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Prévia do material em texto

REDAÇÃO
ETAPA 2
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
Curso sobre Serviço Social
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Organização
Elisabeth Penzlien Tafner
Autora
Iara de Oliveira
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância
Prof.ª Francieli Stano Torres
Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge
Revisão
Jóice Gadotti Consatti
UNIDADE 2
OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Conceituar a textualidade em textos escritos.
• Identificar os fatores de textualidade em diversificados gêneros textuais.
• Diferenciar os gêneros do discurso.
A Unidade 2 também está dividida em dois tópicos que facilitam o estudo dos 
fatores de textualidade. Como na unidade anterior, ao final há atividades as quais 
servirão para revisar, fixar e ajudarão a construir seu conhecimento sobre o tema.
Tópico 1: A textualidade e seus fatores textuais.
Tópico 2: Fatores de textualidade extratextuais.
2 REDAÇÃO
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INTRODUÇÃO
Agora que já sabemos o que é um texto, em particular o escrito, vamos estudar 
sua composição. Nesta unidade, aprenderemos que um texto só é visto como tal 
porque apresenta textualidade. A textualidade, por sua vez, é composta por elementos 
que estudaremos separadamente: coerência, coesão, intencionalidade, aceitabilidade, 
situacionalidade, informatividade e intertextualidade. Iniciaremos entendendo o que 
é a textualidade e quais suas implicações para o texto. Vamos lá?
2.1 A TEXTUALIDADE E SEUS FATORES TEXTUAIS
Na Unidade 1, estudamos o que é um texto em termos conceituais; as diferenças 
entre o texto e o discurso, apontando para o caráter estático do primeiro e a dinamicidade 
do segundo; e as diferenças entre texto oral e escrito, identificando as características 
de cada um. Como o escrito é o nosso foco neste curso, vamos estudar um pouco mais 
sobre o que faz de uma produção verbal um texto.
Já vimos que um texto escrito não é apenas uma sequência de palavras ou frases. 
Existe algo que faz com que ele se caracterize, materialize-se como texto. Observemos 
o exemplo que segue:
a) Colégios reforçar H1N1 de rotina e SP mudar gripe higiene surto.
Está bastante claro que temos apenas um emaranhado de palavras. Não há 
qualquer sentido que se possa atribuir a este conjunto de palavras. Elas não constituem 
um texto, não é mesmo? Será preciso rearranjá-las para tentar atribuir-lhes alguma 
significação juntas. Talvez alguém com algum domínio das estruturas sintáticas de nossa 
língua diga: é preciso ordenar sintaticamente os elementos para que façam sentido. Uma 
frase em ordem direta é, normalmente, constituída de sujeito + verbo + complementos, 
ou seja, quem? O quê? Quando, como, onde? Será que isso é o suficiente para tornar 
esse conjunto um texto? Observemos:
b) Colégios de SP leva reforçar mudar rotina higiene surto da gripe H1N1.
Parece melhor agora? Não! Note que temos quem (Colégios de SP), verbo (leva/
reforçar/mudar), complementos (rotina higiene surto da gripe H1N1). No entanto, isso 
não foi suficiente para atribuir sentido a esse ato discursivo. Façamos mais uma tentativa:
3 REDAÇÃO
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c) Surto da Gripe H1N1 leva colégios de SP a mudar a rotina e reforçar a higiene.
Agora sim! Conseguimos entender a informação. Temos uma combinação de 
estruturas, organizadas de modo a atender a uma demanda comunicativa: informar os 
leitores de algo, nesse caso específico, do que as escolas estão fazendo para prevenir-
se da gripe H1N1. Essa organização com sentido é o que transforma um conjunto de 
estruturas linguísticas em texto. A isso chamamos textualidade. Portanto, é possível 
afirmar que textualidade é um conjunto de características que dão sentido ao que está 
escrito, tornando-o um texto. Nas palavras de Abreu (2008, p. 13, grifo nosso), “Um texto 
não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento 
semântico [de sentido, de significação] delas, criando, assim, uma trama semântica a 
que damos o nome de textualidade”.
A textualidade é constituída de sete fatores, ou seja, existem sete características 
que tornam “uma ocorrência linguística um todo significativo” (COSTA VAL, 2008, p. 4). 
Dois deles se referem diretamente ao texto: a coerência e a coesão. Os demais centram-se 
no enunciatário ou no extratexto: a situacionalidade, a aceitabilidade, a informatividade, 
a intencionalidade e a intertextualidade. Passaremos, a seguir, ao estudo de cada um 
desses fatores.
2.1.1 RELAÇÃO ENTRE COESÃO E COERÊNCIA
Quando nos deparamos com um texto, observamos dois aspectos: sua 
macroestrutura, ou seja, o seu todo; e suas microestruturas, isto é, as pequenas partes 
que o compõem. Assim, temos a coerência (macroestrutura) e a coesão (microestruturas). 
Ambas estão relacionadas e a utilização adequada de uma, influencia diretamente na 
outra. Entretanto, não necessariamente são indissociadas. Há textos coerentes, mas não 
coesos; bem como textos coesos, mas não coerentes.
Observe os textos a seguir:
Texto 1 – Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, 
espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, 
água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, 
meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, 
relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, 
prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e 
poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos 
4 REDAÇÃO
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de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, 
papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, 
relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis.
Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, 
fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, 
quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, 
pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. 
Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, 
cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, 
relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, 
papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, 
caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, 
pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro 
e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, 
calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
FONTE: RAMOS, Ricardo. Circuito Fechado. Disponível em: <http://portugues.uol.com.br/redacao/
textos-sem-coesao.html>. Acesso em: 2 abr. 2016.
Texto 2 – Poema de um louco
Era meia-noite e o sol brilhava no horizonte
Um negro careca penteava sua linda cabeleira loira com um pente sem dentes
Pertinho dali, a 100 mil milhas de distância
Enquanto um cego analfabeto lia um jornal
Sem letras, de ponta cabeça
Um surdo-mudo sentado em pé em uma pedra de madeira feita de barro dizia:
A vida é como uma canoa, que navegade cabeça pra baixo nas ondas de um 
poço sem água.
Enquanto isso, na sua direita ao lado esquerdo um jacaré voava nadando 
devagar em alta velocidade.
As vacas pulavam de galho em galho a procura de seus ninhos em rítmo de 
Yê-Yê-Yê
Os passarinhos pastavam o capim que nascia no asfalto.
No outro lado da cidade, em um bosque sem árvores, um elefante descansava
Aliviadamente apavorado, debaixo da sombra de uma couve sem folha
Os animais observavam, de olhos fechados, uma mulher gritando baixo em 
voz alta:
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Prefiro me matar, do que perder a vida!
FONTE: Disponível em: <http://visaocontraria.blogspot.com.br/2009/02/era-meia-noite-e-o-sol-
brilhava-no.html>. Acesso em: 2 abr. 2016.
Perceba que no texto 1 temos uma sequência de palavras a qual, numa leitura 
desatenta, poderia não ter significação. No entanto, uma leitura atenta mostra uma 
sequência de atos executados pelo narrador e revelados na utilização de substantivos. 
Ao lermos a ordenação de substantivos, vamos construindo a rotina do narrador do 
texto, da hora em que desperta até o momento de deitar-se. Embora não haja conectivos 
ligando as palavras, ou mesmo, frases interligadas, percebemos a construção de sentido 
do texto. Ele é um típico exemplo de texto coerente, porque apresenta sentido em sua 
macroestrutura, mas totalmente desprovido de coesão, porque não foram utilizados os 
elementos linguísticos que promovem a articulação das sentenças.
Já o texto 2 apresenta coesão. Há partículas que ligam as estruturas, que vão 
ajustando as microestruturas para a formação do todo. Porém, o texto tem seu sentido 
comprometido, uma vez que retrata situações totalmente absurdas como “cego 
analfabeto lendo jornais”, “negro careca penteava a cabeleira loira”, “vacas voavam”, 
“passarinhos pastavam”. O texto é coeso, mas desprovido de coerência.
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Vale ressaltar que nossos textos acadêmicos e profissionais, em virtude do 
contexto comunicativo em que se inserem, necessitam obrigatoriamente 
de coesão e coerência.
Embora seja possível, como vimos nos exemplos, produzir textos desprovidos de 
coesão ou de coerência, em virtude do efeito que se quer gerar com eles ou a finalidade, 
quando nos propomos a produzir textos escritos, principalmente nos meios profissionais 
e acadêmicos, devemos considerar esses dois fatores como essenciais para sua elaboração. 
Afinal, eles promovem a textualidade que, como vimos, é responsável pela atribuição 
de sentido ao texto. Vamos entender melhor como cada um deles contribui para a 
significação da escrita. Concentremo-nos primeiro na coerência.
2.1.2 COERÊNCIA
A coerência é extremamente importante para a textualidade. Segundo Koch e 
Travaglia (2008, p. 53-54):
6 REDAÇÃO
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[...] é a coerência que faz com que uma sequência linguística qualquer seja vista 
como um texto, porque é a coerência, através de vários fatores, que permite 
estabelecer relações (sintático-gramaticais, semânticas e pragmáticas) entre os 
elementos da sequência (morfemas, palavras, expressões, frases, parágrafos, 
capítulos etc.), permitindo construí-la e percebê-la, na recepção, como consti-
tuindo uma unidade significativa global. Portanto, é a coerência que dá textura 
ou textualidade à sequência linguística, entendendo-se por textura ou textua-
lidade aquilo que converte uma sequência linguística em texto.
Os autores afirmam que a coerência é um fator diretamente inter-relacionado 
com o enunciatário e o contexto, pois, segundo eles, um texto pode ser incoerente em 
uma determinada situação comunicativa e para alguns tipos de enunciatários, e ter total 
sentido em outras situações e para outros enunciatários.
Koch e Travaglia (2008) também destacam a importância dos elementos 
linguísticos do texto para a concretização da coerência. [...] São eles que permitem o 
estabelecimento de pistas as quais ajudam a ativar “conhecimentos armazenados na 
memória, constituindo-se em ponto de partida para a elaboração de inferências, ajudando 
a captar a orientação argumentativa dos enunciados que compõem o texto etc.” (KOCH; 
TRAVAGLIA, 2008, p. 71).
Ainda segundo os autores, o conhecimento de mundo que cada um de nós constrói 
ao longo de sua trajetória como sujeito social, é fundamental para o estabelecimento de 
coerência no texto. Quando um texto trata de assuntos que desconhecemos, não terá 
sentido, não será lógico (KOCH; TRAVAGLIA, 2008).
Observe:
Peroxissomos
Os peroxissomos são fisicamente parecidos com os lisossomos, mas diferentes 
em dois aspectos importantes. Primeiro, acredita-se que eles sejam formados por 
autorreplicação (ou talvez por “brotamento” do retículo endoplasmático liso) e 
não pelo complexo de Golgi. Em segundo lugar, eles contêm oxidases em vez de 
hidrolases. Diversas oxidases são capazes de combinar oxigênio com íons hidrogênio 
derivados de diferentes substâncias químicas intracelulares para formar o peróxido 
de hidrogênio (H2O2). O peróxido de hidrogênio é uma substância altamente 
oxidante e é usado em combinação com a catalase, outra oxidase presente em grandes 
quantidades nos peroxissomos, para oxidar muitas substâncias que poderiam de 
outra forma ser tóxicas para a célula.
FONTE: GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2006. p. 16.
7 REDAÇÃO
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Muitos de nós, pertencentes às mais diversificadas áreas do conhecimento, lerão 
o fragmento acima e não conseguirão entendê-lo. Como profissionais não pertencentes 
à medicina ou à área da saúde, não conseguiremos atribuir sentido ao texto e, portanto, 
ele não terá coerência. O texto do exemplo relaciona-se a conhecimentos que não 
temos e, em função disto, não conseguimos estabelecer as relações necessárias para 
sua significação. No entanto, o mesmo texto, lido por um médico ou alguém atuante 
na área da saúde, conseguirá acionar conhecimentos prévios que deem coerência a ele, 
dando-lhe significação. 
Retomemos o exemplo do texto de Ricardo Ramos, Circuito Fechado. Vimos que 
não possui elementos de coesão, porém quando o lemos atribuimos a ele significação. 
Isso ocorre porque aciona os conhecimentos de mundo e linguísticos que temos. Refere-
se a elementos do mundo que conhecemos com os quais lidamos diariamente e à língua 
que usamos.
Com o que vimos até agora podemos então inferir que para atribuir sentido ao 
texto, caracterizando-o como coerente, “é preciso que haja correspondência ao menos 
parcial entre os conhecimentos nele ativados e o nosso conhecimento de mundo, pois, 
caso contrário, não teremos condições de construir o universo textual, dentro do qual as 
palavras e expressões do texto ganham sentido” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 76-77, 
grifo dos autores). Ou seja, embora duas pessoas não consigam compartilhar o mesmo 
conhecimento de mundo, é necessário que haja uma sintonia de conhecimentos entre 
um e outro. Quanto menor for essa sintonia, maior será o esforço de explicitação que o 
enunciador terá que fazer em seu texto. Quanto maior for a sintonia, mais facilmente o 
enunciatário fará inferências e atribuirá significação ao texto. Fica evidente, dessa forma, 
que a coerência não está apenas no texto, ou no autor, ou no leitor, mas na inter-relação 
entre esses três elementos. 
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ORT
ANT
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“Inferência é a operação pela qual, utilizando seu conhecimento de mundo, 
o receptor (leitor/ouvinte) de um texto estabelece uma relação não explícita 
entre dois elementos (normalmente frases ou trechos) deste texto que ele 
busca compreender e interpretar, ou, então, entre segmentos de texto e os 
conhecimentos necessários para sua compreensão” (KOCH, TRAVAGLIA, 
2008, p. 79). Esse procedimentoserá um dos assuntos do capítulo 4 deste 
manual.
Ainda sobre a coerência, autores como Koch e Travaglia (2008) fazem uso dos 
estudos do francês Michel Charolles, publicados no livro "Introdução aos problemas 
de coerência textual". O autor estabelece quatro princípios fundamentais, responsáveis 
8 REDAÇÃO
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pela coerência textual, os quais denominou de metarregras. São elas:
a) Metarregra da repetição: todo texto deve retomar alguns elementos com o objetivo 
de manter o sentido. Não se trata de repetir ideias, porque, nesse caso, teríamos um 
problema de coerência, mas a reiteração de traços linguísticos que permitam manter 
o foco no assunto tratado. Veja o pequeno texto que construímos para ilustrar essa 
metarregra:
O líder(1) tem um papel muito importante no rendimento de seus 
colaboradores(2). Cabe a ele(1) mantê-los(2) motivados, mediar conflitos, passar 
feedback de erros e acertos e, ainda, fazer com que estejam(2) engajados com as 
necessidades da empresa. Este papel não é fácil e requer constante atualização de 
conhecimento por parte de quem ocupa um cargo de liderança(1).
Perceba que, no intuito de manter o sentido da informação, o elemento (1), líder, é 
retomado ao longo do texto, não de forma excessiva, mas para manter o foco. O mesmo 
acontece com o item (2), colaboradores.
b) Metarregra de progressão: um texto coerente não apenas reitera ou retoma elementos 
ou ideias, também avança na exposição do assunto, traz novas ideias, novas 
informações à medida que vai se desenvolvendo. O texto que ilustra a metarregra 
da repetição também serve de exemplo para a metarregra de progressão. Note que 
ele vai agregando informações, dando sequência ao assunto abordado. Diferente do 
que acontece no exemplo que formulamos a seguir:
A empresa indicou, em seus relatórios, um lucro anual de 20% do valor de sua 
renda bruta. Ela indica que houve um superávit este ano. Apresentou que os lucros 
foram altos, ou seja, a empresa cresceu financeiramente.
Aqui não há qualquer progressão de informação ou ideias. Todos os períodos 
que compõem o parágrafo dão a mesma informação, utilizando apenas vocabulários 
diferentes. É evidente como a coerência textual fica comprometida quando há este tipo 
de procedimento textual.
c) Metarregra da não contradição: uso de argumentos, ideias, dados, compatíveis entre 
si. Um texto coerente não pode afirmar A e, na sequência, negar A, ele deve respeitar 
princípios lógicos elementares.
9 REDAÇÃO
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Antônio não gosta de ler. Ele fica muito feliz quando alguém lhe dá um livro.
Perceba que há uma contradição entre a primeira e a segunda informação. 
Se Antônio não gosta de ler, não pode ficar feliz quando ganha um livro. As ideias 
são opostas, a segunda negando a primeira. O Poema de um louco, anteriormente 
mencionado, também é um exemplo de como a contradição compromete o sentido 
textual. “Era meia-noite e o sol brilhava” são opostos, quando há um não há outro.
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NÇÃ
O!
Vale lembrar que o poema, em virtude de sua natureza artística e o uso 
diferenciado da linguagem, permite que construções como a do “Poema 
de um louco” ocorram.
d) Metarregra da relação: “em um texto coerente, seu conteúdo deve estar adequado a 
um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis” (ABREU, 2008, p. 43). 
As informações contidas em um texto não podem ferir o senso de realidade que cada 
indivíduo constrói. Observe:
Referimo-nos àquele ano sangrento, 1793. Naqueles tempos conturbados, coube 
aos empregados domésticos franceses dar um exemplo sem igual de dedicação. Houve 
mesmo muitos que, em vez de trair seu amo, deixaram-se guilhotinar em lugar dele 
e que, quando voltaram dias mais felizes, silenciosa e respeitosamente, reassumiram 
seus empregos. 
FONTE: Le Figaro, Paris, fevereiro de 1890, em um artigo sobre a vida doméstica durante a 
Revolução Francesa. In: ABREU, Antonio Suarez. Curso de Redação. São Paulo: Ática, 
2008, p. 46.
Não há, dentro de nossa percepção de mundo, a possibilidade de que um 
empregado perca sua cabeça na guilhotina e depois retorne ao trabalho. Como se pode 
notar, existe uma quebra, uma ruptura na relação entre as informações “morrer” e 
“voltar ao trabalho”.
Além da coerência textual, já mencionamos que a coesão também desempenha 
um papel importante na construção textual. Por isso, o próximo item tratará de estudá-
la. Vamos a ele!
10 REDAÇÃO
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2.1.3 Coesão e seus mecanismos
Que tal um pequeno desafio para iniciar este tópico? Analise a seguinte estrutura:
Marina e Elisa são irmãs. Ela mora em Curitiba.
A informação é fácil de resgatar, ou seja, o sentido, embora não totalmente 
transparente pode ser recuperado: há duas mulheres relacionadas por um grau de 
parentesco (irmãs) e uma delas mora na cidade de Curitiba. A pergunta é: quem mora 
em Curitiba? Marina? Elisa? A quem o “ela” se refere? 
O desafio que lhe propomos é: modifique apenas a segunda oração, procurando 
deixar claro qual das duas mora em Curitiba. Regra: não pode repetir o nome. Vamos lá?
Uma primeira possibilidade seria utilizar os numerais:
Marina e Elisa são irmãs. A primeira (a segunda) mora em Curitiba. 
Nessa estrutura fica evidenciado que “a primeira” se liga diretamente ao referente 
“Marina”, primeiro nome a ser mencionado ou a aparecer no texto. Se a opção fosse 
“a segunda”, estaria claro que se vincula a “Elisa”, segundo nome a ser mencionado. 
Questão resolvida, não é? Lembre-se, essa foi apenas uma alternativa.
Poderíamos, também, fazer uso de pronomes demonstrativos:
Marina e Elisa são irmãs. Esta (aquela) mora em Curitiba.
Nesse caso, “esta” liga-se ao nome mais próximo, Elisa, e “aquela” faria referência 
ao nome mais distante, Marina.
E se mudássemos a regra? Se não pudéssemos mexer na segunda oração (Ela 
mora em Curitiba), apenas na primeira (Marina e Elisa são irmãs), como faríamos para 
estabelecer relações de sentido entre elas? Simples! Observe:
Marina/Elisa é irmã de Elisa/Marina. Ela mora em Curitiba.
Teríamos deixado o referente claro ao colocá-lo como sujeito da primeira oração. 
Assim, não restaria dúvidas de que o “ela” seria uma retomada do sujeito da primeira 
oração.
11 REDAÇÃO
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No pequeno desafio anterior, estivemos todo o tempo lidando com as estruturas 
linguístico-gramaticais de nosso idioma para tornar a informação contida em nosso texto 
clara para o enunciatário. Tudo isso para que seu esforço de significação seja adequado 
ao contexto comunicacional e à intenção do texto. Ao fazermos tal exercício, estamos 
lidando diretamente com a coesão textual.
Se a coerência diz respeito ao nível semântico do texto (significação, sentido, lógica), 
a coesão refere-se ao nível gramatical do texto, às estruturas gramaticais responsáveis 
por gerar ligações, amarrações que facilitem sua significação. Cabe a ela fornecer pistas 
que permitam reconstruir o contexto comunicacional e as intenções contidas no texto, 
possibilitando ao enunciatário fazer as devidas inferências e construções de sentido 
(estabelecer coerência).
Assim, “[...]devemos entender por coesão as diversas ligações que ocorrem na 
construção de um texto. Estas ligações podem se estabelecer no interior de frases ou 
de parágrafos ou, ainda, entre parágrafos de um texto[...]” (CASTRO et al., 2003, p. 17). 
Ou como afirma Koch (2007, p. 18), “[...]o conceito de coesão textual diz respeito a todos 
os processos de sequencialização que asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação 
linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual”.
Koch (2007) menciona que existem duas modalidades de coesão: referenciale 
sequencial. A primeira modalidade engloba todos os mecanismos coesivos que permitem 
fazer referenciações, retomadas de elementos já mencionados no texto. A segunda, abarca 
todos os elementos que permitem estabelecer relações de sentido entre as estruturas 
(frases, períodos, parágrafos) à medida que o texto progride, isto é, vai apontando a 
sequência que o texto toma.
2.1.3.1 Coesão referencial
A coesão referencial é, segundo Koch (2007, p. 31), “[...]aquela em que um 
componente da superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) nela presente(s) 
ou inferível(is) a partir do universo textual[...]”. Quando faz referência a elementos 
presentes na superfície do texto, temos o que a autora chamou de forma remissiva. 
Quando a referência ocorre por inferências, temos referente textual.
A coesão textual em sua forma remissiva pode ocorrer para trás (anáfora), 
relacionando-se com algum elemento já mencionado no texto, ou para frente (catáfora), 
relacionando-se a elementos que serão ainda mencionados no texto.
Observe:
12 REDAÇÃO
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Precisamos encontrar o vaso de tia Flora e colocá-lo no lugar antes que ela 
chegue.
O pronome “lo” de “colocá-lo” estabelece uma relação direta com a expressão 
“vaso”, ou seja, “lo” se refere diretamente ao vaso. O termo já foi mencionado, portanto, 
“lo” faz uma retomada do referente. O mesmo ocorre com “ela”, referindo-se à tia Flora, 
também já mencionada no texto. Os dois casos são exemplos de uma coesão referencial 
em que sua forma remissa ocorre para trás, ou seja, temos a ocorrência de anáfora.
Agora, veja:
Pense nisto: nenhum ser humano é uma ilha.
O pronome “nisto” faz referência a algo que será apresentado logo após (nenhum 
ser humano é uma ilha), isto é, essa coesão referencial em sua forma remissiva ocorre 
para frente, ou seja, temos a ocorrência de uma catáfora.
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Lembre-se de que as nomenclaturas, os termos técnicos são apresentados 
para que você receba a informação mais completa e possa construir 
conhecimentos mais sólidos e científicos sobre o tema. Entretanto, nosso 
objetivo, mais do que apresentar os termos técnicos é que você entenda como 
funcionam e possa aplicá-los em seu texto, tornando-o mais consistente e 
adequado às diversas situações comunicativas as quais pertença.
As formas remissivas, sejam anáforas ou catáforas, podem ser gramaticais 
ou lexicais. No caso das formas remissivas lexicais, segundo Koch (2007), além 
de estabelecerem as referências dentro do texto, fornecem pistas de informações 
extratextuais.
Observe:
Mariana não sabia da surpresa que seus amigos haviam preparado. Quando 
chegou ao ginásio, a adolescente quase desmaiou ao ver reunidos em um mesmo 
lugar todos aqueles a quem amava.
Note que “adolescente” ao mesmo tempo em que faz referência a “Mariana”, 
também fornece uma informação que está além do texto, fora dele. A personagem em 
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questão é uma adolescente. Temos aí um exemplo de forma remissiva lexical.
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Considerando a finalidade deste curso e seu público, trataremos de abordar 
com mais ênfase as formas remissivas gramaticais.
Já as formas remissivas gramaticais podem ser presas ou livres. As formas 
gramaticais presas são aquelas que acompanham um nome concordando com ele em 
gênero e/ou número. Fazem parte desse grupo os artigos, definidos e indefinidos, os 
pronomes adjetivos (demonstrativos, possesivos, indefinidos, interrogativos e relativos), 
os numerais (cardinais e ordinais) desde que estejam acompanhando um nome.
Para facilitar nossa compreensão, o quadro a seguir relembra cada um dos 
elementos mencionados.
QUADRO 2 – CLASSES GRAMATICAIS PERTENCENTES À COESÃO REFERENCIAL – FORMAS 
REMISSIVAS GRAMATICAIS PRESAS
Artigos Definidos: o, a, os, as
Indefinidos: um, uma, uns, umas
Pronomes adjetivos Demonstrativos: este, esta, estes, estas, esse, essa, esses, essas, 
aquele, aquela, aqueles, aquelas e suas contrações.
Possessivos: meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, tuas, 
seu, sua, seus, suas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso, vossa, 
vossos, vossas.
Indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, 
vários, tanto, qualquer.
Interrogativos: quem, quanto, quanta, quantos, quantas, que, 
qual, quais.
Relativos: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cuja, cujos, 
cujas, quanto, quanta, quantos, quantas, quem, que, onde.
Numerais Cardinais: um, uma, dois, duas, três, quatro etc.
Ordinais: primeiro, primeira, segundo, segunda, terceiro, 
terceira etc.
FONTE: A AUTORA (2016).
Note como ela funciona:
14 REDAÇÃO
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CONSUMO COMPULSIVO
1 Estou pensando seriamente em viajar semana que vem. Mas viajar para muito 
longe, provavelmente para alguma região da Amazônia, lá onde se pode ficar a 
cem quilômetros de qualquer outro ser humano senão da família.
2 Disse ontem exatamente isso ao Adamastor e ele me olhou muito espantado. Sei 
muito bem o sentido de seu olhar: ele acha que estou ficando louco. E ele tem razão. 
A vida entre seres humanos invasivos vem corrompendo meu juízo, que já não é 
lá essas coisas. Só por ser meu amigo ele não disse nada, mas exatamente por ser 
meu amigo entendi perfeitamente seu olhar.
3 Vivemos, sobretudo nos centros urbanos, mesmo os mais suburbanos, a falta de 
respeito que tem caracterizado nossa época. Qualquer um chega e vai entrando em 
sua casa, sem pedir licença, sem perguntar se você, o eventual ocupante daquele 
espaço, está a fim ou não de consumir o que ele vai impingindo, queira-se ou não. 
4 De tapetes feitos à mão, loção contra queda de cabelos, doce de melancia até palpites 
sobre a situação política brasileira na atualidade, previsões sobre os rumos da 
economia, de tudo que se possa imaginar tem sempre alguém querendo vender.
5 Mas o pior dos consumos é ainda aquele que polui sonoramente nosso ar. 
6 Nos fundos de minha casa existe uma “chácara”, eufemismo local para boate sem 
alvará de funcionamento. (A polícia, a prefeitura, todas as autoridades sabem que 
é um funcionamento ilegal, mas eis que o eleitorado gosta). Ela me despeja por 
cima todo tipo boçal de música e com tal volume que não consigo mais trabalhar. 
A noite toda e a qualquer dia da semana.
7 De casamento, aniversário, baile funk, de tudo acontece naquele espaço e a qualquer 
dia da semana e a qualquer hora do dia. Não muito longe uma igreja de crentes 
e outra católica disputam enfurecidas minha preferência. Cânticos e falas, gritos, 
lágrimas e ranger de dentes. Ouço tudo da salinha onde gostaria de trabalhar.
8 Tenho vizinhos que fazem festas, aqui se leia churrasco noturno regado a cerveja, 
palavrões e gargalhadas, bem debaixo de meu quarto, e não param antes daquela 
barra amarela no horizonte anunciando o nascimento do sol.
9 A minha rua é muito curta, uma rua com dez casas, que tenta organizar-se em 
orquestra de latidos. São doze cães a menos de cinquenta metros de onde costumo 
passar meus dias. Às vezes tento abrir uma janela.
10 Só não digo que estou ficando neurótico porque tenho lido um pouquinho de 
Freud e sei que o problema fica a alguns furos acima.
11 Se não encontrar lugar habitável no meio do mato, só me resta construir uma casa 
à prova de som. Meu problema é o dinheiro curto.
FONTE: BRAFF, Menalton. Consumo compulsivo. Carta Capital. 8 abr. 2016. Disponível em: 
<http://www.cartacapital.com.br/cultura/consumo-compulsivo>. Acesso em: 8 abr. 2016.
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No parágrafo 2, “o” em “o sentido” é uma forma remissiva gramatical presa 
porque está sempre vinculado a um substantivo, neste caso, “sentido”. A mesma 
situação ocorrenas expressões “meu juízo”, “meu amigo”, do recorrente parágrafo. 
“Meu” liga-se diretamente a “juízo” e “amigo”, constituindo-se também em uma forma 
de coesão remissa gramatical presa. Todos os elementos destacados em negrito no texto 
são exemplos dessa forma.
As formas remissivas gramaticais livres são aquelas que não acompanham um 
nome, mas “[...]podem ser utilizadas para fazer remissão, anafórica ou cataforicamente, 
a um ou mais constituintes do universo textual” (KOCH, 2007, p. 38). Atuariam 
nesta modalidade os pronomes pessoais de 3ª pessoa, os pronomes substantivos 
(demonstrativos, possesivos, relativos, indefinidos, interrogativos), os numerais 
(ordinais, cardinais, fracionais, multiplicativos), os advérbios pronominais e a elipse 
(supressão do termo, ficando subentendido).
Também para facilitar nossa compreensão, trazemos no quadro que segue, as 
classes gramaticais.
QUADRO 3 – CLASSES GRAMATICAIS PERTENCENTES À COESÃO REFERENCIAL – FORMAS 
REMISSIVAS GRAMATICAIS LIVRES
Pronomes adjetivos
Demonstrativos: este, esta, estes, estas, esse, essa, esses, essas, aquele, 
aquela, aqueles, aquelas e suas contrações.
Possessivos: meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, tuas, seu, sua, 
seus, suas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso, vossa, vossos, vossas.
Indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, 
vários, tanto, qualquer.
Interrogativos: quem, quanto, quanta, quantos, quantas, que, qual, 
quais.
Relativos: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, 
quanto, quanta, quantos, quantas, quem, que, onde.
Numerais
Ordinais: um, uma, dois, duas, três, quatro etc.
Cardinais: primeiro, primeira, segundo, segunda etc.
Multiplicativos: dobro, triplo, quádruplo etc.
Fracionários: meio, terço, quarto etc.
Pronomes pessoais da 3ª pessoa
Caso reto: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas.
Caso oblíquo: me, te, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes, me, comigo, te, 
contigo, convosco, conosco, consigo.
Advérbios pronominais Aqui, alí, lá, cá, acolá etc.
FONTE: A autora (2016).
Voltemos ao texto “Consumo compulsivo”. No primeiro parágrafo temos um 
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exemplo de forma remissiva gramatical livre. O advérbio “lá” refere-se à “região 
Amazônica”, expressão mencionada anteriormente e retomada pelo advérbio. Ele não 
é dependente da expressão, como ocorre nos casos de formas remissas gramaticais 
presas, mas a reitera. No parágrafo 2, “ele” faz referência a “Adamastor”, novamente 
constituindo-se em uma forma remissa gramatical livre de coesão. O mesmo se pode 
verificar em todas as expressões sublinhadas no texto.
2.1.3.2 Coesão sequencial
Como vimos, temos uma coesão referencial, cujo papel é retomar informações, 
fazer referência a elementos já dados ou a ser dados no texto. E, também, temos uma 
coesão sequencial, responsável por estabelecer a direção do texto.
A coesão sequencial diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos 
quais se estabelecem, entre segmentos do texto (enunciados, partes de enuncia-
dos, parágrafos, e sequências textuais), diversos tipos de relações semânticas 
e/ou pragmáticas, à medida que se faz o texto progredir (KOCH, 2007, p. 53).
A coesão sequencial pode ocorrer pelo uso de recorrências, repetições, sem 
excessos, de termos, de estruturas, de conteúdos etc.
Observe o exemplo:
O verbo é elemento de suma importância em uma oração. Sem ele não existe 
significação nesse tipo de construção. Assim, o verbo precisa ser estudado para que 
possa ser utilizado adequadamente nas orações, construindo-as com sentido.
É possível verificar que a repetição da palavra “verbo” possibilitou a conexão 
entre as informações do texto, dando-lhe sentido.
Também pode ocorrer a coesão sequencial pelo encadeamento dos enunciados, 
as marcas linguísticas que estabelecem relações entre os enunciados do texto. As 
preposições, conjunções e algumas expressões ajudam nesse processo de encadeamento.
Para ajudar nossa compreensão, reproduzimos o quadro apresentado por Antunes 
(2010):
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QUADRO 4 – CONECTORES ARGUMENTATIVOS E MARCADORES TEXTUAIS
Expressões conectivas: do tipo argumentativo ou do tipo marcadores/
organizadores textuais
Valores semânticos
Em primeiro lugar, primeiramente, notadamente, mormente, antes de 
mais nada, antes de tudo, acima de tudo, em particular, principalmente, 
sobretudo, primordialmente, prioritariamente.
Prioridade ou relevância
Em cima, acima, abaixo, adiante, na base, mais acima, em um segundo 
nível.
Distribuição espacial
Assim, desse modo, dessa forma, dessa maneira, isto é, quer dizer, a 
saber, por exemplo, pois, que.
Confirmação, i lustração, 
justificação
E, ainda, assim como, aliás, além disso, além do mais, além de tudo, 
não só (...) mas também, não apenas (...) mas ainda, enfim, nem (para 
adição de segmentos negativos ou privativos).
Acréscimo de um dado novo, 
de um argumento, adição, 
enumeração de itens.
Quanto a, em relação a, no que concerne a, a propósito.
Abertura ou mudança de 
tópico
Ou. Alternância ou disjunção
Isto é, ou seja, quer dizer, por exemplo. Exemplificação
Ou, ou melhor, ou antes, dito de outro modo, em outras palavras, mais 
precisamente.
Reformulação, precisão, 
correção ou retificação do que 
foi dito antes
De fato, na verdade, na realidade, com efeito, efetivamente, afinal, 
com certeza.
Confirmação, admissão
Mas, porém, contudo, no entanto, entretanto, por outro lado, em 
compensação, enquanto que, ao passo que.
Oposição, constraste, restrição
Mesmo, até, até mesmo, no máximo (situam no topo da escala).
Ao menos, pelo menos, no mínimo (situam no plano mais baixo da 
escala).
Gradação
Porque, como, pois, porquanto, por causa de, em virtude de, uma vez 
que, já que, em vista de, dado que, desde que, visto que, visto como.
Causalidade
De modo que, de maneira que, de sorte que, de forma que, a tal ponto 
que, por conseguinte, por isso, consequentemente, em consequência 
disso, daí, em decorrência disso, com isso, tanto (assim) que (é possível 
um cruzamento semântico entre as relações de consequência, de causa 
e de conclusão).
Consequência
A fim de que, para que, com o propósito de, com a pretensão de, com 
a intenção de, com o objetivo de, com a finalidade de, com o intuito de.
Finalidade
Embora, conquanto, ainda que, apesar de que, ainda assim, mesmo 
que, a despeito de, não obstante, malgrado, em que pese, se bem que, 
por mais que, por muito que
concessão
FONTE: Antunes (2010, p. 138-139).
Observe como este tipo de coesão se processa no texto:
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Cientistas criaram, em laboratório, um dos elementos essenciais para a vida
A criação de um tipo de açúcar ajuda a explicar como essas moléculas teriam se formado 
em cometas e chegado à Terra
Quando a sonda Philae, levada pela nave Rosetta, aterissou no cometa 67P/
Churyumov–Gerasimenko, em novembro de 2014, cientistas por toda a Terra 
prenderam a respiração por alguns instantes. A aproximação foi violenta – por causa da 
gravidade baixa do cometa, Philae quicou por duas horas antes de parar, inclinada, em 
uma região sombreada. A sonda estava inteira e funcionava. Mas, sem acesso à radiação 
solar, logo ia desligar. O pouso de Philae fora o resultado de 20 anos de trabalho de 
cientistas do mundo todo – inclusive do Brasil – coordenado pela Agência Espacial 
Europeia. Tanto esforço era justificado – Roseta e Philae perseguiram o cometa 67P/
Churyumov–Gerasimenko pelo sistema Solar porque aquele corpo de gelo e poeira 
podia conter pistas sobre como a vida surgira na Terra. Antes de desligar, Philaeconseguiu “cheirar” a superfície do cometa. Descobriu que ele reunia um conjunto 
de 16 compostos orgânicos essenciais para a vida. Agora, passado mais de um ano, 
cientistas franceses conseguiram simular, em laboratório, o processo de formação de 
alguns desses elementos. Os resultados desse trabalho foram publicados na edição 
da revista Science desta sexta-feira (8). [...]
FONTE: CISCATI, Rafael. Cientistas criaram, em laboratório, um dos elementos essenciais 
para a vida. Revista Época. 8 abr. 2016. Disponível em: <http://epoca.globo.com/vida/
noticia/2016/04/cientistas-criaram-em-laboratorio-um-dos-elementos-essenciais-para-vida.
html>. Acesso em: 8 abr. 2016.
Destacamos no texto anterior elementos que estabelecem uma relação de 
sequência, que nos permitem antever a direção que o texto tomará. Ao lermos “Quando”, 
primeira palavra do texto, já sabemos que estamos diante de informações temporais 
e elas nos são apresentadas na sequência da palavra. No período “Tanto esforço era 
justificado – Roseta e Philae perseguiram o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko pelo 
sistema Solar porque aquele corpo de gelo e poeira podia conter pistas sobre como a 
vida surgira na Terra”, a palavra “porque” antecipa a perspectiva de uma explicação 
para o “esforço”. Igualmente, a palavra “e” permite antecipar a ideia de uma adição à 
informação já dada, nesse caso “corpo de gelo”. Esses e outros elementos destacados 
não retomam estruturas já mencionadas, mas apontam as direções que o texto tomará. 
Esse processo é o que chamamos de coesão sequencial por encadeamento.
Perceba, então, que para um bom desempenho na produção de textos escritos, 
especificamente nos ambientes acadêmicos e profissionais, é de suma importância fazer 
o uso adequado da coerência e da coesão, os dois fatores de textualidade que se aplicam 
diretamente ao texto. Há, ainda, outros cinco fatores que se referem ao extratexto, às 
questões que promovem a concretização do texto. É o que veremos a seguir.
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2.2 FATORES DE TEXTUALIDADE EXTRATEXTUAIS
Como vimos, a coesão e a coerência são fatores de textualidade. No entanto, como 
eles têm vínculo direto com o texto, tratamos de estudá-los em uma seção diferente. 
Além deles, existem outros cinco fatores, igualmente importantes e que precisam ser 
considerados durante o processo de elaboração textual. São eles: intencionalidade, 
aceitabilidade, situacionalidade, informatividade, intertextualidade. Passaremos a 
estudar cada um deles a partir de agora.
2.2.1 INTENCIONALIDADE
Na primeira Unidade deste Caderno, na qual discutimos questões relativas ao 
conceito de texto, discurso e as características do texto escrito, mencionamos que os 
textos são produzidos com uma finalidade. Sempre que produzimos um texto queremos 
alcançar algo com ele: opinar, argumentar, afirmar, perguntar, reclamar, elogiar, 
comparar, resumir, relatar etc. Portanto, é correto afirmar que todo texto traz consigo 
uma intenção.
A intencionalidade, desse modo, “[...]refere-se ao modo como os emissores usam 
textos para perseguir e realizar suas intenções, produzindo, para tanto, textos adequados 
à obtenção dos efeitos desejados.” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 97). Para atingir os 
objetivos propostos, o enunciador fará uso de outros fatores de textualidade e escolherá 
o gênero discursivo que melhor se enquadre a sua proposta. 
Quando, em nosso meio acadêmico, queremos apresentar as principais ideias 
contidas em uma determinada obra e tecer uma análise sobre ela, escolheremos a resenha 
como gênero discursivo porque é essa estrutura textual que melhor se encaixa ao nosso 
objetivo. Se fizermos apenas um relato das ideias principais da obra, sem a análise não 
teremos uma resenha e sim um resumo. Em contrapartida, se somente analisarmos, sem 
estabelecermos as ideias centrais da obra, estaremos produzindo um artigo de opinião, 
um relato de leitura, mas não uma resenha.
Que tal um pequeno exemplo de fragmento de resumo e de resenha para ilustrar 
o que foi dito?
2.2.2 ACEITABILIDADE
A aceitabilidade é entendida como a contrapartida da intencionalidade. Se o 
enunciador tem um objetivo, uma intenção quando produz o texto, o leitor também tem 
uma “intenção” quando se depara com ele. Na verdade, o enunciatário cria expectativas 
em relação ao que lerá, normalmente esperando que o texto seja coerente, coeso, útil, 
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relevante etc.
Espera-se um princípio de cooperação entre escritor/leitor, enunciador/
enunciatário, porque “quando duas pessoas interagem por meio da linguagem, elas 
se esforçam para fazer-se compreender e procuram calcular o sentido do texto do(s) 
interlocutor(es), partindo das pistas que ele contém e ativando seu conhecimento de 
mundo, da situação etc.” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 98). Dessa forma, mesmo que 
um texto possa, sob vários aspectos não apresentar coerência, ou não tenha claramente 
expressos os elementos de coesão, o enunciatário fará um esforço para recuperar o 
sentido, dando a interpretação que lhe pareça mais adequada, levando em consideração 
os demais fatores de textualidade.
2.2.3 SITUACIONALIDADE
Outro fator responsável por atribuir textualidade a um escrito e, portanto, 
torná-lo texto, é a situcionalidade. Esse elemento faz conexão direta com a situação 
comunicativa, pois:
[...] refere-se ao conjunto de fatores que tornam o texto relevante para uma 
situação comunicativa em curso ou passível de ser reconstruída. Trata-se, neste 
caso, de determinar em que medida a situação comunicativa, tanto o contexto 
imediato da situação, como o entorno sócio-político-cultural em que a inte-
ração está inserida, interfere na produção e recepção do texto, determinando 
escolhas, por exemplo, em termos de grau de formalidade, regras de polidez, 
variedade linguística a ser empregada, tratamento a ser dado ao tema etc. 
(KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 76).
Atua em duas direções: da situação para o texto e do texto para a situação. No 
primeiro caso, da situação para o texto, percebemos que em determinada medida, maior 
ou menor grau, a situação comunicativa interfere na produção e na recepção do texto. 
Aqui a situação comunicativa tanto se refere ao momento da produção/recepção do 
texto, ou seja, a situação comunicativa em si, geradora do escrito; quanto pode indicar 
o contexto social, econômico, político, ideológico etc. É a situação comunicativa que 
leva o produtor a fazer escolhas, tais como: o gênero discursivo adequado para sua 
intenção, a linguagem adequada ao público a que se destina o texto, a forma como 
abordará o tema etc.
Na segunda perspectiva, do texto para a situação, sabemos que o mundo refletido 
no texto não é o mundo real, mas um mundo visto, concebido pelo produtor do texto. 
Quando produz o texto, o enunciador recria o mundo de acordo com sua visão dele, suas 
ideias sobre ele, suas crenças, sua ideologia, sua formação histórico-cultural. Igualmente, 
para interpretar o texto, o enunciatário traz as suas visões de mundo para o texto lido, 
preenchendo as lacunas aí existentes e atribuindo-lhe sentido.
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2.2.4 INFORMATIVIDADE
Quando lemos um texto, criamos expectativas sobre ele. Uma delas é a de que ele 
nos traga informações novas, ao mesmo tempo em que reforce ou retome as informações 
que já são de nosso domínio. Assim, “outro fator que interfere na construção da coerência 
é a informatividade, que diz respeito ao grau de previsibilidade (ou expectabilidade) 
da informação contida no texto” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 87).
É a informatividade, portanto, que vai determinar a seleção e o arranjo das 
alternativas de distribuição da informação no texto, de modo que o receptor 
possa calcular-lheo sentido com maior ou menor facilidade, dependendo da 
intenção do produtor de construir um texto mais ou menos hermético, mais 
ou menos polissêmico, o que está, evidentemente, na dependência da situação 
comunicativa e do tipo de texto a ser produzido (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, 
p. 88).
Se um texto apresentar apenas informações que já dominamos, ele terá um grau 
de informatividade baixo. Caso apresente informações já esperadas e informações 
“novas” (que superem a expectativa) terá um grau maior de informatividade. Há, 
ainda, a possibilidade de que o texto traga somente informações “novas”. Nesse caso, 
a informatividade será muito alta e, embora gere a impressão de incompreensão em 
um primeiro momento, exigirá do enunciatário um esforço maior de decifração. Ao, 
por exemplo, lermos um tratado de medicina sem termos qualquer noção dessa área, 
não conseguiremos entender o que lemos. Haverá somente informações “novas” e 
não estabeleceremos as relações necessárias com nossos conhecimentos prévios para 
significar o texto.
2.2.5 INTERTEXTUALIDADE
Sempre que lemos um texto acionamos nossos conhecimentos prévios e neles 
estão os conhecimentos que construímos a partir de outros textos. A intertextualidade é 
o diálogo, implícito ou explícito de um texto com outros textos. Se você prestar atenção, 
este caderno está repleto de intertextualidade. Há uma variedade de citações, diretas e 
indiretas. Estamos trazendo para nosso texto o texto de outros enunciadores para que 
possamos dar maior significação a ele. Dito de outro modo, “todo texto faz remissão a 
outro(s) efetivamente já produzido(s) e que faz(em) parte da memória social dos leitores” 
(KOCH; ELIAS, 2009, p. 101).
Vamos começar mostrando um exemplo que aparece em praticamente todos os 
manuais que abordam a questão da intertextualidade.
22 REDAÇÃO
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Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar sozinho, à noite 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que disfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu'inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 FONTE: Gonçalves Dias, Primeiros cantos (1847). Disponível em: <http://www.horizonte.unam.mx/
brasil/gdias.html>. Acesso em: 3 abr. 2016.
Em algum momento de sua trajetória acadêmica, ou de leitor, você já se deparou 
com os versos acima. Eles são grandes representantes da literatura brasileira, conhecidos 
em vários países. Pois bem, veremos que os versos da Canção do Exílio, de Gonçalves 
Dias, já apareceram em muitos outros textos.
23 REDAÇÃO
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Hino Nacional Brasileiro
[...]
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos lindos campos têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida em teu seio mais amores.
[...]
O Hino Nacional faz um intertexto explícito com a Canção do Exílio, conforme 
destacamos. Ele se constrói trazendo para sua trama a produção de outro enunciador 
(Gonçalves Dias).
FIGURA 8 – VIDA DE PASSARINHO – CAULOS 
FONTE: Disponível em: <http://textosunisanta.blogspot.com.br/2012/04/intertextualidade-sustentavel.
html>. Acesso em: 3 abr. 2016.
24 REDAÇÃO
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Na tirinha, temos uma citação direta dos versos da Canção do Exílio. O passarinho 
tomou de empréstimo os versos da canção original para utilizá-los em sua produção, 
atribuindo-lhe a significação necessária ao propósito de seu texto. Tanto o Hino Nacional 
quanto a tirinha são textos, com finalidades e formas diferentes. No entanto, eles 
dialogam com a Canção do Exílio de Gonçalves Dias, fazendo uso dela em seus textos.
A intertextualidade se manifesta de várias formas no texto. Ela pode ocorrer por 
meio de citação, quando o texto anterior é transcrito, parcial ou integralmente, no novo 
texto. Normalmente as citações aparecem entre aspas ou recuadas, no caso de citações 
mais longas. Nesta unidade, há vários exemplos de citação. Veja outro:
FIGURA 9 – PUBLICIDADE DA CHEVROLET S10
FONTE: Disponível em: <http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/
intertextualidade.html>. Acesso em: 3 abr. 2016.
A oração “Do pó vieste e ao pó voltarás”, mencionada entre aspas no cartaz, é 
uma citação, esse fragmento foi retirado do Livro do Gênesis, na Bíblia. Fica evidente, 
no exemplo, a intertextualidade ocorreu sob a forma de citação.
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A intertextualidade explícita é a forma intertextual solicitada nos trabalhos 
acadêmicos. Neles é preciso fazer uso de citações (intertextos) diretas ou 
indiretas, indicando as respectivas fontes.
25 REDAÇÃO
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A intertextualidade também pode ocorrer sob a forma de paródia. A paródia 
tem por finalidade tomar o texto original e recriá-lo de modo a ironizar ou satirizar. 
Ao termos contato com a paródia, imediatamente, fazemos a ligação com o original.
FIGURA 10 – CAMPANHA PUBLICITÁRIA DA EMPRESA HORTIFRUTI
FONTE: Disponível em: <http://somosverdes.com.br/rede-hortifruti-cria-parodia-de-filmes-do-netflix-
e-o-resultado-e-fantastico/>. Acesso em: 3 abr. 2016.
Note que ao lermos Horta de Elite, automaticamente lembramos do título do 
filme Tropa de Elite. A Rede Hortifruti faz, portanto, uma paródia. Satiriza o título do 
filme, aproveitando para chamar a atenção para seus produtos. Além disso, reproduz 
a frase que marcou a personagem principal: “pede pra sair”.
Como usamos a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, como exemplo para 
entender melhor a ideia de intertextualidade, veja o fragmento de uma das inúmeras 
paródias que fizeram dela, esta é de autoria de Jô Soares.
Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem coqueiros
Da Ilha de Marajó
As aves, aqui, gorjeiam
Não fazem cocoricó.
FONTE: Disponível em: <http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/
intertextualidade.html>. Acesso em: 3 abr. 2016.
26 REDAÇÃO
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Conseguimos, ao ler a paródia, fazer a conexão com o original, verificando as 
relações entre os dois textos.
Outra forma de intertextualidade é a paráfrase. Recriar o texto original, mantendo 
as ideias, mas utilizando outras palavras. Diferentemente da paródia, a paráfrase não 
tem finalidade de ironizar ou satirizar. No meio acadêmico a paráfrase está muito 
associada às citações indiretas. Os resumos acadêmicos, por exemplo, são paráfrases 
dos textos originais.
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A intertextualidade implícita (paródias, paráfrases etc.) são comuns em 
crônicas, editoriais, artigos de opinião, entre outros gêneros textuais.
Como vimos ao longo deste capítulo, é fundamental conhecer as propriedades que 
tornam um conjunto de expressões um texto. Ao tomar consciência delas conseguimos 
elaborar produções escritas mais adequadas às situações comunicativas e atribuir-lhes 
as devidas significações, contribuindo para a melhor comunicação e interação social. 
Para avançarmos em nossos estudos, o próximo capítulo abordará a questão dos 
gêneros discursivos e dos níveis de linguagem. Sigamos em frente!
RESUMINDO
Neste capítulo vimos que:
 Textualidade é a condição que transforma um conjunto de palavras em texto.
 Essa condição é constituída por fatores, conhecidoscomo fatores de textualidade. São 
eles:
 o Coerência: construção de sentido do texto.
 o Faz uso de metarregras:
 Repetição: reiteração de elementos no intuito de manter a sequência, 
o foco.
	Progressão: avanços das informações no texto.
	Não contradição: que não haja ideias que se contradigam ao longo 
do texto.
	Relação: que não haja informações que gerem uma ruptura de 
sentido no texto.
  Coesão: ligações por meio de estruturas linguísticas que ocorre no interior do texto.
  Há duas modalidades de coesão:
	Referencial: retoma elementos do texto.
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	Sequencial: aponta para as direções que o texto toma em termos de 
sentido.
  Intencionalidade: propósito do texto.
  Aceitabilidade: esforço de atribuição de sentido ao texto.
  Situacionalidade: pistas no texto da situação comunicativa que o gerou.
  Informatividade: grau de “novidade” no texto.
  Intertextualidade: relação do texto com outros textos.
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1 Observe a tirinha do Calvin que segue e, na sequência, analise as 
afirmações sobre ela:
FONTE: Disponível em: <http://www.satirinhas.com/2014/03/de-onde-
vem-os-bebes-2/>. Acesso em: 8 abr. 2016.
I. O pronome demonstrativo “isso” é uma forma remissa gramatical livre, 
tipo de coesão referencial que retoma a ideia já apresentada no primeiro 
quadrinho “de onde vêm os bebes”.
II. “Sua”, no quadrinho 3, é coesão referencial que ocorre com uma forma 
remissiva gramatical presa porque tem uma relação de dependência 
com a palavras “camisa”.
III. A tirinha não é provida de coesão porque se constitui de imagens e 
diálogos.
IV. A coerência fica comprometida nesta tirinha porque a pergunta realizada 
por Calvin no primeiro quadrinho não é respondida.
Estão CORRETAS:
a) ( ) I e III.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e IV.
d) ( ) III e IV.
e) ( ) I e II.
2 Analise o material retirado de uma conversa no WhatsApp e, na sequência, 
assinale a alternativa CORRETA:
Vc tbem tc com o K? Eh TDB. OMG. Kkkkkk.
a) ( ) O escrito não pode ser considerado um texto, visto que não cumpre 
sua função comunicativa.
b) ( ) Por ter palavras abreviadas em excesso contraria totalmente as regras 
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da gramática, logo não é um texto.
c) ( ) Esse tipo de escrita é valorizado em qualquer meio de comunicação 
formal.
d) ( ) Mesmo tratando-se de linguagem abreviada, cumpre sua função 
comunicativa no contexto em que foi gerado, portanto, é texto.
e) ( ) Como não há coesão e coerência, o escrito não pode ser considerado 
como um texto.
3 A coesão textual pode ser entendida como a “amarração” entre as várias 
partes do texto, ou seja, a relação que se estabelece entre as partes com 
o intuito de que o todo ganhe sentido. Leia o pequeno texto que segue:
PELES DE SAPOS
Em 1970 e 1971, houve, no Nordeste brasileiro, uma enorme procura 
por sapos, que eram caçados para que suas peles fossem exportadas para 
os Estados Unidos. Lá elas eram usadas para fazer bolsas, cintos e sapatos. 
Isso levou a uma drástica diminuição da população de sapos nessa região. 
[...] (Ruth de Gouvêa Duarte)
Em relação aos mecanismos de coesão empregados no texto, pode-
se afirmar que:
I. “suas” se refere a “sapos”.
II. “Lá” se refere a “Estados Unidos”.
III. “elas” se refere a “peles”.
IV. “Isso” se refere a “fazer bolsas, cintos e sapatos”.
Estão CORRETAS:
a) ( ) Apenas as afirmativas II e III.
b) ( ) Apenas as afirmativas I e II.
c) ( ) Apenas as afirmativas II e IV.
d) ( ) Apenas as afirmativas III e IV.
e) ( ) As afirmativas I, II, III e IV.
4 Analise as afirmações que seguem, indicando se são verdadeiras ou falsas:
( ) A coesão se refere às estruturas linguísticas utilizadas para fazer as 
ligações internas no texto.
( ) A coesão referencial é responsável por apontar a direção de sentido 
que o texto tomará.
( ) A coesão gramatical de forma remissiva livre é aquela em que o termo 
está diretamente vinculado ao nome, dependendo dele.
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( ) Coesão e coerência são fatores de textualidade que se referem 
diretamente à estruturação do texto.
A sequência CORRETA é:
a) ( ) V, F, F, V.
b) ( ) V, V, F, F.
c) ( ) F, V, F, V.
d) ( ) F, V, V, F.
e) ( ) V, F, V, F.
5 Analise as duas imagens que seguem:
FONTE: Disponível em: <http://diariodeumadiretora.blogspot.com.
br/2012/07/parodia.html>. Acesso em: 8 abr. 2016.
Analise, agora, as afirmações que seguem:
I. O quadro “Mônica Lisa” não pode ser considerado como intertexto 
do quadro “Mona Lisa” porque se trata de uma imagem.
II. “Mônica Lisa” constitui-se em um texto não verbal (sem palavras) 
que faz um intertexto com “Mona Lisa”.
III. “Mônica Lisa” constitui-se um intertexto sob a forma de paródia, 
pois recria de maneira bem-humorada o quadro original.
IV. “Mona Lisa” e “Mônica Lisa” não podem ser entendidas como 
texto porque não apresentam os fatores de textualidade.
Estão CORRETAS:
a) ( ) I e II.
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b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) II e IV.
e) ( ) III e IV.
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GABARITO DAS AUTOATIVIDADES
1 E
2 D
3 E
4 A
5 B
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REFERÊNCIAS
ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2008.
ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola, 
2010. (Série estratégias de ensino, 21).
CASTRO, Adriane Belluci Belório de et al. Os degraus da produção textual. Bauru, SP: 
EDUSC, 2003.
COSTA VAL, Maria da Graça. Texto, textualidade e textualização. In: FERRARO, Maria 
Luiza et al. (Org.). Experiência e prática de redação. Florianópolis: EDUFSC, 2008. p. 
63-86.
KOCH, Ingedore. A coesão textual. 21. ed. São Paulo: Contexto, 2007.
KOCH, Ingedore; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 
São Paulo: Contexto, 2009. 
KOCH, Ingedore; TRAVAGLIA, Luiz C. A coerência textual. 17. ed. São Paulo: Contexto, 
2008.
SANTOS, Gerson Tenório dos. Texto e textualidade. São Paulo: Unicastelo, 2010.
TAFNER, Elisabeth Penzlien. Redação na vida acadêmica e profissional. Blumenau: 
Nova Letra, 2009. (Coleção Estudos Independentes).
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