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Prof. Dra Ana Luiza Ferreira Donatti Curso de Fisioterapia Disciplina: FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR - SDE0098 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA DOENÇA CARDIOVASCULAR Introdução Introdução Estuda quantitativamente a distribuição dos fenômenos de saúde/doença, e seus fatores condicionantes e determinantes, nas populações humanas. 1. Epidemiologia Através da observação clínica, foi possível começar a conhecer os determinantes dos fatores de risco de muitas patologias crônicos degenerativas, como a cardiopatia isquêmica. Com o surgimento de trabalhos de observação clínicas, randomizados e com grande número de amostragem, foi possível determinar com mais segurança alguns fatores de risco. Enfoque epidemiológico é a prevenção Introdução Tipos de Prevenção: 1. Epidemiologia Prevenção Primária Visa evitar ou remover fatores de risco ou causais antes que se desenvolva o mecanismo patológico que levará á doença. Prevenção Secundária Corresponde á detecção precoce de problemas de saúde em indivíduos presumivelmente doentes, mas assintomáticos. Prevenção Terciária É agir em uma população já portadora de uma doença e com manifestação da doença. Introdução 1. Epidemiologia Introdução 1. Epidemiologia Exemplo na Cardiologia (Cardiopatia Isquêmica) Prevenção Primária – é cuidar e corrigir os fatores de risco em uma população não portadora de cardiopatia isquêmica; Prevenção Secundária – diagnosticar e tratar precocemente uma população que até então ignorava que era portadora de cardiopatia isquêmica. Por exemplo: uma população que, ao fazer um ECG, mostra alterações isquêmicas, sem nunca haver tido qualquer queixa antecedente ou evento cardiológico; Prevenção Terciária – identificar os coronarianos por meio de suas queixas, de exames ou pelo aparecimento de complicações, tratá-los para evitar novas complicações e de estabilizar o quadro isquêmico – tentar conseguir regressão do processo aterosclerótico. Introdução 1. Epidemiologia Exemplo na Cardiologia (Cardiopatia Isquêmica) Aterosclerose coronariana Introdução 1. Epidemiologia Exemplo na Cardiologia (Cardiopatia Isquêmica) Introdução 2. Fatores de Risco Os fatores de risco podem ser agrupados em 3 classes: Grau I – Quando estes fatores estão presentes, aceleram o aparecimento de eventos cardíacos e, ao mesmo tempo, quando combatidos, diminuem os eventos cardíacos. Grau II – Possui agravantes menores que os de grau I, ou seja modificáveis menores. Grau III – São modificáveis menores, que quando presentes, provavelmente irão acelerar o aparecimento de eventos e, quando combatidos, diminuem os eventos cardíacos. Grau IV – não modificáveis. É qualquer situação que aumente a probabilidade de ocorrência de uma doença ou agravo à saúde Introdução 2. Fatores de Risco Fatores de Risco Intervenções que abaixam o risco de DCV Intervenções que abaixam o risco de DCV Intervenções que abaixam o risco de DCV Intervenções que abaixam o risco de DCV I II III IV Modificáveis Maiores Fumo Dislipidemia Hipertensão Modificáveis menores Diabete melito Sedentarismo Obesidade Fatores Psicológicos Álcool Não modificáveis Idade Sexo Antecedentes Familiares Introdução 3. Magnitude dos fatores de risco Magnitude de fatores de risco no Brasil Hiperlipemia 42% Tabagismo 35% Hipertensão 15% Obesidade 32% Diabete melito 7,6% Ministérios da Saúde Dislipidemia Fatores de Risco Coronariano 1. Dislipidemias: Os lipídios desempenham um importante papel metabólico em nosso organismo tendo como funções principais a formação e a manutenção das membranas celulares, a síntese de hormônios esteróides e da vitamina D, armazenamento e/ou liberação de energia, além de possibilitar a solubilidade dos ésteres de colesterol e de triglicerídeos no interior das lipoproteínas. Os principais lipídios para o ser humano são os ácidos graxos, o colesterol, os triglicerídeos e os fosfolipídeos. Os lipídios são transportados no plasma pelas lipoproteínas que são compostos principalmente de: -LDL (aterogênicas - Formação de lesões ateromatosas ou de ateromas nas paredes arteriais.); -HDL (efeito cardiprotetor). Fatores de Risco Coronariano 1. Dislipidemias: Fatores de Risco Coronariano 1. Dislipidemias: Nas dislipidemias, os níveis circulantes de lipídios ou das frações lipoproteicas estão anormais devido a fatores como genéticos, e/ou ambientais que alteram a produção, o catabolismo ou a depuração plasmática das lipoproteínas na circulação As dislipidemias podem ser classificadas de acordo com os níveis elevados de lipoproteínas no plasma. Fatores de Risco Coronariano 1. Dislipidemias: As dislipidemias podem ser primárias, secundárias a doenças ou ao uso de fármacos. As doenças mais comumente envolvidas são: hipotireoidismo, insuficiência renal crônica, diabete melito, obesidade, alcoolismo. Os medicamentos que mais frequentemente alteravam o metabolismo lipídicos são: diuréticos, anticoncepcionais, corticosteroides e anabolizantes. Na gestação, habitualmente ocorre elevação dos níveis de colesterol e de triglicerídeos. Fatores de Risco Coronariano 1. Dislipidemias: Manifestações Clínicas - As alterações no perfil lipídico com consequente promoção do processo aterosclerótico levam ao surgimento de manifestações clínicas da doença, dependendo do órgão atingido. Arteriosclerose, angina pectoris, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência vascular periférica, entre outros. No entanto, muitos casos de dislipidemias são assintomáticas e suas consequências também são sérias. Por esses motivos, pacientes que estão dentro da classificação da Associação Médica Brasileira devem se precaver e realizar exames de rotina. Fatores de Risco Coronariano 1. Dislipidemias: Manifestações das hipertrigliceridemias primárias. A e B: Xantomas eruptivos. C: Plasma lipêmico. D: Lipenia retinalis. E: Xantoma tuberoso. F: Xantoma palmar. Manifestações da hipercolesterolemia familiar. A: Xantelasma e arco corneal. B: Xantomas tendíneos. Fatores de Risco Coronariano 2. Dislipidemias e Aterosclerose Aterosclerose - Este é um processo multifatorial ainda não completamente conhecido, com mecanismos de resposta à injúria, atividade imunoinflamatória, lipogênica e até infecciosa. As conseqüências da aterosclerose são a obstrução de artérias coronárias epicárdicas, disfunção endotelial, alteração da agregabilidade plaquetária, trombose e espasmo. Fatores de Risco Coronariano 2. Dislipidemias e Aterosclerose A relação entre dislipidemia e aterosclerose é linear, já tendo sido comprovado em diversos estudos que as elevações de LDL, TG entre outros, são promotoras de aterosclerose. Colesterol LDL Lp(a) Estas frações lipídicas estão mais relacionadas (indiscutivelmente) implicadas no aumento da morbimortalidade por DAC Os triglicerídeos não parece ser aterogênico, mas é importante marcador, alertando da existência de outras alterações lipídicas, como diminuição de HDL, diabete melito. Fatores de Risco Coronariano 2. Dislipidemias e Aterosclerose Com relação com o HDL, estudos mostram uma relação inversa com a existência de DAC Quanto mais altos os níveis de HDL, menor a ocorrência de aterosclerose coronariana Fatores de Risco Coronariano 2. Dislipidemias e Aterosclerose High-density lipoproteins (HDL) are composed mainly of proteins, with only small amounts of cholesterol. HDLsare often referred to as "good cholesterol" because they help remove cholesterol from artery walls and transport it to the liver for elimination from the body. Higher HDL levels actually protect against coronary heart disease. Low-density lipoproteins (LDL) are composed mainly of cholesterol and have very little protein. They are often referred to as "bad cholesterol" because they are primarily responsible for depositing cholesterol within arteries. High levels of LDL are associated with an increased risk for coronary heart disease. Fatores de Risco Coronariano 2. Dislipidemias e Aterosclerose Além disso, é importante lembrar que a associação de dislipidemia com outros fatores de risco aumentam ainda mais a mobimortalidade relacionada a aterosclerose. Tabagismo Hipertensão arterial sistêmica Diabete melito Idade (> 45 anos) Níveis de HDL baixo Pós- menopausa Dislipidemias e Aterosclerose + + + + + + Fatores de Risco Coronariano 3. Terapêutica Tem como finalidade a prevenção primária e secundária da doença aterosclerótica. Se há ausência de dois ou mais fatores de risco – menor 160mg/dl Na presença de dois fatores – abaixo de 130mg/dl Pacientes com DAC – menores que 100mg/dl; TG < 200mg/dl; HDL > 35mg/dl Reeducação alimentar com exercício físicos e retirada do tabagismo Medicamentoso Fatores de Risco Coronariano 4. Dieta A ingestão elevada de gorduras e colesterol e a elevação do peso corporal promovem o surgimento da aterosclerose. Ácidos graxos saturados Eleva o colesterol e LDL Vitamina A Beta-carotenos Vitamina E Efeito antioxidante (impede a oxidação do LDL) Fatores de Risco Coronariano 5. Exercício Um programa de exercício efetivos e seguro para os pacientes com DAC precisa ser fundamentada na avaliação contínua e objetiva e suas respostas ao exercício. Elas precisam ser avaliadas pela medição e interpretação dos cinco instrumentos de monitorizarão clínica disponíveis: Frequência cardíaca Pressão arterial Eletrocardiograma Sons cardíacos e pulmonares Sintomas Fatores de Risco Coronariano 6. Tratamento Farmacológico Fibratos Diminuem a síntese hepática de VLDLs em decorrência da diminuição da liberação de ácidos graxos no tecido adiposo. Ácido Nicotínico e Derivados Inibem a lipase-hormônio sensível intracelular do tecido adiposo, diminuindo a formação de VLDL (80%), LDL (30%), aumentam HDL (30%). Sequestradores de ácidos biliares Bloqueiam os ciclos entero-hepáticas dos ácidos biliares, diminuindo o CT e o LDL em até 30%. Probucol Mecanismo de ação é de diminuição da absorção de colesterol. Ácidos Graxos ômega 3 Diminuem a produção de VLDL e modificam o metabolismo de prostaglandina. Vastatinas Redução da síntese de colesterol (30%), VLDL (20%) e HDL (10%). Fumo Fatores de Risco Coronariano 1. Fumo: O que faz um fator de risco coronariano ser importante? Necessariamente a alta incidência desse fator e sua real ação deletéria sobre a função coronariana O cigarro e os similares do fumo possuem estas duas “qualidades”. Estudos norte americanos afirmam que a exposição ativa e passiva ao fumo contribui com cerca de 400.000 mortes anualmente nos EUA. - 59% aneurismas da aorta; - 37% aterosclerose; - 29% de parada cardíaca; - 15% hipertensão; - 12% AVCs. Fatores de Risco Coronariano 1. Fumo: Fatores de Risco Coronariano (Fumo) Fatores de Risco Coronariano 2. Efeitos Cardivasculares: Agudo – taquicardia, aumento da pressão arterial sistêmica, diminuição da tolerância ao exercício, vasoconstrição coronariana, elevação da carboexiemoglobina sanguíneo, aumento da tendência a formação de trombos, aumento do débito cardíaco. Crônicos – aumento da massa ventricular esquerda, aumento da agregação plaquetária, aumento de placas ateromatosas em todo o leito vascular, sendo a coronária direita e a aorta descendente são as mais afetadas. Alterações endoteliais, levando a alterações estruturais e funcionais do endotélio. Produz alterações importantes no perfil lipídico, com aumento dos triglicerídeos, VLDL e de LDL e baixa de HDL. Fatores de Risco Coronariano 2. Efeitos Cardivasculares: Fatores de Risco Coronariano 2. Efeitos Cardivasculares: Formação de ateroma Surgimento de modificações de permeabilidade Acúmulo de lipoproteínas ricas em colesterol na camada subendotelial Proliferação – Migração – Modificações das células musculares lisas Formação da capa fibrótica Ateroma Fatores de Risco Coronariano 2. Efeitos Cardivasculares: Ateroma e suas Complicações Fissura e/ou ruptura – com formação de trombo fibrinoplaquetário Função prejudicada do endotélio Aumento na produção de substâncias que aumentem a vasoconstrição e a trombose Resposta trombótica e vasoconstrição Função conservada do endotélio Aumento na produção de substâncias vasodilatadoras e atitrombóticas Resposta antitrombótica e vasodilatadora Ateroma Fatores de Risco Coronariano 3. Conclusão: Não há menor dúvida que atualmente o fumo constitui um dos mais importantes fatores de risco coronariano; É consenso que pode-se fazer uma correlação quanto à importância de certos fatores de risco e determinadas patologias Doença Pulmonar Hipertensão Arterial AVC Dislipidemia Aterosclerose Coronariana Fatores de Risco Coronariano 3. Conclusão: Se considerarmos o fumo como agente lesivo para o endotélio e que o endotélio se encontra em todo o organismo – ocupando um superfície de 10m2 - não terá dúvida de que o fumo age acelerando ou produzindo patologias não somente pulmonares, mas cerebrais e coronarianos. O fumo age aumentando a pressao arterial sistêmica, modificando o perfil lipídico e causando lesão endotelial coronariana. Fatores de Risco Coronariano Obesidade Obesidade 1. Definição: Sobrepeso refere-se a um peso acima do valor normal. A obesidade é a presença excessiva de gordura do corpo. Na prática, a distinção entre sobrepeso e obesidade é feita com base no índice de massa corporal (IMC). O IMC é o modo mais prático para avaliar o grau de peso em excesso e é calculado a partir da altura e do peso pela seguinte fórmula: IMC: peso corporal (em Kg) / estatura (em metros), ao quadrado. Obesidade 1. Definição: Há o sobrepeso quando os valores de IMC situa-se 25 e 30 kg/m2; obesidade quando os valores estão acima de 30kg/m2. Ao calcular o risco cardiovascular associado com obesidade, também devem ser levados em conta a distribuição de gordura regional e condições de co-morbidade. Os pacientes com obesidade abdominal (também chamados de central, visceral, andróide, ou obesidade masculina) possui risco cardiovascular aumentado. A gordura abdominal pode ser avaliada medindo a circunferência de cintura ou a relação da circunferência da cintura dividida pela circunferência do quadril (relação cintura-quadril) Obesidade Obesidade 1. Definição: A circunferência da cintura é medido com uma fita flexível colocado em um plano horizontal no nível da linha da cintura ou no local de menor diâmetro, sendo a circunferência do quadril é medida no plano horizontal no nível da circunferência máxima, inclusive a extensão das nádegas. Obesidade 1. Definição: Obesidade 2. Etiologia e Fisiopatologia A etiologia da obesidade está relacionada principalmente a um desequilíbrio do metabolismo energético. Em outras palavras, a ingesta calórica diária total tende a ser maior que o gasto energético total (GET), que inclui o gastoenergético basal (GEB) ou de repouso, a energia utilizada para realização de atividade física e a energia dispensada para a digestão alimentar. No mundo a obesidade tem como principal causa a mudança nos hábitos relacionada com estilo de vida ocidental: baixa necessidade de atividade física no trabalho associado a todo tipo de adequação que visa diminuir ao máximo o esforço físico das atividades mais corriqueiras (como atender ao telefone ou mudar o canal da televisão). Além disto, passa-se mais tempo dentro de casa ou onde se dispõe de atividades de lazer de baixíssimo nível de esforço físico. Estas atividades competem e consequentemente diminuem o tempo dispensado em atividades esportivas para o lazer. Obesidade 2. Etiologia e Fisiopatologia O outro componente, e talvez o principal deles, é a mudança dos hábitos alimentares da população. Nunca houve tantas opções de alimentos densamente calóricos, com alto conteúdo de gorduras e alto índice glicêmico, que caracteristicamente são fáceis de comer durante o trabalho, descanso ou praticamente qualquer atividade da rotina diária. É importante ressaltar que não é necessário um grande desequilíbrio calórico para se obter excesso de peso. Mesmo um aumento mínimo da ingesta calórica média diária, da ordem de 5%, pode, ao longo de 1 ano, levar a um ganho estimado de 5 kg de tecido adiposo e a ganhos ainda maiores em períodos mais prolongados. Obesidade 3. Avaliação do Risco de Mortalidade e Morbidade O risco para qualquer grau parece ser maior nos indivíduos cuja obesidade começou antes da idade de 40 anos, assim como os obesos desde infância. Em indivíduos entre 30 – 60 anos, aumento do peso de menos de 5kg é classificado como risco baixo, um aumento de peso de 5 a 10kg como risco moderado e ganho mais de 10kg como risco alto. O IMC geralmente mostra uma relação curvilínea ao risco associado com obesidade e permite identificação de vários níveis de risco. A maior circunferência de cintura ou o mais alto grau de gordura central (0,95 para homens e 0,85 ou mais para mulheres) está relacionado ao risco cardiovascular aumentado. Obesidade 3. Avaliação do Risco de Mortalidade e Morbidade As comorbidades associadas a obesidade que aumentam o risco cardivascular incluem: Hipertensão Fumo Dislipidemias Apnéia do sono Obesidade 3. Avaliação do Risco de Mortalidade e Morbidade Arq Bras Endocrinol Metab vol 47 nº 2 Abril 2003 Síndrome Metabólica Síndrome Metabólica 1. Introdução A síndrome metabólica (SM) é caracterizada pela agregação de vários fatores de risco para as doenças cardiovasculares (DCV): obesidade central (OC), hipertrigliceridemia, dislipidemia (HDL baixo e triglicerídeos elevados) e hipertensão arterial sistêmica (HAS) e resistência a insulina. (Rev Bras Cardiol. 2011;24(5):308-315) Reaven, em 1988, introduziu o conceito de síndrome X – atualmente denominada síndrome metabólica – para descrever um conjunto de anormalidades metabólicas e hemodinâmicas, freqüentemente presentes no indivíduo obeso. Hoje é amplamente conhecido o papel da resistência à insulina (RI) como elo entre a obesidade de distribuição central, intolerância à glicose, hipertensão arterial, dislipidemia, distúrbios da coagulação, hiperuricemia e microalbuminúria, integrantes da síndrome metabólica “ampliada”. (Arq Bras Endocrinol Metab vol 50 nº 2 Abril 2006). Síndrome Metabólica 1. Introdução A prevalência da síndrome metabólica é estimada entre 20 a 25% da população geral, com comportamento crescente nas últimas décadas. Esta prevalência é ainda maior entre homens e mulheres mais velhos, chegando a 42% entre indivíduos com idade superior a 60 anos. Indivíduos com síndrome metabólica apresentam risco 2 a 3 vezes maior de morbidade cardiovascular que indivíduos sem a síndrome. Os dados de prevalência mundial da síndrome metabólica são muito preocupantes, já que esta síndrome é preditora de diabetes e doenças cardiovasculares. (Arq Bras Endocrinol Metab vol 50 nº 2 Abril 2006). Síndrome Metabólica 2. Tecido Adiposo Nos últimos anos, o tecido adiposo deixou de ser considerado apenas um reservatório de energia para ser reconhecido como órgão com múltiplas funções e papel central na gênese da resistência a insulina. Atualmente, sabe-se que o adipócito recebe a influência de diversos sinais, como a insulina, cortisol e catecolaminas, e, em resposta, secreta uma grande variedade de substâncias que atuam tanto local como sistemicamente, participando da regulação de diversos processos como a função endotelial, aterogênese, sensibilidade à insulina e regulação do balanço energético. Algumas dessas substâncias secretadas essencialmente pelo tecido adiposo, como a leptina, adiponectina, TNF-α entre outras, apresentam papel fundamental na sensibilidade tecidual à insulina. Também é conhecido que o adipócito, de acordo com sua localização, apresenta características metabólicas diferentes, sendo que a adiposidade intra-abdominal é a que apresenta maior impacto sobre a deterioração da sensibilidade à insulina. (Arq Bras Endocrinol Metab vol 50 nº 2 Abril 2006). Síndrome Metabólica 2. Tecido Adiposo Síndrome Metabólica Síndrome Metabólica 3. Resistência à Insulina VIA DE TRANSMISSÃO DO SINAL DE INSULINA - A insulina é um hormônio polipeptídico produzido pelas células-beta do pâncreas, cuja síntese é ativada pelo aumento dos níveis circulantes de glicose e aminoácidos após as refeições. Sua ação ocorre em vários tecidos periféricos, incluindo fígado, músculo esquelético e tecido adiposo. Seus efeitos metabólicos imediatos incluem: aumento da captação de glicose, principalmente em tecido muscular e adiposo, aumento da síntese de proteínas, ácidos graxos e glicogênio, bem como bloqueio da produção hepática de glicose, lipólise e proteólise, entre outros. A sinalização intracelular da insulina começa com sua ligação a um receptor específico de membrana, uma proteína heterotetramérica com atividade quinase intrínseca, composta por duas subunidades alfa e duas subunidades beta, denominado receptor de insulina (IR). A ativação do IR resulta em fosforilação em tirosina de diversos substratos e levando a translocação do Glut-4 para a membrana, permitindo a entrada de glicose por difusão facilitada. Síndrome Metabólica 3. Resistência à Insulina Os Glut-4 são os principais responsáveis pela captação da glicose circulante nos humanos. Atividades físicas praticadas regularmente estimulam a translocação dos Glut-4 e promovem captação de glicose e redução da sua concentração sanguínea. Além disso, o sinal transmitido pela PI3q ativa a síntese de glicogênio no fígado e no músculo, e da lipogênese no tecido adiposo. Portanto, a via PI3q/Akt tem um importante papel nos efeitos metabólicos da insulina. Síndrome Metabólica 3. Resistência à Insulina A resistência à insulina é que a captação de glicose induzida pela insulina é prejudicada no tecido sensível à insulina. A falha é um resultado de inibição da via de sinalização da insulina. Acredita-se que a resistência à insulina leva a hiperinsulinemia quando ilhotas β pancreáticas produzir uma grande quantidade de insulina num esforço para controlar glicose no sangue. Em contraste com o diabetes tipo 1 que exibe hiperglicemia e hipoinsulinemia, diabetes tipo 2 freqüentemente hiperglicemia e hiperinsulinemia. Resistência à insulina é a principal causa de diabetes tipo 2 e ocorre muitos anos antes de diabetes tipo 2 começa em humanos. De várias fatores foram propostos para explicar os mecanismos de resistência a insulina. The molecular mechanism of fat-induced insulin resistance in skeletal muscle (A). ©2006by American Diabetes Association Katsutaro Morino et al. Diabetes 2006;55:S9-S15 No músculo esquelético, a ativação de PI3-quinase-AKT é um passo essencial para a translocação de GLUT4 induzida pela insulina, conduzindo à captação de glicose. Nosso grupo mostrou que a elevação de ácidos graxos plasmáticos tanto em roedores quanto em seres humanos aboliu a ativação do receptor da insulina. Síndrome Metabólica 3. Resistência à Insulina Síndrome Metabólica 4. Síndrome Metabólica e o Risco Cardiovascular A Síndrome metabólica está relacionada a uma maior risco de doença cardiovascular, sendo a disfunção endotelial o elo entre ambas. Os indivíduos com SM não diabéticos apresentam incidência 2,5 maior de da camada íntima-média de carótidas que é indicador precoce de aterosclerose subclínico. Em unidades coronarianas, o diagnóstico de SM é de maior importância, pois, esta patologia causa maior incidência de doença coronariana, além de morbimortalidade relacionada à isquemia. A disfunção endotelial na SM correlacion-se a diversos fatores como o estresse oxidativo, associados ao processo inflamatório crônico, perfil lipídico pró-aterogênico, maior vasoconstrição (menor NO), maior coagulabilidade – envolvendo o aumento da expressão do inibidor do ativador do plasminogênio (PAI-1), e por fim, a elevção dos níveis pressórios. Fatores Psicossociais na Aterosclerose Fatores Psicossociais na Aterosclerose 1. Estresse O vínculo entre estresse psicológico e aterosclerose pode ser atribuído ao dano do endotélio e, indiretamente, por agravamento dos fatores de risco tradicionais, como o fumo, a hipertensão e a dislipidemia. A relação entre as condições emocionas adversas e a precipitação de infarto agudo do miocárdio e de morte cardíaca súbita já encontra bem estabelecida – bem como a relação dos fatores emocionais contribuindo para o desenvolvimento processo de aterosclerose. O paciente coronariano apresenta fatores internos e externos geradores de estresse emocional que são fortes determinantes da doença. Fatores Psicossociais na Aterosclerose 1. Estresse Doença na família Morte na família Conflitos conjugais Perda de emprego Insatisfação pessoal ou profissional Crise Coronariana Crises de Infarto e Angina Fatores Psicossociais na Aterosclerose 1. Estresse Fatores Desencadeantes – em alguns casos não estará claro um fator desencadeante,mas um acúmulo de fatores estressantes, que ocasionam na pessoa um sentimento de insatisfação. Ex: O sociais podem incrementar fatores os riscos quando sunidos a outros fatores de predisposição. Nível sociocultural e escolar pouco elevados Situação econômica Religião Política Violência urbana Fatores Psicossociais na Aterosclerose 1. Estresse Tipo de Personalidade – estudos mostraram que pessoas com personalidade de conduta agressiva, implicada em uma luta incessante e crônica por conseguir cada vez mais em menos tempo, mostram que aterosclerose é mais frequente, segundo dados angiográficos. Esse perfil de homens quando são submetidos a testes cognitivos e perceptivo-motoras desafiadoras, apresentam respostas de batimento cardíaco e pressão sanguínea mais acentuada que homens de outros perfis. Observou que este perfil de pessoa tem menos tempo com a família e com o lazer – é um perfil mais ocidental de recompensa – rapidez e agressividade no lucro. Fatores Psicossociais na Aterosclerose 1. Estresse Dano endotelial associado ao estresse – A tensão psicológica ativa o hipotálamo – a glândula pituitária e o eixo do estresse (eixo hipotálamo-hipófisse-supra renal) que em modelos animais causou lesão endotelial – o fator inicial para o desenvolvimento da doença ateroesclerótica. Dano endotelial Mobilização de lipoproteínas Agregação plaquetária Liberação de fatores de crescimento Estimulação aterogênica Fatores Psicossociais na Aterosclerose 1. Estresse Além disso, os efeitos do estresse causam aumento do tônus simpático que leva a alterações da hemodinâmica que contribui para o dano endotelial. Cortisol – pode representar um papel de potencializarão na vasoconstrição induzida por catecolaminas; A serotonina pode modular a atividade simpática; O aumento da adrenalina circulatória pode favorecer à ativação, agregação e ao depósito plaquetária; O estresse pode modificar a atividade dos macrófagos e a resposta inflamatória. Fatores Psicossociais na Aterosclerose 1. Estresse Fatores Psicossociais na Aterosclerose 1. Estresse Além disso, os efeitos do estresse causam aumento do tônus simpático que leva a alterações da hemodinâmica que contribui para o dano endotelial. Cortisol – pode representar um papel de potencializarão na vasoconstrição induzida por catecolaminas; A serotonina pode modular a atividade simpática; O aumento da adrenalina circulatória pode favorecer à ativação, agregação e ao depósito plaquetária; O estresse pode modificar a atividade dos macrófagos e a resposta inflamatória. Estresse Fatores Psicossociais na Aterosclerose 1. Estresse Intervenções – Atualmente um trabalho multiproficional é importante. Reduzir a sobrecarga de Tensão Redução das sequelas psicológicas da tensão Exercício Físico (libera endorfinas) Relaxamento Acupuntura Fatores Psicossociais na Aterosclerose 2. Depressão O humor depressivo é uma relação normal à frustração ou a perda e não deve ser confundido com depressão maior (objeto deste tópico) – inserida nos quadros de depressão unipolar – quadro mais grave com consequências significativas para saúde pública. Depressão Maior Se caracteriza por um ou mais episódios depressivos, com pelo menos duas semanas de humor deprimido ou perda de interesse na maior parte de sua atividades, acompanhado de pelo menos quatro sintomas adicionais de depressão, sentimento de desesperança, culpa, alterações de apetite e sono, fadiga, tentativas de suicídio. Irritabilidade é comum em adolescentes e crianças. Manifestações psicóticas podem também acompanhar a depressão maior, com o aparecimento de idéias delirantes e alucinantes. Meta Plantiu de alimestos para comercialização Elevação do humor para motiva o organismo a tal esforço + Meta concluída + Em um processo rápido em direção a uma meta causaria elevação do humor que motivaria o organismo ao esforço continuado e decisões de risco. Meta Plantiu de alimestos para comercialização Elevação do humor para motiva o organismo a tal esforço - Meta não concluída + Quando os esforços para atingir a meta falha, a diminuição do humor motivaria a cessação dos esforços para poupar energia e reconsiderar as decisões. - Fatores Psicossociais na Aterosclerose Fatores de Desenvolvimento (abuso ou negligência ma infância, perda precose de pais) Eventos negativos da vida (estresse) Genes (SERT, 5-HT1AR, MAO-A, CRH1R, BNDF) Origem Multifatorial da Depressão Diminuição das Funções Executivas Emocionalidade Negativa Alterações do Sono Diminuição do aprendizado e da memória Depressão Fatores Psicossociais na Aterosclerose Fatores Psicossociais na Aterosclerose 2. Depressão Pode a depressão ser qualificada como fator de risco para doenças cardiovasculares? Estudo de Ziegelstein e cols. mostraram que o estado depressivo na época do infarto agudo do miocárdio aumenta o risco de mortalidade devido a baixa aderência às recomendaçõesda redução dos fatores de risco coronariano. Estudo de Cohen e cols. estudaram 6.000 homens e mulheres dos quais com hipertensão e individualizaram os depressivos e acompanharam por 5 anos para observar o risco de doença arterial coronariana. Os resultados foram surpreendente, pois os pacientes deprimidos tinham uma probabilidade de 4 vezes maior de desenvolver ataque cardíaco. Fatores Psicossociais na Aterosclerose 2. Depressão Precauções em Cardiologia – Alguns antidepressivos podem causar problemas como hipotensão arterial, aumento de peso e insônia e agitação. Em alguns casos, podem causar arritmias (tricíclicos). Depressão no Idoso – O cardiopata idoso tem particularidade preocupante – as apresenta de forma mascarada, pois o idoso mostra-se irritado, arredio e sarcástico – e ausência de humos depressivo. Importância do Exercício Físico na Prevenção Primária e Secundária das doenças Cardivasculares Exercício Físico A atividade aeróbica regular desempenha um importante papel na prevenção primária e secundaria das doenças cardiovasculares. As metanálises * de ensaios clínicos mostraram que o exercício físico supervisionado reduziu o índice de mortalidade em indivíduos portadores de doença arterial coronariana, sendo que a inatividade física é reconhecidamente um fator de risco para esta doença arterial coronariana. Metanálise é uma técnica estatística adequada para combinar resultados provenientes de diferentes estudos. Na área da saúde, um exemplo é a combinação do risco relativo entre dois tratamentos estimado em diferentes estudos. Exercício Físico 1. Ação do Exercício O condicionamento físico aumenta a capacidade cardiovascular e melhora o consumo de oxigênio em qualquer nível de exercício tanto em indivíduos saudáveis e cardiopatas – além de promover redução da PA e níveis de catecolaminas circulantes no repouso e no exercício. Leva a um menor estresse da parede arterial e para redução do tempo médio de formação do ateroma. Porém... A manutenção desses efeitos somente é obtida com a regularidade do exercício físico Exercício Físico 1. Ação do Exercício Em experimentos com animais de laboratório, submetidos a exercício físico, demonstraram um aumento das áreas da árvore arterial coronarianas após secções das mesmas, além disso, em experimentos com cães, onde se realizou o estreitamento das artérias coronarianas, o exercício físico demonstrou um aumento da circulação colateral e aumento do calibre das artérias coronarianas. Vários estudos demonstram que a circulação colateral coronariano pode ser induzido com exercício, entretanto, em humanos isso não foi demonstrado – mas em atletas de elite há um grande aumento das artérias tem sido observado. Exercício Físico 2. Benefícios do Exercício Condicionamento Físico Essa melhora da condição física é resultado de uma melhora da utilização do oxigênio necessário para fornecer energia para o trabalho cardiovascular O treinamento aumento o débito cardíaco – demanda de O2 pelo tecido e melhora da hemodinâmica, hormônios, metabolismo e funções neurológicas e respiratórias. Redução do Peso Estudos mostram que a redução do peso foi maior em pacientes que utilizaram a dieta hipocalórica e exercício físico do que os que somente realizaram dieta hipocalórica. Além da observação da redução da PA. Exercício Físico 2. Benefícios do Exercício Perfil Lipídico O treinamento aumenta o metabolismo lipídico e dos carboidratos – a mudança mais observável é provavelmente o aumento dos níveis de HDL. Estudo com 2.906 homens corredores mostrou que o aumento do HDL era dependente do número de milhas corridos. Influência na Doença Arterial Coronariana Choo e cols. demonstraram que o treinamento físico com duração de oito semanas em pacientes portadores de DAC mostraram melhora do perfil lipoproteico. Além disso, o exercício físico mudou a distribuição da gordura corporal em pacientes obesos, reduzindo o risco cardiovascular além de ser benéfico na resistência a insulina. Exercício Físico 2. Benefícios do Exercício Insuficiência Cardíaca Indivíduos com insuficiência cardíaca com função ventricular reduzido apresentam alterações vasculares periféricos em decorrência de baixa captação de oxigênio periférico. O exercício de baixa e média intensidade melhora a hemodinâmica e adaptações aos músculos esqueléticos. Mas as melhoras das alterações ventriculares não se observa. Transplante Cardíaco Pacientes transplantados geralmente possuem baixo condicionamento, decorrentes do repouso prolongado. Estudos mostram que o exercício físico melhora a capacidade funcional, tolerância ao exercício e qualidade de vida. Exercício Físico 2. Benefícios do Exercício Psicológicos Os exercícios de curto e longo prazo melhoram alguns aspectos psicológicos. Resultados de estudos mostraram que os indivíduos ativos são bem mais ajustados emocionalmente e melhora nos testes cognitivos que os sedentários. Pessoas ativas tem 1,5 menos chances de desenvolver depressão. Pessoas ativas tem uma melhor resposta neuro-hormonais e cardiovasculares promovidas pelo estresse ´mental. Exercício Físico 2. Benefícios do Exercício Tipos de Exercício Exercício de resistência, isolados, produzem modestos efeitos nos fatores de risco coronariano, quando comparados com treinamentos que utilizam exercício aeróbicos. Utilizados simultaneamente, atuam em sinergismo com o metabolismo dos carboidratos, manutenção da massa muscular e no metabolismo basal. Os exercícios de força são recomendados devido aos seus efeitos na manutenção da força muscular, massa muscular, densidade mineral óssea. Em idosos os exercícios de resistência são seguros e benéficos para a melhora da flexibilidade e da qualidade de vida. Exercício Físico 2. Benefícios do Exercício Exercício Físico 3. Aderência ao Exercício Apesar dos efeitos benéficos dos exercício físicos, a aderência ao programa de exercícios por longo prazo permanece problemático. Estima-se que 50% das pessoas que iniciam atividade física permanecem ativas depois de seis meses. A aderência ao exercício é de extrema importância,pois os benefícios do exercícios não se mantém após a parada do mesmo. É importante uma estratégia para aumento da aderência ao exercício físico principalmente para as classes menos educadas, obesos e idosos. Exercício Físico 4. Conclusão Atividade física moderada em intensidade e frequência está associado com melhores condições de saúde e redução da morbomortalidade cardiovascular quando comparado com atividade física baixa reduzida ou baixo condicionamento. É recomendado que indivíduos saudáveis e portadores de outras condições clínicas mantenham uma atividade física moderada e regular para que possa obter benefícios do exercício na redução do risco da doença arterial coronariana. Exercício Físico 4. Conclusão Além disso, estudos científicos confirmam que estratégias de prevenção primária e secundária da doença arterial coronariana resultam em redução significativa da mortalidade, bem como de substancial economia para os cofres públicos em gastos com a saúde. Infelizmente as medidas preventivas são frequentemente subutilizadas.
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