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- Fabiana Bilmayer SP 2 - Sistema cardiovascular ● Questões: 1) CABIDE: Bronquiolite respiratória Doença infecciosa que resulta na obstrução inflamatória das vias aéreas inferiores, mais especificamente os bronquíolos. - OBSTRUÇÃO DOS BRONQUÍOLOS ● bactéria NÃO causa bronquiolite ● De etiologia VIRAL!!! Epidemiologia Acomete mais frequentemente crianças menores de 2 anos de idade, principalmente durante o inverno e o outono. Etiologia Vírus Sincicial Respiratório (VSR), nos últimos anos foram responsáveis por 70% dos casos. Fisiopatologia O vírus desencadeia uma sequência de reações inflamatórias locais relacionadas com a resposta imunológica, caracterizando-se por uma obstrução inflamatória dos bronquíolos, afetando significativamente a passagem de ar. - Além disso, ocorre uma alteração na ventilação/perfusão, com consequente hipoxemia, retenção de CO2 e acidose respiratória. Os fenômenos obstrutivos das pequenas vias aéreas são decorrentes do: edema, produção de muco, acúmulo local de fibrina e deposição de restos celulares. As principais alterações anatomopatológicas são necrose celular bronquiolar, ruptura ciliar, infiltrado peribronquiolar com acúmulo de linfócitos e edema da submucosa que podem começar após 18 a 24 horas após a infecção. Pode também ocorrer infiltrados de polimorfonucleares e formação de tampões mucosos. Vários mediadores têm sido identificados e relacionados com os quadros de maior gravidade. Nesses casos, pode haver comprometimento do parênquima pulmonar, com evolução para pneumonia viral ou infecção bacteriana secundária. Tratamento - Fabiana Bilmayer Prevenção 2) Alterações fisiológicas no envelhecimento do sistema cardiovascular e fatores que aceleram o envelhecimento desse sistema: Alterações fisiológicas O aumento da expectativa de vida trouxe maiores conhecimentos acerca das alterações anatomofisiológicas que ocorrem no aparelho cardiovascular e no sistema musculoesquelético. Permanece, contudo, a dificuldade quanto à definição da estreita fronteira entre envelhecimento normal e as alterações patológicas. Os estudos e as pesquisas relacionadas com fisiologia do sistema cardiorrespiratório durante o exercício continuam sendo ampliados nos últimos anos, favorecendo um maior entendimento do que ocorre com o aumento da longevidade. É preciso reconhecer que “idoso” não representa um grupo uniforme de pacientes e a idade cronológica por si só não identifica esse grupo especial. Indivíduos da mesma idade cronológica podem ter diferenças significativas na idade fisiológica e comportamento muito divergente frente ao esforço físico (Fletcher et al., 2013; Lakatta e Levy, 2003). O envelhecimento encontra-se associado a alterações estruturais cardiovasculares que, porém, tendem a ser seletivas (Quadro 56.1). Diversos estudos têm demonstrado aumento da massa cardíaca da ordem de 1 a 1,5 g por ano, entre 30 e 90 anos de idade. As paredes do ventrículo esquerdo (VE) aumentam levemente de espessura, bem como o septo interventricular, mesmo na ausência de hipertensão arterial, mantendo, no entanto, índices ecocardiográficos normais. Essas alterações parecem estar ligadas à maior rigidez da aorta, determinando aumento na impedância ao esvaziamento do VE, com consequente aumento da pós-carga. Paralelamente, há deposição de tecido colágeno principalmente na parede posterior do VE. A infiltração colágena do miocárdio aumenta a rigidez do coração. A função sistólica mantém-se inalterada, ocorrendo, por outro lado, redução da complacência ventricular com prejuízo da função diastólica (Lakatta et al., 2003). Essas alterações consideradas fisiológicas no envelhecimento modificam, portanto, a função ventricular, determinando prolongamento do tempo de relaxamento e de contração dos ventrículos. É provável que esses achados estejam relacionados com a diminuição da liberação e recaptação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático. Entretanto, não há evidência, considerando-se a fisiologia cardíaca normal e a resposta ao exercício, de que o relaxamento prolongado tenha qualquer interferência deletéria no desempenho ventricular. Com a idade, as artérias sofrem alterações na elasticidade, distensibilidade e dilatação. O esvaziamento ventricular - Fabiana Bilmayer dentro da aorta endurecida favorece o aumento da pressão sistólica nos idosos. O aumento da resistência arterial periférica determina progressivo incremento da pressão arterial média. Apesar da dilatação, as paredes da aorta tornam-se mais grossas pelo aumento da infiltração de colágeno, mucopolissacarídios e deposição de cálcio, com descontinuação das lâminas elásticas. A velocidade da onda de pulso encontra-se aumentada nos idosos, refletindo o endurecimento vascular (Quadro 56.2) (Josephson et al., 1999). As células endoteliais sofrem alterações morfológicas com a idade, mostrando redução na resposta vasodilatadora endotélio-dependente, embora a resposta dos músculos lisos aos vasodilatadores diretos esteja inalterada. Isso se justifica pela diminuição do óxido nítrico que ocorre com o envelhecimento (Egashira et al., 1993; Lakatta e Levy, 2003). A pré-carga também sofre influência do envelhecimento, pelo aumento das varicosidades, diminuição da massa muscular, diminuição do volume sanguíneo e da eficiência das válvulas venosas, que, em conjunto, reduzem o retorno venoso. As estruturas valvulares tornam-se fibrosadas com a idade. Os folhetos mostram-se espessados e mais rígidos, ocorrendo aumento gradual na circunferência das quatro válvulas. A calcificação é, algumas vezes, acentuada no anel valvular, produzindo um denteado irregular e grosseiro nas válvas aórtica e mitral, as mais atingidas, processo frequentemente associado a bloqueio de ramo do feixe de His, hemibloqueio e bloqueio atrioventricular (Lakatta e Levy, 2003). Com o envelhecimento, a modulação da função cardíaca pelo sistema beta-adrenérgico diminui, ocorrendo, de fato, declínio na resposta à estimulação adrenérgica do coração senescente, enquanto a estimulação muscular direta com cálcio permanece normal. A resposta beta-adrenérgica reduzida leva a menor cronotropismo e inotropismo, além de menor vasodilatação arterial. Conclusivamente, é possível afirmar que, a despeito dessas alterações, a capacidade do miocárdio de gerar tensão é bem mantida. A força contrátil e o encurtamento do músculo cardíaco não se encontram prejudicados, estando a função cardiovascular global em repouso e adequada para a manutenção das atividades normais em idosos saudáveis. Por outro lado, a redução do relaxamento miocárdico, produzindo disfunção diastólica, pode pesar consideravelmente em presença de doença cardiovascular ou com o uso de certos medicamentos. A DAC no idoso é, em geral, caracterizada por lesões arteriais mais graves e por maior frequência de disfunção ventricular sistólica e diastólica. Principais valvas afetadas: mitral e a aórtica Fatores que aceleram o envelhecimento do sistema cardiovascular - Hipertensão arterial - Tabagismo - Sedentarismo - Dislipidemias 3) Patogênese da doença aterosclerótica, formação e obstrução (influência da HAS): ATEROGÊNESE A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial (toxinas, tabagismo, hipertensão) que ocorre em resposta à - Fabiana Bilmayer agressão endotelial, acometendo principalmente a camada íntima de artérias de médio e grande calibres. - A formação da placa aterosclerótica inicia-se com a agressão ao endotélio vascular devida a diversos fatores de risco como dislipidemia, hipertensão arterial ou tabagismo. Como consequência, a disfunção endotelial aumenta a permeabilidade da íntima às lipoproteínas plasmáticas, favorecendo a retenção das mesmas no espaço subendotelial. Retidas, as partículas de LDL sofrem oxidação, causando a exposição de diversos neoepítopos e tornando-as imunogênicas. O depósito de lipoproteínas na parede arterial, processo-chave no início da aterogênese, ocorre de maneira proporcional à concentração dessas lipoproteínas no plasma. Além do aumento da permeabilidadeàs lipoproteínas, outra manifestação da disfunção endotelial é o surgimento de moléculas de adesão leucocitária na superfície endotelial, processo estimulado pela presença de LDL oxidada (LDL-ox). As moléculas de adesão são responsáveis pela atração de monócitos e linfócitos para a intimidade da parede arterial. Induzidos por proteínas quimiotáticas, os monócitos migram para o espaço subendotelial, onde se diferenciam em macrófagos, que por sua vez captam as LDL-ox, sem controle da quantidade recebida. Os macrófagos repletos de lípides são chamados de células espumosas e são o principal componente das estrias gordurosas, lesões macroscópicas iniciais da aterosclerose. Uma vez ativados, os macrófagos são, em grande parte, responsáveis pela progressão da placa aterosclerótica mediante a secreção de citocinas, que amplificam a inflamação, e de enzimas proteolíticas, capazes de degradar colágeno e outros componentes teciduais locais. Outras células inflamatórias também participam do processo aterosclerótico. Os linfócitos T, embora menos numerosos que os macrófagos no interior do ateroma, são de grande importância na aterogênese. Mediante interação com os macrófagos, por exemplo, as células T podem se diferenciar e produzir citocinas que modulam o processo inflamatório local. Alguns mediadores da inflamação estimulam a migração e proliferação das células musculares lisas da camada média arterial. Estas, ao migrarem para a íntima, passam a produzir não só citocinas e fatores de crescimento, mas também matriz extracelular, que formará parte da capa fibrosa da placa aterosclerótica. A placa aterosclerótica plenamente desenvolvida é constituída por elementos celulares, componentes da matriz extracelular e núcleo lipídico e necrótico, formado principalmente por debris de células mortas. As placas estáveis caracterizam-se por predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa, escassas células inflamatórias e núcleo lipídico e necrótico de proporções menores. As instáveis apresentam atividade inflamatória intensa, especialmente nas suas bordas laterais, com grande atividade proteolítica, núcleo lipídico e necrótico proeminente e capa fibrótica tênue. A ruptura desta capa expõe material lipídico altamente trombogênico, levando à formação de um trombo sobrejacente. Este processo,também conhecido por aterotrombose, é um dos principais determinantes das manifestações clínicas da aterosclerose. ● Trombo É a coagulação do sangue na parede dos vasos que impede o fluxo sanguíneo. - Fabiana Bilmayer ● TRÍADE DE VIRCHOW Três alterações estão envolvidas na trombose, tanto de forma isolada quanto simultânea. As alterações são: alterações da parede vascular, alterações hemodinâmicas e alterações sanguíneas (hipercoagulabilidade). Alterações da parede vascular ou endocardíaca: Evidenciável na maioria das tromboses arteriais e cardíacas, e em algumas venosas. Causas: Traumas (punções muito repetidas, por exemplo), localização de bactérias na superfície vascular, infecções virais de células endoteliais, migração de parasitos na parede vascular (angeites e endocardites), arteriosclerose, infarto no miocárdio, erosões vasculares decorrentes de infiltrações neoplásicas. Mecanismo: Lesão endotelial ou endocardíaca provocando exposição do colágeno subendotelial, com conseqüente adesão e agregação plaquetária, e desencadeamento do processo de "coagulação", além da contração das células endoteliais ou endocardíacas. Alterações reológicas ou hemodinâmicas: Por estase (ß velocidade do fluxo): Importante principalmente na trombose venosa. A estase altera o fluxo lamelar fazendo com que as células (inclusive plaquetas) que ocupavam a corrente axial passem à corrente marginal, facilitando o contato plaquetas - endotélio, ao tempo que concentra os fatores da coagulação. Por turbulência: Predispõem à deposição de plaquetas (por alterar o fluxo lamelar com modificação da corrente axial em marginal) e por traumatizar a íntima cardiovascular, facilitando a exposição do colágeno subendotelial. Por esse motivo é consideravelmente maior a frequência de trombose nas áreas de estenose e bifurcação vasculares. Alterações sanguíneas (Hipercoagulabilidade): Um dos fatores mais importantes na trombogênese. Trombocitose: Anemias ferroprivas, após hemorragias graves (pós operatórios, principalmente de esplenectomias), doença de HODGKIN, disseminação de neoplasias malignas e síndromes mieloproliferativas. Incremento de fatores da coagulação: na gestação (VII e VIII), síndrome nefrótica (V, VII, VIII e X) e em algumas neoplasias malignas. Redução da atividade fibrinolítica: diabete melito, obesidade, síndrome nefrótica (perda urinária de antagonistas da coagulação). Aumento da viscosidade sangüínea: Anemia falciforme (ß da flexibilidade da hemácia), policitemia, desidratação e queimaduras. - Os diferentes tipos de trombos (CLASSIFICAÇÃO) Existem dois tipos de trombos que se podem formar, diferindo em termos de composição e aspecto: ● Trombo arterial – tipicamente composto por agregados de plaquetas (trombo branco) ● Trombo venoso – composto maioritariamente por fibrina e glóbulos vermelhos (trombo vermelho) - Fabiana Bilmayer - Influência da HAS Vários estudos epidemiológicos demonstraram claramente que a hipertensão arterial está relacionada, direta ou indiretamente, à ocorrência de muitas doenças, destacando-se especialmente o acidente vascular encefálico (AVE), a doença coronariana, a insuficiência cardíaca congestiva e a insuficiência renal crônica. Na década de 1960, foi demonstrado que uma pressão arterial diastólica de 105 mmHg aumentava em 10 vezes o risco do indivíduo para acidente vascular encefálico e em 5 vezes para eventos coronarianos, quando comparados com indivíduos com pressão arterial diastólica de 76 mmHg. O Framingham Heart Study (Franklin et al., 1999), em um acompanhamento por 34 anos, mostrou que o risco de desenvolver insuficiência cardíaca foi 2 a 4 vezes maior nos indivíduos com pressão arterial mais alta do que naqueles com pressão mais baixa. Em todos esses estudos, a associação de outros fatores de risco como sobrepeso/obesidade, DM, dislipidemia, tabagismo e hipertrofia ventricular esquerda aumentava progressivamente, de forma absoluta, o risco para as doenças cardiovasculares. Portanto, não há a menor dúvida de que a relação entre a pressão arterial e a doença cardiovascular é muito consistente, para ambos os sexos e para todas as classes populacionais. ● A Diretriz Americana (JNC8) recomenda que o tratamento farmacológico da hipertensão arterial em indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos somente deve ser iniciado quando os valores de PA forem ≥ 150/90 mmHg. Fisiopatologia da HAS no idoso: No idoso observa-se aumento nítido da resistência periférica com redução do débito cardíaco. O aumento da resistência periférica no idoso é consequência direta da aterosclerose, que leva a um processo a que podemos chamar envelhecimento do vaso. A aterosclerose é um processo patológico multifatorial, caracterizado inicialmente por disfunção endotelial, seguida por alterações morfológicas do endotélio e da íntima. Essas alterações ocorrem como resposta fibroproliferativa da parede arterial causada por agressão à superfície endotelial. ● O endotélio, atingido pelo envelhecimento, libera menor quantidade de óxido nítrico, que é um importante fator de relaxamento vascular. Por outro lado, a sensibilidade da musculatura lisa vascular aos efeitos da endotelina, um potente vasoconstritor, diminui, embora sua liberação aumente com o avançar da idade. O diâmetro dos vasos tende a aumentar. O conteúdo de colágeno aumenta, enquanto a elastina progressivamente se desorganiza, se adelgaça e, com frequência, se fragmenta. Há deposição lipídica e de cálcio, com concomitante perda de elasticidade. Todas essas modificações observadas no idoso podem interagir com outros potentes fatores de risco cardiovascular, como hipertensão arterial, dislipidemias, obesidade e - Fabiana Bilmayer diabetes, fato observadocom muita frequência na prática clínica. Essas alterações vasculares têm importantes implicações clínicas na patogênese das doenças cardiovasculares 4) Diagnóstico de diabetes ● Características da DM Doença dos 4 P’s: 1) Poliúria (fazer bastante xixi) 2) Polidipsia (sede em excesso) 3) Polifagia (comer muito) 4) Perda de peso ● DIAGNÓSTICO ● Hemoglobina glicada (HbA1c) Parte da glicose circulante tende a se associar com a hemoglobina do sangue, tornando-a glicada. Assim, quanto maior for o nível glicêmico, mais desse composto haverá no sangue. E por que 2-4 meses? Porque é o tempo da meia-vida das hemácias! ● Pré-diabetes 5) Doença cardiovascular Doença coronariana – doença dos vasos sanguíneos que irrigam o músculo cardíaco; Doença cerebrovascular – doença dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro; Doença arterial periférica – doença dos vasos sanguíneos que irrigam os membros superiores e inferiores; Doença cardíaca reumática – danos no músculo do coração e válvulas cardíacas devido à febre reumática, causada por bactérias estreptocócicas; Cardiopatia congênita – malformações na estrutura do coração existentes desde o momento do nascimento; - Fabiana Bilmayer Trombose venosa profunda e embolia pulmonar – coágulos sanguíneos nas veias das pernas, que podem se desalojar e se mover para o coração e pulmões. - Epidemiologia no idoso A prevalência das DCV aumenta com o envelhecimento. Em 2014, no Brasil, do total das internações por doença cardiovascular, 57,14% ocorreram em indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, sendo 50,88% do sexo masculino (Figura 44.1) (Datasus, 2015). Nos EUA a mortalidade por doença cardiovascular em idade igual ou superior a 65 anos, de acordo com o CDC/NCHS, National Vital Statistics System, Mortality 2013 (CDC/NCHS 2013), alcançou 79,8% - Fatores de risco Os resultados mostraram, 43,4% da população encontra-se na faixa etária acima de 70 anos, predomina o sexo feminino e a renda familiar incide em um ou menos de um salário mínimo. Além disso, 52% não são alfabetizados, maioria é casada e reside com familiares, 59,3% têm antecedentes de hipertensão e 41%, são sedentários. Entre os fatores de risco citados sobressaem consumo de café, sal e gordura. As afecções crônico-degenerativas estão presentes na maioria dos idosos. Considera-se, portanto, necessário se intensificar programas de educação em saúde com vistas a se manter o padrão de qualidade de vida do idoso. Os dados encontrados revelam uma frequência exagerada no consumo de cafeína, 122 (84,1%). Esse é um dado relevante, e, possivelmente, um fator de risco para alterações nos níveis de pressão arterial, sobretudo se estiver em associação com outros fatores, pois drogas que inibem a enzima monoamino-oxidase provocam um aumento considerável de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) nas terminações nervosas e resultam em elevação nos níveis tensionais. Potencializado com o consumo de café, o fenômeno poderá ocasionar o aumento dos valores da pressão arterial. Segundo verificamos, 86 (59,3%) idosos apresentam antecedentes familiares para problemas cardiovasculares. Destes, o mais citado foi a hipertensão arterial. Quanto ao sal, 78 (53,8%) referem consumi-lo. Entretanto, como sabemos, o cloreto de sódio é fator relevante no desenvolvimento e no agravamento da hipertensão. Outro dado elevado foi a ingesta de gordura, revelada por 48 (33,1%) idosos estudados, seja ela de origem vegetal ou animal. Conforme diversos estudos têm demonstrado, a ingestão de gordura, tanto em portadores de hipertensão arterial quanto em pessoas saudáveis, deve ser controlada, particularmente para evitar o aumento de complicações como doenças coronárias e obesidade. É essencial reconhecer a complexidade dos fatores passíveis de influenciar os indivíduos idosos na sua seleção de alimentos. Estes fatores incluem renda, composição familiar, hábitos e valores culturais, religião, etnia e sexo. Outro fator importante observado nos particípes deste estudo foi o sedentarismo, comum para 60 (41,4%) deles. No entanto, a atividade física sistemática e regular é decisiva para a boa manutenção da saúde, em especial, da cardiovascular. Há evidências segundo as quais as atividades físicas e exercícios, em qualquer idade, reduzem a morbidade e a mortalidade para doença isquêmica do coração, hipertensão, obesidade, diabetes, osteoporose e transtornos mentais. Em nível populacional, a caminhada é, sem dúvida, o exercício mais simples e adequado. Por suas características, pode ser facilmente incorporada à rotina de vida, e tornar-se um hábito salutar. Não - Fabiana Bilmayer exige uso de equipamentos dispendiosos, seu risco de complicações é mínimo. Em estudo realizado em Gotemburgo, Suécia, os idosos com mais de 70 anos que caminhavam diariamente, pelo menos 30 minutos, apresentavam melhor capacidade física, menor densidade, menor prevalência de doença coronariana em relação aos que caminhavam menos de 30 minutos. Ainda, com base nos dados, observamos que 40 (27,6%) fumavam e 20 (13,8%) faziam uso de bebida alcoólica. A nicotina é maléfica ao organismo porque aumenta a liberação de catecolaminas, responsáveis pela elevação da freqüência cardíaca, da pressão arterial e da resistência periférica. Aumenta também a capacidade orgânica de formar coágulos e diminui sua função de destruí-los. Há, ainda, redução de oxigênio nos glóbulos vermelhos em 15% a 20%, pois o monóxido de carbono, resultante de queima, liga-se à hemoglobina, lesando os vasos e favorecendo o depósito de gorduras. De acordo com o apontado por determinados estudos, o álcool é outro fator de risco, e contribui para o agravamento da patologia. O aumento das taxas de álcool no sangue eleva a pressão arterial lenta e progressivamente, na proporção de 2mmHg para cada 30 ml de álcool etílico ingerido diariamente. Mesmo quando suspenso, as cifras revertem. Soma-se a isto outro dado interessante, qual seja, quando há redução no consumo de álcool, ocorre também redução no abandono do tratamento farmacológico. Apesar de os fatores de risco tradicionais para doenças cardiovasculares, tais como tabagismo, sedentarismo, hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes, serem comprometedores, eles podem ser prevenidos, especificamente por três medidas principais: 1) Abandono do hábito de fumar, eliminando o tabagismo; 2) Utilização de atividades físicas no combate ao sedentarismo, hipertensão arterial, obesidade, dislipidemia e diabetes; 3) Mudança de hábitos nutricionais nocivos, como forma de combate à hipertensão arterial, obesidade, dislipidemia e diabetes. Destes resultados, merecem destaque aqueles que apresentam níveis de hipertensão leve, moderada, grave e isolada dos particípes deste estudo. Como a prevalência de hipertensão arterial aumenta com a idade, mais de 50% da população de 60 anos ou mais têm hipertensão. - Este é um dos fatores predisponentes das doenças cardíacas, cerebrovasculares e renais, motivos pelos quais deve ser controlado, pois pode contribuir para elevar os percentuais de mortalidade cardiovascular e de implicações diretas para a qualidade de vida e a longevidade. Quanto ao grupo das doenças do aparelho circulatório, no qual se encontra o maior número de problemas de saúde dos idosos, 108 (74,4%), as principais enfermidades encontradas foram: hipertensão, flebite e insuficiência cardíaca congestiva. Como segundo grupo de agravo constam os problemas na visão, com 89 (61,3%). Em seguida vêm as doenças osteomusculares, relatadas por 73 (50,3%) dos idosos, cujos principais problemas são: artrite, reumatismo, osteoporose e bursite. As doenças do sistema nervoso, no total de 32 (22%), também foram mencionadas e apresentam as seguintes enfermidades: depressão (16), Acidente Vascular - Fabiana Bilmayer Cerebral e seus efeitos (14), Doença de Alzheimer (2). Mencionaram-se, ainda, as doenças endócrina, metabólica e nutricional, a exemplo da diabetes (25) e problemas na alimentação, com perda de peso (4). Outro agravo foi o distúrbio na audição,em 25 (17,2%) idosos. A ele seguiram-se problemas no aparelho digestivo, 22 (15,1%); no sistema respiratório, 21 (14,4%); na pele, 19 (13,1%); no aparelho geniturinário, 11 (7,5%) e neoplasias, 2 (1,3%). - Quadro clínico Dispneia de esforço Ortopneia Edema de membros inferiores Redução da tolerância ao exercício - Hábitos para a prevenção (importância da atividade fìsica) Diferença entre: ● Atividade física: definida como qualquer movimento corporal, que produzido pelos músculos esqueléticos, resulte em gasto energético superior aos valores de repouso. ● Exercício físico: Quando ocorre uma sequência sistematizada de movimentos de diferentes segmentos corporais, planejadamente executados para obtenção de um objetivo programado. Aos 60 anos, o VO2 máx. é aproximadamente um quarto daquele dos 20 anos. Por outro lado, a capacidade aeróbica é beneficamente influenciada pela atividade física. Nos indivíduos inativos, ocorre redução de 9% no VO2 máx. por década contra 5% nos indivíduos ativos. A frequência cardíaca (FC) é influenciada por inúmeros fatores, incluindo a idade. Nos idosos, a FC encontra-se diminuída, tanto em repouso como no esforço máximo, fenômeno que parece estar ligado à inefetiva modulação simpática, bem como a modificações no sistema de condução e receptores. No entanto, a resposta da FC ao exercício não é atribuída aos níveis mais baixos de catecolaminas, ao contrário, os níveis de catecolaminas plasmáticas nos idosos são especialmente mais altos com o exercício (Fletcher et al., 2013). A pressão arterial nos idosos tende a ser um pouco mais alta tanto em repouso como no esforço. A perfusão coronariana e a função ventricular esquerda são bem mantidas com a idade, provavelmente pelo emprego da lei de Frank-Starling, capaz de aumentar a função cardíaca. A fração de ejeção (FE) durante o exercício aumenta também nos idosos, sendo, contudo, significativamente maior nos indivíduos mais jovens. Queda na fração de ejeção durante o exercício, seja nos jovens ou nos idosos, é condição anormal fortemente sugestiva de doença. Por outro lado, mesmo no envelhecimento normal, o sistema musculoesquelético tem papel primordial no desempenho físico nos indivíduos com 60 ou mais anos, observando-se significativa perda de força e massa muscular, intimamente relacionada com a queda da síntese proteica e com a menor atividade física. A massa e a força muscular diminuem a partir dos 40 anos, com aceleração desse - Fabiana Bilmayer processo após 65 anos; a repercussão é mais intensa do quadril para baixo, sendo o declínio da potência mais acelerado que o da força. Esse fato pode aumentar a incapacidade nos idosos, aumentando o risco de morte. Os membros sofrem uma redução do número e do tipo de fibras (mais evidentes nas fibras do tipo II, de contração rápida). Também se observa um acúmulo maior de gordura periférica e visceral (ver Capítulo 91) (Larsson et al., 1979). O tempo de reação diminui e acontece um alentecimento da velocidade de execução dos movimentos complexos e repetitivos, evoluindo mesmo para movimentos mais simples. A flexibilidade e a amplitude dos movimentos, principalmente nas mulheres, sofrem um evidente declínio após 70 anos de idade: quadril (20 a 30%), tornozelo (30 a 40%) e coluna (20 a 30%), também ocorrendo diminuição da elasticidade dos tendões, cuja repercussão é um aumento do risco de lesões, quedas e dor lombar. A circulação para as pernas está diminuída em repouso e com esforço, bem como a resposta vasoconstritora renal e esplâncnica aos exercícios submáximos. O volume total de plasma está diminuído, com pequena redução da hemoglobina. A sensação de sede é menor, e há comprometimento na capacidade de conservar água e sódio pelo rim. Isso leva a uma repercussão no débito cardíaco (DC), no aumento da chance de desidratação e da capacidade de executar esforços no calor. A função pulmonar também sofre influência à medida que a idade avança, pela maior rigidez da caixa torácica, pela diminuição da força da musculatura expiratória, pelo maior esforço respiratório, pela perda de alvéolos e também devido ao aumento do tamanho dos restantes, porém a influência nas trocas gasosas é pequena. Isoladamente, tais alterações não limitam a performance dos exercícios, a não ser em determinadas atividades competitivas de ponta (Costa e Carreira, 2007). Os limiares anaeróbico e ventilatório tendem a ocorrer mais precocemente. A produção máxima de lactato, tolerância e depuração sofrem declínio com a idade. As características anatômicas e funcionais próprias do envelhecimento são refletidas por repercussões clínicas (Quadro 56.3). Assim sendo, há uma condição para a realização de esforços físicos ao lado de uma recuperação mais lenta. As alterações musculoesqueléticas determinam queda progressiva de força. As alterações vasculares propiciam o aparecimento de sintomas circulatórios, sendo encontradas extremidades frias. De grande importância no contexto da reabilitação é a maior frequência de arritmias e dispneia quando da realização de esforço físico. - Os principais benefícios de um comportamento ativo do idoso podem ser classificados basicamente nas esferas biológica, psicológica e social, destacando-se, entre esses benefícios: a) aumento/manutenção da capacidade aeróbia; b) aumento/manutenção da massa muscular; c) redução da taxa de mortalidade total; d) prevenção de doenças coronarianas; e) melhora do perfil lipídico; f) modificação da composição corporal em função da redução da massa gorda e risco de sarcopenia; g) prevenção/controle da diabete tipo II e hipertensão arterial; h) redução da ocorrência de acidente vascular cerebral; i) prevenção primária do câncer de mama e cólon; j) redução da ocorrência de demência; k) melhora da auto-estima e da autoconfiança; l) diminuição da ansiedade e do estresse; m) melhora do estado de humor e da qualidade de vida. A prática da atividade física pode ser subdividida em quatro dimensões: 1) lazer (exercícios físicos/esportes); 2) deslocamento ativo (andando a pé ou de bicicleta); 3) atividades domésticas (lavar, passar, etc); 4) laboral (atividades relacionadas à tarefa profissional). A primeira dimensão pode ser classificada como uma atividade estruturada (seguindo as características de exercícios físicos), enquanto que as - Fabiana Bilmayer demais, como não estruturadas, realizadas espontaneamente ao longo do dia. Nelson et al (2007) divulgaram um documento emitindo recomendações sobre os tipos e quantidades de atividade física necessários para melhorar e manter a saúde dos idosos. As principais variáveis a serem observadas para a prescrição são: modalidade, duração, freqüência, intensidade e modo de progressão; além das necessidades físicas, características sociais, psicológicas e físicas do idoso. Torna-se importante enfatizar que o planejamento dos exercícios deve ser individualizado, levando em consideração os resultados prévios das avaliações médica e física. 6) Definir doença crônica Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 63% das mortes no mundo. No Brasil, são a causa de 74% dos óbitos. O que é? Doenças crônicas são aquelas de progressão lenta e longa duração, que muitas vezes levamos por toda a vida. Podem ser silenciosas ou sintomáticas, comprometendo a qualidade de vida. Nos dois casos, representam risco para o paciente. Entre as principais DCNT estão: doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas (bronquite, asma, DPOC, rinite), hipertensão, câncer, diabetes e doenças metabólicas (obesidade, diabetes, dislipidemia). Causas As doenças crônicas não estão associadas a uma causa única. Normalmente são decorrentes de múltiplos fatores relacionados, que podem ser: - Condições de saúde: ● Obesidade ● Doença congênita (que se adquire com o nascimento) ● Doença genética (produzida por alterações no DNA) ● Comorbidades (coexistência de doenças) - Hábitos de saúde: Embora os fatores de risco devam ser considerados em conjunto paracompreender e tratar uma doença crônica, podemos relacioná-las com hábitos de vida que influenciam seu surgimento. Prevenção e Controle: Mudanças nos hábitos são necessárias tanto no controle como na prevenção das doenças crônicas. Os fatores de risco evitáveis têm um papel importante no surgimento e progressão destas doenças. Um estilo de vida saudável pode melhorar a expectativa e a qualidade de vida. Comece incluindo no seu dia a dia: ● Alimentação saudável e variada, rica em frutas, vegetais e cereais e com consumo reduzido de industrializados, açúcar e sódio. ● Atividades físicas regulares, programada (academia, esportes) ou não programada (recreativa). ● Consumo reduzido de bebidas alcoólicas. ● Não fumar. ● Reservar um tempo para realizar atividades que tragam prazer, tranquilidade e relaxamento. 7) Farmacologia (Enalapril, Atorvastatina, Metformina e AAS) Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) - Enalapril Fármacos pertencentes a essa classe (Tabela 26-4) apresentam mecanismo de ação relacionado à inibição da enzima conversora de angiotensina (ECA), reduzindo a conversão de angiotensina I em II no sangue e nos tecidos. Fisiologicamente, a angiotensina II - Fabiana Bilmayer apresenta potente ação constritora dos vasos, além de estimular liberação de aldosterona e hormônio antidiurético (HDA). A redução de sua síntese e da interação com receptores específicos tipo AT1 e AT2 contribui para a ação hipotensora dos IECA. Adicionalmente, a bradicinina, vasodilatador endógeno, é metabolizada pela ECA, então o uso de IECA reduz seu metabolismo. Dessa forma, contribui para o efeito hipotensor, reduzindo tanto a pré- quanto a pós-carga. Diferenças farmacocinéticas dos principais IECA são apresentadas na Tabela 26-4, sendo a escolha entre eles permeada por eficácia clínica comprovada na redução da PA, segurança e custo. Os IECA são eficazes no tratamento da HAS, reduzindo morbidade e mortalidade cardiovascular entre pacientes hipertensos, com insuficiência cardíaca, com alto risco para doença aterosclerótica, pós-infarto agudo do miocárdio e, em especial, aqueles que apresentam baixa fração de ejeção. Os IECA também diminuem a proteinúria e estabilizam a função renal em pacientes com doença renal crônica (DRC). São utilizados como segunda escolha em pacientes previamente tratados com diuréticos. Porém, a partir de ensaios clínicos com desfechos primordiais, não há evidências de qual classe de anti-hipertensivos é a melhor opção a ser utilizada em associação com diurético. Os efeitos adversos mais comuns dos IECA são tosse seca (relacionada ao aumento da bracidina), alteração do paladar, hiperpotassemia e, menos frequentemente, reações de hipersensibilidade com erupção cutânea e angioedema. No estudo ALLHATT, 18,1% dos hipertensos tratados com lisinopril apresentaram efeitos adversos, em comparação com 15% no grupo tratado com o diurético clortalidona (15%). • Mecanismo de Ação: Bloqueia o sistema renina-angiotensina-aldosterona através da inibição da ação da enzima que converte a angiotensina I em angiotensina II. Com isto provoca aumento no nível de atividade da renina plasmática e diminuição das taxas de angiotensina II, aldosterona (levando a ligeiro aumento do potássio e perda de sódio e fluidos), diminuição da resistência vascular periférica, da pressão arterial, da pré e pós-carga. Resulta desta ação efeito anti-hipertensivo, de diminuição da atividade proliferativa e cardioprotetor. Gomez, R. Farmacologia Clínica. [Minha Biblioteca]. Retirado de https://integrada.minhabiblioteca.com.br /#/books/9788595151826/ http://www2.far.fiocruz.br/farmanguinho s/images/stories/phocadownload/enalapr il.pdf - Atorvastatina A atorvastatina é um inibidor seletivo e competitivo da HMG-CoA redutase, a enzima limitante da velocidade que converte HMG-Co-A a mevalonato, um precursor de esteróis, incluindo o colesterol. Em pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigótica e heterozigótica, formas não familiares de hipercolesterolemia e dislipidemia mista, a atorvastatina reduz o CT (colesterol total), LDL-C (lipoproteína de baixa densidade) e apo B (apolipoproteína B). A atorvastatina também reduz o VLDL-C (lipoproteínas de densidade muito baixa) e os TG (triglicérides) e produz aumentos variáveis no HDL-C (lipoproteínas de alta densidade). A atorvastatina diminui os níveis plasmáticos de colesterol e lipoproteínas através da inibição da HMG-CoA redutase e da síntese de colesterol no fígado, e aumenta o número de receptores de LDL hepáticos na superfície da célula, aumentando a absorção e o catabolismo do LDL. A atorvastatina reduz a produção e o número de partículas de LDL. Produz um aumento marcante e prolongado na atividade do receptor de LDL, além de - Fabiana Bilmayer promover uma alteração benéfica na qualidade das partículas de LDL circulantes. O fármaco é eficaz na redução de LDL em pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigótica, uma população que não responde normalmente à medicação de redução lipídica. https://www.far.fiocruz.br/wp-content/u ploads/2017/08/Atorvastatina-c%C3%A1l cica_Bula_Prof-Sa%C3%BAde.pdf - Metformina A metformina é um fármaco antidiabético da família das biguanidas com efeitos antihiperglicêmicos, reduzindo a glicose plasmática pós-prandial e basal. A metformina não estimula a secreção de insulina, não tendo, por isso, ação hipoglicemiante em pessoas não diabéticas. Em diabéticos, a metformina reduz a hiperglicemia, sem o risco de causar hipoglicemia, exceto em caso de jejum ou de associação com insulina ou sulfonilureias. A metformina pode agir através de três mecanismos: 1. Na redução da produção da glicose hepática através da inibição da gliconeogênese e glicogenólise; 2. No músculo, através do aumento da sensibilidade à insulina, melhorando a captação e utilização da glicose periférica; 3. No retardo da absorção intestinal da glicose. A metformina estimula a síntese de glicogênio intracelular atuando na síntese de glicogênio e aumenta a capacidade de transporte de todos os tipos de transportadores de glicose de membrana (GLUTs) conhecidos até hoje. Em humanos, independentemente de sua ação na glicemia, a metformina exerce efeito favorável sobre o metabolismo lipídico. Tal efeito tem sido demonstrado com doses terapêuticas em estudos clínicos controlados de média a longa duração, com a metformina reduzindo os níveis de colesterol total, LDL e triglicerídeos.Em estudos clínicos, o uso de metformina está associado à estabilização do peso corporal ou a uma modesta perda de peso. http://www.furp.sp.gov.br/arquivos/prod utos/bulas/profissional/105/clor_metfor mina_BPROF_REV00.pdf - AAS Dos agentes antiagregantes, o AAS é o mais empregado e consequentemente o mais bem conhecido de sua classe. Uma metanálise de aproximadamente 50 estudos demonstrou que esta droga é capaz de reduzir em 15% a mortalidade por eventos vasculares fatais e 30% dos não fatais. Foi isolado em 1829 por Leroux, sendo seus efeitos na função plaquetária descobertos no fim da década de 1960. Seu principal mecanismo de ação é a inibição irreversível da atividade das isoenzimas cicloxigenase - COX 1 (plaquetas, estômago e rim) e COX 2 (SNC, traquéia, rim, células endoteliais, testículos, ovários etc), que propiciam a transformação do ácido aracdônico em PGH2, que é o precursor imediato da PGD2, PGE2, PGF2a, PGI2 e TXA2, ocorrendo bloqueio da produção de tromboxane A2. Esta inibição decorre da acetilação da molécula da serina (posição 529 na COX-1 e 516 na COX-2). É importante lembrarmos que as plaquetas produzem a PGH2 que é responsável pela liberação do tromboxane A2 (TXA2), um potente agregante plaquetário e vasoconstrictor. Este tem suas ações contrabalançadas pela liberação da prostaciclina (PGI2) das células endoteliais vasculares, produzindo vasodilatação e inibindo a agregação plaquetária. O TXA2 é por essência um derivado da COX-1 (plaqueta) e altamente sensível à ação do AAS, enquanto que a prostaciclina advém tanto da COX-1 (resposta de curta duraçãoà estimulação - Fabiana Bilmayer de agonistas como a bradicinina) como da COX-2 (ação de longa duração em resposta ao estresse laminar de bainha que é insensível às doses convencionais da aspirina). Seu tempo de ação persiste por aproximadamente 10 dias, que é o tempo de meia-vida das plaquetas (podendo assim ser ingerida uma vez ao dia), porém não afeta a adesão plaquetária ao endotélio e à placa aterosclerótica, inibindo parcialmente a agregação induzida pela trombina, colágeno ou ácido araquidônico, bloqueando a produção plaquetária de diacilglicerol, ações que são menos duradouras que a inibição da ciclooxigenase. http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista /2001_01/a2001_v14_n01_art02.pdf
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