para facilitar e 
intensificar acumulação, sendo pano de fundo para a ação profissional.
O serviço social na década de 1940: os congressos de serviço social e 
sua influência no perfil profissional.
 A partir dessa década, o serviço social buscava conteúdos teóricos e 
metodológicos que melhor instrumentassem sua ação prática. É nesse 
contexto que se destacam os congressos de serviço social que influenciaram a 
profissão rumo a uma melhor adequação teórica e metodológica.
 No ano de 1942 ocorreu o 1º Congresso Pan-Americano de Serviço Social, 
no Chile, o qual apresentaria as primeiras expressões de mudança 
metodológica, porém com traços de continuidade reafirmação da influência 
norte-americana, marcando uma nova hegemonia internacional. Ainda no 
âmbito da América Latina, merece destaque o Congresso Pan-Americano de 
1945, no qual compareceram 14 delegadas estrangeiras, com um caráter mais 
oficial. A discussão que mais merecia destaque era sobre a formação para o 
serviço social, na qual se procurou definir normas para o funcionamento das 
escolas, a partir de um padrão mínimo de exigências, tais como planos de 
trabalhos, currículo básico, entre outros. Surgiu nessa época a Associação 
Brasileira de Escolas de Serviço Social – ABESS e a Associação Brasileira de 
Assistentes Sociais – ABAS.
 O primeiro Congresso Brasileiro de Serviço Social foi promovido no ano de 
1947 pelo Centro de Estudos e Ação Social – CEAS. Teve um caráter 
preparatório para o 2º Congresso Pan-americano a ser realizado em 1949, com 
ampla participação das entidades particulares e governamentais. Esse 
congresso foi marcado pela ausência de uma temática central. Os debates 
suscitados levaram á algumas conclusões organizadas em seis grandes 
campos: serviço social e família; serviço social de menores; educação popular 
e lazeres; serviço social médico; serviço social na indústria, agricultura e 
comércio; e os agentes do serviço social.
 No ano de 1947, a Seção Regional de São Paulo, órgão ligado a ABAS, 
estabelecia o primeiro Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais. Já 
no ano de 1949, ocorreu o 2º Congresso Pan-Americano de Serviço Social no 
Rio de Janeiro, que teve como tema central “O serviço social e a família”, no 
qual se estabelecia uma concepção de família que pudesse elucidar o trabalho 
profissional.
 O serviço social apresenta, nesse contexto, funções bem mais amplas, 
através de respostas que pudessem acompanhar o movimento da ordem 
econômica, moral e estrutural, na busca pela eliminação do pauperismo e na 
estruturação da sociedade que melhor contemplasse as exigências humanas.
 Este congresso reafirmava as teses dos congressos de 1945 e 1947, de 
estabelecer um discurso menos apostolar, de dar maio ênfase à psicologia e à 
técnica, definindo novas qualidade para o assistente social.
O serviço social a partir dos anos 1950: rumo a uma renovação crítica.
 É nesse contexto que o serviço social passa a ter influências teóricas 
heterogêneas, com a presença da teoria da modernização. Esse período 
correspondia ao período do desenvolvimentismo brasileiro e de aposta no 
capitalismo industrial. Nessa mesma década, surge o método do 
“desenvolvimento de comunidade” - DC, que propunha a melhoria nas 
condições imediatas do meio, contando com a participação dos grupos como 
coparticipantes na execução dos projetos e atividades, unidos pelo bem 
comum, porém deslocados de suas elaborações e proposições.
 Embora o desenvolvimentismo tenha se constituído como central no governo 
vigente – governo Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956-60) - sua influência 
no serviço social estava limitada ao DC no meio rural, influenciado pelo 
funcionalismo, pelo qual se queria, através de suas ações junto à comunidade, 
corrigir as “disfuncionalidades” causadas pelo sistema capitalista, “forçando” a 
integração da população empobrecida aos projetos de desenvolvimento. O 
serviço social apresentava-se, portanto como agente do desenvolvimento.
 Já nos anos 50/60, segundo essa introdução do assistente social ao DC rural, 
um novo impulso ocorreu para na oferta e procura profissional: aumento do 
número de escolas; interiorização do serviço social; abertura de um novo 
campo de trabalho, incorporação de novas atribuições profissionais 
relacionadas à coordenação, planejamento e administração de programas 
sociais.
 O DC apresentava-se sob duas perspectivas:
1. DC ortodoxo: inspirado nos postulados funcionalistas que abordavam a 
comunidade como uma unidade constituída de partes independentes que 
devem colaborar para o equilíbrio do todo. Tinha como pano de fundo a 
modernização como uma unidade consensual. Seu caráter era acrítico,
apolítico e aclassista.
2. DC heterodoxo: tinha uma visão mais abrangente da problemática brasileira 
e de uma maior abertura do espaço político, tendo um caráter mais crítico. 
Tinha força reivindicatória por direitos e mudanças estruturais como requisito 
fundamental ao desenvolvimento econômico do país. Era inspirado na vertente 
estrutural histórica – engajamento no campo educacional com a 
conscientização e participação popular – e no Movimento de Educação
de Base - MEB.
 A organização de comunidade surge como uma fórmula de desenvolver nas 
comunidades a consciência para que seus problemas fossem resolvidos pelos 
próprios envolvidos, através de suas iniciativas e seus próprios recursos. Já o 
desenvolvimento de comunidade terá como palco outro cenário e outro 
contexto histórico. Seu surgimento se dá a partir da Segunda Guerra Mundial. 
Nesse período, as colônias inglesas na África e na Ásia se preparavam para 
sua emancipação. O DC surge assim como estratégia de dominação e controle 
nos processos emancipatórios dos países colonizados sob a égide da 
Inglaterra e do bloco ocidental.
 O assistente social era visto como um profissional chave para realizar 
trabalhoscomunitários de integração das populações aos ideais nacionais.
 A prática do DC no Brasil pode ser expressa e entendida como uma estratégia 
governamental de integração social ao desenvolvimento na:
• articulação da educação e do serviço social como instrumento no despertar 
de vocações;
• participação da comunidade, vista como elemento chave para atingir o 
desenvolvimento;
• comunidade compreendida de forma setorizada e localizada, culpabilizadas 
por seus problemas;
• DC como instrumento para superar o subdesenvolvimento;
• assistente social: elemento motivador.
 No Brasil especificamente, a profissão passa a ser regulamentada a partir 
1957, quando é sancionada a Lei n° 3.252. Essa legislação vigorou durante 36 
anos e foi substituída em 1993, pela Lei n° 8.662.
A década de 1960 e sua influência no serviço social brasileiro
 A partir de 1960, o serviço social começa a sofrer importantes 
transformações no movimento de reconceituação da profissão na América 
Latina, que trazia uma denúncia do conservadorismo profissional iniciado na 
década de 1960 e desenvolvido até a década de 1980, influenciado pela 
conjuntura histórica mundial, principalmente na própria América Latina.
 Nessa década a profissão veio a questionar seus referenciais e requisitar uma 
renovação em diferentes níveis: teórico, metodológico, técnico, operativo e 
político. O controle e a repressão da classe trabalhadora pelo Estado e pelo 
grande capital e o atendimento das novas demandas submetidas à 
racionalidade burocrática exigiram a renovação do serviço social. Esse 
movimento, denominado de “Movimento de Reconceituação”, impôs ao 
assistente social a necessidade da constituição de um novo projeto 
profissional, comprometido com as demandas e interesses da população 
usuária dos serviços. Nessa época o serviço social estabiliza-se sob mudanças 
técnicas, a chamada modernização conservadora que colocou a questão do 
método em debate, fundamentando-se ora por uma aproximação com o 
marxismo, porém com uma leitura reducionista; ora recusando o teoricismo 
pela prática.
 Com a influência norte-americana, o serviço social alcança sua maioridade 
na sistematização teórica e técnica, feita através do trabalho com indivíduos e 
famílias, como o serviço social de grupo e o serviço social de comunidade. 
Marcam esse processo as experiências de grupos de assistentes sociais 
vinculada à esquerda católica e aos projetos de educação de base e de 
organização popular em comunidades urbanas e rurais, inspirados nas teorias 
de educação para a libertação e no método de alfabetização de Paulo Freire. 
No entanto, o golpe de 64 e a ditadura militar interrompem o processo de 
radicalização democrática, o que põe fim ao pacto populista e ao engajamento 
dos que lutavam para a implantação de alternativas de desenvolvimento 
nacional-populares e democráticas no país. Para a implantação desse novo 
modelo, o Estado moderniza e amplia suas funções econômicas, sociais, 
políticas e culturais, orientando-se na integração da economia brasileira aos 
padrões internacionais definidos pelo capitalismo monopolista.
 O movimento de reconceituação do serviço social na América Latina foi 
desencadeado pela ação da chamada de “geração 65”, constituída por grupos 
profissionais de vanguarda que apresentavam um questionamento no que se 
referia às bases conservadoras do serviço social. Nesse sentido, os seminários 
regionais de serviço social tiveram um papel importante e central, tendo como 
marco o I Seminário Regional Latino-Americano de Serviço Social realizado em 
1965 na cidade de Porto Alegre.
 Em síntese, as determinações consideradas nessa análise da relação 
existente entre o governo autocrático e a renovação do serviço social foi:
1. o significado do golpe militar de 1964;
2. o modelo de desenvolvimento econômico adotado pelos governos ditatoriais;
3. as mudanças na relação entre o Estado e as classes sociais;
4.a reorganização do estado e das políticas sociais nos marcos da 
modernização conservadora e as repercussões no mercado de trabalho dos 
assistentes sociais;
5. as determinações da nova configuração do mercado de trabalho dos 
assistentes sociais;
6. as determinações da política educacional dos governos militares sobre a 
formação profissional.
 A renovação do serviço social se deu em pleno processo ditatorial, que, 
mesmo de forma repressora, reforçava e validava a ação profissional, porém tal 
ação era tradicional e conservadora. Tais ações provocavam uma 
diferenciação quanto ao serviço social tradicional: sua prática era empirista, 
reiterativa, paliativa e burocratizada, paramentada por uma ética liberal 
burguesa, funcionalista, mecanicista, idealista da dinâmica social.
TRAÇOS DO PROCESSO DE RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
 O processo de renovação expressa um quadro complexo e heterogêneo, 
com um pluralismo teórico, vários projetos em confronto, diferentes concepções 
de intervenção e práticas, novas propostas de formação profissional e uma 
fratura ideológica. Nesse processo, a perspectiva modernizadora foi um esforço 
para adequar o serviço social enquanto instrumento de intervenção às novas 
técnicas que atendessem às exigências postas pelo período, porém tinha uma 
visão funcionalista. 
 Essa perspectiva não rompe com as condições tradicionais, apenas 
moderniza, não questiona a ordem, apenas utiliza de novos espaços – o 
funcionalismo estrutural é uma reatualização do conservadorismo, que trazia 
para a profissão um traço microscópico de sua intervenção e tinha uma visão 
de mundo positivista.
 Essa tendência foi expressa nos seminários:
1 – Araxá, em 1967, sendo a primeira produção teórica do CBCISS;
2 – Teresópolis, em 1970. 
 Mudanças nas relações de trabalho: política salarial, alterações arbitrárias do 
contrato de trabalho com uma nova política salarial, como também nos 
sindicatos e organizações; abolição do direito de greve, instituição do FGTS, 
manipulação dos índices e custo de vida, arrocho salarial, espoliação urbana, 
aumento da exploração, aumento da jornada de trabalho, queda do padrão de 
vida, aumento da miséria absoluta e relativa, acentuação das desigualdades 
sociais.
 São três as vertentes que permeavam sua renovação:
Perspectiva Modernizadora – Araxá (1967) e Teresópolis (1970);
Reatualização do Conservadorismo – Sumaré (1978) e Alto da Boa Vista 
(1984);
Intenção de Ruptura: método BH (72/75) e INOCOOP, final da década de 
setenta. 
Lembrete
Influências para o serviço social brasileiro:
1930-1940 – influência franco-belga, com o pensamento de São Tomás de 
Aquino (tomismo e positivismo);
1940-1950 – influência norte-americana, influência do desenvolvimentismo;
1960-1975 – influência latino-americana, influencia do movimento de 
reconceituação.
Araxá: a afirmação da perspectiva modernizadora
 Esse documento foi formulado em Araxá no ano de 1967 por 38 assistentes 
sociais, no 1º Seminário de Teorização, expressão de movimento no qual 
ponderou-se sobre o serviço social, procurando sistematizar seus referenciais 
teóricos. 
 Essa era uma carta de princípios que orientaria a prática.
Nesse documento havia uma tensão entre o moderno e o tradicional, 
apresentando o serviço social tradicional com uma nova roupagem a fim de 
inseri-lo no processo. Não há um rompimento com o tradicionalismo, mas sim 
uma captura do tradicional sobre novas bases. Buscava-se romper com a 
atuação de caso, grupo e comunidade, incorporando novos métodos e 
processos tais como o de planejamento, de administração. Tinha objetivos: 
remotos e operacionais. Dentro dessa ótica, exigia-se um profissional 
polivalente, um super profissional que pudesse abarcar todas as demandas e 
conduzi-las.
 O documento de Araxá não apresenta, no que tange à realidade brasileira, 
uma análise ou diagnóstico; firma o ideário de conviver de modo harmônico, no 
qualos agentes do desenvolvimento seriam incumbidos de agir junto aos que 
resistissem às mudanças.
 O serviço social é visto como técnica social, com uma orientação teórica no 
funcionalismo estrutural.
Teresópolis: a cristalização da perspectiva modernizadora
 Esse documento foi elaborado pela iniciativa de 33 profissionais no ano de 
1970, período no qual o Brasil vivia o chamado “Milagre Econômico”.
 No de Teresópolis, constatava-se a busca pela qualificação do assistente 
social, criando um perfil que melhor contemplasse a modernização 
conservadora da ditadura militar, consolidando o estruturalfuncionalismo
como concepção teórica.
 Seus organizadores elaboraram um minucioso roteiro de trabalho, mas os 
participantes modificaram esse roteiro e cada um dos grupos de trabalhos 
acabou elaborando um novo roteiro, o que impediu a redação final de um único 
documento como no caso do de Araxá. O dado mais importante afirmado por 
esse documento é a afirmativa e consolidação da perspectiva modernizadora, o 
que, segundo José Paulo Netto, não é apenas uma concepção profissional 
geral, mas, sobretudo uma pauta de intervenção.
 No documento, o papel profissional é claramente colocado como funcionário 
do desenvolvimento, no qual se destacam as funções estritamente operativas e 
técnico-instrumentais dentro da perspectiva de desenvolvimento e do 
desenvolvimentismo. Adendo ao desenvolvimento e seus resultados na ordem 
societária. 
 É possível constatar que a herança tradicional presente em Araxá, através 
das influências filosóficas do neotomismo, desaparece em Teresópolis.
Suas preocupações centrais não são com as teorias, valores, finalidades do 
serviço social, mas sim com as formas, os meios, os procedimentos no sentido 
de garantir maior eficácia à ação profissional para que o assistente social 
possa contribuir para o processo de desenvolvimento, a partir do trabalho com 
os indivíduos, grupos, comunidades, populações com as quais trabalha. Para 
isso, o assistente social precisaria estar instrumentalizado com métodos, 
técnicas, procedimentos, definidos da melhor maneira possível, fechados, para 
que pudessem direcionar a ação profissional com vista à obtenção dos fins 
definidos previamente.
 O papel profissional é tido como o de “funcionário do desenvolvimento”, 
reserva-se ao assistente social funções de caráter executivo e técnico-
instrumentais, funcionais à lógica da modernização. Classificam-se as 
necessidades sociais fundamentais agrupadas em sete linhas: biológica, 
doméstica, familiar, educacional, residencial, cívico-municipal, sociocultural e 
de seguridade social. Essas necessidades partiriam das necessidades básicas 
e das fundamentais de um ser humano dentro da ordem que era estabelecida 
pelo sistema.
O método de Belo Horizonte: intenção de ruptura
 Surgiu na Escola de Serviço Social da Universidade de Minas Gerais, entre 
os anos de 1972-1975, onde se formulou o “Método de BH”, quando um grupo 
de jovens profissionais definiu uma linha de renovação para o serviço social. O 
método foi uma alternativa global ao tradicionalismo.
 A perspectiva da intenção decorre de um projeto de romper com o 
tradicionalismo e suas implicações teórico-metodológicas e prático-
operacionais. Ela se expande a partir da crise do regime militar e da entrada da 
classe operária na cena política, porém o golpe militar rompe com esse avanço, 
todavia não impede seu desenvolvimento ideológico e cultural.
 A intenção de ruptura com o serviço social tradicional produz a crítica e 
contestação das bases, pautadas no regime, introduzindo o pensamento 
marxista e a participação político-partidária.
 Este documento expressava uma:
• Crítica ideológica.
• Denuncia epistemológica.
• Recusa os métodos tradicionalistas
 Nos anos 1970, o espaço acadêmico apresentava-se como sólido e 
consolidado sendo terreno fértil para a graduação e a pós-graduação em 
serviço social. Tal espaço proporcionava a revisão teórica e metodológica, 
questionando suas bases. É a partir da perspectiva da intenção de ruptura que 
se sinaliza a inserção do serviço social na academia, na busca pela renovação 
e ruptura com o tradicionalismo.
A RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
Foi .til ao servi.o social, portanto, sua inser..o no .mbito universit.rio, o 
di.logo com as disciplinas
das ci.ncias sociais e a cria..o e expans.o da p.s-gradua..o, com a 
implanta..o dos cursos de mestrado
e doutorado no in.cio dos anos 70.
As transforma..es que emergiam refletiam tamb.m na organiza..o pol.tica 
da pr.pria
categoria profissional. A partir desse rearranjo ocorreu a cria..o das 
entidades de ensino, pesquisa
e representa..o profissional.
Dentro desse contexto de mudan.as, o evento que marcou essa ruptura 
hist.rica da profiss.o com o
perfil conservador foi o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, 
realizado em S.o Paulo, em 1979,
o “Congresso da Virada”, que marcou o questionamento da organiza..o 
conservadora da profiss.o.
Esse congresso realizou a cr.tica ao conservadorismo, ao capitalismo e . 
autocracia burguesa, firmando
compromisso com a classe trabalhadora e com transforma..es radicais 
da sociedade.
O Congresso da Virada
Esse congresso representou um momento de grandes mudan.as para a 
profiss.o, abrindo novos
horizontes de luta pela democracia, vinculado . classe trabalhadora na 
luta pelos direitos humanos,
atrelado aos movimentos sociais e outras associa..es.
A partir desse congresso, houve um repensar pelos pr.prios profissionais 
sobre a atua..o profissional
e um novo projeto .tico, pol.tico e profissional, demarcando-se a dire..o 
social da profiss.o – ao lado
da classe trabalhadora – e n.o mais atendendo ao conservadorismo.
Foi um marco e tamb.m um processo, com determina..es ex.genas e 
end.genas . profiss.o,
marcado pelo adensamento da conjuntura nacional e latino-americana da 
.poca de um lado e pelo
pr.prio ac.mulo da profiss.o proporcionado pelo movimento de 
reconceitua..o, de outro.
Trata-se de uma mudan.a na concep..o de servi.o social e no perfil da 
categoria profissional,
possibilitada tanto pela inser..o do servi.o social no circuito acad.mico e 
pela cria..o da p.s-gradua..o
(1972), que aproximava a profiss.o das teorias sociais, dentre elas a do 
marxismo, quanto pelo processo
de amplia..o e laiciza..o da categoria profissional, dadas as novas 
demandas postas pela ditadura, que
alteravam substancialmente o perfil profissional. Trata-se de uma 
mudan.a na concep..o de servi.o social e no perfil da categoria 
profissional,
possibilitada tanto pela inser..o do servi.o social no circuito acad.mico e 
pela cria..o da p.s-gradua..o
(1972), que aproximava a profiss.o das teorias sociais, dentre elas a do 
marxismo, quanto pelo processo
de amplia..o e laiciza..o da categoria profissional, dadas as novas 
demandas postas pela ditadura, que
alteravam substancialmente o perfil profissional.
O movimento de reconceituação do serviço social
O movimento de reconceitua..o do servi.o social, ocorrido entre os anos 
de 1965 – 1975, expressa
uma nova corrente para a profiss.o, com car.ter mais heterog.neo – v.rias 
vertentes, linhas pol.ticas,
te.ricas e profissionais. Ele . fruto de condicionantes hist.ricas, com 
aprova..o de setores jovens e
profissionais de vanguarda do servi.o social.
Esse movimento fez a den.ncia e cr.tica ao servi.o social tradicional e seu 
v.nculo com o conservadorismo,
uma autocr.tica . profiss.o – revis.o global; questionamento da sociedade 
e seu n.vel societ.rio, da dire..o
social da pr.tica profissional, de suas ra.zes sociopol.ticas, de seus 
fundamentos ideol.gicos e te.ricos,
sintonizando o servi.o social com a realidade a fim de atender .s 
demandas – cr.tica o tradicionalismo.
Algumas vertentes de an.lise que emergiram no bojo do Movimento de 
Reconceitua..o:
• Vertente modernizadora caracterizada pelas abordagensfuncionalistas, 
estruturalistas e positivistas.
• Vertente inspirada na fenomenologia, que priorizava como metodologia 
a metodologia dial.gica,
abarcando nessa as concep..es de pessoa, o di.logo e a transforma..o 
social como uma forma
de reatualiza..o do conservadorismo presente no pensamento inicial da 
profiss.o.
• Vertente marxista que se apropriou do conceito de sociedade e de 
classes no Brasil, aproxima..o
do marxismo.
A fenomenologia, enquanto vertente, significava o estudo dos fen.menos 
– ci.ncia dos fen.menos. O
conceito de intencionalidade ocupa um lugar central na fenomenologia, 
definindo a pr.pria consci.ncia
como intencional, voltada para o mundo.
Os elementos que mais incidiram no movimento de reconceitua..o foram:
• a revis.o cr.tica que se processa nas ci.ncias sociais: crise da teoria do 
desenvolvimento e
emerg.ncia da teoria da depend.ncia;
• as mudan.as que ocorrem na Igreja Cat.lica, influenciada pela Teologia 
da Liberta..o;
• a presen.a ativa do movimento estudantil.
Esse movimento se expressou em duas dire..es contradit.rias:
• a primeira era de contesta..o, de oposi..o ao regime;
• a segunda era de adequar ao regime, com um car.ter funcionalista.
Seus tra.os eram:
• nivelamento com as ci.ncias sociais e os problemas sociais;
• lideran.a de vanguarda quanto . pesquisa, na produ..o do 
conhecimento;
• aumento de diferentes concep..es profissionais, rompendo com a 
homogeneidade de pr.ticas;
• pluralismo te.rico, metodol.gico e pol.tico que rompia com a ideia de 
sociedade monol.tica.
Fenomenologia social ., portanto, o estudo
No servi.o social, ocorreram mudan.as:
• no contexto universit.rio: entrada do curso na universidade, forte 
express.o do movimento estudantil;
• no repensar do curr.culo m.nimo do servi.o social;
• no questionamento da universidade tradicional – prop.e-se uma 
universidade mais democr.tica, pol.tica;
• na interlocu..o do servi.o social com as ci.ncias sociais, incorpora..o de 
conceitos;
• na introdu..o do desenvolvimento de comunidade, com uma atua..o 
mais ativa, macrossociet.ria,
inserindo a profiss.o em equipes multidisciplinares, dando um car.ter 
mais t.cnico . profiss.o,
mais participativo no que diz respeito ao planejamento e administra..o, o 
servi.o social n.o
se restringe apenas ao papel de um executor das pol.ticas p.blicas. O 
desenvolvimento de
comunidade . o vetor para esse repensar da profiss.o.
O SERVIÇO SOCIAL PÓS ANOS 1980: VIVÊNCIAS DA RENOVAÇÃO 
CRÍTICA
Essa heran.a da reconceitua..o foi . base para a renova..o cr.tica do 
servi.o social brasileiro na
d.cada de 1980, mesmo com os limites, aponta-se algumas conquistas 
decorrentes dessa .poca no Brasil:
1. interc.mbio e intera..o profissionais com outros pa.ses que 
respondessem as problem.ticas
comuns da Am.rica Latina;
2. a explicita..o da dimens.o pol.tica da a..o profissional;
3. interlocu..o cr.tica com as ci.ncias sociais: cr.tica ao tradicionalismo, 
com abertura para a tradi..o
marxista e sincronia com tend.ncias diversificadas do pensamento social 
contempor.neo;
4. inaugura..o do pluralismo profissional.
Nessa conjuntura, h. um movimento significativo no servi.o social, de 
amplia..o do debate te.rico
e incorpora..o de algumas tem.ticas como o Estado e as pol.ticas sociais 
fundamentadas no marxismo.

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