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1 PROVA DE MESTRADO – LINGUÍSTICA – Escolha 4 das 5 perguntas a seguir para responder: 1) “Um fato óbvio sobre as línguas naturais é que elas servem, dentre outras coisas, para fazer referência a certas entidades do mundo, sejam essas pessoas, objetos, ações, qualidades etc. As entidades às quais as expressões linguísticas se reportam denominam-se referentes. (...) As propriedades que explicam a vinculação de expressões linguísticas são capturadas pela noção de princípios de ligação.” (KENEDY, 2013, p.266-267; 270). Com base no trecho acima, explique a agramaticalidade de duas das três sentenças abaixo: (i) *Mariai acha que Ana não sei alimenta bem. (ii) *Mariai achou elai magra. (iii) *Elai acha que Anai precisa comer melhor. 2) “Defino a ciência cognitiva como um esforço contemporâneo, com fundamentação empírica, para responder questões epistemológicas de longa data – principalmente aquelas relativas à natureza do conhecimento, seus componentes, suas origens, seu desenvolvimento e seu emprego. Embora o termo ciência cognitiva seja às vezes ampliado, passando a incluir todas as formas de conhecimento – tanto animado como inanimado, tanto humano como não humano – aplico o termo sobretudo a esforços para explicar o conhecimento humano (...)” (GARDNER, 2003[1985]: 19-20). Com base no trecho acima, discuta de que maneira a Linguística, desde a metade do século XX, insere-se dentro das ciências cognitivas. A sua discussão pode se amparar em uma (ou mais) das diferentes correntes teóricas que norteiam os estudos linguísticos. 3) Considere a seguinte variação no uso padrão da morfologia do subjuntivo em produções de alunos de um colégio do Rio de Janeiro, através de estudos recentemente realizados por pesquisadores da UFRJ. 2 Gráfico. Uso padrão da morfologia do subjuntivo no português do Brasil. Concessiva padrão/não-padrão: “Embora ele tenha/tem” Dubitativa padrão/não-padrão: “Talvez ele tenha/tem” Desiderativo padrão/não-padrão: “Quero que ele tenha/tem” Subordinação Subjetiva padrão/não-padrão: “É necessário que ele tenha/tem” A partir das porcentagens apresentadas e da tipologia oferecida, sugira razões para as diferentes incidências do uso padrão da morfologia do subjuntivo no português do Brasil. Para embasar sua resposta, considere, além da tipologia proposta, fatores como modalidade linguística, monitoramento do discurso, integração de cláusula, entre outros. 4) Considere os seguintes gráficos do fenômeno linguístico de apagamento do /R/ em final de palavra por falantes de Teresina: Gráfico. Fonte Oliveira (2016). Como base nos gráficos apresentados acima, discorra sobre o fenômeno de apagamento do /R/ em final de palavra, procurando ilustrar com exemplos a diferença entre verbos e não-verbos (substantivos/ adjetivos). Além disso, sugira fatores linguísticos e 27.58% 54.14% 62.42% 65.72% 0.00% 20.00% 40.00% 60.00% 80.00% 100.00% CONCESSIVA DUBITATIVA DESIDERATIVO SUBORD. SUBJET. GATILHOS DO SUBJUNTIVO Subjuntivo 3 extralinguísticos que poderiam condicionar esse tipo de variação, apresentando exemplos para embasar sua resposta. 5) De acordo com Lakoff & Jonhson (2002[1980]: 04), "A metáfora é, para a maioria das pessoas, um recurso da imaginação poética e um ornamento retórico – é mais uma questão de linguagem extraordinária do que de linguagem ordinária. Mais do que isso, a metáfora é usualmente vista como uma característica restrita à linguagem, uma questão mais de palavras do que de pensamento ou ação. Por essa razão, a maioria das pessoas acha que pode viver perfeitamente bem sem a metáfora. Nós descobrimos, ao contrário, que a metáfora está infiltrada na vida cotidiana, não somente na linguagem, mas também no pensamento e na ação. Nosso sistema conceptual ordinário, em termos do qual não só pensamos mas também agimos, é fundamentalmente metafórico por natureza" (Tradução: GEIM). Considerando a definição de metáfora exposta no trecho acima, faça uma análise das relações semânticas que unem os usos do verbo pegar ilustrados em pelo menos quatro dos exemplos a seguir: (a) Eu peguei o papel que estava em cima da mesa. (b) Eu peguei o ônibus ontem. (c) Eu peguei uma gripe. (d) Essa moda pegou. (e) Pega mal. REFERÊNCIAS GARDNER, Howard. A Nova Ciência da Mente: Uma História da Revolução Cognitiva. – 3. ed. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. Tradução de Cláudia Malbergier Caon; prefácio de Marcos Barbosa de Oliveira. KENEDY, Eduardo. Curso básico de linguística gerativa. São Paulo: Contexto, 2013. LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Metáforas da vida cotidiana. Tradução: Grupo de estudos da indeterminação e da metáfora. SP: Mercado das Letras, 2002.
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